4 Opinião O Estado do Maranhão - São Luís, 28 de agosto de 2014 - quinta-feira - [email protected] OESTADOMaranhão SECRETÁRIO DE REDAÇÃO: ADEMIR SANTOS - [email protected] COORDENADOR DE REDAÇÃO: CLÓVIS CABALAU - [email protected] COORDENADOR DE REPORTAGEM: DANIEL MATOS - [email protected] DIRETOR DE REDAÇÃO: RIBAMAR CORRÊA “O Maranhão é uma saudade que dói e não passa. Não o esqueço um só dia, um só instante. É amor demais. Maranhão, minha terra, minha paixão.” DIRETOR COMERCIAL: GUSTAVO ASSUMPÇÃO José Sarney FUNDADORES: JOSÉ SARNEY E BANDEIRA TRIBUZI PRESIDENTE: TERESA SARNEY Editorial Veto à segurança O prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior (PTC), vetou um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal que previa a instalação de câmeras de videomonitoramento em escolas municipais da capital. Ao se opor à proposição, de autoria do vereador Ricardo Diniz (PHS), o chefe do Executivo impediu que um instrumento a mais fosse usado no combate à violência no ambiente escolar, problema que invariavelmente costuma comprometer as práticas de ensino e aprendizagem. A justificativa para o veto foi a suposta indisponibilidade financeira, a mesma que estaria inviabilizando a concessão de reajuste salarial para os professores, que, por causa da negativa, levam adiante uma greve que está prestes a completar 100 dias. A violência é um problema comum a grande parte das 280 escolas municipais de São Luís, o que torna crucial adotar diferentes meios para coibi-la. Com essa intenção, o vereador Ricardo Diniz, autor da proposição, e outros 16 colegas votaram a favor da instalação de câmeras para monitorar o dia a dia das unidades de ensino. A vigilância ajudaria a ini- pre alega dificuldade de caixa quando o asbir ameaças, agressões físicas, roubos, furtos, sunto é investir em melhorias na rede escolar. As escolas estão hoje entre os alvos favoritráfico e até casos de pedofilia dentro das unidades de ensino. Mesmo diante da necessida- tos da bandidagem. Como a estrutura física de, o prefeito preferiu vetar o projeto, talvez das unidades de ensino é vulnerável e a vigilância privada não é capaz de fazer frente a por não considerá-lo prioritário. O compromisso com a educação também tanta violência, traficantes, assaltantes, vândalos, maníacos sepassa pela seguxuais e outros malrança nas escolas. A situação só não está feitores investem Em meio à onda com ousadia cresde criminalidade pior devido aos esforços cente contra os aluque ronda escolas, da PM, que mantém nos, suas vítimas tendo como carropreferenciais. Há chefe o tráfico de iniciativas de proteção casos de roubos sedrogas, é preciso como a Ronda Escolar guidos de espancadotar as unidades mentos, consumo de ensino de uma estrutura capaz de neutralizar qualquer ato de entorpecentes por estudantes, aliciamenque possa gerar intranquilidade na rotina edu- to para o tráfico e até pedofilia. Tivessem os cacional. Era justamente essa a finalidade do colégios meios apropriados de conter essas projeto, sepultado ainda no nascedouro ante ofensivas, a comunidade escolar não estaria a falta de sensibilidade da administração mu- exposta a tantos males. A situação só não está pior devido aos esnicipal, que, mesmo contemplada com expressivo repasse de verbas federais, quase sem- forços da Polícia Militar, que mantém inicia- Cabalau Sobe-Desce O ex-jogador e técnico Paulo Roberto Falcão abriu mais uma porta em sua carreira profissional e pode até ter uma vida dupla nos próximos meses caso avancem algumas negociações já iniciadas. As duas vias que pode percorrer são na TV, agora com a possibilidade de ser apresentador de um canal internacional, do Sky Sports,da Itália. Mem de Oliveira, irmão de Luma de Oliveira, deixou nesta terça-feira (26) o apartamento onde morava no Rio de Janeiro, um dia antes da ordem de despejo expedida pela Justiça, a pedido da irmã Luma de Oliveira. O imóvel, segundo ele, foi um presente da irmã, mas continuava no nome dela. Um dia como hoje 28 de agosto 1983 Renúncia 1979 1992 Manachem Begin, primeiroministro de Israel, renuncia depois de ordenar a invasão do Líbano. Vencedor do Nobel da Paz, ele promoveu o primeiro acordo de paz entre palestinos e israelenses, em 1978. Impeachment O processo de impeachment de Fernando Collor é aprovado pela Câmara. O primeiro governo eleito por voto direto desde 1960 durou de 15 de março de 1990 a 2 de outubro de 1992. O processo ocorreu após acusações de corrupção e da mobilização da sociedade. Anistia O presidente João Figueiredo sanciona a Lei de Anistia. Segundo o STM, há 52 presos políticos no país, dos quais 17 são soltos imediatamente e os demais esperam análise dos processos. A lei beneficiou 4.650 pessoas. Sustentabilidade é tema de conselho ROBERT JUENEMANN Se você acha que as reuniões de conselho de administração têm uma pauta extensa demais, que a duração da reunião é insuficiente, ou ainda que a condução da reunião não propicia a manifestação de todos os participantes, prepare-se: insere-se, no âmbito dos conselhos mais um tema - a sustentabilidade. A pergunta que se impõe é a seguinte: de qual sustentabilidade estamos falando? Quais seus limites e retornos à empresa? Já faz algum tempo que a realidade de mercado tem exigido das empresas uma atuação consciente ao meio em que está inserida, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. Em Governança, tal situação é conhecida como Responsabilidade Corporativa, um dos quatro princípios básicos, junto à transparência, equidade e prestação de contas. Para ilustrar, tomo como exemplo o estudo do IBGC, intitulado "Sustentabilidade nos Conselhos de Administração: Práticas de algumas empresas listadas brasileiras", elaborado com o objetivo de contribuir com o debate e o amadurecimento do assunto pelos conselheiros e demais interessados na matéria. A publicação de- monstra a realidade de companhias integrantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBovespa (ISE) e como têm se deparado com a inserção do tema nos conselhos. É curioso ver como a sustentabilidade chegou à pauta dos conselhos destas empresas. Em uma delas, cujas operações têm menor impacto social e ambiental, o tema foi levado ao presidente com o apoio de conselheiros, para que a empresa viesse a se posicionar sobre a matéria, levando em consideração a sua marca, tradição e longevidade. O caminho proativo foi também observado em outras empresas, com profissionais à frente para sensibilizar equipes e cadeia de valor. Enquanto em outras, os estímulos externos foram os propulsores, tais como mudanças na regulação do setor, pressões sociais ou mesmo exigências do mercado. Os exemplos mostram a importância de as empresas construírem políticas próprias de sustentabilidade, sem fórmulas prontas, bem como, independente da forma ou do tempo que levou para a sustentabilidade virar tema de conselho, uma vez que ele passa a sê-lo, este item não sai mais de pauta. A sustentabilidade é palavra que comporta várias definições e os significados se mostram diferentes como decorrência da diversidade de pensamentos dos conselheiros, da cultura organizacional e de seus titulares. Na mostra obtida, para alguns conselheiros sustentabilidade é exercício de cidadania. Para outros, é qualidade das relações, respeito ao meio ambiente ou, ainda, significa cuidar das pessoas, entre outros. Para descobrir a definição adequada, investigue, explore o assunto e veja qual a definição que mais adequada para sustentabilidade. Compartilhe sua visão com os demais conselheiros, avalie a cultura organizacional e promova o debate. Busque construir o consenso em torno da matéria e a definição de uma política. Divulguea e engaje seus pares nesse debate. Esse caminho pode não ser o mais rápido nem o mais fácil, mas é o que traz os resultados mais consistentes e verdadeiros. E nada mais importante do que construir uma política que seja verdadeira e compartilhada por todos. Assim, a sustentabilidade entrará na discussão do conselho de forma natural e tratada como mais um item habitual e de - importante - discussão, avaliação e definição de política. O resultado promoverá ganho qualitativo e quantitativo. Inclusive, na forma de condução da reunião. Conselheiro de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) O ESTADO DO MARANHÃO não se responsabiliza por opiniões emitidas nesta seção. Os comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colaboradores são de sua inteira responsabilidade. As cartas para esta seção devem ser enviadas com nome, número da carteira de identidade, endereço e, se possível, telefone de contato. Os textos devem ser encaminhados para a Redação em nome do editor de Opinião, avenida Ana Jansen, 200 - Bairro São Francisco - São Luís-MA - CEP 65.076-902 ou para os e-mails: [email protected] ou [email protected], ou ainda pelo fax (098) 3215-5054. tivas de proteção como a Ronda Escolar e o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), instrumentos valorosos no combate à violência nas unidades de ensino. Além de reprimir a criminalidade, seja com a ação ostensiva, seja por meio de palestras, os dois programas dispõem de um banco de dados atualizado com os principais casos de violência registrados em sala de aula e no entorno das escolas. Tal panorama lhes dá condição de atacar as ocorrências de maior incidência e restabelecer a ordem, na medida do possível. Utilizadas em larga escala como instrumentos de proteção à vida e ao patrimônio material, as câmeras têm sido essenciais para a prevenção e a solução de crimes. O videomonitoramento já foi incorporado à rotina de lojas, supermercados, farmácias, postos de combustíveis, hotéis, boates e inúmeros outros ambientes. É lamentável que as escolas públicas municipais de São Luís ainda não tenham aderido ao sistema, o que revela desconexão da Prefeitura com a realidade. O odioso comércio de medicamentos falsos EDSON LUIZ VISMONA É notória a comercialização de produtos falsos, contrafeitos e piratas em todo o mundo. A indústria e o comércio formais, que arcam com o pagamento de altos impostos (especialmente no Brasil), são prejudicados pela concorrência desleal de oportunistas que, à margem da lei e em total desrespeito ao consumidor, obtém grandes vantagens prejudicando toda a sociedade. O importante para esses criminosos é ganhar dinheiro e muito, não importa como. E quando se fala em ganhar muito, é muito mesmo: estima-se que este mercado ilegal movimente cerca de R$ 13 bilhões ao ano no Brasil - levando em conta apenas medicamentos. Os remédios mais onerosos (combate ao câncer, por exemplo) e os mais procurados (tratamento de disfunção erétil, emagrecedores, anabolizantes) são os que mais sofrem com a falsificação. E, em verdade, a alta tributação (em média, 34%) incidente nos medicamentos reforça a imensa lucratividade dos mercadores do crime. Quando se trata de medicamentos, essa comercialização perversa ganha um agravante. Além das questões econômicas e tributárias, temos a lesão do que é mais importante: a saúde. Um exemplo dessa brutalidade foi duramente apresentado na CPI da Pirataria, em 2003, na Câmara Federal. Em um dos depoimentos, um criminoso expôs, com grande frieza, essa lógica aterrorizante. Perguntado por que falsificava remédios de combate ao câncer, respondeu: "são os que dão mais lucro". Importante salientar que o consumidor tem papel essencial no combate a esta ilegalidade/imoralidade. Entender todas as etapas do processo legal faz parte desta conscientização: primeiro, tem o altíssimo investimento em pesquisas, testes e aprimoramentos realizados por anos, às vezes sem sucesso, representando a perda de todo o investimento para aprovar uma molécula. Passada esta etapa, começa outro processo: o da validação pelos - órgãos de vigilância sanitária e de saúde, que também consomem tempo, recursos humanos, financeiros e o registro de marcas e patentes. Uma vez aprovado, temos a fabricação, comercialização e distribuição em uma complexa logística e, claro, o pagamento dos impostos, taxas de licenciamento e das contribuições sociais decorrentes dos vínculos empregatícios formais. Por último, vale lembrar, que as empresas que se dedicam à pesquisa, fabricação, comercialização e distribuição são registradas e conhecidas, podendo ser facilmente encontradas e, se necessário, acionadas administrativa e judicialmente. De outro lado, o criminoso. Sem qualquer investimento, falsifica o medicamento - normalmente os que têm comprovada aceitação pelo mercado. Sonega impostos, não tem empregados formais, se aproveita do subemprego e até, da mão de obra escrava, além de utilizar as mais precárias instalações, sem qualquer preocupação com higiene e limpeza. Resumindo: pouquíssimo investimento, baixíssimo risco e altos lucros. O consumidor compra um simulacro de medicamento e recebe o agravamento da doença, às vezes até a morte. Já foram encontrados em remédios falsificados arsênico, pó de cimento, cera para chão, tinta, talco, níquel, entre outros. Esse quadro alarmante merece total atenção por parte da sociedade e, evidentemente, do poder público em todos os níveis. A ação integrada dos órgãos da administração pública, o fortalecimento das áreas de fiscalização, especialmente da Anvisa, o constante aperfeiçoamento da farmacovigilância, que pode apontar para o uso de medicamentos falsos, os procedimentos de rastreabilidade de remédios, a melhoria do processo de compra de medicamentos e o trabalho de conscientização dos consumidores são iniciativas que devem ser contempladas, com o objetivo de diminuir a ação criminosa. O Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), associação civil sem fins lucrativos, tem como membros associações empresariais e empresas e vem assumindo um papel importante neste processo, ao apoiar ações de fiscalização (Operações Temáticas de Combate aos Crimes contra o Fisco e a Saúde Pública organizadas pela Polícia Rodoviária Federal nas estradas federais em conjunto com Receita Federal, Polícia Federal e Anvisa) e de conscientização (Seminário anual da Tríplice Fronteira em Foz do Iguaçu, além de guias para o consumidor e para o poder público). Essas iniciativas demonstram que muito ainda deve ser feito. O rombo aos cofres públicos é impressionante e os prejuízos à saúde são imensuráveis. O poder público, a sociedade civil e as empresas têm de perseverar nessa justa e imprescindível luta. A saúde agradece. Advogado, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade - FNCP e do Instituto Brasil Legal, foi secretário da justiça e da defesa da cidadania do Estado de São Paulo