Maio de 2002 1 Vitrine da arte latino-americana que guardam um sentido simbólico para a produção artística. Basta lembrar que a terceira edição, além de ocupar o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), criou a Cidade dos Contêineres, às margens do Rio Guaíba, e contou com intervenções e per formances em espaços públicos. A questão da regionalidade será tratada na IV Bienal como um tema atual que se contrapõe a uma falsa noção de universalismo, com a preservação das raízes do artista e da arte. O México será o país homenageado, onde o curador Nelson Aguilar vê farto material arqueológico plástico, que se transforma até os dias de hoje. Também estarão presentes, além do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. O presidente da Fundação Bienal, Renato Malcon, já está em plena atividade para a captação de recursos, mobilizando vários segmentos da comunidade gaúcha e brasileira. A idéia é ampliar o leque de patrocinadores e comprometer cada vez mais autoridades e população com um dos maiores eventos de artes plásticas da América Latina. Schools schedule supervised visits A showcase for Latin American Art A IV Bienal de Artes Visuais do Mercosul já está lançada. Um rico panorama de cores e formas será mostrado ao público de outubro a dezembro de 2003, em Porto Alegre. O crítico de arte paulista Nelson Aguilar, curador-geral, elegeu a arqueologia contemporânea como o fator aglutinador e narrativo dentro da produção latino-americana. Este tema já esteve latente nas edições anteriores, uma vez que a arte tende a incorporar e reinterpretar o espaço, individual e coletivo, e redimensionar o tempo, no movimento constante de passado e presente. As três Bienais do Mercosul promoveram uma efetiva integração entre a arte, a cidade e os seus habitantes. O público reconheceu a importância de um evento deste tipo, que extrapola os limites dos espaços de exposição e abarca todo o território urbano. A arte latino-americana mostrou sua sintonia com o entorno físico e provocou a redescoberta do espaço cotidiano. Esta proposta se materializou com a ocupação não só de salas museológicas, mas dos locais Escolas agendaram visitas com a presença de monitoria The Mercosul Visual Arts Biennial Exhibition is launched. A rich panorama of colors and shapes in the arts will be shown to the public from October to December 2003. The São Paulo art critic, Nelson Aguilar, general curator, chose contemporary archeology as the agglutinating factor and narrative for the Latin American production. This was a latent theme in the previous Biennials, as art tends to incorporate and reinterpret individual and collective space and redimension time in the constant movement of past and present. The three Mercosul Biennials promoted a real integration of art, the city and its inhabitants. The public recognized the importance of an event of this type that goes beyond limits of exhibition spaces and embraces all the urban territory. Latin American art syntonized with the physical surroundings and caused the rediscovery of everyday space. This proposal materialized in the occupation of not only museum rooms, but also of localities that retain a symbolic sense for artistic production. Just remember that the third Biennial occupied the Rio Grande do Sul Museum of Art (Margs), created the Container City at the docks and had interventions and performances in public spaces. The question of regionalism will be treated as a current theme that opposes a false notion of universalism, with the preservation of the artists´ and art´s roots. Mexico will be the most celebrated country because curator Nelson Aguilar sees the redimensioning of time there in the constant movement from past to present. Besides Brazil, Argentina, Bolivia, Chile Paraguay, Peru and Uruguay will also be present. The president of the Biennial Foundation, Renato Malcon, is already working hard at fund raising mobilizing several segments of the Rio Grand do Sul and Brazilian community. The idea is to widen the range of sponsors and involve ever more the authorities and population in one of the biggest arts event in Latin America. 2 Consolidar e ampliar o espaço conquistado pelas três primeiras Bienais do Mercosul, com vistas a sua maior participação no circuito internacional das artes, é tarefa prioritária na preparação de sua quarta edição. Já confirmada como grande mostra nacional e latinoamericana, cabe agora inscrever sua relevância no plano mundial, criando uma intensa mobilização e comprometimento de todos os segmentos envolvidos e beneficiados com este rico panorama artístico — governantes, políticos, empresários, artistas, produtores culturais e comunidade em geral. Este projeto busca não só propiciar o acesso de todos à obra de arte, como também promover o intercâmbio entre os países da América Latina, resgatando uma produção que já vem se impondo diante dos grandes centros de difusão cultural. Os números falam por si. Em sua terceira edição, a Bienal do Mercosul registrou mais de 600 mil visitantes, além de contar com o envolvimento de produtores, curadores e críticos de arte de diversos países. Os benefícios para Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil e América do Sul são inúmeros. Desde o estímulo à consciência sensível e crítica no trato da questão cultural até a intensa movimentação turístico-econômica. Como um evento exitoso desde o início, a próxima edição da Bienal do Mercosul deve ser fruto de um mutirão dos múltiplos segmentos que têm responsabilidade pela promoção da cidadania. Em seis anos, a megamostra tornou-se um dos maiores patrimônios culturais da América Latina. É hora de posicioná-la de forma mais efetiva nos planos nacional e internacional. Os gestores da Fundação Bienal assumiram este compromisso com as comunidades gaúcha, brasileira e latino-americana. Renato Malcon Presidente da Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul/ President of the Mercosul Visual Arts Biennial Foundation Editorial Editorial The main task in preparing for the fourth Biennial is consolidating and amplifying the space conquered by the three first Mercosul Biennials with a view to greater participation on the international art circuit. Already confirmed as a great Brazilian and Latin American exhibition, the relevance of this exhibition must now be imprinted on the world plan, creating an intense mobilization and commitment from all the segments involved and benefited by this rich artistic panorama – governors, politicians, businessmen, artists, cultural producers and the community as a whole. This project aims not only to give access to works of art to everyone but also promote exchange among the Latin American countries, salvaging a production that has already imposed itself in the large centers of cultural diffusion. The numbers speak for themselves. In its third exhibition, the Mercosul Biennial registered more than 600 thousand visitors as well as the involvement of producers, curators and art critics from various countries. It brings innumerous benefits to Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil and South America, ranging from the stimulation of the sensitive conscience and criticism in dealing with the cultural issue to intense tourist and economic movement. Successful from the start, the next Mercosul Biennial will be the fruit of a joint effort from multiple sectors that appreciate art and are responsible for the promotion of citizenship. In six years, the mega-exhibition has become one of the great cultural properties of Latin America. It is time to place it more effectively on the national and international agenda. The Biennial Foundation managers have made this commitment to the Rio Grande do Sul, Brazilian and Latin American population. Da esquerda para a direita, Justo Werlang, Jorge Gerdau Johannpeter, Ivo Nesralla, Renato Malcon (Presidente), Sérgio Saraiva e Jayme Sirotsky integram o Conselho da Fundação Bienal, formada por 21 personalidades Left to right, Justo Werlang, Jorge Gerdau Johannpeter, Ivo Nesralla, Renato Malcon (President), Sérgio Saraiva and Jayme Sirotsky, part of the Biennial Foundation Council formed by 21 personalities Obra do artista gaúcho multimídia, Rafael França, homenageado na III Bienal. Falecido precocemente, aos 34 anos, foi considerado um dos pioneiros no campo da videoarte. Abandonando os suportes tradicionais, desenvolveu farta experimentação de meios eletrônicos. Sua intenção sempre foi explorar a interatividade, propondo que o público desse uma resposta ativa aos seus questionamentos humanos e artísticos. Work by the Rio Grande do Sul multimedia artist, Rafael França, was featured at the 3rd Biennial. He died early aged 34, and was considered one of the pioneers in the field of video art. Abandoning traditional supports, he developed wide experimentation in the electronic media. His intention was always to explore interactivity, proposing that the public respond actively to his human and artistic questionings. 3 “A obra tem que dizer que é arte” do México, foi escolhido o crítico Agustin Arteaga. Na mostra da Argentina, foram definidos os nomes de Adriana Rosemberg e Jorge Glusberg. Haverá, ainda, uma grande mostra transversal temática, na qual estará envolvido o crítico alemão Alfons Hug, curador da 25ª Bienal de São Paulo. “A primeira coisa que a obra tem que dizer é que é arte. A singularidade é a sua qualidade”, coloca Aguilar como parâmetro para eleger trabalhos e artistas. Por este critério, com um número excessivo de obras a mostra passaria a ser um “mostruário”. O curador pretende que a arte passe por todo o território, debatendo uma questão que é arqueológica no sentido de passado-presente. “É preciso criar a desabitualização na comunidade. Um novo olhar sobre o entorno”, afirma. Um conceito recorrente na sua proposta curatorial é a transumância, como característica fundamental da formação da América Latina, com seu constante movimento de migração. Este dado ganha maior destaque, segundo ele, no momento em que o Primeiro Mundo fecha suas portas. “Todo fechamento político leva a um empobrecimento da cultura.” Em contrapartida, ele vê no Brasil um momento de aber tura muito propício à reafirmação da arte. “Quando a produção artística deixa de subverter, vira monumento.” Aguilar quer que a arte ocupe todo o território Aguilar wants art to occupy all the territory “The work has to say that it is art” O principal compromisso do curador-geral da IV Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Nelson Aguilar, é apresentar uma mostra inédita. A questão da arqueologia contemporânea será o foco narrativo desta edição, na qual a continuidade aparece subjacente a toda aparente ruptura. “Trata-se da autoconsciência artística”, define Aguilar. A questão da regionalidade aparece para romper com o universalismo absoluto, que se coloca superado. “A arte não tem raízes aéreas. Ela está, de alguma forma, fixada no tempo e no espaço.” Nesta empreitada, Aguilar contará com o crítico Franklin Pedroso, como curador-adjunto. Na IV Bienal, o México será o país homenageado, pois, segundo Aguilar, do ponto de vista sociológico, estaria no cume da pirâmide artística, pela rica produção que resgata a ancestralidade. “Sempre houve uma vida cultural intensa no México”, diz. Ele elegeu o artista José Clemente Orozco como o porta-voz da poética mexicana, pois simboliza a contestação radical com preocupações histórico-filosóficas. “Orozco não se deteve numa problemática nacionalista, abordou questões mais complexas, de intensa reflexão artística”, diz. Esta edição do evento terá uma exposição de cada país participante, com a presença de ícones que façam a ponte do moderno para o contemporâneo e de curadores específicos. No caso The main commitment of the general curator of the 4th Mercosul Visual Arts Biennial Exhibition, Nelson Aguilar, is to present an exhibition of new works. The question of contemporary archaeology is the narrative focus of this Biennial, where continuity seems subjacent to all the apparent ruptures. Aguilar defines it as “the artistic self conscience”. The question of regionalism appears to break with absolute universalism, which he considers past. “Art does not have regional roots. It is, in some way, fixed in time and space”. In this undertaking, Aguilar counts on the critic Franklin Pedroso as assistant curator. Mexico will be the most celebrated country, as, according to Aguilar, it is at the top of the artistic pyramid from the sociological point of view because of its rich production that revives atavism. “There has always been an intense cultural life in Mexico,” he says. He chose the art critic Jose Clemente Orozco as the Mexican poetic spokesman because he symbolizes the radical contestation with historical and philosophical issues. “Orozco does not concern himself with nationalist problems but faces broader issues of intense artistic reflection”, he said. This Biennial will have an exhibit from each participating country with icons that bridge the modern to the contemporary and specific curators. In the case of Mexico, the critic Agustin Arteaga was chosen. Adriana Rosemberg and Jose Glusberg were chosen for the Argentinean exhibition. There will also be a large transversal thematic exhibition in which the German critic Alfons Hug, curator of the 25th São Paulo Biennial will be involved. “The first thing a work must say is that it is art. The uniqueness is its quality”, say Aguilar as the parameter for choosing works and artists. By this criteria, an excessive number of works would make the exhibition just a showroom. The curator intends that art goes through all the territory, debating a question that is archaeological in the sense of past-present. “It is necessary to create the unusual in the community. A new was of looking at the surroundings”, he states. A recurring concept in the curatorial proposal is migration as the fundamental characteristic in the formation of Latin America with its constant migration movements. This fact becomes even more important, he believes, when the First World closes its doors. “Every political closure leads to cultural impoverishment.” On the other hand, he sees in Brazil a moment of opening very propitious for art reaffirmation. “When artistic production no longer subverts, it becomes a monument.” 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul / 3rd Mercosul Visual Arts Biennial Exhibition Uma experiência inédita em termos artísticos foi realizada no Hospital Psiquiátrico São Pedro, com performances que proporcionaram ao público uma verdadeira viagem sensorial. Considerado um dos prédios históricos da cidade e parcialmente desativado, sofreu um processo de apropriação artística, que resgatou a ambigüidade entre a loucura e a lucidez, entre a beleza e o sofrimento. A new experience in artistic terms happened in the São Pedro Psychiatric hospital, with performances that gave the public a truly sensorial trip. Considered one of the historic buildings in the city and partially de-activated, it underwent a process of artistic appropriation, that salvaged the ambiguity between madness and lucidity, beauty and suffering. 4 Nelson Aguilar A Bienal do Mercosul promove uma revolução no circuito artístico nacional e internacional. O universalismo abstrato das exposições tradicionais perde o sentido de implantação, de malha de caminhos que articula o dizer da comunidade. Porto Alegre toma para si a responsabilidade de se constituir na praça onde se reúnem as energias sensíveis da América Latina. Em sua quarta edição, a Bienal pretende rastrear a arqueologia contemporânea, o arcaísmo na inovação. Haverá mostras especiais que priorizam as origens de diversos comportamentos artísticos e mostras de países par ticipantes, nas quais a prospecção se entrelaça à longa duração. Quanto mais avança ao futuro, mais a arte cria instrumentos de decifração do remoto. O florescimento dos museus do homem nos últimos cem anos está em estreita relação com o expressionismo, o cubismo, o pop art, o pós-moderno. O Novo Mundo sempre se desenvolveu em torno da imigração. O homem entra pela Beríngia, região conformada pelo extremo leste siberiano, pelo extremo oeste do Alaska e pelo atual estreito de Bering, entre 20 mil e 17 mil anos atrás, e ocupa todo o continente. A transumância torna-se um emblema americano, sobretudo abaixo do Rio Grande, onde a coexistência entre os primeiros habitantes e imigrantes abre um paradigma de convivência para o mundo. Cada país latino-americano inaugura um modo de ser. Esse será o foco narrativo da IV Bienal. No momento em que os Estados Unidos e a Europa tendem a se fechar sobre si mesmos, cumpre aos daqui permanecer em vigília cívica pelo direito de todos, e a arte tem o poder de congraçar a humanidade por vias de comunicação direta, colocando em causa os sentidos na tríplice acepção sensorial, significativa e direcional. A Bienal tem a intenção de trabalhar sua marca, suas instalações com os designers, arquitetos e artistas dos países vizinhos. Somente pela abertura é consignado à comunidade seu próprio espírito. Nesse patamar, a arte revela aos cidadãos o trato com a cidade, o meio ambiente e o patrimônio natural e cultural. O evento recebe o México como país convidado, ciente de contar com a nação que ofereceu exemplo ao mundo, cedendo as paredes públicas aos artistas para narrar os feitos de sua autodeterminação. Nelson Aguilar Curador-Geral da IV Bienal do Mercosul Doutor pela Faculté de Philosophie de l’Université Jean Moulin (Lyon III), com a tese Figuration et spatialisation dans la peinture moderne brésilienne: le séjour de Vieira da Silva au Brésil-1940/47), 1984 Curador-Geral da exposição Brasil 500 anos artes visuais, 1997/2002 Curador-Geral da Fundação Bienal de São Paulo, 1992/96 Professor Assistente de História da Arte no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Unicamp (SP) Professor Assistente de História da Arte na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da USP (1985/88) Pesquisador do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) junto à Escola de Arquitetura de Grenoble (1990) e na cidade de Lyon, França (1981/84) Pesquisador do CNPq e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em Paris e Amsterdã (1988) Pesquisador da Fundação Calouste Gulbenkian (Portugal), em Lisboa e Paris (1976/78 e 1980) Paradigm of conviviality for the world Paradigma de convivência para o mundo The Mercosul Biennial promotes a revolution in the national and international art circuit. The abstract universalism of the traditional exhibitions looses the sense of implantation, to walk the paths that articulate community talk. Porto Alegre is the meeting place for all the sensitive energies of Latin America. In its fourth exhibition, the Biennial intends to screen contemporary archaeology, archaism in innovation. There will be special exhibitions that prize the origins of several artistic behaviors and exhibitions from participating countries where the prospecting intertwines with the long term. The more we advance to the future, the more art creates instruments to decipher the remote. The flourishing of museums of man over the last hundred years is strongly related with expressionism, cubism, pop art, post-modernism. The New World has always developed around immigration. Man entered by Beringia, extreme east of Siberia, the extreme west of Alaska and the present Bering Strait, between 20 and 17 thousand years ago, and occupied the entire continent. Migration became an American emblem, especially south of the Rio Grande, where coexistence between the first inhabitants and immigrants opened a paradigm of conviviality for the world. Each Latin American country has inaugurated a way of being. This will be the narrative focus of the IV Biennial. At the moment when the United States and Europe tend to close in on themselves, we here must keep civil vigilance for the rights of all and art has the power to unite humanity through direct communication paths by discussing the significance of the 5 Cultura de apoio à cultura and directional. The Biennial intends to work its name, its installation with the designers, architects and artists from the neighboring countries. Only by opening is a community consigned its own spirit. On this patamar, art reveals to citizens the treatment of the city, the environment and the natural and cultural heritages. The event receives Mexico as the guest country, aware that it can count on the nation that gave the world the example of ceding public walls to artists to narrate the events of its self-determination. Nelson Aguilar Nelson Aguilar General-Curator of the 4th Mercosul Biennial Doctorate from the Faculty of Philosophy at the Jean Moulin University (Lyon III), with the thesis Figuration et spatialisation dans la peinture moderne brésilienne: le séjour de Vieira da Silva au Brésil1940/47, 1984 General Curator of the exhibition, Brazil, 500 years of Visual Arts 1997/2002 General Curator of the São Paulo Biennial Foundation, 1992/96 Assistant Professor of Art History at the Institute of Philosophy and Human Sciences at Unicamp (SP) Assistant Professor of Art History at the Faculty of Architecture and Urbanism at USP (1985/88) Researcher of CNPq – National Council for Scientific and Technological Development at the Grenoble School of Architecture (1990) and in Lyon, France (1981/84) CNPq researcher at the São Paulo Foundation for Support to Research in Paris and Amsterdam (1988) Researcher at the Calouste Gulbenkian Foundation (Portugal), in Lisbon and Paris (1976/78 and 1980) Culture to support culture triple meaning sensorial, significant Na pauta de preparação da IV Bienal, é item prioritário a captação de recursos junto à iniciativa privada, de forma organizada e planejada, visando dar ao evento amplas condições financeiras, não só de viabilidade, mas também de expansão dos projetos definidos. O presidente da Fundação Bienal, Renato Malcon, aposta na força do marketing cultural para sensibilizar novos patrocinadores, a exemplo do que já acontece com o pool de empresas que vêm apoiando o evento. “O investimento em cultura traz inquestionáveis vantagens às marcas das empresas. Gera credibilidade e reconhecimento por parte do público.” Com esta ótica foi contratada a Articultura, empresa especializada em planejamento estratégico na área de marketing cultural e que foi responsável pela captação de recursos da Mostra do Descobrimento, por ocasião da passagem dos 500 anos do país. Além disso, Malcon quer mudar a mentalidade no que diz respeito ao atrelamento dos patrocínios às vantagens oferecidas pelas leis de incentivo fiscal. Ele cita como exemplo justamente a Mostra do Descobrimen- to, na qual mais de 70% dos R$ 60 milhões obtidos foram recursos não-incentivados. O objetivo é promover o que poderia ser definido como a cultura do apoio à cultura. A meta objetiva e imediata para a quarta edição da Bienal é arrecadar cerca de R$ 10 milhões através das leis federal e estadual de incentivo fiscal. Assim, já estariam sendo dobrados os recursos da edição anterior. Além disso, serão buscadas outras cotas pelo patrocínio puro e simples. E, por fim, ampliar o leque geográfico, contatando as empresas do centro do País. “Queremos que todos os empresários tenham receptividade ao nosso projeto”, diz Malcon. A mesma posição é compartilhada pelo atual vice-presidente da Fundação, Justo Werlang. Ele entende que o apoio à cultura é uma questão de responsabilidade social e que propicia amplo retorno. “O marketing cultural atinge diretamente a idéia que o público faz da marca de uma empresa.” A priority item on the preparation agenda of the 4th Biennial is the planned and organized raising of funds from private initiative to give the event a comfortable financial position, not only for viability, but also for expansion of defined projects. The president of the Biennial Foundation, Renato Malcon, believes in the force of cultural marketing to sensitize new sponsors, which is already happening with a pool of firms that have been supporting the event. “Investment in culture brings unquestionable advantages to company names. It creates credibility and recognition on the part of the public.” Within this framework Articultura was contracted, a São Paulo firm specialized in strategic planning in the area of cultural markets that was responsible for raising funds for the Discovery Exhibition, when Brazil celebrated its 500 years. Furthermore, Malcon wants to change the mentality regarding linking sponsorship to advantages offered by the tax incentive laws. He quotes as an example the Discovery Exhibition, where more than 70% of the R$ 60 million obtained were non-incentive funds. Based on this important information, the objective is to promote what could be defined as a culture to support culture. The objective and immediate aim for the fourth Biennial is to raise about R$ 10 million through Federal and State tax incentive laws, which is double the funds of the previous Biennial. Furthermore, other sums would be raised by pure and simple sponsorship. And finally, the geographic base will be broadened by contacting companies from Central Brazil. “We want all businessmen to be receptive to our project”, says Malcon. The present vice-president of the Foundation, Justo Werlang, shares this oppinion. He understands that support to culture is a question of social responsibility that brings good returns. “Cultural marketing directly affects the idea that the public has of the companies name.” 6 Marketing cultural constrói valor à marca O conceito de empresa-cidadã está presente no patrocínio dado pelo Grupo Ipiranga desde a primeira edição da Bienal do Mercosul. De acordo com o diretor de Marketing, Alfredo Tellechea, esta filosofia de atuação leva em conta que, para atingir o público-alvo, não basta oferecer produtos e serviços competitivos no mercado, é preciso “trabalhar causas nobres”. Neste sentido, o Grupo Ipiranga tem como norma o apoio às ações sociais, culturais e educativas. Ele dá especial ênfase à Bienal que, na sua visão, é um evento que pode ser acessado por toda a população, independentemente do poder aquisitivo. Homenageado com o prêmio Homem de Vendas 2001, da Associação de Dirigentes de Vendas do Brasil (ADVB), Tellechea acredita na força do marketing cultural. “É uma forma eficiente de construir valor para a marca de uma empresa”. Segundo ele, num país como o Brasil, em fase de maturação, estas iniciativas beneficiam a comunidade como um todo, propiciando um desenvolvimento contínuo e sustentável. “A cultura atende a uma demanda da sociedade, alavancando novas oportunidades de crescimento.” Neste sentido, entende que a Bienal do Mercosul deve ter o apoio das empresas que pretendem contribuir para o fortalecimento da cidadania. “A Bienal ampliou os horizontes do Rio Grande do Sul e de seus habitantes”, finaliza. Alfredo Tellechea, Homem de Vendas 2001, da ADVB Alfredo Tellechea, Sales Man 2001, of ADVB Bienal Mercosul/ Mercosul Biennial Promotores/Promoters Governo Federal – Ministério da Cultura – Lei Rouanet Governo Estadual – Secretaria da Cultura – LIC Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul Patrocinadores Beneméritos/ Benefactor sponsors CEEE Copesul Gerdau Governo do Estado – Convênio Governo Federal – FNC Ipiranga Vonpar / Coca-Cola Patrocinadores/Sponsors Abifarma Azaléia Banco Real Banco Santander CRT Elegê Alimentos / Avipal General Motors Lojas Colombo Lojas Pompéia Lojas Renner Opp-Petroquímica Petrobras Artes Visuais RBS Rio Grande Energia Souza Cruz Springer Carrier Stemac Grupos Geradores Trabalho Voluntário/ Voluntary Work Instituto da Mama do Rio Grande do Sul Ong Parceiros Voluntários Rotary Internacional Cultural marketing Apoiadores/ Supporters The concept of citizen-company is present in the sponsorship given by the Ipiranga Group since the first exhibition of the Mercosul Biennial. According to the Marketing director, Alfredo Tellechea, this action philosophy takes into account tha it is not enough to offer competitive products and services on the market to reach the target public, noble causes also have to be worked. In this sense, the Ipiranga Group has the norm to support social, cultural and educational activities. It gives special emphasis to the Biennial, that, in its vision, is the greatest cultural event in the state. “It is an event that is accessible to all the population regardless of their purchasing power ” . Awarded the prize Salesman 2001 from the Brazilian Association of Sales Representatives in Brazil (ADVB), Tellechea believes in the force of cultural marketing. “It is an efficient way to construct value for the name of a company”. And further, he assessed these incentives benefit the community as a whole in a country at the maturation stage like Brazil and provide continuous and sustainable development. Culture meets a demand by society, raising new opportunities for growth. In this sense, he understands that the Mercosul Biennial should be supported by companies that intend to contribute to the strengthening of citizenship. “The Biennial has widened the horizons of Rio Grande do Sul and its inhabitants”. APLUB, Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Banco Malcon, Caixa Econômica Federal, Empresa Jornalística Caldas Júnior, Casa de Cultura Mário Quintana, Companhia Carris Porto-alegrense, Companhia Zaffari, Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul, Corpo Consular Acreditado no Estado do Rio Grande do Sul, DC Navegantes, DEPREC, Dimed, Exitus Publicidade, Feira do Livro de Porto Alegre, Frasle, Fundação Memorial da América Latina, Grupo Edel, Grupo Iochpe, Habitasul, Hospital Psiquiátrico São Pedro, Marcopolo, Memorial do Rio Grande do Sul, Mercado Público de Porto Alegre, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, Lupatech, Panvel Farmácias, Prefeitura Municipal de Porto Alegre – Secretaria Municipal da Cultura, Randon, Rede Bandeirantes, Sonae, Terra, Theatro São Pedro, Ulbra, Unesco, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade de Caxias do Sul, Usina do Gasômetro, Varig, Vidrofort, Volkswagen A interação da obra com o público é marca recorrente da arte contemporânea. O produto artístico só ganha sentido na medida em que estabelece um jogo entre emissor e receptor, rompendo com o olhar passivo e possibilitando a intervenção direta. Na 3ª Bienal, os visitantes sentiram-se atraídos pela possibilidade de trabalhar com um dominó e modificar o espaço. The interaction of the work with the public as a manipulative game is a recurrent feature of contemporary cart. The artistic product only gains sense if a game is established between the emitter and receptor, breaking the passive gaze and enabling direct intervention. In the 3rd Biennial, the visitor felt attracted by possibilities of working with a domino and modifying space. 7 O delírio do Chimborazo união política, mas de emancipação através da estética. A Bienal do Mercosul, uma das mais recentes – porém não a menos impor tante das 50 que existem no mundo –, é um parágrafo crucial nesta nova carta. Se ela inicialmente foi pensada como pólo aglutinador do Cone Sul, ela é cada vez mais chamada a refletir sobre o destino do continente inteiro e seus vínculos com o resto do mundo. Deste modo, ela libera as energias criativas da América e dos outros continentes. Com esta bienal, seguimos os passos de Bolívar, do caudaloso Orinoco aos ombros gigantescos dos Andes, levando-nos ao “Delírio do Chimborazo”, aquele poema de Bolívar, no qual ele atinge a plena transcendência. Alfons Hug, curador da 25a Bienal Internacional de São Paulo Alfons Hug: “A Bienal libera as energias criativas da América” Alfons Hug: “The Biennial releases the creative energies of America” Chimborazo´s delirium “Seguramente la unión es la que nos falta para completar la obra de nuestra regeneración. Sin embargo, nuestra división no es extraña, porque tal es el distintivo de las guerras civiles formadas generalmente entre dos partidos: conservadores y reformadores. Los primeros son, por lo común, más numerosos, porque el imperio de la costumbre produce el efecto de la obediencia a las potestades establecidas; los últimos son siempre menos numerosos aunque más vehementes e ilustrados. De este modo la masa física se equilibra con la fuerza moral, y la contienda se prolonga, siendo sus resultados muy inciertos. Por fortuna entre nosotros, la masa ha seguido a la inteligencia.” (Simón Bolívar, Car ta de Jamaica, 1815) Em sua famosa “Carta da Jamaica”, o libertador Simón Bolívar – que conquistou metade do continente sul-americano – deplora a falta de união entre os povos americanos, mais especificamente do continente austral. Propõe várias estratégias que, ao longo das décadas, não tiveram sucesso. Se hoje existe uma verdadeira possibilidade de união do continente, uma Moderna Carta da Jamaica, ela se exprime melhor nos eventos culturais e, sobretudo, nas bienais de arte, que contêm uma mensagem não só de “Certainly union is lacking to complete the work of our regeneration. Nonetheless, our division is not strange, because it is the distinctive in civil wars formed generally between the parties: conservatives and reformers. The first are usually more numerous because the empire of custom produces the effect of obedience to the established powers; the latter are always less numerous although more vehement and illustrious. Thus the physical mass balances the moral fury and the dispute continues, and its results are very uncertain. Fortunately for us, the mass has followed the intelligence”. (Simón Bolívar, Letter from Jamaica, 1815). In his famous “letter from Jamaica” the liberator Simón Bolívar, who conquered half the South American continent, deplores the lack of union among the American peoples, most specifically on the southern continent. He proposes several strategies that over decades were not successful. If there is today a true possibility of union on the continent, a Modern Letter from Jamaica, it is best expressed in cultural events and above all, in the art biennials that contain a message not only of political union, but also of emancipation through aesthetics. The Mercosul Biennial, one of the most recent, but not the least important, of the 50 in the world, is a crucial paragraph in this new letter. If it was initially thought of as the agglutinating pole of the South Cone, it is evermore called to reflect on the destiny of the whole continent and its links with the rest of the world. Thus it liberates the creative energies of America and the other continents. We follow in Bolívar´s steps with this biennial, from the overflowing Orinoco to the giant shoulders of the Andes, taking us to “Chimborazo´s delirium” the poem by Bolivar where he attains full transcendence. Alfons Hug, curator of the 25th São Paulo International Biennial 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul / 3rd Mercosul Visual Arts Biennial Exhibition No Espaço Pôr-do-Sol, às margens do rio Guaíba, foram instaladas obras de diversos artistas, num verdadeiro abraço da arte com a cidade. A paisagem física mostrou-se o cenário para a criação humana. Incorporadas ao entorno físico, as obras revelam imagens cotidianas transformadas, que causam estranhamento aos passantes. As indagações: “o que foi que mudou? o que me chamou a atenção?” fazem parte deste diálogo. Works by various artists were installed in the Sunset Space, on the banks of the Guaíba river, in a real hug from art to the city. The physical landscape was the setting for human creation. Incorporated in the physical surroundings, the works show transformed scenes from every day life, that passersby find strange. The comments ‘What has changed? What caught my attention?´ are part of this dialogue. As Bienais do Mercosul Fundação de Artes Visuais do Mercosul/ Mercosul Visual Arts Foundation Conselho de Administração/ Administrative board II Bienal III Bienal 1998 2000 2001 Visitantes 290.000 295.000 604.000 Artistas 275 200 129 Obras 842 370 400 Países 7 7 7 País homenageado Venezuela Colômbia Peru Artista homenageado Xul Solar Iberê Camargo Rafael França The Mercosul Biennials I Bienal I Bienal II Bienal III Bienal 1998 2000 2001 Visitors 290.000 295.000 604.000 Artists 275 200 129 Works 842 370 400 Countries 7 7 7 Honoured country Venezuela Colombia Peru Honoured artist Xul Solar Rafael França Iberê Camargo Catálogo à venda Catalog on sale Com impecável qualidade gráfica e editorial, o catálogo geral e das salas especias da III Bienal do Mercosul podem ser adquiridos na sede da Fundação Bienal e na Arteloja do Margs. Com 287 páginas trilíngue (português-espanhol-inglês), traz belas imagens das mostras com textos do curador-geral, Fábio Magalhães, e dos curadores de cada país participante, além de breve curriculum dos artistas. Of impeccable graphic and printing quality, the 3rd Mercosul Biennial General and the special Salons Catalog can be acquired at the Biennial Foundation office and at the Margs Arteloja. It contains 287 pages, is trilingual (Portuguese – Spanish – English) and has beautiful pictures of the exhibits with texts by the curator general, Fábio Magalhães, and the curators of each of the participating countries, as well as a brief summary of the artists. Adelino Colombo Elvaristo Teixeira do Amaral Eva Sopher Hélio de Conceição Fernandes Costa Horst Ernst Volk Ivo Abraão Nesralla Jayme Sirotsky João Vontobel Jorge Polydoro Jorge Gerdau Johannpeter José Luiz Marques Júlio Ricardo Andrighetto Mottin Justo Werlang Luiz Carlos Mandelli Luiz Fernando Cirne Lima Michael Ceitlin Paulo Amaral Péricles de Freitas Druck Raul Anselmo Randon Renato Malcon Sérgio Silveira Saraiva William Ling Conselho Fiscal/Financial board Geraldo Hess Jairo Coelho da Silva Mário Espíndola Ricardo Russowsky Wilson Ling Presidente/President Renato Malcon Curadoria/Curator Curador Geral/General curator Nelson Aguilar Curador Adjunto/Assistant curator Franklin Pedroso Comitê Superior de Planejamento Estratégico Committee of Strategic Planning Abe Thomas Hughes André Loiferman Carmen Luiza Conter Ferrão Eduardo Bier Côrrea Eduardo Logemann Geraldo Hess Jones Bergamim Jorge Buneder Jorge Ribeiro José Gallo José Portela Nunes Lauro Schirmer Luiz Carlos Piva Mario Espíndola Meyer Joseph Nigri Paulo Gasparotto Roger Wright Vera Pellin D’avila Vicente José Rauber Wrana Panizzi Diretoria/Board of Directors Presidente/ President Renato Malcon Vice-Presidente/Vice President Justo Werlang Diretores/Directors Alfredo Tellechea André Jobim de Azevedo Gilberto SoaresMachado José Paulo Soares Martins Luiz Flaviano Feijó Renato Rizzo Ricardo Menna Barreto Felizolla Roberto André Dreifus Rodrigo Vontobel Expediente/Editorial staff Revista Bienal Mercosul – Rua dos Andradas, 1234 conj. 1008 CEP 90020-008 – Porto Alegre – RS – Brasil [email protected] www.bienalmercosul.art.br Coordenação/Coordination: Neiva Mello Comunicação Empresarial – Redação/Texts: Clarissa Berry Veiga – Tradução/Translation: Adrienne Hurley Ferraz de Toledo – Produção e Execução/Planning and production: Plural Comunicação Esta publicação integra a edição nº 37 da Revista Aplauso/ This publication integrates the 37 edition of the Aplauso magazine