XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Temperatura de silagem de milho reidratado submetido a tratamentos de amilase e protease1. Temperature of corn silage rehydrated subjected to amylase and protease treatments. Ronaldo Francisco de Lima2, Wériko dos Santos Cursino3, Ícaro dos Santos Cabral2, Hilacy de Souza Araújo3, Diego Souza Pantoja3, Rosimery Menezes Frisso4, France Angelo Soares Tavares4, Jackson Rômulo de Sousa Leite2 1 Projeto de iniciação científica, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas FAPEAM 2 Professor Assistente do Curso de Zootecnia – ICSEZ/UFAM, Parintins-AM, Brasil. e-mail: [email protected] 3 Aluno do curso de Zootecnia – ICSEZ/UFAM, Parintins-AM, Brasil. Bolsista FAPEAM 4 Aluno do curso de Zootecnia – ICSEZ/UFAM, Parintins-AM, Brasil Resumo: Objetivou-se avaliar a temperatura ao longo dos dias de fermentação de silagem de milho grão reidratado submetidos a tratamentos com amilases e proteases. O milho grão foi moído à 5 mm, separado em quatro partes e adicionados ou não 1g/kg de pepsina e/ou amilase em fatorial 2x2, sendo: 1) Milho com amilase e pepsina; 2) Milho com amilase; 3) Milho com pepsina; 4) Milho sem amilase e sem pepsina. O milho seco moído foi umedecido à umidade de 40% e ensilados por 25 dias em silos experimentais de PVC. Em cada silo foi adicionado um registrador eletrônico de temperatura ajustado para coletar temperatura a cada uma hora durante os 25 dias. A temperatura média das silagens durante 25 dias de ensilagem, foram de 21,6oC e a temperatura máxima foi de 33,2oC. A adição de amilase (22,0oC vs 21,2oC, P<0,01) e a pepsina (22,1oC vs 21,0oC, P<0,01) reduziram a temperatura interna dos silos. A temperatura máxima foi maior para o tratamento com pepsina porém a temperatura média deste foi menor em comparação a adição de amilase e ao não uso de enzimas. A temperatura de silagens de grão reidratado foram viáveis ao uso de enzimas. Além disso a adição de enzimas evitou o aumento da temperatura das silagens durante o processo de fermentação. Palavras–chave: amido, milho grão úmido, pesina Abstract: Aimed to evaluate the temperature over the days of corn silage fermentation grain rehydrated undergo treatment with amylase and protease. Corn grain was ground to 5 mm, separated into four parts and added or not 1 g/kg of pepsin and / or amylase with a 2x2 factorial, with: 1) Amylase corn and pepsin; 2) Corn with amylase; 3) Corn pepsin; 4) Corn without amylase and without pepsin. The dry ground corn was dampened humidity of 40% and ensiled for 25 days in experimental PVC silos. In each silo, an electronic temperature recorder set was placed to collect temperature every hour during the 25 days. The average temperature of the silage for 25 days, were 21,6oC and the maximum temperature was 33.2oC. The addition of amylase (22.0oC vs. 21,2oC, P<0.01) and pepsin (22,1oC vs. 21.0oC, P<0.01) reduced the temperature inside the bins. The maximum temperature was higher for pepsin treatment but the average temperature thereof was lower as compared to the addition of amylase and by not using enzymes. The temperature rehydrated grain silages were viable the use of enzymes. Furthermore, the addition of enzymes prevented the increase in temperature during the silage fermentation process. Keywords: high-moisture corn, pepsin, starch Introdução O milho é um dos principais ingredientes energéticos na dieta de ruminantes. No entanto, a maioria dos híbridos brasileiros são de textura dura, caracterizado com endosperma Flint o que lhe confere baixa digestibilidade comparado a híbridos de endosperma farináceo (Corrêa et al., 2002). Essa característica está relacionada ao teor de prolamina no seu endosperma (Hoffman et al., 2012). Vários trabalhos tem sido realizados para melhorar a digestibilidade do milho Flint. Dentre esses, estão o uso de enzimas e a ensilagem do grão reidratado. A ensilagem do grão reidratado tem mostrado ser uma técnica interessante na melhora da digestibilidade do amido do milho (Benton et al., 2005). Uso de enzimas associadas ao processo de ensilagem podem maximizar a digestibilidade do amido, no entanto não se conhece a temperatura máxima que podem atingir no processo de fermentação do grão durante a ensilagem. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi Página - 1 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 avaliar a temperatura ao longo dos dias de ensilagem de milho grão reidratado submetidos a tratamentos com amilase e pepsina. Material e Métodos Para a condução do experimento, 40 kg milho grão foi moído em desintegrador de martelo DPM Júnior (Nogueira Maquinas Agrícolas, São João da Boa Vista, SP) equipado com peneira de 5 mm. Em seguida, esse montante, foi separado em quatro partes de 10 kg cada e adicionados ou não pepsina (Pepsina 1:10000, Cromato Produtos Químicos LTDA, Diadema SP) e amilase (Termamyl 2L, Novozymes) em fatorial 2x2, sendo: 1) Milho com amilase e pepsina (AP); 2) Milho com amilase (A); 3) Milho com pepsina (P); 4) Milho sem amilase e sem pepsina, denominado Controle (C). O milho seco moído foi umedecido à uma umidade de 40% e em seguida adicionados os tratamentos (pepsina 1 g/Kg e amilase 1ml/kg) ensilados por 25 dias em silos experimentais de PVC com diâmetro de 10 cm e altura de 50 cm adaptados com válvula tipo Bunsen, com capacidade para aproximadamente 5 kg de milho. Todos os tratamentos foram inoculados com 600000 UFC/g de Lactobacillus plantarum (Lallemand Brasil, Aparecida de Goiânia - GO). Em cada silo foi adicionado um registrador eletrônico de temperatura (TagTemp-USB, Novus, Porto Alegre, RS) ajustado para coletar temperatura a cada uma hora durante 25 dias. Os dados foram analisados no PROC MIXED do SAS. O modelo estatístico abordou efeito fixo de, amilase, pepsina, tempo, interação entre amilase e pepsina, amilase e tempo, pepsina e tempo, amilase, tempo e pepsina e efeito de erro. O silo foi considerado com efeito aleatório. As estruturas de covariância utilizadas foram definidas pelo critério de Akaike dentre autorregressiva de ordem 1, simetria composta e não estruturada. Resultados e Discussão A temperatura média das silagens de milho grão moído e reidratado, durante 25 dias de ensilagem, foi de 21,6oC, e temperatura máxima foi de 33.2oC, sendo compatível com o uso das enzimas (Tabela 1). A amilase utilizada foi uma enzima termorresistente que resiste à temperaturas de até 100oC, já a pepsina é uma enzima que tolera temperaturas de até 40oC. O uso de pepsina e amilase nas silagens diminuíram a temperatura ao longo dos dias de fermentação. (Tabela 1 e Figura 1). Tabela 1. Temperatura média, máxima e tempo em que ocorreu a máxima temperatura de silagem de grão de milho reidratado submetido ao tratamento de pepsina (P), e amilase (A). P1 SP2 EPM5 P A A*P6 T7 A*P*T8 A3 SA4 A SA Temperatura, oC Temperatura máxima, oC Tempo de máxima, min. 1 8 20,8 33,2 85 21,2 33,1 99 21,5 32,2 73 22,7 31,8 99 0,07 0,26 11,8 <0,01 0,01 0,63 <0,01 0,38 0,17 <0,01 0,59 0,63 <0,01 <0,01 pepsina, 2sem pepsina, 3amilase, 4 sem amilase, 5erro padrão da média, 6interação amilase protease, 7tempo, interação amilase, pepsina e tempo. A temperatura das silagens de grão reidratado, quando adicionado pepsina, apresentou temperatura máxima maior que os tratamentos sem pepsina, porém a temperatura média das silagens com adição de pepsina foi menor. A adição de pepsina pode ter levado a maior degradação inicial das proteínas do milho, e consequentemente proporcionado maior temperatura máxima em relação aos outros tratamentos (Figura 1). A adição de amilase também reduziu a temperatura média das silagens ao longo do dia, indicando que pode ter ocorrido melhor perfil de fermentação do milho disponibilizando maior quantidade de carboidratos solúveis para as bactérias do ácido láctico (Rotz & Muck, 1994). Página - 2 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Temperatura, oC Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 34,0 33,0 32,0 31,0 30,0 29,0 28,0 27,0 26,0 25,0 24,0 23,0 22,0 21,0 20,0 19,0 18,0 AP P A SPSA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Tempo após a ensilagem, dias Figura 1. Temperatura de silagem de grão de milho reidratado submetidos a tratamentos de amilase (A), pepsina (P), amilase e pepsina (AP) e sem pepsina e sem amilase (SPSA) coletados a cada hora por 25 dias. Conclusões As temperaturas de silagens de grão reidratado foram viáveis ao uso das enzimas pepsina e amilase. Além disso a adição destas enzimas evitaram o aumento da temperatura das silagens durante o processo de fermentação. Literatura citada BENTON, J.R.; KLOPFENSTEIN, T.; ERICKSON, G.E.. Effects of corn moisture and length of ensiling on dry matter digestibility and rumen degradable protein. Nebraska Beef Cattle Rep. p.31 – 33, 2005. CORREA, C.E.S.; SHAVER, R.D.; PEREIRA, M.N.; LAUER J. G.; KOHN, K. Relationship between corn vitreousness and ruminal in situ starch degradability. Journal of Dairy Science, v.85, p. 3008 – 3012, 2002. HOFFMAN, P.C.; MERTENS, D.R.; LARSON, J.; COBLENTZ, W.K.; SHAVER R. D. A query for effective mean particle size of dry and high moisture corns. Journal of Dairy Science, v.95, p. 3467 – 3477, 2012. ROTZ, C.A., MUCK, R.E. Changes in forage quality during harvest and storage. In: FAHEY JR., G.C. Forage quality, evaluation, and utilization. Madison. American Society of Agronomy. p. 828 - 868, 1994 Página - 3 - de 3