Arte para todos
A média superior a 100 mil visitantes por semana antecipa que a
4ª Bienal do Mercosul receberá
mais de um milhão de pessoas até
o dia 7 de dezembro. Atrações não
faltam. Com 76 artistas de 13 países, a mostra consolida-se como o
maior e mais importante evento de
arte latino-americana contemporânea. Pelos espaços expositivos já
passaram o Presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, o Governador Germano Rigotto, embaixadores, ministros e secretários de Estado. No
dia 30 de outubro foi a vez do
Ministro da Cultura, Gilberto Gil,
conhecer a Supercuia de Saint Clair
Cemin, na Usina do Gasômetro,
ensaiar passos de dança no cais,
visitar Orozco, no Margs, e se emocionar ao som da Ospa interpretando canções de sua autoria no
Santander Cultural.
Mas a grande satisfação dos
organizadores está no entusias-
mo do público jovem, principalmente dos escolares atendidos
pelo programa Ação Educativa,
que chegam de várias partes do
estado. “A romaria de estudantes de todas as classes sociais consagra o princípio da democratização da arte”, comentou o Presidente da Fundação Bienal, Renato Malcon. O acesso gratuito possibilita que qualquer cidadão, independente de classe social, troque impressões com Cemin,
Orozco, Abramo, Verger, Matta,
Berni ou María Freire, nas mostras icônicas. Ou conheça as exposições transnacionais O Delírio do
Chimborazo, Arqueologia das
Terras Altas e Baixas e Arqueologia Genética. Ou, ainda, as mostras nacionais. Se o interesse for a
pesquisa, o cais oferece, no armazém A-7, um espaço para professores e visitantes interessados em
aprender mais sobre a Bienal.
Art for everybody
Novembro de 2003
9
The average of more than 100 thousand visitors
per week anticipates that the 4th Mercosul
Biennial will have received more than a million
people till 7th of December. There are many
attractions. With 76 artists of 13 countries, the
exhibition consolidates itself as the biggest and
the most important event of contemporaneous
Latin-American Art. Through the exhibition have
passed President Luiz Inácio Lula da Silva, the
Governor Germano Rigotto, embassies, ministers
and secretaries of states. On October 30th, the Minister of
Culture, Gilberto Gil came to visit the ‘Supercuia’ of Saint Clair
Cemin, at Usina do Gasômetro, to rehearse some dance steps
at the pier, visit Orozco, at Margs, and get moved listening
to Ospa interpreting his songs at Santander Cultural.
But the great satisfaction of the organizers is the enthusiasm
of the young people, mainly those from the schools attended
by the ‘Ação Educativa’ program, which came from many
parts of the state. “The pilgrimage of students of all social
classes consecrates the principle of art democratization”,
commented the President of the Biennial Foundation, Renato
Malcon. The free access enables that any citizen, independent
of his/her social class, exchanges impressions with Cemin,
Orozco, Abramo, Verger, Matta, Berni or María Freire, in the
icon shows. Or knows the trans-nationals exhibitions
‘O Delírio do Chimborazo, Arqueologia das Terras Altas
e Baixas and Arqueologia Genética’. Or even the National
Exhibitions. If the interest resides on research, the pier offers
in the warehouse A-7 a space for teachers and visitors
interested in learning more about the Biennial.
2
Editorial
Lívio Abramo
Série Caballos, 1977
Aquarela
Lívio Abramo
Série Caballos, 1977
Aquarelle
Gilberto Gil e Renato
Malcon visitam
a instalação
Arqueologia Genética,
criada por Sérgio
Pena e Ary Perez
Gilberto Gil and Renato
Malcon visit to the
installation Arqueologia
Genética, created
by Sérgio Pena
and Ary Perez
Silva na abertura da Bienal:
“O povo brasileiro não gosta
só de samba e carnaval, gosta
de arte também”. Basta abrirmos as portas dos museus e
das galerias e lá estarão, ao
lado dos intelectuais, os que
nunca observaram de perto
uma obra de arte. Por todo esse
esforço, a 4ª Bienal do Mercosul
espera alcançar um milhão de
visitantes até o encerramento, em 7 de dezembro. Uma
conquista inédita para as artes plásticas.
Neste contexto, vale citar
também o que disse o Ministro
da Cultura Gilberto Gil ao percorrer a exposição no último
dia 30 de outubro: “A história
do Rio Grande do Sul vem se
caracterizando por dar exemplos para todo o Brasil de
aglutinação e solidariedade”. É
com esse espírito que construímos a 4ª Bienal do Mercosul e é
pensando na participação de
todos que trabalhamos desde
já na edição de 2005.
Renato Malcon
Presidente da Fundação
Bienal de Artes Visuais
do Mercosul
Editorial
A 4a Bienal do Mercosul foi
pensada como um evento cultural extensivo a toda a população. Através de um imenso esforço da Fundação, dos governos estadual e federal e dos parceiros patrocinadores do evento, obtivemos sucesso em nosso
intento de franquearmos o ingresso ao público, abrindo a
possibilidade a qualquer cidadão conhecer e questionar sua
própria história, pelos caminhos
da Arqueologia Contemporânea, tema central da mostra.
Mas isso ainda era pouco. Precisávamos encorajá-los a cruzar
os grandes portões dos espaços expositivos.
Fomos, então, às escolas,
muitas delas da periferia, com
o programa Ação Educativa.
Orientamos professores, formamos educadores e mediadores,
incentivamos a participação de
crianças e adolescentes, enfim,
de toda a comunidade. Com o
patrocínio da Petrobras, Refap
e apoio da Prefeitura Municipal
de Porto Alegre, colocamos ônibus gratuitos ao transporte de
escolares.
Além disso, uma ampla
campanha publicitária criada
pela Dez Propaganda mostra
pessoas da comunidade ao lado
de obras de arte da exposição.
O slogan A gente se encontra
na Bienal reforça a idéia de
que esta é uma mostra acessível a todos.
A arte não tem credo, raça,
ideologia ou religião. Não faz
distinções. Neste particular,
reafirmamos o que disse o
presidente Luiz Inácio Lula da
The 4th Mercosul Biennial was thought to be a cultural event
extensive to all people. Through an immense effort of the
Foundation, of the state and federal governments and of the
partners that sponsored the event, we succeeded in our
intention to pay the tickets to the public, so that any citizen
could enter, know and question his own history by the means of
the ‘Arqueologia Contemporânea’, central theme of the event.
But that was still little. We needed to encourage them to cross
the big gates of the exhibition spaces. So, we went to schools,
many of them in the suburbs, with the ‘Ação Educativa´
program. We orientated teachers, formed educators and
mediators, motivated the participation of children and
adolescents, and all the community as well. With the
sponsorship of Petrobras, Refap and with the support of the
Municipality of Porto Alegre, we offer buses for free to the
students. A big publicity campaign created by Dez Propaganda
shows people of the community standing beside the art work of
the Exhibition. The slogan We meet us at the Biennial, reinforces
the idea that this event is available for everybody. Art doesn’t
have creed, race, ideology or religion.
It doesn’t make any distinctions. At this particular point, we
reaffirm what was said by the President of Brazil, Luiz Inácio Lula
da Silva during the opening of the event: “Brazilian people don’t
like just samba and carnival, they like art, too”. With all this
effort, the 4th Mercosul Biennial expects to reach the number of
one million visitors till the end of the exhibition, on December
7th. Something never achieved before by the plastic art. In this
context, it’s worth saying here what was said by the Minister
of Culture, Gilberto Gil. “The history of Rio Grande do Sul has
been characterized for giving good examples to all the country
about agglutination and solidarity”. And it is with that spirit
that we form the 4th Mercosul Biennial, and thinking of the
participation of all that we have already begun working on
the edition of the year 2005.
Renato Malcon
President of the Mercosul Visual
Arts Biennial Foundation
3
A arte peregrina
e 1946, dedicando-se a registrar as festas andinas, entre as
quais se destaca o Carnaval de
Oruro, atualmente considerado pela Unesco patrimônio vivo da humanidade. Naquele
momento, Verger tinha somente a fotografia por ofício,
vivendo de direitos autorais,
por imagens postas em agências ou ilustrando álbuns de
países exóticos ou eventos especiais. A disponibilidade com
que se lança a cada viagem
pelo mundo tem algo de insubmissão à ordem burguesa adquirida na casa dos pais. O desterro é a vocação natural para
quem não aceita a escala de
valores que resulta nos morticínios europeus. O Ocidente
não tem lições a dar a ninguém. Os incas foram vencidos
pelos espanhóis, mas permanecem despertos, reavivando
a paisagem monocromática dos
Andes com as luzes da indumentária, deambulando pelos
mercados, onde tecidos, gêneros e utensílios atravessam as
barracas e as eras. Na objetiva
do francês, a sombra desempenha papel de testemunho incorpóreo, um estado avançado
de desmaterialização, em que
o étimo da luz recita suas orações. Essa espiritualização marca de dentro a luta entre o anjo,
a luz e o demônio etônico, marcado por uma maquiagem rica,
quase kabuki.
Nelson Aguilar
Curador-geral da
4ª Bienal do Mercosul
“Na objetiva do francês,
a sombra desempenha
papel de testemunho
incorpóreo”
“In Verger’s objective
lens, the shadow plays
the role of a incorporeal
witness.”
The pilgrim art
Lívio Abramo comparece a
4ª Bienal do Mercosul como
mestre da arte paraguaia. O
fato sustenta o orgulho dos
conterrâneos novos e antigos.
Deveria ser chamado brasiguaio, uma vez que se instala
em Assunção em 1962, depois
de seis anos de namoro. Há
uma afinidade profunda entre
sua arte e o espaço de convivência. O país adotado foi definido certa vez pelo nativo
Augusto Roa Bastos como uma
ilha cercada de terra. A gravura em sua manifestação nasce
ciente do invólucro gerativo e
o obstinado lavrador zela cuidadosamente por esse envoltório. Acontecem paisagens,
por assim dizer, pré-paraguaias
em várias séries brasileiras de
Lívio, pela elaboração constante das dominantes lineares horizontais e verticais que ecoam
o suporte, enriquecidas por
tensões diagonais que iriam
encontrar o apogeu com o ciclo das Chuvas. Paradoxalmente, sua gravura está entre
os espaços embrionário e público por força de sua reprodutibilidade. Ora, na história
do artista, um aspecto se alterna com outro. No início, o
político imperava sobre o artístico. Lívio milita primeiro na
esquerda ortodoxa e, a seguir,
na dissidência, tendo nesse percurso a companhia do maior
crítico de arte brasileira do século 20, Mário Pedrosa.
Pierre Verger, representando a Bolívia, dirigiu-se três
vezes àquele país, entre 1939
Lívio Abramo is present at the 4th Mercosul Bienial as the
master of paraguayan art. The fact sustains the pride of the
old and new fellow countrymen. It should be called brasiguaio,
once it has been installed in Asunción in 1962, after 6 years of
relationship. The adopted country was once defined by the
native Augusto Roa Bastos as an island surrounded by earth.
The picture in its manifestation comes to life aware of the
generative involucre and the obstinate ploughman cares
attentively to this wrapping. There are landscapes, so to say,
pre-paraguayan in many of the brazilian series of Lívio,
through the constant elaboration of the dominating vertical
and horizontal lines that echoes the support, enriched by
diagonal tensions, which would find its apogee with the cycle
of Chuvas (Rains). Paradoxically, his picture is between the
embryonic and public spaces because of its reproducibility.
Well, in the artist’s history, one aspect alternates with the
other. At the beginning, the politics dominated the artistic.
Lívio militates first in the orthodox left party and, right after,
in the dissidence, having, in this journey, the company of the
biggest critic of brazilian art of the 20th century, Mario
Pedrosa. Pierre Verger, representing Bolívia, went three times
to that country, between 1939 and 1946, dedicating himself to
register the andean festivities, being one of them outstanting,
i.e. Carnaval de Oruro, considered today by Unesco a vivid
patrimony of humanity. At that moment, Verger had only the
photography as his job, living from royalties, from images that
were brought to agencies, or illustrating albums of exotic
countries, or special events. The way he went on each trip by
the world has something of non-submission to the bourgeois
order acquired at home with his parents. The incas were beaten
by the spaniards, but they remain awaken, giving life to the
monochromatic landscape of the Andes, with the lights of the
costume rambling through the markets, where fabrics, food and
utensils cross the tents and the eras. In his objective lens, the
shadow plays the role of an incorporeal witness, an advanced
state of dematerialization, where the root of the light recites its
prayers. This spiritualization marks inside the fight among the
angel, the light and the demon, like a make-up kabuki.
Nelson Aguilar
General Curator of
4th Mercosul Biennial
4ª Bienal de Artes do Mercosul/ 4th Mercosul Visual Arts Biennial Exhibition
Pierre Verger
Carnaval, 1946
Fotografia
Pierre Verger
Carnaval, 1946
Photography
4
Uma arte que prescinde de pátria
An art that
renounces homeland
O artista brasileiro Lívio Abramo adotou o
Paraguai. O fotógrafo francês Pierre Verger
fez da Bahia sua segunda casa e captou pela
lente de sua câmara fotográfica imagens
espetaculares da Bolívia. Com os dois artistas
transnacionais, a Revista Bienal do Mercosul
encerra a apresentação das mostras icônicas.
The Brazilian artist Lívio
Abramo adopted Paraguay.
The French photographer
makes Bahia his second
home and captured with
the lens of his camera
marvellous images of
Bolívia. With these two
trans-nationals artists,
the Magazine Bienal
do Mercosul ends the
presentation of the
icon exhibition.
Lívio Abramo
A trajetória do gravador, ilustrador e desenhista Lívio Abramo
incorpora o discurso político, a temática social. Guarda um teor dramaticamente engajado, no início.
Coloca-se sob o signo do expressionismo quando refere os anos
iniciais de gravura (1930). Na ilustração de Pelos Sertões, de Afonso Arinos, publicado em 1949, já
está distante do conceito expressionista, derivando para um realismo formal, limpo e sintético. O artista que a Bienal do Mercosul expõe no Margs, no entanto, concentra-se na fase em que adota o
Paraguai como segunda pátria.
Abramo soube captar a intimidade do país implantado no centro
da América do Sul, procurando e
encontrando sua interioridade.
A exposição das coleções paraguaias da obra do gravador bra-
sileiro representa uma homenagem ao povo que o adotou. Nascido no interior paulista, em 1903,
mudou-se para Assunção em 1962
e lá se estabeleceu até sua morte,
em 1992. Da produção do artista,
o curador Javier Alcalá selecionou
as xilogravuras e aquarelas da série Caballos (1977 e 1984), entre
outras. “Lívio Abramo constitui
um referencial indissociável do cenário artístico de ambos os países. Desde seu primeiro contato
com o Paraguai, desempenhou
uma fértil influência sobre o processo cultural paraguaio, tarefa
que se deu em dois momentos: a
primeira se refere à influência que
o próprio meio exerceu sobre sua
obra; a segunda fala de seu íntimo e radical compromisso com a
cultura de sua pátria de adoção”,
explica Alcalá.
Pierre Verger
Carnaval, de 1946,
retrata a festa cultural
boliviana
Carnaval, from 1946,
shows the Bolivian
cultural festivity
Diablada, da mesma
série de Oruro:
reportagem e etnografia
Diablada, of the same
series of Oruro:
reportage and
ethnography
As imagens que o fotógrafo francês
Pierre Verger produziu na Bolívia, nos
anos 40, revelam um cenário surpreendente, justapondo feições indígenas com referências culturais que causam efeitos de
deslocamento de espaço e tempo. A 4ª
Bienal do Mercosul expõe no Memorial
do estado imagens do Carnaval de Oruro,
feitas provavelmente em 1946, antes do
fotógrafo se fixar na Bahia (Brasil), sua
pátria de adoção. “A obra de Verger é uma
rica confluência da reportagem fotográfica, da etnografia e da experimentação estética. Sua proposta consistia em obter registros da vida cultural corrente, como se
o autor não estivesse de maneira alguma
interferindo nas cenas observadas. As fotos de Verger nos transportam a Oruro.
Os diabos com chifres longos e pontiagudos recordam as máscaras de divindades
pré-colombianas”, escreve a professora da
Universidade Federal da Bahia, Cláudia
Pôssa.
5
The trajectory of the gravurer, illustrator and drawer Lívio
Abramo incorporates the political discourse, the social thematic.
It keeps a style that is very engaged at the beginning. It places
itself under the sign of expressionism when it refers to the first
years of gravure (1930). In the illustration Pelos Sertões, of
Afonso Arinos, published in 1949, he is far from the expressionist
concept, directing to a formal, clean and synthetic realism. However
this artist that the Mercosul Biennial exhibits at Margs, concentrates
on his phase in which he adopts Paraguay as his second homeland.
Abramo knew how to catch the intimacy of the this country placed in
the center of South America searching and finding his inwardness.
The exhibition of the Paraguayan collection of the work of this
Brazilian gravurer represents an homage to the people who
adopted him. He was born in the countryside of São Paulo in 1903,
and moved to Asunción in 1962 and settled there till his death,
in 1992. From his works, the curator, Javier Alcalá, selected the
xylographs and aquarelles from the series Caballos (1977 and
1984), among others. “Lívio Abramo constitutes a reference
we cannot dissociate from the artistic scenery of both countries.
Since his first contact with Paraguay, he performed a fertile
influence on the Paraguayan cultural process, which happened in
two different moments: the first one refers to the influence that
the environment itself had on his work; the second one tells about
his intimacy and the radical commitment with the culture of his
adopted country”, explained Alcalá.
Verger nasceu em Paris, em 1902,
mas o ano de 1932 foi decisivo em sua
vida. Aprendeu um ofício – a fotografia
– e descobriu uma paixão – as viagens.
Após incorporar as técnicas básicas, conseguiu a sua primeira Rolleiflex e, com a
morte da mãe, veio a coragem para se
tornar um viajante solitário. De dezembro de 1932 até agosto de 1946, foram
quase 14 anos consecutivos de viagens
ao redor do mundo, sobrevivendo exclusivamente da fotografia. Sua vida ganhou novo rumo ao desembarcar na
Bahia, em 1946. Foi logo seduzido pela
hospitalidade e riqueza cultural que encontrou em Salvador e acabou ficando.
Como fazia em todos os lugares onde
esteve, preferia a companhia do povo,
os lugares mais simples. Quando descobriu o candomblé, acreditou ter encontrado a fonte da vitalidade do povo
baiano e se tornou um estudioso do culto aos orixás.
Pierre Verger
Lívio Abramo
Litografia da série
Caballos (1984):
influência do meio
Lithography of the
series Caballos
(1984): the influence
of the environment
Série Rio, de
xilogravuras,
retrata paisagens
do Rio de Janeiro
Series Rio, of
xylographs, shows
landscapes of Rio
de Janeiro
The images that the French photographer, Pierre Verger, produced in
Bolívia, in the 40s, reveal an amazing scenery, overlaying Indian faces
with cultural references, which cause effects of space and time
displacements. The 4th Mercosul Biennial exhibits at the State Memorial
images of Carnaval de Oruro, taken probably in 1946, before settling his
home in Bahia (Brazil), his adopted country. “Verger’s work is a rich
confluence of photographic reportage, ethnography and aesthetic
experimentation. His proposal consisted in getting registers of the current
cultural life as if the author weren’t there interfering in the observed
scenes. Verger’s photos take us to Oruro. The demons with their big and
pointed horns reminds of the pre-Colombian divinities’ masks”, writes
Professor of Universidade Federal da Bahia, Claúdia Pôssa.
Verger was born in Paris, in 1902, but the year 1932 was decisive in
his life. He learned a job – photography – and discovered a passion –
trips. After incorporating the basic techniques, he got his first Rolleiflex
and, with his mother’s death, he had courage to become a lonely traveler.
From December 1932 till August 1946, there were quite 14 consecutive
years of trips around the world, living exclusively on his photography.
His life renewed when he arrived in Bahia, in 1946. He was soon seduced
by the hospitality and cultural wealth that he found in Salvador, so he
decided to stay. As he used to do, in every place he visited, he always
preferred the local people’s company, the most simple places. When he
discovered the candomblé, he believed to have found the vitality source
of the Bahiano people and became a studious of the worship to the orixás.
6
Prospectando cultura
Bienal Mercosul/
Mercosul Biennial
Promotores/Promoters
Prospecting culture
Patrocinadora master da 4ª Bienal do
Mercosul, ao lado do Grupo Gerdau e do
Santander Cultural, a Petrobras é uma das
empresas brasileiras que mais investe em
cultura. Desde 2002 adota uma política
criteriosa de seleção de programas, através da publicação de editais públicos dirigidos a quatro segmentos principais: artes visuais, artes cênicas, cinema e música.
“Nos colocamos como parceiros da Bienal
por se tratar de um evento internacional
que difunde a arte latino-americana contemporânea e consolida nossa imagem de
empresa comprometida com iniciativas de
cunho cultural e social. Além disso, o evento compreende uma aliança
estratégica entre os países do
sul do continente”, disse o
presidente José Eduardo
Dutra.
Ao adotar a seleção pública, a Petrobras deixou de
ser uma simples patrocinadora de programas para assumir uma posição pró-ativa e fomentadora de ações
que valorizem a diversidade cultural do Brasil. “A cul-
tura gera cidadania e o retorno do investimento é sempre compensador, superando, muitas vezes, a própria resposta à exposição da logomarca”, comenta Dutra.
Embora os primeiros patrocínios remontem ao início da década de 80, foi a partir
de 1995 que a companhia passou a adotar
uma ação mais estruturada nessa área,
evoluindo para a seleção segmentada em
2001. No ano seguinte, investiu cerca de
R$ 46 milhões em patrocínios culturais. A
Petrobras é a maior empresa brasileira,
com receita operacional líquida consolidada de R$ 71,8 bilhões de janeiro a setembro de 2003.
Lívio Abramo
No title, 1964
Drawing
4ª Bienal do Mercosul/4th Mercosul Biennial
De 4 de outubro a 7 de dezembro de 2003
4th October – 7th December 2003
Patrocinadores Master/Master Sponsors
Gerdau, Petrobras, Santander Cultural/Banco Santander
Patrocinadores de Mostra/
Sponsors of the Exhibition
Refap – Mostra Transversal/Transversal Exhibition
Vivo – Mostra de Representação Nacional do Brasil/Brazil’s
National Representation Exhibition
Vonpar/Coca-Cola – Mostra Icônica do México – José Clemente Orozco (país convidado)/Mexico’s Icon Exhibition – José
Clemente Orozco (Guest country)
Ipiranga – Mostra Icônica do Brasil – Saint Clair Cemin (artista
homenageado)/Brazil’s Icon Exhibition – Saint Clair Cemin
(Honoured artist)
Lojas Renner – Mostra Icônica da Argentina – Antonio Berni/
Argentina’s Icon Exhibition – Antonio Berni
Souza Cruz – Mostra Icônica da Bolívia – Pierre Verger vê a Bolívia/Bolivia’s Icon Exhibition – Pierre Verger sees Bolivia
Patrocinador de Segmento/
Sponsor of the Segment
Varig – Cia. aérea oficial da 4ª Bienal do Mercosul/Oficial flight
company of the 4th Mercosul Biennial
Ação Educativa/Educative Action
Patrocinadores/Sponsors
José Eduardo Dutra,
presidente da
Petrobras: imagem
de empresa
comprometida com
a cultura
José Eduardo Dutra,
president of
Petrobras: image
of a company
committed with
culture
Master sponsor of the 4th Mercosul Biennial, together with Grupo Gerdau and
Santander Cultural, Petrobras is one of the Brazilian companies that invests more
in culture. Since 2002 it adopts a discerning policy to select programs through the
publication of public edicts aimed to the four main segments: visual arts, scenic arts,
movies and music. “We accepted to be a partner of the Biennial because it is an
international event that spreads the Latin-American contemporaneous art and
consolidates our image as a company that is committed with cultural and social
initiatives. Besides that, the event comprehends a strategic alliance with the
countries of South America”, said the president, José Eduardo Dutra.
In adopting the public selection, Petrobras left the position of a simple program
sponsor to assume a pro-active position and action fostering, which valorize the
Brazilian cultural diversity. “Culture generates citizenship and the return in
investments is always rewarding, overcoming very often the answer itself for the
logotype exposition”, comments Dutra. Although the first sponsors are related to the
first years of the 80s, it was from 1995 on that the company started to adopt a more
structured action in this area, passing to the segmented selection in 2001. In the
following year, it invested about R$ 46 million in cultural sponsorhips. Petrobras is
the biggest company with a net operational revenue consolidated at R$ 71.8 billion,
from January till September 2003.
Lívio Abramo
Sem título, 1964
Desenho
Governo Federal – Ministério da Cultura – Lei Rouanet
Governo Estadual – Secretaria da Cultura – LIC
Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
Tramontina
Apoiadores/Supporters
Dellano, Ferramentas Gerais, GM, Grupo Habitasul, Rossi
Incorporação e Construção
Apoiadores/Supporters
Amersham Biosciences do Brasil Ltda., Ativa, Box 3, CIEE,
Convention Bureau, Dez Propaganda, Digitel, Editora Abril,
Grupo Band, Grupo Malcon, Grupo RBS, Grupo Sinos, HSM
Group, Isdralit, Ivo Rizzo Construtora e Incorporadora, Jornal
do Comércio, Jornal O Sul, Juenemann & Associados, Laboratório Piracema de Design, Master Hotéis, Montejo – Corretora
de Seguros, NPark, Panvel Farmácias, Parceiros Voluntários,
Perto S.A., Plaza Hotéis, Rádio Antena 1 FM, Rádio Pop Rock,
Revista Aplauso, Revista Bravo!, SBT, Sistema Guaíba / Correio
do Povo, Stemac, Tech Mídia, Tintas Renner, Tok & Stok,
Tumelero, Zarpellon & Araújo Arquitetos
I, II e III Bienais / I, II and III Biennials
Patrocinadores Beneméritos/
Benefactor Sponsors
CEEE, Copesul, Gerdau, Governo do Estado, Governo
Federal, Ipiranga, Vonpar/Coca-Cola
Patrocinadores/Sponsors
Abifarma, Azaléia, Banco Real, CRT, Elegê Alimentos/
Avipal, General Motors, Lojas Colombo, Lojas Pompéia,
Lojas Renner, Opp-Petroquímica, Petrobras Artes Visuais,
RBS, Rio Grande Energia, Santander Cultural/Banco
Santander, Souza Cruz, Springer Carrier, Stemac
Grupos Geradores
Trabalho Voluntário/Voluntary Work
Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, ONG Parceiros
Voluntários, Rotary Internacional
Apoiadores/Supporters
Aplub, Assembléia Legislativa do Estado do Rio
Grande do Sul, Banco Malcon, Caixa Econômica Federal,
Empresa Jornalística Caldas Júnior, Casa de Cultura Mario
Quintana, Companhia Carris Porto-Alegrense, Companhia
Zaffari, Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul,
Corpo Consular Acreditado no Estado do Rio Grande do Sul,
DC Navegantes, Deprec, Dimed, Exitus Publicidade, Feira
do Livro de Porto Alegre, Fras-le, Fundação Memorial da
América Latina, Grupo Edel, Grupo Iochpe, Habitasul,
Hospital Psiquiátrico São Pedro, Juenemann&Associados –
Auditores e Consultores, Lupatech, Marcopolo, Memorial do
Rio Grande do Sul, Mercado Público de Porto Alegre, Museu
de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Museu de
Comunicação Social Hipólito José da Costa, Panvel Farmácias,
Prefeitura Municipal de Porto Alegre – Secretaria Municipal
da Cultura, Randon, Rede Bandeirantes, Sonae, Terra,
Theatro São Pedro, Ulbra, Unesco, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Universidade de Caxias do Sul, Usina
do Gasômetro, Varig, Vidrofort, Volkswagen
7
“A ocupação de quatro armazéns do cais do porto, pela
Bienal, enseja uma oportunidade fantástica para que avancem
os estudos que visam dar aproveitamento permanente à área
portuária”, disse o Secretário
Estadual da Cultura, Roque
Jacoby. Uma comissão nomeada pelo governador Germano
Rigotto busca alternativas para
devolver definitivamente o rio
Guaíba à cidade, dotando o
cais Mauá de infra-estrutura
para exploração turística e cultural sustentável. “Nesse aspecto, a Bienal comprovou
que isso é possível e ajudou a
aproximar a população de um
ambiente que é do município,
mas que vem se mantendo
fora do alcance da maioria”,
acrescenta o secretário.
A Bienal, segundo Jacoby,
dá um ar distinto a Porto Alegre e ao Rio Grande do Sul,
modifica as pessoas que visi-
tam os espaços expositivos,
transforma o conceito elitista
de artes plásticas em algo popular, acessível a todos. “Elas
chegam de um jeito e saem de
outro, depois de entrar em
contato com a produção artística”, diz Jacoby. Destacando o esforço em equipe que
viabilizou a mostra e a liderança do Presidente da Fundação Bienal, Renato Malcon,
o secretário citou o patrocínio do Estado, através da Lei
de Incentivo à Cultura, a cedência de espaços e o empenho pessoal do Governador
Germano Rigotto como articulador político na captação
de recursos.
The river and the pier for the city
O Rio e o cais para a cidade
“The occupation of four warehouses of the port
pier, by the Biennial, gave the chance for a fantastic
opportunity to develop the studies about the
permanent use of the port area”, said the Culture
State Secretary, Roque Jacoby. A committee named
by the Governor, Germano Rigotto, is looking for
alternatives to give back definitely the Guaíba River
for the city, improving the infra-structure of the
Mauá pier transforming it into a sustainable cultural
and tourism point. “In this aspect, the Biennial
proved that this is possible and helped to make
the people come closer to an environment that
belongs to the municipality, but at the present
moment it is, from the majority, still out of reach”,
adds the secretary.
The Biennial, according to Jacoby, gives a distinct air
to Porto Alegre and to Rio Grande do Sul, modifies
the people who come to visit the exhibitions,
transforms the elitist concept of plastic art into
something more popular, available for everybody.
“They arrive in one way and leave another way,
after being in contact with the artistic production”,
says Jacoby. Emphasizing the team efforts that
made possible the exhibition and the leadership
of the president of the Biennial Foundation, Renato
Malcon, the secretary cited the sponsorship of the
State, through the Law of Culture Fostering, the
possibility to use spaces and the personal effort
of the Governor Germano Rigotto, as the political
articulator in searching for financial resources.
Jacoby, acompanhado
de Renato Malcon,
observa obras da
Mostra Histórica –
Arqueologia
Jacoby, together with
Renato Malcon,
observes the art work
of the Mostra Histórica
– Arqueologia
4ª Bienal de Artes do Mercosul/ 4th Mercosul Visual Arts Biennial Exhibition
Pierre Verger
Diablada, 1946
Fotografia
Pierre Verger
Diablada, 1946
Photography
Para ler a Bienal
Nesta edição, a Bienal do Mercosul inova e apresenta as 17 exposições em dois formatos de catálogos. O completo, de 432 páginas, detalha a mostra em textos e
imagens e traz mensagens do Pre-
Bienal em duas
versões
The Biennial in
two versions
sidente da Fundação Bienal, Renato Malcon, e do Presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva. Reúne também textos do Governador do estado, Germano Rigotto, do Prefeito de Porto Alegre, João Verle, e da embaixadora do México no Brasil, Cecilia
Soto Gonzáles, além do ensaio
Cânticos da Origem, do curadorgeral Nelson Aguilar. Para facilitar a compreensão e a localização dos espaços, a Fundação
Bienal lança ainda uma edição
condensada, de 120 páginas, com
mapas e orientação ao visitante.
O projeto possibilita o contato
do público com todos os aspectos relacionados ao evento.
Fundação Bienal de Artes Visuais
do Mercosul/Mercosul Visual
Arts Foundation
Conselho de Administração/
Administrative board
Presidente/President – Renato Malcon
Adelino Raymundo Colombo
Elvaristo Teixeira do Amaral
Eva Sopher
Hélio da Conceição Fernandes Costa
Horst Ernst Volk
Ivo Abrahão Nesralla
Jayme Sirotsky
João Jacob Vontobel
Jorge Gerdau Johannpeter
Jorge Polydoro
Júlio Ricardo Andrighetto Mottin
Justo Werlang
Liliana Magalhães
Luiz Carlos Mandelli
Luiz Fernando Cirne Lima
Michael Ceitlin
Paulo César Brasil do Amaral
Péricles de Freitas Druck
Raul Anselmo Randon
Roque Jacoby
Sérgio Silveira Saraiva
William Ling
Parcerias
A Tok&Stok está presente na 4ª Bienal
de Artes Visuais do Mercosul. Toda a área
do armazém A-7 no cais do porto, onde
estão a administração, a assessoria de
imprensa, a sala VIP e a sala do projeto
Ação Educativa foi mobiliada pela empresa líder em soluções, móveis e acessórios para casa, escritório e jardim. A mostra conta também com a parceria do HSM
Group, que viabilizou a divulgação do
evento na ExpoManagement.
Partners
Reading Biennial
Conselho Fiscal/Financial board
In this edition, the Mercosul Biennial innovates and presents the
17 exhibitions in two forms of catalogs. The complete one, of
432 pages, details the exhibition with texts and images and brings
messages from the President of the Biennial Foundation, Renato
Malcon and from the President of Brazil, Luiz Inácio Lula da Silva.
It also gathers texts from the State Governor, Germano Rigotto, from
the Mayor of Porto Alegre, João Verle, and from the Embassy
of Mexico in Brazil, Cecília Soto Gonzáles, besides the essay
‘Cânticos da Origem’, from the general curator, Nelson Aguilar.
To facilitate the comprehension and the localization of the spaces, the
Biennial Foundation launches another edition, more condensed, with 120
pages, with maps and orientation for the visitor. The project enabling
the contact of the public with all the aspects related to the event.
Tok&Stok is present in
the 4th Mercosul Visual
Art Biennial. The whole
area of the warehouse
A-7 in the pier where we
can find the administration,
the press, the VIP room and
the space of the ‘Ação
Educativa’ program were
furnished by this company,
leader in finding solutions
Geraldo Hess
Jairo Coelho da Silva
José Benedicto Ledur
Mário Espíndola
Ricardo Russowsky
Wilson Ling
Curadoria/Curator
Curador-Geral/General curator – Nelson Aguilar
Curador-Adjunto/Assistant curator – Franklin Espath Pedroso
Comitê Superior de
Planejamento Estratégico/
Committee of
Strategic Planning
Abe Thomas Hughes
André Loiferman
Carmen Luiza Conter Ferrão
Eduardo Bier Corrêa
Eduardo Silva Logemann
Geraldo Hess
Jones Paulo Bergamin
Jorge Carlos Ribeiro
Jorge Luiz Buneder
José Galló
José Portella Nunes
Lauro Schirmer
Luís Carlos Echeverria Piva
Mário Espíndola
Meyer Joseph Nigri
Paulo Raymundo Gasparotto
Roger Wright
Vera Regina Pellin
Vicente José Rauber
Wrana Maria Panizzi
Diretoria/Board of Directors
Presidente/ President
Renato Malcon
Vice-Presidente/Vice President
Justo Werlang
Diretores/Directors
Alfredo Lisboa Ribeiro Tellechea
André Jobim de Azevedo
Carlos Henrique Coutinho Schmidt
Eduardo de Lacerda Mancuso
Gilberto Soares Machado
José Paulo Soares Martins
Luiz Flaviano Girardi Feijó
Maria Beatriz Brandão Aguirre
Renato Nunes Vieira Rizzo
Ricardo Menna Barreto Felizzola
Roberto André Dreifuss
Rodrigo Vontobel
for homes, offices and
gardens. The exhibition
counts also with the
partnership of HSM Group,
that made possible the
divulgence of this event
at ExpoManagement.
Expediente/Editorial staff
Revista Bienal Mercosul – Rua dos Andradas, 1234 – conj. 1008
CEP 90020-008 – Porto Alegre – RS – Brasil
[email protected] www.bienalmercosul.art.br
Coordenação e Edição/Coordination and Edition: Neiva Mello
Assessoria em Comunicação – Redação/Texts: Luiz Guimarães
Versão para o inglês/Translation: Mônica Aner
Execução/Execution: Plural Comunicação – Fotos/Photos: Edison Vara,
Mathias Cramer e Rodrigo Fanti
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