4º ENCONTRO NACIONAL DE GRUPOS DE PESQUISA – ENGRUP, São Paulo, pp. 132-150, 2008.
CAMPO E RURAL, CIDADE E URBANO: DISTINÇÕES NECESSÁRIAS PARA
UMA PERSPECTIVA CRÍTICA EM GEOGRAFIA AGRÁRIA
COUNTRY AND RURAL, CITY AND URBAN: NECESSARY DISTINCTIONS FOR A
CRITICAL APROACH ON AGRARIAN GEOGRAPHY
Pedro Paulo Biazzo
Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Colégio Pedro II
[email protected]
Resumo
O texto consiste em um ensaio interpretativo voltado à revisão de recentes
contribuições teóricas acerca das categorias rural e urbano, baseadas em autores de
diversos campos de saber. Tal revisão serve de base a esclarecimentos
terminológicos, na tentativa de distinguir usos operatórios e analíticos destas
categorias, além de diferenciar campo de rural e cidade de urbano.
Palavras-Chave: Rural; Urbano; Pensamento Social.
Abstract
This text represent an interpretative essay with the objective to review recent
theoretical contributions over rural and urban as cientific categories, based on authors
from inside and outside Geography. This review is the basis to terminological
enlightnings, in an attempt to distinguish operatorial and analytical uses of this
categories, as well as to identify the differences between country and rural, city and
urban.
Keywords: Rural; Urban; Social Studies.
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BIAZZO, P. P.
Introdução
O que é, afinal, “o rural”? O que é, afinal, “o urbano”? Tais questões vieram à
tona no meio acadêmico, desde o início do século XX. A partir dos anos 1970, em
países centrais e, desde os anos 1990, no Brasil, foram recolocadas e intensamente
reavaliadas tanto no debate acadêmico como, também, nas instituições estatais, nos
organismos de pesquisa e organizações não-governamentais.
“Rural” e “urbano” são vocábulos que adquirem significados variados,
justamente porque encarados como fundamentais para o planejamento territorial em
diversas escalas e para o desenvolvimento em suas múltiplas dimensões: política,
econômica, cultural, ambiental, em suma, social. Há uma verdadeira obsessão pela
discussão de critérios definidores do corte “rural/urbano” em pesquisas técnicas e em
estudos pragmáticos, que tratam tais categorias de modo operatório, basilares para a
constituição de um método diferenciador de espaços. Paralelamente, tal fixação se
reapresenta em estudos teóricos e como suporte para pesquisas acadêmicas, onde
se busca tratar rural e urbano como categorias analíticas, algo muito dificilmente
alcançado.
“Rural” e “urbano”, na maioria das vezes, aparecem como categorias
operatórias, utilizadas como referências a bases empíricas e, na abordagem atual
dominante entre os geógrafos, são lidas como conjuntos de formas concretas a
compor os espaços produzidos pelas sociedades. Tal significado se aproxima do uso
no senso comum e também se encontra bastante consolidado entre autores de
diversos campos de saber como Sorokin, Zimmerman e Galpin (1930), Redfield
(1956), Mendras (1969), Léfèbvre (1970), Sarraceno (1994), Kayser (1996) e, no
Brasil, Graziano da Silva (1999), Veiga (2002) ou Abramovay (2003).
Por outras e raras vezes, quando aparecem como conteúdos ou significados
das práticas sociais, rural e urbano servem de base a análises generalistas, que visam
uma construção teórica e que, pelo que parece, podem adquirir um sentido adequado
ao avanço do pensamento nas ciências humanas.
Esclarecer esta diferença de usos das categorias rural e urbano e buscar
definir-lhes um sentido é o objetivo deste ensaio interpretativo. Isto não significa uma
pretensão ou busca de qualquer nova construção teórica mas, simplesmente, um
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esclarecimento terminológico, na tentativa de distinguir campo de rural, cidade de
urbano. Importantes contribuições para o uso das expressões rural e urbano já foram
fornecidas justamente pelos autores que aqui se pretende analisar. Porém, os
mesmos que conseguiram realizar a dificílima tarefa de resignificar tais expressões e
inserí-las como categorias analíticas em suas práticas discursivas, parecem continuar
vítimas dos padrões de uma ciência moderna, reducionista e essencialista, que se
manifesta em pequenos detalhes de sua linguagem, decisivos, contudo, no
comprometimento e esvaziamento de sua mensagem. Por isso, no meio acadêmico
continua-se a confundir campo com rural e cidade com urbano.
Ancorados pelos procedimentos de uma pesquisa interpretativa com amplas
bases
na
filosofia
e
na
antropologia,
autores
internacionais,
provenientes
principalmente do campo da Sociologia, como Léfèbvre2 (1972), Chamboredon (1985),
Remy (1989) e Mormont (1989, 1997) forneceram novas perspectivas para o uso
teórico das expressões “rural” e “ruralidade”, ao mesmo tempo em que, direta ou
indiretamente, redefiniram “urbano”. No Brasil, os principais pesquisadores que
absorveram tais contribuições foram a antropóloga Maria José Carneiro (1998, 2003),
ao tratar das ruralidades, e o geógrafo João Rua (2000, 2002), ao discorrer sobre as
urbanidades. Paralelamente, ancorado pelas críticas da ciência e da modernidade,
Roberto Moreira (2002, 2006) vem promovendo a rediscussão das categorias rural e
ruralidade por meio de abordagem profundamente interdisciplinar, voltada à
desnaturalização destas e de outras expressões. Sua reflexão se destaca por vincular
as disputas de poder à produção de significados para certos “rural” e “urbano”
construídos pelos diferentes agentes sociais.
Dos estudos sobre campo, cidade, rural e urbano realizados por geógrafos
brasileiros, muitos foram aqueles fundamentados direta ou indiretamente em Henri
Léfèbvre (1972), marcadamente através de Milton Santos (1988, 1994). Entretanto, os
demais autores supracitados estão começando a ser incorporados à Geografia. A
combinação da perspectiva de Léfèbvre e Santos com estas novas leituras
provenientes das ciências sociais, nos anos 1990, permite a construção da presente
reflexão.
Antigas Mensagens em Antigas Linguagens: indistinções entre campo e
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rural, cidade e urbano
Os estudos sobre relações campo/cidade tiveram maior expressão no âmbito
da Sociologia, desde as primeiras décadas do século XX, principalmente nos Estados
Unidos. As primeiras interpretações sobre o tema eram dualistas, colocavam “urbano”
e “rural” como áreas contrapostas, espaços com características próprias e isoladas.
Tal visão tradicional, amplamente instituída na sociedade e entre os cientistas,
começou a ser relativizada pelo do trabalho de Sorokin, Zimmerman e Galpin (1930),
no qual a polarização antagônica passou a ser substituída por um gradiente de
variações espaciais, de uma situação típica – “o rural” - a outra – “o urbano”,
compondo um “continuum rural-urbano”. Diferenças empíricas em aspectos
ocupacionais e ambientais, de tamanho das comunidades, de densidade populacional,
de mobilidade, entre outras, foram elencadas pelos autores para diferenciar o “meio
rural” do “meio urbano”. A perspectiva do continuum, aprofundada pelo antropólogo
Robert Redfield (1956) nos anos 1940 e 1950 fomentou, entretanto, a concepção de
que o “meio rural” estaria cada vez mais sob influência do meio urbano. Por
conseguinte, gerou a idéia de progressiva extinção de sociedades, modos de vida ou
espaços ditos “rurais”.
Na passagem das décadas de 1930 a 1960, tanto em países centrais, como em
países como o Brasil, semiperiféricos, a modernização tecnológica na agropecuária
intensificou-se e os estudiosos sobre relações “rural/urbano” se debruçaram acerca da
difusão dessas novas tecnologias. Sendo assim, as análises outrora voltadas mais a
aspectos populacionais foram deslocadas para aspectos econômicos ligados à gestão
das propriedades. Tais pesquisas faziam uso de métodos quantitativos e visavam
identificar e classificar sistemas agrícolas, compondo um modelo de análise mais
tarde denominado “difusionismo” (SCHNEIDER, 1998). Os espaços classificados
como “rurais’ seriam palcos para a expansão de inovações tecnológicas provenientes
de espaços “urbanos”.
Nos anos 1960, houve a incorporação de influências marxistas, históricodialéticas, menos pragmáticas e mais voltadas ao estudo das desigualdades. Mesmo
assim, a ênfase na análise de processos econômicos acabou transformando a
sociologia rural em uma sociologia da agricultura (MARTINS, 1981). O foco analítico
se tornara mais restrito, algo que também se refletiu na geografia agrária européia e
norte-americana,
de
contornos
até
hoje
insistentemente
economicistas
–
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dominantemente pragmáticos nas décadas de 1950 a 1970, e hegemonicamente
marxistas dos anos 70 do século XX em diante3.
A associação e, mesmo, indistinção entre campo, rural e agricultura gerou uma
perspectiva que passou a ser chamada de “urbanização do campo” ou “urbanização
do rural”, que foi largamente criticada por antropólogos e sociólogos, principalmente
franceses, como Rambaud (1969) e Jollivet (1997). Porém, esta linha de pensamento
permanece presente em praticamente todos os estudos voltados ao planejamento
territorial, que colocam em discussão alternativas para o desenvolvimento.
Graziano da Silva (1999) se insere nesta corrente e, ao aprofundar a idéia de
“espaços rurbanos” no Brasil, continua a se basear no continuum rural/urbano. A
contribuição deste autor, entretanto, está na quantificação e comprovação de
hipóteses anteriormente constatadas em países centrais: a população oficialmente
recenseada no Brasil pelo IBGE como “rural” vem apresentando cada vez maior
inserção em atividades não-agrícolas. As crescentes oportunidades no setor terciário
contrastam com movimentos de exclusão no setor primário, provocados pela
mecanização agrícola e pelo mercado orientado às commodities. Além disso, a
combinação de atividades agrícolas e não-agrícolas para complementar a renda da
família se mostra estratégia crescente e revela o fenômeno da pluriatividade familiar.
Próximos desta concepção estão aqueles que buscaram, com distintos
objetivos,
questionamentos e métodos, construir uma abordagem territorial para
estudar a relação campo/cidade ou “rural/urbano”: a geógrafa italiana Elena Sarraceno
(1994), o geógrafo francês Bernard Kayser (1996) e, no Brasil, Veiga (2002) e
Abramovay (2003), ambos economistas. Todos se baseiam em uma constatação e
premissa comum, verificada a partir dos anos 80: a urbanização não levou ao fim das
áreas campestres. Pelo contrário, situações de recuperação de dinamismo em
espaços caracterizados como “rurais”, em paralelo ao declínio econômico de algumas
localidades “urbanas”, contrariaram a previsão de uma urbanização inexorável.
Houve, dessa forma, um “renascimento rural” (KAYSER,1996) baseado, em parte, na
proliferação do fenômeno da pluriatividade e, em parte, no reconhecimento do campo
como espaço de lazer.
Desde os anos 1980, nos quadros de uma 3a Revolução Industrial, verificou-se
uma variação dos termos de troca entre o campo e a cidade, na medida em que
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ocorreu um deslocamento espacial dos centros de desenvolvimento entre espaços
inter e intra-nacionais. Uma lógica reticular de organização do espaço se sobrepôs à
lógica de continuidade territorial anterior e possibilitou uma intensificação do processo
de descentralização industrial, comercial e de serviços, tendência já verificada bem
mais discretamente no espaço intra-nacional de países centrais como Estados Unidos
e França, desde a distante década de 1950.
Em espaços próximos a grandes cidades dos países centrais e, também,
semiperiféricos, a população residente no campo começou a se inserir no mercado de
trabalho de atividades turísticas, na medida em que a população da cidade,
principalmente a da metrópole involuída, hipertrofiada, vem procurando se recolocar
em contato com a natureza e a tranqüilidade esvaídas do ambiente metropolitano.
A análise mais detalhada de cada um dos autores supracitados não cabe
dentro dos limites deste trabalho, mas pode ser encontrada parcialmente em Carneiro
(2003), Blume (2004) ou Lima (2006). Vale destacar que Sarraceno (1994) propõe a
identificação de diferentes dinâmicas para cada parcela do espaço e em diferentes
escalas, com o objetivo de construir critérios variáveis de definição entre “rural” e
“urbano”, adaptados à situação de cada uma delas.
Por sua vez, Abramovay (2003) trata das “funções e medidas da ruralidade” e,
assim como Veiga (2002), ressalta a importância do conceito de território para o
entendimento das relações entre “rural” e “urbano”. Apesar destes estudiosos
diferenciarem adequadamente rural de agrícola, demonstrarem que nem todas as
áreas consideradas “rurais” estão sofrendo esvaziamento demográfico e que,
portanto, não são sinônimo de atraso e estagnação, não se preocupam com as duas
importantes distinções entre campo e rural e entre cidade e urbano. Por isso, falam
despreocupadamente em “espaços urbanos”, “regiões rurais”, “áreas rurbanas”, entre
outras expressões que acabam dificultando um avanço teórico capaz de aprofundar a
crítica da abordagem dualista. Por outro lado, tais estudos se tornam efetivos para a
construção de metodologias e continuam a atribuir um sentido operatório às
categorias “rural” e “urbano”. Em outras palavras, são úteis para pesquisas aplicadas
e para rediscutir critérios embasadores de políticas públicas.
Não podemos esquecer, ainda, da valiosa contribuição da socióloga Maria de
N. Wanderley (1997, 2003), representante no Brasil de uma vertente culturalista dos
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estudos sobre rural e ruralidade. Desde o início da sociologia rural, os modos de vida
são enxergados majoritariamente como formas de cultura (MARTINS, 1981). A
perspectiva cultural, contudo, só se tornou expressiva a partir de Rambaud (1969). Foi
a primeira a reduzir a ênfase da dimensão econômica e distinguir rural de agrícola,
pois se preocupou com relações sociais e valores, mais do que com a técnica. Nela,
há uma idéia de culturas que não são passivas, incorporam valores e se modificam,
embora sejam qualificadas como tradicionais.
Wanderley (2003) sustenta que o rural é um modo de vida, por meio do qual os
indivíduos enxergam a si mesmos e o mundo à sua volta. A autora reflete sobre a
idéia de “mundo rural”, um universo que não é isolado mas que carrega
especificidades, buscadas através da história, acreditando no rural como formação
sócio-histórica concreta. Contudo, também Wanderley associa rural e urbano a
recortes específicos do espaço, não conseguindo deixar de utilizar as tão usuais e,
mesmo, viciadas, expressões “espaços rurais”, “meio rural” e “meio urbano”.
Esta perspectiva culturalista vem sendo criticada por autores europeus, como
Mormont (1997), e brasileiros, como Carneiro (2003) porque a cultura pode ser
abordagem para “o rural”, assim como para qualquer universo social, mas não há
como definir uma cultura rural, não há como adjetivá-la desta forma. As características
objetivas indicativas do “rural” são tão variáveis, que se torna impossível especificá-las
em generalizações. Mais uma vez, “rural” é tratado de modo operatório e, não,
analítico, perpetuando o enfoque dualista.
Novas Mensagens em Antigas Linguagens: ruralidades “no urbano” e
urbanidades “no rural”
Há um conjunto de estudos que, em contraste com aqueles até agora
analisados, conseguiram utilizar as categorias “rural” e “urbano” em um sentido não
essencialista, movimentando-se em busca de elaborações teóricas capazes de tratálas como categorias analíticas. Em Biazzo (2006), analisou-se de modo relativamente
detalhado os escritos de Chamboredon (1985), Remy (1989) e Mormont (1989, 1997)
acerca das categorias rural e ruralidade.
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Em suma, esses autores renovaram o significado teórico de tais expressões,
desvinculando-as de recortes espaciais específicos ou de conjuntos de formas
materializadas na paisagem. Remy utiliza a idéia de “sociologia da ação”. Nela, o que
define o espaço são as relações entre os atores, sua disputa de interesses pelo uso
deste espaço, calcada em diferentes idéias que associam o rural à natureza. O
conservadorismo, o desenvolvimento regional, o turismo e o lazer, são exemplos que
encerram finalidades conflitantes neste uso.
É preciso reforçar, portanto, o que há de destaque nesta perspectiva de
Mormont e Remy: suas opções por ressaltar a idéia de localidade não levam o rural
(ou o urbano) a serem encarados como tipos de espaço. Rural e urbano são
qualidades das relações sociais e, por isso, trata-se de rural e urbano no local e, não,
“um local como rural ou urbano”. Conseqüentemente, Remy e Mormont fornecem
respostas diferenciadas, por exemplo, à perspectiva da “urbanização do rural”, no
sentido de que não é necessário que haja o fim de manifestações rurais devido à
modernização, pois ambos podem conviver nos mesmos locais, nas práticas dos
mesmos atores sociais.
Idéias semelhantes encontram-se sugeridas, mas não totalmente esclarecidas
teoricamente, nas obras de Henri Léfèbvre e de Milton Santos. Embora o objetivo
deste último autor não fosse o de debruçar-se sobre as categorias rural e urbano, em
alguns de seus estudos como A Urbanização Brasileira (SANTOS, 1994), ou
Metamorfoses do Espaço Habitado (SANTOS, 1988), há a clara opção por considerar
cidade e campo como formas no espaço, enquanto rural e urbano especificam o
conteúdo social destas formas. Deste modo, expressões como “espaço agrário”,
“espaço rural” ou “espaço urbano” deixariam de ser utilizadas indiscriminadamente, na
medida em que o uso do território pode ser agrícola, conter traços de sociabilidade
adjetivados de rurais, sem torná-lo especificamente “rural”.
É uma das metas que parecem ter perseguido Rua (2000, 2002), De Paula
(2005), Carneiro (1998, 2003) e Moreira (2002,2006). As mensagens de tais autores
apontam neste sentido. Entretanto, quanto à linguagem em certas passagens
discretas, também não conseguem se desvencilhar de expressões usuais, porém
decisivas.
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Em regra, utilizam-se das categorias ruralidade e urbanidade. Parece claro que
a idéia de ruralidade surge com tanta força devido ao fato de que a perspectiva de
uma “urbanização do campo”, desenvolvida principalmente por pensadores marxistas,
levou a idéia de rural a ser encarada como “um meio (social ou espacial) estático”,
não transformado, atrasado em face da modernização. Todavia, para Carneiro (2003),
a idéia de ruralidade(s) se refere ao processo social, diz mais sobre o “mundo rural”
no processo de transformação e faz referência não exatamente a um espaço ou a um
modo de vida, porém às “manifestações do rural”. A novidade está em incluir o urbano
no rural (e vice-versa), tendo a consciência de que um é pensado ou construído a
partir do outro.
Moreira (2002) acrescenta a isso o fato de uma certa imagem de rural ter sido
parte do “projeto da modernidade” e, claramente, a idéia “hegemônica” acerca de rural
está profundamente ligada a visões sociais constituídas no meio urbano-industrial
europeu. Sua premissa é a de que toda teoria científica é uma hipótese sobre a
realidade, uma narrativa construída a partir de relações de poder. Ao invés de arrolar
características de espaços como ruralidades, o autor aponta “identidades” ligadas à
idéia de ruralidade, construídas por discursos provenientes de elites urbanas em seus
objetivos modernista/modernizador:
o rural da modernidade ficou identificado com a tradição, incivilidade e
irracionalidade. Associado às relações face a face, às culturas estáveis, homogêneas
e primitivas, ficou identificado como conservador. Associado ao antigo regime – feudal
em alguns casos e escravista em outros – ficou identificado como autoritário, nãodemocrático. Noutro sentido, o território urbano ficou referido ao tempo contínuo, ao
mecanismo do relógio e ao espaço geométrico horizontal-vertical das ruas e dos
edifícios. O território rural ficou associado ao tempo sazonal e ao espaço
ecossistêmico da natureza. (MOREIRA, 2006, p. 8)
Além disso, nestes autores, podemos encontrar outra explicação sobre a
emergência da categoria ruralidade. Trata-se, também, de uma tentativa de responder
ao dilema colocado pela separação homem-natureza. Como já se apontou, nas
últimas décadas surge outra percepção do campo, correspondente a um resgate da
natureza pelos habitantes da cidade que a ele se dirigem. Relativo, igualmente, a um
modo de vida que, para a sociedade urbana, é “alternativo” e poderia servir de base
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para um outro “desenvolvimento”, ambientalmente sustentável. Carneiro (2003) e
Moreira (2006) esclarecem como os significados de rural e ruralidade estão em
reconstrução: da terra como base produtiva à terra como base natural, patrimônio
ambiental, dedicado não apenas às atividades agrícolas, mas também às atividades
ligadas ao lazer, como as práticas turísticas e de segunda residência, com usos de
objetivo supostamente mais conservacionista do que predatório.
Se muda o discurso hegemônico, mudam os significados de rural e ruralidade,
urbano e urbanidade. Eis uma perspectiva que destaca a dimensão epistemológica de
tais categorias, mais do que suas dimensões metodológica e ontológica (BIAZZO,
2006).
Não se discute se as urbanidades estão desaparecendo ou não e,
provavelmente devido a isso, a noção de ruralidades esteja mais em voga e seja
muito mais acionada. Mesmo assim, como contraponto à idéia de ruralidades, Rua
(2000, 2002) trabalha com a categoria “urbanidades”. O motivo para a escolha do
autor diz respeito ao espaço específico a que se propõe analisar: o interior fluminense,
com
elevados
índices
de
urbanização;
espacialidade
submetida
à
lógica
metropolitana, tanto em infra, quanto em superestrutura. Ao afirmar que “o rural é
recriado pelo capitalismo” e que “os projetos de poder na modernidade se fundam na
cidade”, Rua vai ao encontro das elaborações teóricas de Moreira, De Paula e
Carneiro.
De modo geral, suas novas mensagens ficam sintetizadas por esta última
autora quando afirma:
As categorias rural e urbano não designariam espaços ou propriedades
empiricamente observadas, mas representações sociais. Assim, chegamos à
desnaturalização de referências empíricas que sustentam essa dualidade, tornando
possível reconhecer experiências e relações sociais tidas como rurais, mas que se
manifestam em espaços considerados urbanos. Nesses termos, o rural pode ser, em
alguns contextos, expressão da tradição, da autenticidade das relações interpessoais,
do simples, do atraso, como também pode, através de uma reelaboração simbólica
por parte dos atores sociais, conter ícones da modernidade e ser expressão de uma
modernização que se realiza em espaços tipicamente urbanos (CARNEIRO, 2003, p.
9).
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No debate teórico, os escritos de Carneiro, De Paula, Moreira e Rua revelam-se
muito mais eficazes do que os demais analisados. São autores brasileiros que
fornecem significativa contribuição para utilizar rural e urbano como categorias
analíticas, ao fazer referência, de modo consistente, a um “mundo rural” como
universo simbólico. Realizam um movimento que minimiza a substantivação de tais
categorias.
Entretanto, as novas mensagens aqui decodificadas guardam formas
discursivas, ou seja, linguagens, herdadas do paradigma empiricista e dualista voltado
às dimensões ontológica e metodológica das categorias rural, urbano e seus
derivados.
Em Moreira, por exemplo, encontramos passagens como esta: “poder-se-ia
falar de elementos de ruralidade em espaços urbanos, bem como elementos de
urbanidade em espaços rurais” (MOREIRA, 2002, p. 21) – não seriam espaços
citadinos e espaços campestres?
Do mesmo modo, enquanto expressões como “meio rural” ou “localidade
urbana” encontradas em passagens do texto de Carneiro (2003), ou mesmo enquanto
Rua (2002) continuar a usar a denominação “urbanidades no rural”, ao invés de
“urbanidades no campo”, as categorias rural e urbano, ruralidade e urbanidade não
terão adquirido plenamente seu sentido analítico.
Novas Mensagens em Nova Linguagem: campo e cidade como formas;
ruralidades e urbanidades como conteúdos de construções sociais
Retornando a Léfèbvre (1972), buscou-se claramente neste autor a orientação
para distinguir campo de rural e cidade de urbano. Oscar Sobarzo (2006), em seu
texto sobre o urbano e o rural na obra de Léfèbvre, aponta que tal par de categorias
não é o mais adequado para abordar as análises do autor, pois nelas “urbano” indica
uma sociedade em formação na qual está incluído o rural. “[...] é mais apropriado
começar analisando a relação cidade/campo [...] urbano e rural permanecem como
conteúdos diferenciados (urbanidade e ruralidade), mas [em Léfèbvre] a oposição
cidade/campo atenua-se” (SOBARZO, 2006, p. 54-55).
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Esta leitura pode, então, ser associada à visão de Milton Santos (1988) e
Santos e Silveira (2001) acerca do espaço geográfico: este figura como conjunto
indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações. Objetos são formas, fixos.
Ações são relações sociais, fluxos, funções, conteúdos. Enquanto os primeiros
compõem a infra-estrutura (para os autores, “tecnosfera”), os segundos engendram a
superestrutura (“psicosfera”). Campo e cidade são, portanto, materialidades.
Concretizam-se como paisagens contrastantes. Ruralidades e urbanidades são
racionalidades ou lógicas. Manifestam-se por meio de nossos atos, através das
práticas sociais. Na esfera dos sujeitos, são conteúdos incorporados no curso da vida.
Na esfera das instituições ou agentes coletivos, são ora incorporados, ora herdados.
De qualquer modo, são representações provenientes de diferentes universos
simbólicos, reproduzidos por cada indivíduo em seu convívio social.
São inúmeros exemplos de novas identidades rurais ou manifestações de
ruralidades encontrados tanto no campo quanto na cidade. Associadas à economia
seriam a revitalização de práticas de produção orgânica nas atividades agrárias, o
turismo rural em espaços campestres e os mercados futuros de commodities em
espaços citadinos. Associadas à política seriam o personalismo e o clientelismo, os
embates na OMC acerca de subsídios agrícolas, as disputas no âmbito dos
ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário no Brasil, os movimentos
sociais como o MST. Associadas à cultura, como já se destacou, envolvem a busca
de uma reaproximação da natureza pela população citadina, os hábitos de origem
country, o sucesso de músicas sertanejas, entre muitos outros.
Por outro lado, as urbanidades associadas à economia se manifestam através
de complexa divisão social do trabalho, redes técnicas, de transporte e comunicação,
tanto no campo quanto na cidade. Associadas à política se revelam no planejamento e
nos planos de gestão do território, na crescente “densidade normativa” (Santos, 2001)
dos espaços citadinos e campestres. Por fim, associadas à cultura, as urbanidades se
manifestam com a emancipação feminina e a redução da divisão sexual do trabalho,
com a fluidez de informação, com a estetização de comportamentos de acordo com as
mídias, entre muitos outros exemplos.
Importante
acrescentar
que
as
racionalidades
autóctones
incorporam
informações e produzem urbanidades no local. Não há, apenas, a “chegada de
urbanidades”. Se as urbanidades se difundem e se apresentam cada vez mais difusas
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no espaço, o mesmo ocorre com as ruralidades! Há diversos exemplos, no Brasil,
relativos à presença de ruralidades que compõem as funções de uma cidade e o seu
próprio processo de urbanização, que se revelam corporativos, personalistas e/ou
comprometidos com interesses do agronegócio. Este seria um movimento de difusão
de ruralidades na cidade promovido por agentes que detêm meios de produção. Uma
leitura atenta de Santos (1999) deixa bem claro que “homens lentos”, que não
dominam o saber moderno, também podem gerar transformações. É o caso de
produtores agrícolas que buscam a revalorização de sua identidade local através da
formação de cooperativas e de movimentos de reconversão produtiva, algo gerador
de novas identidades sociais (ou ruralidades) no campo e na cidade.
Sintetizando a proposta para que a nova mensagem dos pesquisadores seja
acompanhada de correspondente linguagem: campo e cidade são formas concretas,
materializam-se e compõem as paisagens produzidas pelo homem; “urbano” e “rural”
são representações sociais, conteúdos das práticas de cada sujeito, cada instituição,
cada agente na sociedade. Por isso, urbanidades e ruralidades se combinam em cada
recorte do espaço, seja um local, seja uma micro, meso ou macro região. Mais do que
isso, urbanidades e ruralidades se combinam nos atos e na visão de mundo de cada
indivíduo. São atributos, não substantivos. Propõe-se, aqui, abandonar por completo o
vínculo direto entre espaço e “rural”, ou espaço e “urbano”, para que, referidas como
ruralidades e urbanidades, tais categorias adquiram conteúdo analítico.
Considerações Finais
Consolidando proposições anteriores para análises pragmáticas, voltadas ao
ordenamento ou planejamento territorial e que sirvam de base à coleta de dados
estatísticos e formulação de políticas públicas, sugere-se apenas o uso dos termos
campo e cidade. Embora o IBGE ainda trabalhe, talvez por inércia metodológica, com
as categorias “urbano” e “rural”, sem sequer distinguir rural de agrícola, alguns de
seus analistas reconhecem que tais expressões não têm conteúdo heurístico algum.
São conceitos-obstáculo, enquanto campo e cidade têm melhor base empírica.
Os espaços, então, podem ser adjetivados como campestres ou citadinos, pois
campo e cidade são referenciais formais. Nesse raciocínio o perímetro “urbano”
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deveria ser denominado “citadino”. Conforme analisado em estudo prévio, em ambos
espaços
se
manifestam
identidades
sociais
que
configuram
ruralidades
e
urbanidades. Em paisagens do campo e das cidades (formas, conjuntos de objetos)
existem urbanidades e ruralidades (conteúdos - heranças, origens, hábitos, relações,
conjuntos de ações) que se combinam, gerando novas territorialidades, admitindo-se
que cada local ou região pode abrigar diferentes territorialidades superpostas,
relativas a diferentes agentes sociais. Para reforçar essa busca por uma nova visão,
sustenta-se que não há espaços rurais ou espaços urbanos. Há urbanidades e
ruralidades que, combinadas, ensejam as territorialidades particulares de cada
localidade, município ou recorte regional. Trata-se de não encarar rural e urbano como
substantivos, pois desta forma nada especificam e seu significado se esvazia.
Também importa sublinhar que comumente, mas não necessariamente, a
cidade será o espaço de manifestação mais plena de urbanidades. Do mesmo modo,
comumente, mas não necessariamente, o campo será o espaço de manifestação mais
plena de ruralidades.
Então, o que são, afinal, “o rural” e “o urbano” ? Nada mais do que construções
simbólicas, manifestações ou criações culturais concebidas, sim, a partir de hábitos,
costumes. Ao contrário do campo e da cidade, ou melhor, de espaços campestres e
citadinos, urbano e rural não podem ser mensurados ou delimitados, sequer
analisados, porque não são substantivos. O uso das expressões ruralidades e
urbanidades parece mais adequado do que “rural” e “urbano”, pois expressam maior
dinamismo através de identidades sociais que se reconstroem. As manifestações
associadas a imagens rurais e urbanas podem ser identificadas, na medida em que os
indícios
de
sua
existência
estão
nas práticas
sociais
e
nas
constituídas/atribuídas por cada indivíduo, instituição ou agente social.
identidades
Campo E Rural, Cidade E Urbano: Distinções Necessárias Para Uma Perspectiva Crítica
em Geografia Agrária, pp. 132-150
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Notas
1 Este texto é produto do amadurecimento de reflexões geradas a partir do
convívio acadêmico, entre 1998 e 2006, com os professores João Rua, Glaucio José
Marafon, Roberto Moreira e Maria José Carneiro. Agradeço pelos ensinamentos,
estímulos, pela atenção carinhosa e dedicada que jamais esquecerei. Agradeço ainda
aos professores Glaucio José Marafon e Vera Lúcia S. Pessoa pelo empréstimo de
material e pela possibilidade de levar a público a presente reflexão. A Ana Beatriz
Mendonça, agradeço pelo empenho na revisão do texto, com as melhores sugestões
do mundo.
2 Henri Léfèbvre foi um exemplo de autor que se inseriu, inicialmente, entre
aqueles que analisavam o processo de “urbanização do rural”, utilizando tais
categorias como operatórias e como relativas a uma base empírica. Posteriormente,
suas distinções acerca da materialidade e dos conteúdos sociais, o ajudaram a se
aproximar bastante do uso de rural e urbano como categorias analíticas e forneceram,
junto com os estudos de Milton Santos, a principal inspiração para a escrita do
presente texto.
3 Esta cronologia tem como referência as transformações na sociologia e na
geografia norte-americanas e européias. As mudanças nos pensamentos sociológico
e geográfico brasileiros ocorreram com certas especificidades que, em linhas gerais,
atrasam tal cronologia. Considera-se, também, que uma matriz de interpretação
teórica ou “escola” de pensamento não substitui a outra. As orientações teóricas se
tornam
predominantes
ou
minoritárias
mas
se
somam,
continuam
a
ser
concomitantemente praticadas pelos pesquisadores. Ocorre uma disputa pela
hegemonia nas práticas científicas que acaba por levar ao predomínio de uma ou
outra escola de pensamento. No caso da geografia agrária brasileira, um horizonte
lógico-formal ainda muito ativo, cede lugar à hegemonia de um horizonte críticoradical, de inspiração marxista, na passagem dos anos 70 aos 80. Desde os anos 90,
combinam-se a eles estudos de um horizonte humanista, ainda discreto nas reflexões
sobre rural e ruralidade, majoritariamente economicistas até os dias atuais.
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CAMPO E RURAL, CIDADE E URBANO: distinções