Psicanálise e universidade: a trajetória paulista
C. Lucia M. Valladares de Oliveira
Este ano comemoramos um século da chegada da psicanálise no Brasil.O documento
inaugural foia dissertação de conclusão de curso,Da psicoanalise (a sexualidade das
nevroses), defendida na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por Genserico
Aragão de Souza Pinto, em dezembro de 1914.
Resultou de uma decisão tomada, meses antes, na Academia de Medicina, por iniciativa
de Juliano Moreira, o fundador da psiquiatria brasileira, e apoiada peloprincipal
expoente da neurologia, Antonio Austregésilo.Seu objetivo era o de conhecer de perto a
doutrina “pansexualista” do “mestre de Viena” que nessa época causava tanta polêmica
na Europa.
Assim, a psicanalise fazia sua entrada no campo da Medicina, na Saúde Pública, como
um método de tratamento da histeria tendo a temática da sexualidade papel central na
reflexão.Doravante, diversas personalidades iriam experimentá-la e difundi-la, através
de livros, cursos, debates, para criticá-laou defendê-la, com simpatias e/ou reservas,
porém atribuindo à doutrina lugar de destaque no campo acadêmico. E não apenas
representantes do universo médico, da psiquiatria, mas também de diferentes
disciplinas, como o direito, a educação e mesmo as ciências humanas que emergiam
nesse momento: a antropologia, a sociologia e própria psicologia, eaqui, tanto a
especialidade clínica quanto a social.
Neste trabalho, será analisado o percurso acadêmico em São Paulo, cidade onde a
psicanálise surgiu também no campo da medicina, embora um pouco mais tarde, em
19191. Chegou por iniciativa de Franco da Rocha, o fundador da psiquiatria paulista. E a
ocasião não poderia ter sido mais simbólica. Foi tratada na aula inaugural da cadeira de
“Clinica psychiatrica e doenças nervosas” ministrada na primeira turma da Faculdade de
Medicina, que naquele momento iniciava o seu 5º e ultimo ano. “Do delírio em geral”,
título da Conferência, como de costume,mereceu publicação no Jornal O Estado de São
Paulo, em 20/03/1919.
Entusiasmado com suas descobertas e experimentações, no ano seguinte Franco da
Rocha dava mais um passo, ao publicar o primeiro livro brasileiro consagrado ao tema,
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Cabe assinalar que nesse momento, diferentemente do Rio de Janeiro, de Salvador, Recife, cidades onde
já havia uma tradição na formação médica, na capital paulista, ela dava seus primeiros passos. A primeira
faculdade de Medicina foi criada em 1914.
1
O Pansexualismo na doutrina de Freud (1920). Tomou essa decisão, convencido da
necessidade de explicitar, ele dizia, “um método do qual muito se fala, mas pouco se
conhece em razão de sua língua original, o alemão”, mas também devido à “falta de
habito de estudos psicológicos, e talvez também a falta de observação directa dos
pacientes nevro e psicopatas” (Rocha, 1920, p.iv).O livro conhecerá uma segunda
edição, em 1930, mas desta vez, por razões estratégicas de difusão da doutrina, o termo
pansexualismo, agora muito polêmico,foi suprimido do título que se torna A doutrina de
Freud. Resumo geral indispensável para a compreensão da psicanálise (Oliveira,
2005).
Entretempos, sem entusiasmo ele assume cátedra de “Clinica Psychiatrica e doenças
nervosas”. Porém, como revelam as Atas da Congregação, àsvésperas da
aposentadoria,sua participação na vida acadêmica durante os quatro anos que ali
permaneceu foi irrisória: nunca frequentou as reuniões da Congregação e a disciplina
dispunha do orçamento mais baixo da faculdade Suas aulas eram ministradas no então
Hospício do Juqueri (atual Franco da Rocha), distante 45km da capital, no período da
manhã, obrigando os alunos a fazer o trajeto de trem. O que causava constantes
reclamações do corpo docente posto que, nem sempre eles conseguiam retornar a São
Paulo para a aula da tarde. Decididamente, a vida acadêmica não lhe interessava.
Em contrapartida, após sua aposentadoria e até sua morte em 1933, continuou prestando
grandes serviços à causa psicanalítica, emprestando seu nome tanto para a fundação da
Sociedade Brasileira de Psicanálise SBP, em 1927, da qual foi seu primeiro presidente,
quanto para a publicação da Revista Brasileira de Psicanálise, RBP e principalmente
estimulando seu mais jovem discípulo, Durval Marcondes2, na tarefa de implantar a
psicanálise em território paulista.
Sempre fiel a seu mestre local e a Freud, Marcondesjamais negou esforços naquilo que
para ele tornou-se uma missão. Tentou de todas as maneiras, como e quando pôde
introduzir a psicanalise na Universidade.
A primeira ocasião se apresentou em 1934, em um momento favorável à vinda de
psicanalistas ao Brasil. E isso tanto no plano internacional, com a ascensão do nazismo
na Europa e a eclosão da 2ª Guerra Mundial, que obrigou a comunidade psicanalítica a
tomar o caminho do exílio; quanto no plano local, pela demanda de profissionais para
2
Durval Marcondes formou-se na Faculdade de Medicina de São Paulo em 1925 e no ano seguinte iniciou
carreira como médico sanitarista do Serviço de Higiene Mental. Seu primeiro, O simbolismo esthetico na
literatura. Ensaio de uma orientação para a crítica literária, baseado nos conhecimentos fornecidos pela
psycho-analyse, foi publicado, em 1926.
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fundar a Universidade de São Paulo3. Foi, no entanto, uma ocasião perdida. Segundo
ele, seu projeto de criação de um Curso de psicanálise, inspirado no projeto do Instituto
Psicanalítico de Berlin, então considerado o modelo de formação de analistas, foi
desprezado pela Universidade de São Paulo.
O que de maneira alguma, o demoveu de sua missão. Dois anos mais tarde, em março
1936, ele voltava à tona. Logo após ter obtido seu título de Livre-docência, pressionou e
conseguiu da Congregação da Faculdade a abertura do concurso para a cátedra de
psiquiatria (que não havia sido preenchida desde a aposentadoria de Franco da Rocha,
em 1923).
E novamente, naquele que se tornou o Concurso mais polêmico no meio acadêmico da
época, inclusive com repercussão na imprensa, ele mais uma vez perdeu a ocasião.
Desta vez para aquele que já se apresentava como o seu grande “inimigo”, o psiquiatra
Antonio Carlos Pacheco e Silva. Igualmente discípulo de Franco da Rocha, a quem este
havia legado a direção do Juqueri, em 19234.
Decididamente, tão cedo a psicanalise não obteria cidadania na formação dos médicos
paulistas, embora tenha habitado clandestinamente esse espaço, em estágios oferecidos
aos alunos no agora Hospital Franco da Rocha, através de professores próximos da
medicina psicossomática. Pelos próximos 30 anos, Pacheco e Silva reinará no campo
médico universitário, estruturando e ocupando os principais dispositivos acadêmicos, e
em particular o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, onde impõe uma
concepção organicista e comportamental. Foi necessário aguardar a sua aposentadoria,
em meados dos anos 60, para que enfim a psicanálise pudesse ocupar algum espaço
nesse campo de formação universitária, menos marcado por tensões e polarizações
teóricas e clínicas. Foi quando o Professor Jorge Amaro (s.d.), estruturou o primeiro
Serviço de psicoterapia no Departamento de psiquiatria do Hospital das Clínicas,
propiciando a chegada de diferentes práticas “psi”, em particular o psicodrama.
Nessa mesma época, em 1964, o psicanalista Darcy Uchôa, analista didata da Sociedade
Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), era admitido no concurso para a
cadeira de psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, para ocupar outroespaço
acadêmico deixado por Pacheco e Silva. Uchôa então reestruturou o Departamento de
3
Em julho de 1934 A. Brill, então presidente da IPA escreve a Marcondes solicitando
informações sobre a possibilidade de acolher psicanalistas judeus que estavam fugindo da
Europa. (Cf. Oliveira, 2005, p.116.)
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Embora esse concurso tenha entrado para a história oficial como o da vitória da corrente
organicista sobre a psicanalise, é incontestável que Pacheco e Silva possuía mais titularidade,
publicações e experiência que Marcondes.
3
Psiquiatria, cercado de psiquiatras formados no Instituto de Psicanalise da IPA paulista.
Também nessa mesma época, Virginia Bicudo, assumia a disciplina de “Psicologia
Médica” na Faculdade de Medicina da Santa Casa.
Assim, 40 anos após as primeiras intervenções de Franco da Rocha, finalmente a
psicanálise era integrada na formação dos médicos paulistas.
Mas isso também não significa que durante esse tempo ela tenha ficado excluída do
ensino universitário paulista, e menos ainda que tenha deixado influenciar o pensamento
de diversas gerações de intelectuais locais de diferentes campos de saber. Muito pelo
contrário. E começando pela formação dos sociólogos daEscola de Sociologia e Política
de São Paulo5, onde ela é introduzida em 1940,com a criação da disciplina “Psicanálise
e Higiene Mental”, sempre sob a direção de Durval Marcondes.Ali, durante anos foram
ensinados principalmente os chamados textos sociológicos de Freud, e a psicanalise era
tomada na sua articulação com a educação, a antropologia, a criminologia e a saúde
mental, e tinha por objetivo “evidenciar o percurso que introduz o individuo ao grupo e
na sua história coletiva”, além de oferecer estágios em instituições de Saúde Mental6.
Desses primeiros anos merece destaqueo trabalho interdisciplinar de Virginia Bicudo.
Na época jovem analista e discípula de Marcondes, ela utilizouconceitos como
transferência, identificação e o mecanismo de defesa em sua dissertação de mestrado,
Estudo das atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo, defendida em 19457.
Além da formação dos sociólogos da ESP, nessa mesma época a psicanalise foi
igualmente introduzida na seção de Sociologiada USP, na Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras (FFLCH), por iniciativa de Roger Bastide, em 1941. A abordagem
era,no entanto, um pouco diferente. A contribuição da doutrina para o discurso
sociológico era voltada para analogias entre os fenômenos de sincretismo cultural e as
perturbações mentais, ou ainda em torno de problemáticas de recalcamentos derivados
de pressões sociais, inspirada na leitura de Totem e tabu e Mal-estar na cultura. Vale
assinalar que a experiência rendeu a Bastide as publicações “Psicanálise do Cafuné” e
Sociologia e Psicanálise, ainda nos anos 40.
Entretanto, apesar de sua presença no campo das ciências humanas, pouco sabemos
sobre o seu impacto na formação dos sociólogos nas gerações futuras. É possível que o
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Pioneira no ensino das Ciências Sociais, ela foi criada em 1933, por eminentes personalidades da vida
social paulista, passando a oferecer Pós-graduação, já em 1941.
6
Cabe notar que ainda hoje a disciplina é ensinada na formação dos alunos dessa faculdade.
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Atualmente considerada pioneira nos estudos sobre preconceito racial no Brasil, seu trabalho
foipublicado em 2010, em edição organizada por Marcos Chor Maio (São Paulo: Sociologia e Política)
4
seu desaparecimento do discurso sociológicouspiano, principalmente após a saída de
Roger Bastide, em 1954, tenha relação com a emergência do pensamento marxista,
ainda hoje influente nessa disciplina.
Mas se a psicanálise cedia lugar na sociologia, em contrapartida, ela imediatamente
encontravaguarida naquele que nos próximos anos iria se constituir como o seu
território de predileção, a Psicologia. E isso desde a estruturação dessa disciplina
(vinculada ao Departamento de Filosofia), quando da criação do primeiro Curso de
Especialização em Psicologia Clínica, em 1954.
Finalmente, depois de tanto batalhar, agora a convite de Annita Cabral, Durval
Marcondes não só eraacolhido na USP, passando a integrar o corpo docente como
professor visitante, como transformaria esse espaço de formação clinica em um fórum
de transmissão da psicanalise que por décadas seria controlado por analistas da SBPSP8.
O que é interessante notar é que através desse percurso,de forma alguma planejado, mas
redesenhado em função do que se apresentava, elesoube reorientar o campo da
psicanalise, provocando um deslocamento deste saber da medicina para as ciências
humanas, para inscrevê-la no campo da psicologia. Ali acolhido e ancorado em
discípulos fiéis, participouativamente de todo o processo que levou à estruturação e
regulamentação dessa graduação e principalmente da Clínica que com justeza hoje se
chama “Clinica-Escola Psicológica Durval Marcondes”.
E a consagração veio no quadro da expansão dos programas de pós-graduação no país,
quando, em 1969, mais uma vez participou da criação do Instituto de Psicologia da
USP. Definitivamente seu nome se inscrevia na história dessa Universidade.
Só que agora os tempos eram outros. Eles trariam modificações substancias no modo de
transmissão e difusão da doutrina. Vivíamos o “boom das práticas psi”assim como da
expansão dos cursos de psicologia em todo o país.Cabe assinalar que apesar do
crescimento da demanda de formação por psicólogos, das 4 instituições psicanalíticas
existentes no Brasil, nesse início dos anos 70, apenas a paulista, pelo percurso que
acabo de descrever, aceitava psicólogose mesmo assim em uma escala bem inferior aos
médicos.9
Ora, foi nesse vazio deixado por essas instituições ipeistas que o lacanismo emergiu,
tanto cooptando profissionais marginalizados pela IPA, como ocupando os novos
8
Entre outros, Virginia Bicudo, Lygia Amaral, Judith Andreucci, Laertes Ferrão, Isaías Melsohn,
Armando Ferrari, YutakaKubo.
9
Essa situação só se altera em meados dos anos 80, quando pela primeira vez o numero de profissionais
não médicos é superior aos médicos. (Oliveira, 2005, p. 267).
5
espaços acadêmicos e campos do conhecimento que se interessavam pelo pensamento
de Lacan, notadamente a filosofia, a comunicação e a linguística.
Interessante assinalar que a escola francesa chegounos anos 70, não necessariamente
pelo viés clinico, mas acadêmico. Chegouna bagagem de jovens intelectuais, que
retornavam de estadias na França. Alguns deles eram beneficiários de bolsas de pósgraduação, enquanto outros retornavam de estadias culturais, ou então de exílios
políticos ou mesmo “subjetivos”. Chegouigualmente através daqueles que aqui
permanecendo, se identificavam com os efeitos desse debate na filosofia, na
antropologia, na história, na linguística, como foi o caso no Rio de Janeiro10.
Em São Paulo chegou por iniciativa do então filósofo Luiz Carlos Nogueira, que,
marcado pela leitura de Paul Ricoeur, integrou a primeira turma de pós-graduação em
Psicologia da USP,em 1969 soba orientação de Durval Marcondes, antes de sua estadia
na França, que o levou a aderir ao lacanismo (Nogueira, Sobreira, 1997)
Do ponto de vista da filiação, temos aqui o fundador da psicanálise paulista, um
seguidor fiel de Freud, passando o bastão para o seu primeiro doutorando, que em
seguida iria romper com a hegemonia ipeistaao implantaroutra corrente teórico-clinica,
e, mais tarde, contribuir para sua transmissão no meio universitário, ao ingressar no
Instituto de Psicologia da USP, como professor associado em 1995 onde permaneceu
até sua morte, em 2002.
Antes dele, pode-se dizer que os primeiros ecos desse pensamento no Instituto de
Psicologia da USP, chegaram através deMarilena Chauí que em 1971 ministrou a
disciplina “Merleau-Ponty e a psicologia” e no ano seguinte publicou o artigo
“Linguística e psicanálise em Lacan”. Porém, foi menos pelo viés lacaniano que pela
leitura filosófica e estrutural do freudismoque, nos anos 70 e 80,Chauí orientou
dissertações de mestrado e teses em filosofia e psicologia de uma boa parte da geração
que desde então assumiu o ensino da Psicanalise em diferentes Universidades
paulistas,como por exemplo, Alfredo Naffah Neto (Psicologia, PUC-SP), Luiz Roberto
Monzani (Filosofia, Unicamp), Renato Mezan (Psicologia, PUC-SP).
É preciso dizer que esse processonão constitui uma particularidade paulista. Ele é fruto
da expansão da pós-graduação no país, que repercutiu em diversas capitais do país,
notadamente no Rio de Janeiro, a partir de meados dos anos 80. É quando, formada nos
principais centros universitários do país ou no estrangeiro, uma nova geração de
10
Lacan chegou ao Rio de Janeiro, em 1972, nos cursos de graduação em Comunicação da PUC-RJ e das
Faculdades Integradas Estácio de Sá, através de Magno Machado Dias.
6
analistas ou estudiosos do freudismo, é chamada a ocupar cargos notadamente nos
Departamentos de Pós-Graduação em Psicologia Clinica.
Além dos trabalhos acadêmicos, de agora em diantea psicanálise circulará pelo país,
através de uma infinidade de publicações criadas em diversos departamentos, assim
como através de livros, artigos, ou então deConferencias ou eventos. Assim comodos
professores quetambém passam a viajar na tentativa de suprir uma demanda cada vez
maior de formação clínica, não só para expandir os polos universitários como para
coordenar Grupos de estudos, Supervisionar e auxiliar na criação de instituições
psicanalíticas em regiões onde a disciplina ainda não estava implantada, tarefaaté então
reservada aos chefes de instituições.
Atualmente, o resultado desse investimento pode ser medido através da Associação
Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental, fundada em 1996 por
Manoel T.Berlinck,e que reuni cerca de 60 professores doutores de universidades
majoritariamente do Brasil. Instituição que além dos seus congressos a cada dois anos,
conta com uma publicação trimestral já no seu 17º ano. O que representa uma grande
vitalidade da disciplina, ao mesmo tempo em que indicauma mudança significativa no
seu modo de transmissão.
Por outro lado, além do crescimento da psicanálise na Universidade como resultado
dessarecente expansão da pós-graduação, cabe ainda perguntar por que tanto interesse
dos psicanalistas pela Universidade? O que teria provocado essa afluência, não só de
jovens recém-formados, como também de analistas experientes, muitos inclusive que
até aos anos 80 haviam desdenhado este espaço?
Ainda não temos estudos sobre esse movimento que possam nos orientar nesse terreno
movediço. Porém, considerando que esse movimento ocorre quando a prática
psicanalítica em consultório privado deixa de ser tão rentável, como fora nos anos 70 e
80, uma primeira hipótese a ser investigada éde ordem econômica, como possibilidade
de obtenção de uma fonte de renda complementar que os consultórios não mais
representavam.
Uma segunda hipótese diz respeito àqueles que foram procurar na Universidade um
espaço de reflexão e produção que não encontraram nas instituições, seja porque muito
burocratizadas e incapazes de pensar; seja porque fechadas em um discurso monolítico,
dogmático ou ainda perdida em conflitos e disputas dilacerantes pelo lugar de chefe de
escola. Em todo caso, essa é uma das questões que provavelmente serão examinadas
pela historiografia nos próximos anos.
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Referencias citadas
AMARO, J. W. F. A história do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas e do
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
in Revista de Psiquiatria Clínica. Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade
de Medicina, USP, [s.d.].
http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol30/n2/44.html,
consultado em 04/11/2012
BICUDO, V.Estudo das atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo. Dissertação
(mestrado em Sociologia). São Paulo: Escola Livre de Sociologia e Política de São
Paulo, 1945.
FACULDADE DE MEDICINA E CIRURGIA DE SÃO PAULO. Atas da
Congregação (1914-1936). Acervo da Faculdade de Medicina, USP.
NOGUEIRA, L.C.; SOBREIRA, S.. Antes e depois do meu encontro com Lacan, Paris–
julho de 1977 [Entrevista], in http://www.scielo.br/pdf/pusp/v15n1-2/a14v1512.pdf ,
consultado em 10 de nov. 2012.
OLIVEIRA, C. L. M. V. História da psicanálise. São Paulo 1920-1969. São Paulo:
Escuta/Fapesp, 2005.
PINTO, G. A. S. (1914). Da Psicoanalise: a sexualidade nas nevroses. Rio de Janeiro:
Tese apresentada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, 1914.
ROCHA, F.F. O pansexualismo na doutrina de Freud. São Paulo: TypographiaBrasil de
Rothschild Cia, 1920.
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