VINHO Bolo Mondrian Cubinhos Cézanne Mousse Malevich Limões de van Gogh Conchas de Salmão REFRESCO Wraps de Vegetais Maçãs de Magritte Bolo Pollock Gaspacho Bruschetta INSPIRAÇÃO PLANEAMENTO BRAINSTORMING TÍTULO O Pacto O Pa(c)to Convidado Fantasma Assumido FILMAGEM Câmara de segurança Câmara de telemóvel – apanhar detalhes, tipo boca a mastigar, a falar e depois passar para cara, para a cena Home made. Filmagem no centro. Filmar entrada. Pessoas a entrar. Filmagem entre cadeiras. Em cada mudança de fase da refeição (entrada/prato principal) devemos fazer um plano geral da mesa Som, destaque para o som a comer. Tipo mastigar Câmara como se fosse outro convidado. Câmara no lugar de alguém. Câmara é os olhos de alguém Convidado fantasma vai à casa de banho Voz mais alta não é problema. Quando alguém fala ouve-se mais a si própria do que ao que a envolve. Pessoa é a câmara. Olhar foca a preparação. ENCONTRO 12 de Novembro. Dia cinzento. 8h30. A ansiedade. Agarrar nas sobremesas e sair de casa a correr para nos encontrarmos na Quinta das Conchas, local marcado para o nosso jantar. Entre risos, ideias soltas e planos trocados decidir os últimos detalhes relativamente à ementa, aos ingredientes e sabores que nos iam preencher a refeição; as utopias de querer fazer um jantar no jardim, dentro ou fora da piscina e o tempo e o espaço que não nos permitiam concretizá-las. COMER Ideias de novas formas de comer: (um momento apenas) - Dar comer uns aos outros; - De costas uns para os outros - Deitados na mesa - Filmagem em câmara lenta - Sem sentido/guloso: Cada vez que se diz estas palavras muda-se para uma cena nonsense - Comida com história de arte. Cada prato leva para o mundo de uma obra diferente - Trocadilhos de fala - Zé diz: “Isto está mesmo bom” Ah o teu está bom? Ir comer ao prato do Zé - Pormenores: Limpar a boca, comer a sopa, comer algo MATERIAIS COMPRAS Somos seis. Privilegiados com mais três euros no limite de compras e amaldiçoados com mais uma boca para alimentar. No saldo não podemos exceder os dezoito. As embirrâncias e dilemas do isto não vai chegar para todos, os rapazes comem muito. E o descontraído vai, vai (e foi mesmo). A preocupação de agradar a todos e, sobretudo, escolher os preços mais baixos, aproveitar as promoções e conciliar tudo isto com a melhor qualidade. Os cálculos foram por alto. Arriscámos. Bip. O alívio e o espanto. O gasto total foi de 15,14€. PLANEAMENTO II PLANEAMENTO DIVISÃO DE TAREFAS Execução das compras e preparação do jantar: Todos Montagem e edição de vídeo: Mafalda Fotografia: Mafalda e Catarina Eleição e estruturação do conteúdo do Menu: Todos Elaboração da Ementa: Marta e Catarina Elaboração Gráfica do Menu: Zé Construção e elaboração Estrutural do Menu: Pedro Redação da Reflexão Crítica e planeamentos estruturais: Carolina De volta a casa. Um almoço que se tornou uma tertúlia de discussão estendida até ao final da tarde. Nesta discutiu-se o filme por todos acordado como filme de inspiração: Babettes Gæstebud, não no sentido crítico, mas no sentido de saber refleti-lo de algum modo no nosso jantar, aqui surgiu a ideia do pacto/ pa(c)to (risos entre nós). Tal como no filme, um pacto pelos membros do grupo a ser cumprido durante o jantar, desde novas formas de comer, trocadilhos, comida com história de arte onde cada prato nos transportaria para o universo de uma obra/estilo diferente o que nos fez voltar à questão das sobremesas, os nomes para os pratos, as palavras que alterariam por completo o ambiente, aconteceriam estas em momentos ocasionais ou repetidos? E como seriam feitas as filmagens? Algumas sugestões aproveitámos, outras descartámos. Houve muito que não ficou definido por não chegarmos a avançar ou por outra ideia se sobrepor. Juntos concluímos que tínhamos muitas ideias boas, mas que se as juntássemos todas o resultado não seria tão bom assim e, por consequência, perderíamos a natureza do nosso projeto. Tentámos focarnos no essencial. Não dispersar. Não complicar. Portanto, onde é que íamos? Como seriam feitas as filmagens. Outra panóplia de propostas: um tipo de filmagem estilo home made, focada nos detalhes (mastigar, falar, elementos da mesa, da cena em si), a existência de uma câmara de segurança com uma câmara secundária que partilharia a cena com a câmara principal que, por sua vez, se trataria de um outro convidado: a câmara seria os olhos de alguém, via o que a pessoa vê. Chamá-lo -íamos de nosso Convidado Fantasma, o nosso artista morto. E assim foi. O tempo escasseava. A fome apertava. ESBOÇOS BRUCHETTA 1 pão de mistura comprido 1 pacote de queijo mozzarela ralado 412 kg de tomate 1 dente de alho PREPARAÇÃO Preparadas, as entradas foram deixadas no forno em lista de espera (não queríamos que estas arrefecessem enquanto os outros ainda se aperaltavam). Seguiu-se a saga do gaspacho. Fora algumas desavenças entre nós e ele, lá nos entendemos, vários testes e provas foram feitas para o tempero desta entrada (e porque nem todos eram apologistas deste a dedicação foi dobrada).Próximo passo, cozinhar a massa e o seu respetivo recheio. E enquanto isso - sempre de olho no salmão que ia perfumando a cozinha e aumentado o nosso apetite - chegou a vez da salada/wrap, onde colocámos os ingredientes já previstos e improvisámos noutros. Havia sempre que fazer. Recheou-se a massa. Confecionou-se a bebida. Seis pessoas a coordenarem-se lindamente na mesma cozinha, uma boa dinâmica, experimenta assim. falta isto. não te esqueças daquilo., a entreajuda e a aprendizagem que se fez com a habilidade de cada um. Enquanto isto, discutia-se o vinho. Haveria ou não haveria vinho? (Houve vinho). Dilacerar o pão deixando-o reduzido a secções. Torturar o tomate aplicando os seus restos mortais sobre a cama de pão. Vestir com queijo e banhar em azeite, fazendo o golpe final com um festejo de orégãos. GASPACHO 1kg de tomate maduro c/ pele 1 pimento vermelho s/ sementes 1 dente de alho 20g de cebola 150g de pepino, parcialmente descascado 20g de vinagre 1 colher de chá de sal 1 colher de chá de pimenta 50g de azeite 200g de água gelada, mais q.b. se necessário Liquidar o tomate, o pepino, o pimento, o alho e a cebola. Regar com azeite e vinagre, e interagir com o sal e pimenta. Matar com água gelada. Servir num copo. WRAPS VEGETARIANOS 2 cenouras 1 courgette 1 couve lombardo inteira 1 maçã Preparação: Despir a couve. Matar as cenouras e as courgettes. Embrulhar os cadáveres com as vestes da couve e encobrir com a maçã. CONCHAS DE SALMÃO REFRESCO 1 romã vermelha 1 garrafa de gasosa 1 limão hortelã q.b. Esventrar a romã e arrumar os seus vestígios no jarro. Derramar a gasosa e afligir o limão sobre a mesma. Decorar com a hortelã a gosto. 200g de salmão fumado 400g de espinafres 2 pacotes de natas de soja 500g de massa lumaconi sal q.b. 1 dente de alho azeite q.b. cebola q.b. 1/4 de tomate Mergulhar a massa no jacuzzi. Coreografar o alho, o azeite, a cebola, o sal e o tomate, pondo -os a dançar furiosamente sobre o fogo. Asfixiar os dançarinos com o salmão e os espinafres. Afogar tudo com as natas, tentando não deixar nada respirar. Resgatar a massa. Aprisionar as vítimas dentro dela. RECHEIO E COBERTURA 1 tablete de chocolate de culinária 100ml de natas BOLO MONDRIAN BOLO Tabuleiro de inox retangular 2 iogurte grego natural 6 medidas (copo de iogurte) de açúcar 6 medidas (copo de iogurte) de farinha 2 medidas (copo de iogurte) de óleo 6 ovos 2 colheres de chá de fermento Corante vermelho, azul e amarelo Juntar os sujeitos na pista de dança e pô -los a dançar. Untar o chão da pista para eles não colarem ao chão quando morrerem de calor. Sequestrar os sujeitos do estabelecimento e prendê-los em dois sítios diferentes. Um dos grupos, aprisioná-lo em três salas diferentes, com uma quantidade igual de sujeitos. Em cada uma delas, o grupo será obrigado a ingerir um veneno que os tornará a uns vermelhos, a outros azuis e aos restantes amarelos. Levar todos os sujeitos, os que ingeriram o veneno e os que tiveram a sorte de não o fazer à sala da tortura final. O Salão do Calor Insuportável. A tortura decorre entre 30/40 minutos a 180ºC. Preparar a cola, que será usada para unir os restos da metamorfose ocorrida nos sujeitos coloridos e decorar o seu exterior. Pôr chocolate a derreter, e juntar um líquido branco, numa câmara de fogo médio. Pegar nos sujeitos, após a metamorfose, ocorrida no salão e com um punhal, dividir por cores e cortar os seus pedaços em excesso de modo a obter criaturas de iguais dimensões. A partir de uma obra de Piet Mondrian, tentar reproduzi-la a partir dos vestígios das vítimas. Aprisioná-los juntos, de acordo com a obra. Uni-los com a cola previamente feita. Colocá-los numa câmara de gelo. Retirá-los da câmara de gelo. Fazer os retoques finais. Assinar. Voilá! BOLO POLLOCK CARAMELO 100gr açúcar 1 chv de leite BOLO 3 ovos 1 chv de manteiga 2chvs de farinha 1chv de açúcar 1 colher de chá de fermento em pó RECHEIO 250gr açúcar 1 chv de leite 3 colheres de sopa de manteiga 1 chv de nozes picadas Fazer dançar sobre um chão de fogo os flocos de açúcar e afogá-los no leite, deixar que se tornem em apenas um. Na pista de dança, faz-se o par entre a manteiga e o açúcar e estes dançam até à morte. Juntam-se o resto dos convidados à festa, as gemas, a farinha com o seu marido fermento (mas que vai alternando danças com o caramelo, malandra). As claras constroem castelos e a festa para lá se muda. O clima aquece moderadamente. Mas já não podem mais. Os convidados saem da sala e são cortados ao meio, mutilados, e, como se de bonecos de porcelana se tratassem, voltados a colar com um suave creme do rei: o Caramelo. MAÇÃS DE MAGRITTE 3 maçãs 100g de margarina 200g de farinha 300g de açúcar canela em pó gelado de baunilha Despir a maçã e desfazer-lhe o corpo em pedaços. Deitá-la numa cama de vidro. Maquilhá-la com canela. Fazer da margarina, a farinha e o açúcar o seu perfume. Embalsamá-la no calor de uma sala quente a aproximadamente 180ºc. Apresentar com gelado. MOUSE MALEVITCH 6 ovos 250gr chocolate 150gr margarina Roubar de cada ovo mãe, as suas duas filhas, a Gema e a Clara. Juntar os vilões, o Chocolate e a Margarina e deixa-los tomar conta das gemas, uma de cada vez. Fazer castelos das gemas. Mais uma vez, prender as vítimas nas suas torres para a eternidade. LIMÕES DE VAN GOGH BASE 1 base de massa folhada CREME 4 gemas 200 g de água 50 g de Maizena 130 g açúcar 30 g sumo de limão 40 g manteiga Para o merengue: 50 g açúcar 4 claras 4 gotas de limão 1 pitada de sal Forrar a pista de dança com uma carpete folhada e fazer rasgões. Pré aquecer no salão durante poucos minutos. Inserir todos os convidados numa sala de espera que contem uma bomba e fazê-los explodir. Deitar os seus cadáveres sobre a carpete. Fazer das claras, um palácio “alimonado”, decorado de neve açucarada e pitadas de sal. Fazer um cemitério da pista de dança e escondê-lo sob o palácio. Deixar que num dia de sol, o palácio seja forrado a talha dourada pelo calor. CUBINHOS CÉZANNE 1 colher(sopa) de fermento 1 xícara de manteiga derretida 1 xícara de açúcar 3 ovos 1 xícara de amido de milho 1 xícara de farinha 2 colheres (sopa) de canela em pó 1 xícara de leite Fazer das claras neve. Massacrar a margarina, o açúcar e as gemas. Envenenar as vítimas com amido, farinha e leite. E com o auxílio de uma colher banhar os sofridos moribundos com leite e canela. Enterrá-los na neve. Saídas da neve, sobreaquecer as vítimas durante 30 minutos. OBRA DE ARTE JANTAR Merecido e desfrutado. O nosso jantar durou perto de quatro horas. O tripé que não queria colaborar e a importância de saber lidar com os imprevistos, e arranjar rapidamente uma solução que substituísse a anterior sem, por isso, perdermos a essência do nosso projecto. Gatos a meterem os bigodes onde não são chamados. E o resto? É conversa. REFLEXÃO DO FILME (...)e o tempo vai voando e a vida dançalhes pelas mãos sem notarem que a sua religião lhes rouba o mundo e as pessoas; quando num dia de tempestade, muitos anos esquecidos à frente, bate à porta uma fugitiva da guerra, que entre timidez e gotas de chuva se introduz como Babette e lhes chora um abrigo. Esta promete cozinhados, obediência e anos de gratidão. E assim os dá(...) Carolina Couto Catarina Sousa José Monteiro Mafalda Cintra Marta Antunes Pedro Cartaxana