UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS – UFPEL DEPARTAMENTO DE ECONOMIA – DECON CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Uma análise dos determinantes da criminalidade na Região Sul do RS Ronaldo Zarnott Hartwig Pelotas, 2010. Ronaldo Zarnott Hartwig Uma análise dos determinantes da criminalidade na Região Sul do RS Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas. Orientador: Prof. Ubirajara Rodrigues Ribas, PhD Pelotas, 2010. Resumo Este trabalho aborda o problema da criminalidade na região sul do Rio Grande do Sul. Para tanto são usados os dados municipais dos crimes cometidos contra o patrimônio no período compreendido de 2002 a 2006. O objetivo é determinar e analisar alguns determinantes que influenciem a criminalidade. Assim, após uma breve revisão de literatura de alguns trabalhos realizados, são apresentadas analises descritivas da evolução da criminalidade na região proposta. A seguir são realizadas estimações econométricas para as taxas de criminalidade, tendo como variáveis representativas o nível de renda, o grau de urbanização, a participação de jovens na população, o fato de ser cidade litorânea e o fenômeno da drogadição. Dentre estas variáveis, somente a população jovem mostrou resultado controverso. As demais mostraram que contribuem para o incremento da criminalidade. Palavras-Chave: criminalidade, crimes contra o patrimônio, dados de painel. Abstract This paper address the problem of crime in the southern Rio Grande do Sul, for both the municipal data are used for crimes committed against property in the period 2002 to 2006. The objective is to determine and examine some determinants that influence crime. So after a brief presentation of some works of literature are presented descriptive analysis of crime trends in the proposed region. Below are carried out econometric estimations for the crime rate, as variables representing the income level, urbanization level, the participation of youth in the population, the fact of being a coastal city and the phenomenon of drug addiction. Among these variables, only the younger population showed a controversial result, the other showed that contribute to an increase in crime. Keywords: crime, crimes against property, panel data 1 1. Introdução A questão da criminalidade é um tema complexo e preocupante que de certa forma atinge todas as camadas da sociedade brasileira contemporânea, pois vem se sobressaindo dos demais problemas sociais. O tema alcançou tanta abrangência que até já existe espaços especiais na mídia para tratar do assunto, assim como também vem sendo usado como plataforma de proposta de governo para os candidatos a cargo público. O instituto Data Folha realizou uma pesquisa em 2007 e constatou que a violência e o desemprego são as maiores preocupações dos brasileiros. A violência foi citada por 31% dos entrevistados, enquanto o desemprego foi citado por 22% (VIEIRA, 2007 apud GONÇALVES, CASSUCE e GALANTE, 2008). A criminalidade custa caro. Para se ter uma idéia Cerqueira et all.( 2007, p.57) estimaram os custos da violência para o Brasil em 2004 da ordem de R$ 92,2 bilhões ou no valor per capita de R$519,40, representando 5,09% do PIB nacional. Os custos e as perdas de bem estar social provocados pela criminalidade são enormes e causam ineficiência da locação ótima de recursos, pois deixam de ser destinados para outras áreas afins como infra-estrutura, educação e saúde. Com o advento do famoso trabalho de Gary Becker (1968) intitulado “Crime and punishment: an economic approach” as pesquisas sobre a criminalidade passaram a ter um enfoque econômico com explanação conceitual e testes empíricos. Destarte o que antes era privilégio apenas dos profissionais das áreas de ciências sociais e jurídicas, psicologia, criminologia, a partir de 1968 transcendera também para área das ciências econômicas, despertando o interesse de economistas. Até onde se tem conhecimento somente a partir dos anos 1990 é que começaram a surgir no Brasil às primeiras pesquisas que tratam do assunto de forma mais abrangente. Entre os fatores que teriam motivado as investigações seriam a influência do trabalho seminal de Gary Becker (1968) que gerou o arcabouço teórico e também a constatação dos aumentos nas taxas de criminalidade ocorridos no Brasil nos anos 19801. 1 No Brasil, a partir da década de oitenta, as mortes por causas externas aumentaram em todas as faixas etárias saltando, a partir de 1989, do quarto para o segundo lugar. Entre 1979 e 1986, por exemplo, as mortes por acidente de trânsito aumentaram em 21%, concentrando-se no grupo de 15 a 19 anos de idade. Já as mortes por homicídio aumentam 56% na população em geral, 90% no grupo de 19 a 24 anos e 136% no subgrupo de 15 a 19 anos. (COUTOLLENC, et all, 1998 p. 3). 2 Desde então os pesquisadores vem conseguindo trazer a baila várias evidências empíricas sobre o assunto. Alguns procuram evidencias nos determinantes demográfico e sócio econômicos para explicar o comportamento do criminoso; outros utilizam o fulcro da investigação baseado no entendimento do crime do ponto de vista da vítima2. Na mensuração dos custos do crime, que vem ganhando destaque dentro da área da economia do crime, o foco é a análise da criminalidade e seu impacto sobre a atividade econômica (TEIXEIRA, SERRA 2006 p.176). Segundo dados3 da SENASP (Secretaria Nacional da Segurança Pública) o Rio Grande do Sul ocupou a quinta posição quando se trata de registro de crime de roubo, onde a taxa de registro para o ano de 2005 foi cerca de 669 por 100.000 habitantes, perdendo para Distrito Federal, São Paulo, Rio de janeiro e Ceará respectivamente. Para taxa de furtos ocupou a vice-liderança, foram 2253 registros por 100.000 habitantes. Este fenômeno não é apenas local, sendo de uma determinada região do Estado. Num levantamento do Instituto de Pesquisas de Opinião constatou que o medo de assalto4, tanto de dia ou à noite, é a violência que mais preocupa e assusta os Pelotenses, afligindo a 46,7% da população (BACELO, 2010). Diante do exposto o presente trabalho tem como escopo de investigação os crimes contra o patrimônio ocorridos nas cidades5 pertencentes à Região Sul do Estado Rio Grande do Sul e o período abordado será de 2002 a 2006. O objetivo geral consiste em analisar e identificar os possíveis determinantes que venham a influenciar estes crimes a fim de contribuir para o avanço do conhecimento e direcionamento das possíveis políticas públicas a serem empregadas para dirimir o problema. Sendo assim, a estrutura do trabalho se encontra dividida, além da introdução, em mais cinco seções. Na segunda seção é explanada uma revisão de literatura de alguns trabalhos, em especial àqueles para o Brasil. Na terceira seção foi exposta uma análise descritiva da evolução da criminalidade na região sul, bem o seu como ranking para as cidades. Nas seções quatro e cinco são destacadas a metodologia adotada e as variáveis utilizadas, seguido dos resultados obtidos. Encerra-se o trabalho com as considerações finais. Antes de dar prosseguimento para próxima seção é preciso ressaltar que a exposição diferenciada para a taxa de furto e de roubo se deu pelo fato do primeiro ser o mais comum 2 Furtado (2007) trás uma revisão de literatura dos principais destaques de autores que tratam do assunto. Análise das Ocorrências Registradas pelas Polícias Civis (Janeiro de 2004 a Dezembro de 2005). 4 Considera-se o crime de assalto como sendo roubo. 5 As cidades consideradas são aquelas da composição do Corede Sul: Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Arroio Grande,Canguçu, Cerrito, Chuí, Herval, Morro Redondo,Pedras Altas,Pedro Osório, Pelotas, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar,Santana da BoaVista, São José do Norte,São Lourenço do Sul, Tavares e Turuçu 3 3 dentre os crimes considerados contra o patrimônio, não havendo necessariamente a presença da vítima, ou se esta encontra presente durante a ação não toma conhecimento no momento do ato praticado pelo sujeito ativo. Já no roubo acontece justamente o contrário, além de a ação atingir a propriedade da vítima, ela também é vítima ao mesmo tempo de violência ou grave ameaça por parte do agente que comete o delito. 2. Revisão de Literatura Várias são as teorias6 que tentam explicar as causas da violência e da criminalidade, dentre elas está a teoria econômica da escolha racional que teve inicio em Becker(1968) e Ehrlich (1973). O trabalho seminal7 de Gary Becker (1968) foi pioneiro em analisar a criminalidade através de uma fundamentação econômica e foi fundamental para que os pesquisadores da criminalidade - em especial economistas, usassem como referência no entendimento dos fatores e conseqüências da decisão dos delinqüentes em cometer ou não um ato criminoso. No trabalho enfatiza que o criminoso vai cometer um crime se sua utilidade do ato criminoso for maior do que utilidade que teria na alocação de seu tempo e seus recursos em outras atividades lícitas, portanto um indivíduo se tornaria um criminoso dependendo dos seus custos e benefícios envolvidos no processo. Nos comentários de Furtado (2007) os criminosos potenciais atribuem um valor monetário ao crime e o comparam ao custo monetário envolvido em sua realização. Os custos seriam além do planejamento e da execução, o custo de oportunidade de deixar de ter retorno potencial no mercado de trabalho legal, o custo esperado de serem capturados e condenados e também o custo moral de desrespeitar a lei. Assim para cometer um crime, dependeria do resultado da sua análise econômica entre os custo e benefícios. Isaac Ehrlich (1973) apud Cerqueira e Lobão (2004) e Resende (2007) estendeu o modelo de Becker enfatizando que o indivíduo poderia fazer uma escolha da alocação ótima do tempo para o mercado criminoso ou legal. Ainda o autor investigou, além dos incentivos dos custos e benefícios, os efeitos da distribuição da renda sobre o crime, especialmente àqueles contra a propriedade, entendendo que estas variáveis poderiam captar as variações nas oportunidades obtidas com a atividade criminosa. Levando em conta o pressuposto de o 6 Detalhes sobre as teorias ver Cerqueira e Lobão, ( 2004). O trabalho de monografia de conclusão de curso de ciências econômicas ,de Amaral (2009), apresenta detalhes do trabalho de Becker. 7 4 criminoso pertencer a classes de menor renda, a desigualdade representaria a distância entre a sua expectativa renda no trabalho legal (custo de oportunidade) e a renda das vítimas (renda em potencial a ser captada pelo criminoso). Pós Becker e Ehrlich começaram a se realizar diversos estudos empíricos com base na teoria da escolha racional, relacionando crime com variáveis econômicas, sociais e demográficas,conforme cita Cerqueira e Lobão (2004,p.247): “Vários outros estudos empíricos sob orientação da escolha racional foram feitos, em que se investigou a relação do crime com o mercado de trabalho, a renda, a desigualdade, a dissuasão policial, a demografia e a urbanização, entre outras variáveis. Alguns trabalhos que poderiam ser destacados nesse meio são os de Wolpin (1978), Freeman (1994), Fajnzylber et alii (1998), Gould et alii (2000) e Entorf e Spengler (2000)”. 2.1. Evidências para o Brasil Nas pesquisas para o Brasil, alguns economistas com base na teoria da escolha racional vêm se preocupando em estudar e analisar a relação entre o crime ( homicídio, crimes contra o patrimônio, etc.) e seus determinantes (sociais, demográficos e econômicos) utilizando como ferramenta técnicas econométricas. Assim sendo serão referenciados alguns estudos do crime. Cabe destacar que a não inclusão de alguns trabalhos a serem abordados não quer dizer que sejam menos importantes dos que serão discorridos a seguir. Araújo Jr e Fajnzylber (2001) empregaram técnicas econométricas que exploraram dados de painel para abordar os determinantes econômicos e demográficos da taxas de homicídios para os estados do Brasil no período de 1981 a 1996. A fonte de dados para tabular a taxa de homicídios foi com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do DATASUS e para as variáveis sócio-econômicas foram de seis PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE. As variáveis utilizadas para determinantes básicos da variação de taxas de crime foram: renda familiar per capita média, taxas de desemprego, indicadores de desigualdade de renda, chefia feminina como medida de desorganização social, taxa de contingente de policial militar 100 mil por habitantes e tabuladas em duas bases de dados: por estado e períodos e estado, períodos e coorte. No resultado final do trabalho concluíram que nos estados às coortes mais jovens apresentam taxas de homicídios maiores que as coortes velhas. Na maioria dos Estados a curva crime-idade apresenta um formato ”U invertido”. As evidências no estudo apontam que 5 o problema da criminalidade é mais acentuado nos jovens e também existem maiores efeitos nas variáveis sociais e econômicas como renda e desemprego. Sugeriram que para conter o crime, os governantes deveriam oferecer melhores oportunidades no mercado de trabalho legal e restrição de autuação dos indivíduos nos setores marginais e dar maior atenção aos jovens. Outra análise empírica para o Brasil é o trabalho de Kume (2004) que também utilizou dados em painel para 26 estados brasileiros no período 1984-1998 para estimar os determinantes da taxa de criminalidade brasileira através do Método Generalizado dos Momentos em Sistema (GMM – SYS). A variável a ser explicada foi à taxa de homicídios (coletados do SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade). O autor concluiu pelas estimativas obtidas que o grau de desigualdade de renda, a taxa de renda e a taxa de criminalidade do período anterior têm um efeito positivo sobre a taxa de criminalidade do período presente, enquanto que o PIB per capita, o nível de escolaridade, o grau de urbanização e o crescimento do PIB têm efeitos negativos. Como forma de verificar a existência de repressão contra o crime Loureiro e Carvalho Junior (2007) estimaram os gastos em segurança pública e com a assistência social sobre a criminalidade nas 27 unidades da federação para o período 2001 a 2003. Utilizando como indicadores de crimes quatro modalidades: taxa de homicídios dolosos, de roubos, furtos totais e de extorsões mediante seqüestros, todos por 100 mil habitantes, que conforme os autores, difere dos demais trabalhos já realizados que se baseavam somente na taxa de homicídios como proxy da taxa de criminalidade. Uma das conclusões que chegaram através dos resultados obtidos por equações econométricas foi a significância da influência dos fatores como a concentração de renda, afetam positivamente a criminalidade na maioria das estimativas e categorias de crimes analisadas. Já a pobreza, o nível educacional e renda têm efeitos ambíguos, mudando o sinal de acordo com o crime que foi analisado. Para os gastos públicos em assistência social a estimativa apresentou um sinal negativo em relação à maioria das modalidades de crimes analisadas, mostrando assim que é um importante fator para a redução da criminalidade, pois de certa forma, estaria reduzindo a pobreza e a desigualdade e ao longo prazo dariam condições aos beneficiários em investir em educação. Para os gastos públicos concluíram que não existe um efeito de dissuasão, como medida de repressão sobre o crime no País. Com relação a dados regionais Araújo Jr e Fajnzylber (2001) estimaram através de estudos econométricos os determinantes da criminalidade nas microrregiões mineiras. Para tanto foram consideradas como variáveis explicativas os níveis educacionais médios, 6 desigualdade de renda, grau de urbanização, grau de desorganização social e participação dos jovens na população. Os principais resultados indicaram que níveis de educação são estatisticamente significativos para todos os crimes. Aumentos nos níveis de educação implicam em menores taxas de crime contra a pessoa e maiores taxas de crime contra a propriedade. A desigualdade de renda leva em maiores taxas de homicídios e menores taxas de furto de veículos. Microrregiões mais urbanizadas tendem a ter maior taxa de estupro. A desorganização social está associada a todas as taxas de crimes. E uma maior proporção de jovens na população leva a maiores taxas de crimes, em especial para homicídios. Oliveira (2008) com o objetivo de investigar os determinantes da criminalidade e a existência de dependência espacial na criminalidade no Estado do Rio Grande do Sul utilizou dados municipais agregados para roubo, furto e homicídios (taxa de delito p/ cada 100.000 habitantes) no ano de 2000 para fazer uma análise espacial da criminalidade nas cidades do Estado através de modelo econométrico espacial e acrescentando abordagens ecológicas a as teorias do aprendizado social. Concluiu que as características locais como a vizinhança, o ambiente e o histórico do individuo afetam a criminalidade. A mesma conclusão chegaram Oliveira e Marques Junior (2008) na análise espacial da criminalidade na região do Corede Produção onde foram utilizados dados municipais agregados dos crimes de homicídio, lesão corporal, roubo e furto no período compreendido entre 1997 e 2005. Outra conclusão apontada por Oliveira (2008) foi a existência de independência espacial em homicídios e dependência em roubos e furtos. Variáveis como desigualdade de renda e aglomerações urbanas potencializam a criminalidade nas cidades, assim como também a ineficiência do ensino e a desagregação familiar.. Ainda para o Rio Grande do Sul, Amin, Comin e Iglesias (2009) utilizaram a metodologia de contagem de números de delitos colocados em dados de painel e cross-section afim de apresentar diferentes modelos para analisar a relação entre algumas variáveis socioeconômicas como determinantes da criminalidade em 236 cidades do Estado, sob a ótica de desenvolvimento e crescimento econômico. Os resultados não foram conclusivos para variáveis monetárias em relação à criminalidade, pois dependendo do delito pode mudar o efeito. Por fim concluíram, que de acordo com os resultados que obtiveram existem indícios de controvérsia entre criminalidade e crescimento econômico e criminalidade e desenvolvimento. Outros pesquisadores procuraram evidências sobre determinantes da criminalidade de forma alternativa, se não a de utilizar como referencia unidades geográficas e tempo. Os 7 pesquisadores utilizam técnicas de pesquisa através de questionários e entrevistas diretas de criminosos detentos do sistema penitenciário. A exemplo destes trabalhos se destacam Shaefer e Shikida ( 2001), Engel e Shikida ( 2003), Borilli e Shikida (2003), Borilli (2005) que analisaram a economia do crime via entrevista de réus julgados e condenados por crimes lucrativos. Entre os principais resultados destacam-se o motivo de ingressarem para o mundo do crime se dá através de uma decisão racional individual ou por indução de amigos, pela necessidade de ajudar no orçamento familiar e o “ganho fácil”. O baixo nível de educação foi confirmado com a associação do crime. As principais medidas para o combate à criminalidade, para os entrevistados, seriam os investimentos em educação e emprego. Do ponto de vista de estudos dos custos da criminalidade através do método de preços hedônicos que é largamente utilizado no setor imobiliário destacam-se os trabalhos de Rondon e Andrade (2003), Teixeira e Serra (2006) que fizeram estimações em localidades do Brasil. A abordagem do preço hedônico utiliza uma técnica indireta, ou seja, não emprega entrevistas diretas às potenciais vítimas da violência, de modo a aferir a disposição a pagar dos indivíduos para evitarem a violência, ou situações de risco. A aplicação mais recorrente dos modelos de preços hedônicos ocorre na análise do valor imobiliário. (DANIEL et all,p.28, 2007). Para a cidade de Belo Horizonte Rondon e Andrade (2003) utilizando o método de preços hedônicos estimado por mínimos quadrados ordinários calcularam o impacto da criminalidade no valor dos alugueis. A variável a ser explicada foi o valor dos aluguéis e as variáveis controladoras foram as características do imóvel, características locacionais do imóvel e a taxa de crime (homicídio e roubo à mão armada) na unidade geográfica considerada. Pelos resultados apontaram que a criminalidade reduz o valor do aluguel, sendo assim os autores encontraram todos os sinais esperados. Teixeira e Serra (2006) estimaram a disposição de pagar pela locação de um imóvel em lugar menos violento na cidade de Curitiba. Nas suas conclusões a diminuição da disposição a pagar dos indivíduos, a qual se daria através de uma queda das taxas de criminalidade, iria representar um prêmio para os locatários de imóveis, que teriam que pagar menos para morar em uma região menos violenta. 8 3. Análise descritiva da criminalidade Os gráficos abaixo mostram uma análise descritiva dos dados referentes à taxa de crimes contra o patrimônio por 1.000 habitantes ocorridos no período do de 2002 a 2006. Os dados foram obtidos através da Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul. No gráfico 1 mostra o comparativo da situação das taxas dos crimes contra o patrimônio para o RS e Região Sul do RS, sendo que os crimes que se referem são o agregado do total de roubo, furto, estelionato e extorsão. A primeira observação importante é que comparando com a média geral do RS a região Sul está abaixo da média dos crimes contra o Patrimônio. Este fato se dá por causa da inclusão da região metropolitana no computo geral dos crimes, o que acarreta um viés significativo da média dos crimes do RS. Brunet e Viapiana (2006) estudando os padrões da criminalidade no RS evidenciaram que tanto para furto como para roubo, o município de Porto Alegre e algumas cidades da região metropolitana e litoral norte estão acima da média das demais cidades estudadas. Estas evidências também foram encontradas no trabalho de Oliveira (2008) onde constatou uma maior concentração na região metropolitana para o roubo e para os furtos na região do litoral norte. Em 2002 para o RS, a cada 1.000 pessoas cerca de 30 foram vítimas de algum tipo de delito contra patrimônio, tendo um salto em 2003 para cerca de 35 e em 2006 passando a média de 33 pessoas vitimadas. Embora que para a Região Sul a magnitude desse número tenha sido menor, a atividade criminosa cresceu cerca de 22% no período analisado, enquanto que na média geral do RS o crescimento foi em torno de 10% comparado ao primeiro ano analisado,com tendências a queda a partir de 2003. 9 Gráfico 1. Comparativo da evolução crime contra patrimônio 2002 a 2006. Fonte: Secretaria da Segurança Pública do RS O gráfico 2 apresenta a evolução da taxa de criminalidade para as 22 cidades da Região Sul por tipo de crime. Os dados mostram que os índices de furto são os que tiveram maior representatividade se comparados com os demais, seguido de roubo, estelionato e extorsão. O furto passou de cerca de 14 ocorrências em 2002 para aproximadamente 16 por 1.000 habitantes, perfazendo assim um aumento em torno dos 14%. Para roubo teve um incremento de 40% ao longo do período, passando para quase 2 ocorrências por 1.000 pessoas no ano de 2006. Por quanto se observa que tanto os índices de furto como o de roubo vêm tendo uma tendência crescente ao longo do tempo, o que acarreta uma situação preocupante. Já estelionato e extorsão mantiveram-se estáveis ao longo do período. Na maioria das cidades da região não houve em algum período ocorrências do tipo extorsão, somente Pelotas, Rio Grande e São Lourenço do Sul é que esta ocorrência foi registrada todos os anos. 10 Gráfico 2. Evolução da taxa de criminalidade contra o patrimônio por tipo de crime na região Sul (2002/2006). Fonte: Secretaria da Segurança Pública do RS Se comparados a outros locais, os índices de ocorrências de furto na Região Sul são maiores que de todos os estados do Norte, Nordeste e Centro Oeste do País (exceção ao Distrito Federal). Dados do Ministério da Justiça apontavam para os anos de 2004 e 2005 em média ocorreram para cada 1.000 habitantes na região Norte 12 ocorrências de furto. No Nordeste ocorreram 7 delitos e para o Centro Oeste em média 13 crimes de furto. Enquanto que na região Sul do RS foi registrado em média 16 ocorrências de furto ao ano para cada 1.000 habitantes. Para o índice de roubo não é muito diferente, a região Sul possui em média uma taxa maior de ocorrência para 2004 e 2005 do que os Estados de Tocantins (1,19) e Santa Catarina (1,31). 11 3.1. Ranking da Criminalidade na Região Sul Na tabela abaixo mostra a distribuição das categorias de crimes, em consideração, por cidades e sua colocação de ocorrência de forma decrescente. Os dados são referentes à taxa média do crime por 1.000 habitantes referentes ao período de 2002 a 2006. Tabela 1. Distribuição da Criminalidade por município (média 2002 - 2006) Cidades Rank Crime Rank Furto Rank Roubo Patrim 11,47 10,77 0,50 Amaral Ferrador 17º 17º 16º 2,19 2,12 0,07 Ferrador Arroio do Padre 22º 22º 22º 16,48 14,73 0,64 Arroio Grande 10º 10º 12º 9,14 8,10 0,65 Canguçu 18º 18º 11º 19,24 16,17 2,50 Capão do Leão 9º 9º 3º 13,27 12,56 0,56 Cerrito 15º 15º 13º 36,27 33,74 1,07 Chui 1º 1º 7º 15,49 14,50 0,52 Herval 11º 11º 15º 20,40 18,31 0,97 Jaguarão 8º 8º 9º 7,88 7,14 0,36 Morro Redondo 19º 19º 20º 14,91 14,43 0,39 Pedras Altas 13º 12º 18º 30,47 28,26 1,39 Pedro Osório 4º 2º 5º 30,71 22,56 6,73 Pelotas 3º 5º 1º 14,99 14,06 0,36 Pinheiro Machado 12º 13º 19º 13,67 12,78 0,40 Machado Piratini 14º 14º 17º 32,40 24,36 6,70 Rio Grande 2º 4º 2º 30,00 27,10 2,03 Santa Vitoria Palmar 5º 3º 4º 6,99 6,48 0,35 Santana Boa Vista 20º 20º 21º 13,19 11,76 1,02 São Jose Norte 16º 16º 8º 24,38 22,13 1,32 São Lourenço Sul 6º 6º 6º 21,57 20,24 0,53 Tavares 7º 7º 14º 6,93 6,09 0,79 Turuçu 21º 21º 10º Média Desvio Padrão 17,82 9,81 15,84 8,05 1,36 1,85 Fonte: Secretaria da Segurança Pública do RS Os índices mostram de uma forma geral uma distribuição desigual das taxas de crimes, a exemplo estão Arroio do Padre e Chuí que estão em lados extremos bem opostos. Arroio do Padre têm a menor média de ocorrências de todas, enquanto que Chuí a maior para o agregado de crimes contra o patrimônio e furto. Duas características parecem oferecer uma explicação lógica para o evento: Dentre as cidades que fazem parte da região estudada, Arroio do padre é que tem o menor número de população residente por município, além de ser um enclave dentro da zona rural de Pelotas, o que dificulta de certa forma a presença de forasteiros, possui a menor taxa de urbanização de todas as cidades da região, somente cerca de 12% da população vive na zona urbana,tendo também um dos menores PIB per capita. 12 Ao passo que, Chuí tem o segundo maior PIB per capita da região, perdendo somente para Rio Grande. Embora sua população efetiva seja pequena, mais de 90% reside na zona urbana. Além disso, a população flutuante que deslocam a fronteira para compras é expressiva, sendo assim possíveis alvos em potencial. Assim o que se tem é uma relação positiva entre o furto e a população. Oliveira e Marques Jr. ( 2008) evidenciaram uma correlação positiva entre os crimes estudados e municípios mais populosos, salientaram que os criminosos podem selecionar melhor as suas vítimas, dados a maior oferta de vítimas potenciais. Para o PIB per capita concluíram que também existe uma correlação positiva com o crime. Pelotas e Rio Grande se destacam por estarem bem à cima da média dos demais municípios para o roubo. Por serem as duas maiores cidades da região, tem características diferenciadas das demais, entre elas a densidade demográfica, o que reforça as conclusões do modelo econométrico de Oliveira e Marques Jr. (2008) que encontraram relação positiva entre densidade demográfica com furto e roubo. As demais cidades se encontram mais próximos da média para o roubo. Oliveira (2008) salienta que os roubos são crimes freqüentes nos ambientes urbanos. Assim a densidade demográfica é uma variável endógena que faz aumentar o roubo, pois o ambiente urbano aumenta os benefícios e diminui a probabilidade de ser punido e os custos de planejamento e execução para este tipo de crime são menores. Outras observações importantes são que de acordo com a tabela os municípios litorâneos, que possuem praia estão entre os de maior incidência de crimes. Cidades limítrofes tendem a ter índices parecidos de crimes, a exemplo Chuí e Santa Vitória Palmar, Arroio Grande e Herval, Capão do Leão e Pedro Osório, Canguçu e Santana da Boa Vista, o que não vale para Pedro Osório e Cerrito8. Cidades com características rurais tendem a ter índices menores de crimes: Arroio do Padre, Turuçu e Amaral Ferrador. 4. Metodologia Para analisar os determinantes da criminalidade nas cidades da Região Sul do RS, foram estimados um modelo econométrico a partir de dados em painel para cada tipo de crime no período de 2002 a 2006. 8 Pedro Osório e Cerrito embora limítrofes, possuem o grau de urbanização bastante diferentes, 90% e 57% respectivamente. 13 A escolha deste período se deu pela falta de dados nos anos anteriores e posteriores a este, pois em várias oportunidades sofreram solução de continuidade. Quanto à escolha de regredir em dados de painel estes conseguem agregar ao mesmo tempo análise de time serie e cross section para cada cidade observada. Carraro e Damé (2007) justificam a utilização de dados de painel por trabalhar com mais graus de liberdade, assim o resultado obtido na regressão possui maior confiabilidade e robustez. O método utilizado foi de Mínimos Quadrados Ordinários Agrupados9 sendo que nas regressões a heterocedasticidade foi corrigida pelo método White e os cálculos foram realizados com a utilização do software Eviews. Para a estimação dos modelos propostos, os dados referente à variável dependente são provenientes da Secretaria da Segurança Pública do Estado do RS, tendo os indicadores da criminalidade na região i observada no período t os três índices a seguir: taxa do agregado de crimes contra patrimônio totais por 1.000 habitantes, taxa de roubos totais por 1.000 habitantes e da taxa de furtos por 1.000 habitantes, A escolha das variáveis explicativas usadas neste trabalho se deu através da análise da seção anterior e da revisão de literatura, assim sendo estão colocadas na tabela abaixo, bem como uma rápida descrição: Tabela 2. Descrição das variáveis explicativas usadas nas regressões Variável Descrição Fonte Nivel de renda- foi utilizada como proxy Fundação de Rend Produto Interno Bruto Municipal per capita Economia e deflacionados pelo IGP-M para o ano de 2000. Estatística (FEE). Urb URB é grau de urbanização - participação da Fundação de população urbana no total da população do Economia e Estatística (FEE). município. P15_24 P15_24 é o percentual de jovens masculinos Fundação de entre 15 e 24 anos na população total do Economia e Estatística (FEE). municipio. Dummy para as cidades litorâneas da Região Constatação própria. CidLit Sul onde assumirão valor 1 para as respectivas cidades e 0 para as demais. 9 Foram realizados regressões para efeitos fixos e aleatórios, porém as variáveis não se mostraram significativas. 14 índice de ocorrências registradas envolvendo Secretaria da Drog posse e/ou tráfico de drogas no município por Segurança Pública 1.000 habitantes. do RS. Elaboração própria do autor. Mesmo reconhecendo que existência de outros fatores sócios econômicos cause influência sobre a criminalidade, estes não puderam ser incorporadas devido a falta de dados a nível municipal, como também, as demais que estavam a disposição não se mostraram significativas no modelo proposto. (exemplo: densidade demográfica). Contudo as variáveis dispostas acima estão condizentes com a hipótese que se quer testar, ou seja, a influência da renda e da população sobre a criminalidade. Num segundo momento, tendo como referência o trabalho de Santos e Kassouf (2007), foram testadas a hipótese da influência do fenômeno drogadição na criminalidade, sendo que Rend e Urb foram usadas como variáveis controle. 5. Resultados A tabela 3 contém os resultados das estimativas para as três modalidades de crime analisadas. Como pode se observar, com exceção da constante do crime de roubo, as demais variáveis encontram-se estatisticamente significativas. Cabe salientar que com exceção de CidLit que é uma dummy, as demais variáveis estão na forma logarítmica, assim foi possível obter diretamente a elasticidade. Tabela 3. Resultado das regressões em dados de painel para as taxas de crimes Variável Crime c/ Patrim Furto Roubo Constante Rend Urb P15_24 -5.153640 -5.288082 2.434555 (-3.692931) (-3.628714) (0.876322) 0.235268 0.174261 0.680620 (4.637901) (3.493927) (3.972952) 0.797971 0.747428 0.621806 (7.221558) (6.772562) (4.845041) -0.982186 -1.291688 4.473496 (-2.368857) (-3.088560) (4.903743) 15 0.390144 0.374971 0.452543 CidLit (8.956251) (9.828917) (5.559618) R² 0.656342 0.621651 0.577642 Nº Obs. 109 109 96 Estatística F 49.65658 42.71968 31.11424 Os números entre parênteses representam estatística t . Para a variável Rend, aqui representada pelo PIB per capita, a priori poderia se pensar que tivesse um efeito negativo na taxa de criminalidade, porém apresentou o resultado esperado, ou seja, correlacionada positivamente (β > 0) com a variável dependente, eis que se tratando de crime que tem objetivo de auferir ganhos, a idéia é que quanto maior a renda circulando, maior o desejo de captá-lo de forma ilícita, sendo assim, pressupõe-se que nas cidades onde o PIB per capita seja mais elevado, maior seja o número de crimes contra o patrimônio de uma forma geral. Embora tenha se logrado êxito no sinal esperado, na literatura brasileira a variável representando a renda não aparece de forma unânime. Lobo e Fernandez (2005), usando o PIB per capita como proxy para renda do município mostrou que esta encontrava-se negativamente correlacionada com os índices de crimes de furto, roubo e crimes contra o patrimônio. Oliveira e Marques Jr. (2008) encontraram resultados positivos, usando o PIB per capita, para modalidade de roubo e homicídio e negativo para furto. Um fato preocupante é o caso do roubo que se mostrou o mais significante dentre os três índices de crimes analisados, um aumento de 1% na Rend representa em um acréscimo de cerca de 0,68% deste delito. O motivo da preocupação se dá pelo fato de que quando o agente criminoso vai cometer ou está cometendo a ação delituosa sempre o fará mediante violência ou grave ameaça contra a vítima. A variável URB também mostrou-se positivamente correlacionado com as três modalidades de crimes analisadas, indicando que o grau de urbanização contribui para o aumento nos índices de criminalidade. De acordo com os resultados um aumento de 1% na taxa de urbanização eleva cerca 0,80% no índice dos crimes contra o patrimônio; 0,75% para o índice de furto e 0,62% para o índice de roubo. Uma das razões para este resultado seria que em locais onde exista uma maior parte da população vivendo na zona urbana, o que provoca uma maior concentração de pessoas, seja propício para um maior cometimento de crimes devido ao anonimato que se cria com o ambiente e também pela falta de interação entre o poder público e a população. 16 O percentual de jovens masculinos entre 15 e 24 anos na população total do município, contrariamente o que se esperava, revelou um sinal negativo para os índices do agregado de crimes contra o patrimônio e furto. O que se esperava é que, assim como no índice de roubo, as demais modalidades também fossem positivamente correlacionadas com a variável P15_24, pois segundo alguns estudos os jovens são mais suscetíveis a cometer delitos por questões de menores controles sociais, salários menores, entre outros. Conforme o resultado da variável Cidlit, o fato de ser cidade litorânea afeta positivamente as taxas de criminalidade analisadas. Espera-se que o fato da criminalidade ser mais elevada nestes municípios se dá pelo fluxo de pessoas que se deslocam para região no período de veraneio, havendo assim um aumento da população flutuante ocupando um mesmo espaço geográfico, o que tende a facilitar a ação do criminoso, Por outro lado, com o fim do período de veraneio, as pessoas tendem a “abandonar” suas residências da praia na maior parte do tempo do ano, o que também facilita a ação do delinqüente para o furto em residências. Dados verificados “in loco” na 3ª sessão do 4º BPM da Brigada Militar, indicam que a maior parte dos furtos em residências na praia do Laranjal se dá fora do período de veraneio e o furto simples acontece com maior freqüência no período de dezembro e janeiro de cada ano. Os resultados para verificar a influencia da drogadição nas modalidades de crimes analisadas estão na tabela 4. Assim como na tabela anterior todas as variáveis encontram-se na forma logarítmica. Tabela 4. Resultado das regressões em dados de painel: fenômeno drogadição Variável Crime c/ Patrim Furto Roubo -2.335478 -1.172349 (-3.343737) (-1.676664) 0.373753 0.227712 (3.999447) (2.332594) 0.514623 0.512130 (7.129636) (7.465053) 0.158154 0.156363 Drog (9.162162) (6.003377) R² 0.574548 0.474587 0.492937 Nº Obs. 74 74 72 Estatística F 31.51031 21.07616 22.03522 Constante Rend Urb Os números entre parênteses representam estatística t. -14.29685 (-8.884774) 1.327827 (5.991867) 0.688356 (4.539897) 0.139725 (2.284653) 17 Como se pode observar todas as variáveis encontram-se estatisticamente significativas. Conforme esperado as variáveis de controle têm o sinal desejado corroborando com os resultados da tabela 3. A variável que se quer observar também está correlacionada positivamente nas três estimativas, o que evidencia a influencia das drogas no cometimento dos crimes. A idéia é que o criminoso tenderá a cometer a ação delituosa a fim de captar recursos para sustentar o próprio vício, como também para angariar fundos para entrar ou se manter no mercado de drogas. Sendo assim o resultado foi o esperado. 6. Conclusão Este trabalho buscou identificar e analisar a participação de algumas variáveis na busca de um a explicação na determinação da criminalidade nas cidades da região sul do RS no período de 2002 a 2006. Os crimes analisados foram àqueles considerados onde o agente ativo teria uma motivação econômica para cometê-lo. Os principais resultados evidenciaram que o nível de renda e a urbanização influenciam positivamente no cometimento dos crimes analisados. A participação dos jovens masculinos na faixa entre 15 e 24 anos mostrou-se negativamente correlacionado com o agregado de crimes contra o patrimônio e furto. Este resultado leva as duas prováveis indagações: a primeira seria que os crimes relacionados negativamente com a variável explicativa estariam migrando para outras faixas etárias ou o fato de existir limitações na coleta de dados estariam exercendo um problema de estimação? A resposta destas indagações será respondida de forma oportuna em futuro próximo na continuação deste estudo. Outras constatações importantes que merecem um estudo mais aprofundado são a influencia positiva das drogas no cometimento da criminalidade e as cidades litorâneas tendem a ter uma maior taxa de criminalidade em relação às demais. . Por findo, este trabalho foi uma tentativa inicial de analisar a criminalidade na região sul do RS, pois conhecer estes principais causadores é condição sine qua non para que as autoridades consigam reduzir seus índices e conseqüentemente seus custos econômicos, gerando desta maneira externalidades positivas. 18 7. Referências Bibliográficas AMARAL, D.. 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