DINÂMICA POSTURAL Tiago Pimentel Luporini Setembro de 2013 Quando pensamos em postura correta não devemos nos prender a uma postura estática e sem movimento. Não há uma postura correta. O que há é uma dinâmica postural e toda vez que assumimos uma postura como correta, e a temos como única, geramos uma rigidez que nos aprisiona na forma. O que devemos buscar, em termos de saúde, é uma dinâmica postural, isto é, as posturas são situações criadas pelo corpo para exercerem funções a ele designadas e variam de acordo com a intenção do ato que as geram. O corpo tem direções, vetores, que são dados pelos nossos ossos. A dinâmica dessas direções acontece através das articulações e da ação dos músculos sobre os ossos, possibilitando a ação dessas direções em proveito de uma idealização mental, que se traduz em ação muscular, para a satisfação de nossos desejos diante do que nos cerca. Ao assumirmos uma postura para a execução de alguma tarefa devemos ter presente a nossa percepção quanto aos vetores do corpo que nos dão a direção. Além disso, toda postura envolve a utilização de agrupamentos musculares que proporcionam o equilíbrio necessário para realizá-la. O tônus muscular não é estático, ele tem uma dinâmica regida pelo direcionamento de nossas intenções. Quando repetimos e/ou mantemos uma postura por um determinado tempo e/ou frequência criamos uma memória do padrão estabelecido e automatizamos o mesmo, para uma maior liberdade cognitiva diante da execução dessa determinada postura. Isto é, ao automatizar a postura não há mais a necessidade de nos preocupamos em realizá-la. Por exemplo: Ao aprender a andar uma criança tem que voltar a atenção para a execução do movimento, pois senão irá cair. À medida que a criança cresce essa função já não precisa mais da atenção exclusiva para ser executada. Andará sem ter que pensar no ato. O processo de aprender a dirigir um carro é o mesmo, com a repetição/frequência isso será automatizado liberando o sujeito para outras funções. O automatismo é útil ao libertar a mente da execução das funções triviais do dia a dia e com isso disponibilizá-la para outras funções. A utilização desses músculos cria uma força de equilíbrio para que a função, que tal postura é destinada, seja realizada com destreza. Essa imobilidade criada para a execução da função predeterminada gera tensões diante da imobilidade necessária para a execução da ação exigida. No entanto, a continuidade dessa imobilidade pode frequentemente nos aprisionar numa determinada forma postural, bloqueando ou dificultando uma verdadeira dinâmica postural. O espreguiçar é a busca orgânica de equilíbrio para quebrar o padrão de rigidez estabelecido pela repetição/frequência do ato. Ao espreguiçar diluímos a rigidez provocada pela postura contínua diante da execução das funções idealizadas -, pois damos possibilidade à musculatura de retornar ao tônus de repouso. O ato de espreguiçar é uma compensação à imobilidade gerada pela utilização de uma postura fixa para a execução de determinada ação. Quando não nos espreguiçamos, além de inibirmos o que é um movimento espontâneo de nosso corpo, acabamos por provocar uma força contrária. O resultado é o estabelecimento gradual de padrões de tensão que geram imobilidade e dor. A boa postura é o estabelecimento de uma dinâmica corporal em que os movimentos espontâneos possam realizar-se de forma criativa, na busca do equilíbrio do indivíduo diante de seus afazeres do dia a dia. Há uma necessidade de se ter uma disponibilidade pessoal para que essa dinâmica postural possa acontecer. O que ocorre, na maioria das vezes é a inibição dessa disponibilidade por padrões de tensões resultados de imobilidades posturais, que tem como resultado a dor. A dinâmica postural é uma busca constante do equilíbrio no sentido de assegurar a disponibilidade orgânica, e que para isso se apoia na história do próprio indivíduo que a vivencia, no intuito de criar a melhor resposta compensatória para o fato vivido.