AU TO RA L TO EI DI R DE UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES LE I PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PR OT EG ID O PE LA AVM FACULDADE INTEGRADA TO A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICO NO LÚDICO: JOGOS, EN BRINQUEDO E BRINCADEIRAS NA CONSTRUÇÃO DO DO CU M PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Patrícia Maria dos Santos Ormond Orientador Prof. Narcisa Melo Rio de Janeiro 2013 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICO NO LÚDICO: JOGOS, BRINQUEDO E BRINCADEIRAS NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Pós-Graduação Psicopedagogia Por: Patrícia Maria dos Santos Ormond em 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a minha irmã Maristela, que me deu força para continuar. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, o autor da minha vida, aos meus pais José e Josefa dos Santos, ao meu marido Ormond e meu filho Levi Ormond Fábio 5 RESUMO O trabalho desenvolvido tem como intuito análise de como as atividades lúdicas favorece o processo ensino aprendizagem na construção do conhecimento das crianças na educação infantil e também a contribuição de tais estratégias à prática educativa. Pode-se observar que o lúdico faz parte da vida do educando e pode ser subsídio de aprendizagem, favorecendo, dessa forma, o seu desempenho escolar e seu desenvolvimento cognitivo. Assim, a atitude lúdica deve ser encarada como algo sério, pois ao brincar a criança adquire experiência, conceitos, valores e desenvolve-se. Jogos, brincadeiras e brinquedos fazem parte do ato de educar e facilitam a aprendizagem. Pode-se investigar a importância do uso do lúdico na intervenção psicopedagógico, possibilitando ao psicopedagogo desenvolver seu trabalho de maneira eficiente e eficaz, contribuindo, assim para melhorar a qualidade do ensino, e de aprendizagem das crianças, quer sua atuação seja, clínica ou institucional. A utilização do lúdico foi uma estratégia a mais, para a aprendizagem trouxe benefícios ao educando, quanto para os psicopedagogos, que poderão se utilizar desse recurso para atingirem seus objetivos. Acreditou-se que o uso do lúdico na ação pedagógica e psicopedagógico foi uma forma de atender o desenvolvimento da aprendizagem da criança analisada de forma saudável e motivadora para o seu desenvolvimento global. Palavras-chave: Lúdico, Ensino Aprendizagem e Processo Educativo. 6 METODOLOGIA Objetivando identificar as variadas formas de inserção dos jogos lúdicos como recurso pedagógico para a aprendizagem na Educação Infantil (EI), realizei uma pesquisa empírica exploratória e usei como referências teóricas alguns trabalhos. O estudo bibliográfico centrar-se-á nas contribuições teóricas dos seguintes autores; Vygotsky, Novaes e O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. . Usei também os dados que foram obtidos através de documentação direta, na forma de observação intensiva. A pesquisa se deu durante o segundo bimestre do ano letivo de 2013, em uma instituição de ensino do município. Os grupos a serem pesquisados estão compreendidos entre o corpo docente e o corpo discente. Foram pesquisados: A professora regente da turma do Jardim I que hoje se vê envolvida na utilização do lúdico como meio de uma aprendizagem agradável Os dados obtidos ao longo da pesquisa foram analisados a luz da teoria investigativa, numa perspectiva didático-metodológica. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - O LÚDICO 10 1.1. O Lúdico e sua linguagem 13 1.2. O Processo ensino aprendizagem no desenvolvimento do lúdico 14 CAPÍTULO II - O BRINQUEDO 20 2.1. O universo de brincar 22 2.2. Atos de brincar no desenvolvimento infantil 27 CAPÍTULO III – BRINQUEDOTECA 30 CAPITULO IV – A PSICOPEDAGOGIA E SUA PRATICA 33 4.1. Atuação do psicopedagogo na instituição escolar e sua intervenção no contexto familiar 34 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42 ÍNDICE 46 8 INTRODUÇÃO É de extrema importância a brincadeira para o desenvolvimento psicológico, social e cognitivo da criança, pois é através dela que a criança consegue expressar seus sentimentos em relação ao mundo social. As atividades lúdicas preparam a criança para o desempenho de papéis sociais, para a compreensão do funcionamento do mundo, para demonstrar e vivenciar emoções. Quanto mais a criança brinca, mais ela se desenvolve sob os mais variados aspectos, desde os afetivo-emocionais, motor, cognitivo, até o corporal. É através da brincadeira que a criança vive e reconhece a sua realidade. Podemos dizer que a brincadeira não é apenas uma dinâmica interna da criança, mas uma atividade dotada de um significado social que necessita de aprendizagem. Tudo gira em torno da cultura lúdica, pois a brincadeira torna-se possível quando apodera elementos da cultura para internalizá-los e criar uma situação imaginária de reprodução da realidade. É através da brincadeira que a criança consegue adquirir conhecimento, superar limitações e desenvolver-se com indivíduo. Com imaginação, apresentação, simulação, as atividades com jogos são considerados como estratégia didática, facilitadora da aprendizagem, quando as situações são planejadas e orientadas por profissionais ou adultos, visando aprender, isto é, proporcionar à criança a construção de algum tipo de conhecimento, alguma relação ou desenvolvimento de alguma habilidade. O lúdico enquanto recurso pedagógico na aprendizagem deve ser encarado de forma séria, competente e responsável. Usado de maneira correta, poderá oportunizar ao educador e ao educando, importantes momentos de aprendizagens em múltiplos aspectos. Considerando-se sua importância na aprendizagem, o lúdico favorecerá de forma eficaz o pleno desenvolvimento das potencialidades criativas das crianças, cabendo ao educador, intervir de forma adequada, sem tolher a criatividade da criança. Respeitando o desenvolvimento do processo 9 lúdico, o educador poderá desenvolver novas habilidades no repertório da aprendizagem infantil. A contribuição desse trabalho está pautada de que a partir de ferramentas e recursos adequados, ou seja, conhecendo as propriedades da atividade lúdica, podemos como psicopedagogos promover o estímulo adequado e um ambiente propício para que cada criança em sua individualidade desenvolva da melhor maneira possível suas qualidades e características. CAPÍTULO I 10 O LÚDICO O capitulo apresentado, nos traz a importância do uso do lúdico na intervenção psicopedagógico, possibilitando ao psicopedagogo desenvolver seu trabalho de maneira eficiente e eficaz, contribuindo, assim para melhorar a qualidade do ensino, e de aprendizagem das crianças, quer sua atuação seja, clínica ou institucional. A utilização do lúdico foi uma estratégia a mais, para a aprendizagem trouxe benefícios ao educando, quanto para os psicopedagogos, que poderão se utilizar desse recurso para atingirem seus objetivos. Acreditou-se psicopedagógico foi que o uma uso do lúdico forma de atender na o ação pedagógica desenvolvimento e da aprendizagem da criança analisada de forma saudável e motivadora para o seu desenvolvimento global. Seja nos aspectos afetivo, social, motor e cognitivo, pode-se buscar uma reflexão sobre sua forma de aprender na intervenção psicopedagógico e o lúdico foi o suporte significativo de aprendizagem. O lúdico assume aqui várias interpretações apresentada em estudos e teorias que abordaram os diversos conceitos no desenvolvimento cognitivo e social da aprendizagem das crianças. Assim, é importante e necessário considerar o lúdico como um recurso metodológico a mais, para o ensino-aprendizagem e diagnóstico psicopedagógico. Definir o lúdico hoje, principalmente no contexto da educação infantil, não tem sido uma tarefa fácil, tendo em vista que várias são as abordagens e estudos sobre o tema. Assim, existe uma história do brinquedo, uma sociologia do brinquedo, um estudo folclórico do brinquedo, um estudo psicológico do brinquedo entre outros que são de grande relevância para compreender o papel e o uso das atividades lúdicas na vida humana. O aprendizado acontece de maneira continuada e progressiva e requer ferramentas que possibilitem seu desenvolvimento, sabendo-se que a criança precisa de tempo para brincar. As aulas muitas vezes, tornam-se meras repetições de exercícios educativos, 11 ficando a aula monótona e como consequência vazia, procura-se a solução com a utilização dos jogos para despertar na criança o interesse pela descoberta de maneira prazerosa e com responsabilidade. Vivemos uma época em que a tecnologia avança aceleradamente inclusive na educação, mas as atividades lúdicas não podem ser esquecidas no cotidiano escolar; porque a alternativa de trabalhar de maneira lúdica em sala de aula é muito atraente e educativa. O trabalho do psicopedagogo, ‘transformou’ o lúdico, deixando de ser apenas um jogo, tornando- o uma atividade que faz parte na vida dos seres humanos, onde a atividade lúdica envolve não somente o resultado da ação final, mais o momento vivenciado e observado pelo psicopedagogo para futuras intervenções (MEYER, 2007, p. 1). Percebemos desse modo que brincando a criança aprende com muito mais prazer, destacando que o brinquedo, é o caminho pelo quais as crianças compreendem o mundo em que vivem e são chamadas a mudar. É a oportunidade de desenvolvimento, pois brincando a criança experimenta, descobre, inventa, exercita, vivendo assim uma experiência que enriquece sua sociabilidade e a capacidade de se tornar um ser humano criativo. Para VIGOTSKY: “As crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A brincadeira, a criação de situações imaginárias surge da tensão do individuo e a sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da realidade”. (1989, p.84) 12 E nessa perspectiva o lúdico se torna muito importante na escola, porque pelo lúdico a criança faz ciência, pois trabalha com a imaginação e produz uma forma complexa de compreensão e reformulação de sua experiência cotidiana. Ao combinar informações e percepções da realidade problematizada, tornando-se criadora e construtora de novos conhecimentos. Segundo o Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil (1998, v1. p.27) “as atividades lúdicas, através das brincadeiras favorecem a auto-estima das crianças ajudando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa”. Assim sendo entendemos que o lúdico contribui para o desenvolvimento da auto-estima o que favorece a auto-afirmação e valorização pessoal. E ainda, as brincadeiras, os jogos, os brinquedos podem e deve ser objetos de crescimento, possibilitando à criança a exploração do mundo, descobrir-se, entender-se e posicionar-se em relação a si e a sociedade de forma lúdica e natural exercitando habilidades importantes na socialização e na conduta psicomotora. A partir dessas definições constatamos que o lúdico está relacionado a tudo o que possa nos dar alegria e prazer, desenvolvendo a criatividade, a imaginação e a curiosidade, desafiando a criança a buscar solução para problemas com renovada motivação. Ressaltando que segundo NOVAES (1992, p.28) “O ensino, absorvido de maneira lúdica, passa adquirir um aspecto significativo e efetivo no curso de desenvolvimento da inteligência da criança”. Desse modo, brincando a criança vai construindo e compreendendo o mundo ao seu redor. Lembrando que as atividades lúdicas são de grande valia para o educador que souber se utilizar apropriadamente dessas atividades, sendo que o aluno será o maior beneficiado. 13 1.1. O lúdico e sua linguagem A literatura especialista no tema não registra concordância quanto a um conceito comum para o lúdico na educação. Porém, alguns autores relacionam o lúdico ao jogo e estudam profundamente sua importância na educação. Huizinga (1990) foi um dos autores que mais se aprofundou no assunto, estudando o jogo em diferentes culturas e línguas. Estudou sua s aplicações na língua grega, chinês, japonês, latim, entre outras. O mesmo autor (1990) propõe uma definição para o jogo que abrange tanto as manifestações competitivas como as demais. O jogo é uma atividade de ocupação voluntaria, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, seguindo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão, de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. Segundo Piaget (1975) e Winnicott (1975), conceitos como jogo, brinquedo e brincadeira são formados ao longo de nossa vivência. É a forma que cada um utiliza para nomear a sua brincar. No entanto, tanto a palavra jogo quanto a palavra brincadeira podem ser sinônimo de divertimento. Vejamos como esses termos são definidos no dicionário Larousse (1982): Jogo – ação de jogar; Brinquedo – objeto destinado a divertir uma criança, suporte da brincadeira; Brincadeira – ação de brincar, divertimento. Neste artigo, as palavras jogo, brincadeira, brinquedo e lúdico se apresentam num sentido mais amplo. Conforme Cruz (2011, p.1): [...] o jogo como estratégia didática, facilitadora da aprendizagem, quando as situações são planejadas e orientadas [...], visando ao aprender, isto é, a de proporcionar à criança a construção de algum tipo de conhecimento, alguma relação ou o desenvolvimento de alguma habilidade. 14 Por isso, a necessidade de definir esses termos: Brincadeira basicamente se refere à ação de brincar, ao acompanhamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada; Jogo é compreendido como brincadeira que envolve regras; Brinquedo é utilizado para designar o sentido de objeto de brincar; já atividade Lúdica abrange, de forma mais ampla, os conceitos anteriores. 1.2. O processo ensino aprendizagem no desenvolvimento do lúdico Se o objetivo é formar professores que vão educar crianças de 3 a 5 anos, em escolas temos que questionar como crianças dessas faixas etárias aprendem se desenvolve e se socializam. Difundir os conhecimentos existentes sobre ambientes e programas de tempo livre entre os profissionais de planejamento e políticos. Tomar medidas para permitir que as crianças se movimentem em segurança na comunidade, favorecendo um melhor ordenamento do tráfego e uma melhoria dos transportes públicos. Aumentar a consciência da grande vulnerabilidade das crianças que vivem em favelas, apartamentos e espaços deteriorados. Encorajar cada vez maior número de pessoas de diversas formações e níveis etários a ocuparem-se das crianças. Encorajar o uso e a conservação de jogos tradicionais. Por termo à exploração das brincadeiras infantis através da manipulação da publicidade, acabar com a produção e a venda de brinquedos de guerra de jogos violentos de destruição. Proporcionar a todas as crianças bons materiais lúdicos, sobretudo para as que têm necessidades especiais, através da pesquisa e cooperação com serviços da comunidade como grupos de animação para crianças em 15 idade pré-escolar, bibliotecas e veículos de animação itinerantes de brinquedos. São pelo contato com brinquedos e materiais concretos ou pedagógicos que se estimulam às primeiras conversas, as trocas de ideias, os contatos com parceiros, o imaginário infantil, a exploração e a descoberta de relações. Portanto, estudar o brinquedo e o material pedagógico é essencial para a formação docente. Estudar a convivência da criança, através da metodologia lúdica torna- se possível relaciona- lá com o mundo em que vive, completando a formação da personalidade, onde o mesmo formará opiniões, realizações lógicas e a socialização, que se faz necessária para o aprendizado (MAURICIO, 2011, p. 13). Partindo do pressuposto de que é brincando que a criança ordena o mundo a sua volta, assimilando experiências e informações, interessei-me pelas atividades lúdicas e seus valores, também sua aplicação na área educacional. Como afirma Freitas (2009, p. 1): [...] jogar e aprender caminha paralelamente na Psicopedagogia e, possibilitando, através da hora lúdica ou hora do jogo, observar prazeres, frustrações, desejos, enfim, podemos trabalhar com o erro e articular a construção do conhecimento. Portanto, acredita-se que é através do uso dos jogos que poderemos introduzir os educandos e estimular e seu desenvolvimento lógico, definido, fazendo relações, concluindo e concretizando de forma agradável e interessante. “[...] o jogo traz oportunidade para o preenchimento de necessidades irrealizáveis e também a possibilidade para exercitar-se no domínio do simbolismo”. Vygotsky (1994, p.56). 16 A razão fundamental prende-se com a atualidade da teoria do desenvolvimento cognitivo de Vygotsky (1994, p.58), autor que tem sido bastante referido nos cursos e disciplinas de Educação, focando-se, no entanto, essencialmente os aspectos da sua teoria que se centram no desenvolvimento e na aprendizagem da criança em idade escolar. Para compreender a importância que Vygotsky atribui ao jogo em relação à criança precisamos esclarecer ideias a propósito da sua teoria de que o desenvolvimento cognitivo resulta na interação entre a criança e as pessoas com quem mantém contatos regulares. O conceito central da teoria de Vygotsky é o de Zona de Desenvolvimento Proximal, e o autor define como a discrepância entre o desenvolvimento atual da criança e o nível que atinge quando resolve problemas com auxílio. Partindo deste pressuposto considera-se que todas as crianças podem fazer mais do que o conseguiriam fazer por si sós. “No desenvolvimento a imitação e o ensino desempenham um papel de primeira importância. Põem em evidência as qualidades especificamente humanas do cérebro e conduzem a criança a atingir novos níveis de desenvolvimento. A criança fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz de fazer em cooperação. Por conseguinte, o único tipo correto de pedagogia é aquele que segue em avanço relativamente ao desenvolvimento e o guia; deve ter por objetivo não as funções maduras, mas as funções (VYGOTSKY, 1979, p. 138). em vias de maturação” 17 Muitos dos escritos de Vygotsky que apresentam o conceito de Zona do Desenvolvimento Proximal fazem referência à criança em idade escolar, no entanto isto não significa que o autor considere que este conceito seja apenas aplicável em idade escolar e em consequência do papel exercido pelas aprendizagens formais. O autor realça igualmente o papel do jogo da criança na medida em que este possibilita a criação de uma Zona de Desenvolvimento Proximal. Baquero sintetiza em três pontos fundamentais o que há de comum entre a atividade de jogo e as situações escolares de aprendizagem: a presença de uma situação ou cenário imaginário; a presença de regras de comportamento; a definição social da situação. Porém, o autor esclarece que Vygotsky (1979) distingue no jogo a sua amplitude. “Ainda que se possa comparar a relação brincadeiradesenvolvimento à relação instrução-desenvolvimento, a brincadeira proporciona um campo muito mais amplo para as mudanças quanto a necessidades e consciência” (VYGOTSKY in BAQUERO, 1998, p. 103). Não é o caráter espontâneo do jogo que o torna uma atividade de vanguarda no desenvolvimento da criança, mas sim o duplo jogo que existe entre exercitar no plano imaginativo capacidades de planejar, imaginar situações, representar papéis e situações quotidianas; e o caráter social das situações lúdicas, os seus conteúdos, e a regra inerente á situação. A ludicidade faz a criança criar uma situação ilusória e imaginária, como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. A criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que ela tem acesso. No brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. “Mesmo havendo uma significativa distância entre o comportamento na vida real e o comportamento no brinquedo, a atuação no mundo imaginário e o estabelecimento de regras a serem seguidas criam uma zona de desenvolvimento 18 proximal, na medida em que impulsionam conceitos e processos em desenvolvimento”. (VYGOTSKY, 1991, p.74.) Em síntese, a regra e a situação imaginária caracterizam o conceito de jogo infantil em Vygotsky (1991): “Tal como a situação imaginária tem de ter regras de comportamento também todo o jogo com regras contém uma situação imaginária” (VYGOTSKY, 1991, p.36). Como afirma Palangana (1994), as concepções de Vygotsky e Piaget quanto ao papel do jogo no desenvolvimento cognitivo diferem radicalmente. Para Piaget (1975) no jogo prepondera a assimilação, ou seja, a criança assimila no jogo o que percebe da realidade às estruturas que já construiu e neste sentido o jogo não é determinante nas modificações das estruturas. Para Vygotsky o jogo proporciona alteração das estruturas. Por último importa referir que existe outra ideia fundamental em Vygotsky (1979) relativamente ao jogo que se relaciona com o papel que o autor atribui à imaginação, um dos pontos em que, em nossa opinião, a discrepância entre o autor e Piaget mais se acentua. Haverá dois tipos fundamentais de conduta humana que constituem a plasticidade do nosso cérebro: atividade reprodutora, em estreita relação com a memória; atividade criadora e combinatória, em estreita relação com a imaginação. Ora, a relação entre o jogo e o desenvolvimento cognitivo na criança deve também procurar se na relação entre o jogo e a atividade combinatória do cérebro, a essência da criatividade. Segundo Vygotsky (1979), uma das questões mais importantes da psicologia e da pedagogia infantil diz respeito à criatividade das crianças, o seu desenvolvimento e a importância do trabalho criador para a evolução e maturação da criança. Como este afirma, os processos de criação são observáveis, sobretudo nos jogos da criança, porque no jogo a criança representa e produz muito mais do que aquilo que viu. “Todos conhecemos o grande papel que nos jogos da criança desempenha a imitação, com muita frequência estes jogos são apenas um eco do que as crianças viram e escutaram aos 19 adultos, não obstante estes elementos da sua experiência anterior nunca se reproduzem no jogo de forma absolutamente igual e como acontecem na realidade. O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança” (VYGOTSKY, 1979, p. 12). Esta ideia de transformação criadora é completamente diferente da ideia de Piaget de assimilação do real ao eu. Tanto em Vygotsky como em Piaget se fala numa transformação do real por exigência das necessidades da criança, mas enquanto que em Piaget (1975) a imaginação da criança não é mais do que atividade deformante da realidade, em Vygotsky a criança cria (desenvolve o comportamento combinatório) a partir do que conhece das oportunidades do meio e em função das suas necessidades e preferências. CAPITULO II 20 O BRINQUEDO Ressaltamos neste capitulo a importância do brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os pais, educadores e sociedade em geral sobre a ludicidade que deve estar sendo vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem, e ainda a importância desta ludicidade nas intervenções e prevenções de problemas de aprendizagem na visão da psicopedagogia. Neste contexto, o brincar na educação infantil proporciona a criança estabelecer regras constituídas por si e em grupo, contribuindo na integração do indivíduo na sociedade. Deste modo, à criança estará resolvendo conflitos e hipóteses de conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de compreender pontos de vista diferentes, de fazer-se entender e de demonstrar sua opinião em relação aos outros, e ainda e nesse ato que podemos diagnosticar e prevenir futuros problemas de aprendizagem infantil. É importante perceber e incentivar a capacidade criadora das crianças, pois esta se constitui numa das formas de relacionamento e recriação do mundo, na perspectiva da lógica infantil. Com a utilização do lúdico, o psicopedagogo utilizará metodologias como o brincar, representar teatralmente, produzir textos, contar e recontar histórias, jogos com objetivos, que levará o aprendiz a vencer desafios, construir com erros e acertos, onde o psicopedagogo irá realizar intervenções com o mesmo, tendo o propósito de instigar para novas soluções (SANTOS, 2010, p. 1). O brincar tem uma história, uma origem e desenvolvimento que começa nas primeiras relações entre mãe e bebê, ressaltando, ainda, a importância de ser visto reconhecido e respeitado na própria singularidade, 21 evoluindo do brincar sozinho para o brincar compartilhado, e deste para as experiências culturais (KRAEMER, 2007). A brincadeira pode até ser considerada uma atividade que não é levada a sério por alguns adultos e até mesmo por alguns agentes educativos. Como afirma Lacerda (2008, p.1): “[...] a palavra latina usada para significar “passatempos” é a palavra “ludi”, que vem de “Lydi”, lídios, daí temos hoje a palavra lúdico significando brinquedo, diversão, etc”. O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos tempos. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor. Nesse sentido, Vygotsky (1998) ressalta que no brinquedo, a criança cria uma situação imaginária, isto é, é por meio do brinquedo que essa criança aprende a agir uma esfera cognitiva, é promove o seu próprio desenvolvimento no decorrer de todo o processo educativo. Dessa forma, o brinquedo, nas suas diversas formas, auxilia no processo ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é, no desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, etc. Segundo Piaget (1998, p.62), “o brinquedo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Através dele se processa a construção de conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica. As crianças ficam mais motivadas para usar a inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se para superar obstáculos tanto cognitivos como emocionais. Nessa perspectiva, o brinquedo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao 22 contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra. Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que se vive. Através do brinquedo a criança pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. Portanto, o brinquedo é um dos fatores mais importantes das atividades da infância, pois a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar para manter seu equilíbrio com o mundo. A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser explorados só para lazer, mas também como elementos bastante enriquecedores para promover a aprendizagem. Através dos jogos e brincadeiras, o educando encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem, melhorando o seu relacionamento com o mundo. Assim, Campos (2011) destaca que os professores precisam estar cientes de que a brincadeira é necessária e que traz enormes contribuições para o desenvolvimento da habilidade de aprender e pensar. 2.1. O universo de brincar O ato de brincar acontece em determinados momentos do cotidiano infantil, neste contexto, Oliveira (2000) aponta o ato de brincar, como sendo um processo de humanização, no qual a criança aprende a conciliar a brincadeira de forma efetiva, criando vínculos mais duradouros. Assim, as crianças desenvolvem sua capacidade de raciocinar, de julgar, de argumentar, de como chegar a um consenso, reconhecendo o quanto isto é importante para dar início à atividade em si. O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira que as brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da criança desde os mais funcionais até os de regras. Estes são elementos elaborados que proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a 23 formação da sua identidade. Como podemos perceber, os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa o conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é um excelente recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma que: (...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante. Carvalho (1992, p.28) acrescenta, mais adiante: (...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo. As ações com o jogo devem ser criadas e recriadas, para que sejam sempre uma nova descoberta e sempre se transformem em um novo jogo, em uma nova forma de jogar. Quando a criança brinca, sem saber fornece várias informações a seu respeito, no entanto, o brincar pode ser útil para estimular seu desenvolvimento integral, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente escolar. É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao outro. Por meio da ludicidade a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando sua alegria de brincar. Em contrapartida, em um ambiente sério e sem motivações, os educandos acabam evitando expressar 24 seus pensamentos e sentimentos e realizar qualquer outra atitude com medo de serem constrangidos. Zanluchi (2005, p.91) afirma que “A criança brinca daquilo que vive; extrai sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia.”, portanto, as crianças, tendo a oportunidade de brincar, estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar da sua vida. Para Vygotsky, citado por Baquero (1998), a brincadeira, o jogo são atividades específicas da infância, na quais a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. É uma atividade com contexto cultural e social. O autor relata sobre a zona de desenvolvimento proximal que é a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver, independentemente, um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz. Na visão de Vygotsky (1998) o jogo simbólico é como uma atividade típica da infância e essencial ao desenvolvimento infantil, ocorrendo a partir da aquisição da representação simbólica, impulsionada pela imitação. Desta maneira, o jogo pode ser considerado uma atividade muito importante, pois através dele a criança cria uma zona de desenvolvimento proximal, com funções que ainda não amadureceram, mas que se encontra em processo de maturação, ou seja, o que a criança irá alcançar em um futuro próximo. Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida, é fácil concluir que o aprendizado da criança começa muito antes de ela frequentar a escola. Todas as situações de aprendizado que são interpretadas pelas crianças na escola já têm uma história prévia, isto é, a criança já se deparou com algo relacionado do qual pode tirar experiências. Vygotsky (1998, p. 137) ainda afirma “A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento e situações reais”. Essas relações irão permear toda a atividade lúdica da criança, serão também importantes indicadores do desenvolvimento da mesma, influenciando sua forma de encarar o mundo e suas ações futuras. 25 Santos (2002, p. 90) relata que “(...) os jogos simbólicos, também chamados brincadeira simbólica ou faz-de-conta, são jogos através dos quais a criança expressa capacidade de representar dramaticamente.” Assim, a criança experimenta diferentes papéis e funções sociais generalizadas a partir da observação do mundo dos adultos. Neste brincar a criança age em um mundo imaginário, regido por regras semelhantes ao mundo adulto real, sendo a submissão às regras de comportamento e normas sociais a razão do prazer que ela experimenta no brincar. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual, o mesmo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento. A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a afeta de imediato, passando a dirigir seu comportamento também por meio do significado dessa situação, Vygotsky (1998, p.127) relata que “No brinquedo, no entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir independentemente daquilo que vê.” No brincar, a criança consegue separar pensamento, ou seja, significado de uma palavra de objetos, e a ação surge das ideias, não das coisas. Segundo Craidy & Kaercher (2001) Vygotsky relata novamente que quando uma criança coloca várias cadeiras uma através da outra e diz que é um trem, percebe-se que ela já é capaz de simbolizar, esta capacidade representa um passo importante para o desenvolvimento do pensamento da criança. Brincando, a criança exercita suas potencialidades e se desenvolve, pois há todo um desafio, contido nas situações lúdicas, que provoca o pensamento e leva as crianças a alcançarem níveis de desenvolvimento que só às ações por motivações essenciais conseguem. Elas passam a agir e esforça-se sem sentir cansaço, não ficam estressadas porque estão livres de cobranças, avançam, ousam, descobrem, realizam com alegria, sentindo-se mais capazes e, portanto, mais confiantes em si mesmas e predispostas a aprender. 26 Conforme afirma Oliveira (2000, p. 19): O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura materna, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e confiável. Nesse caso, a brincadeira favorece o desenvolvimento individual da criança, ajuda a internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais avançados que aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seu conhecimento sobre as dimensões da vida social. Segundo Vygotsky, Luria & Leontiev (1998, p. 125) O brinquedo “(...) surge a partir de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo mais amplo dos adultos.”, entretanto, a ação passa a ser guiada pela maneira como a criança observa os outros agirem ou de como lhe disseram, e assim por diante. À medida que cresce, sustentada pelas imagens mentais que já se formou, a criança utiliza-se do jogo simbólico para criar significados para objetos e espaços. Assim, seguindo este estudo os processos de desenvolvimento infantil apontam que o brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e aprendizagem. De acordo com Vygotsky (1998), um dos principais representantes dessa visão, o brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e/ou adultos. Tal concepção se afasta da visão predominante da brincadeira como atividade restrita à assimilação de códigos e papéis sociais e culturais, cuja função principal seria facilitar o processo de socialização da criança e a sua integração à sociedade. 2.2. Atos de brincar no desenvolvimento infantil Brincar, segundo o dicionário Aurélio (2003), é "divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar", também pode ser "entreter-se com jogos 27 infantis", ou seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas, ou pelo menos deveria ser. Segundo Bonfim (2010), mesmo prevalecendo, em várias práticas, a concepção utilitarista do lúdico, muitos estudos relevantes para a área têm apontado que a ludicidade é fundamental para o desenvolvimento integral do educando, ofertando à criança condições de criar relações com os objetos, com o mundo e com as pessoas que o cercam. Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida. Assim, através do brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade. Antigamente a idade não era um critério de diferenciação, ou seja, as crianças faziam as mesmas tarefas dos adultos. Para Pontes (2012, p.50): “Quando a criança passa a ser tratada como alguém com características diferentes das do adulto, também não deixa de estar diretamente relacionada às aspirações dos adultos/pais que passam a vê-la como diversão”. Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira infantil assume uma posição privilegiada para a análise do processo de constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de que ela é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis. Ainda, o autor refere-se à brincadeira como uma maneira de expressão e apropriação do mundo das relações, das atividades e dos papéis dos adultos. A capacidade para imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos surge, nas 28 crianças, através do brincar. A criança por intermédio da brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes situações vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27, v.01): O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos. 29 Zanluchi (2005, p. 89) reafirma que “Quando brinca, a criança preparase a vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo físico e social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as coisas”. Assim, destacamos que quando a criança brinca, parece mais madura, pois entra, mesmo que de forma simbólica, no mundo adulto que cada vez se abre para que ela lide com as diversas situações. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 23 apud FANTACHOLI, 2011): Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Portanto, a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Nas situações em que a criança é estimulada, é possível observar que rompe com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento. CAPITULO III 30 BRINQUEDOTECA No capitulo III apresenta a brinquedoteca tem como proposta o brinquedo, o objeto, sua necessidade é de ampliar e preservar as possibilidades de vivência do lúdico. É um espaço alegre, colorido, diferente, onde crianças e jovens soltam a sua imaginação, sem medo de serem punidas e cobradas. Podemos dizer que é uma oficina de criação lúdica, onde crianças e jovens experimentam, conhecem, exploram e manipulam diversos brinquedos, construindo assim seu próprio conhecimento, desenvolvendo autonomia, criatividade e liberando suas fantasias. Na escola é possível planejar os espaços de jogo. Na sala de aula, o espaço de trabalho pode ser transformado em espaço de jogo, podem ser desenvolvidas atividades aproveitando mesas, cadeiras, divisórias etc. como recursos. Fora da sala, sobretudo no pátio, a brincadeira “corre solta” e a atividade física predomina. A brinquedoteca é um espaço para brincar e, por isso, independentemente do nível escolar, esse será sempre seu maior objetivo. É importante valorizar a ação da criança que brinca, e para isso, é necessário que haja profissionais conscientes para interagirem e organizarem o espaço de modo que favoreça a essa ação (TEIXEIRA, 2011, p.76). Como alternativa, ainda, de espaços lúdicos, além dos parques e praças (escassos nas grandes cidades), surgiram desde o começo da década de 80 as chamadas brinquedotecas ou ludo tecas. São espaços públicos e/ou privados que funcionam como bibliotecas de brinquedos, organizados de forma que as crianças possam desenvolver criativamente suas atividades lúdicas. Em creches, escolas e universidades há brinquedotecas com fins especificamente educacionais. Outras brinquedotecas têm fins terapêuticos e funcionam em clínicas e hospitais. A implantação de espaços lúdicos em hospitais pediátricos permite 31 um trabalho complementar de comprovada importância para apoio psicológico às crianças internadas. Algumas empresas, sobretudo os fabricantes de brinquedos, mantêm brinquedotecas, que, além de atender à comunidade, destinam-se à pesquisa de brinquedos. Finalmente, há brinquedotecas com fins basicamente sociais. Entre seus objetivos, está oferecer, além da rua e do reduzido espaço das casas, uma oportunidade diferente para a criança brincar; ao mesmo tempo, a criança tem oportunidade de se desenvolver, interagir com outras crianças e adultos e ter acesso a brinquedos raros para elas. Cunha (2007) destaca que o primeiro contato da criança com a brinquedoteca tem a finalidade de satisfazer sua curiosidade, precisa explorar livremente todo o espaço. Nas próximas visitas saberá escolher os espaços que mais lhe agrada. Todavia, os diferentes tipos de brinquedotecas indicam diferentes formas de funcionamento: a clientela vai só para brincar e outro para escolher brinquedos para levar para casa, aconselha-se que a mesma torne-se sócia. Esse formato possibilita melhor controle de empréstimo, assim como, cria um vínculo maior com a mesma. Na brinquedoteca, as atividades desenvolvidas podem ser as mais variadas; a criança pode brincar sozinha ou participar de jogos com outros companheiros; o importante é que sejam criadas muitas opções para que os frequentadores tenham sempre novidades, como afirma (CUNHA, 2007, p. 63). Para o autor, o importante na brinquedoteca é que nenhuma criança deve ser obrigada a realizar atividades se não quiser, pode inclusive ficar parada, seu direito deverá ser respeitado. A escolha do brinquedo deve sempre partir das crianças, pois as razões que as levam a essa escolha são muitas: as emoções, experiências vividas, restrições entre outros. Neste momento são manifestados através de um impulso aparentemente sem explicação, e que nenhuma outra proposta sugerida naquele momento atenderia suas necessidades. 32 Quando ocorre a interferência do adulto na atividade da criança, esta pode deixar de ter o sentido de prazer, descoberta de novas formas, melhores resultados, passando a ser vista como tarefa tal qual tarefa como ocorre nas escolas. O autor lembra que é importante que a brinquedoteca tenha um espaço para os adultos que ficam a espera, ou que trabalhem, pois com a circulação dos mesmos, podem atrapalhar a liberdade das crianças enquanto brincam. Enfim, o que caracteriza a brinquedoteca é o espaço para brincar e a oportunidade de desenvolver atividades de forma lúdica, divertida e prazerosa. CAPITULO IV A Psicopedagogia e sua prática Para a conclusão desta pesquisa, o capitulo IV apresenta a psicopedagogia e sua pratica. A Psicopedagogia faz parte deste movimento atual, "pós-moderno", de busca pela compreensão global e integradora. Procura abarcar as várias dimensões da situação de aprendizagem, estudadas pelas diferentes ciências (Psicologia, Pedagogia, Sociologia, Antropologia, 33 Linguística, Neurologia, Filosofia, História, etc.), para formular e reformular seu corpo teórico e seu campo de atuação. Ao integrar as contribuições teóricas advindas dos vários campos das ciências em torno do processo de aprendizagem humana, a Psicopedagogia "cria" uma forma peculiar de olhar este processo, que se reveste de uma preocupação em resgatar o jogo dinâmico e complexo de aspectos envolvidos na aprendizagem. A partir do momento em que busca construir uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem, o olhar psicopedagógico pode sustentar, tanto no âmbito teórico como prático, reflexões sobre vários aspectos: 1) Quem são os seres que se encontram na situação de aprendizagem? Como se constituem? Como se desenvolvem? 2) Como se dá o processo ensino-aprendizagem? Como se aprende? Como se ensina? 3) Como é este encontro? O que ocorre nas relações que se estabelecem entre aquele que ensina aquele que aprende e o objeto de conhecimento? 4) Que objeto do conhecimento é este? Em que bases se constituem? 5) Quais são e onde estão localizados os fatores que levam às dificuldades de aprendizagem e/ou ao fracasso escolar? O que é "normal" e o que é "patológico" no processo de aprendizagem? 6) Qual é o papel do psicopedagogo e qual é a especificidade de sua intervenção? As construções teóricas da Psicopedagogia, ancoradas na noção de complexidade, oferecem sustentação para o planejamento e a concretização de práticas pedagógicas que objetivem a (re) integração das cisões (nas pessoas, no conhecimento, na aprendizagem...) e o resgate das diversas facetas do humano que haviam ficado do lado de fora da Escola: a afetividade, o corpo, as artes, o lúdico, a criatividade... Em consonância com o paradigma adotado, acredito que o aprender é um processo eterno e inacabado não só no aluno, mas também no professor. Na sua prática, o professor possui uma coisa que é única: a sua experiência. O professor pode e deve ser um pesquisador de sua própria ação, um profissional que faz e que reflete e teoriza sobre o seu fazer. Pensar o conhecimento como multifacetado (ao invés de "Verdades Absolutas") liberta o professor para construir conhecimentos, integrando a sua 34 prática aos suportes teóricos que lhe ajudem como diria Morin, a "explicá-la" e a "compreendê-la". O professor, na visão pós-moderna, não é simplesmente um técnico transmissor de informações, mas é um educador-mediador que cultiva a criação e a transformação dos saberes – nos alunos e em si mesmo. Isso implica na valorização de processos meta cognitivos, tanto dos educadores (em relação às suas teorias, seus planejamentos, suas ações, suas formas de avaliação) como dos alunos (posicionamento crítico em relação ao conhecimento, desenvolvimento de habilidades, aprender a aprender...). 4.1. Atuação do psicopedagogo na instituição escolar e sua intervenção no contexto familiar Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez mais preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem, não sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o processo considerado normal e não possuem uma política de intervenção capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem. Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem. Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógico visando à solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo. Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e 35 profissional implicam a configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar. A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que, se existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor. Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando necessário, para outros profissionais - psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, etc. que realizam diagnóstico especializado e exames complementares com o intuito de favorecer o desenvolvimento da potencialização humana no processo de aquisição do saber. Segundo Fermino (2001) as evidências sugerem que um grande número de alunos possui características que requerem atenção educacional diferenciada. Neste sentido, um trabalho psicopedagógico pode contribuir muito, auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuições de diversas áreas do conhecimento, redefinindo-as e sintetizando-as numa ação educativa. Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendiz. Além do já mencionado, o psicopedagogo está preparado para auxiliar os educadores realizando atendimentos pedagógicos individualizados, contribuindo para a compreensão de problemas na sala de aula, permitindo ao professor ver alternativas de ação e ver como as demais técnicas podem intervir, bem como participando do diagnóstico dos distúrbios de aprendizagem e do atendimento a um pequeno grupo de alunos. Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e enriquecedora, principalmente se os professores forem especialistas nas suas disciplinas. Não só a sua intervenção junto ao professor é positiva. Também o é a sua participação em reuniões de pais, esclarecendo 36 o desenvolvimento dos filhos; em conselhos de classe, avaliando o processo metodológico; na escola como um todo, acompanhando a relação professor e aluno, aluno e aluno, aluno que vem de outra escola, sugerindo atividades, buscando estratégias e apoio. Segundo Bossa (1994) cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança. O estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem. Para isso, deve analisar o Projeto Político-Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado como aprendizagem. Desta forma, o fazer psicopedagógico se transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxílio de aprendizagem. O conhecimento e o aprendizado não são adquiridos somente na escola, mas também são construídos pela criança em contato com o social, dentro da família e no mundo que a cerca. A família é o primeiro vínculo da criança e é responsável por grande parte da sua educação e da sua aprendizagem. É por meio dessa aprendizagem que a criança é inserida no mundo cultural, simbólico e começa a construir seus conhecimentos, seus saberes. Contudo, na realidade, o que temos observado é que as famílias estão perdidas, não estão sabendo lidar com situações novas: pais trabalhando fora o dia inteiro, pais desempregados, brigas, drogas, pais analfabetos, pais 37 separados e mães solteiras. Essas famílias acabam transferindo suas responsabilidades para a escola, sendo que, em decorrência disso, presenciamos gerações cada vez mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funções para suprir essas necessidades. A escola, como observa IGEA (2005) veio ocupar uma das funções clássicas da família que é a socialização: A escola se converteu na principal instituição socializadora, no único lugar em que os meninos e as meninas têm a possibilidade de interagir com iguais e onde se devem submeter continuamente a uma norma de convivência coletiva. Considerando o exposto, cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma entrevista e de uma anamnese com essa família para tomar conhecimento de informações sobre a sua vida orgânica, cognitiva, emocional e social. O que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de grande importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico. Vale lembrar o que diz Bossa (1994) sobre o diagnóstico: O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revezável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia, segundo vimos afirmando, numa atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar que esta atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo de observação ou acompanhamento da evolução do sujeito. Souza (1995) diz que fatores da vida psíquica da criança podem atrapalhar o bom desenvolvimento dos processos cognitivos, e sua relação com a aquisição de conhecimentos e com a família, na medida em que atitudes parentais influenciam sobremaneira a relação da criança com o conhecimento. Para Polity (2009) uma criança pode desistir da escola porque aceita uma responsabilidade emocional, encarregando-se do cuidado de algum membro da família. Isso se produz, em resposta à depressão da mãe e da falta 38 de disponibilidade emocional do pai que, de maneira inconsciente, ratifica a necessidade que tem a esposa, que seu filho a cuide. A intervenção psicopedagógico também se propõe a incluir os pais no processo, por intermédio de reuniões, possibilitando o acompanhamento do trabalho realizado junto aos professores. CONCLUSÃO Resume-se então, através deste trabalho que as atividades lúdicas são uma mídia privilegiada para a aplicação de uma educação que vise o desenvolvimento pessoal e a cooperação. Apoiada sempre na qualidade do suporte de como planejar, preparar e dirigir atividades lúdicas exitosas, e também na qualidade da mensagem, procurando transmitir para as crianças um conteúdo educacional adequado e desejável. Podendo assim, entrelaçar suporte e mensagem, de forma a produzir um veículo adequado à formação de cidadãos plenos, autoconfiantes, éticos e construtivos. Brincar e jogar são coisas simples na vida das crianças. O jogo, o brincar e o brinquedo desempenham um papel fundamentalmente na aprendizagem, e negar o seu papel na escola é talvez renegar a nossa própria história de aprendizagem. O brincar existe na vida dos indivíduos, embora ao passar dos anos tenha diminuído o espaço físico e o tempo destinado ao jogo, 39 provocado pelo aparecimento de brinquedos cada vez mais sofisticados e pela influência da televisão. Com toda essa questão chegou-se a conclusão da necessidade de se retornar aos estudos dos jogos. É importante salientar nesse momento os benefícios que o jogo fornece à aprendizagem das crianças no que diz respeito ao desenvolvimento físico–motor envolvendo as características de sociabilidade, como trocas, as atitudes, reações e emoções que envolvem as crianças e os objetivos utilizados. Apesar de tantas teorias defenderem uma aprendizagem por meio dos jogos e dos movimentos espontâneos da criança, elas estão longe de usufruir de uma pedagogia fundamentada na ludicidade, criatividade e na expressividade livre dos atos. Para que isso ocorra de maneira proveitosa torna-se necessário aperfeiçoar e instruir professores, sendo que a utilização dos jogos de forma errônea é o principal ponto negativo deste recurso, por isso, é necessário salientar que o sucesso pedagógico de qualquer trabalho vai depender da postura do professor durante as atividades didático–pedagógicas, propondo uma pedagogia baseada na interação coletiva, na criatividade, na ludicidade envolvendo todo o contexto escolar. O jogo implica para a criança mais que o simples ato de jogar, é através dos jogos que ela se expressa e consequentemente se comunica com o mundo; ao jogar a criança aprende e investiga o mundo que a cerca, toda e qualquer atividade lúdica deve ser respeitada. O papel do professor durante o processo didático-pedagógico é provocar participação coletiva e desafiar o aluno a buscar soluções. Através do jogo que se pode despertar na criança um espírito de companheirismo, cooperação e autonomia. A criança precisa interagir de forma coletiva, ou seja, precisa apresentar seu ponto de vista, discordar, apresentar suas soluções é necessário também criar ambiente propício e incentivar as crianças a terem pensamento crítico e participativo, fazendo parte das decisões do grupo. Os jogos, segundo Piaget, tornam-se mais significativos à medida que a criança se desenvolve, pois, a partir da livre manipulação de materiais variados, ela passa a reconstruir objetos e reinventar as coisas, o que exige 40 uma adaptação mais completa. Essa adaptação deve ser realizada ao longo da infância e consiste numa síntese progressiva da assimilação com a acomodação. Em relação ao jogo, a criança passa por diversas etapas, sendo que cada uma delas possui esquemas específicos para assimilação do meio. O jogo representa sempre uma situação-problema a ser resolvida pela criança, e a solução deve ser construída pela mesma, sendo, portanto, uma boa proposta o jogo na sala de aula, pois propicia a relação entre parceiros e grupos, e nestas relações, podemos observar a diversidade de comportamento das crianças para construir estratégias para a vitória, e as relações diante das derrotas. Diante da pesquisa e do embasamento teórico utilizado, pode-se concluir que o jogo é uma ferramenta de trabalho muito proveitosa para o educador, pois através dele o professor pode introduzir os conteúdos de forma diferenciada e bastante ativa. Com um simples jogo o professor poderá proporcionar apreensão de conteúdos de maneira agradável e o aluno nem perceberá que está aprendendo. 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e a aprendizagem escolar. 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O brincar e o criar: as relações entre atividade lúdica, desenvolvimento da criatividade e Educação. Londrina: O autor, 2005. 45 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I O LÚDICO 10 46 1.1 – O lúdico e sua linguagem 13 1.2 – O processo ensino aprendizagem no desenvolvimento do lúdico 14 CAPITULO II O BRINQUEDO 20 2.1 - O universo de brincar 22 2.2 - Atos de brincar no desenvolvimento infantil 27 CAPÍTULO III BRINQUEDOTECA 30 CAPITULO IV A PSICOPEDAGIA E SUA PRATICA 33 4.1 - Atuação do psicopedagogo na instituição escolar e sua intervenção no contexto familiar 34 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42 ÍNDICE 46