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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
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AVM FACULDADE INTEGRADA
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A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICO NO LÚDICO: JOGOS,
EN
BRINQUEDO E BRINCADEIRAS NA CONSTRUÇÃO DO
DO
CU
M
PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Patrícia Maria dos Santos Ormond
Orientador
Prof. Narcisa Melo
Rio de Janeiro
2013
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICO NO LÚDICO: JOGOS,
BRINQUEDO E BRINCADEIRAS NA CONSTRUÇÃO DO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau
de
especialista
em
Pós-Graduação
Psicopedagogia
Por: Patrícia Maria dos Santos Ormond
em
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha irmã Maristela,
que me deu força para continuar.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, o autor da
minha vida, aos meus pais José e Josefa
dos
Santos,
ao
meu
marido
Ormond e meu filho Levi Ormond
Fábio
5
RESUMO
O trabalho desenvolvido tem como intuito análise de como as
atividades lúdicas favorece o processo ensino aprendizagem na construção do
conhecimento das crianças na educação infantil e também a contribuição de
tais estratégias à prática educativa.
Pode-se observar que o lúdico faz parte da vida do educando e pode
ser subsídio de aprendizagem, favorecendo, dessa forma, o seu desempenho
escolar e seu desenvolvimento cognitivo. Assim, a atitude lúdica deve ser
encarada como algo sério, pois ao brincar a criança adquire experiência,
conceitos, valores e desenvolve-se. Jogos, brincadeiras e brinquedos fazem
parte do ato de educar e facilitam a aprendizagem.
Pode-se investigar a importância do uso do lúdico na intervenção
psicopedagógico, possibilitando ao psicopedagogo desenvolver seu trabalho
de maneira eficiente e eficaz, contribuindo, assim para melhorar a qualidade do
ensino, e de aprendizagem das crianças, quer sua atuação seja, clínica ou
institucional. A utilização do lúdico foi uma estratégia a mais, para a
aprendizagem
trouxe
benefícios
ao
educando,
quanto
para
os
psicopedagogos, que poderão se utilizar desse recurso para atingirem seus
objetivos.
Acreditou-se que o uso do lúdico na ação pedagógica e
psicopedagógico
foi
uma
forma
de
atender
o
desenvolvimento
da
aprendizagem da criança analisada de forma saudável e motivadora para o
seu desenvolvimento global.
Palavras-chave: Lúdico, Ensino Aprendizagem e Processo Educativo.
6
METODOLOGIA
Objetivando identificar as variadas formas de inserção dos jogos
lúdicos como recurso pedagógico para a aprendizagem na Educação Infantil
(EI), realizei uma pesquisa empírica exploratória e usei como referências
teóricas alguns trabalhos.
O estudo bibliográfico centrar-se-á nas contribuições teóricas dos
seguintes autores; Vygotsky, Novaes e O Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil. .
Usei também os dados que foram obtidos através de documentação
direta, na forma de observação intensiva.
A pesquisa se deu durante o segundo bimestre do ano letivo de 2013,
em uma instituição de ensino do município.
Os grupos a serem pesquisados estão compreendidos entre o corpo
docente e o corpo discente.
Foram pesquisados: A professora regente da turma do Jardim I que
hoje se vê envolvida na utilização do lúdico como meio de uma aprendizagem
agradável
Os dados obtidos ao longo da pesquisa foram analisados a luz da
teoria investigativa, numa perspectiva didático-metodológica.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I - O LÚDICO
10
1.1.
O Lúdico e sua linguagem
13
1.2.
O Processo ensino aprendizagem no desenvolvimento do lúdico 14
CAPÍTULO II - O BRINQUEDO
20
2.1. O universo de brincar
22
2.2. Atos de brincar no desenvolvimento infantil
27
CAPÍTULO III – BRINQUEDOTECA
30
CAPITULO IV – A PSICOPEDAGOGIA E SUA PRATICA
33
4.1. Atuação do psicopedagogo na instituição escolar e sua intervenção no
contexto familiar
34
CONCLUSÃO
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
42
ÍNDICE
46
8
INTRODUÇÃO
É de extrema importância a brincadeira para o desenvolvimento
psicológico, social e cognitivo da criança, pois é através dela que a criança
consegue expressar seus sentimentos em relação ao mundo social.
As atividades lúdicas preparam a criança para o desempenho de
papéis sociais, para a compreensão do funcionamento do mundo, para
demonstrar e vivenciar emoções.
Quanto mais a criança brinca, mais ela se desenvolve sob os mais
variados aspectos, desde os afetivo-emocionais, motor, cognitivo, até o
corporal. É através da brincadeira que a criança vive e reconhece a sua
realidade.
Podemos dizer que a brincadeira não é apenas uma dinâmica interna
da criança, mas uma atividade dotada de um significado social que necessita
de aprendizagem.
Tudo gira em torno da cultura lúdica, pois a brincadeira torna-se
possível quando apodera elementos da cultura para internalizá-los e criar uma
situação imaginária de reprodução da realidade. É através da brincadeira que a
criança consegue adquirir conhecimento, superar limitações e desenvolver-se
com indivíduo.
Com imaginação, apresentação, simulação, as atividades com jogos
são considerados como estratégia didática, facilitadora da aprendizagem,
quando as situações são planejadas e orientadas por profissionais ou adultos,
visando aprender, isto é, proporcionar à criança a construção de algum tipo de
conhecimento, alguma relação ou desenvolvimento de alguma habilidade.
O lúdico enquanto recurso pedagógico na aprendizagem deve ser
encarado de forma séria, competente e responsável. Usado de maneira
correta, poderá oportunizar ao educador e ao educando, importantes
momentos de aprendizagens em múltiplos aspectos.
Considerando-se
sua
importância
na
aprendizagem,
o
lúdico
favorecerá de forma eficaz o pleno desenvolvimento das potencialidades
criativas das crianças, cabendo ao educador, intervir de forma adequada, sem
tolher a criatividade da criança. Respeitando o desenvolvimento do processo
9
lúdico, o educador poderá desenvolver novas habilidades no repertório da
aprendizagem infantil.
A contribuição desse trabalho está pautada de que a partir de
ferramentas e recursos adequados, ou seja, conhecendo as propriedades da
atividade lúdica, podemos como psicopedagogos promover o estímulo
adequado e um ambiente propício para que cada criança em sua
individualidade desenvolva da melhor maneira possível suas qualidades e
características.
CAPÍTULO I
10
O LÚDICO
O capitulo apresentado, nos traz a importância do uso do lúdico na
intervenção psicopedagógico, possibilitando ao psicopedagogo desenvolver
seu trabalho de maneira eficiente e eficaz, contribuindo, assim para melhorar a
qualidade do ensino, e de aprendizagem das crianças, quer sua atuação seja,
clínica ou institucional. A utilização do lúdico foi uma estratégia a mais, para a
aprendizagem
trouxe
benefícios
ao
educando,
quanto
para
os
psicopedagogos, que poderão se utilizar desse recurso para atingirem seus
objetivos.
Acreditou-se
psicopedagógico
foi
que
o
uma
uso
do
lúdico
forma
de
atender
na
o
ação
pedagógica
desenvolvimento
e
da
aprendizagem da criança analisada de forma saudável e motivadora para o
seu desenvolvimento global. Seja nos aspectos afetivo, social, motor e
cognitivo, pode-se buscar uma reflexão sobre sua forma de aprender na
intervenção psicopedagógico e o lúdico foi o suporte significativo de
aprendizagem.
O lúdico assume aqui várias interpretações apresentada em estudos e
teorias que abordaram os diversos conceitos no desenvolvimento cognitivo e
social da aprendizagem das crianças.
Assim, é importante e necessário considerar o lúdico como um recurso
metodológico
a
mais,
para
o
ensino-aprendizagem
e
diagnóstico
psicopedagógico.
Definir o lúdico hoje, principalmente no contexto da educação infantil,
não tem sido uma tarefa fácil, tendo em vista que várias são as abordagens e
estudos sobre o tema.
Assim, existe uma história do brinquedo, uma sociologia do brinquedo,
um estudo folclórico do brinquedo, um estudo psicológico do brinquedo entre
outros que são de grande relevância para compreender o papel e o uso das
atividades lúdicas na vida humana. O aprendizado acontece de maneira
continuada e progressiva e requer ferramentas que possibilitem seu
desenvolvimento, sabendo-se que a criança precisa de tempo para brincar. As
aulas muitas vezes, tornam-se meras repetições de exercícios educativos,
11
ficando a aula monótona e como consequência vazia, procura-se a solução
com a utilização dos jogos para despertar na criança o interesse pela
descoberta de maneira prazerosa e com responsabilidade.
Vivemos uma época em que a tecnologia avança aceleradamente
inclusive na educação, mas as atividades lúdicas não podem ser esquecidas
no cotidiano escolar; porque a alternativa de trabalhar de maneira lúdica em
sala de aula é muito atraente e educativa.
O trabalho do psicopedagogo, ‘transformou’ o lúdico, deixando
de ser apenas um jogo, tornando- o uma atividade que faz
parte na vida dos seres humanos, onde a atividade lúdica
envolve não somente o resultado da ação final, mais o
momento vivenciado e observado pelo psicopedagogo para
futuras intervenções (MEYER, 2007, p. 1).
Percebemos desse modo que brincando a criança aprende com muito
mais prazer, destacando que o brinquedo, é o caminho pelo quais as crianças
compreendem o mundo em que vivem e são chamadas a mudar. É a
oportunidade de desenvolvimento, pois brincando a criança experimenta,
descobre, inventa, exercita, vivendo assim uma experiência que enriquece sua
sociabilidade e a capacidade de se tornar um ser humano criativo.
Para VIGOTSKY:
“As
crianças
formam
estruturas
mentais
pelo uso de
instrumentos e sinais. A brincadeira, a criação de situações
imaginárias surge da tensão do individuo e a sociedade. O
lúdico liberta a criança das amarras da realidade”. (1989, p.84)
12
E nessa perspectiva o lúdico se torna muito importante na escola,
porque pelo lúdico a criança faz ciência, pois trabalha com a imaginação e
produz uma forma complexa de compreensão e reformulação de sua
experiência cotidiana. Ao combinar informações e percepções da realidade
problematizada, tornando-se criadora e construtora de novos conhecimentos.
Segundo o Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil
(1998, v1. p.27) “as atividades lúdicas, através das brincadeiras favorecem a
auto-estima das crianças ajudando-as a superar progressivamente suas
aquisições de forma criativa”.
Assim
sendo
entendemos
que
o
lúdico
contribui
para
o
desenvolvimento da auto-estima o que favorece a auto-afirmação e valorização
pessoal.
E ainda, as brincadeiras, os jogos, os brinquedos podem e deve ser
objetos de crescimento, possibilitando à criança a exploração do mundo,
descobrir-se, entender-se e posicionar-se em relação a si e a sociedade de
forma lúdica e natural exercitando habilidades importantes na socialização e na
conduta psicomotora.
A partir dessas definições constatamos que o lúdico está relacionado a
tudo o que possa nos dar alegria e prazer, desenvolvendo a criatividade, a
imaginação e a curiosidade, desafiando a criança a buscar solução para
problemas com renovada motivação.
Ressaltando que segundo NOVAES (1992, p.28) “O ensino, absorvido
de maneira lúdica, passa adquirir um aspecto significativo e efetivo no curso de
desenvolvimento da inteligência da criança”.
Desse modo, brincando a criança vai construindo e compreendendo o
mundo ao seu redor.
Lembrando que as atividades lúdicas são de grande valia para o
educador que souber se utilizar apropriadamente dessas atividades, sendo que
o aluno será o maior beneficiado.
13
1.1. O lúdico e sua linguagem
A literatura especialista no tema não registra concordância quanto a
um conceito comum para o lúdico na educação. Porém, alguns autores
relacionam o lúdico ao jogo e estudam profundamente sua importância na
educação.
Huizinga (1990) foi um dos autores que mais se aprofundou no
assunto, estudando o jogo em diferentes culturas e línguas.
Estudou sua s
aplicações na língua grega, chinês, japonês, latim, entre outras.
O mesmo autor (1990) propõe uma definição para o jogo que abrange
tanto as manifestações competitivas como as demais.
O jogo é uma atividade de ocupação voluntaria, exercida dentro de
certos e determinados limites de tempo e espaço, seguindo regras livremente
consentidas, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si mesmo,
acompanhado de um sentimento de tensão, de alegria e de uma consciência
de ser diferente da vida cotidiana.
Segundo Piaget (1975) e Winnicott (1975), conceitos como jogo,
brinquedo e brincadeira são formados ao longo de nossa vivência. É a forma
que cada um utiliza para nomear a sua brincar. No entanto, tanto a palavra
jogo quanto a palavra brincadeira podem ser sinônimo de divertimento.
Vejamos como esses termos são definidos no dicionário Larousse
(1982):
Jogo – ação de jogar;
Brinquedo – objeto destinado a divertir uma criança, suporte da
brincadeira;
Brincadeira – ação de brincar, divertimento.
Neste artigo, as palavras jogo, brincadeira, brinquedo e lúdico se
apresentam num sentido mais amplo.
Conforme Cruz (2011, p.1):
[...] o jogo como estratégia didática, facilitadora da aprendizagem,
quando as situações são planejadas e orientadas [...], visando ao
aprender, isto é, a de proporcionar à criança a construção de algum
tipo de conhecimento, alguma relação ou o desenvolvimento de
alguma habilidade.
14
Por isso, a necessidade de definir esses termos: Brincadeira
basicamente se refere à ação de brincar, ao acompanhamento espontâneo
que resulta de uma atividade não estruturada; Jogo é compreendido como
brincadeira que envolve regras; Brinquedo é utilizado para designar o sentido
de objeto de brincar; já atividade Lúdica abrange, de forma mais ampla, os
conceitos anteriores.
1.2.
O processo ensino aprendizagem no desenvolvimento do
lúdico
Se o objetivo é formar professores que vão educar crianças de 3 a 5
anos, em escolas temos que questionar como crianças dessas faixas etárias
aprendem se desenvolve e se socializam.
Difundir os conhecimentos existentes sobre ambientes e programas de tempo
livre entre os profissionais de planejamento e políticos.
Tomar medidas para permitir que as crianças se movimentem em segurança
na comunidade, favorecendo um melhor ordenamento do tráfego e uma
melhoria dos transportes públicos.
Aumentar a consciência da grande vulnerabilidade das crianças que
vivem em favelas, apartamentos e espaços deteriorados.
Encorajar cada vez maior número de pessoas de diversas formações e
níveis etários a ocuparem-se das crianças.
Encorajar o uso e a conservação de jogos tradicionais.
Por termo à exploração das brincadeiras infantis através da
manipulação da publicidade, acabar com a produção e a venda de brinquedos
de guerra de jogos violentos de destruição.
Proporcionar a todas as crianças bons materiais lúdicos, sobretudo
para as que têm necessidades especiais, através da pesquisa e cooperação
com serviços da comunidade como grupos de animação para crianças em
15
idade pré-escolar, bibliotecas e veículos de animação itinerantes de
brinquedos.
São
pelo contato com brinquedos e materiais concretos ou
pedagógicos que se estimulam às primeiras conversas, as trocas de ideias, os
contatos com parceiros, o imaginário infantil, a exploração e a descoberta de
relações. Portanto, estudar o brinquedo e o material pedagógico é essencial
para a formação docente.
Estudar a convivência da criança, através da metodologia lúdica
torna- se possível relaciona- lá com o mundo em que vive,
completando a formação da personalidade, onde o mesmo formará
opiniões, realizações lógicas e a socialização, que se faz necessária
para o aprendizado (MAURICIO, 2011, p. 13).
Partindo do pressuposto de que é brincando que a criança ordena o
mundo a sua volta, assimilando experiências e informações, interessei-me
pelas atividades lúdicas e seus valores, também sua aplicação na área
educacional.
Como afirma Freitas (2009, p. 1):
[...]
jogar
e
aprender
caminha
paralelamente
na
Psicopedagogia e, possibilitando, através da hora lúdica ou
hora do jogo, observar prazeres, frustrações, desejos, enfim,
podemos trabalhar com o erro e articular a construção do
conhecimento.
Portanto, acredita-se que é através do uso dos jogos que poderemos
introduzir os educandos e estimular e seu desenvolvimento lógico, definido,
fazendo relações, concluindo e concretizando de forma agradável e
interessante.
“[...] o jogo traz oportunidade para o preenchimento de
necessidades irrealizáveis e também a possibilidade para
exercitar-se no domínio do simbolismo”. Vygotsky (1994, p.56).
16
A razão fundamental prende-se com a atualidade da teoria do
desenvolvimento cognitivo de Vygotsky (1994, p.58), autor que tem sido
bastante referido nos cursos e disciplinas de Educação, focando-se, no
entanto, essencialmente os aspectos da sua teoria que se centram no
desenvolvimento e na aprendizagem da criança em idade escolar.
Para compreender a importância que Vygotsky atribui ao jogo em
relação à criança precisamos esclarecer ideias a propósito da sua teoria de
que o desenvolvimento cognitivo resulta na interação entre a criança e as
pessoas com quem mantém contatos regulares.
O conceito central da teoria de Vygotsky é o de Zona de
Desenvolvimento Proximal, e o autor define como a discrepância entre o
desenvolvimento atual da criança e o nível que atinge quando resolve
problemas com auxílio. Partindo deste pressuposto considera-se que todas as
crianças podem fazer mais do que o conseguiriam fazer por si sós.
“No desenvolvimento a imitação e o ensino desempenham um
papel de primeira importância. Põem em evidência as
qualidades especificamente humanas do cérebro e conduzem
a criança a atingir novos níveis de desenvolvimento. A criança
fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz de fazer em
cooperação. Por conseguinte, o único tipo correto de
pedagogia é aquele que segue em avanço relativamente ao
desenvolvimento e o guia; deve ter por objetivo não as funções
maduras,
mas
as
funções
(VYGOTSKY, 1979, p. 138).
em
vias
de
maturação”
17
Muitos dos escritos de Vygotsky que apresentam o conceito de Zona
do Desenvolvimento Proximal fazem referência à criança em idade escolar, no
entanto isto não significa que o autor considere que este conceito seja apenas
aplicável em idade escolar e em consequência do papel exercido pelas
aprendizagens formais. O autor realça igualmente o papel do jogo da criança
na medida em que este possibilita a criação de uma Zona de Desenvolvimento
Proximal.
Baquero sintetiza em três pontos fundamentais o que há de comum
entre a atividade de jogo e as situações escolares de aprendizagem: a
presença de uma situação ou cenário imaginário; a presença de regras de
comportamento; a definição social da situação. Porém, o autor esclarece que
Vygotsky (1979) distingue no jogo a sua amplitude.
“Ainda que se possa comparar a relação brincadeiradesenvolvimento
à
relação
instrução-desenvolvimento,
a
brincadeira proporciona um campo muito mais amplo para as
mudanças quanto a necessidades e consciência” (VYGOTSKY
in BAQUERO, 1998, p. 103).
Não é o caráter espontâneo do jogo que o torna uma atividade de
vanguarda no desenvolvimento da criança, mas sim o duplo jogo que existe
entre exercitar no plano imaginativo capacidades de planejar, imaginar
situações, representar papéis e situações quotidianas; e o caráter social das
situações lúdicas, os seus conteúdos, e a regra inerente á situação.
A ludicidade faz a criança criar uma situação ilusória e imaginária,
como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. A criança brinca pela
necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não
apenas ao universo dos objetos a que ela tem acesso. No brinquedo é como
se ela fosse maior do que é na realidade.
“Mesmo
havendo
uma
significativa
distância
entre
o
comportamento na vida real e o comportamento no brinquedo,
a atuação no mundo imaginário e o estabelecimento de regras
a serem seguidas criam uma zona de desenvolvimento
18
proximal, na medida em que impulsionam conceitos e
processos em desenvolvimento”. (VYGOTSKY, 1991, p.74.)
Em síntese, a regra e a situação imaginária caracterizam o conceito de
jogo infantil em Vygotsky (1991): “Tal como a situação imaginária tem de ter
regras de comportamento também todo o jogo com regras contém uma
situação imaginária” (VYGOTSKY, 1991, p.36).
Como afirma Palangana (1994), as concepções de Vygotsky e Piaget
quanto ao papel do jogo no desenvolvimento cognitivo diferem radicalmente.
Para Piaget (1975) no jogo prepondera a assimilação, ou seja, a criança
assimila no jogo o que percebe da realidade às estruturas que já construiu e
neste sentido o jogo não é determinante nas modificações das estruturas. Para
Vygotsky o jogo proporciona alteração das estruturas.
Por último importa referir que existe outra ideia fundamental em
Vygotsky (1979) relativamente ao jogo que se relaciona com o papel que o
autor atribui à imaginação, um dos pontos em que, em nossa opinião, a
discrepância entre o autor e Piaget mais se acentua. Haverá dois tipos
fundamentais de conduta humana que constituem a plasticidade do nosso
cérebro: atividade reprodutora, em estreita relação com a memória; atividade
criadora e combinatória, em estreita relação com a imaginação.
Ora, a relação entre o jogo e o desenvolvimento cognitivo na criança
deve também procurar se na relação entre o jogo e a atividade combinatória do
cérebro, a essência da criatividade. Segundo Vygotsky (1979), uma das
questões mais importantes da psicologia e da pedagogia infantil diz respeito à
criatividade das crianças, o seu desenvolvimento e a importância do trabalho
criador para a evolução e maturação da criança.
Como este afirma, os processos de criação são observáveis, sobretudo
nos jogos da criança, porque no jogo a criança representa e produz muito mais
do que aquilo que viu.
“Todos conhecemos o grande papel que nos jogos da criança
desempenha a imitação, com muita frequência estes jogos são
apenas um eco do que as crianças viram e escutaram aos
19
adultos, não obstante estes elementos da sua experiência
anterior nunca se reproduzem no jogo de forma absolutamente
igual e como acontecem na realidade. O jogo da criança não é
uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação
criadora das impressões para a formação de uma nova
realidade que responda às exigências e inclinações da própria
criança” (VYGOTSKY, 1979, p. 12).
Esta ideia de transformação criadora é completamente diferente da
ideia de Piaget de assimilação do real ao eu. Tanto em Vygotsky como em
Piaget se fala numa transformação do real por exigência das necessidades da
criança, mas enquanto que em Piaget (1975) a imaginação da criança não é
mais do que atividade deformante da realidade, em Vygotsky a criança cria
(desenvolve o comportamento combinatório) a partir do que conhece das
oportunidades do meio e em função das suas necessidades e preferências.
CAPITULO II
20
O BRINQUEDO
Ressaltamos neste capitulo a importância do brincar para o
desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural,
afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os
pais, educadores e sociedade em geral sobre a ludicidade que deve estar
sendo vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma
aprendizagem prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de
aprendizagem, e ainda a importância desta ludicidade nas intervenções e
prevenções de problemas de aprendizagem na visão da psicopedagogia.
Neste contexto, o brincar na educação infantil proporciona a criança
estabelecer regras constituídas por si e em grupo, contribuindo na integração
do indivíduo na sociedade.
Deste modo, à criança estará resolvendo conflitos e hipóteses de
conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de
compreender pontos de vista diferentes, de fazer-se entender e de demonstrar
sua opinião em relação aos outros, e ainda e nesse ato que podemos
diagnosticar e prevenir futuros problemas de aprendizagem infantil. É
importante perceber e incentivar a capacidade criadora das crianças, pois esta
se constitui numa das formas de relacionamento e recriação do mundo, na
perspectiva da lógica infantil.
Com a utilização do lúdico, o psicopedagogo utilizará
metodologias
como o brincar,
representar teatralmente,
produzir textos, contar e recontar histórias, jogos com
objetivos, que levará o aprendiz a vencer desafios, construir
com erros e acertos, onde o psicopedagogo irá realizar
intervenções com o mesmo, tendo o propósito de instigar para
novas soluções (SANTOS, 2010, p. 1).
O brincar tem uma história, uma origem e desenvolvimento que
começa nas primeiras relações entre mãe e bebê, ressaltando, ainda, a
importância de ser visto reconhecido e respeitado na própria singularidade,
21
evoluindo do brincar sozinho para o brincar compartilhado, e deste para as
experiências culturais (KRAEMER, 2007).
A brincadeira pode até ser considerada uma atividade que não é
levada a sério por alguns adultos e até mesmo por alguns agentes educativos.
Como afirma Lacerda (2008, p.1): “[...] a palavra latina usada para
significar “passatempos” é a palavra “ludi”, que vem de “Lydi”, lídios, daí temos
hoje a palavra lúdico significando brinquedo, diversão, etc”.
O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e
intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais
remotos tempos. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o
pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para
ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um
mundo melhor.
Nesse sentido, Vygotsky (1998) ressalta que no brinquedo, a criança
cria uma situação imaginária, isto é, é por meio do brinquedo que essa criança
aprende a agir uma esfera cognitiva, é promove o seu próprio desenvolvimento
no decorrer de todo o processo educativo.
Dessa forma, o brinquedo, nas suas diversas formas, auxilia no
processo ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é,
no
desenvolvimento
da
motricidade
fina
e
ampla,
bem
como
no
desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a
interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, etc.
Segundo Piaget (1998, p.62), “o brinquedo não pode ser visto apenas
como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Através dele se processa a
construção de conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e
pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas,
estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvendo a noção de casualidade,
chegando à representação e, finalmente, à lógica. As crianças ficam mais
motivadas para usar a inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se para
superar obstáculos tanto cognitivos como emocionais. Nessa perspectiva, o
brinquedo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao
22
contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar
de extraordinária importância na educação escolar. Estimula o crescimento e o
desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a
iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra. Estimula a
observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que se vive. Através
do brinquedo a criança pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a
sua espontaneidade criativa.
Portanto, o brinquedo é um dos fatores mais importantes das
atividades da infância, pois a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar
para manter seu equilíbrio com o mundo. A importância da inserção e
utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é uma
realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser explorados só
para lazer, mas também como elementos bastante enriquecedores para
promover a aprendizagem. Através dos jogos e brincadeiras, o educando
encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem, melhorando o
seu relacionamento com o mundo. Assim, Campos (2011) destaca que os
professores precisam estar cientes de que a brincadeira é necessária e que
traz enormes contribuições para o desenvolvimento da habilidade de aprender
e pensar.
2.1. O universo de brincar
O ato de brincar acontece em determinados momentos do cotidiano
infantil, neste contexto, Oliveira (2000) aponta o ato de brincar, como sendo
um processo de humanização, no qual a criança aprende a conciliar a
brincadeira de forma efetiva, criando vínculos mais duradouros. Assim, as
crianças desenvolvem sua capacidade de raciocinar, de julgar, de argumentar,
de como chegar a um consenso, reconhecendo o quanto isto é importante para
dar início à atividade em si.
O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de
maneira que as brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida
da criança desde os mais funcionais até os de regras. Estes são elementos
elaborados que proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a
23
formação da sua identidade. Como podemos perceber, os brinquedos e as
brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Para uma
aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa o conhecimento, assimile
os conteúdos.
E o jogo é um excelente recurso para facilitar a aprendizagem, neste
sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma que:
(...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de
fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e
manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços
físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa
a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção
às atividades vivenciadas naquele instante.
Carvalho (1992, p.28) acrescenta, mais adiante:
(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um
aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da
inteligência da criança, já que ela se modifica de ato
puramente transmissor a ato transformador em ludicidade,
denotando-se, portanto em jogo.
As ações com o jogo devem ser criadas e recriadas, para que sejam
sempre uma nova descoberta e sempre se transformem em um novo jogo, em
uma nova forma de jogar. Quando a criança brinca, sem saber fornece várias
informações a seu respeito, no entanto, o brincar pode ser útil para estimular
seu desenvolvimento integral, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente
escolar.
É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a
ampliar o seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao outro. Por
meio da ludicidade a criança começa a expressar-se com maior facilidade,
ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo
liderados e compartilhando sua alegria de brincar. Em contrapartida, em um
ambiente sério e sem motivações, os educandos acabam evitando expressar
24
seus pensamentos e sentimentos e realizar qualquer outra atitude com medo
de serem constrangidos. Zanluchi (2005, p.91) afirma que “A criança brinca
daquilo que vive; extrai sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia.”, portanto, as
crianças, tendo a oportunidade de brincar, estarão mais preparadas
emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do contexto
social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar da sua vida.
Para Vygotsky, citado por Baquero (1998), a brincadeira, o jogo são
atividades específicas da infância, na quais a criança recria a realidade usando
sistemas simbólicos. É uma atividade com contexto cultural e social. O autor
relata sobre a zona de desenvolvimento proximal que é a distância entre o
nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver,
independentemente, um problema, e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através da resolução de um problema, sob a orientação de um
adulto, ou de um companheiro mais capaz.
Na visão de Vygotsky (1998) o jogo simbólico é como uma atividade
típica da infância e essencial ao desenvolvimento infantil, ocorrendo a partir da
aquisição da representação simbólica, impulsionada pela imitação. Desta
maneira, o jogo pode ser considerado uma atividade muito importante, pois
através dele a criança cria uma zona de desenvolvimento proximal, com
funções que ainda não amadureceram, mas que se encontra em processo de
maturação, ou seja, o que a criança irá alcançar em um futuro próximo.
Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia
de vida, é fácil concluir que o aprendizado da criança começa muito antes de
ela frequentar a escola. Todas as situações de aprendizado que são
interpretadas pelas crianças na escola já têm uma história prévia, isto é, a
criança já se deparou com algo relacionado do qual pode tirar experiências.
Vygotsky (1998, p. 137) ainda afirma “A essência do brinquedo é a
criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da
percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento e situações reais”.
Essas relações irão permear toda a atividade lúdica da criança, serão também
importantes indicadores do desenvolvimento da mesma, influenciando sua
forma de encarar o mundo e suas ações futuras.
25
Santos (2002, p. 90) relata que “(...) os jogos simbólicos, também
chamados brincadeira simbólica ou faz-de-conta, são jogos através dos quais a
criança expressa capacidade de representar dramaticamente.” Assim, a
criança experimenta diferentes papéis e funções sociais generalizadas a partir
da observação do mundo dos adultos. Neste brincar a criança age em um
mundo imaginário, regido por regras semelhantes ao mundo adulto real, sendo
a submissão às regras de comportamento e normas sociais a razão do prazer
que ela experimenta no brincar.
No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento
habitual, o mesmo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma
condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento.
A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação
que a afeta de imediato, passando a dirigir seu comportamento também por
meio do significado dessa situação, Vygotsky (1998, p.127) relata que “No
brinquedo, no entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A criança
vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim,
é
alcançada
uma
condição
em
que
a
criança
começa
a
agir
independentemente daquilo que vê.” No brincar, a criança consegue separar
pensamento, ou seja, significado de uma palavra de objetos, e a ação surge
das ideias, não das coisas.
Segundo Craidy & Kaercher (2001) Vygotsky relata novamente que
quando uma criança coloca várias cadeiras uma através da outra e diz que é
um trem, percebe-se que ela já é capaz de simbolizar, esta capacidade
representa um passo importante para o desenvolvimento do pensamento da
criança. Brincando, a criança exercita suas potencialidades e se desenvolve,
pois há todo um desafio, contido nas situações lúdicas, que provoca o
pensamento e leva as crianças a alcançarem níveis de desenvolvimento que
só às ações por motivações essenciais conseguem. Elas passam a agir e
esforça-se sem sentir cansaço, não ficam estressadas porque estão livres de
cobranças, avançam, ousam, descobrem, realizam com alegria, sentindo-se
mais capazes e, portanto, mais confiantes em si mesmas e predispostas a
aprender.
26
Conforme afirma Oliveira (2000, p. 19): O brincar, por ser uma
atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia
da criança e contribui para a não formação e até quebra de estruturas
defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não
apenas imita e se identifica com a figura materna, mas realmente vive
intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e
confiável.
Nesse caso, a brincadeira favorece o desenvolvimento individual da
criança, ajuda a internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos
mais avançados que aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seu
conhecimento sobre as dimensões da vida social.
Segundo Vygotsky, Luria & Leontiev (1998, p. 125) O brinquedo “(...) surge a
partir de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo mais
amplo dos adultos.”, entretanto, a ação passa a ser guiada pela maneira como
a criança observa os outros agirem ou de como lhe disseram, e assim por
diante. À medida que cresce, sustentada pelas imagens mentais que já se
formou, a criança utiliza-se do jogo simbólico para criar significados para
objetos e espaços.
Assim, seguindo este estudo os processos de desenvolvimento infantil
apontam que o brincar é um importante processo psicológico, fonte de
desenvolvimento e aprendizagem. De acordo com Vygotsky (1998), um dos
principais representantes dessa visão, o brincar é uma atividade humana
criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de
novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e/ou
adultos. Tal concepção se afasta da visão predominante da brincadeira como
atividade restrita à assimilação de códigos e papéis sociais e culturais, cuja
função principal seria facilitar o processo de socialização da criança e a sua
integração à sociedade.
2.2. Atos de brincar no desenvolvimento infantil
Brincar, segundo o dicionário Aurélio (2003), é "divertir-se, recrear-se,
entreter-se, distrair-se, folgar", também pode ser "entreter-se com jogos
27
infantis", ou seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas, ou pelo
menos deveria ser.
Segundo Bonfim (2010), mesmo prevalecendo, em várias práticas, a
concepção utilitarista do lúdico, muitos estudos relevantes para a área têm
apontado que a ludicidade é fundamental para o desenvolvimento integral do
educando, ofertando à criança condições de criar relações com os objetos,
com o mundo e com as pessoas que o cercam.
Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito
mais, caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança
tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o
desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem
durante toda sua vida. Assim, através do brincar a criança pode desenvolver
capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a
imaginação, ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da
personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e
criatividade.
Antigamente a idade não era um critério de diferenciação, ou seja, as
crianças faziam as mesmas tarefas dos adultos. Para Pontes (2012, p.50):
“Quando a criança passa a ser tratada como alguém com características
diferentes das do adulto, também não deixa de estar diretamente relacionada
às aspirações dos adultos/pais que passam a vê-la como diversão”.
Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da
psicologia histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas
relações com os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas,
que são mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a
brincadeira infantil assume uma posição privilegiada para a análise do
processo de constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de que
ela é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis. Ainda, o autor
refere-se à brincadeira como uma maneira de expressão e apropriação do
mundo das relações, das atividades e dos papéis dos adultos. A capacidade
para imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos surge, nas
28
crianças, através do brincar. A criança por intermédio da brincadeira, das
atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes situações
vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos, significados e
atitudes.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 27, v.01):
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o
papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros
papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de
maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações
cotidianas pelas ações e características do papel assumido,
utilizando-se de objetos substitutos.
29
Zanluchi (2005, p. 89) reafirma que “Quando brinca, a criança preparase a vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com
o mundo físico e social, bem como vai compreendendo como são e como
funcionam as coisas”.
Assim, destacamos que quando a criança brinca, parece mais madura,
pois entra, mesmo que de forma simbólica, no mundo adulto que cada vez se
abre para que ela lide com as diversas situações.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 23 apud FANTACHOLI, 2011):
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado,
brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e
que
possam
contribuir
para
o
desenvolvimento
das
capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar
com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e
confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais
amplos da realidade social e cultural.
Portanto, a brincadeira é de fundamental importância para o
desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode transformar e
produzir novos significados. Nas situações em que a criança é estimulada, é
possível observar que rompe com a relação de subordinação ao objeto,
atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa seu caráter ativo, no curso
de seu próprio desenvolvimento.
CAPITULO III
30
BRINQUEDOTECA
No capitulo III apresenta a brinquedoteca tem como proposta o
brinquedo, o objeto, sua necessidade é de ampliar e preservar as
possibilidades de vivência do lúdico.
É um espaço alegre, colorido, diferente, onde crianças e jovens soltam
a sua imaginação, sem medo de serem punidas e cobradas.
Podemos dizer que é uma oficina de criação lúdica, onde crianças e
jovens experimentam, conhecem, exploram e manipulam diversos brinquedos,
construindo assim seu próprio conhecimento, desenvolvendo autonomia,
criatividade e liberando suas fantasias.
Na escola é possível planejar os espaços de jogo. Na sala de aula, o
espaço de trabalho pode ser transformado em espaço de jogo, podem ser
desenvolvidas atividades aproveitando mesas, cadeiras, divisórias etc. como
recursos. Fora da sala, sobretudo no pátio, a brincadeira “corre solta” e a
atividade física predomina.
A brinquedoteca é um espaço para brincar e, por isso,
independentemente do nível escolar, esse será sempre seu
maior objetivo. É importante valorizar a ação da criança que
brinca, e para isso, é necessário que haja profissionais
conscientes para interagirem e organizarem o espaço de modo
que favoreça a essa ação (TEIXEIRA, 2011, p.76).
Como alternativa, ainda, de espaços lúdicos, além dos parques e
praças (escassos nas grandes cidades), surgiram desde o começo da década
de 80 as chamadas brinquedotecas ou ludo tecas. São espaços públicos e/ou
privados que funcionam como bibliotecas de brinquedos, organizados de forma
que as crianças possam desenvolver criativamente suas atividades lúdicas. Em
creches, escolas e universidades há brinquedotecas com fins especificamente
educacionais.
Outras brinquedotecas têm fins terapêuticos e funcionam em clínicas e
hospitais. A implantação de espaços lúdicos em hospitais pediátricos permite
31
um trabalho complementar de comprovada importância para apoio psicológico
às crianças internadas. Algumas empresas, sobretudo os fabricantes de
brinquedos, mantêm brinquedotecas, que, além de atender à comunidade,
destinam-se à pesquisa de brinquedos.
Finalmente, há brinquedotecas com fins basicamente sociais. Entre
seus objetivos, está oferecer, além da rua e do reduzido espaço das casas,
uma oportunidade diferente para a criança brincar; ao mesmo tempo, a criança
tem oportunidade de se desenvolver, interagir com outras crianças e adultos e
ter acesso a brinquedos raros para elas.
Cunha (2007) destaca que o primeiro contato da criança com a
brinquedoteca tem a finalidade de satisfazer sua curiosidade, precisa explorar
livremente todo o espaço.
Nas próximas visitas saberá escolher os espaços que mais lhe agrada.
Todavia, os diferentes tipos de brinquedotecas indicam diferentes
formas de funcionamento: a clientela vai só para brincar e outro para escolher
brinquedos para levar para casa, aconselha-se que a mesma torne-se sócia.
Esse formato possibilita melhor controle de empréstimo, assim como, cria um
vínculo maior com a mesma.
Na brinquedoteca, as atividades desenvolvidas podem ser as mais
variadas; a criança pode brincar sozinha ou participar de jogos com outros
companheiros; o importante é que sejam criadas muitas opções para que os
frequentadores tenham sempre novidades, como afirma (CUNHA, 2007, p. 63).
Para o autor, o importante na brinquedoteca é que nenhuma criança
deve ser obrigada a realizar atividades se não quiser, pode inclusive ficar
parada, seu direito deverá ser respeitado.
A escolha do brinquedo deve sempre partir das crianças, pois as
razões que as levam a essa escolha são muitas: as emoções, experiências
vividas, restrições entre outros.
Neste
momento
são
manifestados
através
de
um
impulso
aparentemente sem explicação, e que nenhuma outra proposta sugerida
naquele momento atenderia suas necessidades.
32
Quando ocorre a interferência do adulto na atividade da criança, esta
pode deixar de ter o sentido de prazer, descoberta de novas formas, melhores
resultados, passando a ser vista como tarefa tal qual tarefa como ocorre nas
escolas.
O autor lembra que é importante que a brinquedoteca tenha um
espaço para os adultos que ficam a espera, ou que trabalhem, pois com a
circulação dos mesmos, podem atrapalhar a liberdade das crianças enquanto
brincam.
Enfim, o que caracteriza a brinquedoteca é o espaço para brincar e a
oportunidade de desenvolver atividades de forma lúdica, divertida e prazerosa.
CAPITULO IV
A Psicopedagogia e sua prática
Para a conclusão desta pesquisa, o capitulo IV apresenta a
psicopedagogia e sua pratica. A Psicopedagogia faz parte deste movimento
atual, "pós-moderno", de busca pela compreensão global e integradora.
Procura abarcar as várias dimensões da situação de aprendizagem, estudadas
pelas diferentes ciências (Psicologia, Pedagogia, Sociologia, Antropologia,
33
Linguística, Neurologia, Filosofia, História, etc.), para formular e reformular seu
corpo teórico e seu campo de atuação. Ao integrar as contribuições teóricas
advindas dos vários campos das ciências em torno do processo de
aprendizagem humana, a Psicopedagogia "cria" uma forma peculiar de olhar
este processo, que se reveste de uma preocupação em resgatar o jogo
dinâmico e complexo de aspectos envolvidos na aprendizagem.
A partir do momento em que busca construir uma compreensão mais
integradora do fenômeno da aprendizagem, o olhar psicopedagógico pode
sustentar, tanto no âmbito teórico como prático, reflexões sobre vários
aspectos: 1) Quem são os seres que se encontram na situação de
aprendizagem? Como se constituem? Como se desenvolvem? 2) Como se dá
o processo ensino-aprendizagem? Como se aprende? Como se ensina? 3)
Como é este encontro? O que ocorre nas relações que se estabelecem entre
aquele que ensina aquele que aprende e o objeto de conhecimento? 4) Que
objeto do conhecimento é este? Em que bases se constituem? 5) Quais são e
onde estão localizados os fatores que levam às dificuldades de aprendizagem
e/ou ao fracasso escolar? O que é "normal" e o que é "patológico" no processo
de aprendizagem? 6) Qual é o papel do psicopedagogo e qual é a
especificidade de sua intervenção?
As construções teóricas da Psicopedagogia, ancoradas na noção de
complexidade, oferecem sustentação para o planejamento e a concretização
de práticas pedagógicas que objetivem a (re) integração das cisões (nas
pessoas, no conhecimento, na aprendizagem...) e o resgate das diversas
facetas do humano que haviam ficado do lado de fora da Escola: a afetividade,
o corpo, as artes, o lúdico, a criatividade...
Em consonância com o paradigma adotado, acredito que o aprender é
um processo eterno e inacabado não só no aluno, mas também no professor.
Na sua prática, o professor possui uma coisa que é única: a sua experiência. O
professor pode e deve ser um pesquisador de sua própria ação, um
profissional que faz e que reflete e teoriza sobre o seu fazer.
Pensar o conhecimento como multifacetado (ao invés de "Verdades
Absolutas") liberta o professor para construir conhecimentos, integrando a sua
34
prática aos suportes teóricos que lhe ajudem como diria Morin, a "explicá-la" e
a "compreendê-la". O professor, na visão pós-moderna, não é simplesmente
um técnico transmissor de informações, mas é um educador-mediador que
cultiva a criação e a transformação dos saberes – nos alunos e em si mesmo.
Isso implica na valorização de processos meta cognitivos, tanto dos
educadores (em relação às suas teorias, seus planejamentos, suas ações,
suas formas de avaliação) como dos alunos (posicionamento crítico em
relação ao conhecimento, desenvolvimento de habilidades, aprender a
aprender...).
4.1. Atuação do psicopedagogo na instituição escolar e sua intervenção no
contexto familiar
Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez
mais preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem, não
sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o
processo considerado normal e não possuem uma política de intervenção
capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem.
Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional
qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos
professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das
condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos
problemas de aprendizagem.
Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita
uma intervenção psicopedagógico visando à solução de problemas de
aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe
escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia
e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal
processo.
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição
escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e
35
profissional implicam a configuração de uma identidade própria e singular que
seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na
instituição escolar.
A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que, se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o
número de crianças com problemas seria bem menor.
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando
necessário, para outros profissionais - psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista,
etc. que realizam diagnóstico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencialização humana no
processo de aquisição do saber.
Segundo Fermino (2001) as evidências sugerem que um grande
número de alunos possui características que requerem atenção educacional
diferenciada. Neste sentido, um trabalho psicopedagógico pode contribuir
muito, auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos sobre as
teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuições de diversas áreas
do conhecimento, redefinindo-as e sintetizando-as numa ação educativa. Esse
trabalho permite que o educador se olhe como aprendiz.
Além do já mencionado, o psicopedagogo está preparado para auxiliar
os
educadores
realizando
atendimentos
pedagógicos
individualizados,
contribuindo para a compreensão de problemas na sala de aula, permitindo ao
professor ver alternativas de ação e ver como as demais técnicas podem
intervir, bem como participando do diagnóstico dos distúrbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos.
Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao
professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito
importante
e
enriquecedora, principalmente se os professores forem
especialistas nas suas disciplinas. Não só a sua intervenção junto ao professor
é positiva. Também o é a sua participação em reuniões de pais, esclarecendo
36
o desenvolvimento dos filhos; em conselhos de classe, avaliando o processo
metodológico; na escola como um todo, acompanhando a relação professor e
aluno, aluno e aluno, aluno que vem de outra escola, sugerindo atividades,
buscando estratégias e apoio.
Segundo Bossa (1994) cabe ao psicopedagogo perceber eventuais
perturbações
no
processo
aprendizagem,
participar
da
dinâmica
da
comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações
metodológicas de acordo com as características e particularidades dos
indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter
assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela
elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas
educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores
possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades
individuais de aprendizagem da criança.
O estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a
compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para
atender às necessidades de aprendizagem. Para isso, deve analisar o Projeto
Político-Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é
valorizado como aprendizagem. Desta forma, o fazer psicopedagógico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxílio de
aprendizagem.
O conhecimento e o aprendizado não são adquiridos somente na
escola, mas também são construídos pela criança em contato com o social,
dentro da família e no mundo que a cerca. A família é o primeiro vínculo da
criança e é responsável por grande parte da sua educação e da sua
aprendizagem.
É por meio dessa aprendizagem que a criança é inserida no mundo
cultural, simbólico e começa a construir seus conhecimentos, seus saberes.
Contudo, na realidade, o que temos observado é que as famílias estão
perdidas, não estão sabendo lidar com situações novas: pais trabalhando fora
o dia inteiro, pais desempregados, brigas, drogas, pais analfabetos, pais
37
separados e mães solteiras. Essas famílias acabam transferindo suas
responsabilidades para a escola, sendo que, em decorrência disso,
presenciamos gerações cada vez mais dependentes e a escola tendo que
desviar de suas funções para suprir essas necessidades.
A escola, como observa IGEA (2005) veio ocupar uma das funções
clássicas da família que é a socialização: A escola se converteu na principal
instituição socializadora, no único lugar em que os meninos e as meninas têm
a possibilidade de interagir com iguais e onde se devem submeter
continuamente a uma norma de convivência coletiva.
Considerando o exposto, cabe ao psicopedagogo intervir junto à
família das crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio,
por exemplo, de uma entrevista e de uma anamnese com essa família para
tomar conhecimento de informações sobre a sua vida orgânica, cognitiva,
emocional e social.
O que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas
com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de grande
importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico.
Vale lembrar o que diz Bossa (1994) sobre o diagnóstico:
O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre
revezável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia, segundo vimos
afirmando, numa atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar
que esta atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na
própria intervenção, com o objetivo de observação ou acompanhamento da
evolução do sujeito.
Souza (1995) diz que fatores da vida psíquica da criança podem
atrapalhar o bom desenvolvimento dos processos cognitivos, e sua relação
com a aquisição de conhecimentos e com a família, na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relação da criança com o
conhecimento.
Para Polity (2009) uma criança pode desistir da escola porque aceita
uma responsabilidade emocional, encarregando-se do cuidado de algum
membro da família. Isso se produz, em resposta à depressão da mãe e da falta
38
de disponibilidade emocional do pai que, de maneira inconsciente, ratifica a
necessidade que tem a esposa, que seu filho a cuide.
A intervenção psicopedagógico também se propõe a incluir os pais no
processo, por intermédio de reuniões, possibilitando o acompanhamento do
trabalho realizado junto aos professores.
CONCLUSÃO
Resume-se então, através deste trabalho que as atividades lúdicas são
uma mídia privilegiada para a aplicação de uma educação que vise o
desenvolvimento pessoal e a cooperação. Apoiada sempre na qualidade do
suporte de como planejar, preparar e dirigir atividades lúdicas exitosas, e
também na qualidade da mensagem, procurando transmitir para as crianças
um conteúdo educacional adequado e desejável. Podendo assim, entrelaçar
suporte e mensagem, de forma a produzir um veículo adequado à formação de
cidadãos plenos, autoconfiantes, éticos e construtivos.
Brincar e jogar são coisas simples na vida das crianças. O jogo, o
brincar e o brinquedo desempenham um papel fundamentalmente na
aprendizagem, e negar o seu papel na escola é talvez renegar a nossa própria
história de aprendizagem. O brincar existe na vida dos indivíduos, embora ao
passar dos anos tenha diminuído o espaço físico e o tempo destinado ao jogo,
39
provocado pelo aparecimento de brinquedos cada vez mais sofisticados e pela
influência da televisão. Com toda essa questão chegou-se a conclusão da
necessidade de se retornar aos estudos dos jogos.
É importante salientar nesse momento os benefícios que o jogo
fornece à aprendizagem das crianças no que diz respeito ao desenvolvimento
físico–motor envolvendo as características de sociabilidade, como trocas, as
atitudes, reações e emoções que envolvem as crianças e os objetivos
utilizados.
Apesar de tantas teorias defenderem uma aprendizagem por meio dos
jogos e dos movimentos espontâneos da criança, elas estão longe de usufruir
de
uma
pedagogia
fundamentada
na
ludicidade,
criatividade
e
na
expressividade livre dos atos. Para que isso ocorra de maneira proveitosa
torna-se necessário aperfeiçoar e instruir professores, sendo que a utilização
dos jogos de forma errônea é o principal ponto negativo deste recurso, por
isso, é necessário salientar que o sucesso pedagógico de qualquer trabalho vai
depender da postura do professor durante as atividades didático–pedagógicas,
propondo uma pedagogia baseada na interação coletiva, na criatividade, na
ludicidade envolvendo todo o contexto escolar.
O jogo implica para a criança mais que o simples ato de jogar, é
através dos jogos que ela se expressa e consequentemente se comunica com
o mundo; ao jogar a criança aprende e investiga o mundo que a cerca, toda e
qualquer atividade lúdica deve ser respeitada.
O papel do professor durante o processo didático-pedagógico é
provocar participação coletiva e desafiar o aluno a buscar soluções. Através do
jogo que se pode despertar na criança um espírito de companheirismo,
cooperação e autonomia. A criança precisa interagir de forma coletiva, ou seja,
precisa apresentar seu ponto de vista, discordar, apresentar suas soluções é
necessário também criar ambiente propício e incentivar as crianças a terem
pensamento crítico e participativo, fazendo parte das decisões do grupo.
Os jogos, segundo Piaget, tornam-se mais significativos à medida que
a criança se desenvolve, pois, a partir da livre manipulação de materiais
variados, ela passa a reconstruir objetos e reinventar as coisas, o que exige
40
uma adaptação mais completa. Essa adaptação deve ser realizada ao longo
da infância e consiste numa síntese progressiva da assimilação com a
acomodação.
Em relação ao jogo, a criança passa por diversas etapas, sendo que
cada uma delas possui esquemas específicos para assimilação do meio. O
jogo representa sempre uma situação-problema a ser resolvida pela criança, e
a solução deve ser construída pela mesma, sendo, portanto, uma boa proposta
o jogo na sala de aula, pois propicia a relação entre parceiros e grupos, e
nestas relações, podemos observar a diversidade de comportamento das
crianças para construir estratégias para a vitória, e as relações diante das
derrotas.
Diante da pesquisa e do embasamento teórico utilizado, pode-se
concluir que o jogo é uma ferramenta de trabalho muito proveitosa para o
educador, pois através dele o professor pode introduzir os conteúdos de forma
diferenciada e bastante ativa. Com um simples jogo o professor poderá
proporcionar apreensão de conteúdos de maneira agradável e o aluno nem
perceberá que está aprendendo.
41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Artes Médicas, 1998.
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Fundamental. Coordenação de Educação Infantil. Referencial curricular para a
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42
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45
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA
4
RESUMO
5
METODOLOGIA
6
SUMÁRIO
7
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I
O LÚDICO
10
46
1.1 – O lúdico e sua linguagem
13
1.2 – O processo ensino aprendizagem no
desenvolvimento do lúdico
14
CAPITULO II
O BRINQUEDO
20
2.1 - O universo de brincar
22
2.2 - Atos de brincar no desenvolvimento infantil
27
CAPÍTULO III
BRINQUEDOTECA
30
CAPITULO IV
A PSICOPEDAGIA E SUA PRATICA
33
4.1 - Atuação do psicopedagogo na instituição escolar e sua intervenção no
contexto familiar
34
CONCLUSÃO
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
42
ÍNDICE
46
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Patrícia Maria dos Santos Ormond