PREÇO DOS CORTES BOVINOS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NO MERCADO EUROPEU Harumi Maria Serra Iamamoto Faculdade de Economia e Administração – USP-RP Av. Bandeirantes nº 3.900 Monte Alegre Ribeirão Preto SP - CEP: 14.040-900 Email: [email protected] CPF: 294029188-84 Marcos Fava Neves Faculdade de Economia e Administração – USP-RP Av. Bandeirantes nº 3.900 Monte Alegre Ribeirão Preto SP - CEP: 14.040-900 Email: [email protected] CPF: 114263788-31 Ricardo Messias Rossi Faculdade de Economia e Administração – USP-RP Av. Bandeirantes nº 3.900 Monte Alegre Ribeirão Preto SP - CEP: 14.040-900 Email: [email protected] CPF: 817561191-04 Roberto Fava Scare Faculdade de Economia e Administração – USP-RP Av. Bandeirantes nº 3.900, B. Monte Alegre Ribeirão Preto SP - CEP: 14.040-900 Email: [email protected] CPF: 145685378-35 Área Temática: 1 - Comercialização, Mercados e Preços Agrícolas Forma de Apresentação: Oral sem debatedor PREÇO DOS CORTES BOVINOS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NO MERCADO EUROPEU Resumo: O presente artigo visa, por meio de um estudo exploratório, discutir o preço no varejo dos principais cortes de carne bovina comercializados na União Européia. Foram coletados dados de preço de carne bovina em grandes redes de supermercado de cinco países da União Européia (Alemanha, Espanha, França, Reino Unido e Portugal). Também foi identificada a origem das carnes encontradas em cada um dos supermercados visitados. Conclui-se que apesar do forte aumento das exportações de carne bovina brasileira a marca e o produto nacional ainda se apresentam de forma tímida nas prateleiras das redes varejistas européias. Nota-se que existe grande captura de valor pelo agente importador da Europa. Palavras chaves: Carne bovina; Comercialização; União Européia 1 – Introdução A criação de bovinos para corte é uma prática tradicional no Brasil. Segundo dados do Anualpec (2004), o país possui um rebanho bovino de aproximadamente 165 milhões de cabeças (sendo 133 milhões destinadas a produção de carne), distribuídas por todo território nacional, em especial nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Ainda segundo o Anualpec (2004), os abates e bovinos no Brasil produziram 7,8 milhões de toneladas de carne, sendo 18% destinado a exportação. A Europa é a maior compradora de carne bovina in natura brasileira, adquirindo 21% do total exportado pelo país em 2004. O aumento da importância das exportações de carne para a cadeia da bovinocultura de corte brasileira foi acentuada nos últimos dez anos, saindo de cerca de 4% da produção em 1995 até atingir 18% em 2004. Embora não se observe grandes diferenciais de preço pago ao produtor rural pela carne destinada ao mercado interno ou externo, a formação de preços ao consumidor final no varejo é completamente diferente no Brasil e na União Européia. Os preços médios (R$/kg) dos principais cortes bovinos no Brasil em 2003 podem ser observados na tabela 1. Tabela 1 – Preço médio (R$/kg) da Carne bovina no varejo em 2003 (cidade de São Paulo). Corte Preço R$/kg à vista Filet Mignon 12,46 Alcatra 6,95 Contra Filet 5,66 CoxãoMole 4,82 Coxão Duro 4,69 Patinho 4,81 Lagarto 4,91 Acém 3,31 Picanha 10,58 Maminha 5,43 Cupim 4,20 Músculo 3,16 Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Anualpec (2004). Esse artigo tem como objetivo geral levantar o preço no varejo dos principais cortes comercializados na União Européia. Os objetivos específicos da pesquisa são: • Encontrar preços de diferentes cortes de carne bovina em 4 redes de varejo da Alemanha, Espanha, França, Reino Unido e Portugal; • Pesquisar a origem de cada um dos cortes encontrados nas diferentes redes de varejo de cada país pesquisado; • Detalhar a origem e importador dos cortes de carne bovina brasileira sempre quando este seja encontrado nas redes varejistas dos países pesquisados; • Realizar a comparação de preços nos países pesquisados, através de cálculos da média e desvio padrão para cada um destes cortes. 2 – Revisão de Literatura Segundo Coughlan (2001) o varejo consiste nas atividades envolvidas na venda de bens e serviços para consumo pessoal para consumidores finais. Neves et al (2003), destacam que o atacado e o varejo são os principais agentes no canal de distribuição de alimentos em todo o mundo. Para esses autores, as principais funções do varejo em um sistema de distribuição são: • Divisão de quantidades; • Conveniência espacial (localização); • Variedade de produtos e serviços prestados aos consumidores. Para Levy & Weitz (2000) os varejistas de alimentos podem ser classificados em quatro grupos: • Lojas de conveniência – são pequenos mercados que oferecem variedade e sortimento de mercadoria limitados, em locais acessível e preços mais altos que os supermercados; • Supermercados convencionais – oferecem uma média variedade e sortimento de mercadorias, distribuídos em locais razoavelmente acessíveis e preços médios; • Superlojas, combination stores, supercenters e hipermercados – são supermercados grandes que possuem 25% de suas vendas provenientes de mercadorias não alimentares, oferecem alta variedade, alto sortimento e preços baixos; • Supermercados de depósito, warehouse clubs – varejistas de lojas de desconto que oferecem poucos serviços, uma ampla variedade de produtos, médio sortimento e preços baixos. Ainda segundo Levy & Weitz (2000), são três os fatores ambientais críticos no mundo do varejo: • Concorrência: dentro dos mesmos tipos e entre diferentes tipos • Dados demográficos dos consumidores, tendências de estilo de vida e seus impactos nas instituições de varejo. • Necessidades, desejos e processos de tomada de decisão dos consumidores de varejo. Parente (2000) amplia a lista de fatores ambientais importantes para o varejo com as variáveis econômicas e sócio-culturais. Para Assef (2000) apud Bruni & Fama (2003), alguns dos principais objetivos de formação de preços podem ser apresentados como: • • • Proporcionar a longo prazo, o maior lucro possível: a empresa consiste em uma entidade que deveria buscar sua perpetuidade. Políticas de preços a curto prazo, voltadas para maximização dos lucros, devem ser utilizadas somente em condições especiais; Permitir a maximização lucrativa da participação de mercado: não apenas o faturamento deveria ser aumentado, mas também o lucro das vendas; Maximizar a capacidade produtiva, evitando ociosidade e desperdícios operacionais: os preços devem considerar a capacidade de atendimento aos clientes – preços baixos podem ocasionar elevação de vendas e não capacidade da manutenção da qualidade do atendimento ou dos prazos de entrega. Por outro lado, preços elevados reduzem o volume de vendas, podendo ocasionar ociosidade da estrutura de produção e de pessoal. Rosenbloom (2002) ressalta que o poder e a influência dos varejistas nos canais de marketing é crescente devido ao aumento no porte e poder de compra, aplicação de avançadas tecnologias e uso de modernos conceitos e técnicas de marketing. Assim, esses agentes cada vez mais têm condições de pressionar seus fornecedores visando obter melhores margens de lucro. Ainda segundo Rosenbloom (2002), os distribuidores que acham que o fabricante não proporciona margens suficientes, provavelmente, procuram outros fornecedores ou criam e promovem suas marcas próprias. Bernardi (1996) define preço justo como o valor pago para se obter um bem ou serviço em função de suas características, qualidade e a percepção do mercado do que seja um preço justo (utilidade). O autor define o estabelecimento de uma política de preços em função de três fatores: objetivos, demanda e concorrência. Em função dos objetivos: para o estabelecimento de uma política de preços a empresa necessita antes definir seus objetivos, que podem ser: • • • • • • • • Penetração de mercado; Aumento de participação; Preço da exclusividade (skimming); Recuperação do caixa; Maximização dos resultados; Promoção de Produto / Serviço específico; Preço / Qualidade; Preço / Oportunidade. Em função da demanda: Os preços para cada produto, mercadoria ou serviço, são diferenciados, tendo como base época, local e momento. Em função de concorrência: preços são elaborados de acordo com a concorrência. • Preço médio praticado; • Preços mais altos ou mais baixos em determinados patamares; • Preço competitivo elaborado de fora para dentro da organização. Para Bernardi (1996) as empresas que atuam em um mercado global devem atentar-se a importância da estratégia de preços nos mercados onde vendem seus produtos. Entre as estratégias possíveis basicamente concentram – se em: • um preço único mundial; • • preços diferenciados em cada mercado; preços intermediários A Europa Ocidental é uma região do globo disputada internacionalmente pelos países exportadores de commodities. Keegan (2005) considera que os países da Europa Ocidental estão entre os mais prósperos do mundo devido a alta renda per capita da população (embora existam desigualdades na região), a uniformização cultural e social ocorrida na região nos últimos anos e estabilidade da economia. Paliwoda e Thomas (2001) segmentam a Europa em seis grupos de países/regiões com características mais homogêneas. São esses: Inglaterra e Irlanda (grupo 1); região central e norte da França, sul da Bélgica, região central da Alemanha e Luxemburgo (grupo 2); Espanha e Portugal (grupo 3); sul da Alemanha, norte da Itália, sul da França e Áustria (grupo 4); Grécia e sul da Itália (grupo 5), Dinamarca, Norte da Alemanha, Holanda, norte da Bélgica, Suíça, Islândia, Suécia, Noruega e Finlândia (grupo 6). Segundo Neves & Castro (2001) os países da União Européia têm médias baixas de gastos com alimentos em relação ao total de gastos do orçamento familiar (10 a 15%). Assim, ainda para esses autores, o mercado europeu é guiado por preferências do consumidor, encorajando varejistas a fornecer maior poder de escolha, com ofertas mais variadas e customizadas. 3 – Metodologia A presente pesquisa, de caráter exploratório, buscou levantar o preço de diversos cortes bovinos no mercado europeu. Para atingir os objetivos propostos anteriormente, foram selecionados cinco países da União Européia. Em cada um desses países foram visitados quatro supermercados em uma ou mais cidades, seguindo o critério de conveniência para os pesquisadores. Assim, a pesquisa de campo foi realizada em cinco países integrantes da União Européia: Alemanha, Espanha, França, Reino Unido e Portugal. Foram escolhidos quatro pontos de distribuição em cada um dos paises entre o período de 11 de Dezembro de 2003 a 15 de Janeiro de 2004. Os quatro supermercados pesquisados em cada país podem ser observados na tabela 2. Tabela 2 – Supermercados pesquisados por país. Alemanha Espanha França Reino Unido Portugal Galeria Kaufhof Champion Monoprix Safeway Carrefour Karstadt El Corte Ingles Galerie Gourmand Mark & Spencer El Corte Inglês Toom Market Mercadona Eco Service Tesco Jumbo Electro Mini mal Sabeco Auchan Europa Pingo Doce Fonte: Autores. Na Alemanha o levantamento de dados ocorreu entre o período de 07 a 09 de janeiro de 2004 na cidade de Frankfurt. Na Espanha a pesquisa foi realizada entre os dias 15 de dezembro (2003) e 15 de janeiro (2004) nas cidades de Barlcelona (Champion e El Corte Inglês) e Zaragoza (Mercadona e Sabeco). Na França, o levantamento de dados ocorreu no dia 10 de janeiro de 2004 na cidade de Strasbourg. No Reino Unido os dados foram coletados entre os dias 11 e 13 de dezembro (2003) na cidade de Londres. Em Portugal, foram visitadas duas cidades, Aveiro (Carrefour, Jumbo Electro e Pingo Doce) entre os dias 18 e 22 de dezembro (2003) e Lisboa (El Corte Inglês) no dia 26 de dezembro (2003). A coleta de dados foi realizada por uma pesquisadora que anotou o preço por unidade de massa dos principais cortes de carne bovina existentes no estabelecimento. Foi evitada a coleta de preços de produtos em oferta ou promoção, sendo que posteriormente os preços foram transformados em Euros por quilograma (Euro/Kg). Depois de realizada a pesquisa de campo, os pesquisadores padronizaram os dados obtidos visando uniformizar a nomenclatura dos cortes avaliados. A complexidade se deu no momento de traduzir os nomes dos cortes bovinos encontrados nos supermercados europeus, para a nomenclatura utilizada no Brasil. Apesar da utilização de fontes confiáveis como a ABIEC, os nomes traduzidos nos livros muitas vezes divergem do utilizado pelos varejistas, os quais utilizam nomenclaturas que, por sua vez são raramente encontradas em livros, trabalhos acadêmicos e associações de auxilio aos exportadores ou facilitadoras do comércio internacional. A tabela 3 apresenta as traduções de três diferentes fontes: Abiec – Catálogo Brasileiro de Cortes Bovinos, MHV Viandes e Gueldener EDV & Buroservice. Tabela 3 – Nomenclatura dos cortes bovinos nos países pesquisados Brasil Filé Mignon Espanha Lomo / Solomillo Reino Unido França Tenderloin / Filet Filet Contrafilé Lomo / Solomillo / Striploin / Strip Loin Bife angoso bajo Sirloin Strip Filé de Costela Bife ancho / assado / Entrecôte / Lomo Alto / Bife ancho sin hueso Alcatra Cadera / cuadril / Cadera sin babilla / Cadera con tapilla Picanha Tapa de cuadril / Rump cap / Cap of rump tapilla Maminha Tapilla / Coleta de cuadril / Babilla Coxão Mole Nalga de adentro / Tapa / Nalga de adentro Coxão Duro Cuadrada / Contratapa / Redondel / Contra con redondo Redondo / Peceto / Redondel Lagarto Faux-filet Faux-Filet Roastbeef / Bratten Entrecôte Hochrippe Entrecôte / Rib eye Fore rib / standing rib / Roast Spencer Roll Rump / Sirloin Butt / Loin End Full rump / rump heart Alemanha Portugal Filet / Lombo Steak / Rumsteck / Hufte / Huefte / Huft Alcatra Rampsteak sans / Hufte mit Deckel Aiguillete / Coeur und Schwanzstuck / de rumsteak Steackhufte Aiguillette Rosbif Huftdeckel de croupe / aiguillette / aiguillette baronne Rump tail / Aiguillette de Huftspitze Point of rump / Rumsteck / rump skirt / Aiguillette Barrone triangle / steak cloak / tail of rump Topside / Inside Tendre de tranche / Oberschale Cha de / Inside Round / Coin Tende e Dentro / Topround Tranche Pojadouro inside Silverside / Flat Gite / Tranche Unterschale / Cha de fora / Bottom Round Ronde / Tranche / Filetsteak com Ronde Semelle / Schwanzrolle semelle Eye of round / Rond de Gite / Seemerolle / Ganso Round Roll Tranche ou Piece Rundermocken / Ronde / Roti de Schwanzrolle Boeuf / Ronde de Gite Bife de Vazio Bife de Vacio / Flank Steak Carne de Falda / carne de falda magra Fraldinha Rentrana Fina / Thin Skirt Falda residual Diafragm Bavette Flanchet / Hampe Lombinho Entrana Gruesa / Thick Skirt / Onglet Solomillo de Hanging tender pulmon Pá Carnaza de Paleta Sholder Clod Point d’Épaule Peixinho Acém Chingolo / Saumfleisch Zwerchfell / Nierenzapfen Schulter Chuck Tender / Jewish Tender / Dutch Tender / Blade Roll / Blade Fillet Chuck / Pony 6 ribs / Square Cut Chuck / Middle Rib / Steak Meat / boneless chuck Jumeau de bibteck Falsches Filet / Jameau / jumeau Liver Queue / Foie Carne Moida Surlonge / Basses Zungenstuck / cotês / Cote Hochrippe und Couverte / collier Querrippe / Bratenstueck Hohrucken Abgedeckter / Rucken Pecho Brisket Point Poitrine / Poitrine Brust / rinderbrust End / Brisket 6r Gros Bout / brisket Paleta / Espalda Shoulder Clod / Macreuse / Schulter mit knochen (parte) Blade clod / Raquerre / Paleron / shulter / shulterspitz shoulder bone- / Palette / a Pot-au / schulter mit in Fau / épaule knochen Carne Picada / Minced Meat Viande Hacée Hackfleisch Molida Fígado Hígad Peito Paleta Aguja / Espalda Aguja deshuesada de Fleischdunnung Dunne / Hose Leber Fonte: Elaborado pelos autores. Ressalta-se neste ponto que muitos dados deixaram de ser aproveitados para a pesquisa devido a dificuldade de padronização dos cortes pesquisados com a nomenclatura brasileira, preferindo-se assim a não utilização destes dados à utilização incorreta dos mesmos. Após a padronização dos dados, estes calculadas as médias e desvios intra e entre cada um dos países analisados. Nesta fase foram feitas algumas correções como a exclusão de alguns itens de escassa ocorrência que aproximavam os países da média geral. Foram apresentados também dados sobre a origem das carnes encontradas em cada um dos supermercados especificados. 4 – Resultados e Discussão A pesquisa foi realizada com 19 tipos diferentes de cortes que podem ser encontrados tanto no Brasil quanto nos paises pesquisados. Os dados das Tabelas 4, 5, 6, 7 e 8 se referem às médias de preços de cada corte por supermercado e a média e desvio padrão do país encontrada na Alemanha, Espanha, França, Reino Unido e Portugal respectivamente. Na Tabela 4 observamos a média de preços dos cortes bovinos encontrados na Alemanha, nota-se uma maior ocorrência de carnes nobres como o filé mignon e a picanha e um desvio padrão relativamente alto de 30%. A Alemanha foi o país pesquisado que apresentou menor variedade de tipos de cortes por supermercado. Tabela 4 – Média de preços em Euros por quilo do produto nos supermercados pesquisados na Alemanha. Alemanha Descrição do Ref. Corte 1 Filé Mignon 2 Contrafilé 3 Filé de Costela 4 Alcatra 5 Picanha 6 Maminha 7 Coxão Mole 8 Coxão Duro 9 Lagarto 10 Bife de Vazio 11 Fraldinha 12 Lombinho 13 Pá 14 Peixinho 15 Acém 16 Peito 17 Paleta 18 Carne Moida 19 Fígado MÉDIA Kalholf 29,99 Karstadt 33,40 16,49 16,49 16,74 18,99 15,99 15,99 DP%Toom Market MÉDIA-AL DP-AL AL 28,61 5,61 20% 22,45 13,99 13,99 16,16 3,01 19% 12,99 7,77 13,31 4,00 30% 12,99 15,91 0,88 6% 14,99 Mini Mal 8,99 7,99 7,99 10,74 5,99 16,07 8,99 7,99 6,99 5,98 15,33 11,74 4,99 7,91 2,88 36% 4,49 1,75 9,20 5,82 3,87 12,26 1,26 3,00 2,95 22% 77% 30% Fonte: Autores. A Tabela 5 mostra a média dos dados coletados nas redes de varejo espanholas. Podemos observar que ao contrário do observado na Alemanha, cortes como o filé mignon, já não estão presentes em todos os supermercados. Tabela 5 – Média de preços em Euros por quilo do produto nos supermercados pesquisados na Espanha. Espanha Descrição do Corte Ref. 1 Filé Mignon 2 Contrafilé 3 Filé de Costela 4 Alcatra 5 Picanha 6 Maminha 7 Coxão Mole 8 Coxão Duro 9 Lagarto 10 Bife de Vazio 11 Fraldinha 12 Lombinho 13 Pá 14 Peixinho 15 Acém 16 Peito 17 Paleta 18 Carne Moida 19 Fígado MÉDIA Champion 15,27 10,76 9,55 9,50 9,55 10,95 El Corte Ingles 30,26 19,68 18,57 13,46 12,12 9,90 12,93 Mercadona 16,30 13,70 Sabeco 11,95 9,60 8,50 7,79 10,07 5,79 15,26 DP%ES 18% 13% 14% 22% 24% 10,33 10,33 10,19 MÉDIA-ES DP-ES 30,26 19,68 15,52 2,752 12,64 1,6354 9,55 10,41 1,4846 9,90 10,33 2,3139 9,37 2,2345 12,83 5,65 5,95 8,19 10,07 5,72 5,95 12,29 0,099 1,75 2% 15% Fonte: Autores. Apesar de apresentar um desvio padrão relativamente baixo (15%) a média geral do país parece ter sido fortemente influenciada por um único supermercado, o “El Corte Inglês”. Isto ocorre devido à maior variedade de cortes disponíveis neste supermercado e aos elevados preços praticados por este. Estes fatores contribuem para que sua média tenha alta influência sobre a média geral do país, pois a amostragem conseguida neste é superior à amostragem conseguida em outros supermercados. Nota-se, por exemplo, que entre os treze cortes verificados na Espanha, cinco possuem como média geral, a média referente ao “El Corte Inglês” por se tratar de uma referencia única (isto é, preços coletados somente neste supermercado) outros quatro são influenciados pelos elevados preços relativos que o supermercado apresenta. A Tabela 6 descreve a média dos preços de cada corte encontrado nos supermercados franceses. Tabela 6 – Média de preços em Euros por quilo do produto nos supermercados pesquisados na França. Descrição do Corte Ref. 1 Filé Mignon 2 Contrafilé 3 Filé de Costela 4 Alcatra 5 Picanha 6 Maminha 7 Coxão Mole 8 Coxão Duro 9 Lagarto 10 Bife de Vazio 11 Fraldinha 12 Lombinho 13 Pá 14 Peixinho 15 Acém 16 Peito 17 Paleta 18 Carne Moida 19 Fígado MÉDIA Auchan 27,47 17,57 17,21 15,48 Eco Service 31,50 22,75 27,00 20,95 França Galerie Gourmand 31,50 18,00 21,42 21,00 Monoprix 21,53 21,79 19,85 DP%FR 8% 13% 18% 14% 9,95 14,95 10,95 13,43 10,65 9,95 14,95 10,95 13,43 10,65 15,24 25,00 8,11 9,85 13,85 14,29 14,21 MÉDIA-FR DP-FR 30,16 2,33 19,96 2,57 21,85 4,01 19,32 2,61 25,55 3,90 19,30 20,12 21,06 8,11 12,07 13,85 3,90 14,95 6,90 34% 3,14 26% 3,59 19% Fonte: Autores. Outra vez, observa-se a predominância de um único supermercado com uma maior variedade de cortes sobre os outros supermercados. Como já havíamos destacado anteriormente este fator faz com que os preços se tornem mais parecidos com a média de um único supermercado. Entretanto, o grupo Auchan não apresenta preços acima da média de mercado do país como ocorria com o “El Corte Inglês” da Espanha. Outros fatores desviam o preço das carnes francesas para cima. A França possui grande parte de suas carnes embaladas em pequenas quantidades com marcas já conhecidas pelo consumidor francês como Charal e Valtero. Estas carnes possuem valores até 50% mais caros, devido à marca, confiança dos consumidores no produto, embalagem e praticidade. Para obter mais detalhes sobre a origem e tipo de cada corte encontrado nos supermercados franceses. A Tabela 7 descreve as médias dos preços encontradas nos supermercados do Reino Unido. Tabela 7 – Média de preços em Euros por quilo do produto nos supermercados pesquisados no Reino Unido. Descrição do Corte Ref. 1 Filé Mignon 2 Contrafilé 3 Filé de Costela 4 Alcatra 5 Picanha 6 Maminha 7 Coxão Mole 8 Coxão Duro 9 Lagarto 10 Bife de Vazio 11 Fraldinha 12 Lombinho 13 Pá 14 Peixinho 15 Acém 16 Peito 17 Paleta 18 Carne Moida 19 Fígado MÉDIA Europa 34,52 26,97 17,31 16,60 Reino Unido Marks & Safeway Spencer 27,46 44,04 19,69 29,12 28,41 15,67 17,75 10,64 8,95 7,09 DP%Tesco MÉDIA-RU DP-RU RU 32,57 8,77 27% 24,26 24,01 4,75 20% 20,24 22,86 7,85 34% 15,33 2,81 18% 11,31 9,68 10,16 8,95 0,68 7% 8,78 8,78 5,88 6,49 0,85 13% 2,61 35% 5,22 7,84 11,07 5,99 7,53 20,12 13,91 26,08 12,31 15,19 4,05 22% Fonte: Autores. Observa-se que a distribuição de cortes encontrados por supermercado é regular não havendo um único supermercado com número de ocorrência muito superior aos outros. Entretanto, assim como na Alemanha, constatou-se reduzida diversidade de tipos de cortes. O desvio padrão de 22% se situa dentro da média encontrada entre os países estudados. As médias de preços dos cortes de carne bovina encontradas em Portugal são apresentadas pela Tabela 8. Tabela 8 – Média de preços em Euros por quilo do produto nos supermercados pesquisados em Portugal. Portugal Descrição do Corte Ref. 1 Filé Mignon 2 Contrafilé 3 Filé de Costela 4 Alcatra 5 Picanha 6 Maminha 7 Coxão Mole 8 Coxão Duro 9 Lagarto 10 Bife de Vazio 11 Fraldinha 12 Lombinho 13 Pá 14 Peixinho 15 Acém 16 Peito 17 Paleta 18 Carne Moida 19 Fígado MÉDIA Carrefour 21,70 El Corte Ingles 26,75 Jumbo 19,89 Pingo Doce 17,45 9,18 9,97 10,90 13,96 14,35 13,89 12,79 10,00 7,97 9,97 11,57 11,27 11,19 3,38 2,85 1,85 29% 25% 17% 8,52 6,98 10,52 12,72 2,17 25% 9,66 12,43 6,98 6,98 6,98 7,97 4,04 3,92 38% 31% 6,99 6,94 0,07 1% 8,62 10,03 4,99 3,61 36% 5,73 6,74 1,43 21% 8,75 10,24 2,73 24% 10,05 12,90 14,92 17,57 6,89 7,34 4,99 14,13 7,75 10,43 15,42 11,48 MÉDIA-PT DP-PT 21,45 3,94 DP%PT 18% Fonte: Autores. Portugal foi o país que apresentou maior variedade de tipos de carnes por supermercado, é possível que sua média se aproxime mais do que seria uma “média real” dos preços no país devido ao tamanho da amostragem, com mais ocorrências. O número de ocorrências por supermercado é bem distribuído, evitando desta forma uma predominância dos preços de uma única rede varejistas. Observamos mais uma vez os valores elevados do supermercado “El Corte Inglês”, porém desta vez sem afetar de forma agressiva os resultados gerais, já que não possui uma quantidade mais elevada de variedade que os outros pontos de venda em Portugal. Após coletados os dados de cada país objeto de estudo, estes foram analisados em conjunto para podermos comparar as diferenças e variações existentes entre cada um (tabela 9). Tabela 9 – Média de preços dos dezenove tipos de corte selecionados por país – Preços expressos em Euros por Quilo do produto. MÉDIA CONSIDERANDO O TOTAL DE CADA PAÍS Descrição do Corte AL ES FR RU PT MÉDIA 28,61 30,26 30,16 32,57 21,45 28,61 Filé Mignon 13,99 19,68 19,96 24,01 19,41 Contrafilé 16,16 15,52 21,85 22,86 11,57 17,59 Filé de Costela 13,31 12,64 19,32 15,33 11,27 14,37 Alcatra 15,91 9,55 11,19 12,22 Picanha 8,99 9,90 14,95 10,16 8,52 10,50 Coxão Mole 10,33 10,95 8,95 6,98 9,30 Coxão Duro 9,37 13,43 10,52 11,11 Lagarto 7,91 8,11 6,49 4,99 6,87 Peito 5,82 5,72 13,85 7,53 6,74 7,93 Carne Moida 3,87 5,95 3,90 4,57 Fígado MÉDIA POR PAIS 12,73 12,89 15,65 15,99 10,36 13,52 DP DP% 4,24 15% 4,12 21% 4,70 27% 3,13 22% 3,30 27% 2,57 25% 1,76 19% 2,09 19% 1,45 21% 3,39 43% 1,19 26% 2,90 24% Fonte: Autores. A Tabela 9 fornece uma panorama dos dados coletados, calculando a média de preços e desvio padrão de cada produto e em cada país. Porém, se torna difícil fazer uma análise geral de preços apenas com os dados apresentados, já que a diferença entre o preço médio de cada corte não permite uma visualização adequada das diferenças de preços encontradas em cada pais. Com objetivo de se permitir uma melhor interpretação dos dados calculou-se na Tabela 10 de desvios de preços de cada país com relação ao preço médio, utilizando base um para a média de cada produto. Tabela 10 – Desvios de preços de cada país com relação ao preço médio. MÉDIA CONSIDERANDO O TOTAL DE CADA PAÍS Descrição do Corte AL ES FR RU PT MÉDIA 1,00 1,06 1,05 1,14 0,75 1,00 Filé Mignon 0,72 1,01 1,03 1,24 1,00 Contrafilé 0,92 0,88 1,24 1,30 0,66 1,00 Filé de Costela 0,93 0,88 1,34 1,07 0,78 1,00 Alcatra 1,30 0,78 0,92 1,00 Picanha 1,02 0,98 1,00 Maminha 0,86 0,94 1,42 0,97 0,81 1,00 Coxão Mole 1,11 1,18 0,96 0,75 1,00 Coxão Duro 0,84 1,21 0,95 1,00 Lagarto 0,91 1,09 1,00 Bife de Vazio 1,00 1,00 Fraldinha 1,00 1,00 Lombinho 1,00 1,00 Pá 1,00 1,00 Peixinho 1,01 0,99 1,00 Acém 1,15 1,18 0,94 0,73 1,00 Peito 1,00 Lombo 0,91 1,09 1,00 Paleta 0,73 0,72 1,75 0,95 0,85 1,00 Carne Moida 0,85 1,30 0,85 1,00 Fígado MÉDIA 0,95 0,96 1,16 1,06 0,86 1,00 Fonte: Autores. DP DP% 0,15 15% 0,21 21% 0,27 27% 0,22 22% 0,27 27% 0,03 3% 0,25 25% 0,19 19% 0,19 19% 0,13 13% 0,02 0,21 2% 21% 0,13 0,43 0,26 0,20 13% 43% 26% 20% A Tabela 10 permite uma melhor visualização dos desvios de cada produto com relação à média, entretanto, ainda apresenta problemas devido ao escasso número de preços encontrados para alguns cortes. Ao analisar a tabela percebe-se que alguns preços foram encontrados apenas em um ou dois países, isto faz com que a média geral de preços dos países onde estes preços foram encontrados se torne mais próximas da base um. Desta forma, foram selecionados onze tipos de corte encontrados em três ou mais países onde se realizou a pesquisa para as análises posteriores. As Tabelas 11 e 12 representam a média de preços e os desvios de preços de cada país apenas para os preços de cortes encontrados em três ou mais países. Tabela 11 – Média de preços dos onze tipos de corte selecionados por país. Preços expressos em Euros por Quilo do produto. MÉDIA CONSIDERANDO O TOTAL DE CADA PAÍS Descrição do Corte AL ES FR RU PT MÉDIA 28,61 30,26 30,16 32,57 21,45 28,61 Filé Mignon 13,99 19,68 19,96 24,01 19,41 Contrafilé 16,16 15,52 21,85 22,86 11,57 17,59 Filé de Costela 13,31 12,64 19,32 15,33 11,27 14,37 Alcatra 15,91 9,55 11,19 12,22 Picanha 8,99 9,90 14,95 10,16 8,52 10,50 Coxão Mole 10,33 10,95 8,95 6,98 9,30 Coxão Duro 9,37 13,43 10,52 11,11 Lagarto 7,91 8,11 6,49 4,99 6,87 Peito 5,82 5,72 13,85 7,53 6,74 7,93 Carne Moida 3,87 5,95 3,90 4,57 Fígado MÉDIA POR PAIS 12,73 12,89 15,65 15,99 10,36 13,52 DP DP% 4,24 15% 4,12 21% 4,70 27% 3,13 22% 3,30 27% 2,57 25% 1,76 19% 2,09 19% 1,45 21% 3,39 43% 1,19 26% 2,90 24% Fonte: Autores. Tabela 12 – Desvios de preços dos onze tipos de corte selecionados com relação ao preço médio por pais. MÉDIA CONSIDERANDO O TOTAL DE CADA PAÍS Descrição do Corte AL ES FR RU PT MÉDIA 1,00 1,06 1,05 1,14 0,75 1,00 Filé Mignon 1,03 1,24 1,00 0,72 1,01 Contrafilé 1,24 1,30 0,66 1,00 0,92 0,88 Filé de Costela 0,93 0,88 1,34 1,07 0,78 1,00 Alcatra 1,30 0,78 0,92 1,00 Picanha 0,86 0,94 1,42 0,97 0,81 1,00 Coxão Mole 1,11 1,18 0,96 0,75 1,00 Coxão Duro 0,84 1,21 0,95 1,00 Lagarto 1,15 1,18 0,94 0,73 1,00 Peito 0,73 0,72 1,75 0,95 0,85 1,00 Carne Moida 0,85 1,30 0,85 1,00 Fígado MÉDIA POR PAIS 0,94 0,95 1,23 1,07 0,80 1,00 DP DP% 0,15 15% 0,21 21% 0,27 27% 0,22 22% 0,27 27% 0,25 25% 0,19 19% 0,19 19% 0,21 21% 0,43 43% 0,26 26% 0,24 24% Fonte: Autores. Tendo como base as Tabelas 11 e 12 observa-se que o país que apresenta uma média de preços mais alta é a França, seguindo em ordem decrescente pelos países: Reino Unido, Espanha, Alemanha e Portugal. Entretanto, cabe observar a posição duvidosa alcançada pela Espanha e França devido aos fatores apresentados anteriormente quando se discutiu os preços de cada país de forma individual. Observa-se um desvio padrão de 24%, o que não é demasiadamente elevado se considerarmos que este está na média do desvio padrão encontrado quando analisávamos os países de forma individual. O preço médio da carne dos 11 cortes das Tabelas 11 e 12 é de 13,52 Euros. Comparando-se esse valor com os 2,4 Euros (2.68 dólares americanos) pagos pela União Européia pelo quilo da carne bovina brasileira e adicionando as taxas cobradas para a entrada do produto na União Européia que fica em torno de 2.34 Euros, teremos um preço médio de 4,74 Euros para a compra destes produtos do Brasil. Obviamente, custos como transporte e armazenamento devem ser considerados no momento de se tentar estipular tais valores (já que os valores em questão se referem ao preço FOB da mercadoria), entretanto, mesmo considerando estes valores a diferença entre o preço de compra da carne bovina brasileira e a média de preços a que as carnes bovinas são vendidas no mercado varejista dos países pesquisados é bastante acentuada. Na França todos os cortes encontrados nos supermercados tinham origem francesa, já no Reino Unido os produtos analisados foram de origem irlandesa, escocesa ou inglesa. Na Espanha a maioria dos produtos encontrados foi de origem espanhola, porém encontrou-se alguns produtos de origem holandesa e irlandesa, além de outros bovinos nascidos na Bélgica e Alemanha e criados na Espanha. Um dos supermercados pesquisados na Espanha possuía um tipo de corte argentino, porém sem especificação quanto ao tipo de corte do produto, na embalagem havia apenas escrito –“novillo argentino, servocar importadora”. Em Portugal a maioria dos cortes encontrados foi de origem portuguesa, porém foi o país onde se encontrou maior diversidade quanto à origem dos produtos. Foram encontrados produtos de origem espanhola, alemã, holandesa, belga, irlandesa, francesa e brasileira. Encontrou-se carne de origem brasileira nos quatro supermercados portugueses em que se realizou a pesquisa. Na Alemanha, assim como nos outros países analisados, a maioria dos cortes foi de origem do próprio país. Porém apresentou produtos de origem Argentina, francesa e uma ocorrência de alcatra brasileira em um dos supermercados visitados. Foram encontrados cortes de origem brasileira em um supermercado da Alemanha e nos quatro supermercados pesquisados em Portugal. No supermercado Alemão não se encontrou a descrição do distribuidor, porém em três dos quatro supermercados portugueses pudemos saber a origem e distribuidor da carne brasileira ofertada (Tabela 13) Tabela 13 – Ocorrência de cortes brasileiros e identificação da origem. Supermercado El Corte Inglês (Lisboa) Jumbo Electro Pingo Doce: Pingo Doce: Frigorífico Frigorífico Independência – SIF 615. Frigorífico Mataboi S.A. – SIF 177 Importador NIPA - Rua Duque de Pamela, BC8 C Lisboa – Portugal. NVC INTERNATIONAL B.V - Overchieseweg 330 – Holanda Frigorífico Importador 1: NIPA Independência – SIF Rua Duque de 615. Pamela, BC8 C Lisboa – Portugal. Mafrig frigoríficos e S.E.D.P.A. SAM comercio de 57, Rue Grimaldi/ alimentos LTDA – 98000 Monaco / SIF 2543 www.sedpa.mc Cortes encontrados alcatra, picanha e bife de vazia. bife vazia e picanha alcatra, picanha e bife de vazia. filet mignon Fonte: Autores. 5 – Considerações Finais A partir desse trabalho conclui-se que apesar do forte aumento das exportações de carne bovina brasileira a marca e o produto nacional ainda se apresentam de forma tímida nas prateleiras das redes varejistas européias, exceto no caso de Portugal, onde foi encontrada carne nobre brasileira em todos os supermercados pesquisados, e muitas vezes a origem do produto era expressa de forma destacada. Observou-se também que, o preço médio pago pelo consumidor europeu no quilo de carne bovina em um supermercado, segundo os dados analisados, é quase seis vezes maior que o valor médio pago pelos importadores europeus de carne bovina brasileira. Se considerarmos os impostos cobrados pela União Européia para a entrada dos produtos brasileiros no mercado europeu, o valor do quilo da carne bovina praticamente duplica. O preço pago pelo consumidor europeu é três vezes maior do que o preço pago pelo importador somando-se estas taxas. Notou-se que a maioria dos supermercados possuía uma vasta quantidade e qualidade de cortes bovinos nacionais e uma menor percentagem de cortes provenientes de outros países. Neste caso, os produtos provenientes de outros países eram em sua maioria provenientes da própria União Européia. Entretanto, com exceção destes cortes de origem intra-comunitária, os únicos dois países de origem que se encontrou durante a pesquisa nestes vinte supermercados analisados foram Argentina e Brasil. Essa pesquisa possuiu caráter exploratório, sendo que as localidades visitas foram definidas por critério de conveniência. Assim, a pesquisa tem a limitação de não possuir amostragem probabilística. O objetivo geral foi apresentar um panorama amplo do tema, ficando como sugestão para pesquisas futuras a identificação exata das variáveis que influenciam a formação de preços dos cortes em cada um dos países analisados. 6 – Referências Bibliográficas ANUALPEC. Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: FNP, 2004, 376p. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de Custos e Formação de Preços. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. COUGHLAN, A. T; ANDERSON, E.; STERN, L. W.; EL-ANSARY, A. I. Marketing Channels. 6. Ed. New Jersey: Prentice Hall, 2001. 590 p. KEEGAN, W. J. Marketing Global. Tradutores: Adriano de Jonge e Maurício de Andrade. 7 Ed. São Paulo: Prentice Hall, 2005, 425 p. Título original: Global Marketing Management. LEVY, M.; WEITZ, B. A. Administração de Varejo. Tradutora: ErikaSuzuki. São Paulo: Atlas, 2000, 695p. Título original: Retailing Management. NEVES, M. F.; LOPES, F. F; CONSOLI, M. A. Atacado e Varejo. In. NEVES, M. F. (Org.) & CASTRO, L. T. e (Org.). Marketing e Estratégia em Agronegócios e Alimentos. São Paulo: Atlas, 2003. p. 250 – 271. NEVES, M. F.; CASTRO, L. T. Exportando para a União Européia. In. NEVES, M. F. (Org) & SCARE, R. F. (Org). Marketing e Exportação. São Paulo: Atlas, 2001. p. 141 – 154. PALIWODA, S. J.; THOMAS, M. J. International Marketing. 3 Ed. Oxford: Butterworth Heinemann, 2001, 509 p. PARENTE, J. Varejo no Brasil. São Paulo: Atlas, 2000, 388p. ROSENBLOOM, B. Canais de Marketing: uma visão gerencial. Tradutores: Adalberto Belluomini, Ailton Bomfim Brandão, Alexandre Toledo do Lago Leite, Roger Joseph Abboud. São Paulo: Atlas, 2002. 557 p. Título original: Marketing Channels, a management view.