11 A política A GAZETA CUIABÁ, QUINTA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2012 A LEI m seu artigo XV, a Constituição diz que “a E perda ou suspensão dos direitos políticos só se dará nos casos de condenação criminal transitada em CIDADANIA julgado, enquanto durarem seus efeitos”. Por falta de documentos e número mínimo de eleitores, somente 76 menores internos participam das eleições Chico Ferreira Nas eleições gerais de 2010, 611 detentos e menores internos votaram em Mato Grosso Presos não votarão em Mato Grosso TANIA RAUBER DA REDAÇÃO N enhum dos cerca de 5 mil presos provisórios de Mato Grosso votarão nestas eleições. Em todo o Estado, apenas 76 menores que estão internados no Centro Socioeducativo da Capital terão acesso a uma urna no dia 7 de outubro. A falta de documentos e do número mínimo de eleitores para abertura de sessões nas unidades prisionais foram os principais problemas encontrados pela Justiça Eleitoral. A assessora da Corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Cristiane Manzano Manoel, explicou que, apesar do direito ao voto ser garantido a todo detento que ainda não foi condenado, eles precisam atender as mesmas exigências que qualquer outro eleitor. Entre elas portar documentos de identidade e título de eleitor. A maioria dos presos não apresentou esta documentação. “Em algumas unidades foram realizados mutirões para regularizar a situação, mas mesmo assim o número foi muito baixo”. Outra exigência foi a transferência do local de votação para a unidade prisional até o dia 9 de maio, conforme determina a legislação eleitoral. “Como estes presos são provisórios e podem ser soltos a qualquer hora, a maioria não tem interesse em transferir o título. Por isso o número de presos aptos a votar ficou muito reduzido”. Com isso, a maioria das cadeias e penitenciárias não atingiu o número mínimo de 50 votantes para a instalação de uma urna. Na Penitenciária Central do Estado (PCE), por exemplo, apenas 16 reeducandos estavam com toda a documentação em dia ou fizeram a transferência no prazo. Já no Centro de Ressocialização este número foi um pouco maior e chegou a 29, mas ainda assim ficou abaixo do exigido por lei. Otmar de Oliveira Presidente de Amam, Agamenon Alcântara, defende a participação dos presos nas eleições, mas a entidade reconhece as dificuldades Segurança - No início do ano, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) fez uma consulta em todas as cadeias, centros provisórios e penitenciárias, para saber qual o número de reeducandos e internos aptos a votar, e se as unidades estavam dotadas de condições estruturais para receber uma sessão eleitoral. Além de uma sala separada das celas e mobiliários, a instalação de uma urna necessita de duas linhas telefônicas, o que nem todas as cadeias possuem. A falta de segurança nas estruturas também impediu a realização do pleito em algumas unidades. Em Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá), por exemplo, o Ministério Público apontou problemas como “superlotação das celas, ausência de segurança e precariedade na estrutura física do prédio”, o que inviabilizaria a eleição. O mesmo foi alegado pela cadeia de Cáceres (225 km a oeste). País - Em todo o país, 14.632 presos provisórios e menores internos estão aptos a votar nas eleições. O maior número está em São Paulo - 4.945 - e o menor no Rio Grande do Norte, onde apenas 16 votarão. Ao todo, 205 seções serão instaladas em presídios e centros socioeducativos de 22 estados. Ficarão fora do pleito Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Pará, além do Distrito Federal que não tem eleições municipais. A participação dos presos é defendida pela Associação Mato-grossense dos Magistrados (Amam), mas a entidade reconhece as dificuldades. O presidente Agamenon Alcântara Moreno Júnior ressalta que, apesar de não perder o direito à cidadania e, consequentemente, ao voto, o preso que aguarda julgamento nem sempre tem intenção de transferir o título para a unidade prisional, tendo em vista que espera ser solto e retornar para seu domicílio a qualquer momento. “O intervalo entre a data limite para transferir o título, que é em maio, até o dia das eleições, em outubro, é extenso e, na maioria das vezes, o preso é solto”. Nas eleições estaduais de 2010, uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que reduziu para 20 o mínimo de eleitores por sessão, possibilitou uma participação maior dos presos no pleito. Em todo o Estado, urnas foram instaladas em 15 unidades prisionais. Um total de 611 detentos e menores internos estavam aptos a votar em Alto Araguaia, Araputanga, Campo Novo do Parecis, Colíder, Cuiabá, Diamantino, Primavera do Leste, Rondonópolis, Santo Antônio do Leverger, São José do Rio Claro, Sinop e Várzea Grande. Mas apesar do acesso, como o voto é espontâneo, o número de abstenções foi grande. Quase 50% dos reeducandos não votaram. Governo - A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) informou que, em parceria com a Fundação Nova Chance, deu início a um trabalho permanente para emissão de documentos aos reeducandos, tanto condenados quanto provisórios. Com esta ação, a expectativa é que nas próximas eleições o número de presos aptos a votar seja maior.