«Filhos diferentes de deuses diferentes»:
manejos das religiões em estratégias de
inserção social diferenciada
CEMME – Projecto FCT – ACIME
IME / ANT / 49893 / 2003
1
1. Do pensamento à acção: o projecto e os
seus contornos
1.1. Objectivos e orientações metodológicas
1.2. Construindo a série comparativa e as lentes da
comparação
2
2. Primeiros resultados: a “descoberta” de
quatro factores estruturantes da
variabilidade das estratégias inter-étnicas
2.1. Fundamentalismo religioso
2.2. Acusação de racismo
2.3. Comunitarismo religioso
2.4. Abertura social e inter-étnica
2.5. Quadro final da análise factorial
3
2.1. Fundamentalismo religioso
Nº.
FRASES
PESO
57
«As mulheres têm que ser controladas pelos pais e maridos, para defender a
honra dos homens, das famílias e da comunidade»
.866
99
«Posso namorar com um/a português/a, mas para casar tem que ser alguém
da minha religião/raça/comunidade»
.754
98
«Se alguém ofender a minha religião, devo vingar essa ofensa»
.742
163
«Defendo sempre o meu bairro, mesmo contra alguém da minha raça /
religião»
.714
135
«As raparigas devem casar cedo e por isso não devem estudar muito»
.694
147
«Os homens têm sempre a última palavra, às mulheres só resta obedecer»
.560
62
«Em certos casos Deus exige que sejamos violentos»
.550
38
«Na minha raça / comunidade há muito racismo até contra pessoas da
própria comunidade»
.431
4
Esquema estrutural dinâmico interpretativo
do factor 1
FUNDAMENTALISMO
Organização da coesão reprodutiva grupal
Compromisso
Endogâmico
controlo masculino da
fecundidade feminina
sacralização da
identidade grupal
Fragmentação competitiva
fragmentação
territorial
competição identitária
intragrupal racista
5
2.2. Acusação de racismo
Nº.
FRASES
PESO
122
«Porque temos outra cor de pele, eles nunca nos respeitarão»
.873
30
«Em Portugal, os «brancos» não gostam de nos ver nos prédios e
bairros onde moram»
.795
109
«Em Portugal, os «brancos» não gostam que os nossos filhos vão
para as escolas deles»
.740
119
«Só não fomos mais longe porque os «brancos» guardam para eles
as melhores oportunidades»
.735
126
«Só não fomos mais longe porque há muitas pessoas que são
racistas»
.717
63
«Os portugueses são arrogantes»
.695
55
«Aprendemos em Portugal a não gostar de política»
.611
6
Esquema estrutural dinâmico interpretativo
do factor 2
RACISMO
Ecologia identitária das relações inter-étnicas
«arrogância»
do outro
naturalização da agressão
identitária
olhar negativo do outro
rejeição
discriminatória
Elaboração do «destino»
bloqueio da luta
emancipatória
utilização do racismo
como «explicação»
do fracasso relativo
[ambivalência relacional
[defesa contra o olhar
elevada]
negativo do próprio]
7
2.3. Comunitarismo religioso
Nº.
FRASES
PESO
105
«Quando alguém elogia os da minha raça / religião, sinto-me
contente»
.781
137
«A nossa comunidade devia tentar eleger deputados e vereadores
que lutassem pelos nossos interesses»
.756
90
«A religião tem um papel fundamental na minha vida»
.674
14
«Só não fomos mais longe para não suscitar a inveja de familiares
e de outras pessoas da comunidade»
.532
8
Esquema estrutural dinâmico interpretativo
do factor 3
COMUNITARISMO RELIGIOSO
Olhar positivo transcendental
[Experiência ideal da construção
relacional e negociada do «eu»]
Olhar
positivo do
«Outro»
social
Ideal de construção
relacional e
negociada do espaço
próprio do «nós»
Nucleação religiosa de
auto-estima pessoal
Olhar negativo nãonegociado dos
próximos [«Inveja»]
9
2.4. Abertura social e inter-étnica
Nº.
FRASES
PESO
22
«Para ser religioso não é preciso ir ao templo»
.655
168
«As mulheres são mais religiosas do que os homens»
.619
93
«Hoje em dia, o divórcio já não é um grande problema; quando os
casais se dão mal, é melhor para todos que se separem»
.597
23
«Somos uma comunidade sem chefes»
.577
138
«A maior parte dos meus amigos são portugueses»
.546
10
Esquema estrutural dinâmico interpretativo
do factor 4
ABERTURA SOCIAL E INTER-ÉTNICA
Olhar positivo transcendental
[Experiência ideal da construção
relacional e negociada do «eu»]
viragem individualizante e des-hierarquizante
Individuação
da experiência
religiosa de
construção do
«eu»
superioridade
feminina na
utilização do
recurso
«espiritual»
predomínio da
individuação sobre o
vínculo conjugal em
caso de conflito
abertura à inter-etnicidade
recusa da
hierarquização
entre homens
abertura
inter-étnica
maximizada
sem perda
identitária
11
2.5. Quadro final da análise factorial
1,3
FUND
sikhs
cig «neo»
cig «trad»
sunis
0
RAC
COMUN.
ABERT
cv «trad»
cv «cat»
ismailis
hindus
-1,3
-1,3
0
1,3
12
4. Conclusões
4.1. «Na minha raça há muito racismo até contra pessoas
da mesma raça» : para uma reavaliação identitária do
conceito de racismo
4.2. «Detesto que me (nos) confundam» : reclamando a
construção de gradientes identitários favoráveis à
posição do sujeito
4.3. «Posso dizer de cabeça levantada: a minha igreja é a
que tem a verdade e os meus filhos são mais bem
educados do que os outros jovens» : para uma
reavaliação identitária da construção da
«exemplaridade»
4.4. «Para os meus filhos sou mais do que uma deusa» :
para uma reavaliação identitária do conceito de cultura
13
Orientadores do projecto:
Susana Pereira Bastos
José Gabriel Pereira Bastos
Colaboradores:
Ana Costa
Ana Evangelista Brinca
André Clareza Correia
António Carlos Horta
Donizete Rodrigues
Elsa Rodrigues
Fátima Mourão
Filomena Batoréu
Irene Banze
Luís Soczka
Lurdes Nicolau
Nuno Carvalho
Paola Guardini
Suzano Costa
14
15
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Imigrantes e religião - iscte-iul