1 Ministério da Educação Secretaria de Educação Média e Tecnológica Centro Federal de Educação Tecnológica de Bento Gonçalves Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia Avaliação de Quatro Leveduras para a Produção de Espumante pelo Método Champenoise André Tonet Bento Gonçalves – RS Outubro de 2007 2 Ministério da Educação Secretaria de Educação Média e Tecnológica Centro Federal de Educação Tecnológica de Bento Gonçalves Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia Avaliação de Quatro Leveduras para a Produção de Espumante pelo Método Champenoise Monografia apresentada como um dos requisitos para conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia André Tonet Orientadora: Profª Giselle Ribeiro de Souza Professora de Enologia do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia Supervisor: Orgalindo Bettú Bento Gonçalves – RS Outubro de 2007 3 Camponês e artista, burro de carga e sonhador, amante do prazer e masoquista, alquimista e contador; O vinhateiro é tudo isso desde os tempos do dilúvio (HUGH JOHNSON). 4 AGRADECIMENTOS Meus sinceros agradecimentos: A minha família, em especial aos meus pais, pelo apoio e incentivo recebido durante todo o curso. A minha tia Udila, por ter me acolhido em sua casa durante o período de curso. Ao pessoal da Villa Francioni, por permitir o estágio e a realização do trabalho na vinícola. A todo conhecimento e incentivo prestado pelos meus supervisores e orientadores de estágio, enólogo Orgalindo Bettú, Profª Giselle Ribeiro de Souza e a Profª Larissa Dias de Ávila, pela ajuda na elaboração do projeto. Aos pesquisadores da Embrapa, Dr. Luiz Antenor Rizzon, pela ajuda na obtenção da análise dos dados; Dr. Gildo Almeida da Silva, por ter cedido as leveduras para o trabalho. As empresas Vêneto Mercantil importadora Ltda, Coatec Industrial e Comercial Ltda, AEB Bioquímica Latino Americana S/A, por terem cedido as leveduras para a realização deste experimento. A minha namorada Francine, pelo grande apoio e paciência. Aos meus amigos, pelo companheirismo e apoio nas horas mais difíceis. A todos os professores do CEFET-BG, que tiveram a tarefa de transmitir seus conhecimentos. A todos os meus colegas, pela amizade e momentos que passamos juntos, que certamente não ficará esquecido. Agradeço principalmente a Deus, pois é o grande responsável por tudo de bom que aconteceu, e por estarmos aqui. Enfim, agradeço a todas as pessoas que de um modo ou de outro, sempre me ajudaram e incentivaram nesta caminhada. 5 ÍNDICE GERAL 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................. 12 2.1 Breve Histórico do Vinho Espumante .............................................. 12 2.2 Principais Variedades para Elaboração de Vinho Espumante ........ 12 2.2.1 Chardonnay .................................................................................. 12 2.2.2 Pinot Noir ...................................................................................... 13 2.2.3 Pinot Meunier ................................................................................ 13 2.3 Leveduras para Vinho Espumantes ................................................. 14 2.3.1 Poder Fermentativo ...................................................................... 16 2.3.2 Baixa Produção de Acidez Volátil ................................................. 16 2.3.3 Ausência de Defeitos Olfativos ..................................................... 16 2.3.4 Fermentação à Baixa Temperatura .............................................. 17 2.4 Fermentação Alcoólica .................................................................... 17 2.4.1 Ciclo de Conversão do Piruvato em Etanol .................................. 18 2.4.2 Constituintes Voláteis de Etapa Fermentativa .............................. 19 2.4.2.1 Os Álcoois Superiores ............................................................... 23 2.4.2.2 Os Ácidos e seus Ésteres .......................................................... 23 2.5 A Importância da Autólise Celular ................................................... 24 2.6 Avaliação Sensorial do Vinho Espumante ....................................... 25 2.6.1 A Espuma ..................................................................................... 26 3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................... 28 3.1 Leveduras ........................................................................................ 28 3.1.1 Características das Leveduras ..................................................... 28 3.2 Vinho Base Utilizado ........................................................................ 30 3.2.1 Estabilização ................................................................................. 31 3.3 Reidratação, pé-de-cuba e segunda fermentação alcoólica ........... 31 6 3.4 Local de Elaboração ........................................................................ 32 3.5 Índices Avaliados ............................................................................. 33 3.6 Metodologias Analíticas ................................................................... 33 3.6.1 Análises Clássicas ........................................................................ 33 3.6.2 Análise dos Compostos Voláteis .................................................. 34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 36 4.1 Análises Clássicas ........................................................................... 36 4.1.1 Rendimento em Etanol ................................................................. 37 4.1.2 Acidez Volátil ................................................................................ 37 4.1.3 Açúcares Redutores ..................................................................... 37 4.2 Análise dos Compostos Voláteis ..................................................... 38 4.2.1 Aldeído Acético ............................................................................. 40 4.2.2 Acetato de Etila ............................................................................. 40 4.2.3 Metanol ......................................................................................... 41 4.2.4 Álcoois Superiores ........................................................................ 41 4.3 Resultados da Análise Sensorial ..................................................... 42 5 CONCLUSÃO ..................................................................................... 43 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 44 7 ANEXOS ............................................................................................. 46 7 ÍNDICE DAS FIGURAS Figura 1. Foto da cv. Chardonnay. Fonte: Embrapa Uva e Vinho ........ 13 Figura 2. Foto da cv. Pinot Noir. Fonte: Embrapa Uva e Vinho ............ 13 Figura 3. Foto da cv. Pinot Meunier. Fonte: Embrapa Uva e Vinho ..... 14 Figura 4. Ciclo de conversão do piruvato em etanol ............................. 19 Figura 5. Exemplos de compostos voláteis da fermentação alcoólicas e seus aromas........................................................................................ 22 8 ÍNDICE DAS TABELAS Tabela 1. Características físico-químicas do vinho base ...................... 31 Tabela 2. Dados das análises clássicas dos vinhos espumantes ......... 36 Tabela 3. Dados das análises dos compostos voláteis ......................... 39 Tabela 4. Análise sensorial dos vinhos espumantes ............................ 42 9 RESUMO A escolha da levedura é de extrema importância para a produção dos vinhos espumantes pelo método “champenoise”. Devido a isso, as leveduras devem possuir algumas características para a refermentação dos vinhos: capacidade para fermentar a baixa temperatura e em meio à pressão de CO2; baixa ou nenhuma produção de compostos enxofrados; baixa produção de acidez volátil; facilidade de remoção e baixa aderência ao vidro. Foram avaliados quatro tipos de leveduras indicadas para a elaboração de espumantes: PDM, Fermol, SP 665/P e 20B da Embrapa. As variáveis analisadas foram: produção de etanol, açúcares redutores, produção de acidez volátil, aldeído acético, acetato de etila, álcoois superiores e soma dos álcoois superiores. A avaliação sensorial foi realizada por um grupo de dezoito degustadores experientes. Os resultados foram analisadas estatisticamente. Quanto à a acidez volátil o tratamento com a levedura PDM apresentou menor produção, ficando em torno de 4,75 meq/l; já para os açúcares redutores, o tratamento que apresentou diferença em relação aos outros foi a 20B, que ficou com um residual de 5,67 g/l, enquanto que nos demais tratamentos, o residual apresentado ficou um pouco acima de 1 g/l. Quanto a produção de aldeído acético o tratamento com a levedura 20B, foi o que apresentou maiores índices, 74,05 mg/l. Nas demais variáveis analisadas não houve diferenças estatísticas significativas. Palavras-chaves: espumante, leveduras, método champenoise 10 1 INTRODUÇÃO Na elaboração de vinho, a transformação do açúcar do mosto em álcool se dá graças à ação das leveduras, sendo que o rendimento e a velocidade do processo dependem entre outros fatores, da linhagem empregada. O papel desses microrganismos na formação do aroma foi previsto por Pasteur em 1876 e confirmado por diversos pesquisadores que o sucederam. Pode-se afirmar que diferenças entre vinhos obtidos a partir de um mesmo mosto, fermentados por distintas leveduras, em condições idênticas, devem ser atribuídas aos produtos secundários formados durante a fermentação. Entre esses produtos, os álcoois superiores e ésteres desempenham um papel preponderante. As leveduras mais alcoogênicas, principalmente da espécie Saccharomyces cerevisiae, produzem os teores mais elevados de tais produtos. Porém, as concentrações relativas dos diferentes componentes são variáveis em função das linhagens que podem, assim imprimir um caráter particular ao aroma de diferentes vinhos e espumantes (SILVA e SILVA, 1987). O emprego de leveduras selecionadas, com características próprias para a produção de determinado tipo de vinho ou espumante, oferece uma série de vantagens, tais como: fermentação completa e regular, maior produção em álcool, produção controlada de acidez volátil, possibilidade de uma clarificação mais rápida do vinho e melhoria da sua estabilidade biológica. Com leveduras selecionadas torna-se possível a obtenção, de ano para ano, de produtos mais uniformes, sendo as pequenas variações devidas à oscilação qualitativa do mosto conforme as condições climáticas que caracterizam os diversos anos (SILVA e SILVA, 1987). No Brasil, o emprego de leveduras selecionadas no processo de elaboração de vinho e espumante constitui um dos fatores de primordial importância para a sensível melhoria da qualidade do produto observada nos últimos anos. Sabe-se que leveduras selecionadas a partir da microflora do local onde vão ser usadas têm maior probabilidade de 11 apresentar melhores resultados, por estarem adaptadas às condições climáticas e práticas culturais específicas da região (SILVA e SILVA, 1987). Segundo Zambonelli (2003), a variedade de levedura responsável pela refermentação tem influência muito determinante na qualidade dos vinhos espumantes; esta fermentação é muito superior àquela exercida no curso da fermentação dos mostos, porque a refermentação acontece em recipientes fechados que não possibilitam a dispersão de alguns compostos, mesmo os mais voláteis. Os diferentes gostos e os diferentes perfumes produzidos pelas diferentes leveduras podem ser determinados somente por meio de degustações técnicas e profissionais experientes. Com base nas experiências dos técnicos, com base de quanto se observou em numerosas ocasiões Zambonelli e Tini (1980), puderam afirmar que: - A grande maioria das espécies de leveduras de Saccharomyces cerevisiae produz espumantes de qualidade aceitável com diferentes características; - As leveduras podem influir na qualidade de um espumante igual àquela selecionada no vinhedo. Portanto, a escolha da cepa de levedura tem relação direta com o tipo de espumante que se pretende obter. - Certos vinhos de aromas próprios muito marcantes, como moscatéis e malvasia, se refermentarem com algumas leveduras, dão origem a produtos desequilibrados e desagradáveis. A escolha das leveduras é um dos pontos mais importantes que determinam a qualidade dos espumantes. Portanto, é muito importante a comparação entre diferentes tipos de leveduras para a refermentação visando a melhoria da qualidade do processo de elaboração. 12 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Breve Histórico do Vinho Espumante Foi na França, na cidade de Reims, em torno de 1668 com o monge Dom Piere Pérignon (1638 – 1715), onde surgiram os primeiros espumantes. Foi idéia do monge, também, a utilização de rolhas de cortiça no lugar de tampas de madeira, bem como os cortes dos vinhos bases na elaboração de espumantes. No início a atividade passou por algumas dificuldades, como: o estudo da fermentação e a ruptura das garrafas que ficava em torno de 40%. Tais problemas foram resolvidos aos poucos graças a um farmacêutico chamado Chalons-sur Marne e Pasteur. O primeiro fixou a dose de açúcar antes da tomada de espuma e o segundo o estudo sobre o conhecimento e a classificação das leveduras (SARACCO et. al., 1995). No Brasil a produção de vinho espumante teve início em 1913 em Garibaldi – RS, com a vinícola Peterlongo. Atualmente a produção de espumantes no Brasil, representa aproximadamente 2% do volume total de vinho elaborado (RIZZON et. al., 2000). 2.2 Principais Variedades para Elaboração de Vinho Espumante 2.2.1 Chardonnay A Chardonnay é originária da Borgonha, França. É uma cultivar de uva branca (figura 1) e de maturação precoce. Apresenta cacho de tamanho pequeno com bom potencial de acúmulo de açúcar. Origina um vinho branco equilibrado, com pouco aroma varietal, mas de elevada complexidade. (GIOVANNINI, 1999). 13 Deve ser colhida com potencial alcoólico entre 9% a 10,5% para garantir o frescor e a acidez necessária para os bons espumantes (RIZZON et. al., 2000). Figura 1 - Foto da cv. Chardonnay. Fonte: Embrapa Uva e Vinho 2.2.2 Pinot Noir A Pinot noir é originária da Borgonha, França. É uma cultivar tinta (figura 2), de sabor neutro e de maturação precoce. Apresenta cachos de tamanho pequeno e compacto. (GIOVANNINI. 1999). Utilizada para elaboração de espumantes quando vinificada em branco, dando maior complexidade e estrutura (RIZZON et. al., 2000). Figura 2 - Foto da cv. Pinot Noir. Fonte: Embrapa Uva e Vinho 2.2.3 Pinot Meunier Como Pinot Blanc e Pinot Gris, A Pinot meunier é uma variedade provinda da mutação do Pinot Noir. Originária da França, é utilizada no 14 corte dos vinhos espumantes. Cultivar menos tinta que a Pinot Noir (figura 3), possui acidez mais elevada, o que contribui para o frescor e a fineza dos espumantes. Pode ser vinificado como vinho tinto, embora em algumas regiões da França seja vinificado em rosê (WINEPROS). Figura 3 - Foto da cv. Pinot Meunier. Fonte: Embrapa Uva e Vinho Existe outras cultivares que podem dar resultados satisfatórios. Geralmente para estas cultivares se utiliza o método charmat. 2.3 Leveduras para Vinhos Espumantes A fermentação da sacarose ou do mosto concentrado adicionados ao vinho seco se consegue tecnologicamente com dois métodos de elaboração: método clássico ou tradicional e o método charmat, sendo o primeiro de maior relevância em nível mundial (SUÁREZ LEPE et. al., 2004). A elaboração do pé-de-cuba parte da variedade Saccharomyces cerevisiae, por sua maior resistência a condições de estrésse, e por apresentar uma série de propriedades adicionais que fazem referência à cinética fermentativa, à aptidão tecnológica para a fase de remoção, e a um correto metabolismo secundário, particularmente no que consiste na cessão e utilização no meio dos componentes que procedem a autólise celular (SUÁREZ LEPE et. al., 2004). A produção de etanol em meio alcoólico (vinho base) acompanhada de resistência a concentrações elevadas de etanol e de uma atividade fermentativa regular a baixas temperaturas, marcam as 15 características desejadas na cinética fermentativa. A aptidão para a remoção, conseguido com uma boa capacidade de floculação e uma escassa aderência ao vidro, e um correto metabolismo secundário durante o envelhecimento e posterior clarificação na garrafa, completam as propriedades de interesse enológico das leveduras de fermentação do vinho base. Certamente a autólise celular, quando termina a fermentação por esgotamento dos açúcares e começa o efeito combinado da pressão de CO2 com a toxidade do etanol, é a fase que aporta maiores qualidades sensoriais ao vinho. (SUÁREZ LEPE et. al., 2004). A preparação da levedura para o licor de tiragem requer a elaboração do pé-de-cuba. Mediante este procedimento se consegue a aclimatação das leveduras ao álcool, que deverão sobreviver na garrafa, com sua máxima atividade fermentativa. A levedura selecionada para este processo é a espécie Saccharomyces cerevisiae por sua maior resistência em condições desfavoráveis. A cepa selecionada para a fermentação em garrafa deve ter uma série de características adicionais: Uma correta cinética fermentativa baseada em: - Produção de etanol em meio alcoólico; - Mínima produção de acidez volátil; - Regularidade na velocidade de fermentação; - Tolerância a baixas temperaturas. Marcam os primeiros critérios de avaliação. Posteriormente, o estudo dos metabolismos secundários baseados em: - Correto metabolismo dos compostos enxofrados; - Correto metabolismo dos compostos nitrogenados; - Correto metabolismo dos compostos derivados da autólise celular; e finalmente, os critérios tecnológicos e de aptidão para a remoção como: - Aptidão para iniciar uma segunda fermentação em meio alcoólico; - Capacidade para fermentar a baixas temperaturas; 16 - Formação e qualidade de espuma; - Boa capacidade de aglomeração e floculação; - Pouca ou nada de aderência ao vidro. Configuram as propriedades enológicas mais interessantes das leveduras para a segunda fermentação em garrafas (SUÁREZ LEPE et. al., 2004). 2.3.1 Poder Fermentativo Um poder fermentativo elevado tende a deixar os vinhos com açúcar residuais mínimos, ou totalmente secos, com uma acidez volátil baixa (SUÁREZ LEPE et. al., 2004). O álcool, principal produto da atividade fermentativa das leveduras é um composto que exercita uma ação inibitória para todos os microorganismos. Portanto, utilizar variedades de leveduras que tenham certa resistência ao etanol é de fundamental importância. (ZAMBONELLI, 2003). 2.3.2 Baixa Produção de Acidez Volátil A acidez volátil está diretamente ligada à presença de ácido acético, variando sensivelmente com os tipos de leveduras utilizadas na fermentação. A maior parte dos ácidos voláteis se forma nos primeiros estágios da fermentação, por descarboxilação oxidativa do ácido pirúvico, ou de forma simultânea a da biossíntese do ácido fórmico, variando sua concentração com a variação do pH (SUÁREZ LEPE et. al., 2004). 2.3.3 Ausência de Defeitos Olfativos A respeito da ausência de defeitos olfativos, como bem se sabe, nem sempre os compostos voláteis formados durante a fermentação têm qualidades positivas na apreciação sensorial. 17 Em relação às anomalias fermentativas que causam defeitos no aroma, as formações de sulfídrico e compostos enxofrados, justificam o interesse de selecionar as leveduras para a fermentação que não contenham essas características. A formação de H2S por parte das leveduras está basicamente no baixo controle das enzimas responsáveis na redução de sulfatos, e a biossíntese dos aminoácidos enxofrados, especialmente metionina, mas também podem existir outros precursores como os sulfitos e os polipeptídios enxofrados. Outros fatores que afetam a aparição de sulfetos, como: a influência do agente fermentativo, moléculas precursoras, composição do mosto, níveis de nitrogênio amoniacal e temperatura de fermentação (SUÁREZ LEPE et. al., 2004). 2.3.4 Fermentação à Baixa Temperatura A capacidade de fermentação a baixas temperaturas, se deve a uma fermentação mais balanceada, com uma produção baixa de ácido acético, formação de borbulhas pequenas e constantes e uma maior produção de compostos secundários (ZAMBONELLI, 2003). 2.4 Fermentação Alcoólica A fermentação alcoólica é considerada um metabolismo secundário, uma alternativa da célula para a falta de energia ocasionada pela falta de oxigênio. Consiste numa série de reações de isomerização e fosforilação, em que o equilíbrio é deslocado para gliceraldeído-3P (ÁVILA, 2004). Equação geral da fermentação alcoólica: C6H12O6 + 2 ADP + 2 Pi + 2 H2O 2 CH3CH2OH + 2 CO2 + 2 ATP + 2 H2O 18 A glicólise compreende um conjunto de reações que permitem as células vivas transformar os açúcares em ácido pirúvico. As hexoses-fosfatos (frutose 6-fosfato e glucose 6-fosfato) são moléculas importantes ligadas a outros metabolismos secundários, especialmente à síntese dos polissacarídeos, moléculas que intervém na síntese da parede celular das leveduras. O conjunto da glicólise conduz a formação de duas moléculas de piruvato por molécula de açúcar metabolizada seguindo as reações: 1 Hexose + ATP 1 Hexose-fosfato + 1 ADP 1 Hexose-fosfato + 3 ADP + 2 fostatos + 2 NAD+ 2 piruvatos + 3 ATP + 2 NADH + H2O Em anaerobiose, o piruvato produzirá etanol pra regenerar o cofator NAD+ consumindo a nível de gliceraldeído 3-fosfato. 2.4.1 Ciclo da Conversão do Piruvato em Etanol O piruvato é descarboxilado em acetaldeído pela enzima piruvato descarboxilase, após o acetaldeído é reduzido em etanol por meio da enzima álcool desidrogenase (figura 4). É nesta fase quando se produz uma molécula de NAD+ seguindo a reação: 1 piruvato + 1 NADH 1 etanol + 1 CO2 + 1 NAD+ 19 Figura 4 – Ciclo da conversão do piruvato em etanol. Durante a fermentação alcoólica também são produzidos outros subprodutos fermentativos, principalmente biomassa a partir dos açúcares. Sua produção é pequena em comparação com a quantidade de açúcares transformados em etanol e gás carbônico (FLANZY, 2000). 2.4.2 Constituintes Voláteis da Etapa Fermentativa O processo de fermentação é a etapa essencial da transformação da uva e do mosto em vinho. Nesta etapa ocorrem duas transformações biológicas: a fermentação alcoólica e a fermentação malolática. A primeira, comum a todos os vinhos, provoca a transformação dos açúcares em álcool e produtos secundários pela levedura. Para os aromas, a fermentação alcoólica é muito importante já que é responsável pela nota vinosa, que constitui a base aromática comum a todos os vinhos. 20 As substâncias voláteis formadas durante a fermentação alcoólica apresentam um importante papel da definição do aroma dos vinhos resultantes. O aroma é essencialmente determinado pelos constituintes voláteis provenientes das uvas e da vinificação, essencialmente trata-se de álcoois superiores, ácidos e ésteres (FLANZY, 2000). A figura 5, apresenta as estruturas químicas de alguns compostos voláteis da etapa fermentativa, com seus aromas correspondentes. - Álcoois, ácidos e seus ésteres R=H Etanol Álcool R=CH3-C=O Acetato de etila Picante R=H 3-metilbutanol Amêndoas R=CH3-C=O Acetato de 3-metilbutila Banana R=H 2-feniletanol Rosa R=CH3-C=O Acetato de 2-feniletila Rosa, mel R=H Ácido acético Vinagre, picante R=H Ácido hexanóico Suor, agrio R=ETIL Hexanoato de etila Maçã R=H Ácido octanóico Manteiga rança R=ETIL Octanato de etila Abacaxi, pêra R=H R=ETIL Ácido 3-metilbutanóico 3-metilbutanoato de etila Suor, podridão Frutado, maçã R=H Ácido fenilacético Animal R=ETIL Fenilacetato de etila Mel Figura 5 – Exemplos de compostos voláteis da fermentação alcoólicas e seus aromas 21 R=H Ácido lático R=ETIL Lactato de etila R=H Ácido succínico R=ETIL Succinato de etila Leite azedo - Compostos Carbonados Acetaldeído ou etanal Maçã verde Fenilacetaldeído Jacinto, rosa Diacetil Manteiga Acetoína Manteiga - Compostos Enxofrados Figura 5 – Continuação Ácido sulfídrico Ovo podre Metil mercaptano Gosto de luz 3-metiltiopropanol Batata cozida 2-metiltiofan-3-ona Migalha de pão 22 - Compostos Nitrogenados R=H 2-feniletilamina R=CH3-C=O N-(2-feniletil)-acetamida - Lactonas γ- nonalactona Noz de coco ∆ - decalactona Melão 4-carbetoxi-γ γ-butirolactona Noz de coco - Fenóis voláteis 4-vinilfenol Aguado, queimado 4-vinilguayacol Cravo 4-etilfenol 4-etilguayacol Figura 5 – Continuação Medicinal, esterco de cavalo Especiarias, caramelo, queimado 23 2.4.2.1 Os Álcoois Superiores Os álcoois que possuem mais de dois átomos de carbono são chamados álcoois superiores; vários são de origem fermentativa. Estão presentes nos vinhos na ordem de 150 a 550 mg/l (RIBÉREAU-GAYON, 2003). Os álcoois superiores mais encontrados são: 2 e 3-metilbutanol, propanol, 2-metilpropanol, butanol, pentanol, 2-feniletanol e o tirosol. Sua formação está ligada ao metabolismo dos aminoácidos, e desta maneira, fortemente influenciada pela fonte de nitrogênio do mosto. Duas vias conduzem à sua biosíntese: numa parte a via catabólica dos aminoácidos por descarboxilação e depois redução dos α-cetoácidos obtidos por transaminação (mecanismo de Erlich), e por outra parte, a via anabólica dos aminoácidos a via dos α-cetoácidos correspondentes a partir dos açúcares. Uma carência de nitrogênio assimilável causa uma acumulação de α-cetoácidos, produtores de quantidades importantes de álcoois correspondentes; ao contrário, quantidades elevadas de aminoácidos provocam a retro-inibição da via anabólica, e portanto, a diminuição dos álcoois correspondentes por esta via. A produção de álcoois superiores depende também do tipo de levedura utilizada nas vinificações, ou seja, seu perfil na utilização de aminoácidos e de sua demanda de nitrogênio. Por último, existem outros fatores que intervém sobre a fermentação alcoólica, que influenciam a produção de álcoois superiores: aeração, turbidez elevada, temperatura de fermentação elevada, pH elevado, pressão do gás carbônico (FLANZY, 2000). 2.4.2.2 Os Ácidos e seus Ésteres Os ácidos graxos e seus ésteres são como os álcoois superiores, os principais formadores do aroma fermentativo. Os ácidos graxos são produzidos em quantidades elevadas nos vinhos, apresentando um aroma agradável, no qual os ésteres são os principais responsáveis. 24 Estes últimos apresentam geralmente aromas agradáveis, principalmente frutados, com exceção do acetato de etila, que possui aroma desagradável quando sua concentração nos vinhos atinge em torno de 100 mg/l. Mesmo que os ácidos graxos tenham aromas considerados negativos para os vinhos, normalmente suas concentrações não são perceptíveis, são considerados necessários para o equilíbrio dos aromas fermentativos (FLANZY, 2000). Os ésteres resultam da reação de uma função álcool sobre uma função ácida, com eliminação de uma molécula de água. Trata-se de uma reação reversível, limitada pela reação inversa da hidrólise do éster. O vinho contém uma grande quantidade de álcoois e ácidos diferentes, por conseqüência a quantidade de ésteres possíveis também é grande (RIBÉREAU-GAYON,2002). 2.5 A Importância da Autólise Celular A autólise de leveduras é um fenômeno bioquímico que caracteriza algumas vinificações especiais, nas quais os vinhos se conservam e envelhecem em contato com as leveduras durante meses ou às vezes durante anos (SUÁREZ LEPE, 1997). No processo de autólise se distinguem duas fases: - uma fase de ativação correspondente à desorganização das endoestruturas celulares permitindo a liberação de enzimas líticas tipo proteases e ribonucleases, assim como uma digestão dos inibidores específicos destas enzimas; - uma fase de autólise propriamente dita correspondente a da hidrólise de macromoléculas intracelulares por essas enzimas líticas específicas, e a excreção por parte da célula dos produtos da autólise. Estes produtos, geralmente de peso molecular baixo podem atravessar a parede celular, que sofre por sua vez uma degradação específica liberando monoproteínas e glucanos, compostos de significação sensorial muito importante (SUÁREZ LEPE, 1997). 25 Um contato prolongado do vinho com as leveduras mortas, origina uma modificação profunda em sua composição aromática, devido aos compostos fixos liberados como: aminoácidos, peptídeos, nucleotídeos, monoproteínas; e de caráter volátil: ésteres, álcoois, aldeídos, ácidos e lactonas. A possibilidade das leveduras em fazerem autólise depende da combinação de fatores decisivos como pH, aeração e temperatura. As condições que os vinhos espumantes se encontram, permitem que o processo de autólise seja de larga duração, provocando uma hidrólise lenta dos compostos intracelulares das leveduras, que são liberados ao vinho durante prolongado período de tempo. A influência da autólise é perceptível sobre os compostos voláteis que são responsáveis pelos aromas dos espumantes, particularmente os ésteres (SUÁREZ LEPE, 1997). 2.6 Avaliação Sensorial do Vinho Espumante O vinho espumante elaborado pelo processo champenoise apresenta cor amarela-palha com pouca intensidade, e encontra-se límpido e brilhante na maioria dos casos. O vinho espumante produz quantidade elevada de bolhas de dióxido de carbono. A espuma corresponde às bolhas formadas na superfície da taça. Em relação à espuma deve-se observar sua cor, reflexos, suas características e persistência. Observa-se também a coroa que se forma ao redor das paredes do copo. A espuma deve apresentar cor branca, e as bolhas que se formam devem ser pequenas e permanecer o maior tempo possível. Quanto ao “perlage”, que corresponde ao desprendimento lento do dióxido de carbono, quanto menor as bolhas que se iniciam no fundo ou nas paredes da taça, mais apreciável será o vinho espumante. Em relação ao olfato, o vinho espumante deve apresentar aroma frutado, proveniente da fermentação alcoólica, um suave aroma primário, originário da uva e um aroma de levedura, formado na segunda fermentação, todos eles fundidos em um conjunto harmônico. A harmonia 26 representa o equilíbrio dos componentes voláteis que participam das características olfativas do vinho espumante. Na boca, o espumante deve apresentar gosto franco, sem nenhuma sensação estranha ou desagradável. O corpo expressa as sensações do gosto e do olfato juntas. A persistência é expressa em relação ao tempo da sensação gosto-olfativa na boca, medida em segundos depois de ter engolido o vinho. A sensação final deixada pelo vinho espumante é devida aos estímulos produzidos pela reação química da saliva com o resto de vinho que fica na boca. Esta sensação é positiva quando se percebe um aroma fino, frutado e suave, formando um conjunto harmônico perfeito (CAVAZZANI, N. 1985). 2.6.1 A Espuma O aspecto que diferencia o vinho espumante é a quantidade de espuma quando é colocado no copo, devido ao rápido desprendimento de dióxido de carbono. No geral a espuma se dissolve em segundos, reduzindo-se na forma de anel em contato com a parede do copo, com a formação do perlage, persistente ou não, dependendo do tipo de espumante. As pequenas bolhas que formam o perlage são de dióxido de carbono, sendo que o tamanho e a persistência das mesmas estão relacionados com a temperatura do vinho e o período de formação de espuma, além da viscosidade do vinho e do formato do copo. Assim, um vinho espumante cuja fermentação ocorreu à baixa temperatura, apresentará um perlage mais persistente, e um desprendimento mais demorado e formando bolhas mais finas. Quanto maior a viscosidade do vinho, maior e mais demorado será o desprendimento do dióxido de carbono, e conseqüentemente maior será o perlage. A temperatura, no momento de servir o espumante é determinante para valorizar ao máximo o perlage. Temperaturas em torno de 6 a 8°C 27 favorece a formação de bolhas mais finas e mais persistentes (SARACCO et. al.1995). 28 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Leveduras Foram utilizadas quatro leveduras, sendo três leveduras secas ativas comerciais e uma levedura selecionada pela Embrapa uva e vinho de Bento Gonçalves, sendo elas: Maurivim PDM, Fermol Reims champagne, SP 665/P e Embrapa 20B. 3.1.1 Características das Leveduras Segundo seus fabricantes as leveduras possuem as seguintes características: Levedura n° 1 – Maurivim PDM Saccharomyces cerevisiae bayanus - fermenta a baixas temperaturas; - baixa produção de SO2; - tolera níveis normais de SO2; - não produz espuma; - alta tolerância ao álcool; - excelente floculação ao final da fermentação; - não possui caráter aromático, sendo considerada com neutra do ponto de vista organoléptico; - baixa produção de acidez volátil. Dose recomendada: 25 a 50g/hl. Utilização: levedura de uso geral, recomendada para a produção de vinhos tintos, brancos e espumantes (Anexo 1). 29 Levedura n° 2 – Fermol Reims champagne Saccharomyces cerevisiae bayanus Levedura controlada pelo Laboratório de Microbiologia Geral da Faculdade de Ciências da Universidade de Reims-Champagne/Ardennes (França). - possui fator Killer; - alta tolerância ao álcool, até 15,5° GL; - baixa necessidade de nutrientes; - resistência às altas pressões de CO2; - boa aptidão para a remuage; - baixa produção de álcoois superiores e acetaldeídos; - não produz H2S; - resistência a valores baixos de pH e acidez; Dose recomendada: 20 g/hl em vinificações normais e 40 g/hl nos vinhos a serem espumantizados ou refermentados. Utilização: indicada para espumantes e para fermentações em temperatura controlada. Indicada também para refermentar vinhos que tenha ocorrido parada de fermentação (Anexo 2). Levedura n° 3 – SP 665/P Saccharomyces bayanus Cepa de levedura isolada e selecionada na região de Champagne, França. - alta tolerância ao álcool, até 18° GL; - ampla temperatura de fermentação: 10 a 30 °C; - elevada resistência ao SO2; - produção baixa de SO2; - produção insignificante de acidez volátil; - produção insignificante de H2S; - possui fator Killer; - baixa necessidade de nutrientes. Dose recomendada: 15 a 25 g/hl em condições normais e 30 a 50 g/hl em casos difíceis ou para reativar fermentações interrompidas. 30 Utilização: levedura selecionada para espumantes e para o tratamento de fermentações difíceis ou interrompidas (Anexo 3). Levedura n° 4 – Embrapa 20B Saccharomyces cerevisiae Levedura selecionada pela Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves, RS, Brasil. - alta tolerância ao álcool; - resistente a altas pressões e ao CO2; - baixa produção de H2S e acidez volátil; - início rápido e constante da fermentação; - boa floculação no final da fermentação; - produção regular e aceitável de álcoois superiores; - boa produção de glicerol; - possui caráter aromático; - tolerância ao SO2. Dose recomendada: 0,2 g/l de extrato de levedura em condições normais e 2 g/l para a elaboração de espumantes. Utilização: recomendada para a elaboração de vinhos brancos, tintos e espumantes (SILVA E SILVA, 1987). 3.2 Vinho Base Utilizado O vinho base foi elaborado pela Vinícola Vinhos Dal Pizzol, localizada em Bento Gonçalves, RS. Este era um corte de 80% de Chardonnay e 20% de Pinot Noir. Na Tabela 1, têm-se as características químicas do vinho base utilizado. 31 Tabela 1 - Características físico-químicas do vinho base Variáveis Teor Álcool etílico % (v/v) 11,29 Açúcares totais g/l 2,08 Densidade relativa 20/20 °C pH 0,9924 3,31 SO2 livre mg/l 16 SO2 total mg/l 73,6 Acidez volátil meq/l 6 Acidez total meq/l 70 Extrato seco g/l 19 Extrato seco reduzido g/l 18 3.2.1 Estabilização O vinho passou por uma estabilização protéica, com utilização de bentonite para eliminar as proteínas instáveis presentes, sendo que a dose utilizada foi de 30 g/hl. Foi realizada também uma estabilização tartárica, onde o vinho ficou em uma câmara fria por 15 dias à temperatura de -3 °C. Antes da estabilização tartárica corrigiu-se a acidez do vinho, adicionando-se 1 g/l de ácido tartárico, elevando a acidez total para 83,33 meq/l. Concluída a estabilização tartárica, o vinho base foi dividido em quatro partes iguais, 21 litros para cada levedura, onde se obteve um rendimento de 28 garrafas para cada amostra. 3.3 Reidratação, Pé-de-cuba e segunda fermentação alcoólica Para as leveduras comerciais, PDM, Fermol e SP 665, por serem secas ativas, utilizou-se uma dose de 25g/hL (1,5 x 1010 células por grama), para cada amostra. 32 O preparo pé-de-cuba ocorreu num período de dois dias e meio, onde seguiu-se um cronograma de reidratação, ativação, aclimatação e inoculação em ambiente controlado de temperatura de 20°C. O critério utilizado para definir o momento da inoculação foi quando o pé-de-cuba correspondia a 3% do volume do vinho base, seguindo dados da literatura de Saracco (1995). Para a levedura 20B da Embrapa, por estar em ágar inclinado e não tendo quantidade específica de células presente no meio, realizou-se o preparo do pé-de-cuba seguindo o mesmo cronograma das leveduras comerciais, porém com duração de sete dias. No momento da inoculação o pé-de-cuba encontrava-se no volume de 3% do vinho base. Supõe-se que neste período as leveduras tenham atingido a concentração de 106 células de levedura por mL. Não foi possível realizar a contagem de células de levedura por mL em todos os tratamentos, pois não haviam materiais para desenvolver tais metodologias. Após todas as leveduras serem inoculadas ao vinho base, com adição de 24 g/l de açúcar para obter uma pressão final de seis atmosferas, o vinho foi engarrafado e permaneceu por mais 24 horas em temperatura ambiente, em seguida foi transferido para uma cave onde fermentou a temperatura de 12°C a 14°C por dois meses. Os processos de autólise e a remuage também ocorreram na cave, nestas mesmas temperaturas por mais quatro meses. 3.4 Local de Elaboração Todo este processo de elaboração de espumante pelo método champenoise foi realizado na vinícola Villa Francioni em São Joaquim, SC, bem como o processo de remouage. A retirada das borras e a adição do licor de expedição foram realizadas na Embrapa de Bento Gonçalves, RS. 33 Na adição do licor de expedição, igualou-se para todos os experimentos a quantidade de 6 g/l de açúcares redutores, e igualmente o SO2 livre que ficou em torno de 35 mg/l. 3.5 Índices Avaliados Com os resultados das análises físico-químicas e dos compostos voláteis, avaliou-se nos quatro tratamentos, com duas repetições, o rendimento em etanol, a produção de ácidos voláteis, os açúcares redutores, a produção de acetaldeído, acetato de etila e álcoois superiores. Os resultados foram submetidos a análise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A avaliação sensorial foi realizada no laboratório de análise sensorial do CEFET de Bento Gonçalves, RS, de forma individual por um grupo de 18 degustadores experimentados. A ficha de degustação utilizada foi a de teste de escala (Anexo 4). Iniciaram-se as degustações com um posta em boca de um espumante elaborato pelo mesmo método champenoise. Foram avaliadas as variáveis: - Aspecto visual: espuma, limpidez, cor, perlage. - Aspecto olfativo: qualidade, intensidade. - Aspecto gustativo: qualidade do CO2, equilíbrio maciez/acidez, corpo, intensidade, persistência aromática, sensações finais. Os resultados foram submetidos a análise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade 3.6 Metodologias Analíticas 3.6.1 Análises Clássicas Foram analisadas as variáveis, descritas a seguir: - Densidade (g/ml): método densimétrico, em densímetro digital, da marca Anton Paar, modelo DMA 45. 34 - Álcool (% v/v): método densimétrico, em densímetro digital, da marca Anton Paar, modelo DMA 45. - Acidez total (meq/l): método titulométrico, por titulação com NaOH em presença de indicador (azul de bromofenol). - Acidez volátil (meq/l): método Cazenave-Ferré, em aparelho Cazenave-Ferré equipado com coluna de refrigeração de 40cm. - Acidez fixa (meq/l): obtida pela fórmula: AF = acidez total - acidez volátil. - pH: método Potenciométrico, peagâmetro de bancada, marca Corning, modelo pH Meter 125. - Extrato seco (g/l): método densimétrico, densímetro digital, da marca Anton Paar, modelo DMA 45. - Açúcares redutores (g/l): método Fehling Causse Bonnaus. - Extrato seco reduzido (g/l): obtida pela fórmula: Extrato seco - (açúcar - 1) = g/L de extrato seco reduzido - Relação Álcool/extrato seco: determinada pela fórmula: Álcool x 8 Extrato seco reduzido - Cinzas (g/l): incineração. - Alcalinidade das cinzas (g/l): método titulométrico, titulação com uso de indicadores. - Absorbância (índice 420): espectrofotometria, em espectrofotômetro UV/VIS Lambda 3, da marca Perkin-Elmer. - SO2 livre (mg/L): método Ripper. - SO2 total (mg/L): método Ripper. As análises foram realizadas no laboratório de enoquímica da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves, RS. 3.6.2 Análise dos Compostos Voláteis Foram analisadas as variáveis, descritas a seguir: - Etanal 35 - Acetato de etila - Metanol - 1-Propanol - 2-Metil-1-propanol - 2-Metil-1-butanol - 3-Metil-1-butanol - Álcoois superiores Todas variáveis foram analisadas por cromatografia gasosa, nas seguintes condições: cromatógrafo a gás, da marca Perkin Elmer (AutoSystem XL); coluna capilar Varian; fase estacionária CPWAX 57CB (polietileno glico de alta polaridade); coluna tipo WCOT (Wall Coated Open Tubular) Fused Silica, com comprimento de 50m e diâmetro interno de 0,25mm. A calibração do aparelho foi realizada com padrão interno (4metil-2-pentanol); o gás de araste foi o He (30psi); a temperatura do injetor foi de 160°C e a temperatura do detector de 210°C. A programação de aquecimento do forno foi de permanência a 40°C (5min), 2°C/min até 60°C (0min), 8°C/min até 200°C (0min). As análises foram realizadas no laboratório de instrumentação da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves, RS. 36 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises clássicas e dos compostos voláteis, são indicados nas Tabelas 2 e 3, respectivamente. 4.1 Análises Clássicas A avaliação analítica dos vinho espumante é indispensável para estabelecer a sua qualidade, estado de conservação e envelhecimento. Os resultados de todas as análises clássicas estão como Anexo 5, sendo que as variáveis avaliadas estatisticamente estão indicadas na Tabela 2, os quais correspondem às análises efetuadas nas quatro leveduras. Tabela 2 - Dados das análises clássicas dos vinhos espumantes Variável Levedura Álcool (% v/v) Acidez volátil (meq/L) Açúcares red. (g/L) Fermol 12,47 a 7,50 a 1,13 b 20B Embrapa 12,33 a 7,00 a 5,67 a PDM 12,33 a 4,75 b 1,15 b SP 665/P 12,38 a 8,00 a 1,10 b Média geral 12,38 6,81 2,27 Desvio padrão 0,04 0,39 0,2 C.V. (%) 0,36 5,8 9,05 As médias seguidas por letras destintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. 37 4.1.1 Rendimento em Etanol O teor em etanol nos vinhos representa um dos mais elevados fatores de qualidade (CURVELO-GARCIA, 1988). O etanol é o álcool mais importante do vinho formado durante a fermentação. É necessário o conhecimento do teor alcoólico para avaliar o rendimento a partir do açúcar, e também o aspecto organoléptico, visto que o etanol possui gosto adocicado (RIZZON, 1987). De acordo com os resultados não houve diferenças significativas no rendimento em etanol. 4.1.2 Acidez Volátil A acidez volátil é o conjunto dos ácidos graxos da série acética encontrado nos vinhos. No ponto de vista qualitativo, seu valor está ligado à qualidade dos vinhos. A acidez volátil está constituída por formas livres e salificadas dos ácidos voláteis (RIBEREAU-GAYON, 2003). Valores baixos de acidez volátil, sob o ponto de vista qualitativo, são os mais interessantes. O valor máximo estabelecido por lei é de 20 meq/l (RIZZON, 1987). Dentre os espumantes analisados estatisticamente, a levedura PDM apresentou menores índices de acidez volátil, enquanto que as outras amostras analisadas não tiveram diferença significativa entre elas. Sendo que a legislação brasileira vigente estabelece que os limites máximos de acidez volátil sejam de 20 meq/L, todas as amostras estão dentro dos limites legais (UVIBRA, 2007). 4.1.3 Açúcares Redutores Os açúcares redutores representam, a quantidade de açúcares que as leveduras não transformam em álcool durante a fermentação alcoólica (RIZZON, 1987). 38 Pela análise dos açúcares redutores, é possível avaliar o potencial alcoolgênico das leveduras, ou seja, a quantidade de açúcar utilizada para transformar 1% v/v de álcool. A levedura 20B da Embrapa apresentou a maior quantidade de açúcar residual, enquanto que as outras três amostras, não houve diferença significativa. No entanto, a levedura 20B obteve o mesmo rendimento em etanol que as demais leveduras analisadas. Portanto, a levedura 20B possui um maior rendimento em etanol, ou seja, utilizou menos açúcares para produzir a mesma quantidade de álcool que as demais leveduras. 4.2 Análise dos Compostos Voláteis O etanal, o acetato de etila, e os álcoois superiores são responsáveis pelas características aromáticas e do “bouquet” dos vinhos, fazendo parte dos compostos voláteis. O aroma dos vinhos constitui certamente, e na sua globalidade, uma das mais importantes características organolépticas definidoras da sua qualidade e tipicidade (CURVELO-GARCIA, 1988). Com exceção ao metanol, os compostos estudados são considerados como produtos secundários da fermentação alcoólica que contribuem para a qualidade dos vinhos espumantes. 39 Tabela 3 - Dados das análises dos compostos voláteis Variáveis (mg/L) Levedura Aldeído acético Acetato de etila Metanol 1-propanol 2-metil-1propanol 2-metil-1butanol 3-metil-1butanol soma álcoois sup. Fermol 59,20 ab 82,95 a 39,35 a 52,55 a 16,85 a 21,25 a 131,55 a 222,15 a 20B Embrapa 74,05 a 79,50 a 41,10 a 50,60 a 15,95 a 23,20 a 134,05 a 223,75 a PDM 49,05 b 65,30 a 42,75 a 52,50 a 17,45 a 22,80 a 137,95 a 230,65 a 44,00 b 72,40 a 40,85 a 49,50 a 17,10 a 23,35 a Média geral 56,57 75,04 41,01 51,29 16,84 22,65 Desvio padrão 3,75 6,04 1,18 0,96 1,02 1,73 C.V. (%) 6,62 8,05 2,88 1,88 6,05 7,66 As médias seguidas por letras destintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. 135,00 a 134,64 4,74 3,52 224,85 a 225,35 6,67 2,96 SP 665/P 40 4.2.1 Aldeído Acético O aldeído acético é também conhecido como etanal ou acetaldeído. Sua principal origem está interligada com a descarboxilação enzimática ao ácido pirúvico, sendo um composto formado durante a fermentação alcoólica. Sua presença está intimamente relacionada com os fenômenos de oxidação e envelhecimento dos vinhos. É também conhecido, que a quantidade de etanal presente nos vinhos depende a tecnologia seguida, no que se refere à sulfitação dos mostos e dos vinhos (CURVELO-GARCIA, 1988). Entre as leveduras estudadas e de acordo com os resultados estatísticos, a levedura SP665 foi a que apresentou menores quantidades de etanal, sendo que a levedura 20B da Embrapa apresentou os maiores níveis de aldeído acético. Segundo Rizzon (2000), os teores de etanal em espumante deve variar de 60 mg/L a 70 mg/L. Portanto, entre as leveduras estudadas, a 20B apresentou teores acima de 70 mg/L. 4.2.2 Acetato de Etila O acetato de etila é o éster responsável pelas características organolépticas dos vinhos com elevada acidez volátil. Concentrações elevadas, acima de 180 mg/l, conferem aos vinhos gosto desagradável, acético, e uma impressão de aspereza. Contudo, quando presente em quantidades pequenas, pode contribuir para as características de frutado dos vinhos. Sua formação está ligada essencialmente ao metabolismo das leveduras durante a fermentação alcoólica e, sobretudo das bactérias acéticas (CURVELO-GARCIA, 1988). Não houve diferença significativa entre as quatro leveduras analisadas. Todas estão abaixo de 180 mg/L, não agregando aromas desagradáveis aos espumantes. 41 4.2.3 Metanol A determinação do teor de metanol é de extrema importância, visto que é um álcool sempre presente naturalmente em quantidade apreciáveis e em face da sua elevada toxidade. Uma intoxicação crônica se revela a partir de uma absorção diária de 500 a 1000 mg. A origem da presença do metanol nos vinhos está ligada à hidrólise das pectinas, o que explica a grande dependência do seu teor da maior ou menor maceração das partes sólidas, em particular das películas (CURVELO-GARCIA, 1988). Não houve diferença significativa entre as quatro leveduras analisadas; todas as amostras tiveram valores bem abaixo dos limites estabelecidos por lei, que é de 350 mg/l (portaria 229 de 25/10/1988, UVIBRA 2005). 4.2.4 Álcoois Superiores Os álcoois superiores encontram-se nos vinhos com teores relativamente elevados; no seu conjunto apresentam valores acima de 100 mg/l. Valores até 500 mg/l, possuem uma relação com a qualidade dos vinhos; valores acima disto contribuem para alguns defeitos nos aromas (FLANZY, 2000). De modo geral os álcoois superiores com 3, 4 e 5 átomos de carbono (1-propanol, 2-metil-1-propanol, 2-metil-1-butanol, 3-metil-1butanol) apresentam aromas grosseiros, mas na maioria das vezes, não são perceptíveis nos vinhos, pois suas concentrações são baixas (RIZZON, 1987). A formação dos álcoois superiores ocorre durante a fermentação, a partir de determinados aminoácidos, valina e leucina, principalmente, por intermédio da reação de Erlich; e a partir de outros aminoácidos como: histidina, serina, cisteína, metionina, serina. Formam-se também a partir dos açúcares e dos ácidos cetônicos. Há diversos fatores que condiciona a formação dos álcoois superiores como: nitrogênio assimilável presente 42 nos vinhos ou nos mostos; tecnologia de vinificação, temperatura de fermentação, pH e natureza das leveduras (CURVELO-GARCIA, 1988). Pelos resultados obtidos, nas quatro amostras de leveduras estudadas, todas apresentaram teores relativamente baixos de álcoois superiores em comparação com os teores normalmente indicados. 4.3 Resultados da Análise Sensorial A análise sensorial é importante para a avaliação da tipicidade e qualidade dos vinhos espumantes. Utilizando a análise de variância com teste de comparação de médias e nível de significância de 5%, pode-se observar pela Tabela 4, que os espumantes não diferiram significativamente entre si em todos os aspectos: visual, olfativo, gustativo e nota final. Tabela 4- Análise sensorial dos vinhos espumantes Fermol 19,78 a Exame Olfativo 18,44 a 20B 19,28 a 16,33 a 38,89 a 74,50 a PDM 20,28 a 18,78 a 41,11 a 80,17 a SP665/P 18,78 a 17,55 a 39,17 a 75,50 a 19,53 17,78 39,68 76,99 3,06 3,30 5,70 10,40 15,65 18,56 14,36 13,51 Leveduras Média Geral Desvio Padrão C.V. (%) Exame Visual Exame Gustativo 39,55 a Nota Final 77,78 a As médias seguidas por letras destintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de variância a 5% de significância. 43 CONCLUSÃO Neste trabalho foi possível verificar, que diferentes leveduras comerciais e uma levedura selecionada pela Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves tiveram poucas diferenças estatísticas entre si nas análises clássicas e nos compostos voláteis, e nenhuma diferença significativa na análise sensorial. A variabilidade constatada nas análises químicas clássicas mostrou que o espumante elaborado com a levedura PDM, produziu menor acidez volátil que os demais; enquanto que a levedura 20B, não concluiu a fermentação alcoólica por apresentar uma quantidade de açúcares redutores superior a 2 g/L. Futuramente para outros trabalhos semelhantes a este, torna-se necessário a realização da contagem de leveduras no pé-de-cuba, pois será possível com isso, tirar conclusões mais precisas quanto a capacidade de fermentação das leveduras. Quanto às análises químicas dos compostos voláteis, a única variabilidade constatada foi na análise do aldeído acético, no qual a levedura 20B apresentou índices mais elevados do que os comparados com as demais. Quando comparados sensorialmente, os espumantes não apresentaram diferença significativa, mostrando uma grande semelhança entre as amostras avaliadas. Em relação às características propostas pelo fabricante, as leveduras atenderam à maioria das características propostas. Não se tornou evidente com esses resultados que dentre as leveduras comerciais utilizadas específicas para a fabricação de vinhos espumantes sejam essenciais para definir a qualidade final dos mesmos, por não apresentarem grandes diferenças entre elas. No entanto, esse resultado ainda não pode ser conclusivo. Tornase necessário que se realizem mais repetições com um número maior de amostras de leveduras, número maior de degustadores e durante várias safras, para que o resultado se torne mais conclusivo. 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ÁVILA, L. D. Enologia II. Apostila de Graduação do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia. Bento Gonçalves, 2004. CAVAZZANI, N. Fabricación de vinos espumosos. Editorial Acribia, Zaragola, 1985. 166 pág. FLANZY, C. Enologia: Fundamentos Científicos y tecnológicos. Madrid: Mundi Prensa, 2000. 783 pág. GARCIA, A. S. C. Controlo de Qualidade dos Vinhos – Química enológica – Métodos analíticos. Instituto da Vinha e do Vinho, Lisboa, 1988. 420 pág. GIOVANNINI, E. Produção de uva para vinho, suco e mesa. Renascença, Porto Alegre, 1999. 364 pág. LEPE, J. A. S. Leveduras vínicas: funcionalidad y uso em bodega. Ediciones Mundi-Prensa, Madrid, 1997. 269 pág. LEPE, J. A. S; LEAL, I. B. 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Embrapa Uva e Vinho: Bento Gonçalves, Documentos 29, 2000. 24 pág. 45 SARACCO, C.; GOZZELINO, A. Produzione dei vini espumanti e frizzanti. Edagricole – Edizioni Agricole della Calderini, Bologna, 1995. 110 pág. SILVA, M.A.A. da; SILVA, G. A. da. Leveduras nacionais selecionadas para elaboração de vinho. Circular técnica 14, Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, 1987. 19 pág. UNIÃO BRASILEIRA DE VITIVINICULTURA. Produção de uvas, elaboração de vinhos e derivados 1998-2004. Disponível em: http://www.uvibra.com.br. Acesso em 1° de maio 2007. WINEPROS. Cultivares. Disponível http://www.winepros.org/wine101/grape-profiles/meunier.htm . em: 1° de maio 2007. em: Acesso ZAMBONELLI, C. Microbiologia e biotecnología dei vini: i processi biologici e le tecnologie della vinificacione. Edizione Agricole de il Sole 24 ore, Bologna, 2003. 274 Pág. 46 ANEXOS Anexo 1 – Ficha Técnica - Maurivim PDM Saccharomyces cerevisiae bayanus 47 Anexo 2 – Ficha Técnica - Fermol Reims champagne Saccharomyces cerevisiae bayanus 48 Anexo 3 – Ficha Técnica - SP 665/P Saccharomyces bayanus 49 Anexo 4 - Ficha utilizada para análise sensorial de vinho espumante FICHA PARA ANÁLISE SENSORIAL DE VINHO ESPUMANTE Data: Degustador: Amostra nº: MUITO BOM 4 EXAME VISUAL ESPUMA LIMPIDEZ COR EXAME GUSTATIVO MÉDIO 3 2 MEDIOCRE INFERIOR 1 0 PONTUAÇÃO PARCIAL INTENSIDADE x1 x1 x1 x1 x1 x1 x2 x2 x2 QUALIDADE DO CO2 x2 EQUÍLIBRIO MACIEZ/ACIDEZ CORPO x2 x2 x1 x2 x1 x1 x2 PERLAGE EXAME OLFATIVO BOM QUALIDADE QUALIDADE INTENSIDADE PERSISTÊNCIA AROMÁTICA SENSAÇÕES FINAIS TAMANHO DAS BOLINHAS INTENSIDADE PERSISTÊNCIA FRANQUEZA FINEZA FRANQUEZA FINEZA TOTAL DE PONTOS OBSERVAÇÕES E CONCLUSÕES: 50 Anexo 5 – Análises Clássicas do vinho espumante Fermol 20B Embrapa PDM SP 665/P Densidade a 20 °C 0,9914 0,9909 0,9927 0,9931 0,9908 0,9911 0,9910 0,9910 Álcool (°GL) 12,47 12,47 12,38 12,29 12,29 12,38 12,38 12,38 Acidez total (meq/l) 70,0 70,0 66,0 66,0 70,0 70,0 68,0 70,0 Acidez volátil (meq/l) 8,0 7,0 7,0 7,0 5,0 4,5 8,0 8,0 Acidez fixa (meq/l) 62,0 63,0 59,0 59,0 65,0 65,5 60,0 62,0 pH 3,19 3,19 3,19 3,19 3,19 3,20 3,20 3,21 Extrato seco (g/l) 19,0 17,8 21,8 22,6 17,0 18,0 17,8 17,8 Açúcares redutores (g/l) 1,22 1,05 5,4 5,95 1,12 1,19 1,12 1,09 Extrato seco reduzido (g/l) 18,78 17,75 17,40 17,65 16,88 17,81 17,68 17,71 Relação álcool/extrato seco 5,31 5,62 5,69 5,57 5,82 5,56 5,60 5,59 Cinzas (g/l) 1,60 1,60 1,60 1,65 1,80 1,60 1,50 1,55 Alcalin. das cinzas (meq/l) 9,5 9,0 8,5 9,0 10,0 9,5 11,5 11,5 D.O 420 ( I 420) 0,108 0,107 0,113 0,113 0,099 0,102 0,098 0,111 Dióx. Enxofre livre (mg/l) 12,2 10,0 6,2 6,1 26,0 19,0 12,3 9,3 Dióx. Enxofre total (mg/l) 93,4 90,2 93,9 92,9 113,0 101,2 91,9 86,0 Prolina (mg/l) 410,5 424,9 381,1 375,3 383,1 379,6 383,9 375,3