Matemática Financeira Leandra Anversa Fioreze Rendas Imediatas: Primeiro pagamento efetuado no final do primeiro período. Ex: Comprei uma calculadora HP-12c Platinum em três parcelas de R$95,00, sendo as parcelas pagas em 30, 60 e 90 dias. Qual o preço à vista da calculadora se a taxa de juros que a loja cobra é de 5% ao mês? Antecipadas: Primeiro pagamento efetuado no início do primeiro período. Ex: Comprei uma calculadora HP-12c Platinum em três parcelas de R$95,00, com as parcelas pagas em três vezes, sendo a primeira parcela paga no ato. Qual o preço à vista da calculadora se a taxa de juros que a loja cobra é de 5% ao mês? Rendas Diferidas: Caracterizam-se por um prazo de carência ou diferimento, a partir do qual começam a serem feitos os pagamentos. Ex: Comprei uma calculadora HP-12c Platinum em três parcelas de R$95,00, sendo a primeira parcela paga daqui a 90 dias. Qual o preço à vista da calculadora se a taxa de juros que a loja cobra é de 5% ao mês? Cálculo do Valor Presente PV = PV = Cálculo do Valor Presente Rendas Diferidas PV 1 2 ... m m+1 m+2 m+3 0 m+n ........ PMT 1 − (1 + i ) − n PV = PMT (1 + i ) − m i m = prazo de diferimento Cálculo do Valor Futuro Rendas Antecipadas Estimativa de um Investimento Mensal para Fins de Aposentadoria Sistemas de Amortização A necessidade de recursos obriga àqueles que querem fazer Investimentos a contraírem empréstimos e assumirem dívidas. Quando contraímos uma dívida, devemos saldá-la efetuando pagamentos que contém juros e amortização. As formas de pagamento dos empréstimos são chamados de Sistemas de Amortização . Os sistemas de amortização são variados, alguns prevendo pagamento único, outros possibilitando parcelamentos. Quando a forma de pagamento de uma dívida prevê pagamento parcelado, há interesse, tanto por parte do devedor como do credor, em Sistemas de Amortização conhecer, a cada período de tempo, o saldo devedor e o total pago. Por isso é comum a elaboração de demonstrativos que acompanham cada pagamento do empréstimo. Esses demonstrativos devem constar o valor de cada parcela e o saldo devedor, devendo, ainda, o valor de cada parcela ser subdividido em juros e amortização. Apresentamos a seguir alguns sistemas de amortização. Sistema Americano de Amortização Neste sistema, há pagamento periódico de juros e o pagamento do principal se dá no final da operação, como se pode observar no fluxo de caixa a seguir: Sistema Americano de Amortização Este sistema não é muito utilizado no Brasil, pois há muito riscos para o financiador, uma vez que a maior parte da dívida será recebida somente no final do contrato. Da mesma forma, devido à incerteza com relação à flutuação das taxas de juros no mercado, os financiadores preferem não expor seu capital por prazos muito longos, em função da relação entre risco e retorno. O sistema americano é largamente utilizado nos empréstimos internacionais. Sistemas de Amortização Sistema SAC: Sistema de Amortização Constante Problema 1: Um empréstimo de R$ 300.000,00 para pagamento em 5 parcelas com juros de 4% a.m. com distribuição pelo S.A.C.. A= A= PV n 300.000 = 60.000 5 J 1 = 300.000 x 0, 04 = 12.000 J 2 = 240.000 x0, 04 = 9.600 PMT1 = 60.000 + 12.000 PMT2 = 60.000 + 9.600 PMT1 = 72.000 PMT2 = 69.600 SD1=300.000 – 60.000 = 240.000 SD2=240.000 – 60.000 = 180.000 Sistema SAC Demonstrativo n Juros Amortização Pagamento Saldo Devedor 0 0 0 0 300.000,00 1 12.000,00 60.000,00 72.000,00 240.000,00 2 9.600,00 60.000,00 69.600,00 180.000,00 3 7.200,00 60.000,00 67.200,00 120.000,00 4 4.800,00 60.000,00 64.800,00 60.000,00 5 2.400,00 60.000,00 62.400,00 0 Total 36.000,00 300.000,00 336.000,00 Alguns argumentos favoráveis a utilização do SAC: O valor das prestações tende a decrescer com o tempo, caso não haja níveis muito elevados de atualização monetária; Os bancos exigem que o valor da prestação inicial comprometa no máximo entre 20% e 30% do valor da renda líquida familiar do tomador do empréstimo. Como o valor das parcelas são decrescentes, e o salário vai sendo atualizado, diminui o risco de inadimplência. Sistema PRICE: Característica Principal: Prestações constantes PV PMT = 1 − (1 + i ) − n i Problema 2: Um empréstimo de R$ 300.000,00 para pagamento em 5 parcelas com juros de 4% a.m. com distribuição pelo Sistema PRICE. PMT = PMT = PV 1 − (1 + i ) − n i 300.000 1 − (1 + 0,04) −5 0,04 J 2 = 244.611,87 x0, 04 = 9.784, 47 A 2 = 67.388,13 - 9.784,47 =57.603,66 SD2=244.611,87 – 57.603,66 =187.008,21 PMT = 67.388,13 J 1 = 300.000 x 0, 04 = 12.000 A1 = 67.388,13 - 12.000 =55.388,13 SD1=300.000 – 55.388,13 =244.611,87 Sistema PRICE: Demonstrativo da dívida n Juros Amortização Pagamento Saldo Devedor 0 0 0 0 300.000,00 1 12.000,00 55.388,13 67.388,13 244.611,87 2 9.784,47 57.603,66 67.388,13 187.008,21 3 7.480,32 59.907,81 67.388,13 127.100,40 4 5.084,01 62.304,12 67.388,13 64.796,28 5 2.591,85 64.796,28 67.388,13 0 Total 36.940,65 300.000,00 336.940,65 Problema 3: Considere um empréstimo no total de R$10.000,00 a ser pago em quatro prestações mensais, sabendo-se que a taxa de juros é de 5% ao mês e que o IOF é de 3% ao ano. A base de incidência do IOF, segundo definição da Receita Federal, “é o principal de cada uma das parcelas”. Calcule o valor efetivamente recebido, o valor do IOF , o valor das parcelas e a taxa efetiva da operação. Valor das parcelas: PV 1 − (1 + i ) − n i 10.000 PMT = 1 − (1 + 0, 05) −4 0, 05 PMT = 2.820,12 PMT = N Prestação (R$) Juros (R$) Amortização (R$) Saldo Devedor (R$) Valor do IOF 0 - - - 10.000,00 - 1 2.820,12 500,00 2.320,12 7.679,88 5,80 2 2.820,12 383,99 2.436,13 5.243,75 12,18 3 2.820,12 262,19 2.557,93 2.685,82 19,18 4 2.820,12 134,29 2.685,83 -0,01 26,85 Total do IOF: R$64,01 Valor efetivamente recebido: 10.000 – 64,01 = 9.935,99. Taxa efetiva da operação: PV 1 − (1 + i ) − n i 9.935,99 2820,12 = 1 − (1 + i ) −4 i PMT = i = 5, 28%a.m. Observação: Se a taxa de IOF fosse de 1,5% a.a., o valor do IOF seria de R$32,01 e a taxa efetiva seria de 5,14%a.m. . Comparação entre os dois sistemas: 1)No sistema SAC, pagam-se menos juros do que no PRICE, pois o saldo devedor é amortizado mais rapidamente; 2)O sistema SAC envolve, portanto, menos risco para o emprestador e menor encargo de juros para o tomador de empréstimo; 3)Para iguais condições, ou seja, mesmo valor financiado, mesma taxa de juros e mesmo prazo, a prestação do sistema SAC começa mais elevada do que a do sistema PRICE pois o sistema SAC amortiza de forma mais rápida o saldo devedor; 4)O Sistema SAC exige maior comprometimento de renda nos primeiros anos do financiamento; 5)Como pelo sistema PRICE as parcelas são todas iguais, o tomador do empréstimo poderá optar por este sistema, pois saberá o valor que deverá pagar em todos os períodos. Sistema Misto Cada prestação é a média aritmética entre os valores encontrados para as prestações do sistema PRICE e do SAC. Isso implica que os juros, as amortizações e saldos devedores no SAM, em cada período, também constituam, cada um, a média aritmética entre juros, amortizações e saldos devedores do sistemas PRICE e SAC. Para o exemplo a seguir, nos basearemos nos dados dos problemas 1 e 2. Problema 4: Um empréstimo de R$ 300.000,00 para pagamento em 5 parcelas com juros de 4% a.m. com distribuição pelo S.A.M.. 72000 + 67388,13 PMT1 = 2 PMT1 = 69694, 06 J1 = 300.000 x0, 04 = 12.000 A1 = 69.694,06 - 12.000 =57.694,06 SD1=300.000 – 57.694,06 =242.305,94 69600 + 67388,13 2 PMT2 = 68494, 06 PMT2 = E assim sucessivamente. Demonstrativo n Juros Amortização Pagamento Saldo Devedor 0 0 0 0 300.000,00 1 12.000,00 57.694,06 69.694,06 242.305,94 2 9.692,24 58.801,82 68.494,06 183.504,12 3 7.340,16 59.953,90 67.294,06 123.550,22 4 4.942,01 61.152,05 66.094,06 62.398,17 5 2.495,93 62.398,13 64.894,06 0,04 Total 36.470,34 299.999,96 336.470,30 Comparação Gráfica entre as parcelas dos diferentes sistemas de financiamento Sistema de Amortização Crescente (SACRE) Desenvolvido pela Caixa Econômica Federal com o objetivo de permitir, nos financiamentos de longo prazo para aquisição de casas próprias, uma amortização mais rápida, reduzindo a parcela de juros sobre o saldo devedor. É uma adaptação do Sistema de Amortização Constante, pois a primeira prestação do SACRE é encontrada da mesma forma que no SAC. Por exemplo, considerando uma dívida paga em 24 parcelas. Após encontrar a primeira parcela pela fórmula do SAC, as onze seguintes serão iguais a primeira parcela. A partir do saldo devedor, recalcula-se a 13ª. utilizando a fórmula do SAC como anteriormente, onde as parcelas seguintes serão iguais a 13ª parcela encontrada. Se houver TR, o saldo devedor será reajustado mensalmente pela TR. Por este sistema, a prestação inicial pode comprometer até 30% da renda do financiado. Como o saldo devedor é atualizado mensalmente, pode gerar algum valor residual no final do período. Problema 5: Um mutuário adquiriu um apartamento de R$50.000,00, devendo pagá-lo em 36 parcelas mensais pelo Sistema SACRE, sendo as prestações atualizadas a cada 12 meses com base no saldo devedor do período anterior. O banco cobra juros de 1% ao mês e o saldo devedor deverá ser corrigido pela TR. Para efeito de simplificação do problema, consideraremos uma taxa de TR fixa de 0,25% ao mês. Cálculo das doze primeiras parcelas: PMT = PV + PV .i n 50000 + 50000.0, 01 = 1888,89 36 E o restante dos cálculos procede como anteriormente, nos outros PMT = métodos, somente cuidando que a cada doze parcelas, devemos recalcular o valor da parcela a partir do saldo devedor. Dica: Na prática, a possibilidade de escolha do sistema que mais agrada ao firmar um empréstimo, é quase impossível, pois a outra parte, a instituição financiadora do empréstimo, oferece pouca ou nenhuma escolha do sistema a utilizar. O que cada indivíduo deve fazer é informar-se a respeito de cada um dos métodos de amortização e escolher o que melhor se adequa ao seu perfil ou o que mais oferece vantagens.