Treinamento Bruna Valle França R2 Medicina Esportiva Princípios do Treinamento •Sobrecarga •Especificidade •Diferenças Individuais •Reversibilidade Sobrecarga • Imediatamente após a aplicação de uma carga de trabalho, há uma tentativa de recuperação do organismo, visando restabelecer a homeostase (ou equilíbrio do organismo). Nesta tentativa de recuperar o equilíbrio após um esforço o corpo “supercompensa”, ou seja, ele atinge um “estado” superior àquele anterior. • Quando o preparo físico de um atleta é desafiado por uma nova carga de treinamento, há uma reação do corpo. Essa reação corporal é chamada adaptação. A primeira reação é a fadiga. Quando a sobrecarga pára, inicia-se a recuperação. Recuperação e adaptação levam o atleta a um nível de preparo físico superior àquele em que começou Sobrecarga Sobrecarga Especificidade • Os efeitos da sobrecarga são específicos ao tipo de sobrecarga. Isso quer dizer que para adaptações musculares, articulares, desenvolvimento motor e melhora do sistema de energia, você deve estimular seu corpo com o próprio exercício da modalidade esportiva escolhida. • O treinamento deve ser montado sobre os requisitos específicos da modalidade, tanto na qualidade física dominante, no sistema energético preponderante, no segmento corporal e nas coordenações psicomotoras utilizadas. • Deve-se além de treinar o sistema energético e o cardiorrespiratório dentro dos parâmetros da prova que se irá realizar, fazê-lo com o mesmo tipo de atividade de performance. Especificidade Diferenças Individuais • Pessoas diferentes, têm respostas diferentes ao estímulo de treinamento. • Cada pessoa possui características individuais, sendo assim, o treinamento físico que serve para uma pessoa não necessariamente serve para outra. Diferenças Individuais • Além das características pessoais, devem levar em conta também os objetivos e necessidades de cada um (força, potência, hipertrofia, endurance muscular, equilíbrio, coordenação, velocidade, diminuição de gordura corporal, melhoras na saúde geral e reabilitação). Reversibilidade • Quando há interrupção dos treinos, o corpo volta ao estado de condicionamento pré-treino. • Se faltar estímulo, você perde condicionamento rapidamente. • Quanto mais treinado o indivíduo, maior é a perda pela falta de uso. • O corpo humano procura a maneira mais fácil e que gaste menos energia para se manter. Reversibilidade • 20d de confinamento na cama: redução de 25% do VO2 max. • Decréscimo também do débito cardíaco e volume sistólico máximo, levando a redução da capacidade aeróbica de em média 1% por dia. • Número de capilares nos músculos treinados decresceu de 14 a 25% após 3 semanas de cessação do treinamento. • Em idosos, 4 meses de destreinamento causou perda completa das adaptações do treinamento de endurance, funções cardiovasculares e distribuição da água corporal. Consequências Fisiológicas do Treinamento (Específico) Sistema Anaeróbico: • Aumento dos níveis de substratos anaeróbicos (ATP, PCr, creatina livre, glicogênio, >28% força muscular). • Aumento da quantidade e atividade das enzimas que controlam a fase glicolítica (anaeróbica). • Aumento da capacidade de gerar altos níveis de lactato sérico durante o exercício exaustivo (> glicogêncio; > enzimas glicolíticas; > motivação; > tolerância “dolorosa” à fadiga) Consequências Fisiológicas do Treinamento (Específico) Sistema Aeróbico: • Adaptações Metabólicas; • Adaptações Cardiovasculares; • Adaptações Pulmonares; • Concentração do Lactato Sanguíneo; • Outras adaptações... Adaptações Metabólicas Maquinaria Metabólica: • O potencial mitocondrial limita a capacidade oxidativa do músculo de indivíduos não treinados, e não o suprimento de oxigênio. • O músculo esquelético de indivíduos treinados possuem maior número e maiores mitocôndrias. • O sistema enzimático aeróbico duplica num período de 5 a 10 dias de treinamento, coincidindo com maior capacidade mitocondrial de gerar ATP aerobicamente. • Modificações enzimáticas ocorrem mais devido ao aumento total do material mitocondrial que devido ao aumento de atividade por unidade de proteína mitocondrial. • Dobrando proteína mitocondrial, aumenta 10 a 20% VO2 máx. Adaptações Metabólicas Maquinaria Metabólica: o Aumento da oxidação de gordura em exercício submáximo: • Maior fluxo intra muscular; • Maior mobilização de gordura e de enzimas lipolíticas; • Maior capacidade respiratória da mitocôndria muscular; • Redução da liberação de catecolamina para mesma carga. o Aumento da oxidação de CHO em exercício máximo: • Menor uso do glicogênio muscular; • Menor produção de glicose e uso da glicose plasmática; • Maior resistência à hipoglicemia em exercício prolongado. Adaptações Metabólicas Tipo e Tamanho da Fibra Muscular: • Todas as fibras aumentam seu potencial aeróbico. • Ocorre hipertrofia seletiva nos diferentes tipos de fibras com treino específico. • Atletas de endurance têm fibras lentas maiores que as fibras rápidas no mesmo músculo. • Fibras rápidas ocupam maior área seccional de músculos de atletas com treino anaeróbico. • Em animais (cachorro e gado), há um aumento do conteúdo muscular de mioglobina relativo aos níveis de atividade física. Adaptações Cardiovasculares • > volume plasmático; • > massa hemáceas; • > volume sg total; • > complacência vent; • > dimensão interna ventricular; • > retorno venoso; • > contratilidade miocárdica; • > volume diast final; • > fração de ejeção; • > vol sistólico máx; • > débito cardíaco; • > efetividade distribuição débito; • otimização fluxo periférico; • > fluxo músc ativo. Adaptações Pulmonares • Aumento do volume corrente e redução da FR. • Aumento da extração de oxigênio do ar inspirado. • Trabalho respiratório minimizado para sobrar O2 para os músculos não-respiratórios. • Redução de efeitos da fadiga na musculatura respiratória. • VE aumenta com o aumento do VO2. • Pulmão de pessoa treinada expira de 14 a 15% de O2 (18%). • Treinamento aumenta habilidade de sustentar níveis de ventilação submáxima excepcionalmente altos. • Redução de produção de lactato pelos músculos ventilatórios. • Melhora metabolização do lactato circulante como combustível pelos músculos ventilatórios. Concentração do Lactato Sanguíneo Redução dos níveis de lactato e aumento do tempo de exercício antes do acúmulo de lactato sanguíneo. • Redução das taxas de formação do lactato no exercício. • Aumento da taxa do clearance de lactato no exercício. • Combinação da menor produção e da maior remoção do lactato durante o exercício. Outras Adaptações • Mudanças na composição corporal: redução de gordura corporal mais que redução de peso corporal só com dieta. • Transferência de calor corporal: maior volume plasmático e mecanismos termorregulatórios mais responsivos (dissipam calor mais rápido e mais economicamente que sedentários). • Mudanças na performance: Melhor performance no endurance acompanha adaptações fisiológicas com treino. • Benefícios psicológicos: reduz ansiedade, depressão de leve a moderada, depressão severa (juntamente com ajuda profissional), neuroses, stress. Melhora do humor, auto-estima e auto-conceito. Fatores que Alteram a Resposta ao Treinamento Aeróbico • Nível Inicial de Condicionamento Aeróbico; • Intensidade do Treinamento; • Duração do Treinamento; • Frequência do Treinamento; • Tipo de Exercício. Nível Inicial de Condicionamento Aeróbico • Alguém que inicie um treinamento com baixo condicionamento, tem ainda espaço considerável para melhorar. • Melhora de 50% do VO2máx em cardiopatas sedentários de meia idade. • Adultos saudáveis normalmente ativos, melhora de 10 a 15%. • De maneira geral, a melhora do condicionamento aeróbico com treinamento de endurance varia de 5 a 25%. • Há alguma melhora já na primeira semana de treinamento. Intensidade do Treinamento Diferentes maneiras de expressar a intensidade do exercício: • Energia gasta por unidade de tempo; • Nível absoluto de exercício ou potência gasta; • Nível metabólico relativo (% VO2máx); • Relação do exercício com o limiar de lactato; • Frequência cardíaca (% FC máx); • Múltiplos da taxa metabólica de repouso (MET’s); • Percepção subjetiva do esforço. Stress relativo!!! Considerar diferentes modalidades de exercício (FC MMSS < FC MMII). Duração do Treinamento • Não existe limite de duração por treino para melhora aeróbica ótima. • Depende da interação do trabalho total (duração ou volume), intensidade, frequência e nível de condicionamento inicial. • 3 a 5 min já podem mostrar melhoras significativas em indivíduos destreinados. • 20 a 30 min a pelo menos 70% FCmáx alcança melhores resultados que até 60 min até 70% FCmáx. • O volume de treino não necessariamente promove melhores resultados (potência, endurance, tempo de performance). Frequência do Treinamento • Contraditório se exerce efeitos diferenciados quando mantidos intensidade e duração constantes. • Maior frequência é mais benéfica se treinos realizados em baixa intensidade. • Para perda ponderal expressiva, cada sessão de exercício deve durar pelo menos 60 min a intensidade suficiente para gastar 300kCal ou mais. • Treinar apenas 1 d/sem não modifica capacidade aeróbica, anaeróbica, composição corporal ou peso corporal. • Idealmente, 3x/sem com intervalos entre os treinamentos (maior diferença se maior intensidade ou trabalho total que dias sequenciados). Tipo de Exercício • Baseado no princípio de especificidade, a magnitude da melhora com o treinamento varia consideravelmente de acordo com o tipo de exercício. • Especificar treino de acordo com atividade a ser realizada. Referência Bibliográfica Capítulo 21 Mc Ardle: • Training for Anaerobic and Aerobic Power