Revista Portuguesa de Psicanálise 34 [2]: 47-52 | 47 Artigos Teóricos Da Incerteza à Estranheza ou O Estranho no Divã 1 Maria José Gonçalves 2 1 Comunicação apresentada no XXIII Colóquio da Sociedade Portuguesa de Psicanálise, em Lisboa, a 4 de Fevereiro de 2011 2 Psicanalista, Membro Didacta da Sociedade Portuguesa de Psicanálise. Email: mjose. [email protected] 48 | Maria José Gonçalves RESUMO Considerando que a capacidade de viver a incerteza condiciona as reacções de cada um de nós ao que se apresenta como estranho, foi tomado, como ponto de partida, o conceito de conflito estético e a sua importância para o desenvolvimento emocional e, de acordo com D. Meltzer, como paradigma do conflito da condição humana. Aborda-se em seguida a experiência de estranheza vivida na situação analítica, em função da sua ligação ao inconsciente e à suportabilidade da dor mental. Finalmente é feita uma breve referência à experiência pessoal de S. Freud, descrita por ele em “Uma Perturbação da Memória na Acrópole”, sendo feita a ligação entre as formulações de D. Meltzer e S. Freud. O CONFLITO ESTÉTICO REVISITADO No seu livro “The Apprehension of Beauty”, D. Meltzer (1988) escreve um trecho belíssimo em que considera que a experiência emocional da incerteza é o motor do pensamento e da capacidade criativa. Considerando que a capacidade de viver a incerteza condiciona as reacções de cada um de nós ao que se apresenta como estranho, tomámos como ponto de partida o conceito de conflito estético e a sua importância para o desenvolvimento emocional e que é, de acordo com D. Meltzer, o paradigma do conflito da condição humana. A conjectura meltzeriana propõe-nos que o nascimento para o bebé, mais do que uma experiência traumática, como habitualmente se considera, é uma experiência emocional. Esta experiência emocional resulta do encontro com um mundo novo, cheio de sons, de cores, de toques, de afectos que contrasta com o mundo intrauterino donde (e D. Meltzer interroga-se) o bebé terá escapado ou terá sido expulso. Assim, ele “sabe, sente, intui?”, a partir da sua experiência intrauterina, que a mãe tem um interior. O encantamento que este novo mundo desperta no bebé é personificado pela face materna, pelo olhar maravilhado da mãe. A mãe é para o bebé um objecto de interesse avassalador que o bombardeia com experiências emocionais de uma qualidade intensíssima e apaixonante e que a tornam maravilhosa aos seus olhos. Mas o significado do comportamento da mãe, do seu aparecimento e desaparecimento, das mudanças do fácies, da variação do brilho dos olhos são desconhecidos para ele, que “chegou a um país de que ainda não conhece nem a linguagem nem os códigos”. PALAVRAS-CHAVE Conflito Estético Estranheza Incerteza Inconsciente A mãe maravilhosa torna-se enigmática aos seus olhos, já que a perfeição da sua beleza contrasta com a imperfeição do contacto do bebé com o mundo materno. A beleza materna tem falhas, a presença desse objecto/ pessoa nem sempre lhe traz alívio, nem sempre o conforta. A experiência emocional do recém-nascido seria assim composta de elementos de sinal contrário: o impacto estético da beleza da face materna e a dor da incerteza sobre o seu interior, sobre a sua mente, sobre o que esconde essa beleza. O bebé é então confrontado com o chamado conflito estético, um conflito que resulta do impacto entre o exterior da mãe que é acessível aos sentidos e o seu interior enigmático, inacessível e incompreensível, tornando-se necessário que o bebé ponha a sua capacidade de pensar e de imaginar ao serviço da solução desse enigma. Em vez de soçobrar psiquicamente perante um contacto íntimo com uma mãe “estranha e não familiar” (“unheimlich”), usa a sua “imaginação criativa” para a tornar familiar (“heimlich”). É, em última análise, um conflito entre o amor, o ódio e o conhecimento, diz D. Meltzer (1988), que considera este conflito próprio da condição humana, na medida em que nunca teremos acesso nem poderemos ter a certeza dos verdadeiros sentimentos dos nossos semelhantes por mais próximos e familiares que sejam. A incerteza é o elemento central do conflito e é a “qualidade enigmática do objecto” que constitui o “elemento trágico” desta experiência. ( D.Meltzer, 1988). Numa situação estranha, a incerteza é uma certeza. Trata-se duma incerteza que pode chegar ao temor e nalguns casos ao terror. Da Incerteza à Estranheza ou O Estranho no Divã A capacidade dum bebé aceitar/tolerar a incerteza e de a transformar em pensamento depende, não só, da frequência e da intensidade das “des-sintonias” na comunicação mãe – bebé, mas também do grau de tolerância da mãe face às incertezas/ angústias que o contacto com o bebé desperta nela. Esta tolerância materna que se manifesta na sua capacidade de contenção do desconforto do bebé, na sua capacidade de pensar o bebé e os seus estados de espírito, vai ajudá-lo a integrar e internalizar as boas experiências e a estabelecer uma relação de confiança com o objecto primário. Quando o impacto da beleza da mãe coincide com o estabelecimento duma relação íntima segura e satisfatória, a incerteza reduz-se e a confiança instala-se. Um bebé saudável seria um bebé capaz de lidar com uma dose razoável de incerteza, de suportar um certo nível de desconforto e usar a sua própria capacidade criativa para lidar com as ansiedades persecutórias que resultam dos ataques maternos, ou seja, da insuficiência da resposta, da insuficiência da empatia, ou ainda, com as ansiedades depressivas que resultam da ausência do objecto. Neste caso, a criança desenvolve a sua capacidade de pensar e de “aprender com a experiência”, desenvolve a sua tolerância ao que é incerto, ameaçador, ao que lhe é estranho. Nem todos os bebés desenvolvem essa capacidade e existem múltiplas situações em que isso pode acontecer. Uma delas diz respeito aos bebés que vivem relações de tipo fusional excessivamente longas, em que a satisfação das necessidades é imediata ou quase. São bebé cujas mães, omnipresentes, são “mães totalmente boas”, para usar a terminologia de D. Winnicott. Nestas condições podemos assistir a reacções de angústia catastrófica face à ausência do objecto materno, como é, por exemplo, a situação do estranho, ou ainda antes disso, o desaparecimento do seio. Na verdade, é necessária uma certa dose de conflito e ansiedade para que se processe o crescimento psíquico e, quando isso não acontece, entra-se num estado de relativa estagnação da vida psíquica. Podemos comparar esta situação com o desenvolvimento da imunidade biológica, que também se adquire através dum contacto controlado com os agentes patológicos. O caso dos bebés de R. Spitz pode ser visto deste ponto de vista. Criados exclusivamente pelas mães em situação de encarceramento e que em exclusivo acodem a todas as suas | 49 necessidades, num mundo sem conflito e sem escapatória, um enorme útero que abarca a díada, estes bebés desenvolveram reacções catastróficas de angústia do estranho quando, aos 6 meses, são retirados às mães de forma definitiva e brutal e que nalguns casos provocaram a sua morte psíquica e mesmo física. Se os comparamos com os bebés de hoje que, pelo estilo de vida actual e urbano, muito precocemente estão em contacto com várias figuras cuidadoras e que assim vão lidando com doses maiores ou menores de incerteza, dúvida ou frustração, observamos reacções ao estranho de cada vez menor intensidade associadas a estratégias de apreensão da realidade cada vez mais precoces. Os bebés de hoje são levados a pensar mais, mais cedo e mais depressa. Outra situação é a dos bebés que vivem situações graves de privação afectiva. Também estes bebés, pela carência relacional a que foram submetidos, não tiveram oportunidade de adquirir mecanismos de contenção interna que lhe permitam lidar com o desconforto da frustração, do desconhecido, do incerto. A sua sobrevivência psíquica mantém-se graças a mecanismos que põem em risco a sua saúde mental: a clivagem e a projecção do mau objecto, (ansiedades paranóides), a negação da realidade interna com empobrecimento duma parte da experiência psíquica. A fuga do conflito traz um afastamento da relação de intimidade com o outro, um não- pensamento e uma tendência para a desconfiança e para a rejeição, ou seja, para o desenvolvimento da intolerância. Um exemplo clínico é o das recusas alimentares do bebé. Podemos dizer que a tolerância e a intolerância estão ligadas pela qualidade da experiência emocional da incerteza face aos acontecimentos/pessoas/objectos que nos são estranhos, ou seja, que o grau de tolerância ao que nos é estranho depende do desenvolvimento, desde a infância, daquilo a que W. Bion chama a capacidade negativa e D. Meltzer chama criatividade. O ESTRANHO NO DIVÃ É no gabinete do analista que mais se faz ouvir a evocação do estranho: “ao vir para aqui aconteceu uma coisa estranha”; “agora que disse isso, tive um pensamento estranho”; “esta noite tive um sonho estranho”, “acordei com uma sensação estranha”; é estranho nunca mais me ter lembrado deste episodio de quando era criança!” Estranho, estranho, estranho! 50 | Maria José Gonçalves 1ª Questão: O que é o estranho? Ou que tipo de estranho é este? 2ª Questão: O que é que há de estranho na situação analítica, para que a estranheza se manifeste tão facilmente? S. Freud diz no seu texto de 1936 “ Uma Perturbação da Memória na Acrópole” a propósito dum episódio de desrealização que lhe aconteceu em 1904, durante uma viagem a Atenas com o seu irmão mais novo, Alexandre, que a experiência de estranheza resulta da ambivalência e da culpabilidade. Diz ainda no texto de 1919 sobre a “Inquietante Estranheza” (“The Uncanny”), que se trata, de algum modo, da emergência na consciência, graças à diminuição do recalcamento, de material do passado infantil e reprimido, dos conflitos inconscientes. Eu acrescento: e não transformados pelo processo de elaboração simbólica. Ora ambivalência, culpabilidade, conflito e recalcamento são palavras-chave da teoria psicanalítica e são os temas que mais frequentemente emergem no cenário da sessão analítica e no jogo da transferência / contratransferência. Na realidade, a situação analítica está delineada, quer nos seus aspectos formais, quer no modo como se organiza a relação analista-analisando, para dar voz ao discurso do inconsciente. No processo de associação livre, o discurso manifesto do paciente vai seguindo um percurso que esconde, mais do que mostra, os conteúdos inconscientes dos conflitos que provocam dor mental. Assim, o inconsciente, quando aparece, manifesta-se como um estranho no discurso manifesto do paciente e provoca reacções de perplexidade e confusão. Podemos dizer que, tal como o bebé quando nasce tem o desejo de escapar ao sufocamento do útero materno, que se torna intolerável para a sua própria sobrevivência, também a nossa mente, para escapar à intolerabilidade da dor mental, provoca a expulsão dos conteúdos que lhe dão origem, para uma área do aparelho psíquico que é o inconsciente, libertando-nos assim desse fardo. Dentre as várias maneiras de lidar com o sofrimento psíquico, uma delas é mantê-lo afastado da nossa consciência. Trata-se uma forma particularmente eficaz de não entrar em contacto com a realidade interna, mas que tem como contrapartida, pelo menos em parte, a paralisia do pensamento e um empobrecimento psíquico. Mantendo afastados da nossa consciência os conteúdos dolorosos, evitamos a dor mental, não temos que a tolerar, não somos forçados a pensá-la, a transformá-la. Não só a dor mental, mas também os conteúdos que deram origem a essa dor não podendo ser pensados, mantêm-se inalterados no inconsciente, tal como foram vividos, como uma rocha ou um castelo inviolável, clivados e encapsulados. É de facto uma questão de tolerância ou de intolerância ao sofrimento e o trabalho psicanalítico tem como objectivo aumentar a tolerância do aparelho psíquico, o que significa aceitar na sua camada consciente a emergência dos conteúdos inconscientes para que estes possam ser reconhecidos, elaborados e transformados. É por isso que o aparecimento do estranho na sessão de análise é uma janela que se abre, é um indicador de que houve transformação psíquica. Eu diria que o estranho aparece no gabinete do analista quando a dor mental (intolerável) dá lugar ao sofrimento (tolerável) e os pensamentos se tornam pensáveis (M. Fleming, 2003). O ESTRANHO EM FREUD No texto Das Unheimliche, de 1919, traduzido por J. Strachey para “The Uncanny” (sobrenatural, misterioso) e cuja tradução em português “Inquietante Estranheza” é feita a partir do francês (Inquietante Etrangeté), S. Freud começa por definir o estranho ou o sentimento de estranheza como estando relacionado com o que causa horror e terror. Avança para a análise linguística da palavra “heimlich” que significa simultaneamente o que é familiar , o que é secreto, o que é conhecido e o que está escondido ou é inacessível, dissimulado. O seu contrário “unheimlich”, corresponde ao que não é familiar. Conclui S. Freud que o significado de “heimlich” desenvolve-se em 2 sentidos, um dos quais (escondido, dissimulado) acaba por coincidir exactamente com seu oposto Da Incerteza à Estranheza ou O Estranho no Divã “unheimlich. Traduzindo para português, o estranho (“unheimlich”) seria, como diz S. Freud, uma sub-categoria do familiar e pertence aquela categoria de medos que nos conduzem a coisas familiares e muito antigas. O que é estranho já foi familiar. “Unheimlich” sendo o que não é familiar, contém em si o familiar. Podemos ainda dizer que, sendo o “unheimlich” o familiar que se tornou não familiar, encontraríamos nesse termo uma boa definição para o inconsciente recalcado. Diz S. Freud: a “experiência” de estranheza ocorre quando “complexos infantis que foram reprimidos são mais uma vez revividos através de alguma impressão ou quando crenças primitivas (referindo-se ao pensamento mágico dos povos primitivos ou da infância) que parecem ter sido ultrapassadas, são mais uma vez confirmadas” e se apresentam como estranhos ao Eu. No seu texto “Uma perturbação da memória da Acrópole” (1936), S. Freud volta a fazer referência à ambivalência como estando na base do sentimento de estranheza e de irrealidade que viveu por breves momentos quando se encontrava face à Acrópole. Descreve com algum pormenor a sua atribulada viagem a Atenas, recheada de obstáculos premonitórios e indiciadores, segundo ele, da sua ambivalência. M. Schur (1975), faz referência a esse período da vida de S. Freud como tendo sido particularmente difícil, em que a rotura e o conflito com W. Fliess se mantinham acesos e tinham sido antecedidos de alguns anos da morte do seu pai. A este propósito, M. Schur, (1975) referese à obsessão de S. Freud com os algarismos, muito activa nesta altura, e que o próprio descreve numa carta de 1909 a C. Jung, quando evoca a sua depressão nos dias que passou em Trieste, antes de viajar para Atenas. No texto, Freud recorda o seu interesse pela Grécia e o seu desejo de viajar e de conhecer esse país quando era criança, o que na altura não julgava possível. O sentimento de estranheza e de irrealidade (“estamos mesmo na Acrópole?” perguntou ao irmão) teria correspondido à emergência súbita duma vivência infantil, há muito esquecida. De acordo com a sua realidade interna, agora actualizada, ele não poderia estar na Acrópole. E não podia lá estar por 2 razões: porque essa era a sua convicção infantil e também porque o seu próprio pai, comerciante, nunca | 51 realizou essa viagem e não tinha interesse nela. O facto de estarem na Acrópole tinha como contraponto um sentimento de superioridade de ambos os irmãos sobre o pai e a constatação de que ele, Freud, tinha chegado mais longe na vida, do que o pai, o que era um pensamento claramente proibido. A estranha inquietação que Freud sentiu na Acrópole estava indubitavelmente ligada, de acordo com as suas próprias associações, com a emergência de conteúdos inconscientes, nomeadamente o conflito edipiano, a ambivalência e a culpabilidade. O que lhe parecia agora estranho (“unheimlich”) já tinha sido, em tempos antigos, conhecido e familiar (“heimlich”). CONSIDERAÇÕES FINAIS Para terminar, e fazendo a ligação destes conceitos entre si, poderíamos dizer que o que sentimos como estranho são as situações que evocam em nós experiências de sinais contrários, experiências que associam o que já conhecemos, o que é familiar com o que é inquietante. O carácter inquietante da experiência é projectado na realidade externa, provocando sentimentos que vão da dúvida e da incerteza ao medo e ao temor. A compreensão e elaboração deste conflito permite a tolerância, a capacidade de suportar a “inquietante estranheza”; a negação, a clivagem, a fuga ao conflito criam as bases da intolerância, a incapacidade de tolerar o que não é familiar. D. Meltzer (1988) diz-nos ainda, e isto pode ser relevante para compreender a perturbação da memória de S. Freud em Atenas, que todos os conflitos com que os analistas se defrontam nos seus gabinetes de análise, seja a dor causada pelas separações, pelas carências, pelo conflito edipiano, etc., têm como base a fuga à dor causada pelo conflito estético, ou seja têm como base um processo fundamental de fuga ao impacto da beleza do mundo e à ligação íntima a outro ser humano. A beleza da Acrópole e do Pártenon, templo dedicado a Ateneia, deusa da guerra, da pureza e da sabedoria, mas também em tempos mais antigos da fertilidade, é evocadora da imagem materna, simultaneamente bela e enigmática. Freud afasta-se dessa representação inquietante, foge à ligação com o objecto materno, tornando a experiência irreal. 52 | Maria José Gonçalves Penso que este episódio vivido e descrito por Freud pode ser considerado o paradigma do conflito estético. Michael Cunningham, no seu livro “Ao Cair da Noite” (2010) descreve a profunda inquietação e transformação do protagonista face à enigmática beleza dum jovem adulto. Termino com uma frase de Rainer Maria Rilke em epígrafe nesse mesmo livro. “A beleza não é mais que o início do terror”. ABSTRACT From the Uncertainty to the Uncanniness or the Uncanny in the Couc The author believes that the capacity to experience uncertainty influences our reactions to stranger situations. So, we considered the concept of aesthetic conflict, as conceptualized by D. Meltzer , and its importance for emotional and thinking development, the theme of departure to the discussion. The experience of strangeness in the analytic situation is linked to the emergence of the unconscious and the supportability of mental suffering. Finally the author refers briefly to the S. Freud’s personal experience described in “A Disturbance of Memory on the Acropolis”, based on ambivalence and unconscious guilt linking the D. Meltzer and S. Freud formulations KEYWORDS: aestethic conflict, uncanny, uncertainty, unconscious BIBLIOGRAFIA Cunningham, M. (2010). Ao cair da noite. Gradiva Fleming, M. (2003). Sobre a Dor mental. Monografia apresentada na SPP. Porto Freud, S. (1919). The Uncanny. S. E. Vol. XVII, Hogarth Press, London Freud, S. (1936). A Disturbance of Memory on the Acropolis. S. E. Vol. XXII, Hogarth Press, London Meltzer, D. (1988). Aesthetic conflict. Its place in Development in The Apprehension of Beauty. The Cluny Press, Scotland Schur, M. (1975). La Mort dans la Vie de Freud. Ed. Gallimard, France