O investidor modelo
* Mauro Calil
Todos os dias sou procurado por pessoas que querem investir melhor seu dinheiro. O cenário atual, de
queda nas taxas de juros, aumentou ainda mais esta demanda. Afinal, é incômodo para um trabalhador,
tão castigado pela inflação e demais fatores macroeconômicos desfavoráveis, verificar que seu dinheiro
depositado em aplicações tradicionais já não rende satisfatoriamente.
Na busca de melhores rendimentos sempre surge a pergunta: Qual o melhor investimento para meu
dinheiro?
Esta é a mesma pergunta feita há anos e anos por clientes de bancos a seus gerentes de
relacionamento e que surtia bons resultados antigamente, visto que os aconselhamentos sobre
investimentos eram lastreados em títulos com rentabilidade superior a 20% ao ano. Mas isso é uma
realidade que já mudou.
Hoje, os investidores que quiserem ter uma rentabilidade diferenciada, deverão ter também um
comportamento diferenciado. Assim, é necessário um novo modo de agir, baseado no interesse em
conhecer, aprender e estar atento às opções de aplicações disponíveis no mercado.
O novo modelo de investidor não é aquele que deixa nas mãos de quem quer que seja seu dinheiro,
mas, sim, aquele que se interessa pelo seu dinheiro, além de somente conhecer sua rentabilidade no
fundo A ou B.
Se seu dinheiro fosse um filho para o qual você estivesse em busca de uma escola, você visitaria várias
escolas antes de matricular seu filho. Procuraria saber qual a proposta pedagógica de cada uma, seus
aparatos materiais e humanos e, então, tomaria sua decisão.
Uma vez matriculado, sua tarefa de acompanhamento no desenvolvimento educacional da criança não
cessaria, ou seja, você participaria dos encontros com os educadores, verificaria tarefas de casa e os
boletins de notas. Este é o comportamento adequado para se cuidar de uma criança em idade escolar.
O mesmo deve acontecer com seu dinheiro. Deve haver um comportamento de cuidado com o dinheiro,
com atitudes adequadas ao seu investimento.
Existem diversas maneiras de potencializar seus investimentos e é possível traduzir este comportamento
em cinco princípios de investimento que, se seguidos de forma correta, formam o investidor modelo. São
eles:
Invista com consistência e congruência. Ou seja, invista sempre, uma vez por mês ou uma vez por ano,
desde que haja disciplina. E também uma quantia proporcional aos seus rendimentos. O ideal é que
essa quantia esteja entre 10 e 30%.
Reinvista juros e dividendos. Os frutos devem oferecer novas sementes e não refeições. Faça isso até
que seu pomar o alimente para sempre, sem que necessite de grandes cuidados.
Invista em setores e empresas que crescem. Hoje, a renda fixa não garante tão bons resultados. A
escolha da renda variável deve ser pelos setores mais promissores e pelas melhores empresas dentro
destes setores.
Diversifique. Tenha renda fixa, renda variável e imóveis. A renda fixa formará um colchão de segurança
necessário para dar tranquilidade em épocas ruins, a renda variável trará velocidade de enriquecimento
e os imóveis, receitas recorrentes a serem reaplicadas.
Mantenha-se atualizado e atuante. O mundo está em constante mutação, sejam elas macro ou
microeconômicas. As verdades de hoje serão as dúvidas de amanhã, a atualização é uma necessidade.
Mas de nada adianta saber se o conhecimento não for acionado, portanto, é preciso sair da comodidade
de perguntar o que fazer e passar a fazer você mesmo.
Bons investimentos!
*Mauro Calil é palestrante, educador financeiro, fundador da Academia do Dinheiro, e autor dos livros
“Separe uma verba para ser feliz” e “A receita do bolo”.
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