MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE BENTO GONÇALVES CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA PERFIS ANALÍTICO E SENSORIAL DE VINHOS FINOS VARIETAIS CABERNET SAUVIGNON (Vitis vinifera L.) DE UVAS PROVENIENTES DE CINCO REGIÕES VITIVINÍCOLAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Gisele Mion Gugel Bento Gonçalves, 2007 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE BENTO GONÇALVES CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA PERFIS ANALÍTICO E SENSORIAL DE VINHOS FINOS VARIETAIS CABERNET SAUVIGNON (Vitis vinifera L.) DE UVAS PROVENIENTES DE CINCO REGIÕES VITIVINÍCOLAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Gisele Mion Gugel Monografia apresentada ao Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia para obtenção do grau de Tecnólogo em Viticultura e Enologia. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Giovannini Supervisor: Dr. Celito Crivellaro Guerra Bento Gonçalves, 2007 “O trabalho faz os dias prósperos, o vinho faz os domingos felizes.” (Charles Baudelaire) AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço ao CEFET-BG, pela formação acadêmica, e à EMBRAPA Uva e Vinho, por disponibilizar sua estrutura para a realização deste trabalho; Um agradecimento especial ao Dr. Celito C. Guerra, pesquisador da EMBRAPA Uva e Vinho, pela oportunidade de estágio, orientação nos trabalhos realizados, apoio científico, confiança, incentivo e amizade, proporcionando o meu crescimento pessoal e profissional; Aos professores e funcionários do CEFET-BG, principalmente à secretária Remi M. Possamai, pelo apoio, compreensão e todas as orientações necessárias durante o curso; Agradeço ao professor Dr. Eduardo Giovannini, pelo apoio e orientação no trabalho e, principalmente, por ter sido um excelente mestre, tanto em sala de aula quanto na vida... Aos funcionários e pesquisadores da EMBRAPA Uva e Vinho que, de alguma maneira, contribuíram para a realização deste trabalho; Às colegas de estágio Débora G. Gasperin e Jamile Diedricht, pela paciência, apoio e compreensão durante a realização das análises, me fazendo superar os dias estressantes; Agradeço também a todos os meus amigos e colegas, aos antigos e aos recentes, pelo apoio, companheirismo e alegrias proporcionadas; Ao colega e grande amigo Cristiano Zorzan, pelo auxílio e conselhos na realização deste trabalho; Às amigas Tais Klein, Paula C. Vicentini e Eloísa Domeneghini, por estarem sempre do meu lado quando foi preciso; Agradeço principalmente ao meu namorado André Peres Jr., alguém que veio de longe e conquistou o seu espaço em minha vida, companheiro de todas as horas, pela dedicação, compreensão, incentivo e, sobretudo, pelo amor; Um agradecimento especial à toda minha família, aos meus pais Roni e Silvana e a mana Michele, pelo incentivo, compreensão e apoio em todos os momentos, principalmente na pessoa de Terezinha Tomasi Mion, minha amada avó, a quem dedico este trabalho; Por fim, agradeço a todos aqueles que acreditaram em mim, e também aos que não acreditaram, pois consegui mostrar que sou capaz... SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 12 1.1 Vitivinicultura no Brasil ............................................................................................. 12 1.2 Regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul .............................................................. 13 1.3 Clima e uva .............................................................................................................. 14 1.4 Qualidade e tipicidade da uva e do vinho ................................................................. 15 1.5 A variedade Cabernet Sauvignon ............................................................................. 17 1.6 Porta-enxertos.......................................................................................................... 17 1.7 Noções sobre maturação das uvas .......................................................................... 18 1.8 Composição química da uva e do vinho ................................................................... 19 1.9 Compostos fenólicos da uva e do vinho ................................................................... 21 1.10 Maceração: etapa determinante para a qualidade do vinho tinto .............................. 27 1.11 Análise sensorial ...................................................................................................... 28 1.12 Análise de Componentes Principais (ACP) .............................................................. 30 2 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 32 2.1 Amostras de uvas .................................................................................................... 32 2.2 Dados dos vinhedos ................................................................................................. 33 2.3 Dados climáticos ...................................................................................................... 34 2.4 Análises de maturação tecnológica e fenólica .......................................................... 35 2.5 Microvinificações ...................................................................................................... 35 2.6 Análises físico-químicas gerais ................................................................................ 36 2.7 Análises químicas (marcadores de qualidade) ......................................................... 36 2.8 Metodologia das análises ......................................................................................... 37 2.9 Análise sensorial ...................................................................................................... 40 2.9.1 Painel de degustação ............................................................................................................... 40 6 2.9.2 Treinamento do painel de degustação ..................................................................................... 40 2.9.3 Degustação das amostras........................................................................................................ 41 2.10 Análise estatística .................................................................................................... 42 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 44 3.1 Dados climáticos ...................................................................................................... 44 3.2 Dados fenológicos .................................................................................................... 46 3.3 Características físicas das uvas ............................................................................... 47 3.4 Determinação da maturação tecnológica ................................................................. 48 3.5 Determinação da maturação fenólica ....................................................................... 50 3.6 Análises físico-químicas gerais ................................................................................ 51 3.7 Elementos minerais .................................................................................................. 55 3.8 Ácidos orgânicos ...................................................................................................... 57 3.9 Fracionamento de taninos ........................................................................................ 59 3.10 Antocianinas............................................................................................................. 60 3.11 Características cromáticas ....................................................................................... 63 3.12 Análise sensorial ...................................................................................................... 65 3.13 Análise de Componentes Principais (ACP) .............................................................. 71 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 77 APÊNDICES ............................................................................................................. 86 ANEXOS ................................................................................................................... 96 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Antocianinas encontradas nas uvas e nos vinhos, de acordo com os substituintes R e R’ do núcleo lateral. ............................................................................................................................... 23 Tabela 2. Dados relativos aos vinhedos de Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul. ....................................................................................................................... 34 Tabela 3. Descritores aromáticos utilizados no treinamento do painel de análise sensorial. .............. 41 Tabela 4. Dados fenológicos de uvas Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ...................................................................................................... 46 Tabela 5. Características físicas de uvas Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ................................................................................................ 47 Tabela 6. Características analíticas dos mostos de uvas Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ....................................................................... 49 Tabela 7. Características analíticas das soluções de extração para determinação da maturação fenólica de uvas Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. .................................................................................................................................... 50 Tabela 8. Características físico-químicas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ....................................................................... 52 Tabela 9. Características cromáticas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ........................................................................................... 53 Tabela 10. Características analíticas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ........................................................................................... 54 Tabela 11. Teores de elementos minerais de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ....................................................................... 56 Tabela 12. Teores de ácidos orgânicos de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ....................................................................... 57 Tabela 13. Resultados do fracionamento de taninos de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006............................................................ 59 Tabela 14. Teores de antocianinas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006 (teores expressos em mg/L de cloreto de malvidina)........ 61 8 Tabela 15. Características cromáticas tristimulares de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006............................................................ 64 Tabela 16. Descrição sensorial de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ................................................................................................ 67 Tabela 17. Matriz de correlação (ACP) das análises físico-químicas dos mostos de uvas de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006............................................................ 71 Tabela 18. Matriz de correlação (ACP) da análise sensorial de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. .......................................... 72 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Fórmula estrutural básica das antocianinas. ......................................................................... 22 Figura 2. Fórmula estrutural da (+)-catequina. ..................................................................................... 25 Figura 3. Localização dos municípios produtores de uvas nas diferentes regiões vitivinícolas do Estado do Rio Grande do Sul. ...................................................................................................... 33 Figura 4. Teores de ácidos orgânicos de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ....................................................................... 58 Figura 5. Distribuição dos taninos fracionados de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ....................................................................... 60 Figura 6. Teores de antocianinas totais de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ....................................................................... 61 Figura 7. Teores de antocianinas livres de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ....................................................................... 62 Figura 8. Reflectância na faixa visível do espectro de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006............................................................ 65 Figura 9. Diferenças de intensidade das características visuais e olfativas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. .................. 68 Figura 10. Diferenças das características gustativas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006............................................................ 69 Figura 11. Avaliação da qualidade geral de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. ....................................................................... 70 Figura 12. Projeção das variáveis obtidas dos dados da análise sensorial na Análise de Componentes Principais (ACP). .......................................................................................................................... 73 Figura 13. Projeção dos indivíduos em relação às variáveis obtidas dos dados da análise sensorial na Análise de Componentes Principais (ACP). ................................................................................. 73 INTRODUÇÃO Apesar da videira ter sido introduzida no Brasil no século XVI, o Rio Grande do Sul é considerado o berço da vitivinicultura do país, a qual foi transformada em atividade comercial somente com a chegada dos primeiros imigrantes italianos. O Estado é responsável por 90% da produção total de vinhos brasileiros, sendo o restante produzido nos Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco (ANUÁRIO..., 2007). A Serra Gaúcha é a mais importante região vitivinícola do país, tanto em relação à produção quanto ao consumo de vinhos. Enquanto o consumo anual nacional é de 1,8 L por pessoa, no Rio Grande do Sul são consumidos até 8 L por pessoa, sendo que a Serra Gaúcha alcança 30 L vinho/per capita/ano (EMBRAPA, 2004). Uvas e vinhos, principalmente os tintos, são considerados itens de qualidade de vida, devido à importância de seus constituintes químicos para a saúde humana. Estudos médicos têm mostrado os benefícios destes compostos como agentes antioxidantes e antiinflamatórios, na proteção contra doenças cardiovasculares e câncer, na redução da obesidade e na prevenção do envelhecimento. Os recentes estudos da Medicina, assim como a tentativa de classificar o vinho como um alimento funcional, aumentaram a procura de vinhos pelos consumidores brasileiros. Assim, surgiu a necessidade de implantação de novas áreas de cultivo no Brasil, as quais buscam produzir uvas viníferas com características adequadas para a elaboração de vinhos de qualidade, buscando a tipicidade dos vinhos de cada região produtora. Apesar do surgimento de novas regiões vitivinícolas, tendo como exemplo os Estados de Goiás e Mato Grosso, o Rio Grande do Sul consolida a cada dia sua 11 posição de maior produtor de uvas para processamento, devido ao surgimento de novos pólos de cultivo. A grande diversidade de solos e climas é responsável pela diversificação e tipicidade dos vinhos elaborados em cada região, sendo considerada essencial para a determinação do potencial qualitativo e a competitividade dos produtos vitivinícolas elaborados. A tipicidade e a qualidade dos vinhos são determinadas pela composição química e pelas características organolépticas. Diversos compostos interferem na cor, aroma e sabor das uvas e vinhos, sendo os principais os ácidos orgânicos, os taninos e as antocianinas. Além destes compostos, os minerais também interferem na caracterização da tipicidade de vinhos de determinadas regiões. Neste contexto, o objetivo geral do presente trabalho foi avaliar a tipicidade e a qualidade das uvas da variedade Cabernet Sauvignon (Vitis vinifera L.) provenientes de várias regiões vitivinícolas e dos vinhos varietais elaborados com estas uvas. Os objetivos específicos foram traçar e comparar o perfil tecnológico e polifenólico das uvas e os perfis físico-químico e sensorial dos vinhos, bem como encontrar descritores analíticos ou aromáticos que identifiquem os vinhos de cada região. 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 Vitivinicultura no Brasil A introdução do cultivo da videira no Brasil ocorreu em 1532 (KUHN, 2003), com a chegada dos colonizadores portugueses, mas somente tornou-se importante a partir do século XIX, com a chegada dos imigrantes italianos, a partir de 1875. Atualmente, o Brasil encontra-se na 16o posição na produção mundial de vinhos (GUERRA et al., 2005). No Brasil, as uvas são cultivadas desde o Rio Grande do Sul até o Vale do Rio São Francisco. No Rio Grande do Sul, cuja produção é basicamente voltada à indústria, aproximadamente 80% da produção é proveniente de uvas de variedades americanas ou híbridas, sendo o restante originado de uvas viníferas e uma reduzida parcela de uvas para consumo in natura. Em Santa Catarina, também são cultivadas basicamente uvas americanas ou híbridas, sendo que cerca de 25% da produção é voltada para o mercado de uvas de mesa. Nos Estados de São Paulo, Paraná, Bahia e Pernambuco, destaca-se a produção de uvas para consumo in natura. Em Minas Gerais, encontram-se duas regiões distintas, uma destinada à produção de uvas para vinificação e, ao norte do Estado, um pólo produtor de uvas de mesa (GIOVANNINI, 1999). Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área de vinhedos cultivados no país chegou a 87.792 hectares, em 2006. Estes dados demonstram um aumento de 16,99% em relação ao ano anterior que, segundo os dados, eram 75.043 hectares ocupados. Foram produzidas 1.228.390 toneladas de uvas, sendo que 38,32% (470.705 toneladas) desta produção foram destinados à elaboração de vinhos, sucos e derivados (ANUÁRIO..., 2007). 13 O Rio Grande do Sul, que é o Estado com maior produção de uvas do país, representando 54,2% do total (47.584 hectares plantados), apresentou um aumento da área de cultivo de 12,09%, em 2006, em comparação ao ano anterior. Da totalidade das uvas produzidas neste Estado, 90% são destinados para a produção de vinhos, sucos e derivados (ANUÁRIO..., 2007). Dos 346.415.973 litros de vinhos, sucos e derivados produzidos no Rio Grande do Sul, em 2006, 32.168.976 litros correspondem aos vinhos finos, sendo que 18.868.108 litros destes são de vinhos tintos. O maior volume produzido neste Estado continua sendo o de vinhos de mesa, com produção de 185.100.887 litros. A produção de suco de uva e de outros derivados é de 101.019.516 e 28.151.593 litros, respectivamente (ANUÁRIO..., 2007). 1.2 Regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul A principal região produtora do Estado é a Serra Gaúcha, cujo cultivo de uvas data do final do século XIX (GUERRA et al., 2005), com produção de uvas comuns e viníferas para a produção de vinhos, sucos e derivados. É caracterizada por pequenas propriedades e relevo de difícil mecanização (GIOVANNINI, 1999). Está localizada no Planalto das Araucárias, na região Nordeste do Estado, em altitudes entre 500 e 700 metros, e apresenta solos com composição variada. Possui clima temperado, frio no inverno e ameno no verão (FALCADE e TONIETTO, 1999). A principal área de produção de uvas para elaboração de vinhos finos desta região está localizada, sobretudo, na margem esquerda do Rio das Antas, nos municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Garibaldi, Farroupilha e Caxias do Sul (GUERRA et al., 2005). O maior produtor de uvas viníferas é o município de Bento Gonçalves, seguido pelos municípios de Farroupilha e Monte Belo do Sul (FALCADE e TONIETTO, 1995). Na região da Campanha, os primeiros vinhedos comerciais foram implantados na década de 1980. Esta região apresenta uma topografia adequada à implantação de vinhedos extensos e à mecanização. Apresenta clima e solos distintos, quando comparados aos da Serra Gaúcha, o que confere à região um potencial diferenciado na produção de vinhos finos (GUERRA et al., 2005). Está localizada numa altitude de, aproximadamente, 300 metros, e possui solo arenoso, com pedras e um pouco de argila (MACNEIL, 2003). 14 A implantação dos vinhedos na Serra do Sudeste também teve início na década de 1980. Igualmente apresenta uma topografia que permite a mecanização dos vinhedos. Apresenta clima e solo característicos e distintos das demais regiões de produção (GUERRA et al., 2005). A região dos Campos de Cima da Serra é responsável pela elaboração de vinhos diferenciados, denominados vinhos de altitude. As características de altitude e clima desta região favorecem uma grande amplitude térmica, o que influencia a produção de compostos fenólicos da uva, com a produção de vinhos ricos em cor, sabor e aroma (ANUÁRIO..., 2007). 1.3 Clima e uva Grande parte da diversidade encontrada nos vinhos das diferentes regiões, relacionada aos aspectos qualitativo e de tipicidade, é devida ao efeito exercido pelo clima. Portanto, o clima é importante na definição das potencialidades das regiões, pois possui forte influência sobre a planta. Ele interage com o solo, com a variedade e com as técnicas de cultivo da videira (KUHN, 2003). O desenvolvimento e qualidade das uvas destinadas à elaboração de vinhos são diretamente influenciados pelas variáveis meteorológicas, principalmente pela temperatura do ar, umidade relativa do ar e precipitação pluviométrica (MANDELLI, 2006). Todos os estádios fenológicos da videira são influenciados, sendo o período da maturação o mais importante para a qualidade das uvas. Para a obtenção de uvas sadias e de qualidade, com equilibrada relação açúcar/acidez e com cascas, polpa e sementes em estágio ideal de maturação, são fundamentais dias ensolarados, com temperaturas amenas e baixa precipitação (GUERRA et al., 2005). Nestas condições meteorológicas, as bagas podem sintetizar mais açúcares, antocianinas, taninos, substâncias aromáticas e seus precursores. A restrição da absorção de água pela planta produz frutos com maior concentração de substâncias orgânicas, minerais e açúcares. As temperaturas mais amenas, principalmente as noturnas, têm efeito na cor dos vinhos, pois a síntese de compostos fenólicos é favorecida. Além disso, as baixas temperaturas contribuem ao adequado pH dos vinhos, pois não ocorre a degradação dos ácidos orgânicos presentes na uva, com conseqüente aumento do pH e diminuição da acidez (GUERRA et al., 2005). O conteúdo de antocianinas é diretamente influenciado pelas condições climáticas. Assim, temperatura e luminosidade excessivamente baixas ou elevadas 15 não são favoráveis, sendo que a temperatura ótima para a síntese destes compostos é de 17oC a 26oC (MOTA et al., 2006). No geral, quanto maior a luminosidade, melhor a qualidade da uva, pois é favorecida a formação de uvas com elevados teores de açúcares e baixos de ácidos. Normalmente, as videiras necessitam de 1.200 a 1.400 horas de sol durante o seu período vegetativo (GIOVANNINI, 1999). No período final de maturação, são necessárias temperaturas próximas aos o 30 C, para que a acidez da uva não seja muito elevada (GIOVANNINI, 1999). O estado de maturação da uva é um dos fatores mais determinantes para a qualidade do vinho, sendo diretamente dependente das condições do meio, como o clima, a região de cultivo, o tipo de solo e a variedade de uva. O comportamento das videiras é diferente em cada safra, em função das condições meteorológicas, e em cada região ou vinhedo, devido às condições locais do meio. Essas variáveis conduzem a modificações da composição química e na cinética da maturação da uva, na evolução dos vinhedos e na previsão da data de colheita (RIBÉREAUGAYON et al., 2003a). 1.4 Qualidade e tipicidade da uva e do vinho A elaboração de vinhos de qualidade depende da região ou local de cultivo da videira, das características do solo, das variedades implantadas e porta-enxertos utilizados, das condições climáticas da safra, das condições de cultivo (sistema de condução, tipo de poda, etc.), bem como das técnicas de elaboração e estabilização do vinho (ASSELIN, 1998; GUERRA, 2002; KUHN, 2003) (Anexo 1). O fator “qualidade” é considerado muito relativo e subjetivo, sendo interpretado de forma diferente de acordo com as concepções de cada indivíduo. Conforme Guerra (2002, p. 179), a “uva de qualidade para a elaboração de vinhos é aquela proveniente de um vinhedo sadio e tratado convenientemente, situado em local cujas condições edafoclimáticas permitem adequado desenvolvimento e maturação dos cachos [...], com uma composição rica e equilibrada em açúcares, ácidos, polifenóis e polissacarídeos”. Este autor considera também que “vinho de qualidade é aquele que possui bom equilíbrio entre suas características organolépticas e analíticas, é isento de defeitos tecnológicos e tem forte personalidade, determinada pela variedade, pela origem e pela competência do viticultor e do enólogo”. 16 A qualidade de um vinho resulta do equilíbrio dos seus componentes, sendo diretamente dependente da qualidade da uva de origem. O conhecimento da composição química do vinho é o que o diferencia em relação à qualidade, o que determina também a sua evolução. Além dos compostos aromáticos, são fundamentais os compostos responsáveis pela cor, sabor e sensações tácteis dos vinhos. Portanto, a qualidade geral dos vinhos tintos é, direta ou indiretamente, determinada pelos polifenóis (GUERRA, 2002). Níveis reduzidos de adstringência e amargor nos vinhos caracterizam uma adequada maturação fenólica das uvas (ZANUS e PEREIRA, 2006). A distinção dos vinhos varietais de qualidade é determinada pelas peculiaridades aromáticas, com a presença de aroma e sabor expressivos, mas não necessariamente intensos, característicos de cada variedade. A quantidade e intensidade destas substâncias aromáticas são controladas não somente pela genética, mas dependem também da localização do vinhedo, do grau de maturação das uvas, das condições climáticas, das características do solo, da topografia, do processo de vinificação e das condições de conservação dos vinhos (BAYONOVE, 1998; GUERRA et al., 2005). A apreciação da qualidade dos vinhos é obtida através da degustação, a qual confere uma sensação imediata e complexa nos planos visual, olfativo e gustativo. Porém, os resultados obtidos na degustação não são reprodutíveis, seja pelo mesmo degustador ou por um grupo de degustadores, devido ao fato desta ser pessoal e subjetiva (GUERRA, 2003b). Assim, considera-se que um vinho de qualidade é aquele que proporciona ao consumidor sensações de complexidade de aromas e sabores. Quanto maior a riqueza e a harmonia dos compostos químicos naturais do vinho, maior a complexidade, a persistência e o equilíbrio das sensações sentidas pelo consumidor (GUERRA, 2003b). A tipicidade e a qualidade dos vinhos são determinadas pelos mesmos fatores, variáveis conforme a localização do vinhedo. A tipicidade dos vinhos é devida à complexidade de sua composição. Mesmo que os processos de elaboração sejam rigorosamente idênticos, é impossível elaborar um vinho igual ao outro, seja a partir de uvas de diferentes origens ou de safras distintas (GUERRA, 2003b). Os principais fatores que interferem na tipicidade dos vinhos são a variedade da uva, a região de origem, a safra, os tratos culturais e os métodos de elaboração. 17 Assim, a partir destes fatores pode-se elaborar diversos vinhos, todos com características próprias e diferentes entre si (GUERRA, 2003b). Os compostos aromáticos também determinam a tipicidade da uva e do vinho. As pirazinas, que são substâncias voláteis com odor característico de pimentão verde, são encontradas principalmente nas variedades Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Merlot e Cabernet Franc. São substâncias que apresentam a propriedade de desaparecer quase completamente durante a maturação da uva, segundo a região e a zona de cultivo, desaparecendo mais rapidamente quando os cachos possuem maior exposição ao sol (BAYONOVE, 1998). 1.5 A variedade Cabernet Sauvignon A uva Cabernet Sauvignon é um híbrido natural de ‘Cabernet Franc’ x ‘Sauvignon Blanc’, originária de Bordeaux, França. É uma uva de sabor herbáceo, que origina vinhos tintos varietais com aromas característicos, intensa coloração, riqueza em taninos e complexidade de aroma e buquê, os quais suportam longo envelhecimento. Apresenta teores de açúcares de 16 a 18oBrix e acidez total titulável de 80 a 100 meq/L. É uma variedade relativamente vigorosa, de média produção e elevada qualidade para vinificação, caracterizada por uma brotação e maturação tardias, atingindo sua maturação desde a segunda quinzena de fevereiro até, quase, o final de março (GIOVANNINI, 1999; RIZZON e MIELE, 2002; GUERRA et al., 2005). É uma das uvas viníferas mais difundidas no mundo, com a produção de vinhos de qualidade em vários países (GIOVANNINI, 1999). Foi cultivada experimentalmente pelo Instituto Agronômico e Veterinário de Porto Alegre em 1913. Nas décadas de 1930 e 1940 ocorreram as primeiras tentativas de difusão comercial desta variedade no Rio Grande do Sul. Porém, ganhou expressão no Estado somente a partir do final da década de 1980, com o aumento da produção de vinhos varietais e, atualmente, é a variedade vinifera tinta mais importante e com maior área cultivada no Estado (KUHN, 2003; GUERRA et al., 2005). 1.6 Porta-enxertos O porta-enxerto 101-14 Millardet et De Grasset (Vitis riparia x Vitis rupestris), conhecido como vermelho corredor, é originário da França. Confere uma qualidade 18 superior de produção, reduzindo o vigor da planta, o que favorece uma maturação mais completa da uva. É indicado para uvas viníferas finas em solos de média a alta fertilidade (GIOVANNINI, 1999). O Teleki 4 Sel. Oppenheim (SO 4) (Vitis berlandieri x Vitis riparia), originário da Alemanha, confere alto vigor à copa. Permite uma regular qualidade de produção e alta produtividade. Geralmente é utilizado com uvas americanas e híbridas em solos de média a alta fertilidade (GIOVANNINI, 1999). O Paulsen 1103 (Vitis berlandieri x Vitis rupestris) é originário da Sicília, Itália. Confere de médio a alto vigor à copa, permitindo qualidade de produção média, com produtividade de média a alta. É empregado com uvas viníferas em solos de média fertilidade (GIOVANNINI, 1999). 1.7 Noções sobre maturação das uvas O controle completo da maturação das uvas tintas, com o objetivo de elaborar vinhos de qualidade, compreende o acompanhamento da evolução dos açúcares, ácidos, taninos e antocianinas. Através do acompanhamento da maturação, as uvas podem ser colhidas no momento mais adequado à máxima expressão do seu potencial qualitativo em determinada safra ou região (GUERRA e ZANUS, 2003). A maturação tecnológica é determinada pela análise da evolução dos açúcares e ácidos presentes nas uvas. A relação açúcar/acidez da uva é importante para o equilíbrio gustativo do vinho, porém não é suficiente para determinar que a uva tenha sido colhida no seu máximo potencial qualitativo. Esta observação é válida principalmente ao vinho tinto, onde existem outros constituintes, os compostos fenólicos, que interferem nas características visuais e gustativas (GLORIES, 1991; BARCELO, 1997; SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1998; CELOTTI et al., 2001; GUERRA, 2002). A análise da maturação fenólica é baseada na evolução dos compostos fenólicos presentes nas cascas e nas sementes da uva. Considera-se que a uva está madura quando a extratibilidade dos taninos das sementes diminui, a concentração das antocianinas e taninos das cascas aumenta e a degradação das paredes celulares das cascas facilita a extração destes compostos (GLORIES, 1991; GLORIES e AUGUSTIN, 1993; SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1998; VIVAS, 1998; GUERRA, 2002). O acúmulo dos polifenóis nas cascas alcança uma 19 concentração máxima próximo à maturação tecnológica, caso as condições climáticas sejam favoráveis (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1998). O acompanhamento da maturação fenólica é útil para determinar a melhor época de colheita das uvas tintas, para testar a adaptação das variedades às diferentes regiões de cultivo e para adaptar as condições de vinificação à uva produzida, visando a elaboração de vinhos de qualidade (GLORIES, 1991; SAINTCRICQ DE GAULEJAC et al., 1998; VIVAS, 1998; GUERRA, 2002; ROMEROCASCALES et al., 2005). 1.8 Composição química da uva e do vinho A uva e o vinho são meios aquosos compostos por moléculas de açúcares, alcoóis, polissacarídeos, elementos minerais, ácidos orgânicos, compostos fenólicos, compostos nitrogenados, vitaminas, lipídeos e substâncias aromáticas. A fermentação modifica a composição do mosto, os açúcares são consumidos e há a formação de etanol e outros produtos secundários, o que torna a composição do vinho mais complexa (FLANZY, 2000). Os principais componentes químicos que interferem na caracterização das uvas e vinhos de cada região, tanto no plano químico quanto sensorial, são os elementos minerais, os ácidos orgânicos, os compostos fenólicos e os aromas. Os elementos minerais encontrados nas uvas e nos vinhos são absorvidos do solo através do sistema radicular da videira. Encontram-se, principalmente, nas cascas, sementes e parede celular da polpa da uva. Conforme Rizzon (2005), “os cátions dos vinhos representam uma parte das cinzas e contribuem na caracterização em função da origem geográfica”. O teor destes minerais é variável em cada região de cultivo, sendo dependente do solo, do clima, da variedade, do porta-enxerto, das adubações realizadas e dos tratamentos fitossanitários. Os processos de vinificação utilizados também interferem no teor destes elementos, através da utilização de produtos que contenham determinados elementos na composição química, de práticas enológicas que favoreçam a extração destes compostos da uva ou pelo contato do vinho com materiais e equipamentos nas fases de elaboração, conservação, estabilização ou engarrafamento. Uma maceração prolongada contribui para aumentar o teor de minerais nos vinhos. A estabilização, por sua vez, participa na redução do teor dos minerais, principalmente potássio e cálcio (RIZZON, 2005). 20 Os principais macroelementos encontrados nos vinhos são potássio, cálcio e magnésio, sendo o potássio o mais importante. Os microelementos, como sódio, manganês, ferro, cobre, zinco, lítio e rubídio são encontrados em pequenas quantidades, sendo que a presença destes nos vinhos deve-se à uva ou às contaminações do solo, fungicidas, produtos enológicos ou contato com materiais e equipamentos utilizados na vinificação (RIZZON, 2005). O potássio representa quase 50% do total das substâncias minerais presentes na uva. É encontrado principalmente nas cascas, por isso sua passagem ao vinho depende da maceração (MOTA et al., 2006). Os principais ácidos orgânicos da uva são o tartárico, o málico e o cítrico, cuja concentração pode variar conforme a variedade, o clima e o estado de maturação (GUERRA, 2002). No entanto, aproximadamente 90% da totalidade dos ácidos é constituída pelos ácidos tartárico e málico (MOTA et al., 2006). O vinho contém uma mistura complexa de ácidos orgânicos, sendo os mais importantes os originários das uvas, citados anteriormente, o ácido succínico, de origem fermentativa, e o ácido lático, de origem bacteriana (USSEGLIO-TOMASSET, 1991). Os ácidos orgânicos participam na constituição, estabilidade e qualidade organoléptica dos vinhos. O ácido tartárico é um dos ácidos mais importantes na uva e no vinho e que, por ser um ácido relativamente forte, confere ao vinho um pH entre 2,8 e 4,0. Porém, deve-se levar em conta a concentração dos íons potássio e cálcio, que participam da salificação do ácido tartárico. Além disso, o estado de salificação dos ácidos depende da origem geográfica, da variedade, do manejo do vinhedo e dos métodos de prensagem e vinificação (RIBÉREAU-GAYON, 2003b). O aroma dos vinhos é constituído por algumas centenas de compostos voláteis, cujos níveis de percepção olfativa são extremamente diversos. Como conseqüência, o impacto olfativo dos constituintes voláteis do vinho está ligado à sua concentração e sua natureza (RIBÉREAU-GAYON, 2003b). A complexidade do aroma do vinho e a dificuldade de seu estudo são devidas ao metabolismo da uva, o qual é influenciado pela variedade, solo, clima e práticas de cultivo, aos fenômenos bioquímicos pré-fermentativos, como as oxidações e hidrólises durante a extração do mosto e a maceração; ao metabolismo fermentativo dos microorganismos, nas fermentações alcoólica e malolática; e às reações químicas ou enzimáticas após a fermentação, durante a conservação do vinho e seu envelhecimento na garrafa (RIBÉREAU-GAYON, 2003b). 21 Entre todos os constituintes do aroma, os compostos provenientes da uva, que são característicos da variedade e de sua expressão segundo as condições de solo e clima, apresentam um papel determinante na qualidade e na tipicidade dos vinhos, pois constituem o aroma varietal (RIBÉREAU-GAYON, 2003b). As metoxipirazinas são compostos nitrogenados heterocíclicos provenientes do metabolismo dos aminoácidos e encontram-se em estado livre nas uvas e nos vinhos, não sendo encontrados precursores aromáticos para estes compostos. Correspondem ao aroma herbáceo e são percebidos sobretudo quando a maturação das uvas é insuficiente, principalmente nas regiões mais frias (RIBÉREAU-GAYON, 2003b). 1.9 Compostos fenólicos da uva e do vinho As substâncias fenólicas são caracterizadas por um grupo funcional hidroxila (OH) ligado a um anel benzênico. Os compostos fenólicos são aquelas substâncias que possuem um anel fenólico ligado a um outro anel benzênico ou com outros compostos heterocíclicos (PARONETTO, 1977). Entende-se por “compostos fenólicos” todas as moléculas aromáticas desde os aminoácidos aromáticos simples até os taninos condensados mais complicados. Estes compostos são produtos secundários sintetizados a partir de açúcares. São formados pelas rotas bioquímicas shikamato, fenilpropanóide e flavonóide, sendo que as antocianinas são uma das poucas classes de produtos do metabolismo aromático que apresentam cor visível (HRAZDINA, 1992). Os compostos fenólicos são importantes constituintes das plantas lenhosas, pois contribuem em vários aspectos de qualidade para resistência às doenças (HRAZDINA, 1992). Na uva, são encontrados nas cascas, sementes e engaços. No vinho, são responsáveis por parte das propriedades organolépticas, como amargor, adstringência, estrutura e corpo (LEA, 1992; SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1998; GUERRA, 2002; MATTIVI et al., 2002), e contribuem nas características de cor e sabor (CHEYNIER et al., 1992; SINGLETON, 1992; GUERRA, 2005; ROMERO-CASCALES et al., 2005; SACCHI et al., 2005). Quimicamente, os compostos fenólicos podem ser classificados em não flavonóides e flavonóides. Os não flavonóides correspondem aos ácidos fenólicos e aos estilbenos. Os compostos flavonóides são os flavonóis, as flavanonas, as antocianinas e os flavanóis (taninos) (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). Todos 22 podem ser encontrados na uva e no vinho, em concentrações que variam conforme o composto analisado, alcançando teores que variam de 2 a 7 g/L (GUERRA, 1998). A uva e o vinho contêm ácidos benzóicos e cinâmicos, sendo que a concentração nos vinhos tintos é de 100 a 200 mg/L. Os ácidos fenólicos são constituídos por apenas um anel benzênico na molécula, são incolores em solução hidroalcoólica, mas podem tornar-se amarelos depois da oxidação (RIBÉREAUGAYON et al., 2003b). As ligações entre os ácidos fenólicos e antocianinas, açúcares ou outros compostos fenólicos apresentam uma função importante na estrutura dos taninos (PARONETTO, 1977). A combinação dos ácidos cinâmicos com os monoglucosídeos antociânicos conduz às antocianinas aciladas, que são formadas pela esterificação do ácido caféico e do ácido p-cumárico com a glicose do heterosídeo, sendo que o ácido acético também pode intervir (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). Os flavonóides são compostos de estrutura geral C6-C3-C6, constituída por dois ciclos benzênicos unidos por um heterociclo oxigenado. Esta classe de compostos pode ser dividida em famílias, as quais se distinguem pelo grau de oxidação do anel central (CABRITA et al., 2003). As antocianinas e os taninos são os compostos em maior concentração e mais importantes na uva e no vinho (PARONETTO, 1977; RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). As antocianinas (Figura 1) são os pigmentos encontrados nas uvas em tons de vermelho, rosa e violeta, localizados principalmente nas cascas (GUERRA, 2005). Podem ser encontradas na polpa, no caso de variedades tintóreas, estando presente também nas folhas, sobretudo no final do ciclo vegetativo (RIBÉREAUGAYON et al., 2003b). Figura 1. Fórmula estrutural básica das antocianinas. 23 Tabela 1. Antocianinas encontradas nas uvas e nos vinhos, de acordo com os substituintes R e R’ do núcleo lateral. Antocianina R R’ Cianidina OH H Paeonidina O-CH3 H Delfinidina OH OH Petunidina O-CH3 OH Malvidina O-CH3 O-CH3 Sua estrutura é composta por dois ciclos benzênicos unidos por um heterociclo oxigenado, insaturado e catiônico, o cátion flavilium (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). São diferenciadas na uva e no vinho, segundo a substituição do núcleo lateral, cinco moléculas distintas (Tabela 1): cianidina, paeonidina, delfinidina, petunidina e malvidina (GUERRA, 2005). As antocianinas podem ser encontradas sob a forma heterosídica, ligadas a um ou mais açúcares (GUERRA, 2005), que são moléculas muito mais estáveis que a forma aglicona (sem o açúcar ligado). Nas uvas de Vitis vinifera e nos vinhos correspondentes são identificadas somente as antocianinas monoglucosiladas e as antocianinas monoglucosiladas aciladas (ácido p-cumárico, ácido caféico e ácido acético) (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). A cor destes pigmentos é influenciada pelas condições do meio, como pH e SO2, dependendo também da estrutura molecular e do meio ambiente. As antocianinas sofrem facilmente alterações de cor conforme o pH, sendo vermelhas em meio ácido, azuis em meio neutro ou alcalino e incolores em ambiente fortemente alcalino (PARONETTO, 1977). As antocianinas são responsáveis pela cor dos vinhos jovens, sendo encontradas de 400 a 1.500 mg/L no vinho recém elaborado. Ao pH do vinho, a cianidina tem cor rosa, a delfinidina é ligeiramente azulada, a petunidina e a paeonidina são vermelho-alaranjadas e a malvidina apresenta cor vermelho-carmim (GUERRA, 1998). A diferença de cor destes compostos é devida à variação dos grupos ou elementos químicos ligados aos carbonos do anel B. Assim, as antocianinas tendem a ser mais azuladas quanto maior a presença de hidroxilas (OH), enquanto na presença de grupos carbonila (O-CH3) tendem a ser vermelhas (GUERRA, 1998). 24 Enquanto o conteúdo de antocianinas totais é relativamente afetado pela maturação, safra e vinhedo, a presença e a relação relativa dos diferentes pigmentos é essencialmente específico da variedade (SINGLETON, 1992). A malvidina é a molécula dominante em todas as variedades, representando de 50 a 80% do total na uva madura. Das antocianinas restantes, temos 5 a 10% de cianidina, 10 a 20% de delfinidina, 15 a 25% de petunidina e 15 a 30% de paeonidina (GUERRA, 1998). A malvidina é a mais estável entre as antocianinas, pois é a mais resistente à degradação oxidativa. A cianidina é a primeira a ser formada na rota bioquímica de formação das antocianinas e a que sofre maior degradação (GUERRA, 1998). A concentração de malvidina varia muito com a idade dos vinhos e a natureza das variedades, sendo de 100 a 1.500 mg/L depois da fermentação. Este valor corresponde às antocianinas no estado livre, dosificadas por métodos químicos e cromatográficos. Sem dúvida, a maioria destes pigmentos se associa, através da condensação com os taninos do vinho com a formação de moléculas de coloração mais estável, as quais são mascaradas pelos métodos clássicos de dosificação, alcançando valores limites de 0 a 50 mg/L durante o envelhecimento do vinho. Outra parte das antocianinas, considerada relativamente pequena, desaparece, seja por degradação ou por precipitação, sendo prejudicial à qualidade do vinho, pois produz a diminuição da cor (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). Os taninos são substâncias que, por definição, são capazes de formar combinações estáveis com outros polímeros vegetais, tais como os polissacarídeos e proteínas (PORTER, 1992; RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). No plano químico, os taninos são moléculas fenólicas resultantes da polimerização de moléculas elementares de função fenol, devendo ser grandes o suficiente para formarem combinações estáveis com as proteínas. Segundo a natureza das moléculas elementares, distinguem-se os taninos hidrolisáveis e os taninos condensados (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). São compostos incolores ou levemente amarelados, sendo que sua cor não varia com o grau de polimerização (GUERRA, 1998). Os taninos hidrolisáveis não são naturais da uva, sendo provenientes das barricas de madeira. Correspondem aos ésteres dos ácidos fenólicos ou de seus derivados, que liberam ácido gálico ou ácido elágico após hidrólise ácida, contendo também uma molécula de glicose (PARONETTO, 1977; RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). 25 Os taninos condensados da uva são polímeros mais ou menos complexos de 3-flavanóis ou catequinas, com a (+)-catequina e a (-)-epicatequina como unidades estruturais de base (Figura 2). O aquecimento em meio ácido destes polímeros em solução alcoólica (reação de Bate-Smith) libera carbocátions fortemente instáveis, os quais se transformam em produtos de condensação pardos e, sobretudo, em cianidina vermelha, do qual originou-se o nome de “procianidina” dado a seus constituintes (PORTER, 1992; RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). Figura 2. Fórmula estrutural da (+)-catequina. Na uva e no vinho, é possível separar e fracionar a (+)-catequina e a (-)epicatequina, as procianidinas dímeras, oligômeras (moléculas de três a dez unidades básicas) e as procianidinas condensadas (GUERRA, 1998). As unidades de base (catequinas) não podem ser consideradas taninos, pois sua massa molecular é muito pequena e suas propriedades em relação às proteínas são muito reduzidas (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). As catequinas possuem dois ciclos benzênicos unidos por um heterociclo oxigenado saturado (CABRITA et al., 2003). Esta estrutura apresenta dois carbonos assimétricos (C2 e C3) que originam quatro isômeros, sendo que as formas mais estáveis correspondem a (+)-catequina e a (-)-epicatequina (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). As procianidinas dímeras são classificadas em categorias de acordo com as ligações entre os carbonos das moléculas elementares. As procianidinas oligômeras correspondem a polímeros formados por três a dez unidades básicas, unidas por ligações C4-C8 ou C4-C6. Os taninos condensados compreendem mais de dez unidades básicas, com massa molecular superior a 3.000 (PORTER, 1992; RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). 26 Os taninos condensados e as catequinas estão presentes em todas as partes sólidas do cacho (cascas, sementes, engaço) e se solubilizam no vinho durante a maceração. Seu teor no vinho tinto depende da variedade e das condições de vinificação, variando de 1 a 4 g/L (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). No decorrer da maturação da uva ocorre a polimerização dos taninos, com a diminuição das formas monoméricas e oligoméricas. De maneira geral, os monômeros, oligômeros e polímeros representam, respectivamente, 40%, 30% e 30% dos taninos da uva madura. No entanto, sabe-se que a porcentagem de cada forma varia de acordo com a variedade e a região de cultivo da uva (GUERRA, 2002). A natureza dos taninos presentes nas cascas e sementes é radicalmente diferente, pois o modo de ligação daquelas substâncias ao tecido parietal destes também difere. Os taninos das sementes encontram-se basicamente em estado livre, enquanto os das cascas podem estar ligados à membrana vacuolar ou à parede celular (SACCHI et al., 2005). Os ligados à membrana vacuolar são mais difíceis de extrair durante a vinificação devido à sua origem fosfolipídica, sendo que sua extração é favorecida pela presença do etanol. Os que estão localizados junto à parede celular conferem qualidade organoléptica aos vinhos, pois são arredondados e aveludados, não provocando amargor e adstringência (GUERRA, 2002). Nas sementes, encontram-se principalmente taninos oligoméricos, que são ásperos e agressivos ao paladar. No decorrer da maturação da uva, ocorre a diminuição da extratibilidade destes taninos (JORDÃO et al., 2001), devida à sua polimerização, o que é desejável para a elaboração do vinho. No entanto, estes taninos apresentam grande importância na estabilização e evolução do vinho, pois participam das reações de condensação com as antocianinas (VIVAS, 1998; GUERRA, 2002). A evolução dos compostos fenólicos é diferente em cada região e em cada safra, pois depende da variedade, do clima, do solo, das práticas culturais e do grau de maturação da uva (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC et al., 1998; VIVAS, 1998; GUERRA, 2002; MATTIVI et al., 2002; RICARDO-DA-SILVA et al., 2003; PÉREZMAGARIÑO e GONZÁLEZ-SAN JOSÉ, 2006). Esta diversidade explica a existência, em diferentes uvas e vinhos, de taninos com propriedades variadas, particularmente gustativas. A consideração dos taninos não deve levar em conta somente sua 27 quantidade, mas também deveria apreciar sua qualidade, a qual depende da sua estrutura (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). A concentração e a estrutura dos taninos e seus produtos de reação podem ser benéficos ou prejudiciais à qualidade do vinho, de acordo com o vinho desejado. Por outro lado, sua reatividade química pode trazer vantagens nas operações da vinificação, pois modificam a composição fenólica e, conseqüentemente, as propriedades organolépticas dos vinhos (CHEYNIER et al., 1992). O aumento na concentração de taninos está ligado ao de antocianinas. Portanto, uma uva rica em cor apresenta uma forte concentração de taninos (GLORIES, 1991). Os taninos são responsáveis pelas propriedades de adstringência e amargor dos vinhos (LEA, 1992; GUERRA, 2002; SACCHI et al., 2005). A adstringência é proveniente das combinações dos taninos com as proteínas salivares. As interações com as proteínas aumentam com o grau de polimerização e a presença de ligações C4-C6 (CHEYNIER et al., 1992). O amargor é percebido principalmente na presença de moléculas oligoméricas, enquanto a adstringência é maior conforme aumenta o grau de polimerização dos taninos (LEA, 1992). 1.10 Maceração: etapa determinante para a qualidade do vinho tinto A maceração é a principal etapa da vinificação em tinto, ocorrendo juntamente com a fermentação alcoólica. Corresponde à extração dos compostos contidos nas partes sólidas da uva, principalmente cascas e sementes. A extração destes compostos deve ser eficiente e seletiva, de modo que sejam extraídas apenas as substâncias químicas naturais da uva que transmitam qualidade ao vinho, sendo descartadas as substâncias indesejáveis. Para que isto ocorra, as variáveis tempo de maceração, relação bagaço/mosto, temperatura de fermentação e tipo e freqüência das remontagens devem ser observadas (GUERRA, 2002). O tempo de maceração varia conforme a variedade, a sanidade e o estado de maturação da uva, sendo mais prolongado quanto maior for o potencial qualitativo da uva e de acordo com o tipo de vinho desejado. A relação bagaço/mosto está ligada à qualidade polifenólica da uva. A temperatura de vinificação deve ser modulada, favorecendo a extração das antocianinas nos primeiros dias de maceração (±28oC) e uma adequada extração de taninos polimerizados (±20oC, até 28 o final da maceração). O tipo e a freqüência das remontagens são fundamentais para extração seletiva das antocianinas e taninos. Deve-se remontar duas vezes o volume do líquido a cada 24 horas, através de remontagens rápidas e numerosas, com uma certa desestruturação da massa sólida, mantendo-a molhada (GUERRA, 2002). As antocianinas são extraídas principalmente no início da maceração, atingindo um máximo de concentração após alguns dias, diminuindo lentamente após este período. A extração dos taninos é mais lenta e contínua, sendo diretamente proporcional à quantidade de álcool do meio (RICARDO-DA-SILVA et al., 2003). Em estudos realizados com uvas Cabernet Sauvignon, em quatro safras distintas, a maceração pode variar de cinco a dez dias, de acordo com o potencial de qualidade da uva (GUERRA, 2003a). Diversas reações químicas ocorrem entre as antocianinas e taninos extraídos durante a maceração e a evolução dos vinhos, sendo as mais importantes a condensação indireta flavanol-antocianina, polimerização indireta flavanol-flavanol, condensação direta flavanol-antocianina, oxidação não enzimática dos flavanóis e degradação das antocianinas. Essas reações formam vários compostos fenólicos incolores ou coloridos, os quais interferem na evolução da cor e qualidade organoléptica do vinho (GUERRA, 2003a). A extratibilidade dos compostos fenólicos durante a maceração é variável em função da variedade, do grau de maturação e do estado sanitário das uvas, sendo influenciada pelas condições naturais da região e da safra. Isto é válido para a extração das antocianinas e dos taninos, mas, nesses últimos, existem grandes diferenças de extratibilidade de acordo com o tipo e o tamanho das moléculas (GUERRA, 2003a). A difusão destes compostos para o mosto também é determinada pela localização destes nas partes sólidas da uva, sendo influenciada pela temperatura, o teor em etanol e SO2, o pH e a presença de enzimas (RICARDO-DA-SILVA et al., 2003). 1.11 Análise sensorial A qualidade de um vinho não é determinada apenas pela análise química, mesmo que seja detalhada, sendo necessária a degustação do mesmo. Assim, a análise sensorial é auxiliada pelo resultado da análise química, esclarecendo a 29 composição do vinho pelas características encontradas na degustação (ZANUS e PEREIRA, 2006). Através das análises química e sensorial pode-se caracterizar o vinho, demonstrando a sua qualidade e tipicidade. A Análise Descritiva Quantitativa é utilizada para a caracterização de vinhos de diferentes variedades, safras, regiões vitícolas e vinícolas (MIELE, 1998). A análise sensorial deve ser realizada por um grupo de, no mínimo, 12 degustadores, para que sejam obtidos resultados corretos e confiáveis na média geral dos parâmetros avaliados (ZANUS e PEREIRA, 2006). No entanto, são encontradas algumas dificuldades na degustação, devidas principalmente à subjetividade pessoal, ao ritmo fisiológico, ao cansaço sensorial, ao hábito de degustar sempre os mesmos vinhos, às comparações e contrastes e aos diferentes tipos de vinhos encontrados. Devido às dificuldades observadas, é de fundamental importância a utilização de um vocabulário objetivo para a descrição das características sensoriais (ZANUS e PEREIRA, 2006). A visão, o olfato, o paladar (gosto) e o tato são os sentidos empregados na degustação. A avaliação de um vinho começa pelo exame visual, o qual permite caracterizar o aspecto do vinho quanto à intensidade de cor, tonalidade e limpidez, por exemplo (ZANUS e PEREIRA, 2006). A seguir temos o exame olfativo, considerado muito complexo e de grande variação entre os degustadores. Para favorecer a percepção olfativa, utilizam-se taças de cristal padrão ISO (International Organization for Standardization). São descritas a intensidade, a clareza e a qualidade dos aromas, bem como os aromas específicos de cada vinho (ZANUS e PEREIRA, 2006). É nesta etapa da análise sensorial que se observa uma subjetividade pronunciada, pois devem ser levado em conta os limites de detecção e de identificação das substâncias olfativas presentes nos vinhos. A quantidade mínima de uma substância olfativa para ser detectada no vinho pelo degustador corresponde ao limite de detecção. O limite de identificação corresponde à percepção, identificação e descrição da substância olfativa (ZANUS e PEREIRA, 2006). A capacidade de reconhecer um aroma no vinho pode ser influenciada por diversos fatores, sendo os mais importantes o estado emocional, o treinamento e a fisiologia do degustador. A cultura do indivíduo também interfere no reconhecimento 30 dos aromas, pois remete ao contato com flores, frutos ou outros aromas em períodos como a infância, a adolescência ou o próprio dia-a-dia. Portanto, não existem duas pessoas que percebam da mesma maneira e na mesma intensidade os aromas e, devido a isso, cada pessoa possui sua carta de identidade olfativa (ZANUS e PEREIRA, 2006). O exame gustativo corresponde à última etapa da análise sensorial. Os quatro gostos elementares do vinho são o doce (dado pelo álcool, glicerol e açúcares), o ácido (originário dos ácidos orgânicos livres), o salgado (dados pelos ácidos salificados) e o amargo (dado pelos compostos fenólicos, principalmente pelos taninos). De uma maneira geral, o gosto do vinho está na cabeça do degustador, e não dentro da taça, devido ao caráter pessoal e subjetivo da degustação. Esta etapa descreve as características de acidez, doçura, amargor, persistência e equilíbrio em boca, bem como as sensações tácteis do álcool, temperatura e adstringência (ZANUS e PEREIRA, 2006). A adstringência não é considera realmente como um sabor, pois não existem receptores específicos para a sensação de secura proporcionada pela interação entre os polifenóis em solução e os resíduos de proteínas da boca. O amargor, por outro lado, implica na interação com um receptor de sabor específico, então a passagem de uma molécula amarga através da membrana lipídica combina com uma proteína específica (LEA, 1992). 1.12 Análise de Componentes Principais (ACP) As análises estatísticas multidimensionais como, por exemplo, a Análise de Componentes Principais, são úteis para analisar tabelas de dados, considerando todas as variáveis simultaneamente. Tais análises realizam estudos globais que incluem todos os dados, com o objetivo de tornar evidente os fenômenos importantes, sem hipóteses estabelecidas anteriormente (ROSIER, 1992). Na verdade, elas reduzem uma realidade complexa de um conjunto de características descrevendo os fatos essenciais sob forma de gráficos em diversas dimensões. Assim, a compreensão do problema estudado é simplificada, com um mínimo de perda de informação. Estas análises são muito úteis e se adaptam bem ao gênero de dados comumente utilizados em análises de vinhos, especialmente na análise sensorial (ROSIER, 1992). 31 Os dados enológicos são normalmente apresentados na forma de tabelas, onde podemos distinguir dois conjuntos: os indivíduos (vinhos) e os caracteres relativos a estes indivíduos (as variáveis). Os caracteres podem ser quantitativos, com valores determinados sobre uma escala numérica, ou qualitativos, com modalidades não numéricas (como tipo de solo, variedade ou região de origem, por exemplo) (ROSIER, 1992). A ACP é um método estatístico descritivo que apresenta uma tabela de dados sob forma gráfica, guardando o máximo da informação inicial. As variáveis podem ser agrupadas em um reduzido número de variáveis sintéticas, denominadas componentes principais, que podem ser consideradas como a síntese de um grupo de variáveis ligadas entre si (ROSIER, 1992). O número de variáveis é reduzido levando-se em conta a sua associação, evidenciando quais apresentam variações no mesmo sentido e aquelas que se opõem, fornecendo uma informação complementar sobre suas semelhanças e diferenças (ROSIER, 1992). Segundo Heymann e Noble (1989), a ACP é útil para examinar as relações entre o elevado número de variáveis obtidas nos dados de Análise Descritiva de vinhos. 2 MATERIAL E MÉTODOS Toda a parte experimental foi realizada na EMBRAPA Uva e Vinho, onde foram utilizadas as estruturas dos setores de Microvinificação e Análise Sensorial e os laboratórios de Enoquímica, Instrumentação e Microbiologia. 2.1 Amostras de uvas Foram colhidos 40 kg de uvas da variedade Cabernet Sauvignon (Vitis vinifera L.), em plantas selecionadas ao acaso, de vinhedos localizados nas regiões da Campanha Oriental (CO), Campanha Meridional (CM), Serra do Sudeste (SS) e Campos de Cima da Serra (CCS), representadas pelos municípios de Itaqui (Vinícola Campos de Cima Ltda.), Dom Pedrito (Vinhedos Três Cerros Ltda.), Encruzilhada do Sul (Lídio Carraro Vinhos Finos Ltda.) e Vacaria (produtor José Sozo), respectivamente (Figura 3). Na Serra Gaúcha, foram selecionados vinhedos de três localidades, sendo dois em Bento Gonçalves, um da empresa Lídio Carraro Vinhos Finos Ltda., no Vale dos Vinhedos (SG-VV), e um da EMBRAPA Uva e Vinho (SG-EMB). O terceiro vinhedo pertence ao produtor Jaime Milan, localizado na Linha Jacinto (SG-LJ), pertencente ao município de Farroupilha (Figura 3). Utilizou-se um maior número de vinhedos da região da Serra Gaúcha devido à maior representatividade e tradição desta na produção vitivinícola nacional. O presente trabalho foi realizado na safra 2006, sendo que as uvas provenientes das distintas regiões foram colhidas entre os dias 19 de fevereiro e 12 de abril, de acordo com o desenvolvimento das uvas em cada localidade. 33 Campanha Oriental Campos de Cima da Serra VACARIA BENTO GONÇALV ES ITAQUI FARROUPILHA Serra Gaúcha Rio Grande do Sul ENCRUZILHADA DO SUL Serra do Sudeste DOM PEDRITO Campanha Meridional Foto: Acerv o Miolo Figura 3. Localização dos municípios produtores de uvas nas diferentes regiões vitivinícolas do Estado do Rio Grande do Sul. 2.2 Dados dos vinhedos Os dados referentes aos vinhedos (Tabela 2) e os dados fenológicos, foram obtidos diretamente com os produtores de cada região estudada. Os vinhedos são conduzidos em sistema de espaldeira simples (ES), com espaçamento de 2,5 m entre filas e 1,3 m entre plantas, com plantas a 1,0 m do solo, com exceção do vinhedo SG-EMB, conduzido em sistema de lira aberta (LA), com espaçamento de 3,0 m entre filas e 1,5 m entre plantas, com plantas a 0,75 m do solo. O tipo de poda utilizado é o cordão esporonado. O porta-enxerto utilizado é o Paulsen 1103, exceto nos vinhedos SS e CO, que estão enxertados sobre SO4 e 101-14, respectivamente. A orientação solar das fileiras é Leste/Oeste (L/O), com exceção do vinhedo SS, cuja orientação solar é Norte/Sul (N/S). A altitude dos vinhedos varia de 130 a 990 m, correspondentes aos vinhedos CO e CCS, respectivamente. Os vinhedos estão implantados em solos de distintas características estruturais. 34 A idade dos vinhedos é de 4 anos (SG-LJ), 5 anos (CO, CM e CCS), 6 anos (SS), 7 anos (SG-VV) e 9 anos (SG-EMB). Tabela 2. Dados relativos aos vinhedos de Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul. CO Porta-enxerto SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS 101-14 P 1103 P 1103 P 1103 P 1103 SO 4 P 1103 ES LA ES ES ES ES ES Espaçamento entre filas 2,5 m 3,0 m 2,5 m 2,5 m 2,5 m 2,5 m 2,5 m Espaçamento entre plantas 1,3 m 1,5 m 1,3 m 1,3 m 1,3 m 1,3 m 1,3 m Altura das plantas 1,0 m 0,75 m 1,0 m 1,0 m 1,0 m 1,0 m 1,0 m L/O L/O L/O L/O L/O N/S L/O 130 m 640 m 676 m 576 m 320 m 427 m 990 m 5 9 4 7 5 6 5 Sistema de condução Orientação solar (fileiras) Altitude do vinhedo Idade das plantas (anos) Foram determinadas as datas médias de brotação e mudança de cor, a data da colheita das uvas e a duração do ciclo vegetativo. A data da brotação é determinada quando 50% das gemas brotaram e a mudança de cor quando aproximadamente 50% das bagas adquiriram a coloração característica da variedade. 2.3 Dados climáticos Os dados referentes ao clima foram obtidos das médias anuais e das normais climatológicas de cada município das regiões vitivinícolas anteriormente citadas. Os dados meteorológicos relativos à safra 2006 correspondem às médias mensais de setembro de 2005 a março de 2006, exceto para o município de Vacaria, no qual também foram utilizados os dados médios do mês de abril de 2006. Como nos municípios de Itaqui (CO) e Farroupilha (SG-LJ) não existem estações meteorológicas, foram utilizados dados de Uruguaiana e do distrito de Pinto Bandeira (Bento Gonçalves), respectivamente. O comportamento meteorológico da safra foi determinado comparando-se os dados médios mensais com a normal climatológica para cada região estudada, nos meses correspondentes aos estádios fenológicos de brotação à colheita. Foram 35 utilizados os dados de temperatura máxima, média e mínima do ar, precipitação pluviométrica, umidade relativa do ar e insolação. 2.4 Análises de maturação tecnológica e fenólica Realizou-se a coleta de 200 bagas ao acaso, no momento da chegada das uvas no setor de microvinificação. As bagas foram pesadas, as cascas e sementes foram separadas e realizou-se a contagem das sementes. Após os procedimentos de pesagem e contagem, foram calculados o peso da polpa, o peso médio da baga, o número médio de sementes por baga e o percentual de casca, polpa e sementes das uvas de cada região. A análise de maturação fenólica foi realizada a partir das 200 bagas citadas anteriormente, conforme metodologia validada na EMBRAPA Uva e Vinho (em publicação). Foram realizadas as análises de antocianinas livres (mg/L) das cascas, taninos totais (g/L) e índice de polifenóis totais (IPT, 280 nm) das cascas e sementes maceradas em solução de extração. Também foram determinadas as extratibilidades (%) das antocianinas, dos taninos das cascas e dos taninos das sementes. Imediatamente após o esmagamento das uvas, porém antes da adição de SO2 e inoculação das leveduras, foram retiradas amostras dos mostos para as análises de maturação tecnológica, onde foram determinados o oBrix, pH, densidade relativa (20oC) e acidez total titulável (meq/L). 2.5 Microvinificações Os vinhos foram elaborados sob condições controladas e idênticas, conforme os procedimentos básicos da vinificação em tinto. As uvas foram desengaçadas, esmagadas e imediatamente colocadas em garrafões de vidro. Adicionou-se SO2 (solução a 6,5%; 80 mg/L) e levedura (Saccharomyces cerevisiae, Maurivin® B™; 25 g/hL). A fermentação alcoólica ocorreu sob temperatura controlada, modulada em 25oC±2oC, durante a maceração, e 20oC±2oC até o término da fermentação. O período de maceração pelicular foi de 8 dias, sendo realizadas duas simulações de remontagens diárias através da agitação dos garrafões com a completa desintegração do chapéu. 36 No final da maceração, realizou-se a descuba, com moderada prensagem da massa sólida. Os vinhos descubados foram recolocados nos garrafões para a continuação da fermentação alcoólica. Foi efetuada a chaptalização dos vinhos para atingir a graduação alcoólica de 12,5% (v/v; 20oC), exceto nos vinhos CO e CCS, pois estes apresentaram conteúdo de açúcares suficiente para que esta graduação alcoólica fosse alcançada. A fermentação malolática teve ocorrência espontânea, com as bactérias lácticas naturais presentes no vinho. Após o término das fermentações, os vinhos foram trasfegados e colocados em câmara fria a 0oC±2oC durante um mês, para que ocorresse a estabilização tartárica. Foi efetuada a correção do SO2 total até, aproximadamente, 65 mg/L. Os vinhos foram então engarrafados, rotulados e armazenados em adega com temperatura controlada e constante de 20oC±2oC, em posição horizontal e ao abrigo da luz. O engarrafamento foi realizado numa única data, aproximadamente aos 210 dias após o processamento dos vinhos das regiões CO, SG-EMB, SG-LJ e SG-VV, e aos 180 dias após o processamento dos vinhos das regiões CM, SS e CCS. 2.6 Análises físico-químicas gerais As análises gerais foram realizadas 90 dias após o engarrafamento dos vinhos, sendo efetuadas as seguintes determinações: densidade relativa (20oC), pH, acidez total titulável e acidez volátil (meq/L), teor alcoólico (% v/v ou oGL; 20oC), açúcares totais (g/L), SO2 livre e total (mg/L), índices de cor (420, 520 e 620 nm), intensidade de cor (420+520+620 nm) e tonalidade (420/520 nm), antocianinas livres (mg/L), taninos totais (g/L) e índice de polifenóis totais (IPT, 280 nm). 2.7 Análises químicas (marcadores de qualidade) Foram realizadas as seguintes análises químicas utilizadas como marcadores da qualidade dos vinhos: cor (coordenadas L*a*b*), antocianinas monoglucosiladas (mg/L), fracionamento dos taninos (monoméricos, oligoméricos e poliméricos; mg/L), extrato seco (g/L), extrato seco reduzido (g/L), cinzas (g/L), alcalinidade das cinzas (meq/L), minerais (mg/L) e ácidos orgânicos (g/L). As análises de fracionamento dos taninos, antocianinas monoglucosiladas e ácidos orgânicos foram efetuadas após o período de estabilização tartárica de todas as amostras, aproximadamente aos 150 dias após o processamento dos vinhos das 37 regiões CO, SG-EMB, SG-LJ e SG-VV, e aos 120 dias após o processamento dos vinhos das regiões CM, SS e CCS. As demais análises foram efetuadas após o engarrafamento dos vinhos, juntamente com as análises físico-químicas gerais. 2.8 Metodologia das análises Todas as amostras foram centrifugadas em centrífuga refrigerada Incibrás Spin VI (3.000 rpm, 5 minutos; 20oC), para sedimentação de eventuais partículas em suspensão. As análises de densidade relativa (densimetria), oBrix (teor de açúcares por refratometria), pH (potenciometria), acidez total titulável e acidez volátil (titulometria), teor alcoólico (densimetria após destilação), SO2 livre e total (iodometria), cinzas (incineração), alcalinidade das cinzas (titulometria), características cromáticas (índices de cor, intensidade de cor e tonalidade, por espectrofotometria; coordenadas L*a*b*, por espectrocolorimetria), antocianinas monoglucosiladas (High Performance Liquid Chromatography; HPLC), extrato seco e extrato seco reduzido (peso do resíduo após evaporação do vinho), minerais (potássio e sódio, por espectrofotometria de emissão de chama; cálcio, magnésio, zinco, ferro e cobre, por espectrofotometria de absorção atômica) e ácidos orgânicos (HPLC) foram realizadas segundo a metodologia oficial de análises de vinhos e mostos da Organisation Internationale de la Vigne et du Vin (O.I.V., 2006). A determinação do oBrix foi realizada por leitura direta em Refratômetro de bancada AO ABBE 104460. A leitura do pH foi realizada em pHmetro CORNING 125, calibrado com soluções tampão pH 3,00 e 4,00. A densidade relativa (20oC) foi determinada em densímetro ANTON PAAR/DMA 45/SP2, conectado ao banho-maria HAAKE-D3. O teor alcoólico foi determinado pela densidade relativa do resíduo alcoólico após destilação no aparelho GIBERTINI. As características cromáticas (L*a*b*), determinadas pela Commission Internationale de l’Éclairage (C.I.E.), permitem calcular os valores tristimulares e os coeficientes tricromáticos necessários à especificação da cor, através da reflectância por espectrocolorimetria, na faixa visível do espectro, que corresponde aos comprimentos de onda de 400 a 700 nm. Utilizou-se o aparelho MINOLTA CM 508d, com célula de 25 mm de percurso óptico. 38 As concentrações das antocianinas monoglucosiladas (cianindina, delfinidina, paeonidina, petunidina e malvidina) e das antocianinas monoglucosiladas aciladas foram determinadas através de High Performance Liquid Chromatography (HPLC). Realizou-se um pré-fracionamento das antocianinas dos vinhos em coluna com gel Lichroprep® RP-18, conforme GUGEL et al. (2005), para eliminação de substâncias como sais, polissacarídeos, proteínas ou outros polifenóis que possam interferir no fracionamento e quantificação das antocianinas. Após o pré-fracionamento, a quantificação das antocianinas foi realizada em aparelho de cromatografia líquida HPLC-DAD SHIMADZU, equipado com um sistema binário de bombas LC-10AD, um detector UV-VIS Diode Array Detector (DAD) SPD-M10A e um injetor Rheodyne com um “loop” de 20 µL. O conjunto é controlado pelo software CLASS LC10, versão 1.64A 3.81, Communication Bus Module CBM-10A, da mesma marca. Injetou-se 20 µL de cada amostra, sendo que estas foram previamente filtradas através de papel Millipore HVLP de 0,45 µm de porosidade. A fase estacionária foi uma coluna analítica Thermo ODS Hypersil (250 mm de comprimento e 4,6 mm de diâmetro interno; tamanho de partícula de 5 µm). A fase móvel para eluição dos compostos foi água acidificada com 5% (v/v) de ácido fórmico (eluente A) e metanol acidificado com 5% (v/v) de ácido fórmico (eluente B). Os gradientes de eluição foram: gradiente linear de 80% A / 20% B a 60% A / 40% B de 0 a 40 minutos; gradiente linear de 60% A / 40% B a 100% B de 40 a 50 minutos; eluição isocrática de 100% B de 50 a 55 minutos; gradiente linear de 100% B a 80% A / 20% B de 55 a 60 minutos. O fluxo foi de 0,8 mL/min e a detecção em comprimento de onda de 520 nm. A curva de calibração foi obtida com o padrão externo cloreto de malvidina (Oenin Chloride, Extrasynthèse), nos níveis de concentração de 50, 100 e 200 mg/L. As identidades dos picos das amostras foram confirmadas pela comparação com o tempo de retenção do composto padrão. O cálculo das concentrações de antocianinas foi realizado através do cálculo da regressão linear das concentrações do padrão, cuja fórmula é y = 0,00002x – 0,4002 (R² = 0,9932) (Anexo 2). A determinação dos ácidos orgânicos (tartárico, málico, succínico, lático e cítrico) foi realizada através de HPLC-DAD, no mesmo aparelho de cromatografia líquida descrito anteriormente. Injetou-se 20 µL de cada amostra, diluída a 10% em 39 água ultrapura, sendo que estas foram previamente filtradas através de papel Millipore HVLP de 0,45 µm de porosidade. A fase estacionária foi uma coluna analítica Thermo ODS Hypersil (250 mm de comprimento e 4,6 mm de diâmetro interno; tamanho de partícula de 5 µm) e uma pré-coluna de mesma composição. A fase móvel para eluição dos compostos foi água acidificada com ácido ortofosfórico (1,2 mL/L). Utilizou-se o modo de eluição isocrático, com fluxo de 0,8 mL/min. A detecção dos compostos foi em comprimento de onda de 212 nm. A curva de calibração (Anexo 3) foi obtida pelo método de calibração com padrão externo dos ácidos L(+)-tartárico, L(-)-málico, succínico e cítrico (Merck 99,5%) e do ácido lático (Mallinckrodt). Os níveis de concentração padrão foram de 101,8; 103,1; 53,5; 106,0; e 100,2 mg dos respectivos ácidos em 100 mL de água, correspondentes ao ponto 3. O ponto 2 foi obtido a partir de 10 mL do padrão 3 em 20 mL de água, e o ponto 1 a partir de 10 mL do padrão 2 em 20 mL de água. As identidades dos picos das amostras foram confirmadas pela comparação com o tempo de retenção dos padrões externos (Anexo 4). O cálculo das concentrações foi realizado através do cálculo da regressão linear das concentrações dos padrões, cujas fórmulas são y = 0,0000004x (R² = 1), para o ácido tartárico; y = 0,0000007x (R² = 1), para o ácido málico; y = 0,000001x (R² = 0,9991), para o ácido lático; y = 0,0000006x (R² = 1), para o ácido cítrico; y = 0,000001x (R² = 0,9999), para o ácido succínico. O teor de fósforo foi determinado segundo Tedesco et al. (1985), por colorimetria. A metodologia descrita em Perkin-Elmer (1976) foi utilizada para a realização das análises de manganês (espectrofotometria de absorção atômica), lítio e rubídio (espectrofotometria de emissão de chama). As análises de minerais foram realizadas em espectrofotômetro de absorção atômica PERKIN ELMER 2380. Os açúcares totais foram quantificados por iodometria após reação a quente com solução cupro-alcalina, conforme metodologia descrita por Meyer e Leigue-Alba (1991). A determinação das antocianinas livres, baseada na diferença de coloração em relação ao pH (por espectrofotometria), foi realizada conforme Amerine e Ough (1980). 40 O índice de polifenóis totais (por espectrofotometria) e os taninos totais (por hidrólise ácida) foram determinados segundo a metodologia de Ribéreau-Gayon (1966, 1970), descrita em Cahier... (1991). O fracionamento dos taninos foi realizado de acordo com a metodologia desenvolvida por Sun et al. (1998), baseada no princípio de separação dos taninos em frações monoméricas, oligoméricas e poliméricas através de eluições sucessivas com diferentes solventes orgânicos, em cartuchos C18 Sep Pak, e quantificação a 500 nm (por espectrofotometria) após reação com vanilina. Todas as leituras (absorbância) das análises espectrofotométricas foram realizadas em espectrofotômetro PERKIN ELMER Lambda Bio UV/VIS, em cubeta de quartzo de 10 mm de percurso óptico, exceto para a determinação das características cromáticas (índice de cor), na qual foi utilizada cubeta de quartzo de 1 mm de percurso óptico. 2.9 Análise sensorial A análise sensorial foi realizada 90 dias após os vinhos terem sido engarrafados, através da técnica de Análise Descritiva Quantitativa (ADQ), descrita por Faria (2002) e desenvolvida por Stone et al. (1974), com o treinamento dos degustadores para identificar e quantificar os aromas encontrados nos vinhos. A preparação dos descritores aromáticos foi baseada na metodologia proposta por Noble et al. (1987). 2.9.1 Painel de degustação O painel de degustação formado para a análise sensorial dos vinhos foi constituído por 25 pessoas ligadas ao setor enológico, sendo estes profissionais ou estudantes da área de enologia. 2.9.2 Treinamento do painel de degustação Para que a degustação pudesse ser realizada, os degustadores foram submetidos ao treinamento de descritores aromáticos, o qual consistia na identificação olfativa de 11 aromas que posteriormente poderiam ser percebidos na degustação dos vinhos. O método de elaboração dos descritores foi realizado com o intuito de obtermos aromas típicos encontrados em vinhos Cabernet Sauvignon. Realizou-se 41 uma degustação preliminar para determinar os principais aromas encontrados nos vinhos correspondentes ao presente trabalho. O vinho utilizado como testemunha para a identificação dos aromas foi da variedade Merlot (Vitis vinifera L.), por ser considerado um vinho pouco aromático e para não interferir nos aromas encontrados nos vinhos em estudo. Os descritores aromáticos foram diluídos ou adicionados ao vinho, obtendo um volume final correspondente a 100 mL de cada amostra, 60 minutos antes da sessão de análise sensorial (Tabela 3). A partir destas amostras, no momento do treinamento do painel, foram realizadas as diluições necessárias até a obtenção da intensidade de aroma desejada. O treinamento aromático foi realizado em taças oficiais de degustação escuras, o que impossibilitou a interferência da análise visual na identificação dos aromas, seja através da coloração ou de sólidos em suspensão nas respectivas amostras. Tabela 3. Descritores aromáticos utilizados no treinamento do painel de análise sensorial. o N do descritor Descritor aromático 1 Testemunha 2 Frutas vermelhas/Framboesa 3 Frutas Vermelhas/Cereja 4 Frutas Negras/Cassis 5 Herbáceo/Ervilha 6 Chocolate 7 Melado 8 Vegetal/Pimentão verde Método de elaboração (60 minutos de maceração) Vinho tinto fino varietal Merlot ½ colher (sopa) de gelatina de framboesa ½ colher (sopa) de gelatina de cereja 20 mL de licor de Cassis 2 vagens médias cortadas ½ colher (sopa) de chocolate em pó 1 colher (sopa) de melado Uma tira de 1,0 x 5,0 cm de pimentão verde, cortada em pedaços de 1,0 x 1,0 cm 9 Frutas Secas/Passas 10 Café/Tostado 11 Herbáceo Seco/Feno/Chá 12 Vegetal/Menta/Hortelã 30 uvas passas trituradas ¼ colher (sopa) de café torrado e moído 1 saquinho de chá preto 3 balas de menta, trituradas em pedaços médios 2.9.3 Degustação das amostras Após o treinamento do painel, as amostras foram submetidas à análise sensorial, em taças oficiais de degustação (padrão ISO), com a utilização de ficha descritiva quantitativa para degustação (Apêndice 1). A escala de intensidade varia 42 de 0 (nulo/pouco intenso) a 5 (bastante intenso). As amostras foram abertas no momento da degustação e foram servidas a uma temperatura de 17oC±2oC. As variáveis analisadas foram: a intensidade de cor, no exame visual; os aromas e suas intensidades, no exame olfativo; a intensidade de doçura e acidez, a harmonia olfato-gustativa, a estrutura dos taninos, o amargor e a adstringência, no exame gustativo. A presença de odor ou gosto indesejáveis também foi avaliada através da escala de intensidade. Utilizou-se uma escala de 0 a 100 para atribuir uma nota para a qualidade geral. 2.10 Análise estatística Os resultados obtidos nas análises físico-químicas dos mostos foram submetidos à Análise de Componentes Principais (ACP). As médias obtidas na análise sensorial foram submetidas à Análise de Variância (ANOVA), Teste de Tukey (p<0,05) e Análise de Componentes Principais (ACP). Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso para as amostras da análise sensorial, com delineamento experimental de 7 tratamentos e 15 repetições, tendo os degustadores como bloco, para a Análise de Variância e o Teste de Tukey. A Análise de Variância e o Teste de Tukey foram realizados com a utilização do programa ESTAT 2.0, desenvolvido pela UNESP-SP. A Análise de Componentes Principais (ACP) foi realizada através do programa Statistica 6.0, da StatSoft, com o auxílio do software Microsoft® Office Excel®. Conforme ROSIER (1992), a interpretação da ACP pode ser facilitada levando-se em conta algumas regras práticas: - O primeiro passo consiste em verificar a porcentagem de variação da população, explicada por cada eixo principal; - A proximidade entre duas variáveis indica uma forte correlação positiva entre elas e um comportamento semelhante para a formação dos eixos de projeção; - Se duas variáveis apresentam uma correlação negativa, elas estão situadas na mesma direção, porém em posições opostas em relação ao eixo, o que indica que quando uma aumenta, a outra diminui; - A proximidade de uma ou mais variáveis da origem dos eixos indica uma reduzida participação destas variáveis na construção dos eixos; 43 - No estudo dos indivíduos, a proximidade ou distância entre eles, levando-se em conta a qualidade da representação, indica sua semelhança ou diferença, sendo que um indivíduo posicionado ao centro do plano indica que ele é mediano em relação às informações destes eixos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Dados climáticos O comportamento meteorológico de cada região produtora na safra 2006 foi comparado com as respectivas normais climatológicas (Apêndices 2 a 25). De acordo com Tonietto e Mandelli (2003), o mesoclima ou clima local pode ser caracterizado através dos dados de uma estação meteorológica, o que permite avaliar o cultivo da videira. Nas regiões vitícolas, a superfície abrangida por um mesoclima geralmente são áreas relativamente pequenas, as quais apresentam situações bastante particulares de exposição ou altitude, por exemplo. Os dados de insolação das regiões SG-LJ, SG-VV, CM e CCS e os dados relativos à safra 2006 de umidade relativa do ar da região CM não são apresentados pois as estações meteorológicas não possuem equipamentos para tais medições. Cada região apresenta um comportamento meteorológico diferente, com importantes reflexos sobre o desenvolvimento da videira e a qualidade das uvas produzidas. De acordo com as normais climatológicas de cada região, os municípios localizados em zonas de menor altitude apresentam temperaturas médias anuais superiores àqueles localizados em altitudes mais elevadas. A Serra Gaúcha apresenta precipitação pluviométrica mais elevada que as demais regiões, sendo seguida pelas regiões da Serra do Sudeste, Campos de Cima da Serra e Campanha Gaúcha. Assim, observa-se uma maior insolação na região da Campanha, enquanto a Serra Gaúcha apresenta os menores índices de insolação devido ao excesso de nuvens presentes nesta região. Conforme Tonietto e Mandelli (2003), a insolação é bastante variável, sendo maior nas regiões da metade sul do Rio Grande do Sul. As regiões com maior 45 insolação apresentam uma data de colheita mais precoce, pois a uva necessita de uma determinada soma térmica para atingir a maturação. O efeito safra é percebido claramente, pois a variabilidade climática interanual é grande, o que repercute diretamente nas características e na qualidade dos vinhos (TONIETTO e CARBONNEAU, 2007). As temperaturas médias da safra 2006 apresentaram comportamento semelhante em todas as regiões, onde as temperaturas médias dos meses de setembro, outubro e dezembro foram um pouco menores e as temperaturas médias de novembro, janeiro e fevereiro foram um pouco superiores em relação à normal climatológica. Foram observadas temperaturas médias superiores à normal durante o ciclo vegetativo das uvas nas regiões SG-VV e SS, onde apenas no mês de setembro as temperaturas foram inferiores à normal. Nestas mesmas regiões, a umidade relativa do ar, durante todo o período do ciclo vegetativo, apresentou valores abaixo da normal climatológica. A região CO apresentou umidade relativa do ar elevada nos meses de setembro a dezembro, ficando abaixo da normal de janeiro a março. As demais regiões apresentam índices semelhantes de umidade, a qual apresenta uma redução nos meses de novembro e dezembro, voltando a aumentar nos meses seguintes, com índices superiores a 70% para este período. A safra 2006 foi caracterizada por um menor volume de precipitação pluviométrica em relação à normal climatológica. Foi observado um maior volume de chuvas nos meses de setembro e outubro nas regiões SG, SS e CCS, sendo que ocorreu um volume excessivo de chuva em outubro na região SG. O efeito do clima das diferentes regiões vitícolas é responsável por grande parte da diversidade encontrada nos produtos vitivinícolas, tanto nos aspectos de qualidade e tipicidade quanto nos tipos de produtos (TONIETTO e MANDELLI, 2003). Segundo Ribéreau-Gayon et al. (2003a) a idade da videira exerce certa influência sobre a qualidade das uvas e dos vinhos, pois videiras mais velhas são menos sensíveis às variações climáticas anuais e produzem uvas ricas em açúcares e produtos secundários favoráveis para a qualidade dos vinhos. Conforme Tonietto e Mandelli (2003), as características climáticas das regiões de cultivo no Brasil são bastante particulares e distintas daquelas encontradas na 46 maioria dos países vitivinícolas, conferindo ao vinho características e tipicidade própria. 3.2 Dados fenológicos As datas médias de brotação, mudança de cor e colheita das uvas, bem como a duração do ciclo vegetativo em cada região estão apresentadas na Tabela 4. Tabela 4. Dados fenológicos de uvas Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO Data média de brotação SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS 14/09/05 30/09/05 28/09/05 28/09/05 19/09/05 23/09/05 29/09/05 Data média de mudança de cor 30/12/05 17/01/06 07/01/06 12/01/06 17/01/06 14/01/06 25/01/06 Data da colheita Ciclo vegetativo (dias) 19/02/06 09/03/06 15/03/06 17/03/06 20/03/06 20/03/06 12/04/06 158 160 168 170 182 178 195 A brotação ocorreu de meados até o final de setembro de 2005, enquanto a data da mudança de cor apresentou oscilações nas diferentes regiões, devido a uma maior necessidade de calor nas regiões mais frias e com menor insolação. As uvas da região CCS atingiram o seu desenvolvimento completo aos 195 dias após a brotação, enquanto na região CO as uvas maturaram em 158 dias. Esta diferença de mais de 30 dias é devida a uma maior insolação na região CO, enquanto na região CCS é necessário um maior período para que a soma térmica seja atingida. Conforme Tonietto e Mandelli (2003), o número médio do ciclo vegetativo da data de brotação até a data da colheita da variedade Cabernet Sauvignon é de 159 dias. O crescimento da videira, o comportamento fenológico e a duração do ciclo vegetativo são influenciados diretamente pela temperatura do ar, pois esta interfere diretamente na qualidade dos frutos, no acúmulo de açúcares e na coloração das bagas. A temperatura ótima para que o desenvolvimento da planta seja adequado e a uva produzida seja de qualidade é variável de acordo com o período do ciclo vegetativo, o que corresponde a 10-13ºC durante a brotação, 15-25ºC no período de 47 desenvolvimento das bagas e 20-30ºC durante a maturação do fruto (FELIPETTO et al., 2007). Em relação à altitude, a temperatura do ar decresce em média 0,6oC para cada 100 metros de altura, caracterizando um atraso na maturação das uvas de 1 a 4 dias (GIOVANNINI, 1999). 3.3 Características físicas das uvas Algumas características físicas das uvas Cabernet Sauvignon de diferentes regiões são indicadas na Tabela 5. Tabela 5. Características físicas de uvas Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS Peso 200 bagas (g) 324,74 268,60 363,34 386,13 282,48 286,26 299,10 Peso médio baga (g) 1,62 1,34 1,82 1,93 1,41 1,43 1,50 Peso cascas (g) 146,07 101,08 137,35 155,23 111,80 116,13 146,00 Peso sementes (g) 13,40 10,83 14,99 13,90 12,99 10,25 10,61 Peso polpa (g) 165,27 156,69 211,00 217,00 157,69 159,88 142,49 % cascas 44,98 37,63 37,80 40,20 39,58 40,57 48,81 % sementes 4,13 4,03 4,13 3,60 4,60 3,58 3,55 % polpa 50,89 58,34 58,07 56,20 55,82 55,85 47,64 Número sementes 376 371 378 367 360 320 303 Sementes por baga (média) 1,88 1,86 1,89 1,84 1,80 1,60 1,52 O peso médio das bagas variou de 1,34 a 1,93 g, correspondentes às uvas SG-EMB e SG-VV, respectivamente. Ao estudar uvas Cabernet Sauvignon de diversas safras, na Serra Gaúcha, Rizzon e Miele (2002) encontraram bagas com peso médio de 1,40 g. Conforme o exposto por Champagnol (1984), a dimensão da baga depende principalmente das características genéticas da variedade, do equilíbrio hormonal, da quantidade de água absorvida e da concentração de açúcar. O maior e o menor número de sementes, correspondentes a 200 bagas, foram encontrados nas uvas SG-LJ e CCS, respectivamente. Observou-se a 48 presença de 1 a 3 sementes por baga, sendo que a média obtida foi de 1,77 sementes por baga. O conhecimento do número de sementes por baga é importante para o processo de vinificação, devido à importância dos taninos provenientes das sementes na adstringência dos vinhos (PASTOR DEL RIO e KENNEDY, 2006). As sementes representam de 0 a 6% do peso das bagas e são uma fonte importante de compostos fenólicos na vinificação em tinto (RIBÉREAU-GAYON, 2003a). Nas amostras analisadas, o conteúdo de sementes foi inferior a 5% em relação ao peso das bagas, o que é favorável para que os vinhos não apresentem amargor e adstringência excessivos, provenientes de altos teores de taninos extraídos das sementes. Conforme estudos realizados por Rizzon e Miele (2002), a baga de Cabernet Sauvignon geralmente possui 2 sementes, as quais representam 3,77% do peso total da baga. 3.4 Determinação da maturação tecnológica A maturação tecnológica foi determinada através das análises de °Brix, pH, densidade relativa e acidez total dos mostos, conforme consta na Tabela 6. Em relação à composição do mosto, pode-se salientar o elevado teor de açúcares, expresso em oBrix, e a reduzida acidez do mosto CO, enquanto a acidez mais elevada foi detectada nos mostos SG-LJ e CCS. Observou-se também que a densidade relativa dos mostos é maior naqueles que apresentam maior concentração de açúcares. De acordo com Ribéreau-Gayon et al. (2003a), as regiões frias são caracterizadas por uma maturação tardia e elevada acidez, enquanto as regiões quentes possuem mostos ricos em açúcares e baixa acidez, com colheitas precoces. As uvas provenientes das regiões CO e CCS explicam perfeitamente esta relação, pois correspondem às regiões da Campanha e dos Campos de Cima da Serra, onde, respectivamente, as uvas apresentaram as colheitas mais precoce e mais tardia. A Campanha é caracterizada por ser uma região quente, enquanto os Campos de Cima da Serra apresentaram as temperaturas mais baixas em comparação às demais regiões estudadas. Gasparin (2003) realizou estudos com uvas Cabernet Sauvignon de diferentes safras, na Serra Gaúcha, e obteve resultados médios de acidez total titulável e pH dos mostos de, respectivamente, 130,7 meq/L e 3,17. 49 Tabela 6. Características analíticas dos mostos de uvas Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS o 23,0 20,6 18,5 21,5 21,9 20,9 21,1 pH 3,65 3,38 3,39 3,38 3,38 3,61 3,30 1,1002 1,0892 1,0794 1,0919 1,0939 1,0888 1,0924 60,0 78,0 124,0 76,0 78,0 86,0 120,0 Brix o Densidade relativa (20 C) Acidez total (meq/L) Ao avaliar uvas Cabernet Sauvignon de diferentes safras, Rizzon e Miele (2002) obtiveram mostos com valores médios de 18,1oBrix, 120,0 meq/L de acidez titulável e pH igual a 3,15. Conforme Ribéreau-Gayon et al. (2003a), condições climáticas favoráveis, como dias quentes e ensolarados e poucas precipitações, conduzem a uvas com teores elevados de açúcares, o que pode ser observado nas uvas provenientes da região da Campanha Oriental (CO). O menor volume de chuvas ocorrido na safra 2006, principalmente durante o período de maturação, permitiu que as uvas atingissem uma maior concentração de açúcares, o que foi verificado em todas as regiões estudadas. Além do menor volume de chuvas, também foram observadas maiores temperaturas nos meses de janeiro e fevereiro em praticamente todas as regiões estudadas. Este comportamento meteorológico proporcionou uma maior maturação das uvas avaliadas, caracterizada por uma maior concentração de açúcar e menor acidez do mosto, o que pode ser facilmente observado quando comparado aos estudos realizados anteriormente. Os valores de pH não apresentaram muita variação de uma região a outra, sendo encontrados valores de 3,30 a 3,65. Podemos observar uma relação entre o pH e a acidez dos mostos, onde as regiões com maior acidez total apresentam os menores valores de pH e vice-versa. No entanto, o valor do pH também é influenciado pela concentração de íons minerais, principalmente o potássio, que ocasiona a salificação do ácido tartárico (RIBÉREAU-GAYON, 2003b). 50 3.5 Determinação da maturação fenólica Observa-se que as uvas SG-EMB apresentaram uma elevada concentração em antocianinas livres, 669,03 mg/L, em relação às uvas das demais regiões, cujos teores encontrados foram muito inferiores (Tabela 7). Os teores de taninos das sementes foram muito elevados em todas as uvas, atingindo valores de 6,88 g/L (CO), com exceção das uvas CCS, cujos teores de taninos das sementes e taninos totais foram, respectivamente, 1,40 e 2,20 g/L. Conseqüentemente, os teores de taninos totais foram elevados, enquanto os taninos das cascas foram encontrados em concentrações muito reduzidas, não ultrapassando 2 g/L. Tabela 7. Características analíticas das soluções de extração para determinação da maturação fenólica de uvas Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS IPT (280 nm) 57,13 44,34 34,56 51,02 39,04 34,19 25,67 Antocianinas livres (mg/L) 227,79 669,03 271,87 347,88 200,05 206,26 420,71 Taninos cascas (Tc) (g/L) 1,10 1,71 0,83 1,49 0,92 1,12 0,80 Taninos sementes (Ts) (g/L) 6,88 4,05 4,05 5,24 4,93 3,80 1,40 Taninos totais (Tc+Ts) (g/L) 7,98 5,76 4,88 6,73 5,85 4,92 2,20 Extratibilidade antocianinas (%) 84,35 88,11 84,98 94,69 73,73 100,00 91,30 Extratibilidade Tc (%) 71,27 90,40 82,88 88,63 61,23 94,75 55,74 Extratibilidade Ts (%) 73,33 74,86 65,02 77,28 70,74 56,58 24,68 De acordo com Vivas (1998), se a uva for proveniente de regiões muito quentes ou muito secas, a maturação fenólica pode ser prejudicada, pois os teores de taninos das sementes permanecem elevados. Para uma adequada maturação fenólica, o teor de taninos das sementes, que são adstringentes e ásperos, deve ser o menor possível, enquanto buscam-se teores mais elevados de taninos das cascas, que conferem corpo e caráter aveludado ao vinho (VIVAS, 1998). 51 Pode-se observar que, junto à maturação fenólica, a qual corresponde ao acúmulo de compostos fenólicos na baga, tem-se uma maior ou menor extração destes compostos, relacionada ao grau de degradação das paredes celulares. A maturação fenólica é uma importante ferramenta para a definição da maturação de uvas tintas, pois auxilia na definição da melhor época de colheita e indica o potencial de qualidade em uma determinada safra ou região de cultivo (GUERRA e ZANUS, 2003). A extratibilidade das antocianinas é considerada elevada para todas as regiões, atingindo 100% nas uvas SS. A extratibilidade dos taninos das cascas também pode ser considerada elevada, exceto nas uvas CM e CCS, com índices próximos a 60%. Em relação à extratibilidade dos taninos das sementes, são desejáveis valores reduzidos, devido ao excesso de taninos presentes nas sementes. Os valores encontrados são muito elevados, superiores a 50%, exceto nas uvas CCS, com índice de extratibilidade de 24,68%. Segundo Guerra e Zanus (2003), a extratibilidade das antocianinas e o teor de taninos das cascas (que conferem qualidade ao vinho) são tanto maiores quanto mais avançada estiver a maturação das bagas da uva. Desta maneira, uma maturação fenólica adequada corresponde a uvas com taninos suaves, sem agressividade nem amargor. Guerra (1998) indica que, para que um vinho tinto apresente alta qualidade e longevidade, é necessário que a uva tenha completado a maturação fenólica, o pH do mosto e do vinho não seja muito elevado e o vinho seja conservado sob condições adequadas. 3.6 Análises físico-químicas gerais Observando os resultados relativos aos vinhos (Tabela 8), é possível verificar uma considerável redução na acidez total dos vinhos SG-LJ e CCS e o aumento do pH em todos os vinhos em comparação com os dados obtidos nos mostos. De maneira geral, quanto maior os teores de potássio de um vinho, menor a sua acidez, devido à neutralização dos ácidos pelos sais do potássio (CRESPY, 2006). O índice de polifenóis totais (IPT) corresponde a uma apreciação global dos compostos fenólicos presentes nos vinhos. É baseado no princípio de que os vinhos tintos absorvem uma considerável radiação ultravioleta, com um máximo a 280 nm, 52 devido à absorção de núcleos benzênicos, que são característicos dos compostos fenólicos. Foram observados valores de IPT entre 34,31 e 53,57 para as amostras analisadas nesta safra. Tabela 8. Características físico-químicas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS Acidez volátil (meq/L) 10,0 15,0 8,0 17,0 9,0 10,0 10,0 Acidez total (meq/L) 68,0 74,0 72,0 70,0 78,0 80,0 56,0 Teor alcoólico (% v/v, 20 C) 12,64 12,81 12,21 13,51 12,81 13,16 12,64 pH 3,89 3,79 3,71 4,11 3,94 3,80 3,96 Densidade relativa (20 C) 0,9945 0,9933 0,9934 0,9930 0,9948 0,9955 0,9923 SO2 livre (mg/L) 32,64 27,52 29,57 41,47 28,80 34,81 32,51 SO2 total (mg/L) 65,95 61,06 64,38 79,62 50,94 71,68 63,49 Açúcares totais (g/L) 3,54 3,72 1,83 2,44 3,44 4,07 1,60 Taninos totais (g/L) 3,79 3,01 1,64 2,52 3,05 3,41 1,96 Antocianinas livres (mg/L) 326,93 523,10 183,10 405,89 195,09 263,61 495,24 IPT (280 nm) 53,57 52,08 34,31 42,59 46,31 47,74 42,42 o o De acordo com o exposto por Vidal e Vuchot (2005), a extração dos compostos fenólicos é sempre incompleta e muito variável, sendo que o vinho, geralmente, não contém mais do que 20 a 50% dos compostos fenólicos presentes inicialmente na uva. Foram encontrados teores superiores a 3 g/L de taninos totais nas amostras, com exceção dos vinhos SG-LJ e CCS, cujos teores foram, respectivamente, 1,64 e 1,96 g/L. Segundo Ribéreau-Gayon et al. (2003b), são encontrados concentrações de 1 a 4 g/L de taninos nos vinhos tintos. Guerra (1998) cita que a riqueza em antocianinas e taninos polimerizados de um vinho permite uma melhor evolução qualitativa e uma maior longevidade. Os teores de antocianinas livres foram muito variáveis conforme as amostras analisadas, com valores de 183,10 mg/L, para o vinho SG-LJ, a 523,10 mg/L, para o vinho SG-EMB. Flanzy (2000) encontrou teores médios de 300 mg/L de antocianinas totais em vinhos tintos. 53 Gasparin (2003) encontrou teores médios de 1,29 g/L de taninos totais e 296,4 mg/L de antocianinas livres em vinhos Cabernet Sauvignon da Serra Gaúcha, analisados em três safras distintas. Conforme Ribéreau-Gayon et al. (2003a), o acúmulo de compostos fenólicos é limitado em videiras jovens, o que explica a necessidade de videiras relativamente velhas para a produção de grandes vinhos. No geral, quanto menor o pH de um vinho, mais intensa será sua coloração, o que pode ser observado claramente no vinho SG-VV, o qual apresentou um pH de 4,11 e a menor intensidade de cor entre todas as amostras (0,7860) (Tabela 9). Guerra (1998) cita que a pH 4,0 somente 5% das antocianinas encontram-se sob forma colorida, enquanto a pH 3,0 esta porcentagem atinge 30%. Segundo Mateus e Freitas (2006), quando o pH do vinho aumenta, a forma vermelha das antocianinas é substituída por outras estruturas incolores, diminuindo a intensidade de cor, especialmente a 520 nm. Tabela 9. Características cromáticas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS I 420 nm 0,4209 0,5667 0,3254 0,3209 0,4826 0,3665 0,3723 I 520 nm 0,5926 0,8737 0,5079 0,3995 0,7129 0,5509 0,5286 I 620 nm 0,0964 0,1776 0,0795 0,0656 0,1510 0,0806 0,0792 Intensidade de cor 1,1099 1,6180 0,9128 0,7860 1,3465 0,9980 0,9801 Tonalidade 0,7103 0,6486 0,6407 0,8033 0,6770 0,6653 0,7043 As características cromáticas de intensidade de cor e tonalidade obtidas pela leitura da absorbância a 420, 520 e 620 nm são válidas para os vinhos jovens, pois estes apresentam uma absorção máxima a 520 nm (cor vermelha) e mínima a 420 nm (cor amarela) (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). Cabrita et al. (2003) afirmam que a intensidade e a tonalidade da cor levam em contam as contribuições das cores vermelha (520 nm) e amarela (420 nm) para a cor global, mas a cor azul (620 nm) deve ser levada em conta em vinhos com pH próximo a 4,0. 54 A intensidade de cor varia conforme os vinhos e as variedades, sendo encontrados valores entre 0,3 a 1,8. Os vinhos jovens apresentam tonalidades que variam de 0,5 a 0,7, a qual aumenta durante o envelhecimento e alcança um limite de 1,2 a 1,3 (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003b). Foi observada uma maior intensidade de cor e uma maior intensidade da componente vermelha, com valores de 1,6180 e 0,8737, respectivamente, na amostra SG-EMB. Cabe aqui observar que este vinho foi o que apresentou maior concentração em antocianinas livres (523,10 mg/L) e um pH de 3,79, inferior às outras amostras. Os resultados referentes ao extrato seco e às cinzas dos vinhos são os que constam na Tabela 10. Tabela 10. Características analíticas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS Extrato seco (g/L) 28,10 23,72 21,48 25,09 27,78 31,42 20,98 Extrato seco reduzido (g/L) 23,56 19,00 18,65 21,65 23,34 26,35 18,38 Cinzas (g/L) 3,00 3,01 2,97 3,96 3,56 3,05 2,93 Alcalinidade cinzas (meq/L) 30,0 26,0 22,5 36,0 34,0 25,5 25,0 O extrato seco representa o conjunto de todas as substâncias que não se volatilizam nos vinhos, compreendendo as substâncias orgânicas não voláteis e os constituintes minerais. O extrato seco reduzido corresponde ao extrato seco total diminuído da concentração de açúcares redutores totais que excedam a quantidade de 1 g/L (RIBÉREAU-GAYON, 2003b). Sabe-se que o extrato seco é composto pelos açúcares, ácidos fixos, sais orgânicos, glicerina, matérias corantes, entre outros compostos. Os maiores teores de extrato seco e extrato seco reduzido, respectivamente 31,42 e 26,35 g/L, foram encontrados na amostra SS, a qual apresentou a maior concentração de açúcares residuais (4,07 g/L), o que indica que o extrato seco é relacionado principalmente com o conteúdo de açúcares presentes na amostra. 55 Rizzon e Miele (2002), ao avaliarem vinhos Cabernet Sauvignon elaborados em diferentes safras, encontraram valores médios de extrato seco de 24,70 g/L e extrato seco reduzido de 23,66 g/L. As cinzas correspondem aos produtos resultantes da incineração do resíduo da evaporação do vinho, onde ocorre a queima total da matéria orgânica, restando apenas os íons inorgânicos sob forma de carbonatos e outros sais minerais anidros. A alcalinidade das cinzas é a soma dos cátions, com exceção do íon amônio, combinados com os ácidos orgânicos do vinho (RIBÉREAU-GAYON, 2003b). De acordo com Crespy (2006), o teor médio de cinzas para a maioria dos vinhos é de 1 a 3 g/L. Nas amostras analisadas, foram obtidos valores superiores aos encontrados na literatura na maioria dos vinhos, sendo que apenas as amostras SG-LJ e CCS apresentaram valores inferiores a 3 g/L. Gasparin (2003), ao analisar vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes safras, na Serra Gaúcha, obteve resultados médios de cinzas de 2,67 g/L. Rizzon e Miele (2002) também realizaram estudos com vinhos Cabernet Sauvignon elaborados em diferentes safras, onde encontraram teores de cinzas entre 2,30 e 4,25 g/L e alcalinidade das cinzas de 20,0 a 26,0 meq/L. 3.7 Elementos minerais Os elementos minerais são absorvidos do solo pela videira e transportados ao vinho através da maceração das partes sólidas da uva no processo da vinificação. Os teores de minerais encontrados nos vinhos foram variáveis conforme a região de cultivo e são apresentados na Tabela 11. Como em todos os vegetais, o potássio é o cátion dominante na uva e no vinho. De acordo com Ribéreau-Gayon et al. (2003b), os teores médios de potássio encontrados nos vinhos são de 1 g/L, situados entre 0,5 e 3,0 g/L. Flanzy (2000) indica que os teores de potássio variam de 0,40 a 1,84 g/L, com teores médios de 0,97 g/L. O potássio, o cálcio e o magnésio participam da neutralização dos ácidos da uva, do mosto e do vinho, sendo o potássio o elemento que apresenta maior influência sobre a acidez, o pH e a qualidade organoléptica do vinho (LANHI, 2002; CRESPY, 2006). 56 Tabela 11. Teores de elementos minerais de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO Potássio (mg/L) SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS 1279,80 1447,10 1270,70 1148,60 1564,70 1148,60 1542,10 Sódio (mg/L) 4,80 5,30 5,00 6,10 14,90 11,30 4,80 Cálcio (mg/L) 65,40 38,90 58,30 54,90 106,10 92,30 27,60 Magnésio (mg/L) 94,80 83,60 76,90 99,30 103,90 131,50 101,70 Manganês (mg/L) 3,80 1,10 2,30 1,80 1,60 2,50 4,70 Cobre (mg/L) 0,24 0,20 0,23 0,19 0,20 0,24 0,21 Ferro (mg/L) 1,82 1,47 1,33 1,05 1,61 1,33 3,62 Zinco (mg/L) 0,10 0,30 1,50 0,40 0,40 0,20 0,50 Lítio (µg/L) 5,80 1,60 3,20 6,70 7,10 4,70 0,70 Rubídio (mg/L) 6,90 5,50 9,20 9,30 5,60 6,90 3,20 Fósforo (mg/L) 76,10 109,90 112,60 154,60 95,20 129,60 120,80 O sódio é absorvido em pequenas quantidades pela videira, sendo encontrado em pequenas concentrações nos mostos e nos vinhos (LANHI, 2002). Os teores de sódio observados no presente trabalho são inferiores aos encontrados na literatura. Ribéreau-Gayon et al. (2003b) citam teores entre 10 e 40 mg/L nos vinhos, sendo que apenas os vinhos CM e SS apresentam teores superiores a 10 mg/L. Altos teores de sódio nos vinhos indicariam solos ricos em cloreto de sódio (FLANZY, 2000). Os teores de cálcio, magnésio e zinco estão de acordo com os valores encontrados na literatura (FLANZY, 2000). Foram detectados teores de cálcio de 27,60 mg/L até 106,10 mg/L, os quais correspondem, respectivamente, aos vinhos CCS e CM. Os teores de magnésio também apresentaram variações, sendo que os valores mínimo e máximo observados foram, respectivamente, os dos vinhos SG-LJ (76,90 mg/L) e SS (131,50 mg/L). A amostra com maior concentração de zinco foi a SG-LJ, com 1,50 mg/L. O manganês está presente em todos os vinhos em quantidades que variam de 1 a 3 mg/L, sendo que o seu teor depende da riqueza em manganês dos solos da região de produção (RIBÉREAU-GAYON, 2003b). Os vinhos CO e CCS possuem teores superiores aos citados na literatura, respectivamente 3,80 e 4,70 mg/L. 57 A concentração de cobre de todas as amostras foi superior ao teor máximo de 0,18 mg/L relatado por Flanzy (2000). O elevado teor encontrado nos vinhos pode ser devido à aplicação de compostos à base de cobre, comumente utilizados para o controle de moléstias da videira (GIOVANNINI, 1999). Os teores máximos de ferro e lítio encontrados foram, respectivamente, 3,62 mg/L, para o vinho CCS, e 7,10 µg/L, para o vinho CM, inferiores aos valores médios encontrados na literatura (FLANZY, 2000). O rubídio e o fósforo são encontrados naturalmente em todos os vinhos, com concentrações variáveis de 1 a 10 mg/L, para o rubídio, e 50 a 180 mg/L, para o fósforo (LANHI, 2002). 3.8 Ácidos orgânicos Os teores de ácido orgânicos encontrados nos vinhos são apresentados na Tabela 12 e na Figura 4. Os teores médios dos ácidos orgânicos estão de acordo com o citado por Flanzy (2000), com exceção da amostra CM, a qual apresentou uma quantidade de ácido lático superior ao valor máximo (4,2 g/L) relatado por este mesmo autor. González-Neves et al. (2006), ao realizaram estudos com vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes safras no Uruguai, obtiveram resultados médios de 1,75 g/L de ácido tartárico. Tabela 12. Teores de ácidos orgânicos de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS Tartárico (g/L) 2,24 1,91 1,89 1,93 1,46 1,96 2,35 Málico (g/L) 1,09 n.d. 0,56 n.d. 1,28 0,62 0,98 Lático (g/L) 1,78 2,44 3,19 2,90 5,14 3,42 1,67 Cítrico (g/L) 0,32 n.d. n.d. n.d. 0,15 0,62 n.d. Succínico (g/L) 1,55 1,59 1,38 1,70 2,23 3,13 1,09 n.d.: não detectado 58 5,0 4,0 Tartárico Málico Lático Cítrico Succínico 3,0 2,0 CCS SS CM SG-VV SG-LJ 0,0 SG-EMB 1,0 CO Ácidos Orgânicos (g/L) 6,0 Figura 4. Teores de ácidos orgânicos de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. Conforme o exposto por Santin (2005), quanto maior o teor de cálcio presente nas uvas, maior será a concentração em ácido málico. As amostras que apresentaram as maiores quantidades de cálcio foram CM (106,10 mg/L) e SS (92,30 mg/L), as quais tiveram a maior concentração de ácido lático (5,14 e 3,42 g/L, respectivamente), devido à ocorrência da fermentação malolática, o que indica que os vinhos possuíam uma maior quantidade de ácido málico. O ácido cítrico foi encontrado apenas nas amostras CO, CM e SS. O ácido málico foi detectado em pequenas concentrações nos vinhos, sendo que nas amostras SG-EMB e SG-VV este ácido não foi detectado, o que indica que a fermentação malolática ocorreu espontaneamente. Arnink e Henick-Kling (2005) mostram que, em vinhos Cabernet Sauvignon e Merlot, a fermentação malolática pode remover odores herbáceos e aumentar as notas de flores e frutas, melhorando o aroma dos vinhos. Foram detectados teores de ácido succínico entre 1,38 a 3,13 g/L, os quais correspondem, respectivamente, aos vinhos SG-LJ e SS. Os valores encontrados foram elevados em comparação aos teores médio (0,55g/L) e máximo (0,90 g/L) relatados na literatura (FLANZY, 2000). 59 Curvelo-Garcia (1988) cita que os ácidos orgânicos possuem características próprias, como a dureza do ácido tartárico, a aspereza do ácido málico e o frescor do ácido cítrico. Medina e Van Zeller (1984) demonstraram que é possível a diferenciação dos vinhos de cada região através de análises químicas, sendo as substâncias voláteis, os compostos fenólicos neutros e os ácidos orgânicos os elementos determinantes para a identificação das amostras por região de origem. 3.9 Fracionamento de taninos As análises de fracionamento de taninos foram obtidas após a estabilização tartárica de todas as amostras, sendo obtidos os resultados que constam na Tabela 13 e na Figura 5. Tabela 13. Resultados do fracionamento de taninos de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS F1 – monômeros (mg/L) 47,55 18,54 9,14 29,82 12,35 22,80 30,02 F2 – oligômeros (mg/L) 96,38 74,64 60,87 31,34 11,41 31,34 12,68 F3 – polímeros (mg/L) 850,45 446,85 170,27 165,77 495,50 588,29 315,32 Taninos totais (mg/L) 994,38 540,03 240,28 226,93 519,26 642,43 358,02 % F1 4,78 3,43 3,80 13,14 2,38 3,55 8,39 % F2 9,69 13,82 25,33 13,81 2,20 4,88 3,54 % F3 85,53 82,75 70,87 73,05 95,42 91,57 88,07 Durante a maturação da uva e evolução do vinho ocorre a polimerização dos taninos, com a diminuição das formas monoméricas e oligoméricas. Na uva madura, de maneira geral, os monômeros, oligômeros e polímeros representam, respectivamente, 40%, 30% e 30% dos taninos, mas estes valores podem ser variáveis conforme a região de cultivo (GUERRA, 2002). O percentual entre as frações 1, 2 e 3 foi muito variável, sendo os maiores valores encontrados para F1 (13,14%), F2 (25,33%) e F3 (95,42%) nas amostras SG-VV, SG-LJ e CM, respectivamente. O vinho CM foi o que apresentou maior 60 concentração de taninos polimerizados e a menor concentração de taninos monoméricos e oligoméricos. 80% 60% F1 40% F2 20% CCS SS CM SG-VV SG-LJ F3 SG-EMB 0% CO Taninos fracionados 100% Figura 5. Distribuição dos taninos fracionados de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. Sun (1999) quantificou os taninos fracionados em diversas variedades e vinhos, obtendo resultados variáveis entre 60-90% de taninos poliméricos e 10-40% de taninos oligoméricos, enquanto os monômeros foram detectados em quantidades muito reduzidas (1-10%). É desejável a presença de taninos com maior grau de polimerização nos vinhos, que são mais suaves ao paladar, enquanto os taninos de menor peso molecular apresentam propriedades de amargor e adstringência, sendo prejudiciais quando presentes em concentrações excessivas (LEA, 1992; JORDÃO et al., 2001). Nos vinhos, o estudo da evolução dos compostos fenólicos é complicado, devido à alta reatividade destes compostos, seja entre si ou com substâncias como, por exemplo, os polissacarídeos. Conforme citado por Guerra (1998), um vinho com elevados teores de taninos polimerizados apresentará uma melhor evolução qualitativa e uma maior longevidade. 3.10 Antocianinas Os teores de antocianinas nos vinhos, expressos em mg/L de cloreto de malvidina, foram muito variáveis, apresentando concentrações distintas nas diferentes regiões de origem (Tabela 14). 61 Tabela 14. Teores de antocianinas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006 (teores expressos em mg/L de cloreto de malvidina). CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS Cianidina 9,01 14,00 2,43 6,38 6,88 15,92 8,39 Delfinidina 19,02 29,85 n.d. 20,67 14,57 0,64 32,68 Paeonidina 3,49 n.d. 9,32 2,07 n.d. 15,46 1,97 Petunidina 6,27 n.d. 0,59 4,50 5,86 14,09 7,22 Malvidina 198,36 374,00 106,96 221,42 139,87 163,02 270,53 Antocianinas aciladas 175,20 260,38 103,95 134,04 126,47 145,66 178,60 Antocianinas totais 411,36 678,24 223,24 389,08 293,65 354,80 499,39 n.d.: não detectado 600,0 500,0 Petunidina 400,0 Paeonidina 300,0 Delfinidina 200,0 Cianidina 100,0 Malvidina CCS SS CM SG-VV SG-LJ Aciladas SG-EMB 0,0 CO Antocianinas (mg/L) 700,0 Figura 6. Teores de antocianinas totais de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. De acordo com o observado na Figura 6, a antocianina encontrada em maior quantidade em todas as amostras foi a malvidina, com teores entre 106,96 e 374,00 mg/L, correspondentes aos vinhos SG-LJ e SG-EMB, respectivamente. A seguir, temos as antocianinas aciladas, com concentrações de 103,95 a 260,38 mg/L, as quais correspondem às mesmas amostras citadas anteriormente. Estudos realizados por Wulf e Nagel (1978) e González et al. (2005) também apontaram que a malvidina é a antocianina encontrada nos vinhos em maior concentração. 62 Os menores e maiores teores de malvidina, antocianinas aciladas e antocianinas totais foram encontrados nas amostras SG-LJ e SG-EMB, ambos vinhos elaborados com uvas provenientes da Serra Gaúcha. Em relação às demais antocianinas, não foram detectadas paeonidina e petunidina (vinho SG-EMB), delfinidina (SG-LJ) e paeonidina (CM). A cianidina foi encontrada em todas as amostras, com teores de 2,43 mg/L (SG-LJ) a 15,92 mg/L (SS). O maior teor de delfinidina (32,68 mg/L) foi encontrado no vinho CCS. Na amostra SS foram encontradas os maiores teores de paeonidina (15,46 mg/L) e petunidina (14,09 mg/L), conforme pode ser observado na Tabela 14 e na Figura 7. 400,0 Petunidina 300,0 Paeonidina 200,0 Delfinidina Cianidina 100,0 CCS SS CM SG-VV SG-LJ SG-EMB 0,0 Malvidina CO Antocianinas (mg/L) 500,0 Figura 7. Teores de antocianinas livres de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. Flanzy (2000) apresenta, para vinhos tintos, teores de malvidina entre 24 e 240 mg/L, petunidina entre 4 e 60 mg/L, cianidina entre 0,4 e 30 mg/L e delfinidina entre 2 e 70 mg/L. González et al. (2005), ao estudarem uvas e vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitícolas do Rio Grande do Sul, observaram que a concentração de compostos fenólicos é fortemente influenciada pelo solo e pelo clima. Em relação às antocianinas, os valores encontrados foram variáveis conforme a região. De acordo com estes autores, Encruzilhada do Sul apresentou os menores valores de antocianinas totais quando comparados às demais regiões. No entanto, os maiores teores de delfinidina (18,41 mg/L) e paeonidina (9,20 mg/L) foram encontrados nesta 63 localidade. Os teores máximos de malvidina e cianidina, respectivamente 250 mg/L e 8,32 mg/L, foram obtidos nos vinhos de Bagé. Em estudo realizado com diferentes variedades em diferentes regiões portuguesas, Cabrita et al. (2003) encontraram teores de antocianinas totais que variam de 308 a 773 mg/L, sendo a malvidina a mais abundante. Neste mesmo estudo, observou-se que os teores totais de compostos fenólicos são maiores nas uvas que nos vinhos. Deste modo, em relação às antocianinas, a cianidina é a que aparece em menor quantidade nas uvas, porém nos vinhos não foi detectada. Comparando os resultados obtidos nesta safra com os de estudos realizados anteriormente, observa-se que a concentração de antocianinas é muito variável, podendo ser influenciada pela variedade, região de origem, safra, condições meteorológicas e idade da videira. Quanto à região de origem, não foi possível realizar nenhuma diferenciação em relação ao conteúdo de antocianinas. Porém, ao relacionar o conteúdo de antocianinas totais com a idade dos vinhedos, observa-se que os vinhedos SG-LJ e SG-EMB, os quais correspondem aos vinhedos de implantação mais recente (4 anos) e mais antiga (9 anos), apresentaram uma relação direta com o teor destes compostos, apresentando, respectivamente, a menor (223,24 mg/L) e a maior (678,24 mg/L) concentração em antocianinas totais entre os vinhos analisados. De acordo com o citado por Cabrita et al. (2003), o estudo dos compostos fenólicos em vinhos tintos revela que existem diferenças entre os vinhos, no entanto não é possível estabelecer uma relação entre variedades ou regiões de origem das uvas. 3.11 Características cromáticas A percepção visual da cor global do vinho determinada pela absorbância a 420, 520 e 620 nm não é exata, pois a aparência visual da cor é de natureza tridimensional. O aspecto colorido de uma superfície é o resultado da combinação de três parâmetros: a matiz (termo usado para classificar o comprimento de onda dominante, como vermelho ou azul, por exemplo), a saturação (diz se a cor é vívida ou opaca) e a luminosidade (fator acromático que varia de um valor máximo de visibilidade ao escuro absoluto) (MINOLTA, 1994). O espaço CIELAB (Anexo 5), definido pela Commission Internationale de l'Eclairage (C.I.E.) em 1976, é um método tristimular constituído pelas coordenadas 64 L* (luminosidade), a* e b* (coordenadas cromáticas). São determinadas também as coordenadas cilíndricas C (cromaticidade) e h (tonalidade), as quais correspondem, respectivamente, à distância do centro do diagrama das coordenadas cromáticas e ao ângulo em relação ao eixo +a*, expresso em graus (MINOLTA, 1994). Todas as cores são representadas dentro de um sólido de cores tridimensional, cujo eixo central, correspondente à luminosidade (L*), varia entre 0 e 100% (de completamente opaco a completamente transparente), e as coordenadas a* (tendência para o vermelho ou verde) e b* (tendência para o amarelo ou azul) formam um plano horizontal dentro deste sólido (MINOLTA, 1994). Tabela 15. Características cromáticas tristimulares de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS L* 19,48 19,55 19,65 19,81 19,83 19,96 19,56 a* 0,10 0,10 0,09 0,07 0,07 0,04 0,09 b* -1,00 -1,11 -0,99 -0,95 -0,99 -1,04 -1,01 C 1,01 1,11 1,00 0,95 0,99 1,04 1,01 h 275,51 275,18 275,00 274,48 274,29 272,23 274,97 A região da luz que o olho humano pode ver é denominada região visível da luz (Anexo 6). Podemos enxergar o espectro das cores porque a retina é estimulada por comprimentos de onda específicos, compreendidos entre 380 e 780 nm. O espectro é ordenado de acordo com os diferentes comprimentos de onda da luz, onde a luz na região dos menores comprimentos de onda é percebida como violeta e na região dos maiores comprimentos de onda é percebida como vermelha (MINOLTA, 1994). De acordo com Casassa e Sari (2006), a cor dos vinhos pode variar até mesmo em vinhos elaborados com uvas provenientes de um mesmo vinhedo, devido às diferenças das características climáticas que ocorrem em cada safra. Os resultados dos índices de cor obtidos por espectrometria (absorbância a 420, 520 e 620 nm) apresentaram diferenças entre as amostras. No entanto, não foram observadas diferenças significativas entre as características cromáticas avaliadas por espectrocolorimetria (Tabela 15 e Figura 8), o que demonstra que a 65 cor dos vinhos é muito semelhante. Os resultados obtidos revelam que os vinhos apresentam uma coloração vermelho-rubi intensa, com reflexos violáceos, o que é característico nos vinhos jovens. 4,00 3,80 3,60 % Reflectância 3,40 CO SG-EMB 3,20 SG-LJ 3,00 SG-VV CM 2,80 SS CCS 2,60 2,40 2,20 2,00 400 500 600 700 Comprimento de Onda (nm) Figura 8. Reflectância na faixa visível do espectro de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. 3.12 Análise sensorial A análise sensorial é uma avaliação qualitativa que depende da visão, do gosto e do olfato. Estas sensações reagem aos estímulos provocados pela quantidade e qualidade das substâncias que entram em contato com os órgãos receptores (ROSIER, 1992). Dos 25 degustadores que participaram inicialmente da análise sensorial, foram utilizados os resultados obtidos na degustação de apenas 15 deles, pois os 66 demais não obtiveram resultados satisfatórios no reconhecimento dos descritores aromáticos na sessão de treinamento do painel de degustação. Foram utilizados 11 descritores aromáticos para o treinamento do painel, sendo que os 15 degustadores obtiveram uma média de 23% de erro nos descritores, o que corresponde a uma identificação de, aproximadamente, 8 ou 9 aromas entre os apresentados. Os degustadores restantes apresentaram uma média de erro de 35% na identificação dos aromas, equivalente ao reconhecimento de apenas 7 aromas no total. Considerando os resultados do treinamento do painel relativos aos 15 degustadores, foi observada uma dificuldade na percepção do aroma de frutas secas, onde apenas 3 pessoas o identificaram. Os aromas de framboesa, pimentão verde, café e menta foram identificados por todos os degustadores. Os demais aromas foram reconhecidos por uma média de 10 degustadores entre os 15 avaliados. Os vinhos foram servidos em ordem aleatória (CM, SG-LJ, SG-VV, SG-EMB, SS, CO e CCS). Diversas variáveis foram utilizadas para traçar o perfil sensorial dos vinhos das diferentes regiões vitivinícolas, conforme o apresentado na Tabela 16. A Análise de Variância demonstrou que os vinhos apresentaram diferenças significativas (p<0,05) em 12 das 15 variáveis avaliadas. Não foram encontradas diferenças significativas na percepção do amargor e nos aromas de chá/tabaco/feno e eucalipto/menta. No plano visual, o vinho SG-EMB foi o que obteve a maior intensidade de cor. Esta amostra também obteve as maiores notas olfativas de intensidade de frutas vermelhas, frutas negras, frutas secas e chocolate/café, não obtendo, no entanto, a maior pontuação na intensidade de aroma, o que indica que possui alto potencial de evolução. A amostra que apresentou a maior intensidade de aroma foi a CCS, a qual obteve, também, a maior nota olfativa de vegetal/herbáceo. Mesmo não tendo encontrado diferença estatística significativa (p<0,05), o vinho CCS também apresentou a maior nota olfativa de chá/tabaco/feno, com intensidade notadamente superior à das demais amostras avaliadas. 67 Tabela 16. Descrição sensorial de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. CO SG-EMB SG-LJ SG-VV CM SS CCS Intensidade de cor 3,47 bc 4,33 a 3,13 c 3,10 c 3,63 b 3,40 bc 3,40 bc Intensidade de aroma 3,17 bc 3,63 ab 3,10 c 3,17 bc 2,97 c 3,13 bc 3,70 a Frutas vermelhas/ framboesa/cereja 2,40 ab 3,07 a 1,77 b 2,47 ab 2,30 ab 2,27 ab 1,90 b Frutas negras/ cassis/amora 1,93 b 3,13 a 1,93 b 2,20 ab 2,00 b 2,23 ab 2,00 b Vegetal/herbáceo 2,13 abc 1,30 c 2,53 ab 2,00 bc 1,87 bc 1,73 bc 2,90 a Frutas secas/ compota/melaço 2,27 abc 2,87 a 1,90 bc 1,90 bc 1,73 bc 2,57 ab 1,47 c Chocolate/café 1,57 ab 2,27 a 1,57 ab 1,37 b 1,20 b 1,60 ab 1,10 b Chá/tabaco/feno 1,63 a 1,73 a 1,67 a 1,73 a 1,40 a 1,93 a 2,30 a Eucalipto/menta 1,77 a 1,73 a 1,57 a 1,30 a 1,73 a 1,93 a 1,90 a Odor indesejável 0,13 b 0,13 b 0,97 a 0,20 b 0,00 b 0,10 b 0,60 ab Intensidade de doçura 2,33 b 2,90 ab 2,23 b 3,00 ab 2,40 b 2,67 ab 3,13 a Harmonia olfatogustativa 2,80 bc 3,43 a 2,43 c 3,13 ab 3,10 ab 2,73 bc 2,90 abc Intensidade da acidez 2,67 ab 2,53 ab 2,57 ab 2,47 ab 2,97 a 2,70 ab 2,20 b Taninos (estrutura) 2,90 ab 3,10 a 2,47 b 2,80 ab 2,83 ab 2,93 ab 2,43 b Adstringência 2,90 a 2,10 bc 2,40 abc 2,33 abc 2,63 ab 2,73 ab 1,87 c Amargor 1,23 a 0,63 a 1,13 a 0,93 a 0,97 a 1,23 a 0,80 a Gosto indesejável 0,13 a 0,00 a 0,47 a 0,00 a 0,00 a 0,07 a 0,30 a Qualidade geral 78,40 b 84,53 a 76,53 b 80,40 ab 78,53 b 79,20 b 80,13 ab Médias seguidas pela mesma letra na mesma linha não apresentam diferenças significativas pelo Teste de Tukey (p<0,05). A região dos Campos de Cima da Serra (CCS) é considerada uma das regiões mais frias do Estado do Rio Grande do Sul, com temperaturas anuais inferiores em relação às demais regiões estudadas neste trabalho, o que possivelmente justifica a maior intensidade do aroma característico de pimentão verde presente nesta amostra. Segundo Jofré et al. (2006) o aroma primário ou varietal de um vinho está relacionado com a variedade de origem, a região onde está implantada a videira, e a idade e o manejo do vinhedo. 68 De acordo com Ribéreau-Gayon et al. (2003a) a variedade, o solo e as condições climáticas interferem na maturação fenólica. Em regiões frias, percebe-se que os taninos insuficientemente maduros da uva Cabernet Sauvignon apresentam uma nota vegetal característica. As diferenças observadas entre as amostras podem ser nitidamente percebidas ao analisar-se a representação gráfica das diferenças de intensidade das características visuais e olfativas (Figura 9) e das características gustativas (Figura 10) dos vinhos estudados. CM SG-LJ Cor 5,0 SG-VV SG-EMB SS Eucalipto/menta CO Aroma 2,5 CCS Chá/tabaco/feno 0,0 Chocolate/café Frutas secas/compota/melaço Frutas vermelhas/framboesa/cereja Frutas negras/cassis/amora Vegetal/herbáceo Figura 9. Diferenças de intensidade das características visuais e olfativas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. Heymann e Noble (1987, 1989), ao avaliarem diferentes vinhos Cabernet Sauvignon da Califórnia, afirmaram que a principal diferença sensorial é o contraste entre os aromas vegetais e frutados. Os mesmos autores citam que vinhedos jovens ou localizados em áreas mais frias tendem a produzir vinhos mais herbáceos, enquanto vinhos elaborados com uvas de vinhedos mais antigos ou de áreas quentes apresentam maior intensidade de aromas frutados. Segundo Ribéreau-Gayon et al. (2003b), o aroma de pimentão verde é considerado como uma tipicidade dos vinhos Cabernet Sauvignon em certas regiões 69 vitícolas. Entretanto, deve-se considerar que este aroma em excesso é devido a uma maturação insuficiente, sendo considerado como um defeito. Os descritores aromáticos da uva Cabernet Sauvignon, no decorrer da maturação, apresentam uma evolução das características herbáceas, encontradas principalmente nos frutos imaturos, para aromas de frutas vermelhas. Conforme a maturação das uvas aumenta, os aromas evoluem para frutas negras, enquanto uvas sobrematuradas possuem aromas de frutas secas (MENDOZA, 2005). Intensidade doçura 5,0 Amargor 2,5 Harmonia olfato-gustativa CM SG-LJ SG-VV 0,0 SG-EMB SS CO Adstringência Intensidade acidez CCS Taninos (estrutura) Figura 10. Diferenças das características gustativas de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. As melhores notas para harmonia olfato-gustativa e estrutura dos taninos foram observadas no vinho SG-EMB, ao qual também foi atribuída a maior nota relativa à qualidade geral. Conforme Vidal e Vuchot (2005), o álcool e a acidez reforçam a sensação de adstringência presente nos vinhos, enquanto os açúcares residuais e o glicerol a diminuem. Esta relação não foi observada nas amostras analisadas, pois a maior intensidade de acidez foi percebida na amostra CM, enquanto a amostra CO demonstrou possuir maior adstringência. Embora não tenham sido observadas diferenças significativas (p<0,05) quanto à percepção do amargor, as amostras CO e CM foram as que apresentaram a maior intensidade desta variável. 70 Vidal e Vuchot (2005) afirmam que vinhos frutados devem apresentar reduzidos teores de taninos. No entanto, os resultados obtidos não demonstraram nenhuma relação entre os aromas frutados dos vinhos e seus respectivos teores de taninos. Foram detectados odores e gostos indesejáveis em todas as amostras, com exceção do vinho CM. Observaram-se diferenças significativas entre as amostras em relação ao odor indesejável, no qual o vinho SG-LJ apresentou um odor indesejável identificado por 3 degustadores como aroma reduzido/mercaptano. Cabe observar também que esta foi a amostra com a menor nota atribuída para a qualidade geral. O defeito sensorial presente nesta amostra pode ser proveniente de alguma contaminação presente na garrafa, pois este vinho não apresentava defeitos antes de ter sido engarrafado. Os degustadores perceberam um reduzido gosto indesejável nas amostras CO, SG-LJ, SS e CCS. Contudo, não foram encontradas diferenças significativas entre as amostras em relação a esta variável. Qualidade geral (mediana) 90,0 78,53 79,20 80,13 CCS 76,53 SS Nota geral 80,40 78,40 CM 84,53 85,0 80,0 Qualidade geral (média) 75,0 70,0 65,0 SG-VV SG-LJ SG-EMB CO 60,0 Figura 11. Avaliação da qualidade geral de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. Foram observadas diferenças entre a média e a mediana das notas obtidas na qualidade geral dos vinhos avaliados (Figura 11). A origem destas diferenças é a atribuição da nota geral aos vinhos pelos degustadores, as quais foram muito variáveis, demonstrando um certo caráter subjetivo de cada degustador em relação aos demais. 71 Tonietto e Carbonneau (2007) indicam que os vinhos apresentam um perfil sensorial próprio de acordo com a safra e a região de cultivo da videira, inclusive são observadas diferenças sensoriais entre os vinhos de distintas localizações na Serra Gaúcha, o que mostra uma nítida distinção da tipicidade dos vinhos em função da origem. 3.13 Análise de Componentes Principais (ACP) Os resultados das análises físico-químicas dos mostos e as médias obtidas da análise sensorial foram tratados estatisticamente pela ACP. A interpretação dos dados relativos aos mostos indica que as duas primeiras componentes principais (Factor 1 e 2) são responsáveis por 78,57% da variação total observada entre os mostos. No entanto, o gráfico não é apresentado, pois a ACP relativa aos mostos apenas agrupa as amostras conforme o grau de maturação das uvas (Factor 1; 63,69%) e o conteúdo em antocianinas (Factor 2; 14,88%). Tabela 17. Matriz de correlação (ACP) das análises físico-químicas dos mostos de uvas de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. BRIX pH DEN AT I280 ANT TAN BRIX 1,00 pH 0,41 1,00 DEN 0,99 0,36 1,00 AT -0,71 -0,69 -0,63 1,00 I280 0,55 0,47 0,52 -0,70 1,00 ANT -0,20 -0,49 -0,13 0,16 -0,02 1,00 TAN 0,47 0,56 0,41 -0,75 0,95 -0,21 1,00 Legenda: BRIX = ºBrix I280 = Índice de polifenóis totais pH = pH ANT = Antocianinas livres DEN = Densidade relativa TAN = Taninos totais AT = Acidez total Correlações marcadas apresentam diferenças significativas (p<0,05). A matriz de correlação (ACP) das análises dos mostos indica correlação positiva entre BRIX e DEN e entre I280 e TAN. As variáveis ANT, pH e AT não apresentaram correlação com nenhuma das outras variáveis, conforme o exposto na Tabela 17. A matriz de correlação (ACP) das médias obtidas na análise sensorial dos vinhos (Tabela 18) indica correlações positivas entre a intensidade de cor, a qualidade geral do vinho e os aromas frutados (frutas vermelhas e negras), relacionados também com a harmonia olfato-gustativa e a estrutura dos taninos. O aroma vegetal/herbáceo apresentou correlação com o odor e o gosto indesejável. As percepções de acidez, adstringência e amargor também apresentaram correlações entre si. 72 Tabela 18. Matriz de correlação (ACP) da análise sensorial de vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul na safra 2006. COR ARO VER NEG VEG SEC CHO CHA EUC ODO DOC HAR ACI TAN ADS AMA GOS QUA COR 1,00 0,49 0,77 0,82 -0,66 0,62 0,69 -0,13 0,37 -0,45 0,17 0,71 0,15 0,65 -0,21 -0,61 -0,46 0,78 ARO VER NEG VEG SEC CHO CHA EUC ODO DOC HAR ACI TAN ADS AMA GOS QUA 1,00 0,24 0,53 0,12 0,11 0,28 0,71 0,31 0,17 0,73 0,41 -0,78 -0,07 -0,81 -0,74 0,10 0,70 1,00 0,84 -0,87 0,74 0,72 -0,29 -0,09 -0,71 0,27 0,84 0,18 0,90 0,01 -0,47 -0,80 0,83 1,00 -0,74 0,75 0,84 0,00 0,02 -0,33 0,42 0,73 -0,10 0,66 -0,37 -0,67 -0,48 0,91 1,00 -0,82 -0,71 0,49 0,04 0,74 0,01 -0,62 -0,53 -0,95 -0,29 0,18 0,80 -0,58 1,00 0,91 -0,18 0,18 -0,43 -0,05 0,30 0,23 0,82 0,26 -0,01 -0,43 0,53 1,00 -0,19 0,01 -0,17 -0,03 0,35 0,06 0,65 -0,02 -0,26 -0,23 0,60 1,00 0,41 1,00 0,34 -0,14 1,00 0,69 -0,01 -0,12 1,00 -0,12 -0,13 -0,64 0,56 1,00 -0,83 0,05 -0,53 -0,71 0,00 1,00 -0,42 0,06 -0,85 0,00 0,62 0,49 1,00 -0,60 0,06 -0,43 -0,74 -0,34 0,78 0,39 1,00 -0,22 0,09 0,05 -0,68 -0,78 0,42 -0,09 0,83 1,00 0,33 0,08 0,95 -0,28 -0,78 -0,42 -0,84 -0,24 0,24 1,00 0,21 0,05 -0,42 0,69 0,87 -0,30 0,57 -0,52 -0,80 -0,57 1,00 Correlações marcadas apresentam diferenças significativas (p<0,05). Legenda: COR = Intensidade de cor ODO = Odor indesejável ARO = Intensidade de aroma DOC = Intensidade de doçura VER = Intensidade de frutas vermelhas/framboesa/cereja HAR = Harmonia olfato-gustativa NEG = Intensidade de frutas negras/cassis/amora ACI = Intensidade de acidez VEG = Intensidade de vegetal/herbáceo TAN = Taninos (estrutura) SEC = Intensidade de frutas secas/compota/melaço ADS = Adstringência CHO = Intensidade de chocolate/café AMA = Amargor CHA = Intensidade de chá/tabaco/feno GOS = Gosto indesejável EUC = Intensidade de eucalipto/menta QUA = Qualidade geral Observou-se uma correlação negativa entre as variáveis de aroma de frutas vermelhas e vegetal/herbáceo, o que demonstra perfeitamente que os vinhos com aromas mais frutados se opuseram aos vinhos com aroma vegetal/herbáceo. Também foi observada a correlação negativa entre o aroma vegetal/herbáceo e a estrutura dos taninos. O aroma de eucalipto/menta e a intensidade de doçura não apresentaram correlação significativa com as demais variáveis. Conforme consta na Figura 12, a interpretação dos dados referentes à análise sensorial indica que as duas primeiras componentes principais são responsáveis por 75,91% da variação total observada entre os vinhos. A primeira componente principal (Factor 1) foi responsável por 46,17% da variação total, discriminando as amostras quanto aos aspectos qualitativos ligados a uma maior intensidade de aromas frutados e melhor harmonia olfato-gustativa, em oposição ao aroma vegetal/herbáceo e odor e gosto indesejável. A segunda componente principal (Factor 2) representou 29,74% da variação total, diferenciando as amostras ligadas à 73 maior percepção de acidez e adstringência daquelas com maior doçura e intensidade de aroma. 1,0 ARO CHA 0,5 VEG DOC ODO QUA GOS 6 NEG HAR COR EUC 5 CCS 0,0 CHO VER 4 2 Factor 2 : 29,74% 3 SEC TAN -0,5 SG-EMB AMA 1 SG-VV ADS Factor 2: 29,74% -1,0 0 SG-LJ -1,0 -0,5 ACI 0,0 -1 0,5 1,0 SS 1 : 46,17% Factor CO -2 CM -3 -4 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 Factor 1: 46,17% Figura 12. Projeção das variáveis obtidas dos dados da análise sensorial na Análise de Componentes Principais (ACP). Figura 13. Projeção dos indivíduos em relação às variáveis obtidas dos dados da análise sensorial na Análise de Componentes Principais (ACP). Observa-se que a projeção no gráfico separa nitidamente as amostras de cada região, onde os vinhos CO, CM e SS, provenientes de regiões mais quentes, estão situados na porção inferior do gráfico, estando relacionados com uma maior intensidade de acidez, amargor e adstringência. As amostras SG-LJ, SG-VV e SGEMB estão localizadas na porção mediana do gráfico, onde a amostra SG-LJ possui maior ligação com a variável de aroma vegetal/herbáceo e a amostra SG-VV é mediana em relação às variáveis analisadas (Figura 13). As amostras localizadas próximas ao eixo principal do gráfico (Factor 1) estão relacionadas a uma maior ou menor qualidade do produto elaborado. Observa-se que o vinho SG-EMB foi o que apresentou a melhor relação com as variáveis ligadas 74 à qualidade do vinho, especialmente com os aromas de chocolate/café e frutados (frutas vermelhas, frutas negras e frutas secas), maior intensidade de cor, melhor estrutura de taninos e harmonia olfato-gustativa. A amostra CCS ficou situada na parte superior do gráfico, estando associada a uma maior intensidade de aromas vegetal/herbáceo e de chá/tabaco/feno (Figura 13). Também pode ser observada uma separação das amostras quanto à idade dos vinhedos, onde os vinhedos de implantação mais recente (4 anos) e mais tardia (9 anos), respectivamente SG-LJ e SG-EMB, estão dispostos paralelamente ao eixo principal (Factor 1), enquanto as demais amostras estão localizadas em posições intermediárias em relação a estas. Sivertsen e Risvik (1994) estudaram vinhos de diferentes regiões da França através da Análise Sensorial Descritiva e obtiveram dados que, quando submetidos à Análise de Componentes Principais, separaram os vinhos conforme as regiões de origem. Vinhos Riesling da Alemanha, quando submetidos à análise sensorial, também foram diferenciados quanto à região de origem (FISCHER et al., 2007). CONCLUSÃO Na safra 2006, observou-se uma maior maturação das uvas em todas as regiões estudadas, caracterizada por uma elevada concentração de açúcares e baixa acidez do mosto. As condições meteorológicas de baixa precipitação e temperatura mais elevada nos meses de maturação das uvas foram favoráveis à obtenção de uvas com maior potencial qualitativo. Quanto às características analíticas das uvas e dos vinhos, os resultados obtidos foram muito variáveis entre uma amostra e outra, não sendo possível diferenciar as amostras das diferentes regiões. A amostra SG-EMB apresentou a maior concentração de antocianinas e a maior intensidade de cor, o que foi posteriormente observado na análise sensorial, onde obteve a maior pontuação relacionada com a variável intensidade de cor. As maiores diferenças foram observadas na análise sensorial (ADQ) dos vinhos, onde a amostra CCS, proveniente de uma região mais fria, apresentou a maior intensidade de aroma vegetal/herbáceo. O vinho identificado como o de melhor aspecto qualitativo foi o SG-EMB, com a melhor harmonia olfato-gustativa e maior estrutura dos taninos. Este vinho foi elaborado com uvas provenientes do vinhedo implantado há mais tempo (9 anos) do presente trabalho, o que indica que uvas provenientes de vinhedos mais antigos apresentam maior concentração de compostos favoráveis à qualidade do vinho elaborado. Esta amostra foi a que apresentou a maior intensidade de aromas frutados (frutas vermelhas, frutas negras e frutas secas) e aroma de chocolate/café e, conforme o esperado, a menor intensidade de aroma vegeta/herbáceo. A percepção da acidez, adstringência e amargor foi maior nos vinhos CM, CO e SS, elaborados com uvas provenientes da metade sul do Estado. No entanto, não 76 foram observadas diferenças estatísticas significativas (p<0,05) em relação às demais amostras analisadas. A Análise de Componentes Principais (ACP) dos resultados obtidos na análise sensorial agrupou as amostras conforme a região de origem, onde os vinhos CO, CM e SS foram relacionados às variáveis de acidez, adstringência e amargor, enquanto o vinho CCS está ligado à intensidade de aroma vegetal/herbáceo, intensidade de doçura e intensidade de aroma, em regiões opostas do gráfico. As amostras provenientes da Serra Gaúcha estão relacionadas a uma maior ou menor qualidade das amostras, onde o vinho SG-EMB e SG-LJ apresentaram, respectivamente, a maior e menor qualidade observada entre as amostras. Os dados obtidos na ACP, além de estarem relacionados com a qualidade das amostras, também podem ser relacionados à idade de implantação dos vinhedos, indicando novamente que vinhedos mais antigos produzem uvas com maior potencial qualitativo para a elaboração de vinhos de qualidade superior e mais equilibrados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERINE, M.A.; OUGH, C.S. Wine and must analysis. New York: John Wiley & Sons, 1980. ANUÁRIO BRASILEIRO DA UVA E DO VINHO. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2007. ARNINK, K.; HENICK-KLING, T. Influence of Saccharomyces cerevisiae and Oenococcus oeni strains on sucessfull malolatic conversion in wine. American Journal of Enology and Viticulture, v. 56, n. 3, p. 228-237, 2005. ASSELIN, C. Importância de uma política vitivinícola baseada no conceito de Terroir. In: Seminário Franco-Brasileiro de Viticultura, Enologia e Gastronomia, 1998, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 1998. p. 15-26. BARCELO, J.M. La gestion de la maturation: le premier acte oenologique. Incidence sur les profils de vins de Syrah dans les Côtes du Rhône. Revue Française d’Oenologie, n. 165, p. 24-26, jul.-ago. 1997. BAYONOVE, C. Efeito dos fatores ambientais nos aromas varietais da uva. In: Seminário Franco-Brasileiro de Viticultura, Enologia e Gastronomia, 1998, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 1998. p. 31-44. CABRITA, M.J.; RICARDO-DA-SILVA, J.M.; LAUREANO, O. Os compostos polifenólicos das uvas e dos vinhos. In: Seminário Internacional de Vitivinicultura, 1, 2003, Portugal. Anais. Portugal: INIFAP, 2003. CAHIER de travaux pratiques. Université de Bordeaux II, Faculte d’Oenologie, 1991. 78 CASASSA, F.; SARI, S. Aplicación del sistema CIE-LAB a los vinos tintos: correlación con algunos parámetros tradicionales. Revista Enologia, n. 5, ano III, p. 56-62, nov.-dez. 2006. CELOTTI, E.; DE PRATI, G.C.; CANTONI, S. Rapid evaluation of the phenolic potential of red grapes at winery delivery: application to mechanical harvesting. The Australian Grapegrower & Winemaker. Annual Technical Issue, 2001. CHAMPAGNOL, F. Éléments de physiologie de la vigne et de viticulture générale. Montpellier: Déhan, 1984. CHEYNIER, V.; RIGAUD, J.; RICARDO-DA-SILVA, J.M. Structure of procyanidin oligomers isolated from grape seeds in relation to some of their chemical properties. In: Plant Polyphenols: synthesis, properties, significance, 1992, New York. Basic Life Sciences, v. 59. New York: Plenum Press, 1992. p. 281-294. CRESPY, A. Éléments minéraux et qualité des moûts et des vins. Revue des Oenologues, n. 121, p. 46-48, out. 2006. CURVELO-GARCIA, A.S. Controlo de qualidade dos vinhos: química enológica e métodos analíticos. Portugal: Instituto da Vinha e do Vinho, 1988. EMBRAPA Uva e Vinho. Iniciando um pequeno grande negócio agroindustrial: Processamento de uva – vinho tinto, graspa e vinagre. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. (Série Agronegócios). FALCADE, I.; TONIETTO, J. A viticultura para vinhos finos e espumantes na Região da Serra Gaúcha, Brasil: topônimos e distribuição geográfica. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 1995. (Documentos, 13). FALCADE, I.; TONIETTO, J. Caracterização geográfica das regiões de vitivinicultura no Brasil. In: Congresso Brasileiro de Viticultura e Enologia, 7, 1999, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 1999. p. 45-55. FARIA, E.V. de. Técnicas de análise sensorial. Campinas: ITAL/LAFISE, 2002. FELIPETTO, J.; SANTOS, H.P.; CHAVARRIA, G. Aspectos climáticos da viticultura. In: Degustando Ciência, Seminário Interno da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, 2007. 79 FISCHER, U.; BAUER, A.; WOLZ, S.; SCHORMANN, A.; SCHMARR, H.G.; Sensorische ausprägung des Riesling-Terroirs. In: Deutscher Weinbaukongress, 59, 2007, Germany. Proceedings. Germany: Intervitis-Interfructa, 2007. P. 183-195. FLANZY, C. (coord). Enología: fundamentos científicos y tecnológicos. Madrid: Mundi Prensa, 2000. GASPARIN, A.M. Caracterização enológica das safras vitícolas da Serra Gaúcha. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2003. Relatório de Estágio. GIOVANNINI, E. Produção de uvas para vinho, suco e mesa. Porto Alegre: Ed. Renascença, 1999. GLORIES, Y. Étude des composes phenoliques des raisins rouges, selon les conditions de la maturation et de leur extractibilité au cours de la vinification. Compte-rendu du Contrat C.I.V.B. Bordeaux: [s.ed.], 1991. GLORIES, Y.; AUGUSTIN, M. Maturité phénolique du raisin, conséquences technologiques: application aux millésimes 1991 et 1992. Actes du Colloque “Journée technique du C.I.V.B.”, 21 jan. 1993, Bordeaux, p. 56-61, 1993. GONZÁLEZ, F. de M.; ECHEVERRIGARAY, S.; VANDERLINDE, R. Influências dos fatores edafoclimáticos nas uvas e nos vinhos Cabernet Sauvignon de diferentes pólos vitícolas do Rio Grande do Sul. In: Congresso Latino-Americano de Viticultura e Enologia, 10, 2005, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2005. p. 338. (Documentos, 55). GONZÁLEZ-NEVES, G.; FERRER, M.; FRANCO, J.; BALADO, J.; BARREIRO, L.; BOCCHICCHIO, R.; GATTO. G.; GIL, G.; TESSORE, A. La variedad de uva como factor de diferenciación de los vinos: aplicación al estudio de los vinos tintos de Uruguay. Revista Enologia, n. 5, ano III, p. 46-50, nov.-dez. 2006. GUERRA, C.C. Evolução polifenólica: longevidade e qualidade dos vinhos tintos finos. In: Seminário Franco-Brasileiro de Viticultura, Enologia e Gastronomia, 1998, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 1998. p. 55-65. GUERRA, C.C. Maturação da uva e condução da vinificação para elaboração de vinhos finos. In: Viticultura e Enologia: Atualizando Conceitos, 2002, Caldas. 80 Simpósio Mineiro de Viticultura e Enologia, 1. Caldas: EPAMIG-FECD, 2002. p. 179-192. GUERRA, C.C. Influência de parâmetros enológicos de maceração na vinificação em tinto sobre a evolução da cor e a qualidade do vinho. In: Congresso Brasileiro de Viticultura e Enologia, 10, 2003, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2003a. p. 15-18. (Documentos, 40). GUERRA, C.C. (ed.). Uva para processamento: pós-colheita. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2003b. (Frutas do Brasil, 36). GUERRA, C.C. Compostos fenólicos do vinho. In: Vinho e Saúde: vinho como alimento natural, 2005, Bento Gonçalves. Simpósio Internacional Vinho e Saúde. Bento Gonçalves: Ibravin, 2005. p. 39-40. GUERRA, C.C.; MANDELLI, F.; TONIETTO, J.; ZANUS, M.C.; CAMARGO, U.A. Conhecendo o essencial sobre uvas e vinhos. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2005. (Documentos, 48). GUERRA, C.C.; ZANUS, M.C. Maturação e colheita. In: Uvas viníferas para processamento em regiões de clima temperado. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2003. (Sistema de Produção, 4). Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/UvasViniferasRegioesClimaTemperado /colheita.htm>. Acesso em: 05 março 2007. GUGEL, G.M.; GUERRA, C.C.; CHALAÇA, M.Z. Fracionamento de vinhos tintos para otimização da análise de antocianinas por HPLC. In: Encontro de Iniciação Científica da Embrapa Uva e Vinho, 3, 2005, Bento Gonçalves. Resumos. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2005. p. 33. (Documentos, 54). HEYMANN, H.; NOBLE, A.C. Descriptive analysis of commercial Cabernet Sauvignon wines from California. American Journal of Enology and Viticulture, v. 38, n. 1, p. 41-44, 1987. HEYMANN, H.; NOBLE, A.C. Comparison of Canonical Variate and Principal Component Analyses of wine Descriptive Analysis data. Journal of Food Science, v. 54, n. 5, p. 1355-1358, 1989. 81 HRAZDINA, G. Biosyntesis of flavonoids. In: Plant Polyphenols: synthesis, properties, significance, 1992, New York. Basic Life Sciences, v. 59. New York: Plenum Press, 1992. p. 61-72. JOFRÉ, V.; FANZONE, M.; ASSOF, M.; RIVERA, M. Evolución del contenido de precursores odorantes en cepajes Malbec, Merlot y Cabernet Sauvignon de Tupungato durante el periodo de maduración de uvas. Revista Enologia, n. 1, ano III, p. 64-66, abr.-mai. 2006. JORDÃO, A.M.; RICARDO-DA-SILVA, J.M.; LAUREANO, O. Evolution of catechins and oligomeric procyanidins durong grape maturation of Castelão Francês and Touriga Francesa. American Journal of Enology and Viticulture, v. 52, n. 3, p. 230-234, 2001. KUHN, G.B. (ed.). Uva para processamento: produção. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2003. (Frutas do Brasil, 34). LANHI, A.P. Minerais nos vinhos da Serra Gaúcha. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2002. Relatório de Estágio. LEA, A.G.H. Flavor, color, and stability in fruit products: the effect of polyphenols. In: Plant Polyphenols: synthesis, properties, significance, 1992, New York. Basic Life Sciences, v. 59. New York: Plenum Press, 1992. p. 827-847. MACNEIL, K. A bíblia do vinho. Traduzido por Laura Alves e Aurélio Rebello. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. Tradução de: The wine bible. MANDELLI, F. Comportamento meteorológico e sua influência na vindima de 2006 na Serra Gaúcha. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2006. (Comunicado Técnico, 67). MATEUS, N.; FREITAS, V. de. Últimos progressos científicos sobre os pigmentos do vinho. Revista Internet de Viticultura e Enologia, 5 p., 2006. Disponível em: <http://www.infowine.com>. MATTIVI, F.; PRAST, A.; NICOLINI, G.; VALENTI, L. Validazione di un nuovo metodo per la misura del potenziale polifenolico delle uve rosse e discussione del 82 suo campo di applicazione in enologia. Rivista di Viticoltura e Enologia, n. 2/3, p. 55-74, 2002. MEDINA, B.; VAN ZELLER, A.L. Differenciation des vins de trois regions de France. Connaissance Vigne Vin, v. 18, n. 4, p. 225-235, 1984. MENDOZA, A.A. Estructura polifenolica y armonía en vinos tintos de guarda. In: Congresso Latino-Americano de Viticultura e Enologia, 10, 2005, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2005. p. 61-78. (Documentos, 55). MEYER, C.R.; LEYGUE-ALBA, N.M.R. Manual de métodos analíticos enológicos. Caxias do Sul: U.C.S., 1991. MIELE, A. Efeito do Terroir na composição da uva e do vinho Cabernet Franc da Serra Gaúcha. In: Seminário Franco-Brasileiro de Viticultura, Enologia e Gastronomia, 1998, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 1998. p. 27-30. MINOLTA. Precise color comunication: color control from feeling to instrumentation. Japan: Minolta, 1994. MOTA, R.V. da; REGINA, M.A.; AMORIM, D.A. de; FÁVERO, A.C. Fatores que afetam a maturação e a qualidade da uva para vinificação. Informe Agropecuário, Vinhos finos: rumo à qualidade, Belo Horizonte, v. 27, n. 234, p. 56-64, set.-out. 2006. NOBLE, A.C.; ARNOLD, R.A.; BUECHSENSTEIN, J.; LEACH, E.J.; SCHMIDT, J.O.; STERN, P.M. Modification of a standardized system of wine aroma terminology. American Journal of Enology and Viticulture, v. 38, n. 2, p. 143-146, 1987. ORGANISATION INTERNATIONALE de la VIGNE et du VIN. Recueil des methodes internationales d’analyse des vins et des mouts. Paris: O.I.V., 2006. 2v. PARONETTO, L. Polifenoli e tecnica enologica. Milano: Edagricole, 1977. PASTOR DEL RIO, J.L.; KENNEDY, J.A. Development of proanthocyanidins in Vitis vinifera L. cv. Pinot noir grapes and extraction into wine. American Journal of Enology and Viticulture, v. 57, n. 2, p. 125-132, 2006. 83 PÉREZ-MAGARIÑO, S.; GONZÁLEZ-SAN JOSÉ, M.A. Polyphenols and colour variability of red wines made from grapes harvested at different ripeness grade. Food Chemistry, v. 96, p. 197-208, 2006. PERKIN-ELMER. Analytical methods for atomic absorption spectrophotometry. Norwalk: Perkin-Elmer, 1976. PORTER, L.J. Structure and chemical properties of the condensed tannins. In: Plant Polyphenols: synthesis, properties, significance, 1992, New York. Basic Life Sciences, v. 59. New York: Plenum Press, 1992. p. 245-258. RIBÉREAU-GAYON, P.; DUBOURDIEU, D.; DONÈCHE, B.; LONVAUD, A. Tratado de enologia: microbiología del vino, vinificaciones. Buenos Aires: Hemisferio Sur, 2003a. v.1. RIBÉREAU-GAYON, P.; GLORIES, Y.; MAUJEAN, A.; DUBOURDIEU, D. Tratado de enologia: química del vino, estabilización y tratamientos. Buenos Aires: Hemisferio Sur, 2003b. v.2. RICARDO-DA-SILVA, J.M.; SOUSA, I.; LAUREANO,O. Factores condicionantes dos processos de vinificação e conservação na cor de vinhos portugueses. In: Congresso Brasileiro de Viticultura e Enologia, 10, 2003, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2003. p. 69-86. (Documentos, 40). RIZZON, L.A. Teor de cátions dos vinhos da Serra Gaúcha. In: Vinho e Saúde: vinho como alimento natural, 2005, Bento Gonçalves. Simpósio Internacional Vinho e Saúde. Bento Gonçalves: Ibravin, 2005. p. 41-42. RIZZON, L.A.; MIELE, A. Avaliação da c. Cabernet Sauvignon para elaboração de vinho tinto. Ciência e Tecnologia dos Alimentos, v. 22, n. 2, p. 192-198, 2002. ROMERO-CASCALES, I.; ORTEGA-REGULES, A.; LÓPEZ-ROCA, J.M.; FERNÁNDEZ-FERNÁNDEZ, J.I.; GÓMEZ-PLAZA, E. Differences in anthocianin extractability from grapes to wine according to variety. American Journal of Enology and Viticulture, v. 56, n. 3, p. 212-219, 2005. ROSIER, J.P. Interpretation des caractères analytiques et sensoriels de vins blancs de la region des Graves en fonction de certains facteurs culturaux de la 84 vigne. Bordeaux: Université de Bordeaux II, 1992. Tese (Doctorat en OenologieAmpelologie), U.F.R. Institut D'Oenologie, Université de Bordeaux II, 1992. SACCHI, K.L.; BISSON, L.F.; ADAMS, D.O. A review of the effect of winemaking techniques on phenolic extraction in red wines. American Journal of Enology and Viticulture, v. 56, n. 3, p. 197-206, 2005. SAINT-CRICQ DE GAULEJAC, N.; VIVAS, N.; GLORIES, Y. Maturité phénolique: définition et contrôle. Revue Française d’Oenologie, n. 173, p. 22-25, nov.-dez. 1998. SANTIN, A. Produção de uvas com qualidade. Bento Gonçalves, CEFET-BG, 03 mai. 2005. (Palestra). SINGLETON, V.L. Tannins and the qualities of wines. In: Plant Polyphenols: synthesis, properties, significance, 1992, New York. Basic Life Sciences, v. 59. New York: Plenum Press, 1992. p. 859-880. SIVERTSEN, H.K.; RISVIK, E. A study of sample and assessor variation: a multivariate study of wine profiles. Journal of Sensory Studies, v. 9, n. 3, p. 293312, 1994. STONE, H.; SIDEL, J.; OLIVER, S.; WOOLSEY, A.; SINGLETON, R.C. Sensory evaluation by quantitative descriptive analysis. Food Technology, v. 28, n. 11, p. 2434, 1974. SUN, B. Grape and wine proanthocyanidins: isolation, chemical characterization, quantification and their importance in enology. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa, 1999. Tese (Doutorado em Engenharia Agroindustrial), Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa, 1999. SUN, B.; LEANDRO, C.; RICARDO-DA-SILVA, J.M.; SPRANGER, I. Separation of grape and wine proanthocyanidins according to their degree of polymerisation. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v. 46, n. 4, p. 1390-1396, 1998. 85 TEDESCO, M.J.; WOLKWEISS, S.J.; BOHNEN, H. Análises de solo, plantas e outros materiais. Porto Alegre: Departamento de Solos, Faculdade de Agronomia, UFRGS, 1985. (Boletim Técnico, 5). TONIETTO, J.; CARBONNEAU, A. O clima para a viticultura. In: Capacitação técnica em viticultura. (Sistemas de Produção). Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/viticultura/clima.html>. Acesso em: 05 março 2007. TONIETTO, J.; MANDELLI, F. Clima. In: Uvas viníferas para processamento em regiões de clima temperado. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2003. (Sistema de Produção, 4). Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/UvasViniferasRegioesClimaTemperado /clima.htm>. Acesso em: 05 março 2007. USSEGLIO-TOMASSET,L. L’evoluzione dell’acido malico nei vini. Vini d’Italia, v. 33, n. 3. p. 21-31, 1991. VIDAL, S.; VUCHOT, P. Conhecimento e controlo dos compostos aromáticos e fenólicos dos vinhos. Revista Internet de Viticultura e Enologia, n. 7, 11 p., 2005. Disponível em: <http://www.infowine.com>. VIVAS, N. Maturação fenólica: adaptação da vinificação à composição fenólica de uvas tintas finas. In: Seminário Franco-Brasileiro de Viticultura, Enologia e Gastronomia, 1998, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 1998. p. 67-76. WULF, L.W.; NAGEL, C.W. High-pressure liquid chromatographic separation of anthocyanins of Vitis vinifera. American Journal of Enology and Viticulture, v. 29, n. 1, p. 42-49, 1978. ZANUS, M.C.; PEREIRA, G.E. Degustação de vinhos e espumantes. Informe Agropecuário, Vinhos finos: rumo à qualidade, Belo Horizonte, v. 27, n. 234, p. 126-132, set.-out. 2006. APÊNDICES Apêndice 1. Ficha descritiva quantitativa utilizada na análise sensorial. FICHA DESCRITIVA PARA VINHOS TINTOS Cabernet Sauvignon DEGUSTADOR: NÚMERO DA AMOSTRA: AVALIAR (com nota de 0 a 5) A INTENSIDADE PERCEBIDA: 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 nulo/pouco intenso 3,5 4 4.5 5 bastante intenso Característica Visual Intensidade de cor Olfativo Intensidade de aroma Int. de frutas vermelhas/framboesa/cereja Int. de frutas negras/cassis/amora Intensidade de vegetal/herbáceo Int. de frutas secas/compota/melaço Intensidade de chocolate/café Intensidade de chá/tabaco/feno Intensidade de eucalipto/menta Odor indesejável : .................................................... Paladar Int. Doçura (do álcool, glicerol) Harmonia olfato-gustativa Intensidade da acidez Taninos (estrutura) Adstringência Amargor Gosto indesejável : ...................................................... Qualidade Geral (Escala de 0 a 100) Outras Observações: ................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................ Apêndice 2. Comportamento meteorológico (temperaturas máxima, média e mínima do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Uruguaiana (CO). Temperatura (°C) 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 Máxima Normal 5,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Média Normal jan/06 Mínima Normal fev/06 mar/06 Meses Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); INMET, 8º Distrito de Meteorologia, Uruguaiana, RS (2005/2006). Apêndice 3. Comportamento meteorológico (precipitação pluviométrica) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Uruguaiana (CO). Normal Precipitação pluviométrica (mm) 350,0 Safra 2006 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); INMET, 8º Distrito de Meteorologia, Uruguaiana, RS (2005/2006). Apêndice 4. Comportamento meteorológico (umidade relativa do ar) na safra 2006 em relação à Umidade relativa do ar (%) normal climatológica (1957/1984) de Uruguaiana (CO). Normal 100 Safra 2006 80 60 40 20 0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); INMET, 8º Distrito de Meteorologia, Uruguaiana, RS (2005/2006). Apêndice 5. Comportamento meteorológico (insolação) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Uruguaiana (CO). Normal 300,0 Safra 2006 Insolação (h) 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); INMET, 8º Distrito de Meteorologia, Uruguaiana, RS (2005/2006). Apêndice 6. Comportamento meteorológico (temperaturas máxima, média e mínima do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Bento Gonçalves (SG-EMB). Temperatura (°C) 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 Máxima Normal 5,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses Média Normal jan/06 Mínima Normal fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Agroclimática, Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 7. Comportamento meteorológico (precipitação pluviométrica) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Bento Gonçalves (SG-EMB). Normal Precipitação pluviométrica (mm) 350,0 Safra 2006 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Agroclimática, Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 8. Comportamento meteorológico (umidade relativa do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Bento Gonçalves (SG-EMB). Normal Umidade relativa do ar (%) 100 Safra 2006 80 60 40 20 0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Agroclimática, Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 9. Comportamento meteorológico (insolação) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Bento Gonçalves (SG-EMB). Normal 300,0 Safra 2006 Insolação (h) 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Agroclimática, Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 10. Comportamento meteorológico (temperaturas máxima, média e mínima do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Farroupilha (SG-LJ). Temperatura (°C) 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 Máxima Normal 5,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses Média Normal jan/06 Mínima Normal fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Meteorológica Aurora (Pinto Bandeira), Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 11. Comportamento meteorológico (precipitação pluviométrica) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Farroupilha (SG-LJ). Normal Precipitação pluviométrica (mm) 350,0 Safra 2006 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Meteorológica Aurora (Pinto Bandeira), Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 12. Comportamento meteorológico (umidade relativa do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Farroupilha (SG-LJ). Normal Umidade relativa do ar (%) 100 Safra 2006 80 60 40 20 0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Meteorológica Aurora (Pinto Bandeira), Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 13. Comportamento meteorológico (temperaturas máxima, média e mínima do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Bento Gonçalves (SG-VV). Temperatura (°C) 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 Máxima Normal 5,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses Média Normal jan/06 Mínima Normal fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Meteorológica Valduga (Vale dos Vinhedos), Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 14. Comportamento meteorológico (precipitação pluviométrica) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Bento Gonçalves (SG-VV). Normal Precipitação pluviométrica (mm) 350,0 Safra 2006 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Meteorológica Valduga (Vale dos Vinhedos), Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 15. Comportamento meteorológico (umidade relativa do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1961/1990) de Bento Gonçalves (SG-VV). Normal Umidade relativa do ar (%) 100 Safra 2006 80 60 40 20 0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Uva e Vinho, Normal Climatológica e Estação Meteorológica Valduga (Vale dos Vinhedos), Bento Gonçalves, RS (1961/1990; 2005/2006). Apêndice 16. Comportamento meteorológico (temperaturas máxima, média e mínima do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Dom Pedrito (CM). Temperatura (°C) 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 Máxima Normal 5,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses Média Normal jan/06 Mínima Normal fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); Estância Guatambu, Dom Pedrito, RS (2005/2006). Apêndice 17. Comportamento meteorológico (precipitação pluviométrica) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Dom Pedrito (CM). Normal Precipitação pluviométrica (mm) 350,0 Safra 2006 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); Estância Guatambu, Dom Pedrito, RS (2005/2006). Apêndice 18. Normal climatológica (1957/1984) da umidade relativa do ar de Dom Pedrito (CM). Normal Umidade relativa do ar (%) 100 80 60 40 20 0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); Estância Guatambu, Dom Pedrito, RS (2005/2006). Apêndice 19. Comportamento meteorológico (temperaturas máxima, média e mínima do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Encruzilhada do Sul (SS). Temperatura (°C) 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 Máxima Normal 5,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses Média Normal jan/06 Mínima Normal fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); INMET, 8º Distrito de Meteorologia, Encruzilhada do Sul, RS (2005/2006). Apêndice 20. Comportamento meteorológico (precipitação pluviométrica) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Encruzilhada do Sul (SS). Normal Precipitação pluviométrica (mm) 350,0 Safra 2006 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); INMET, 8º Distrito de Meteorologia, Encruzilhada do Sul, RS (2005/2006). Apêndice 21. Comportamento meteorológico (umidade relativa do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Encruzilhada do Sul (SS). Normal Umidade relativa do ar (%) 100 Safra 2006 80 60 40 20 0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); INMET, 8º Distrito de Meteorologia, Encruzilhada do Sul, RS (2005/2006). Apêndice 22. Comportamento meteorológico (insolação) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Encruzilhada do Sul (SS). 300,0 Normal Safra 2006 Insolação (h) 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Meses jan/06 fev/06 mar/06 Fonte: Adaptado de Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); INMET, 8º Distrito de Meteorologia, Encruzilhada do Sul, RS (2005/2006). Apêndice 23. Comportamento meteorológico (temperaturas máxima, média e mínima do ar) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Vacaria (CCS). Temperatura (°C) 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 Máxima Normal 5,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 Média Normal jan/06 fev/06 Mínima Normal mar/06 abr/06 Meses Fonte: Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); Embrapa Uva e Vinho, Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado, Vacaria, RS (2005/2006). Apêndice 24. Comportamento meteorológico (precipitação pluviométrica) na safra 2006 em relação à normal climatológica (1957/1984) de Vacaria (CCS). Normal Precipitação pluviométrica (mm) 350,0 Safra 2006 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 Meses fev/06 mar/06 abr/06 Fonte: Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); Embrapa Uva e Vinho, Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado, Vacaria, RS (2005/2006). Apêndice 25. Comportamento meteorológico (umidade relativa do ar) na safra 2006 em relação Umidade relativa do ar (%) à normal climatológica (1957/1984) de Vacaria (CCS). 100 Normal Safra 2006 fev/06 mar/06 abr/06 80 60 40 20 0 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 Meses Fonte: Embrapa Clima Temperado, Laboratório de Agroclimatologia, Pelotas, RS (1957/1984); Embrapa Uva e Vinho, Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado, Vacaria, RS (2005/2006). ANEXOS Anexo 1. Fatores que influenciam a qualidade da uva e do vinho. SOLO Profundidade Fertilidade Umidade MACROCLIMA MESOCLIMA Latitude Longitude Topografia Temperatura Vento Chuva Exposição Umidade relativa Genótipo Variedade Porta-enxerto Competição Doenças Desenvolvimento da videira Fotossíntese MICROCLIMA MANEJO Exposição de folhas e cachos Temperatura Espaçamento Posição dos brotos Poda Poda verde Desponta Remoção de folhas Composição da uva Ponto de colheita Vinificação Qualidade do vinho Envelhecimento Fonte: Adaptado de Santin (2005). Anexo 2. Curva de calibração das antocianinas. Antocianinas Concentração (g/L) 250 200 y = 2E-05x - 0,4002 R2 = 0,9932 150 100 50 0 0,E+00 5,E+06 1,E+07 2,E+07 Área Fonte: Embrapa Uva e Vinho, Laboratório de Instrumentação, Bento Gonçalves, RS (2006). Anexo 3. Curva de calibração dos ácidos tartárico, málico, lático, cítrico e succínico. Málico Tartárico 1,2 1,0 0,8 y = 4E-07x R2 = 1 Concentração (g/L) Concentração (g/L) 1,2 0,6 0,4 0,2 0,0 0,E+00 1,E+06 2,E+06 1,0 y = 7E-07x R2 = 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,E+00 3,E+06 5,E+05 1,E+06 2,E+06 2,E+06 Área Área Lático Concentração (g/L) 1,2 1,0 0,8 y = 1E-06x R2 = 0,9991 0,6 0,4 0,2 0,0 0,E+00 2,E+05 4,E+05 6,E+05 8,E+05 Área Cítrico Succínico 0,6 1,0 0,8 y = 6E-07x R2 = 1 Concentração (g/L) Concentração (g/L) 1,2 0,6 0,4 0,2 0,0 0,E+00 5,E+05 1,E+06 Área 2,E+06 2,E+06 0,5 0,4 y = 1E-06x R2 = 0,9999 0,3 0,2 0,1 0 0,E+00 2,E+05 4,E+05 Área Fonte: Embrapa Uva e Vinho, Laboratório de Instrumentação, Bento Gonçalves, RS (2006). 6,E+05 Anexo 4. Cromatograma-padrão dos ácidos orgânicos do vinho. 120.000 100.000 Área 80.000 60.000 40.000 20.000 0 0 5 10 15 20 Tem po de retenção (m inutos) Fonte: Embrapa Uva e Vinho, Laboratório de Instrumentação, Bento Gonçalves, RS (2006). Anexo 5. Representação do sólido de cores para as coordenadas L*a*b*. Fonte: www.tasi.ac.uk/images/cielab.gif (2007). Anexo 6. Espectro eletromagnético da luz solar. Fonte: www.tasi.ac.uk/images/cielab.gif (2007).