SEMINÁRIO “Prevenção… Que Estratégias” O CONTRIBUTO DO JOGO, E DA ACTIVIDADE FÍSICA E DESPORTIVA COMO INSTRUMENTO EM PREVENÇÃO PRIMÁRIA O Jogo como Estratégia de Intervenção nas Escolas Francisco Batista • Nos últimos anos vem sendo acentuada a importância do jogo e da actividade física e desportiva na prevenção e tratamento da toxicodependência, assumindo-se sem mais, que fazer desporto é positivo e que portanto basta fazê-lo de qualquer maneira minimamente organizada, para conseguir supostos benefícios preventivos ou terapêuticos. • Sem dúvida, no contexto da toxicodependência, esta subtil diferença entre a obtenção de benefícios ou prejuízos deve considerar-se crucial, pois que a correcta ou incorrecta utilização que se faça do jogo e da actividade física e desportiva, dependerá que esta tenha efeitos preventivos ou curativos, ou que, ao contrário, aumente o risco do consumo, ou dificulte a reabilitação. • Sem dúvida também que hoje estão claramente demonstrados os benefícios fisiológicos da prática da actividade física e desportiva, como também o é de que para consegui-los deve realizar-se de forma adequada, com o tipo de exercício ou desporto adaptado às condições e circunstancias concretas de cada utente, procurando a consolidação desse tipo de prática como hábito. • Para além de tudo isto, a prática física e desportiva também pode ter efeitos psicológicos benéficos que devem ser considerados. Por exemplo tem sido observado que ela pode aliviar estados de ânimo adversos e outras manifestações de stress psicológico, diminuir a sintomatologia de pacientes com estados patológicos de ansiedade e depressão, e inclusive prevenir a depressão; • Sem dúvida, que todos estes possíveis benefícios resultam relevantes no contexto da prevenção e tratamento da toxicodependência. • Isto implica, se pretendemos que a prática desportiva proporcione benefícios psicológicos, devem desenhar-se actividades que não se dirijam prioritariamente somente à melhoria da condição física, mas sim conseguir que os participantes melhorem a sua auto-eficácia, fortaleçam a sua auto-estima, e obtenham uma gratificação quotidiana mediante a prática. • Importa referir que a obtenção destes benefícios atractivos, requer que a prática desportiva seja utilizada correctamente, pois não aparecem pelo simples facto de que os adolescentes se inscrevam em alguma actividade. • A nossa visão é a de que o modelo de intervenção em prevenção primária pode ser desenvolvido através de actividades pouco ou nada conotadas com as práticas desportivas tradicionais. • Cremos que o desporto não tem que ser apenas um instrumento da saúde ou da estética, mas sim percebido no campo das realizações humanas, de onde resultam benefícios pessoais aos mais variados níveis. • Intervir no campo do desporto é transmitir cultura através do corpo. • E o jogo cumpre um papel de primordial importância nessa transmissão. Utilizar o jogo físico como instrumento de trabalho nesta área é contribuir para a cultura, para a saúde, para a estética, para o ambiente, para a vida. É ESSA A NOSSA OPÇÃO E PROPOSTA! O Jogo como Estratégia de Intervenção nas Escolas • Devemos conceber o jogo como um factor de desenvolvimento global (cognitivo, afectivo, social e motor) e de auto-realização pessoal. Supõe uma oportunidade única para o melhor e mais equilibrado desenvolvimento das pessoas, fazendo-as mais felizes e mais humanas. • Considerando o jogo desde um ponto de vista psicopedagógico, valoriza-se este como um elemento favorecedor de todo o tipo de aprendizagens. O jogo pode proporcionar à criança uma grande variedade de experiências e estímulos, toda uma bagagem de vivências úteis e necessárias para o seu adequado desenvolvimento. Portanto a actividade lúdica deve ser um elemento que impregnará toda a prática educativa. Tratamento Didáctico • Hoje o jogo não só está aceite, senão recomendado como elemento educativo de vital importância. • A ideia que aqui propomos é que os jogos são actividades que nos proporcionam um amplo leque de tarefas, com uma grande riqueza motora e num ambiente muito mais lúdico e festivo ( o que nos leva a acabar com outro grande problema: a motivação), quer dizer, que o jogo é uma actividade fundamental para o correcto e adequado desenvolvimento físico, psíquico e social do aluno. • A utilização do jogo no sistema educativo tem uma serie de aportes pedagógicos: • É uma realidade motora que traz prazer e satisfação ao aluno; • O jogo ajuda o aluno a desenvolver as capacidades físicas e as habilidades e destrezas básicas; • O jogo é um elemento imprescindível para o desenvolvimento de aprendizagens significativas; • No jogo é o próprio aluno que transporta consigo soluções aos problemas colocados. Tem um carácter criativo, cheio de imaginação e fantasia. • Mediante o jogo desenvolvemos todos os âmbitos da conduta humana: cognitivo,motor e sócio-afectivo. • O jogo possibilita uma maior interacção entre os alunos, favorecendo o desenvolvimento de hábitos de cooperação e convivência. Tem um componente social muito forte. • O jogo permite o conhecimento das tradições e da cultura do ambiente do aluno. • Em resumo, o jogo é, sobretudo, recreação, e a sua finalidade reside no mesmo. É uma actividade física gratuita já que se faz sem esperar nada em troca. Faz-se simplesmente pelo prazer de fazê-lo, por divertimento. • Na nossa perspectiva a utilização do jogo nas actividades escolares persegue um objectivo fundamental: “ser um elemento motivador através do qual se conseguem atingir os objectivos próprios da área”. Quer dizer, utilizá- lo como meio para conseguir os fins estabelecidos, sistematizando a prática do jogo como meio em múltiplas actividades. • O que pretendemos fazer é utilizar o jogo como estratégia educativa, tratando-o como conteúdo ( utilização do mesmo para conseguir objectivos relacionados com o seu carácter lúdico, procurando antes de tudo o prazer que produz a sua prática e utilizando o mesmo para alcançar fins mais relacionados com aspectos afectivos e sociais que motores: nesta linha poderão utilizar-se toda a gama de jogos populares, tradicionais ou alternativos) • A utilização do jogo nesta área deve corresponder a uma selecção dependente de uma serie de factores que assinalamos em continuação: • Os objectivos:os jogos serão seleccionados segundo os • • • • • • objectivos que queiramos conseguir na actividade. O número de alunos: o grupo condicionará o tipo de jogos que possamos utilizar. O terreno de jogo: ainda que em princípio, qualquer espaço pareça indicado para desenvolver os diferentes jogos, são necessários algumas condições mínimas que permitam a realização dos mesmos. O material didáctico: segundo os recursos materiais que disponhamos, poderemos utilizar uns jogos ou outros. Momento da sessão onde se utilize o jogo: os jogos a seleccionar serão distintos segundo sejam utilizados no aquecimento, parte principal ou retorno à calma. Controle do esforço: deveremos alternar jogos de maior intensidade com outros de relaxação que sirvam para descansar ou evitar sobre-esforço. Controle da motivação: devemos utilizar sempre os jogos mais motivantes depois de outros que sejam menos. Importância do jogo na educação da criança • MELHORIA, EM GERAL, DAS SUAS FACULDADES. • MAIOR EQUILÍBRIO EMOCIONAL (CONTROLO DOS IMPULSOS). • FORTALECE A SUA VONTADE E AUMENTA A RESPONSABILIDADE. • DESESENVOLVE A IMAGINAÇÃO. • MELHORA O ESPÍRITO DE SUPERAÇÃO. • ABERTURA SOCIAL. • INCREMENTA A CAPACIDADE CRIADORA. • AJUDA A AGUDIZAR A ATENÇÃO. • EQUILÍBRIO DA ACTIVIDADE MENTAL E FÍSICA. • É POSITIVO PARA A INTERPRETAÇÃO E RESPEITO DAS NORMAS. PREVENIR A JOGAR Manual de jogos e actividades lúdico-desportivas ELABORAÇÃO DE UM MANUAL DE JOGOS OBJECTIVOS • Ser uma ferramenta de trabalho • Intervir através do jogo e do exercício físico • Formar agentes associativos e de ensino ÁREAS DE INTERVENÇÃO • Bem-estar • Resistência à frustração • Saúde • Auto-conceito • Gestão de tempo • Auto-estima • Os limites e a sua negociação • A relação no grupo ESCALÕES ETÁRIOS 6 - 9 ANOS 10 - 13 ANOS ESTRUTURA DAS FICHAS DE TRABALHO Título Objectivos Descrição Ilustração Idade Área Material TIPOLOGIA DOS EXERCÍCIOS • Estimulação da atenção • Jogos alegres • Expressão plástica • Luta / Oposição • Ritmo • Iniciação desportiva CUIDADOS METODOLÓGICOS (1) • Existência de um clima de alegria • Privilégio de situações multitarefas • Aumento do tempo de prática • Existência de comunicação entre todos CUIDADOS METODOLÓGICOS (2) • Evitar situações de risco • Construção de regras por parte do grupo • Utilizar os quinestésico canais visual, • Utilizar a formação de grupos auditivo e A SESSÃO Aquecimento (16 fichas) Parte fundamental (80 fichas) Retorno à calma (16 fichas) “Ar livre” (4 fichas) ESPAÇO E MATERIAL 83 fichas não recorrem a material Espaço informal O QUE PRETENDEMOS (1) • A consciência e a liberdade do corpo • A competição diálogo • O jogo, o humor e a festa • A ecologia e a preservação O QUE PRETENDEMOS (2) • O direito ao lazer desportivo • A saúde, a aptidão e a cultura • A não violência • Um projecto para o futuro FIM