Aula: 12 Temática: Propriedades da Energia de Gibbs Devido à importância da energia de Gibbs para a química, analisaremos suas propriedades. Encontraremos também o potencial químico, grandeza sobre a qual se baseiam quase todas as aplicações importantes da termodinâmica química. A equação fundamental que se refere à energia de Gibbs (dG = − SdT + Vdp) mostra esta como função da temperatura e da pressão. Como determinado para a equação da energia de Helmholtz, escrevemos sua expressão equivalente: ∂G ∂G dG = dp dT + ∂T p ∂p T A comparação das equações equivalentes leva a: ∂G = −S ∂T p e ∂G = V ∂ p T A importância da energia de Gibbs sugere que as informações contidas nestas duas equações são duas das mais importantes para a termodinâmica. Sabendo que a entropia é positiva para qualquer substância e que o volume é também sempre positivo, um aumento da temperatura a pressão constante implica em diminuição da energia de Gibbs (indicada pelo sinal negativo), mas a variação da energia de Gibbs é positiva para o aumento da pressão em temperatura constante. A composição de um sistema em equilíbrio depende da energia de Gibbs. Para discutir a variação desta composição com a temperatura é necessário saber como G varia com T. Com o objetivo de chegar a uma relação apropriada, partiremos da equação que relaciona a variação da energia de Gibbs com a temperatura a pressão constante. Esta equação fornece a relação em termos FÍSICO-QUÍMICA de entropia, mas usando a definição de G (G = H − TS → S = (H − G) / T) temos: G−H ∂G = T ∂T p É importante conhecer como a função G / T depende da temperatura. Pela derivação da equação acima chegamos a: H ∂ (G T ) =− 2 T ∂T p Esta é a equação de Gibbs-Helmholtz. Ela nos mostra que se a entalpia for conhecida, a dependência entre G / T e a temperatura também será conhecida. Fazendo uma substituição em ∂T por um termo adequado, ficamos com outra forma de escrever a equação. ∂ (G T ) = H ( ) ∂ 1 T p Para determinar o valor da energia de Gibbs em uma certa pressão em termos do valor desta em uma outra pressão, faz-se dT = 0 em dG = Vdp − SdT e depois integra-se a expressão: G ( p f ) = G ( pi ) + ∫p Vdp pf i Se a substância em questão for um líquido ou um sólido, o volume será praticamente independente da pressão, então poderá ser admitido que V seja constante e, no caso de grandezas molares, a integração resulta em: Gm ( p f ) = Gm ( pi ) + Vm ( p f − pi ) = Gm ( pi ) + Vm ∆p Como o volume de líquidos e sólidos é pequeno, a menos que a pressão seja enorme, o termo Vm∆p é desprezível. Então, é possível admitir que G dos sólidos e líquidos sejam independentes da pressão. FÍSICO-QUÍMICA Os volumes molares dos gases são grandes, assim G depende acentuadamente de p. Para um gás perfeito aplicamos V = nRT / p na integral: G ( p f ) = G ( pi ) + nRT ∫p pf i dp = G ( pi ) + nRT ln ( p f pi ) p Se fizermos pi = p° (pressão padrão de 1 bar), então G de um gás perfeito, na pressão p, está relacionada com seu valor padrão por: p G ( p ) = G o + nRT ln o p O potencial químico, µ, de uma substância pura se define como: ∂G ∂n T , p µ = O potencial químico então mostra que G de um sistema se modifica pela adição de uma substância. No caso de substância pura, G = n × Gm, assim µ coincide com a energia de Gibbs molar: ∂n Gm = Gm ∂n T , p µ = Sendo µ° o potencial químico padrão, Gm do gás a 1 bar fica: p o p µ = µ o + RT ln Para adaptar esta equação ao caso de dependência entre o µ de um gás real e a pressão, substituímos a pressão real p por uma pressão eficaz, a fugacidade, f: µ = µ o + RT ln ( f p o ) FÍSICO-QUÍMICA A fugacidade é uma medida da tendência a “escapar” de uma fase e possui as mesmas dimensões que p. O estado padrão de um gás real é um estado hipotético em que o gás está na pressão p° e tem comportamento de gás perfeito. Esta definição assegura que o estado padrão do gás real tem as propriedades simples do gás perfeito. Tomando a fugacidade na forma: f =φ p Onde φ é o coeficiente de fugacidade (adimensional), geralmente ele depende da natureza do gás, da pressão e da temperatura. µ = µ o + RT ln( p p o ) + RT ln φ Como todos os gases têm comportamento de gás perfeito quando a pressão tende a zero (f → 0 quando p → 0), sabemos que φ → 1 quando p → 0. Numa pressão qualquer p, φ de um gás é dado por: p Z − 1 dp ln φ = ∫0 p Onde Z é o fator de compressibilidade (ver aula 03). Nesta aula foi mostrado como G varia no sistema. Também foi definido o potencial químico que será uma grandeza de grande uso na termodinâmica. FÍSICO-QUÍMICA