CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE GOIÁS ÁREA DE QUÍMICA ESTUDO DO USO DE FIBRAS SILICÁTICAS DE AMIANTO (CRISOTILA 5S) COMO SUPORTE DE CRESCIMENTO DO FUNGO Ganoderma apllanatum por JOSELY BATISTA RABELO GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA QUÍMICA AGROINDUSTRIAL GOIÂNIA - GO 2007 CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE GOIÁS ÁREA DE QUÍMICA ESTUDO DO USO DE FIBRAS SILICÁTICAS DE AMIANTO (CRISOTILA 5S) COMO SUPORTE DE CRESCIMENTO DO FUNGO Ganoderma apllanatum por JOSELY BATISTA RABELO GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA QUÍMICA AGROINDUSTRIAL GOIÂNIA - GO 2007 FICHA CATALOGRÁFICA BATISTA RABELO, JOSELY Estudo do Uso de Fibras Silicáticas de Amianto (Crisotila 5S) como Suporte de Crescimento do Fungo Ganoderma applanatum. [Goiânia, Goiás] 2007, 64p. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no CEFET-GO/Área de Química para a obtenção do grau Tecnólogo em Química Agroindustrial. 1. Estudo 2. Fibras Silicáticas 3. Crisotila 5S I. Química/ CEFET-GO 4. Suporte 5. Crescimento do Fungo 6. Ganoderma applanatum II. Título CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE GOIÁS ÁREA DE QUÍMICA ESTUDO DO USO DE FIBRAS SILICÁTICAS DE AMIANTO (CRISOTILA 5S) COMO SUPORTE DE CRESCIMENTO DO FUNGO Ganoderma apllanatum POR JOSELY BATISTA RABELO Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso submetida à Banca Examinadora designada pelo Colegiado do Curso de Graduação em Tecnologia em Química Agroindustrial como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Tecnólogo em Química Agroindustrial. Banca Examinadora: ___________________________________________________ Profº. Msc. Paulo de Tarso Ferreira Sales Orientador ___________________________________________________ Profº. Dr. Fernando Schimidt Co-Orientador ___________________________________________________ Profª. Drª. Warde A. de Fonseca-Zang Examinadora ____________________________________________________ Profª. Maria Margareth Gonçalves Lopes Examinadora Goiânia, 19 de Novembro de 2007. Aos meus pais, Jorivê e Sueli, um agradecimento muito especial pelo carinho, disposição, apoio em toda a trajetória e pela eterna confiança em minhas escolhas. Aos meus irmãos, Josuênio e Jocelane, pelos momentos de felicidade. “Pessoas sábias falam sobre idéias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas medíocres pessoas.” falam sobre Dick Corrigan AGRADECIMENTOS Todos nós precisamos acreditar que algo só é possível se é feito com amor, dedicação e força de espírito. Essas forças vêm de muitas fontes. E é a elas que este trabalho é inteiramente dedicado. Em primeiro lugar ao apoio do Orientador Prof. Msc. Paulo de Tarso, pela orientação deste trabalho com tanta competência e estímulo e também ao apoio do CoOrientador Profº. Dr. Fernando Schimidt. Aos professores, Drª. Warde A. da Fonseca-Zang e Profª. Maria Margareth por terem aceitado analisar meu trabalho. Ao Alessandro da Faculdade de Engenharia Civil da UFG pela disponibilidade de meios físicos e técnicos indispensáveis à elaboração deste trabalho. Á professora, Drª. Mariângela Fontes Santiago pela disponibilidade do laboratório de Enzimologia da Faculdade de Farmácia. Ao Sr. Hélio Helio Elias da Silva por ter cedido a crisotila 5S, o que possibilitou a realização desse trabalho. Agradeço a meus amados pais, Jorivê e Sueli, um casal fantástico que tem me fornecido muito carinho, compreensão e apoio para que eu busque minha felicidade. Por mais que eu procure por belas palavras para expressar toda minha admiração e amor, não seriam suficientes para agradecerem por terem me ensinado, muito bem, a viver. Aos senhores, meus votos de agradecimento por todo acompanhamento durante essa trajetória. São meus bens mais preciosos, juntamente com meus irmãos, Jocelane e Josuênio, a quem também dedico este momento de realização, reconhecendo nossa união, mútuo respeito e compreensão. Também, à minha cunhada Simone e ao meu sobrinho Josuênio Júnior. Dedico, ainda, um agradecimento especial a todos de minha grande família. Ao meu namorado, Lucas, pelo carinho, apoio e compreensão nas horas em que o privei da minha companhia. Aos meus amigos que estiveram sempre ao meu lado para amparar, incentivar com suas palavras, suas contribuições com minhas dificuldades e com minhas angústias. Á equipe de meu trabalho, Bioquímica, que me apoiaram nesta fase de minha vida. Enfim, a todos aqueles que de algum modo estão nas entrelinhas dessa pesquisa, que fizeram e fazem parte de meus projetos, registro o eterno agradecimento pela compreensão e pelo amor dedicado. A todos vocês, muito obrigada! SUMÁRIO LISTA DE SÍMBOLOS --------------------------------------------------------------------------------- i LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS---------------------------------------------------------- ii LISTA DE FIGURAS-----------------------------------------------------------------------------------iii LISTA DE TABELAS E QUADROS----------------------------------------------------------------iv RESUMO ------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 ABSTRACT ---------------------------------------------------------------------------------------------- 13 INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------------- 14 2. EMBASAMENTO TEÓRICO-------------------------------------------------------------------- 16 2.1 Amianto -------------------------------------------------------------------------------------------- 16 2.1.1 Fibras Silicáticas do Amianto Crisotila-------------------------------------------------- 18 2.2 Os corantes: definição, causa da cor e classificação. ---------------------------------------- 20 2.2.1 Os azo corantes ------------------------------------------------------------------------------ 21 2.2.1.1 Corante Food Blue nº. 1 -------------------------------------------------------------- 23 2.3 Fungos Basidiomicetos Ligninolíticos--------------------------------------------------------- 24 2.3.1 Fungo Ganoderma applanatum ----------------------------------------------------------- 27 2.4 Enzimas Lignolíticas ----------------------------------------------------------------------------- 28 2.4.1 Lacase----------------------------------------------------------------------------------------- 29 2.4.2 Lignina Peroxidase-------------------------------------------------------------------------- 33 2.4.3 A Manganês peroxidase -------------------------------------------------------------------- 34 3. PARTE EXPERIMENTAL ----------------------------------------------------------------------- 37 3.1 Preparações das soluções das amostras de corante ------------------------------------------ 37 3.2 Microrganismo ------------------------------------------------------------------------------------ 37 3.3 Preparações da Fibra Silicática – Crisotila 5S------------------------------------------------ 37 3.4 Meio de cultura------------------------------------------------------------------------------------ 38 3.4.1-Meio ágar batata (BGA) ------------------------------------------------------------------- 38 3.4.- Condições de crescimento da cultura----------------------------------------------------- 38 3.5-Equipamentos e Métodos Analíticos usados ------------------------------------------------- 38 3.5.1 Métodos para Determinação das Atividades Enzimáticas Antes e Após O Tratamento das soluções com Fungo.----------------------------------------------------------- 39 3.6 Realização dos tratamentos---------------------------------------------------------------------- 40 3.7 Preparação e manutenção das Amostras------------------------------------------------------- 40 3.8 Espectros no UV-vis ----------------------------------------------------------------------------- 40 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO------------------------------------------------------------------ 42 4.1 Tratamento das Soluções em estudo ----------------------------------------------------------- 42 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ------------------------------------------------ 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------------- 54 ANEXO 1 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 62 i LISTA DE SÍMBOLOS Kg Kilograma t Tonelada m2/g Área superficial específica mV Milivolt mm Milímetro µmol Micromol kDa Kilodalton g.L-1 Massa/ Volume = Concentração ºC Grau Celsius g Grama mL Mililitro cm Centímetro nm Nanômetro ε Coeficiente de absortividade molar min Minuto µL Microlitros h Hora rpm Rotações por minuto µm Micrômetro ii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS pH Potencial de Hidrogênio FAO Food and Agriculture Organization WHO World Health Organization FD&C Food, Drug ; Cosmetic C.I. Color Index LD Lethal Dose (Dose Letal) DNA Deoxyribonucleic Acid (Ácido Desoxirribonucléico) LiP Lignina-Peroxidase WRF White Rot Fungi (Fungo de Decomposição Branca) MnP Manganês Peroxidase ou Peroxidase dependente do manganês EPR Electron Paramagnetic Resonance (Ressonância Paramagnética do Elétron) ABTS 2,2’-azino-bis-(3-ethylbenzthiazoline-6-sulphonic acid) [Ácido 2,2azino-bis-(3-etilbenzotiazol-6-sulfônico)] AV Acetovanilona AS Acetoseringona HBT N-hydroxybenzotriazole (N-hidroxibenzotriazol) IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. BGA Billiant Green Agar (Ágar Verde Brilhante) DQO Demanda Química de Oxigênio COD Chemical Oxygen Demand (Demanda Química de Oxigênio) PMS Produtos Microbianos Solúveis UV-vis Ultravioleta visível OMW Olive Mill Wastewater (Efluente de Indústria de Azeite de Oliva) iii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Estrutura da Crisotila ------------------------------------------------------------------------19 Figura 2 – Fibras no interior da rocha serpentinito -------------------------------------------------19 Figura 3: Fórmula estrutural do corante Food Blue nº. 1 ------------------------------------------23 Figura 4: Fungo Ganoderma Applanatum -----------------------------------------------------------27 Figura 5: Ciclo catalítico da lacase --------------------------------------------------------------------31 Figura 6: Ciclo catalítico da lignina peroxidase -----------------------------------------------------34 Figura 7: Ciclo catalítico da manganês peroxidase -------------------------------------------------36 Figura 8: Fungo G. applanatum crescido em meio de cultura sólido, com adição de corante food blue nº 1 (a) 1 dia após a inoculação, (b) 12 dias após inoculação e (c) 16 dias após inoculação.------------------------------------------------------------------------------------------------37 Figura 9: Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,032 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,032 g.L -1 com crisotila ------------------------------------------------------43 Figura 10: Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,062 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,062 g.L -1 com crisotila -------------------------------------------44 Figura 11: Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,125 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,062 g.L -1 com crisotila -------------------------------------------45 Figura 12: Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,250 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,062 g.L -1 com crisotila -------------------------------------------46 Figura 13: Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,500 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,062 g.L -1 com crisotila -------------------------------------------48 Figura 14: Determinação da atividade de lignina-peroxidase dos caldos filtrados da amostra, em pH 3,0 e álcool veratrílico como substrato, em 310nm ----------------------------------------49 Figura 15: Relação entre a DQO final e a DQO inicial --------------------------------------------50 Figura 16: Variação do pH durante o tratamento das soluções com corante azul brilhante sem o uso da crisotila e com o uso da crisotila ------------------------------------------------------------51 iv LISTA DE TABELAS E QUADROS TABELAS Tabela 1: Propriedades físico-químicas e toxicológicas do azo corante Food Blue ------------24 Tabela 2: Características das enzimas lignolíticas --------------------------------------------------28 QUADRO Quadro 1: Característica e tipos de análises realizadas ---------------------------------------------38 12 RESUMO O presente projeto teve como objetivo geral estudar a interferência das fibras silicáticas de amianto (Crisotila 5S) como suporte de cultura dos fungos, tendo como parâmetros de determinações as atividades enzimáticas de Lacase, Lignina Peroxidase e Manganês Peroxidase como produtos microbianos e a descoloração do corante Food Blue nº. 1 por meio da espectrofotometria do visível. Foi utilizado o microorganismo Ganoderma applanatum, soluções de corante azul brilhante nº. 1, apresentados nas concentrações de 0,031; 0,062; 0,125; 0,250 e 0,500 g.L-1 e a crisotila 1,000g. O tratamento biológico foi efetuado em uma mesa agitadora refrigerada (New Brunswick Scientific) à temperatura de 28º C e 180 rpm na ausência de luz, sendo que foram colocados 100,00 mL de efluente em um erlenmeyer de 250 mL e acrescentado os conteúdos das placas (meio de cultura + fungo) e a crisotila. Após o tratamento de 24, 48, 72 e 96 h, a solução em estudo foi filtrada em papel de filtro Whatman 1,3 mm e o caldo filtrado foi guardado sob refrigeração. Todas as amostras foram filtradas posteriormente em membrana Millipore® 0,45 µm e imediatamente refrigeradas a 4º C. Para as medições enzimáticas, as amostras foram centrifugadas durante 20 min a 8000 rpm e ambas identificadas por espectros UV-vis. Foi observado pelas varreduras no UV-Vis que para concentrações como 0,125 g.L-1 notou-se a degradação do corante pelo fungo e a adsorção da crisotila nas paredes do fungo, havendo a produção de biocompostos fúngicos. Um fator é a produção de lignina peroxidase que foi determinada em 310 nm e a maior produção desta enzima se deu em 96 h de tratamento, com as concentrações de 0,500 g.L-1, com as soluções de com e sem o uso da crisotila, o que indica que o fator predominante para a síntese enzimática de lignina peroxidase é a concentração do substrato, que tem como fonte de nitrogênio o próprio corante. Não foi detectada lacase a 525 nm, usando-se a seringaldazina como substrato. Como o comprimento de onda do produto da oxidação do vermelho de fenol (610 nm) ser muito próximo ao comprimento de onda máximo do corante, bem como à alta absorbância das soluções do corante azul brilhante, não foi possível medir a atividade enzimática, mesmo diluindo-se a amostra, pois em concentrações mais baixas dessa enzima, mostrou-se indetectável. Portanto, neste trabalho, o uso de crisotila como suporte para crescimento de fungos em meio líquido, aumentou significativamente a produção enzimática de lignina peroxidase, concomitante com a diminuição da absorbância em 630 nm, indicando boas perspectivas no processo degradativo desse corante, utilizando-se a biorremediação e a crisotila como suporte do microrganismo. Palavras-chave: Crisotila 5S; corante azul brilhante nº. 1; fungo Ganoderma applanatum. 13 ABSTRACT This paper intended to assess the main objective to study the interference of silicatics asbestos fibers (Chrysotile 5S) as support of culture of the fungi, having as determination parameter the enzymatic activity of Laccase, Lignine Peroxidase and Manganese Peroxidase as microbial products and discolouration of the dyes Food Blue nº 1 through the visible spectrophotometry. It was used the microorganism Ganoderma applanatum, solutions of dyes presented in the concentrations of 0,031; 0,062; 0,125; 0,250 and 0,500 g.L-1 and chrysotile 1,000g. The biologic process was done with the use of a Shaker (New Brunswick Scientific) at 28ºC and 180 rpm in the absence of light. It contained a 250mL-Erlenmeyer filled with 100mL of the effluent and the contents of the dishes (culture medium + fungi). and chrysotile. After the treatment of 24, 48, 72 and 96 h, the solution in study were filtered in paper of filter Whatman 1,3 mm and the filtered broth was kept under refrigeration. All the samples had been filtered later in membrane Millipore® 0,45 µm and immediately cooled 4º C. For the enzymatic measurements, the samples had been centrifuged during 20 min the 8000 rpm and both identified by UV-vile specters. It was observed by the sweepings in UV-Vis that stops concentrations as 0,125 g.L-1 noticed it degradation of the dye for fungi and the adsorption of chrysotile in the walls of fungi, having the production of fungal biocompounds. A factor is the production of lignine peroxidase that was determined in 310 nm and the highest production of this enzyme was in 96 h of treatment, with the 0,500 g L-1concentrations, with the solutions of with and without the use of chrysotile, which indicates that the predominant factor for the enzymatic synthesis of lignine peroxidase is the concentration of the substrate, that has as nitrogen source the proper dye. Laccase was not detected in 525 nm, using seringaldazina it as substrate. As the wave length of the product of the oxidation of the phenol red (610 nm) to be very next to the maximum wave length to the dye, as well as the high a absorbance of the solutions of the shining blue dye, was not possible to measure the enzymatic activity, exactly dissolving it sample, therefore in lower concentrations of this enzyme, it revealed indetectável. Therefore, in our study, the use of chrysotile as support for growth of fungi in half liquid, significantly increased the enzymatic production of lignin peroxidase, concomitant with the reduction of the absorbance in 630 nm, indicating good perspectives in the degradative process of this dye, using itself it biorremediation and chrysotile as support of microorganisms. Key words: Chrysotile; Food Blue nº 1 dye; Fungi Ganoderma applanatum. 14 INTRODUÇÃO A Química é um importante instrumento para o desenvolvimento sócioeconômico de um país e partindo desse pressuposto, a síntese de novos produtos que atendessem à demanda industrial foi incrementada a fim de atender às necessidades da indústria moderna. Mas com a industrialização, a geração de rejeitos tomou outra conotação no meio ambiente, pois, por exemplo, para a indústria farmacêutica especializada em síntese orgânica para produzir 1 kg produto final, gera-se de 25 a 100 kg de lixo químico (CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002). Com a evolução dos processos industriais e o conseqüente surgimento de inúmeros produtos que rapidamente tornaram-se de primeira necessidade, a atividade industrial adquiriu um caráter essencial na sociedade contemporânea. Embora sua importância seja indiscutível, a atividade industrial costuma ser responsabilizada, muitas vezes com justa razão, pelo fenômeno de contaminação ambiental, principalmente graças a dois fatores de extrema importância: o acúmulo de matérias-primas e insumos, que envolve sérios riscos de contaminação por transporte e disposição inadequada e ineficiência dos processos de conversão, o que necessariamente implica na geração de resíduos (FREIRE et al., 2000). Embora exista a preocupação universal em se evitar episódios de contaminação ambiental, esses eventos prejudiciais continuam acontecendo, principalmente porque, em função dos fatores acima comentados, grande parte dos processos produtivos são intrinsecamente poluentes. Ao longo das décadas, a atividade industrial tem produzido rejeitos gasosos, líquidos e sólidos nocivos ao meio ambiente (FREIRE et al., 2000). Por outro lado, existe uma pesquisa global mundial para métodos alternativos na produção de energia por fontes renováveis. O Brasil é pioneiro na produção em larga escala de combustível etanol através da fermentação do melaço de cana-de-açúcar por leveduras. Entretanto, 30% das indústrias substituíram a produção em batelada por processos de fermentação contínuos porque isto apresentou diversas vantagens. Para melhorar a produtividade e o rendimento do etanol e para evitar a utilização das centrífugas, que são processos caros, contínuos com células imobilizadas nos diferentes suportes como vidro, polímeros sintéticos como poliacrilamida, gels de polipropileno têm sido sugerido, embora alguns portadores apresentassem dificuldades em escala industrial (MONTE ALEGRE; RIGO; JOEKES, 2003). A produção industrial brasileira de etanol é aproximadamente 12 bilhões de litros por ano, usando a cana-de-açúcar como matéria-prima. Melhorias de processos têm sido feitos 15 nos últimos anos, principalmente relacionados à seleção da tensão. Entretanto, mesmo hoje em dia a produção atual é baseada em batelada ou em processos semi-contínuos (CASSIOLA, et al., 2001). Nas pesquisas tem sido mostrado que Saccharomyces Cerevisiae suportada em crisotila tem um aumento de 130% na velocidade de fermentação e que o rendimento de etanol pode ser tanto quanto 26% mais elevado do que para células livres. Então este sistema poderia ser usado em um processo de fermentação contínuo (CASSIOLA, et al., 2001). A crisotila é um silicato fibroso de magnésio abundante no Brasil. Os minérios neste país não são contaminados por formas perigosas do asbesto como crocidolita, tremolita e amosita1. A interação entre a crisotila e materiais biológicos podem ser utilizados desde que tenham conhecimento que estas fibras podem causar doenças de pulmão. Entre todos os materiais naturais do asbesto que incluem os anfibólios crocidolita, o tremolita, o amosita, o antofilita e o actinolita, e as serpentinas antigorita, picrolita e crisotila, o câncer de pulmão é associado com crocidolita (asbesto azul), tremolita e amosita (asbesto marrom), visto que as outras fibras variam no grau de perigo na saúde. Crisotila é menos biopersistente que os anfibólios (CASSIOLA, et al., 2001). O presente projeto visa o estudo da interferência das fibras silicáticas de amianto (Crisotila 5S) como suporte de cultura dos fungos, tendo como parâmetros de determinações as atividades enzimáticas de Lacase, Lignina Peroxidase e Manganês Peroxidase como produtos microbianos e a descoloração do corante Food Blue nº. 1 por meio da espectrofotometria do visível. 1 Crocidolita, tremolita e amosita – Minerais fibrosos do grupo dos anfibólios (MENDES, 2001). 16 2. EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1 Amianto Com o desenvolvimento da mineração de amianto em Goiás, a produção nacional passou de 2.145 t/ano em 1965 para a auto-suficiência em 1985, com 165.062 t/ano, respondendo este estado com 99% da produção. Atualmente, a produção gira em torno de 200.000 t/ano de fibra de amianto, extraída totalmente na mina situada no Município de Minaçu no Estado de Goiás. A mina de Cana Brava é a céu aberto, possui uma capacidade instalada de 240 mil toneladas/ano de fibra tratada, com recuperação de aproximadamente 88% das fibras no processo de tratamento. A extração e o beneficiamento é todo mecanizado, sendo produzidos quase todos os tipos de fibras. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de amianto, exportando cerca de 30% de sua produção (FERRACIOLI, 2001). Amianto é a denominação dada a silicatos fibrosos abundantemente encontrados na natureza. Existem cerca de trinta minerais que se enquadram nessa terminologia, porém, comercialmente são explorados atualmente as variedades crisotila (amianto branco), que corresponde a 97% do consumo mundial, seguida da amosita (amianto marrom), e da crosidalita (amianto azul) (FERRACIOLI, 2001). Asbesto e amianto são nomes comerciais de um grupo heterogêneo de minerais facilmente separáveis em fibras. Apresentando composições químicas e cristalográficas diversas, essas fibras têm usos e classificações comerciais que variam muito de um mineral para outro. Listam-se mais de 350 minerais com estrutura fibrosa, encontrados como minerais essenciais ou acessórios nas rochas magmáticas e metamórficas (MENDES, 2001). Os amiantos ou asbestos pertencem a dois grupos de minerais: a crisotila (asbesto branco), representando a variedade fibrosa do grupo das serpentinas, e os minerais fibrosos do grupo dos anfibólios: crocidolita (asbesto azul), amosita (asbesto marrom), antofilita, actinolita e tremolita. A distinção que se faz entre eles é que as fibras da crisotila são sedosas e crespas, já os anfibólios possuem fibras retas e cilíndricas (MENDES, 2001). A produção mundial de asbesto é atualmente representada, em mais de 98%, pela variedade crisotila, a qual, no Brasil, representa 100% do amianto atualmente minerado. Entre 1964 e 1973, a produção mundial de asbesto aumentou cerca de 50%, tendo alcançado o pico de cinco milhões de toneladas/ano em meados da década de 70. Desde então passou a cair, até atingir um nível estimado hoje na ordem de 2,6 milhões de toneladas/ano. O declínio que permanece e propende a acentuar-se está diretamente associado à cronologia das crescentes 17 restrições de extração e importação do amianto, que tendem a ampliar-se, no mundo em função de sua nocividade (MENDES, 2001). As características físico-químicas peculiares do amianto são: elevada resistência mecânica à abrasão, flexibilidade, insulação térmica e elétrica, alta tensão à tração, resistência a ácidos e aos álcalis, fiabilidade e elevado poder filtrante (FERRACIOLI, 2001). O Estado de Goiás detém quase 100% das reservas nacionais de amianto crisotila. Existem ainda inúmeros depósitos de amianto do tipo anfibólios, predominantemente da variedade antofilita. O crescimento nas reservas em Goiás foi conseqüência de reavaliações ocorridas em 1992 e 1997, na mina de Cana Brava, no município de Minaçu. Esta é a única mina em operação no País atualmente, o teor de fibra contida no minério é em média de 6%. Considerando-se apenas as reservas da mina de Cana Brava, nos atuais níveis de produção, a mesma pode ser explorada por mais de 70 anos. As fibras são agrupadas em dois tipos, cross e slip. As fibras têm brilho sedoso, o comprimento é variável, indo de um a quarenta milímetros, com média em torno de seis milímetros (FERRACIOLI, 2001). A produção comercial de amianto no Brasil teve início em 1938, no Estado da Bahia, indo até 1967, com a exaustão da mina, através da empresa SAMA – Mineração de Amianto Ltda. A partir desta data, a empresa intensificou investimentos no Estado de Goiás, onde foram descobertas as atuais jazidas, por volta de 1962. Ocorreu produção em pequena escala nos Estados de Alagoas, Minas Gerais, Piauí e São Paulo, até 1995 (FERRACIOLI, 2001). Embora não exista nenhuma determinação quanto ao banimento do amianto no Brasil, alguns Estados e Municípios o estão adotando sem nenhum critério, proibindo o seu uso como também dos produtos que o contenham, o que pode comprometer o nível de atividade da indústria do amianto, conforme o ímpeto ecológico da época. Existe uma confusão entre os defensores do banimento do amianto, onde consideram o amianto crisotila com o mesmo nível de periculosidade que os anfibólios, este sim, com risco à saúde humana, sendo seu uso proibido no Brasil pela Lei n° 9.055. O potencial de risco que a crisotila tem é muito menor que os dos anfibólios, mesmo assim, a Lei regulamenta da extração ao produto acabado, o que permite que o amianto seja utilizado sem provocar riscos à saúde dos trabalhadores e do consumidor final (FERRACIOLI, 2001). Conforme a Lei n° 9.055 de 01/06/1995 Disciplina a extração, industrialização, utilização, comercialização e transporte do asbesto/amianto e dos produtos que o contenham, bem como das fibras naturais e artificiais, de qualquer origem, utilizadas para o mesmo fim e dá outras providências (MENDES, 2004), conforme anexo 1. 18 2.1.1 Fibras Silicáticas do Amianto Crisotila Crisotila é um mineral constituído de silicato de magnésio de hábito fibroso abundante no Brasil e pode ser usado como suporte mineral para células de levedura em fermentação alcoólica com células imobilizadas (MONTE ALEGRE; RIGO; JOEKES, 2003). A crisotila apresenta-se na forma de fibras flexíveis, finas e sedosas. Resiste ao calor e caracteriza-se por ser facilmente tecida. Um quilograma de fibra pode produzir até 20 mil metros de fio. Dos cerca de quarenta países que têm reservas naturais de crisotila, 25 extraem-na e cerca de sete são atualmente responsáveis por cerca de 95% da produção mundial: Canadá (Quebec, British Columbia e Newfoundland), Rússia (Montes Urais), Brasil (Canabrava, Goiás), Casaquistão, China (Província de Szchwan), Zimbábue e África do Sul (MENDES, 2001). No Brasil – quinto produtor mundial de crisotila – há jazidas de amianto (crisotila e anfibólios) nos estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia e Piauí. A primeira mineração de asbesto/crisotila no país, utilizando técnicas modernas, foi desenvolvida pela SAMA – S.A. Mineração de Amianto, na Mina de São Félix, no Município de Poções, na Bahia, a partir de 1940, permanecendo ativa até 1967, quando suas reservas se esgotaram. Atualmente, a totalidade do amianto crisotila é minerada e processada na Mina de Cana Brava, em Minaçu, Goiás (MENDES, 2001). A Crisotila tem uma capacidade excepcional para imobilizar células de leveduras por adsorção, com algumas vantagens quando comparados com alguns suportes (TiCl4 ou aminopropiltrietóxilase), como tem uma excelente estabilidade que permite seu uso por um longo período e também o reuso, resistência por tratamentos térmicos, suporta as condições operacionais da fermentação alcoólica e é mais barato, mas a vantagem principal deste mineral é a estimulação da produção de etanol através de leveduras, aumentando a produtividade específica dos processos (MONTE ALEGRE; RIGO; JOEKES, 2003). Estruturalmente, apresenta a célula unitária [Mg3 Si2 O5 (OH)4] com uma estrutura única e altamente organizada, constituída de bicamadas de brucita Mg(OH)2 e silicato (SiO2), enroladas coaxialmente, as quais formam uma fibrila (Figura 1). As fibras de crisotila são constituídas naturalmente por fibrilas cilíndricas agrupadas paralelamente e preenchidas por material não cristalino. Apresenta uma área superficial específica após tratada e ativada, de 14 m2/g. Apresenta potencial zeta positivo entre pH 3 e 12 da ordem de 100 mV e ponto isoelétrico em pH 11,8. A superfície da crisotila é constituída por grande massa de sítios doadores, Mg(OH)2, possuindo atividade catalítica (WENDHAUSEN, 2005). 19 Figura 1 - Estrutura da crisotila (WENDHAUSEN, 1998). A fórmula química é [Mg3 Si2 O5 (OH)4] , apresentando a forma de um silicato lamelar (JESUS, 1998; WENDHAUSEN, 1998). A estrutura consiste de bicamadas de sílica tetraédrica (tridimita) com bicamadas de hidróxido de magnésio (brucita) enroladas coaxialmente as quais formam uma fibrila. Ocorre na forma de veios compactos de fibras no interior da rocha serpentinito (Figura 2). As fibras geralmente estão dispostas perpendicularmente às paredes dos veios, com comprimento de 1 a 25 mm ou, excepcionalmente, maior. Figura 2 – Fibras no interior da rocha serpentinito. Fonte: http://www.sama.com.br/amianto/apreset.htm 20 A crisotila apresenta-se como suporte, pois tem um excepcional poder de adsorção; não é combustível, é um excelente isolante térmico, possui resistência mecânica superior à do aço, é resistente ao ataque de microrganismos, tem grande durabilidade e flexibilidade. É uma substância natural, disponível em abundância e com alto grau de pureza no Brasil, além de possuir baixo custo pode ser reaproveitada. Nos últimos anos, seu emprego principal é na produção de compósitos de cimento-amianto, correspondendo a 90% de todo amianto consumido. Outras aplicações são em produtos de fricção, têxteis, filtros, papéis e papelões, produtos de vedação, isolantes térmicos e revestimento de piso. Estudos recentes mostram que a imobilização de biocatalisadores em suporte apropriado proporciona um melhor desempenho do biocatalisador bem como possibilita a sua reutilização (VIEIRA, 2003). A imobilização das células de levedura em suportes sólidos é conhecida para incrementar estabilidade da célula e do metabolismo. As células de levedura de padeiro imobilizada em crisotila foram usadas com sucesso na produção de álcool, desde 1996. Levedura suportada em crisotila tem 140% de aumento na velocidade de fermentação e o rendimento de etanol passa a ser 26% maior do que para as células livres (CASSIOLA et al., 2004). Além da eficiência incrementada na fermentação, uma das perguntas mais importantes a serem respondida é que são os modos pelo os quais as fibras de crisotila modificam o metabolismo da célula (CASSIOLA et al., 2004). A interação entre as células de Saccharomyces cerevisiae e a crisotila foi estudado primeiro pelo microscópio eletrônico, como descreve Cassiola e Colaboradores (2004): ... nossos resultados mostraram que as células aderem às fibras de crisotila de um modo incomum, assemelhando-se a uma seda-ninho. Nós temos mostrado que o grau de interação depende do tempo de interação: quanto maior é o período de contato, maior é a interação entre as células e as fibras de crisotila. 2.2 Os corantes: definição, causa da cor e classificação. Usualmente, o fundamento básico dos corantes orgânicos está numa certa insaturação de suas moléculas, que tem pelo menos uma parte em anéis aromáticos, combinada com uma estrutura quinóide de complexidade mínima. Existe muita relação entre estrutura química e cor. Pode-se escrever a equação: Corante = cromógeno + auxocromo 21 Cromógeno é um corpo aromático que contém um grupo chamado de cromóforo. Cromóforo quer dizer portador de cor, e é um radical químico como os seguintes: a) O grupo nitroso: == N OH b) O grupo nitro: ==NO.OH c) O grupo azo: N == N d) O grupo etileno: C==C / \ e) O grupo Carbonila: C==O / f) Os grupos Carbono-Nitrogênio: C==NH e CH == N / \ \ / g) Os grupos enxofre: C== S e C S S C / / \ Estes grupos atribuem coloração aos corpos aromáticos mais simples graças ao deslocamento de bandas de absorção no espectro visível ou ao aparecimento destas bandas, são justamente as duplas ligações (bem como as ressonâncias observadas) e as bandas de absorção na região do espectro visível é quem são as responsáveis pela coloração dos compostos com os grupos supra citados (SHREVE; BRINK JR., 1997). 2.2.1 Os azo corantes Quimicamente, corantes são geralmente substâncias orgânicas e os azo corantes são os que apresentam grupo –N N– em sua estrutura, geralmente contêm duplas conjugadas, capazes de absorverem luz visível e desse modo, podem conferir cor à tecidos, cosméticos, couro, papel, alimentos, etc. Azo corantes são sintéticos e bastante utilizados nas indústrias de alimentos. São caracterizados por um azo grupo em associação com um ou mais sistemas aromáticos (MARMION, 1991) Os azo corantes representam aproximadamente a metade de todos os corantes em uso e é empregado como um agente colorante na indústria têxtil, alimentícia e farmacêutica. É estimado que 15% dos corantes são lançados no esgoto durante o processamento têxtil, com os corantes azo estes têm sido o corante sintético mais comum lançado no meio ambiente. Os produtos destes compostos e suas formas de degradação são tóxicos e carcinogênicos. Corantes azo sulfonados caracteriza-se através de grupos ácidos sulfônicos na estrutura química, são extensamente utilizados como agentes colorantes e são de considerável interesse. 22 Corantes sintéticos são designados por serem resistentes à luz, água e agentes oxidantes, no entanto, é difícil removê-los, uma vez que são lançados no meio ambiente. Os efluentes contendo corantes somente são ligeiramente descoloridos através dos tratamentos de esgotos biológicos convencionais (ZHAO et al., 2006). O uso de azo corantes pela raça humana é de difícil datação, mas sabe-se que os antigos egípcios foram os primeiros a usar o índigo para tingir tecidos. Nas atividades humanas em que se utiliza o corante para uso direto do homem (indústria alimentícia, farmacêutica, cosmética, etc.), o uso de corantes naturais vem ganhando força, principalmente devido à onda “natureba” que surgiu na Europa (FURTADO, 2003). Mas o uso dos corantes sintéticos ainda continua a ser o de maior expressão, pois a facilidade de se sintetizar corantes lipossolúveis é maior do que a possibilidade de se encontrar e produzir em escala industrial tais corantes (FURTADO, 2003). O grande número de corantes, naturais ou sintéticos, usados em alimentos tem atraído à atenção de muitos pesquisadores. Os corantes correspondem a um grupo numeroso dentre os aditivos alimentares. Evidências arqueológicas indicam que os antigos egípcios usavam hena, carmim e outros corantes na pele e nos cabelos, cerca de 5000 a.C. Os corantes começaram a serem usados em alimentos na China, Índia e Egito cerca de 1500 a.C. (GIRI, 1991). Aproximadamente 10.000 diferentes corantes e pigmentos são usados industrialmente, o que representa um consumo anual de cerca de 7 x 105 tons no mundo (SPADARO; GOLD; RENGANATHAN, 1992; NIGAM; MARCHANT, 1995; NIGAM, et al., 1996) e 26.500 tons somente no Brasil (GUARATINI; ZANONI, 2000). Tudo isto tem motivado as indústrias de engenharia e tecnologia de alimentos a utilizarem agentes químicos para conservar, colorir ou aromatizar os alimentos, com o objetivo de atrair cada vez mais os consumidores. Aditivo para alimentos é definido pela Food and Agriculture Organization / World Health Organization (FAO / WHO) como sendo: Toda substância, que não apresenta valor nutritivo, adicionada ao alimento com a finalidade de impedir alterações, manter, conferir ou intensificar seu aroma, cor e sabor; modificar ou manter seu estado físico geral, ou exercer qualquer ação exigida para uma boa tecnologia de fabricação do alimento (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION, 1974). A poluição de corpos d´água com estes compostos provocam, além da poluição visual, alterações em ciclos biológicos afetando principalmente processos de fotossíntese. Além deste fato, estudos têm mostrado que algumas classes de corantes, principalmente 23 azocorantes, e seus subprodutos, podem ser carcinogênicos e/ou mutagênicos (BROWN; DeVITO, 1993; METCALF ; EDDY, 1991; KUNZ, et al., 2002). 2.2.1.1 Corante Food Blue nº. 1 O corante alimentício Azul Brilhante nº. 1 é caracterizado como solução traçadora, no qual este deve ser sensível à detecção; possibilitar o uso em análise quantitativa com rapidez; ser solúvel quando misturado à calda, com efeitos físicos mínimos na pulverização e menor evaporação das gotas; ter propriedades distintas para se diferenciar de outras substâncias; e ser estáveis, atóxicas e de baixo custo. Os corantes alimentícios Azul Brilhante são catalogados internacionalmente pela “Food, Drug & Cosmetic” (FD&C) como FD&C Blue nº. 1, pois atendem a todas as exigências requeridas de um traçador citadas anteriormente (MARCHI et al., 2005). A figura 3 mostra a fórmula estrutural do corante em estudo: Food Blue nº. 1. Figura 3 - Fórmula estrutural do corante Food Blue nº. 1. No Brasil, os estudos referentes à estabilidade dos corantes, às características físicas das caldas e ao desenvolvimento da metodologia de análise quantitativa envolvendo os corantes FD&C Blue nº. 1 foram inicialmente realizados por Palladini (2000). A partir desta data, a quase totalidade dos pesquisadores tem se utilizado desta técnica para estudar a quantidade de calda depositada pelas pulverizações realizadas em alvos naturais ou artificiais (MARCHI et al., 2005). A tabela 1 relaciona o corante e suas principais características físico-químicas e toxicológicas, de acordo (www.rohachemical.com). com dados fornecidos por Roha Chemical Índia 24 Tabela 1 – Propriedades físico-químicas e toxicológicas do azo corante Food Blue. Características Food Blue nº 1 Sinônimos Brilliant blue FCF, Food blue 2 Fórmula molecular Peso molecular g.mol-1 C37H34N2Na3O9S3 pH 6-7 792,84 -1 Solubilidade g. L C. I. - Color index nº. 180,00 42090 -1 Metais pesados mg . Kg LD oral mg .Kg-1 peso corporal 6000-10000 Família Química Triarilmetano 40,00 Fonte: www.rohachemical.com A utilização deste corante oferece uma série de vantagens em relação ao substrato convencional porque são estáveis, solúveis e substratos baratos com elevadas taxas de extinção molares e baixa toxicidade. Esses corantes podem ser aplicados em ensaios quantitativos espectrométricos simples e rápidos (MACHADO; MATHEUS; BONONI, 2005). 2.3 Fungos Basidiomicetos Ligninolíticos Os fungos são organismos complexos morfologicamente nos quais diferem na estrutura nos diferentes tempos em seu ciclo de vida, diferem na forma entre a superfície e o meio submerso, e difere também na natureza do meio de cultivo, ambientes físicos e condições de culturas físicas (temperaturas, pH, forças mecânicas, etc.) (PRASAD et al., 2005). O grupo dos basidiomicetos inclui os fungos que produzem esporos (basidiósporos) de origem sexuada em uma estrutura especializada denominada de basídio e popularmente chamados de cogumelos e orelhas-de-pau. A fase vegetativa dos basidiomicetos é denominada micélio, que por sua vez é formado por muitos filamentos septados chamados hifas. O septo das hifas pode ser simples ou possuir ansas, que é uma estrutura característica do grupo e são conhecidos como septo dolipórico em função da estrutura complexa que apresentam. Os basidiomicetos também são caracterizados por possuírem dois tipos básicos de basidiósporos. Os denominados balistosporos, que são liberados violentamente dos basídios e os denominados estatismosporos, que são liberados passivamente (GUGLIOTTA ; CAPELARI, 1998). 25 Os basidiomicetos ligninolíticos secretam enzimas que convertem os polímeros externos em moléculas menores, que são assimiladas e utilizadas como nutrientes. A secreção de proteínas parece ocorrer durante o crescimento apical das hifas, sendo liberadas pela parede celular recém sintetizada (WESSELS, 2002). Os fungos decompositores da madeira podem ser classificados em grupos ecofisiológicos: causadores de podridão branca, de podridão parda e de podridão mole. Ao lado de outros microrganismos, os basidiomicetos ligninolíticos atuam na decomposição da matéria orgânica, dinamizando a ciclagem de nutrientes e regulando o equilíbrio energético dos ecossistemas terrestres (TUOMELA et al., 2000). Além disso, estes organismos parecem ser os únicos capazes de mineralizar a molécula de lignina presente na madeira (KIRK; FARRELL, 1987; LEONOWICZ et al., 1999; SHAN; NERUD, 2002). O sistema ligninolítico responsável pela biodegradação da lignina é o mesmo envolvido na degradação de poluentes orgânicos por basidiomicetos ligninolíticos e apresenta algumas vantagens de aplicação na biorremediação de solos. Este sistema é extracelular, pode atuar em substâncias insolúveis ou complexadas ao solo. A inespecificidade do sistema enzimático permite a sua utilização para uma ampla variedade de poluentes orgânicos. Além disso, o sistema não precisa ser induzido e a degradação pode ocorrer até níveis não detectáveis, com mineralização (BARR; AUST, 1994). Devido à baixa especificidade e elevado potencial de oxidação do sistema enzimático, os basidiomicetos ligninolíticos são também capazes de degradar uma variedade de compostos recalcitrantes (FRAGOEIRO; MAGAN, 2005). Os caminhos atuais da biotecnologia indicam os fungos basidiomicetos, degradadores de lignina, como eficientes na degradação de grande variedade de compostos e corantes, com alto potencial de ação na recuperação de ambientes contaminados (BALAN, 1999). Pode-se citar como exemplo, a diversidade de estudos desenvolvidos com o objetivo de purificar o efluente têxtil, os estudos elaborados por Agathos e seus colaboradores (2003) que testou o fungo de decomposição branca com este objetivo. Este fungo produz várias isoformas de oxidases extracelulares incluindo lacase, manganês peroxidase e lignina peroxidase (LiP), as quais estão envolvidas na degradação da lignina nos seus substratos naturais de lignocelulose. O sistema lignolítico do fungo de decomposição branca (WRF) está diretamente envolvido na degradação de vários compostos. Pode-se citar como exemplo, a diversidade de estudos desenvolvidos com xenobióticos e corantes. Este autor disse que o referido fungo tem potencial para a descoloração de resíduos e que pode ser, portanto, usado graças ao conhecimento da fisiologia desses organismos. 26 A classe de microrganismos mais eficiente em demolir os corantes sintéticos são os fungos de putrefação branca. A natureza não específica dos sistemas degradantes de lignina dos fungos de putrefação branca é uma vantagem para o biotratamento de efluentes têxteis, desde a mistura de corantes, surfactantes e outros compostos que existem na água do poço. Outra vantagem importante para degradação dos corantes azo usando fungos de putrefação branca é que enzimas lignolíticas degradam os corantes azo por oxidação, ao contrário da redução por via metabólica bacteriana que produz aminas aromáticas mais perigosas, geradas a partir da degradação fúngica (ZHAO et al., 2006). A identificação do papel fundamental da morfologia fúngica em determinar o desempenho na fermentação micelial conduziu a uma pesquisa por alternativas para projetar a estrutura destes microrganismos para formas mais desejáveis, por exemplo, a imobilização de células utilizando várias metodologias, e a aplicação de técnicas de imobilização de células para tais benefícios microbianos parece valioso para o uso na biotecnologia (PRASAD et al., 2005). O uso de fungos capazes de degradar compostos orgânicos parece ser um método bastante promissor para o tratamento de efluente, em particular, os fungos de decomposição branca que possuem um sistema enzimático extracelular capaz de tolerar altas concentrações de poluentes tóxicos (BARR; AUST, 1994). Entretanto, em organismos eucariotos, os xenobióticos podem promover a alteração de sistemas enzimáticos responsáveis por processos vitais, como citado por Jonsson (2005): • Aumento da atividade enzimática no meio extracelular por extravasamento da proteína para este meio, com conseqüente diminuição desta atividade no meio intracelular; • Aumento da atividade enzimática no meio extracelular ou intracelular por ativação enzimática, através da interação direta do agente químico com a enzima; • Aumento da atividade enzimática intracelular por indução na síntese da proteína; • Diminuição da atividade no meio extracelular ou intracelular por inibição, através da interação direta do agente químico com a proteína. Os fungos de decomposição branca parecem ser os únicos microrganismos nos quais mostram capacidade de degradação e mineralização de lignina e uma série de compostos poluentes orgânicos, altamente tóxicos e recalcitrantes. Esta capacidade é, no mínimo em alguma extensão, causada pelo sistema enzimático não-específico produzido por estes fungos durante a degradação de lignina, inclui diversas isoenzimas de LigninaPeroxidase (LiP, EC 1.11.1.14), Manganês-Peroxidase (MnP, EC 1.11.1.13), Lacase (EC 27 1.10.3.2) bem como H2O2 produzindo oxidases. O sistema multienzimático envolvido na degradação e mineralização da lignina é constituído de diferentes combinações de enzimas lignolíticas, sendo a ocorrência de MnP e Lacase maior que LiP. Entretanto, há uma diversidade grande de basidiomicetos com diferentes modelos de enzimas lignolíticas, nos quais tem também diferenças grandes em suas habilidades na degradação xenobiótica (MACHADO; MATHEUS; BONONI, 2005). 2.3.1 Fungo Ganoderma applanatum Ganoderma applanatum têm sido usados na medicina tradicional chinesa e japonesa para o tratamento de vários tipos de doenças, embora pesquisas sistemáticas dos efeitos farmacológicos começaram somente à vinte e cinco anos atrás (D.MING et.al., 2002). O fungo Ganoderma applanatum já foi utilizado para tratar efluente da indústria papeleira (ligninacelulose) (LANG; ELLER; ZADRAZIL, 1997) e no tratamento de corante reativo, conforme estudos de Vaithiyanathan e colaboradores (2005). A figura 4 mostra o fungo Ganoderma applanatum encontrado na natureza. Figura 4 - Fungo Ganoderma Applanatum Fonte: commons.wikimedia.org/wiki/Image:Ganoderma_applanatum_JPG01.jpg Matos e colaboradores (2007) demonstraram que este fungo, classificado como fungo basidiomiceto, especialmente do tipo de decompositores branca, emergem como candidatos potenciais para biorremediação de efluentes de indústria de azeite de oliva (OMW). Realmente, sabe-se bem que eles são os degradadores mais eficientes de lignina e têm também um grande potencial para a remoção de compostos fenólicos e outros compostos poluentes, incluindo os xenobióticos. 28 2.4 Enzimas Lignolíticas A atividade das enzimas lignolíticas produzidas por estes fungos podem ser determinadas qualitativamente a quantitativamente através de espectrofotometria UV/VIS, em reação onde se acompanha a formação de produto oxidado pela enzima. Os resultados são expressos pela Lei de Lambert-Beer em unidades enzimáticas (U), onde 1U é a quantidade de enzima que catalisa a formação de 1µmol de produto por minuto sob condições definidas. Os substratos enzimáticos mais utilizados para a determinação das atividades de lacases, lignina peroxidases (LiP) e manganês peroxidases (MnP) são o ABTS, o álcool veratrílico e o vermelho de fenol, respectivamente (KUMAHARA et al., 1984, TIEN; KIRK, 1984, BOURBONNAIS; PAICE, 1988). Estes métodos são simples, versáteis, muito sensíveis e de baixo custo. A Tabela 2 relaciona as principais características físico-químicas das enzimas manganês peroxidase, lignina peroxidase e lacase. Tabela 2 - Características das enzimas lignolíticas (WESENBERG; KYRIAKIDES; AGATHOS, 2003). EC MnP (1.11.1.13) LiP (1.11.1.14) Lacase (1.10.3.2) Mn (II): H2O2 oxidoredutases diarilpropano O2, Oxidoredutases p-benzenodiol O2 H2O2 oxidoredutases 1Cobre tipo I, 1 Tipo II e 2 cobres pareados tipo III 59-110 (tetrâmeros≤390) Ntetrâmeros,vários acima de 15 2,6-4,5 2,0-8,5 500-800 não +++ 3-HAA ampla, incluindo não fenólicos ABTS, HBT e seringaldazina Grupo prostético Heme Heme MM (kDa) 32-62,5 (122) 38-47 Nmonômeros; mono-, di-, pI 2,8-7,2 Faixa de pH 2,6-4,5 Eo (mV) 1510 Requer H2O2 sim Estabilidade +++ Mediadores naturais Mn2+, Mn3+ Especificidade Mn2+ Glicosilação Isoformas Mediadores Sintéticos ácidos graxos insaturados e Tióis Secundários + - pouco estável +++ - muito estável Nmonômeros; acima de 11 3,2-4,7 2,0-5,0 1450 sim + AV, 2Cl-1,4DMB ampla, aromáticos, fenólicos não 29 Há duas maneiras já reconhecida de utilização de enzimas lignolíticas para a degradação de compostos recalcitrantes: a transformação direta de poluentes por culturas ativas de basidiomicetos lignolíticos e o uso de enzimas extraídas do meio de cultura específico. Entretanto, a escolha da melhor estratégia irá depender dos objetivos e das condições ambientais empregadas durante o processo de tratamento biorremediativo (TRUPKIN et al., 2003). Entretanto, grande variedade de parâmetros de cultivo afeta a produção e a atividade das enzimas ligninolíticas por fungos basidiomicetos como: a disponibilidade de oxigênio, fonte e concentração de carbono e nitrogênio, microelementos, pH e temperatura (VAN DER MERWE, 2002). Tal característica mostra que meios de culturas tem grande influência no processo de biorremediação e o uso de inibidores também podem vir a ser um ponto importante no processo de tratamento de poluentes (GARCIA, 2006). 2.4.1 Lacase Lacases são proteínas globulares contendo entre 10-25% de carboidrato N-ligado e elas podem ter estruturas monoméricas, diméricas ou multiméricas, produzidas principalmente por basidiomicetos de degradação branca, mas são também detectadas em fungos de degradação parda e em fungos de degradação mole (DURÁN; ESPOSITO, 1997). As massas molares estão na região de 60-100 kDa. As lacases catalisam oxidação por extração de um elétron de um substrato fenólico gerando um radical fenoxila (HIGUCHI, 1990). Por causa da capacidade de catalisar a oxidação de fenóis e outros compostos aromáticos, lacases fúngicas vem ganhando atenção para o uso em várias aplicações industriais como deslignificação, produção de etanol, modificação de fibras da madeira, clareamento de corantes, síntese de produtos químico-medicinais e remediação de solos e águas contaminadas. Pesquisas recentes têm sido intensas e muito tem sido elucidado sobre a diversidade de lacases e suas utilidades (SCHNEIDER et al., 1999, DURÁN et al., 2002, MAYER; STAPLES, 2002). Lacases são membros da família de proteínas multi-cobres, que incluem ascorbato oxidase, ceruloplasmina e bilirrubina oxidases. A expressão de genes que codificam a síntese dessa enzima indica que ela pode ser constitutiva ou indutiva. Portanto, em diferentes fungos, a produção da lacase pode ser incrementada sob condições de cultura apropriadas (KLONOWSKA et al. 2002; MAYER; STAPLES, 2002; CLAUS, 2004). Geralmente, a enzima origina-se no citoplasma, mas muitos exemplos de secreção têm sido descritos na 30 literatura, entretanto, pouca atenção tem sido dada a localização sub-celular desta enzima e ao mecanismo de secreção (MAYER; STAPLES, 2002). A produção de lacase é afetada por muitos fatores durante o seu desenvolvimento do fungo, como a composição do meio de cultura (relação C/N), pH, temperatura, taxa de aeração, etc. (KAHRAMAN; GURDAL, 2002). Por muitos anos, a visão convencional foi a de que P. chrysosporium produzia unicamente LiP e MnP. Entretanto, tem sido determinada baixa atividade de lacase produzida por P. chrysosporium sob condições de cultivo com altas concentrações de nitrogênio e cobre, o uso de celulose ao invés de glicose como fonte de carbono e o crescimento em cultivo semisólido. Entretanto, tem sido sugerido que a identificação de lacase baseada na oxidação do ABTS pode ser um artefato técnico causado por Mn3+ presente nas culturas de P. chrysosporium (LARRONDO et al., 2003). Um modelo do ciclo catalítico de lacases, consistente com os dados disponíveis sobre a dinâmica e a espectroscopia da enzima foi proposto (Figura 5). A maior dúvida permanece na parte redutiva do ciclo, onde o mecanismo do agrupamento trinuclear é reduzido. Começando do estado nativo da enzima, uma molécula de substrato reduz o sítio T1. A partir deste ponto, dois mecanismos diferentes podem proceder: (A) o sítio T1 transfere seus elétrons ao sítio T2 e o sítio T1 é reduzido novamente por uma segunda molécula de substrato; os sítios T1 e T2 transferem seus elétrons aos sítios T3. O sítio T1 é reduzido por uma terceira molécula de substrato e um elétron é outra vez transferido ao sítio T2. Este processo re-oxida o sítio T1, que é então reduzido por uma quarta molécula de substrato. Como resultado, uma forma completamente reduzida da enzima é obtida; (B) o agrupamento trinuclear é seqüencialmente reduzido durante três passos de transferência de elétrons do sítio T1, que é seqüencialmente reduzido por uma molécula de substrato, finalizando no mesmo estado reduzido da enzima (TORRES; BUSTOS-JAIMES; BORGNE, 2003). A lacase, como uma oxidase multicobre (p-difenil: dioxigênio oxidoreductase, EC 1.10.3.2), catalisa uma redução de quatro elétrons de dioxigênio a água. Lacase contém quatro átomos de Cobre os quais têm sido classificados de acordo com seu aspecto no EPR: Tipo 1 ou azul, tipo 2 ou normal e tipo 3 ou sítio de acoplamento de cobre binuclear onde os cobres estão antiferromagneticamente acoplados por meio de uma ponte de ligação (não detectado por EPR) (SUNDARAN et al., 1997). A espectroscopia combinada com cristalografia e dicroísmo circular magnético e raios-X têm dado uma descrição detalhada do sítio ativo da lacase (COLE et al. 1990; SUNDARAN et al., 1997). 31 Figura 5 - Ciclo catalítico da lacase (TORRES; BUSTOS-JAIMES; BORGNE, 2003). A produção de lacases depende das condições da cultura de um microrganismo e podem ser produzidas em forma constitutiva ou induzidas, extra ou intracelularmente, sendo que as formas induzidas em geral possuem maior atividade (BUSWELL; CAI; CHANG, 1995). A indução por adição de xilidina ao meio de cultura, fez com que o fungo Trametes versicolor produzisse 3 isoenzimas que continham 30 aminoácidos que alteravam a constituição da enzima, mas com trocas deles no sequenciamento da enzima (BOURBONNAIS et al., 1995). Outra consideração a ser feita é que a adição de mediadores, como o ABTS, também é responsável pela taxa igualitária da atividade enzimática das duas principais isoenzimas (BOURBONNAIS et al., 1995). A lacase é responsável por 55% da oxidação da lignina presente no efluente da indústria papeleira, o que faz com que o estudo dessa enzima tão importante no processo de biorremediação (BOURBONNAIS et al., 1997). 32 A especificidade pelos substratos varia, dependendo da origem da lacase; assim, lacases de diferentes fungos oxidam diferentes substratos, com diferentes velocidades de reação. Através da preferência pelo substrato é difícil diferenciar entre as lacases e as tirosinases (monofenol monooxigenases), pertencentes também ao grupo das fenoloxidases cúpricas. Entre os substratos doadores de elétrons para lacases encontram-se polifenóis, fenóis metóxi-substituídos (mono e di-), diaminas e uma série de outros substratos, porém tirosina, substrato de tirosinase, não é oxidada por estas enzimas (REINHAMMAR, 1984; THURSTON, 1994). Dong e colaboradores (2005) demonstraram que a fonte de nitrogênio orgânico é um importante incrementador da produção de lacase, bem como o tipo de incubação (estático ou agitado) influenciam no gene de expressão dessa enzima. Shin (2004) detectou lacase produzida por Irpex lacteus, que descoloriu em 93% efluente da indústria têxtil, após oito dias de tratamento, bem como demonstrou que ele obteve melhores resultados quando se usou meio de cultura sólido. López e colaboradores (2004) utilizaram reatores com membranas para imobilizar o fungo e enzimas, no tratamento e descoloração de compostos recalcitrantes presentes em efluente têxtil. Abdulla e colaboradores (2000) trataram corantes tipo antraquinona usando a lacase de Trametes hirsuta imobilizada em alumina e notaram que a degradação do corante depende do tipo de substituinte da hidroxila. Unal e Kolankaya (2001) usaram o Trametes versicolor para a descoloração de efluente da indústria, sendo que a produção de lacase foi induzida pela adição de xilidina ao efluente. O uso de mediadores, principalmente ABTS, também tem grande valor na degradação da lignina, mas também outros mediadores como a acetovanilona (AV) e aceto seringona (AS) podem aumentar a capacidade de degradação lignolítica (CHO et al., 2004). Embora o uso de mediadores de lacase aumente a eficiência da degradação de contaminantes orgânicos, a toxicidade e alto valor de mediadores tipo ABTS e HBT são um empecilho para o uso em grande escala, sendo que os mediadores naturais, como a metioninona e a cisteína, são mais indicados na melhoria do processo degradativo (JOHANNES; MAJCHERZYK, 2000). A produção de lacase usando a xilidina como indutor foi estudada por Garcia; Santiago e Ulhoa (2006), que demonstrou que a síntese enzimática de lacase de P. sanguineus era correlata à síntese de cinabarina e que a indução aumenta em nove vezes, comparado a culturas sem indutores. 33 Freire; Duran e Kubota (2002) desenvolveram um sensor amperométrico para detecção de fenol presente em soluções, baseado na imobilização da lacase, o que pode ser aplicado no controle da poluição deste poluente. 2.4.2 Lignina Peroxidase A evolução da síntese enzimática e a secreção de proteínas vêm sendo observadas ao longo da evolução, ocorrendo em leveduras e outros eucariontes, assim como em fungos filamentosos. Durante a evolução de fungos degradadores de lignina, a LiP pode ter sido sintetizada com função de diminuir a toxicidade no meio intracelular, promovendo reações de desaminação de produtos de ácidos aminoaromáticos, posteriormente o mecanismo extracelular, com a presença de LiP, possibilitou a degradação da lignina (RABINOVICH; BOLOBOVA; VASILCHENKO, 2004). LiP foi descoberta em 1984, em culturas de Phanerochaete chrysosporium (TIEN; KIRK, 1984). Essas enzimas são os maiores componentes do sistema envolvido na degradação de lignina por este organismo. Desde sua descoberta, LiP tem sido caracterizada molecular e bioquimicamente (JOHJIMA et al., 1999; SUGIURA; HIRAI; NISHIDA et al., 2003). Durante o processo de degradação Lignolítica, a LiP é inicialmente oxidada pelo H2O2 e oxida núcleos aromáticos da molécula de lignina (fenólicos e não fenólicos), gerando radicais aniônicos. Eles reagem com nucleófilos (primariamente H2O) e com oxigênio molecular, gerando uma “combustão enzimática“ onde ligações C-C e C-O são quebradas, despolimerizando a lignina e abrindo os anéis aromáticos. Esta enzima é uma glicoproteína que contém Fe protoporfirínico IX como grupo prostético e é dependente de H2O2 para sua atividade (KIRK et al., 1978). A lignina peroxidase é uma enzima extracelular, importante no processo degradativo da lignina, que se apresenta como o mais abundante composto polimérico aromático na terra. LiP é uma glicoproteína com massa molecular de 41 kDa, que contém 1 mol de ferro protoporfirina IX por mol de enzima. A LiP catalisa o peróxido de hidrogênio no processo oxidativo multipasso , como se segue: LiP (Fé 3+ )P. + H2O2 → LiP-I(Fe4+-O)F + H2O 4+ . 4+- (1) LiP-I (Fe -O)P + R → LiP-II(Fe O)P + RI (2) LiP -II(Fe4+-O)P. + R + 2H+ → LIP(Fe3+)P. + R7 + H2O (3) 34 No esquema acima, R é o substrato e P o porfirina. O composto LiP-I carregas os oxidante duplo do peróxido, um como o centro oxiferril (Fe4+-O) e o outro como o porfirina π cátion radical (P.), com a conseqüente reação não-enzimática ( EDWARDS et al.,1993). No ciclo catalítico (Figura 6), o Fe contido no grupo heme da LiP, passa por estados de óxi-redução (MARTÍNEZ, 2002). Figura 6 - Ciclo catalítico da lignina peroxidase (MARTÍNEZ, 2002). O primeiro passo compreende a oxidação do Fe (III) da enzima nativa para Fe (IV), pela ação do H2O2, gerando o composto I, tipo radical catiônico da LiP. Pela redução do composto I, por transferência de um elétron, é formado o composto II, que ainda contém Fe (IV). O agente redutor pode ser um substrato como o álcool veratrílico ou o H2O2. Finalmente, uma etapa de redução por um elétron retorna a enzima a seu estado nativo, completando o ciclo catalítico. Na ausência do substrato redutor o composto II é oxidado pelo H2O2 para o composto III, uma forma da LiP com limitada capacidade catalítica, que com excesso de H2O2 é rapidamente inativada (MARTÍNEZ, 2002). 2.4.3 A Manganês peroxidase Inicialmente, a MnP (manganês peroxidase) foi descoberta do fungo Phanerochaete chrysosporium, mas estudos demonstraram que os fungos Dichomitus squalens, Stereum hirsutum, Lentinus edodes, Rigidoporus lignosus também produzem a MnP juntamente com a lacase e que ambos mostraram eficiência no branqueamento na lignina kraft (PAICE et al., 1992). Estudos mostraram que a lacases do Trametes versicolor na presença de certos fenóis, podem reduzir o Mn3+ a Mn2+ e o sistema MnP-Mn (III) pode ser um oxidante 35 mais importante que a lacase , como verificado na oxidação de vários metoxibenzenos. O sinergismo entre a lacase e o MnP apresenta melhores resultados que o uso somente da lacase e a presença de quelatos e peróxido de hidrogênio de origem fúngica gerados na presença da polpa de madeiras, tem também um papel importante na desmetilação lignínica, embora a presença da H2O2 pode ser um fator de inibição da atividade enzimática (PAICE et al., 1992). A síntese de manganês peroxidase (ou peroxidase dependente do manganês) é possivelmente limitada a certos fungos basidiomicetos, e até então não se evidenciou em qualquer bactéria, levedura e nenhum basidiomiceto micorrízico. A capacidade de produção de MnP está distribuída entre grupos de basidiomicetos distintos taxonomicamente. Algumas espécies colonizadoras de madeira, pertencente às famílias Meruliaceae, Coriolaceae e Polyporaceae, assim como basidiomicetos decompositores de serapilheira, das famílias Strophariaceae (família de Psilocybe castanella) e Tricholomataceae expressam atividade de MnP. O peso molecular de MnP varia de 38 à 62,5 kDa, mas a maioria das enzimas purificadas têm peso molecular próximo à 45 kDa (HOFRICHTER, 2002). Isoenzimas de MnP são freqüentemente produzidas e até 11 isoformas diferentes foram descritas para Ceriporiopsis subvermispora. Essas isoformas diferiram principalmente nos pontos isoelétricos (pI), que estiveram na faixa ácida (pH 3-4), embora isoformas na faixa neutra e menos ácida foram encontradas em determinados fungos (LOBOS et al., 1994). A MnP é uma glicoproteína com Fe protoporfirínico IX como grupo prostético, dependente de H2O2 para sua atividade. A oxidação de lignina e outros compostos xenobióticos por MnP é dependente da disponibilidade de íons de manganês. Seu ciclo catalítico é semelhante ao de LiP; no entanto, o Mn2+ atua como doador de elétrons para gerar o composto II (HOFRICHTER, 2002). A enzima manganês peroxidase é a única heme peroxidase capaz de catalisar a reação de um elétron do Mn2+ a Mn3+, como mostra a reação: MnP + H2O2 → Mn P Composto I + H2O (1) Mn P Composto I + Mn2+ → Mn P Composto II + Mn3+ (2) Mn P Composto II + Mn2+ → MnP + Mn3+ + H2O (3) A enzima gerada pelo Mn3+ é complexada como o ácido etanóico com o oxalato, que também é secretado por fungos. O complexo orgânico com o Mn3+ complexado com o ácido oxida o substrato fenólico, incluindo os composto lignínicos e os mediadores (SUNDARAMOORTHY et al., 1997). 36 O ciclo catalítico da MnP é iniciado pela ligação de H2O2 ou um outro peróxido orgânico ao ferro nativo da enzima, formando um complexo ferro-peróxido (Figura 7). A quebra subseqüente da ligação O-O do peróxido requer a transferência de 2 elétrons do grupo heme da enzima, que resulta na formação de um radical complexo Fe4+-oxo-porfirina (MnPI). Com a quebra da ligação dos oxigênios, uma molécula de água é liberada. Uma redução seguinte acontece formando o complexo MnP-II (Fe4+-oxo-porfirina não radicalar). Um íon Mn2+ age como doador de 1 elétron para esse complexo intermediário e é oxidado à Mn3+. A redução da MnP-II acontece de maneira similar e outro Mn3+ é formado de um Mn2+, levando assim à geração da forma original da enzima, liberando uma segunda molécula de água. Ao passo que o MnP-I se comporta como LiP e como a peroxidase de raiz forte (horsehadish) e pode, junto do íon Mn2+, ser reduzido por outros doadores de elétrons, o MnP-II é pouco reduzido por outros substratos e requer exclusivamente Mn2+ para completar o ciclo catalítico (HOFRICHTER, 2002). Mn3+ formado é estabilizado por ácidos orgânicos, tais como ácido oxálico e age como um agente oxi-redutor difuso, de baixo peso molecular, que ataca moléculas orgânicas inespecificamente pela subtração de um elétron (GOLD; ALIC, 1993). Devido a inespecificidade do Mn3+, o sistema MnP é eficiente para oxidação de vários poluentes orgânicos. Figura 7 - Ciclo catalítico da manganês peroxidase (HOFRICHTER, 2002). 37 3. PARTE EXPERIMENTAL 3.1 Preparações das soluções das amostras de corante Foram preparadas cinco soluções do corante tipo azo: Food Blue nº. 1 fornecido pela Indústria Eskisa (São Paulo, SP, Brasil) já apresentados nas concentrações de 0,032; 0,062; 0,125; 0,250 e 0,500 g.L-1, que foram guardadas em refrigeração a 4ºC. Foram inoculados os fungos para posterior estudo degradativo. 3.2 Microrganismo Ganoderma applanatum. O fungo foi cedido pelo IBAMA (Brasília, DF, Brasil). Foi mantido em meio de extrato de malte 2% (P/V) a 4oC e repicados semanalmente. Usou-se meios de cultura para o estudo com fungo. A Figura 8 mostra o respectivo fungo em meio de cultura sólido com adição do corante food blue nº 1, em processo de descoloração. (8a) (8b) (8c) Figura 8-Fungo G. applanatum crescido em meio de cultura sólido, com adição de corante food blue nº 1 (a) 1 dia após a inoculação, (b) 12 dias após inoculação e (c) 16 dias após inoculação. Fonte: Fotos cedidas por Danielle Barbosa. 3.3 Preparações da Fibra Silicática – Crisotila 5S À fibra silicática cedida pela Empresa SAMA (Minaçu, Goiás, Brasil) com nome comercial de crisotila 5S com massa de 1,000 g foi adicionada a um volume de 50,00 mL de água destilada. O sistema foi levado a um banho ultrasônico por 30 min, para retirar impurezas. Após banho, as fibras foram secas naturalmente e autoclavadas e posteriormente adicionada às soluções (CASSIOLA et al., 2004). 38 3.4 Meio de cultura 3.4.1-Meio ágar batata (BGA) Para preparação do meio ágar batata foram colocados 50 mL de caldo de batata; 5 g de glicose; 3,75 g de ágar e água destilada para completar 250 mL. O meio foi autoclavado durante 15 min a 120 ºC. 3.4.- Condições de crescimento da cultura Meio sólido: O meio sólido foi colocado em placas de petri (10 cm de diâmetro) contendo 15,00 (+ 1) mL de meio BGA. Cada placa foi inoculada com disco (5 mm de diâmetro) de fungo de idade de crescimento de 5 dias meio BGA temperatura ambiente ( em torno de 28º C). 3.5-Equipamentos e Métodos Analíticos usados Para avaliação das soluções controles e das soluções em estudo foram empregados os seguintes parâmetros: pH, Absorbância, Demanda Química de Oxigênio (DQO). Todas as análises foram efetuadas de acordo com o Standard Methods, Water and Wastewater 20th Edition, (APHA, 1998). Os outros métodos de análises são relativos ao processo de tratamento envolvendo fungos e são necessários para a avaliação da eficiência do tratamento. Os equipamentos utilizados foram: Espectrofotômetro marca Micronal modelo B582 (Brasil), Potenciômetro marca Tecnal (Brasil) modelo Tec-3-MP com eletrodo de Ag/AgCl e Mesa agitadora refrigerada New Brunswick Scientific (Estados Unidos da América), modelo C24KC. O Digestor para realização de DQO foi o da marca Hach (Estados Unidos da América) (COD Reactor). Estufa para cultura de microrganismos Marca Alfa (Brasil). O Quadro 1 relaciona as características físico-químicas analisadas, descrevendo o tipo de análise efetuada, bem como especificando os agentes complexantes, tipo de eletrodo, indicadores, equipamentos e métodos. Quadro 1 - Característica e tipos de análises realizadas. Tipo de análise Característica pH Análise potenciométrica direta (eletrodo de Ag/AgCl) Absorbância Análise espectrofotométrica (630 nm) DQO Análise colorimétrica (método de digestão com dicromato) 39 3.5.1 Métodos para Determinação das Atividades Enzimáticas Antes e Após O Tratamento das soluções com Fungo. Antes e após o tratamento (meio líquido) das soluções pelo fungo foram determinadas as atividades enzimáticas relacionadas com a degradação dos compostos orgânicos existentes nas soluções. As culturas não inoculadas (controles) foram utilizadas como controles enzimáticos para descartar possíveis interferências com os métodos de determinação das atividades. As atividades enzimáticas foram determinadas espectrofotometricamente e os resultados expressos em µmoles de substrato oxidado durante um minuto, por mL de caldo filtrado (U.mL-1). As enzimas pesquisadas foram: a) Lacase (SZKLARZ et al., 1989- modificado): A atividade de lacase foi determinada utilizando seringaldazina como substrato enzimático. A oxidação da seringaldazina (ε525nm= 65.000 mmol.L-1.cm-1) foi conduzida numa mistura de reação que contenha 0,6 mL do caldo filtrado, 0,2 mL do tampão acetato de sódio 50 mmol.L-1 (pH 5,0) e 0,1 mL de seringaldazina 1,0 mmol.L-1 preparada em etanol. A reação iniciou-se com a adição da seringaldazina e a velocidade de oxidação desta foi acompanhada durante 10 minutos a 525 nm. b) Lignina-Peroxidase (TIEN; KIRK, 1984, modificado): A atividade de lignina peroxidase (LiP) foi determinada pela oxidação do álcool veratrílico (ε310nm = 9.300 mmol-1cm-1). A mistura de reação continha 0,6 mL de caldo filtrado, 0,2 mL de H2O2 2,0 mmol.L-1 e 0,2 mL de uma solução de álcool veratrílico 2,0 mmol.L-1 em tampão citrato fosfato 0,4 mol.L-1 (pH 3,0). A reação foi iniciada pela adição do H2O2 e o aparecimento do aldeído veratrílico determinado medindo-se a absorvância a 310 nm. A atividade de LiP foi expressa em U.mL-1. c) Manganês-peroxidase (KUMAHARA et al., 1984): A atividade de peroxidase dependente de Mn (II) (MnP) foi determinada pela oxidação do vermelho de fenol. A mistura de reação (1,0 mL) deverá conter 0,5 mL de caldo filtrado, 0,1 mL de lactato de sódio 0,25 mmol-1, 0,2 mL de albumina bovina 0,5%, 0,05 mL de MnSO4 2,0 mmol.L-1, 0,05 mL de uma solução de H2O2 2,0 mmol.L-1 preparada em tampão succinato de sódio 0,2 mol.L-1 (pH 4,5) e 0,1 mL de vermelho de fenol 0,1%. A mistura foi incubada a 30°C durante 5 minutos e a reação interrompida pela adição de 40 µL 40 de NaOH 2,0 mmol.L-1. A absorvância foi lida a 610 nm e a atividade de MnP expressa como ∆Abs mL -1min-1. 3.6 Realização dos tratamentos Nos tratamentos das soluções de corante foram colocados 100,00 mL de solução de corante em um erlenmeyer de 250 mL e em capela de fluxo laminar foram colocados os conteúdos totais das placas (meio de cultura + fungo) nos erlenmeyers, totalizando 20 amostras. Desses erlenmeyers, 10 continham crisotila e 10 sem crisotila. O experimento foi feito em duplicata, e que foram usados para controle somente a solução e a mesma contendo crisotila para comparações com os tempos de tratamentos de 24 h, 48 h, 72 h e 96 h. Em seguida, foram colocados na mesa agitadora refrigerada a 28º C e 180 rpm. O processo biológico foi efetuado no laboratório de enzimologia da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás. Para controle foram adicionados culturas dos fungos, sob as mesmas condições acima, seguida de autoclavagem a uma temperatura de 121°C por 15 minutos sendo agitado em uma mesa agitadora refrigerada sob temperatura de 28°C e 180 rpm (rotações por minuto) , que é o teste de adsorção. As análises físico-químicas foram efetuadas no laboratório de saneamento da Faculdade de Engenharia Civil da UFG e no laboratório de Enzimologia da Faculdade de Farmácia. 3.7 Preparação e manutenção das Amostras Após os respectivos períodos de tratamento das soluções de corante, estas foram filtradas em papel de filtro Whatman 1,3 mm sendo o caldo filtrado guardado sob refrigeração a 4ºC. Todas as amostras foram filtradas posteriormente em membrana Milipore® 0,45 µm e imediatamente refrigeradas a 4º C (SANTIAGO, 1999). Antes das medições enzimáticas através de absorbância no UV-vis, as amostras foram centrifugadas durante 20 min a 8000 rpm. 3.8 Espectros no UV-vis Os espectros no UV-vis foram medidos em cubetas de quartzo de 4 mL marca Micronal, sendo que foi usado como referência água destilada. A varredura espectral na faixa de 300 a 750 nm foi feita no intervalo dos comprimentos de onda de quinze nm. Antes da realização de cada espectro, para evitar a contaminação por adsorção de compostos nas 41 cubetas, estas foram fervidas em água destilada durante vinte minutos seguindo-se de enxágüe com água destilada. A secagem das mesmas foi feita em temperatura ambiente. Antes das análises, as cubetas de quartzo foram testadas quanto à sua similaridade, na faixa de 300 a 750 nm , usando-se água destilada como líquido de teste. 42 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Tratamento das Soluções em estudo Espectros de 300 a 750 nm foram medidos para acompanhar a evolução do tratamento das soluções de corante tipo azo Food Blue nº. 1, em intervalos de 15 nm. Os resultados foram apresentados segundo a concentração das soluções de corante, conforme as Figuras 9a e 9b; 10a e 10b; 11a e 11b; 12a e 12b; 13a e 13b. Como solução de referência, utilizou-se a solução do corante (sem fungo) e a solução do corante com a fibra silicática. Para efeito de avaliação de degradação do corante, utilizou-se o comprimento de onda de 630 nm como comprimento específico e para avaliação de produção de compostos fúngicos, o comprimento de onda usado foi o de 300 nm. Na concentração de 0,032 g.L-1 ( Figura 9a e 9b) observou-se a degradação e adsorção dos corantes nas fibras. Em 405 nm houve uma alteração na absorbância indicando possível alteração na estrutura molecular do corante, quando se comparou as curvas das soluções de corante com a solução de corante e fibras silicáticas, pois tal comportamento indica que a adsorção do corante às fibras tem maior importância que o tratamento com o fungo. O uso da crisotila aumentou a atividade biológica fúngica, mostrado pelo aumento da absorbância na região do UV, salientado em 96 h de tratamento, sugerindo que os maiores tempos de duração do processo biológico aumentam a produção de PMS (Produtos Microbianos Solúveis) (AQUINO, 2003). Nessa concentração, houve aumento de absorbância em 630 nm quando se usou a solução do corante com o fungo, sendo que o uso da crisotila houve aumento significativo do processo de descoloração, indicando haver uma interação entre o corante e as fibras e entre o fungo e a crisotila, pois o uso do fungo interferiu no processo de degradação e adsorção do corante à crisotila. A natureza da interação entre o fungo e a crisotila pode mudar as vias metabólicas, bem como mudar as taxas de crescimento micelial (CASSIOLA et. al., 2001) e isso pode explicar o porquê da solução de corante e crisotila apresentarem a menor absorbância em 630 nm. 43 5,000 Absorbância 4,000 24 h 48 h 72 h 96 h Solução do Corante Solução Corante + crisotila 3,000 2,000 1,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 615 645 675 705 735 765 615 645 675 705 735 765 Comprimento de onda - nm (9a) 5,000 4,000 Absorbância Solução do Corante 24 h (crisotila) 48 h (crisotila) 3,000 72 h (crisotila) 96 h (crisotila) Solução Corante + crisotila 2,000 1,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 Comprimento de onda - nm (9b) Figura 9 - Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,032 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,032 g.L -1 com crisotila. Para concentrações de 0,062 g.L-1 (Figura 10a e 10b), observou-se também a degradação e adsorção dos corantes nas fibras, similarmente com o que aconteceu na concentração de 0,032 g.L-1 . Novamente, a adsorção do corante às fibras silicáticas tiveram 44 maior importância que o processo de descoloração e o tempo de tratamento não teve significância no processo degradativo. 8,000 7,000 Absorbância 6,000 24 h 48 h 72 h 96 h Solução do Corante Solução Corante + crisotila 5,000 4,000 3,000 2,000 1,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 615 645 675 705 735 765 615 645 675 705 735 765 Comprimento de onda - nm (10a) 8,000 7,000 Solução do Corante 6,000 24 h (crisotila) Absorbância 48 h (crisotila) 5,000 72 h (crisotila) 96 h (crisotila) Solução Corante + crisotila 4,000 3,000 2,000 1,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 Comprimento de onda - nm (10b) Figura 10 - Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,062 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,062 g.L -1 com crisotila. 45 Para concentrações de 0,125 g.L-1 (Figura 11a e 11b) notou-se a degradação do corante pelo fungo e a adsorção da crisotila nas paredes do fungo, havendo a produção de compostos pelo fungo. Nessa concentração, observou-se o aumento da degradação do corante pelo fungo, comparando-se com a solução do corante. A adição da crisotila também tem papel importante, pois ela apresentou menor absorbância no comprimento específico de 630 nm, mostrando que a adsorção do corante às fibras silicáticas teve maior significância que a degradação. Comparando-se as duas formas de tratamento, o uso das fibras não teve grande importância na síntese enzimática, pois as curvas espectrais quando se usou o as fibras foram semelhantes às curvas de quando não se usou a crisotila. Nota-se também que o aumento do tempo de tratamento aumenta a coloração da solução em ambos os casos de tratamento, o que já foi citado anteriormente por Aquino (2003). O uso das fibras, aumentou a produção de compostos fúngicos, como pôde ser observado na Figura 11b em comprimento de onda de 300 nm, salientado em 96 h de tratamento, o que corrobora com Aquino (2003) em que o tempo de tratamento aumenta a quantidade de PMS, sendo que a biotransformação tem um papel tão importante quanto a degradação. 12,000 10,000 24 h 48 h 72 h 96 h Solução do Corante Solução Corante + crisotila Absorbância 8,000 6,000 4,000 2,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 Comprimento de onda - nm (11a) 615 645 675 705 735 765 46 12,000 10,000 Solução do Corante 24 h (crisotila) 48 (crisotila) 72 h (crisotila) 96 h (crisotila) Solução Corante + crisotila Absorbância 8,000 6,000 4,000 2,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 615 645 675 705 735 765 Comprimento de onda - nm (11b) Figura 11 - Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,125 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,125 g.L -1 com crisotila. Com a concentração de 0,250 g.L-1 (Figura 12a e 12b), a degradação do corante teve maior importância, principalmente quando se utilizou a fibra silicática, o que vem a mostrar que a imobilização dos fungos, pode representar um importante aumento de degradação do contaminante orgânico. 27,000 24,000 24 h 48 h 72 h 96 h Solução do Corante Solução Corante + crisotila 21,000 Absorbância 18,000 15,000 12,000 9,000 6,000 3,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 Comprimento de onda - nm (12a) 615 645 675 705 735 765 47 27,000 24,000 Solução do Corante 24 h (crisotila) 48 h (crisotila) 72 h (crisotila) 96 h (crisotila) Solução Corante + crisotila 21,000 Absorbância 18,000 15,000 12,000 9,000 6,000 3,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 615 645 675 705 735 765 Comprimento de onda - nm (12b) Figura 12 - Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,250 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,250 g.L -1 com crisotila. Em 24 h de tratamento, usando-se as fibras como suporte, obteve-se o melhor tratamento do corante, analisando o comprimento de onda de 630 nm. Tal comportamento degradativo teve maior importância que a adsorção do corante à fibra, pois a absorbância em 630 nm foi menor que a absorbância do corante com a fibra (controle), conforme mostra as curvas espectrais. Avaliando-se o comprimento de 300 nm, em 48 h de tratamento sem o uso da crisotila, obteve-se a menor absorbância, sendo que a maior absorbância foi notada tanto quanto no uso da crisotila quanto no não uso da mesma, o que indica que houve produção de compostos fúngicos durante o tratamento biológico. Já na concentração de 0,500 g.L-1 (Figura 13a e 13b) houve a adsorção da crisotila nas paredes do fungo, no qual notou-se o aumento da absorbância . Segundo Cassiola, et al. (2001) o grau de interação entre as células e as fibras da crisotila parece estar relacionado ao tempo de exposição e a presença ou ausência de nutrientes durante o período de adesão. As células quando estão na ausência de nutrientes aderem mais intensamente aos nutrientes das fibras de crisotila. Sem o uso da fibra silicática, obteve-se maior descoloração do corante, observando-se em 630 nm, em 24 h de tratamento. A adsorção do corante às fibras foi de grande importância, pois ela representou maior descoloração em 630 nm, diferentemento do 48 observado com a concentração de 0,250 g L-1. Tal comportamento sugere que o fungo se adapta melhor à determinadas concentrações do corante, o que pode vir a inibir seu metabolismo primário e secundário. 45,000 40,000 24 h 48 h 72 h 96 h Solução do Corante Solução Corante + crisotila 35,000 Absorbância 30,000 25,000 20,000 15,000 10,000 5,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 615 645 675 705 735 765 615 645 675 705 735 765 Comprimento de onda - nm (13a) 45,000 40,000 35,000 Absorbância 30,000 Solução do Corante 24 h (crisotila) 48 h (crisotila) 25,000 72 h (crisotila) 96 h (crisotila) 20,000 Solução Corante + crisotila 15,000 10,000 5,000 0,000 285 315 345 375 405 435 465 495 525 555 585 Comprimento de onda - nm (13b) Figura 13 - Espectro de 300 a 750 nm da amostra. (a) concentração de 0,500 g.L -1 sem crisotila, (b) concentração de 0,500 g.L -1 com crisotila. 49 A produção de lignina-peroxidase pode ser acompanhada na Figura 14 através da absorbância a 310 nm. 0,032 g L-1 0,062 g L-1 0,125 g L-1 0,250 g L-1 0,500 g L-1 0,032 g L-1(Crisotila) 0,062 g L-1(Crisotila) 0,125 g L-1(Crisotila) 0,250 g L-1 (Crisotila) 0,500 g L-1(Crisotila) Concentração - U. mL -1 800,00 600,00 400,00 200,00 0,00 0 24 48 72 96 Tempo de tratamento - h Figura 14 - Determinação da atividade de lignina-peroxidase dos caldos filtrados da amostra, em pH 3,0 e álcool veratrílico como substrato, em 310 nm. De acordo com a Figura 14, a maior produção de lignina peroxidase se deu em 96 h de tratamento, com as concentrações de 0,500 g L-1, com as soluções com e sem o uso da crisotila, o que indica que o fator predominante para a síntese enzimática de lignina peroxidase é a concentração do substrato, que tem como fonte de nitrogênio o próprio corante. De acordo com Belinky e colaboradores (2003) a produção de LiP está relacionada à presença de oxidantes, como o oxigênio, peróxido, sendo que o próprio corante pode funcionar como agente oxidante, o que indica neste caso que maiores concentrações de corante, maiores produções de tal enzima. Para se avaliar o decaimento da matéria orgânica presente no efluente, foi avaliado a DQO (solúvel, pois os caldos eram filtrados em membrana 0,45 µm), conforme a Figura 15. Por se tratar de um sistema heterogêneo, em que se diferencia a fase sólida (micélio, ágar e particulados) da fase líquida (solúvel), a bioatividade fúngica (variação de pH, síntese enzimática, etc.) pôde ir modificando a proporção entre as duas fases, levando a resultados em que a relação de DQO seja maior que o valor inicial. Entretanto, valores abaixo do valor inicial (1,00) possivelmente indicam degradação e podem ser interpretados como redução da matéria orgânica presente na solução, pois tal metodologia avalia toda matéria orgânica contida na amostra, sendo que os Produtos Microbianos Solúveis (PMS) que estão 50 presentes no meio, impossibilitam a interpretação dos resultados (AQUINO, 2003). Embora a varredura indique diminuição de absorbância no comprimento de onda de 630 nm, isto não pode ser usado como indicador de mineralização do corante, possivelmente uma degradação do mesmo, gerando moléculas intermediárias. 16,00 14,00 0,032 0,062 0,125 0,250 0,500 12,00 DQO/DQO0 10,00 g.L-1 g.L-1 g.L-1 g.L-1 g.L-1 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0 24 48 72 96 Tempo de tratamento - h (15a) 16,00 14,00 0,032 0,062 0,125 0,250 0,500 12,00 DQO/DQO0 10,00 g.L-1 g.L-1 g.L-1 g.L-1 g.L-1 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0 24 48 72 Tempo de tratamento - h (15b) Figura 15 - Relação entre a DQO final e a DQO inicial. 13a corresponde variação de DQO da amostra sem o uso da crisotila e 13b a amostra com crisotila. 96 51 A Figura 16 mostra resultados de monitoramento de pH. O pH das soluções com corante azul brilhante apresentou valores entre 4,59 a 5,20 (16a) nas soluções sem o uso de crisotila e 5,17 a 6,1 (16b) nas soluções com crisotila. 12,00 0,032 g.L-1 0,062 g.L-1 0,125 g.L-1 10,00 0,250 g.L-1 0,500 g.L-1 pH 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0 24 48 72 96 Tempo de tratamento - h (16a) 12,00 0,032 g.L-1 Crisotila 10,00 0,062 g.L-1 Crisotila 0,125 g.L-1 Crisotila 0,250 g.L-1 Crisotila 0,500 g.L-1 Crisotila pH 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0 24 48 72 96 Tempo de tratamento - h (16b) Figura 16 - Variação do pH durante o tratamento das soluções com corante azul brilhante sem o uso da crisotila (10a) e com o uso da crisotila (10b). 52 Em geral, o pH das soluções apresentaram-se numa faixa ácida (abaixo de 7,00), com menor variação de valores de pH quando se usou a crisotila como suporte para os fungos, indicando possivelmente que a presença da fibra silicática ajuda a manter o pH das soluções em faixas de intervalos menores, como pode ser observado em 48 h de tratamento na figura 10b. Nos procedimentos com e sem crisotila foi observado, após 72 h de tratamento, que houve maior variação de intervalos de pH, o que pode ser relacionado com a produção de PMS, como já citado por Aquino (2003), onde a biotransformação do contaminante pode alterar a estrutura da matéria orgânica resultante, bem como alterar o pH das amostras. Essa faixa de pH que os caldos filtrados apresentaram está dentro do intervalo de pH ótimo para a atividade da lacase, MnP e LiP (WESENBERG; KYRIAKIDES; AGATHOS, 2003). Já foi relatado que os fungos preferem valores de pH (4,0-6,0) mais ácido, pois nesta faixa de pH, as fenoloxidases apresentam maior estabilidade (PALMIERI et al., 1993). A variação e estabilização do pH foram feita com a produção de compostos de origem fúngica, verificada com o aumento do pH no tratamento do efluente com os fungos, sendo que a adição do meio de cultura não foi responsável direta pela variação de pH, indicando que a bioatividade fúngica está relacionada à manutenção de um pH ideal para crescimento e síntese de biocompostos (GADD, 1999). Nos ensaios para lacase, em que se usou a seringaldazina como substrato, não foi detectada a atividade dessa enzima, o que não pode afirmar que o G. applanatum não sintetize essa enzima, pois somente uma análise de DNA pode mostrar se o fungo é capaz de sintetizar lacase. Matos, Bezerra e Dias (2007) usaram o fungo G. applanatum para descolorir e reduzir compostos fenólicos de efluente de uma indústria de azeite de oliva e comprovaram que o fungo citado produziu altas concentrações de lacase, o que indica que tal cepa de fungo usada por eles tem a capacidade de síntese de lacase, diferentemente do que foi observado neste trabalho. Nos ensaios da atividade enzimática de manganês peroxidase, devido ao comprimento de onda do produto da oxidação do vermelho de fenol (610 nm) ser muito próximo ao comprimento de onda máximo do corante (630 nm), bem como à alta absorbância das soluções do corante azul brilhante, não foi possível medir a atividade enzimática, mesmo diluindo-se a amostra, pois em concentrações mais baixas dessa enzima, mostrou-se indetectável. O fungo em estudo apresentou atividade de MnP, conforme Songulashvili e colaboradores (2007) e Tsujiyama e Minami (2005). 53 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de crisotila como suporte para crescimento de fungos em meio líquido, com o objetivo de aumentar a produção enzimática teve resultado significativo, mostrando que a interação entre fungo e crisotila e entre crisotila e corante azul brilhante apresentam perspectivas importantes. Verificou-se maior produção de lignina peroxidase quando aumentou a concentração do corante, o que indica que concentrações na faixa de 0,500 g L-1 de corante, o fungo G. applanatum é capaz de sintetizar lignina peroxidase, viabilizando a mineralização do contaminante orgânico em concentrações mais altas. A concentração de corante que apresentou melhor resultado de descoloração foi de 0,125 g L-1, usando-se a crisotila como suporte, o que indica que há uma interação importante entre o suporte silicático e o fungo. Outra observação importante é a interação entre a crisotila e o corante, que em concentrações de 0,032 e 0,064 g L-1 houve uma adsorção significativa, o que pode vir a ser interessante pesquisa futura, para a separação de contaminantes solúveis em efluentes. A metodologia de DQO não se mostrou confiável na quantificação da matéria orgânica degradada, durante a realização dos ensaios, o que pode apontar que a adição de esporos dos fungos, possa ser outra maneira de realizar o processo degradativo. Estudos futuros utilizando-se a crisotila como suporte podem ser feitos, buscandose uma maior variação de massa do suporte, bem como a adição de fonte primária de glicose, pois o metabolismo do fungo pode ser alterado com níveis mais altos de glicose, além de variações de pH ou o uso de soluções tamponadas, que podem ser outra maneiras de aumentar a produção enzimática. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDULLA, E.; TZANOV, T.; COSTA, S.; ROBRA, K-H.; CAVACO-PAULO, A.; GÜBITZ, G.M. 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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É vedada em todo o território nacional: I - a extração, produção, industrialização, utilização e comercialização da actinolita, amosita (asbesto marrom), antofilita, crocidolita (amianto azul) e da tremolita, variedades minerais pertencentes ao grupo dos anfibólios, bem como dos produtos que contenham estas substâncias minerais; II - a pulverização (spray) de todos os tipos de fibras, tanto de asbesto/amianto da variedade crisotila como daquelas naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei; III - a venda a granel de fibras em pó, tanto de asbesto/amianto da variedade crisotila como daquelas naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei. Art. 2º O asbesto/amianto da variedade crisotila (asbesto branco), do grupo dos minerais das serpentinas, e as demais fibras, naturais e artificiais de qualquer origem, utilizadas para o mesmo fim, serão extraídas, industrializadas, utilizadas e comercializadas em consonância com as disposições desta Lei. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, consideram-se fibras naturais e artificiais as comprovadamente nocivas à saúde humana. Art. 3º Ficam mantidas as atuais normas relativas ao asbesto/amianto da variedade crisotila e às fibras naturais e artificiais referidas no artigo anterior, contidas na legislação de segurança, higiene e medicina do trabalho, nos acordos internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil e nos acordos assinados entre os sindicatos de trabalhadores e os seus empregadores, atualizadas sempre que necessário. § 1º (VETADO) § 2º As normas de segurança, higiene e medicina do trabalho serão fiscalizadas pelas áreas competentes do Poder Executivo e pelas comissões de fábrica referidas no parágrafo anterior. 63 § 3º As empresas que ainda não assinaram com os sindicatos de trabalhadores os acordos referidos no caput deste artigo deverão fazê-lo no prazo de 12 (doze) meses, contados a partir da publicação desta Lei, e a inobservância desta determinação acarretará, automaticamente, o cancelamento do seu alvará de funcionamento. Art. 4º Os órgãos competentes de controle de segurança, higiene e medicina do trabalho desenvolverão programas sistemáticos de fiscalização, monitoramento e controle dos riscos de exposição ao asbesto/amianto da variedade crisotila e às fibras naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei, diretamente ou através de convênios com instituições públicas ou privadas credenciadas para tal fim pelo Poder Executivo. Art. 5º As empresas que manipularem ou utilizarem materiais contendo asbesto/amianto da variedade crisotila ou as fibras naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei enviarão, anualmente, ao Sistema Único de Saúde e aos sindicatos representativos dos trabalhadores uma listagem dos seus empregados, com indicação de setor, função, cargo, data de nascimento, de admissão e de avaliação médica periódica, acompanhada do diagnóstico resultante. Parágrafo único. Todos os trabalhadores das empresas que lidam com o asbesto/amianto da variedade crisotila e com as fibras naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei serão registrados e acompanhados por serviços do Sistema Único de Saúde, devidamente qualificados para esse fim, sem prejuízo das ações de promoção, proteção e recuperação da saúde interna, de responsabilidade das empresas. Art. 6º O Poder Executivo determinará aos produtores de asbesto/amianto da variedade crisotila, bem como das fibras naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei, que não forneçam estes materiais às empresas que estejam descumprindo qualquer disposição deste diploma legal. Parágrafo único. Acontecendo o previsto no caput deste artigo, o Governo Federal não autorizará a importação da substância mineral ou das fibras referidas no art. 2º desta Lei. Art. 7º Em todos os locais de trabalho onde os trabalhadores estejam expostos ao asbesto/amianto da variedade crisotila ou das fibras naturais ou artificiais referidas no art. 2º desta Lei deverão ser observados os limites de tolerância fixados na legislação pertinente e, na sua ausência, serão fixados com base nos critérios de controle de exposição recomendados por organismos nacionais ou internacionais, reconhecidos cientificamente. § 1º Outros critérios de controle da exposição dos trabalhadores que não aqueles definidos pela legislação de Segurança e Medicina do Trabalho deverão ser adotados nos acordos assinados entre os sindicatos dos trabalhadores e os empregadores, previstos no art. 3º desta Lei. § 2º Os limites fixados deverão ser revisados anualmente, procurando-se reduzir a exposição ao nível mais baixo que seja razoavelmente exeqüível. Art. 8º O Poder Executivo estabelecerá normas de segurança e sistemas de acompanhamento específicos para os setores de fricção e têxtil que utilizam asbesto/amianto da variedade crisotila ou as fibras naturais ou artificiais referidas no art. 2º desta Lei, para fabricação dos 64 seus produtos, extensivas aos locais onde eles são comercializados ou submetidos a serviços de manutenção ou reparo. Art. 9º Os institutos, fundações e universidades públicas ou privadas e os órgãos do Sistema Único de Saúde promoverão pesquisas científicas e tecnológicas no sentido da utilização, sem riscos à saúde humana, do asbesto/amianto da variedade crisotila, bem como das fibras naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei. Parágrafo único. As pesquisas referidas no caput deste artigo contarão com linha especial de financiamento dos órgãos governamentais responsáveis pelo fomento à pesquisa científica e tecnológica. Art. 10. O transporte do asbesto/amianto e das fibras naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei é considerado de alto risco e, no caso de acidente, a área deverá ser isolada, com todo o material sendo reembalado dentro de normas de segurança, sob a responsabilidade da empresa transportadora. Art. 11. Todas as infrações desta Lei serão encaminhadas pelos órgãos fiscalizadores, após a devida comprovação, no prazo máximo de setenta e duas horas, ao Ministério Público Federal, através de comunicação circunstanciada, para as devidas providências. Parágrafo único. Qualquer pessoa é apta para fazer aos órgãos competentes as denúncias de que trata este artigo. Art. 12. (VETADO) Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 14. Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 1º de junho de 1995; 174º da Independência e 107º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Paiva