Avaliação de dois novos amostradores limnológicos em um ambiente tropical: contador ótico de plâncton (COP) e a sonda multi-pigmentos Fluoroprobe (SMF) José Fernandes Bezerra Neto1, Fábio da Cunha Garcia1,Luciana Barbosa1, Maria Elisa Castellanos Solá1, Bernadette Pinel-alloul2, Ricardo Motta Pinto-Coelho3 Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, UFMG, BH-MG. 2 Department Sciences Biologiques, Université Montréal - UdM, Montréal, QC, Canadá. Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios, Departamento de Biologia Geral, UFMG, BH-MG. 1 3 Palavras- Chave: zooplâncton – fitoplâncton – amostradores limnológicos INTRODUÇÃO Concentração (µg.l-1) Novas metodologias para análise de plâncton, como a sonda multi-pigmentos 0 5 10 15 20 25 Concentração (µg.l-1) 30 35 0 0 utilizadas em ambientes temperados. No entanto, são raros os estudos utilizando estas 1 1 2 2 3 3 Profundidade (m) fluoroprobe (SMF) (Fig.1) e o contador ótico de plâncton (COP) (Fig. 2) vêm sendo 0 tecnologias em ambientes tropicais. O método da fluorimetria in situ (SMF) consiste na diferenciação do espectro de fluorescência de pigmentos fotossintéticos. A partir da excitação pela luz de diodos, em cinco comprimentos de ondas distintos (450, 525, 570- CLORÓFITAS CIANOBACTÉRIAS CRISÓFITAS PIRRÓFITAS 4 590 e 610 nm), pode-se diferenciar grupos espectrais de algas (clorófitas, crisófitas, 5 10 15 25 30 35 CLORÓFITAS CIANOBACTÉRIAS CRISÓFITAS PIRRÓFITAS 4 5 20 5 pirrófitas e algumas cianobactérias) (Beutler et al., 2002). O COP, por sua vez, mede a composição em classes de tamanho de partículas que passam Figura 2: : Perfis da sonda multi-pigmentos fluoroprobe no reservatório da Pampulha, MG. através de um orifício com sensor ótico. Cada partícula é captada, levando a uma mudança Concentração (µg.l-1) do campo elétrico e à formação de um pulso. Estas partículas são categorizadas de 0 20 30 40 50 60 70 0 acordo com o seu tamanho e são expressas como o diâmetro esférico equivalente (ESD) 1 Profundidade (m) (Wieland et al., 1997).v A 10 B 2 3 4 5 6 Figura 3: PerfiL de concentração de clorofila-a na Lagoa da Pampulha no dia 13 de fevereiro de 2003.. A Contador ótico de plâncton (Focal Instr., Co., Canadá). OBJETIVOS V1 V2 V3 30 20 10 0 500 H1 H2 400 300 200 100 0 0 O objetivo deste trabalho foi comparar a performance da sonda multi-pigmentos B 600 Número de partículas Figura 1: : A - Foto da sonda multi-pigmentos fluoroprobe (Moldaenke, RFG) e B – Número de partículas 40 100 200 300 400 500 600 700 800 0 200 400 600 800 1000 1200 ESD (µm) ESD (µm) fluoroprobe (SMF) e do contador ótico de plâncton (COP) na avaliação da estrutura do fito e (meso) zooplâncton em um ambiente tropical, com os dados obtidos pelos métodos Figura 4: Distribuição de freqüência de tamanho de partículas (ESD) determinado pelo convencionais (espectrofotometria e microscopia). contador óptico de plâncton (COP) no reservatório da Pampulha, MG. A: distribuição vertical e B: distribuição horizontal. As coletas foram realizadas na represa da Pampulha, nos dias 13-14 de fevereiro de 2003. Foram feitos três perfis (6 m) e dois transectos (200 mts) com o COP e um perfil com a SFM, em um ponto central da represa onde se realiza o moitoramento plurianual. Amostras de fito, clorofila-a e zooplâncton foram coletadas, respectivamente, A B 10 8 Frequência (%) MATERIAL E MÉTODOS 6 4 com garrafa de Vam Dorn (0,0m, 0,5m 3,0m e 6,0m) e uma rede cônica Hydro-bios de 160 2 um de abertura de malha. 0 200 400 600 800 1000 Tamanho (µm) RESULTADOS Figura 5: Distribuição de freqüência de tamanho dos organismos do meso-zooplâncton A sonda SFM foi capaz de detectar cinco grupos diferentes de algas. As coletados no reservatório da Pampulha, MG (A). Microfotografia (50x) mostrando os concentrações máximas ocorreram na região sub-superficial (0,5 – 1,0 m) juntamente o organismos encontrados durante a coleta, evidenciando a dominância absoluta dos máximo de oxigênio dissolvido. A clorofila-a (Fig. 2), determinada pelo método usual indivíduos da espécie Thermocyclops decipiens (B). (método de Lorenzen, com extração em acetona, 90%, 24hs) atingiu um valor máximo de 60,3 ug.l-1 (0,5 m). A sonda SFM, em um dos dois perfis a 0,53 m, apresentou as seguintes estimativas: 21,6 ug.l-1 (algas “verdes”), 28,2 ug.l-1 (“cianobactérias”), 5,0 ug.l-1 DEDICATÓRIA (“crisófitas”) e 2,8 ug.l-1 (“pirrógfitas”) totalizando 57,6 ug.l-1 para a soma de todos os Dedicamos o trabalho ao Dr. Joseph Alloul, esposo da Profa. Dra. Bernadette Pinel-Alloul, que faleceu em um acidente automobilístico em 19/2/2003, durante uma excursão a campo no encerramento da disciplina Tópicos Especiais em Ecologia, PGECMVS, UFMG. grupos, em concordância com os valores estimados através da do método de Lorenzen (Fig. 3a). O meso-zooplâncton do reservatório da Pampulha esteve dominado pelo copépode ciclopóide Thermocyclops decipiens (Kiefer). COP revelou nos dois perfis e três transectos realizados uma distribuição de partículas muito semelhante, com um padrão unimodal (levemente deslocado para a esquerda) ocorrendo na faixa dos 354 um (ESD) (Fig. 4). A análise em microscópio estereoscópico revelou um espectro alométrico igualmente unimodal (centralizado na distribuição), com o pico ocorrendo a 630 um (Fig. 5). Dessa maneira, concluímos que o COP embora seja capaz de reproduzir o padrão alométrico da comunidade analisada tende a subestimar o comprimento linear médio das partículas que atravessam o seu sensor ótico. REFERÊNCIAS Wieland, K., Petersen, D. & Schnack, D. (1997) Estimates os zooplankton abundance and size distribution with the Optical Plankton Counter (OPC). Arch. Fish. Mar. Res. 45, 271-280. Beutler, M., Wiltshire, K. H & Moldaenke, C. (2002) A fluorometric method for the differentiation of algal populations in vivo and in situ. Phot. Res., 72: 39-53.