A REVERSIBILIDADE DO EFEITO DA OUTRA RAÇA
NO RECONHECIMENTO DE FACES DURANTE A
INFÂNCIA.
Sangrigoli, Pallier, Argenti, Ventureyra e Schonen.
Psychological Science, 2004.
Ana Carolina M. Fioravanti-Bastos
Orientador: Prof. J. Landeira-Fernandez
Rio de Janeiro
Abril, 2009
Apresentação

Introdução Teórica:
1 - Reconhecimento de faces
2 – Reconhecimento de faces em crianças

Método:
1- Sujeitos
2- Estímulos
3- Desenho experimental

Análise dos Resultados

Discussão
O viés da Raça


Você consegue reconhecer com a mesma certeza a face de
um asiático?
De fato, as faces de raças diferentes das nossa parecem
mais “iguais” do que da nossa própria raça.
Feingold, (1914) – Para os asiáticos, todos os brancos são parecidos

Efeito da Raça
Efeito da outra Raça
Efeito da mesma
Raça
A memória de reconhecimento de faces
tende a ser melhor para faces de
sujeitos da mesma raça do que faces
de sujeitos de raças diferentes.
Modelo da codificação da face no espaço
multidimensional a partir da norma
• Faces são decodificadas de acordo com o
desvio que essas possuem em relação ao
protótipo (localizado no centro do espaço
multidimensional)
• A representação de cada face, seria em forma
de vetores partindo do centro do espaço
multidimensional e as distâncias de
similaridade entre as faces seriam distâncias
vetoriais Figura A
Valentine & Endo, 1992.

Interação entre raça e peculiaridades da face: Quando se trata de
reconhecer faces alheias à da raça do observador, este teria a
dificuldade de assimilar os elementos peculiares destas faces.
* Não há experiência suficiente com esta raça para se identificar o
que é peculiar em apenas uma das faces

Não há um protótipo bem definido para que se possa comparar e
decidir o que a face tem de peculiar.

Plasticidade do Protótipo: Quanto maior contato com raça
diferente, melhor o reconhecimento de faces dessa raça.
* Devido ao aumento da versatilidade do protótipo já
existente e esse passa a ser aplicável à nova etnia.
Hipóteses que tentam explicar
o viés da raça
Hipótese das
Diferenças
Inerentes aos
Estímulos
(Chance e
Goldenstein, 1996)
Hipótese da
atitude social
(Seeleman, 1940)
Hipótese da
experiência
diferencial
(Malpass e Kravitz,
1969).
As características faciais de algumas
raças são mais homogênias do que
outras.
Goldenstein, 1979 não encontrou diferença
entre medições físicas de faces dentro de
diferentes grupos étnicos.
Atitudes interaciais dos indivíduos
afetam suas habilidades de
reconhecimento facial.
Galper, 1973, sugeriu que americanos
brancos que tinham escolhido relações
mais intimas com negros, reconheceram
com mais acurácia faces negras do que
aqueles que tinham menor contato com
negros.
O nível de contato com outra etnia
afeta a habilidade de reconhecimento
facial.
Cross et al, 1971, sugeriram que pessoas
brancas que vivem em comunidades com
grande incidência de negros exibem menos
efeito do viés da raça do que do que as
pessoas brancas que vivem em
comunidades segregadas.
O Efeito da Etnia em Crianças


Em que momento do desenvolvimento humano aparece o
efeito do viés da raça no reconhecimento facial?
Com que idade as crianças começam a apresentar diferenças
na acurácia ao reconhecer faces de raças diferentes das
suas?


Chance et
al, 1982


Pedzek et al,
2003


Sangrigoli e
Schonen,
2004

Efeito do viés da raça em crianças
caucasianas de 7 a 20 anos. O efeito
não foi encontrado em crianças de 6
anos de idade.
Efeito do víeis da raça em crianças
brancas e negras de 5 a 8 anos de
idade.
Crianças de 3 a 5 anos caucasianas
reconheceram melhor faces
caucasianas e crianças asiáticas foram
melhores nas faces asiáticas.
O efeito do viés da raça foi estável
para a faixa de idade, sugerindo que o
este já é apresentado em crianças de
3 anos.
Hipótese da experiência
diferenciada
 Em adultos e crianças que desenvolvem maior contato com
outras raças, o efeito da raça é menor em tarefas de
reconhecimento facial.(Chiroro e Valentine, 1995, Feinman e
Entwisle, 1976).
Sangrigoli e Shonen, 2004:
Efeito do viés da raça presente em crianças de 3 meses
de idade.
Entretanto, ele é fraco o suficiente para ser eliminado
após alguns instantes de exposição dentro de uma sessão
experimental.
Metodologias de testagem
Velho X Novo
Delayed Matchto-sample
Fase de
apresentação:
Faces Alvo
Apresentação de
uma face alvo
por curto
período de
tempo
Fase de
Reconhecimento:
Detectar essas
faces entre novas
faces
Apresentação de
duas faces:
Sujeito deve
selecionar a que
combina com o
alvo
Objetivo

Investigar se o efeito do viés da outra raça é
modificado por novas experiências que ocorrem
após os 3 anos de idade

Grupo experimental: Asiáticos adotados

Grupo controle: Brancos
Hipóteses

Se efeito do viés da raça, gerado pela da exposição na
primeira infância a faces asiáticas, for apagado pela
exposição a faces brancas, então o tal efeito é reversível
Método
Sujeitos
36 participantes
12 participantes
Brancos Residentes na
França desde
nascimento
Média de Idade:
27,8 anos (DP= 3,5)
12 participantes
Coreanos residentes na
França por período de
meses a 11 anos
Média de tempo na
França: 4,5 anos
(DP=3,4)
Media de Idade: 32
anos (DP=5,0
12 participantes
Coreanos adotados
por famílias francesas
quando crianças
Média de idade ao chegar
na França: 6 anos (de 3 a
9 anos) SD=1,8
Media de idade no teste:
29,4 (DP=4,9)
Estímulo
48 fotografias de faces de adultos bancos e japoneses, de
ambos os sexos. O´Toole.et al, 1994

24 fases
brancas
12
femininas

12
masculinas
12
femininas
12 pares
12
masculinas
12 pares
brancas
6 pares femininos
24 faces
asiáticas
asiáticas
6 pares masculinos
6 pares femininos
6 pares masculinos
Procedimento
Cada participante foi testado individualmente
Tarefa de reconhecimento facial (E-prime):
Cada julgamento consistia da apresentação de uma face alvo no centro da
tela (por 250 ms em uma sessão e 120 ms em outra),
Seguido após 1 segundo de tela cinza
Por 2 faces apresentadas lado a lado, que permaneciam na tela até o
participante indicar a foto que correspondia a face alvo.
Cada participante fez 4 blocos de 48 julgamentos
divididos em 2 sessões
Sessão 1 : Apresentação do alvo por 250 ms
Faces asiáticas: 24
Faces brancas: 24
Sessão 2 : Apresentação do alvo por 120 ms
Faces asiáticas:24
Faces brancas: 24
Cada face é apresentada 4 vezes: 2 vezes como alvo e 2 como não alvo/ 2
vezes na esquerda e 2 na direita
Resultados
ANOVA: Interação significante entre fatores Raça e Grupo (F(2,33)=6,03, p<
0,01, pn2= 0,12) e o efeito global principal da Raça da face (Caucasiano –
Asiático = 1,04%; F(1,33)=4.74, p< .05, pn2= 0,13) e tempo de duração na
apresentação (120-250 ms= 1,27%; F(1,33)= 4,75, p< .05, pn2= 0,12).
Comparação de grupos dois a dois (Raça da face por grupo ):
Coreanos X Franceses (p< .01)
Coreanos X Adotados (p< .01)
Franceses X Adotados (p> .01)
Efeito da Raça da Face por grupos separadamente
Correlação entre o Efeito da Outra Raça e a Idade
da chegada na França (Adotados) ou tempo de
duração na França dos Coreanos
O tamanho do efeito (definido como a diferença na
acurácia ao reconhecer faces asiáticas vs. Caucasianas)
foi computado para cada sujeito
Adotados: Idade da chegada não correlacionou com tamanho
do efeito (R2= 0,09; t(10)=1,0), até aqueles que chegaram
na europa após os 7 anos tiveram melhor desempenho em
vaces brancas
Coreanos não adotados: O número de anos passados na
França não correlacionou com o tamanho do efeito (R2=
0,002; t(10)=0.14)
Discussão
O grupo de adotados e brancos foram mais acurados ao reconhecer
faces brancas do que asiáticas.
Esse padrão de resultados desse grupo foi oposto ao padrão de
resultados dos coreanos
Esses resultados sugerem que o efeito do viés da raça, gerado pela
exposição a faces na primeira infância pode ser apagado pela
imersão em um ambiente de faces totalmente novas.
Sabendo que o efeito do víeis da raça pode ser observado em
crianças a partir de 3 anos idade (Sangrigloi et al, 2004),
podemos assumir que os coreanos que chegaram na França com
idade média de 6 anos adquiriram habilidade em reconhecer faces
asiáticas antes da adoção, e perderam essa vantagem.
O efeito do víeis da raça é reversível mesmo em fase mais tardia da
infância.
Discussão
Esses resultados são
paralelos a
resultados obtidos
com teste de
linguagem na
mesma população
de coreanos
adotados.
Período sensível do
desenvolvimento
de sistemas de
processamento
facial e velocidade
de percepção.
Pallier et all 2003, não
encontraram traços
remanescentes da
exposição primária
ao coreano.
“Inputs” do ambiente
podem influenciar o
comportamento
durante alguns
anos da infância
Os adotados perderam
essencialmente
suas habilidades na
língua nativa, em
prol de habilidades
na nova língua
Bruce et al, 2000:
muitos aspectos do
processamento de
faces melhoram
com a idade até
12-14 anos.
Discussão
A existência do efeito da outra raça na primeira infância mostra que o
sistema de processamento de faces é parte desenvolvido pela interação
com o ambiente, e depois especificado por essa interação.
Valentine, 1991:
Pouca exposição a faces de diferentes etnias = Falta de um protótipo
facial bem formado para outras etnias
Os resultados dessa pesquisa mostram que a plasticidade está presente
ainda até os 9 anos de idade e o processo de especificação por si pode
ser profundamente modificado durante a infância.
Muito obrigada pela colaboração
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