PENSAMENTO SISTÊMICO E MODELAGEM COMPUTACIONAL: APLICAÇÃO PRÁTICA NA EMPRESA DE TRENS URBANOS DE PORTO ALEGRE - TRENSURB AURÉLIO DE LEÃO ANDRADE CEMA - Centro para Mudança e Aprendizagem Organizacional / PPGEP - Progr. Pós-Graduação Eng. Produção / UFRGS - Univ. Federal Rio Grande do Sul - Pç. Argentina, 9 sl. 406 - Porto Alegre - RS - Brasil HUMBERTO KASPER CEMA - Centro para Mudança e Aprendizagem Organizacional / PPGEP - Progr. Pós-Graduação Eng. Produção / UFRGS - Univ. Federal Rio Grande do Sul - Pç. Argentina, 9 sl. 406 - Porto Alegre - RS - Brasil ABSTRACT This work means the beginning of some efforts in learning organizations models practice, specially Peter Senge’s “five disciplines” model, mainly through systems thinking. These efforts aim to assess daily use in organizational reality, as much as intervention technique, as organizational analysis tool. While making this practical application on TRENSURB, we observed many opportunities to see that technique as having effective outcomes, above all, wide learning inside the collective environment. The description about the case allows an auxiliary guide for future applications. KEYWORDS: ORGANIZATIONAL LEARNING; SYSTEMS THINKING; COMPUTER SIMULATION 1 - INTRODUÇÃO A década de 90 vem sendo marcada, em termos organizacionais, pelo surgimento e domínio público de um novo modelo normativo de controle organizacional identificado por Aprendizagem Organizacional. Várias são as abordagens utilizadas, mas uma de grande interesse tem sido foco de estudos, a chamada “Cinco Disciplinas da Organização de Aprendizagem”, de Peter M. Senge (1990) e seus colegas do MIT - Massachusets Institute of Technology. Particularmente uma destas disciplinas parece ter uma relevância especial: o pensamento sistêmico. Isto por pelo menos dois motivos: 1) é a disciplina que dá a sustentação estrutural das demais disciplinas da aprendizagem e, 2) é oriunda de cerca de 40 anos de estudos no campo de conhecimento da dinâmica de sistemas, e sugere que para haver uma compreensão mais ampla das estruturas da realidade é necessário um novo tipo de pensamento, oriundo de um novo tipo de linguagem. Dentro desta relevância, após ter sido realizada uma revisão teórica da abordagem, coube a necessidade de aplicação num caso prático. Por isso, este documento apresenta a descrição da aplicação do pensamento sistêmico junto à Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre TRENSURB. A relevância do tema ainda está vinculada à possibilidade aberta pelo método em modelar computacionalmente o caso, o que permite experimentações visando melhor compreender a situação analisada. O objetivo geral deste trabalho é compreender, através da aplicação prática em uma situação organizacional, o método de análise e intervenção na realidade derivado da disciplina de pensamento sistêmico. Especificamente, este trabalho pretende ainda 1) proporcionar aprofundamento dos conhecimentos em Dinâmica de Sistemas; 2) avaliar a possibilidade de transformação de modelos conceituais em modelos computadorizados; 3) avaliar os resultados do uso dos modelos computadorizados comparativamente aos objetivos do método e; 4) aprofundar o conhecimento sobre o software ithink, indicado como ferramenta de apoio ao método. Para atingir os objetivos do trabalho, foi realizado um trabalho conjunto com uma equipe da empresa que proporcionará um problema ou situação para ser analisado e modelado. Este trabalho está estruturado da seguinte forma: a primeira parte contém uma descrição da empresa. A seguir, são realizadas algumas considerações teóricas sobre a abordagem a ser utilizada, para, na segunda parte, realizar-se a descrição das atividades do caso. Finalmente, na busca de cumprir os objetivos propostos, se buscará o aprendizado obtido através da aplicação prática e as conclusões finais. 1.1 - Descrição da Empresa A Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. - TRENSURB foi constituída em 25 de abril de 1975 para resolver os problemas de transporte da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Um dos seus principais objetivos consiste em transferir parcela significativa dos usuários de automóveis e ônibus para o trem metropolitano. Após 10 anos de operação comercial, constata-se no entanto que a movimentação de passageiros não corresponde à demanda estimada. As diferenças foram na época creditadas a várias causas: à menor evolução demográfica, à crise econômica e à hipótese de exagero nos modelos gerados para a estimativa . 2 - CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS Uma perspectiva dinâmica e sistêmica que ajude os administradores a lidar com a mudança de maneira efetiva tem sido há muito tempo advogada (Senge & Sterman, 1994). No entanto, segundo estes autores, o desafio está em mover-se das generalizações para ferramentas e processos que ajudem os administradores a tratar questões complexas (op. cit., p.197). Pode-se notar de início que o pensamento sistêmico é uma técnica prática para a compreensão de questões complexas, para a ação e aprendizado. No entanto, Senge (1990, p.329) adverte que o pensamento sistêmico pode ser considerado em três diferentes aspectos: a prática, os princípios e a essência. Todos estes aspectos devem ser considerados simultaneamente; além de um conjunto de atividades e ferramentas, é também um conjunto de princípios teóricos que ajudam a entender os seus fundamentos lógicos. Mas, para Senge, a essência é diferente. Esforços empreendidos na essência proporcionariam novas visões de mundo. No caso do pensamento sistêmico, a experiência de vivenciar interligações ajudaria a perceber a importância do todo. 2.1 - A Linguagem Sistêmica Senge argumenta que a dinâmica de sistemas permite uma nova forma de linguagem para comunicar sobre o funcionamento dos sistemas e da realidade. Como parte do pressuposto de que “a linguagem modela a percepção” (1990, p.80), uma nova linguagem traria novas formas de pensamento que permitiriam compreender os sistemas complexos. Novas formas de pensamento gerariam processos mentais mais efetivos para tratar com a realidade, o que elevaria o potencial das pessoas. Isto romperia com o “pensamento linear”, que pressupõe relações de causa-efeito que impedem a percepção de situações envolvendo complexidade dinâmica, manifestada “quando uma mesma ação produz efeitos completamente diferentes a curto e a longo prazo” ou quando ela tem “um determinado efeito no local de intervenção, e um efeito completamente diferente em outra parte do sistema” (op. cit., p.79). Dentro deste contexto, Senge et alii (1996, p.105) sugerem o uso dos diagramas de enlace causal como instrumento de linguagem. A argumentação é que (1) a linguagem natural não oferece uma estrutura adequada para entender e comunicar uma situação em que estão envolvidas influências mútuas dos elementos da realidade, com enlaces de retroalimentação e, (2) como a linguagem molda o pensamento, uma linguagem que trate mais adequadamente as complexidades dinâmicas da realidade trariam uma forma de pensamento mais efetiva. 2.2 - Os Níveis do Pensamento Sistêmico Uma dos principais modelos de compreensão do pensamento sistêmico é o dos níveis de uma situação. Este modelo serviu como a base para conceituação de um método que permite, através do aprofundamento da percepção, a ampliação da compreensão de questões sistêmicas. Os níveis estão ilustrados na figura 1. Pode-se observar no primeiro nível (o mais evenvisível), eventos ocorrendo e sendo percebidos tos pelas pessoas envolvidas. Em geral, é com base padrões de nestes eventos que as pessoas explicam situações comportamento - “quem faz o que a quem”, razão pela qual as estrutura sistêmica ações baseadas nesta percepção tendem a tomar modelos aspectos reativos - o que, segundo Senge (1990, mentais p.58), é o tipo de ação mais comum. No entanto, estes eventos são evidências de Figura 1 - Os níveis do pensamento sistêmico padrões de comportamento dos elementos da ilustrados pela metáfora do iceberg realidade descrita. Para que uma percepção extrapole o limite do nível dos eventos, seria preciso analisar as tendências de longo prazo e avaliar suas implicações. Neste nível são utilizados gráficos, avaliando o comportamento passado das variáveis e buscando evidências que possam indicar seu comportamento futuro ou desejado. Neste caso, as ações tomariam uma forma responsiva, pois surgem indicativos de como a longo prazo os atores podem responder às tendências de mudança. O terceiro nível invoca a compreensão estrutural da situação em questão. Ele indica o que causa os padrões de comportamento, buscando explicar como os elementos influenciam-se. Este nível de ilustração é a mais rica e a que permite as melhores intervenções em termos de alavancagem da mudança. Partindo do pressuposto de que estrutura gera comportamento, pode-se inferir que o quarto nível influencia os demais na medida em que os modelos mentais dos atores influenciam o seu comportamento de forma a gerar estruturas sistêmicas da realidade. Assim, é preciso identificar como eles geram ou influenciam as estruturas em jogo para que seja possível compreendê-las e modificá-las. 2.3 - Narração de Histórias - O Método de Compreensão e Intervenção A prática do pensamento sistêmico permite formas alternativas de raciocínio sobre questões que envolvem complexidade dinâmica. Senge et alii (1996) não apresentam especificamente um método visando esta prática. No entanto, alguns casos e exercícios sugerem um roteiro de aplicação. Na figura 2 abaixo encontra-se um resumo do roteiro de aplicação do pensamento sistêmico. 1) Definindo uma Situação Complexa de Interesse O objetivo é definir claramente uma situação de interesse, identificando uma situação importante para a organização. Deve ser uma questão com história conhecida, bem como deve haver um certo nível de confiança entre os atores e, preferencialmente que tenham alguma habilidade para argumentação e inquirição. 2) Apresentando a História Através de Eventos Aqui o objetivo é penetrar o primeiro nível do pensamento sistêmico, visando assinalar eventos relevantes relacionados com a situação ao longo do período considerado. 3) Identificando os Fatores Chave A partir da lista de eventos relatados, é necessário identificar que fatores ou variáveis podem ser elencados como chave para a compreensão da situação. Tudo o que contribui para um resultado ligado à situação e que esteja sujeito a variações deve ser assinalado. 4) Traçando o Comportamento Surge aqui a necessidade de traçar o comportamento passado e as tendências futuras dos fatores chaves, buscando penetrar o nível dos padrões de comportamento. 5) Identificando as Influências Neste passo, o objetivo é identificar as relações causais entre os fatores, a partir da comparação das curvas, hipóteses preliminares e intuições a respeito das influências recíprocas, desvendando as estruturas sistêmicas. 6) Identificando Modelos Mentais O objetivo desta fase é identificar os modelos mentais presentes, ou seja, levantar crenças ou pressupostos que os atores envolvidos na situação mantêm em suas mentes e que influenciam seus comportamentos, gerando estruturas no mundo real. 7) Transformando Modelos Mentais em Elementos do Sistema Para enriquecer o quadro, é necessário transformar os modelos mentais presentes em elementos da estrutura sistêmica. 8) Aplicando Arquétipos Havendo um certo domínio no uso dos arquétipos, é possível obter mais insights sobre a situação ou a identificação de padrões comuns da natureza atuando na questão. Ao identificar um arquétipo operando na situação, é possível inserir-se novos elementos que estão presentes genericamente na estrutura do arquétipo, mas que não foram elucidados na situação. 9) Modelando em Computador Obtendo uma representação de certo consenso, pode-se transformar o diagrama de enlace causal da situação em um diagrama de fluxo, que possibilita modelar o sistema no computador. A vantagem do uso do computador é a possibilidade de alterar parâmetros ou simular a passagem do tempo, além de avaliar as influências mútuas de uma maneira dinâmica. A principal função da modelagem é a possibilidade de reavaliação dos modelos mentais dos participantes do processo, no sentido que o computador oferece um local seguro para "experimentações". 10) Reprojetando o Sistema Reprojetar o sistema significa planejar alterações na estrutura visando alcançar os resultados desejados, considerando as conseqüências sistêmicas destas alterações. Neste caso, podem ser adicionados novos elementos, enlaces ou mesmo quebrar ligações que produzem impactos indesejáveis. Figura 2 - Sumário de aplicação do pensamento sistêmico 3 - DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO PRÁTICA Nesta seção está descrito um detalhamento maior do método de trabalho através da descrição do trabalho, ao longo das diversas reuniões e encontros, apresentando também os resultados de cada etapa, e do trabalho como um todo. 3.1 - Condições Gerais de Trabalho Existe um debate corrente sobre o papel do consultor (ou especialista) na condução de trabalhos dentro de organizações. Este debate é bem ilustrado por Lane (1994), onde o autor expõe as deficiências do processo de intervenção tradicional, em que o especialista, após um fase de conhecimento do problema, volta-se para atividades sem interação com a organização, geralmente de cunho estritamente técnico. Segundo Lane (1994, p. 88), tal prática resulta em pelo menos três grandes restrições de trabalho: 1) as análises e os resultados do trabalho carecem de sentimento de autoria por parte do cliente; 2) a ausência da construção coletiva da solução pode levar a uma rejeição do papel do especialista, do tipo “(...) este especialista não conhece nossa organização para sugerir tal coisa (...)” e; 3) inapropriação da modelagem “hard”, como a “tendência da pesquisa operacional de concentrar-se em ‘fatos objetivos’ de uma questão e ignorar as pessoas (...)” (op. cit., p.90). Lane propõe a construção de um método de consultoria que incentive o aprendizado coletivo, buscando resolver as três questões levantadas: a criação do sentimento de autoria pelo cliente, a redefinição do papel do especialista enquanto facilitador, e a possibilidade de tratar de problemas “soft”. Sua sugestão é a adoção da abordagem “Modeling as Learning” (modelagem como aprendizado), cujos principais aspectos apóiam firmemente a abordagem do pensamento sistêmico. 3.2 - A Definição do Assunto A definição do assunto a ser tratado junto à empresa foi enormemente facilitado, pois um dos autores é membro da empresa em questão e observou que seria de grande motivação tratar o chamado “problema da demanda” da empresa. Este “problema da demanda” refere-se às projeções estabelecidas no projeto inicial e que nunca foram atingidas. 3.3 - Descrição do Trabalho Prático e das Reuniões 3.3.1 - Passo 1: Definindo uma Situação Complexa de Interesse A operacionalização deste passo está definida em Senge et alii (1996, p.97), onde há indicações sobre o tipo de questão a ser utilizada como foco de atenção para um exercício de pensamento sistêmico. No entanto, cabe salientar que Vennix et alii (1994, p.31) indicam que, além da descrição sucinta do problema, deva-se ainda definir o horizonte de tempo a ser considerado, o nível de agregação das informações e as fronteiras do sistema. Descrição: “A empresa não conseguiu cumprir as metas projetadas para demanda. Além disso, houveram perdas de usuários de um tempo para cá.” Horizonte de tempo: serão considerados os fatores e eventos desde a fundação da empresa (1985) até os dias de hoje. Nível de agregação: serão tomados dados anuais referentes aos fatores considerados, sendo estes fatores aqueles típicos para a tomada de decisão do alto nível gerencial (direção/alta gerência). Fronteiras: todos os fatores que têm correlação direta ou indireta com a demanda, principalmente considerando-se a localização geográfica de atuação: região metropolitana de Porto Alegre. Figura 3 - Descrição do assunto a ser tratado no trabalho de pensamento sistêmico 3.3.2 - Passo 2: Apresentando a História Através de Eventos Uma série de eventos foi relatada pelos componentes da equipe de trabalho. Estes eventos permitiram uma análise preliminar histórica do problema, e tiveram referência a um grande número de pontos de vista e facetas do problema. Foram citados eventos relativos à políticas tarifárias próprias e da concorrência, melhorias e implementações no sistema, comportamentos e tendências por parte dos usuários, ações da empresa e acontecimentos de ordem macro-estrutural. Estes eventos deram origem a um conjunto de fatores ligados ao problema, descritos na seção seguinte. 3.3.3 - Passo 3: Identificando os Fatores Chave A lista de fatores decorrente da história do problema está descrita na figura 4, abaixo. Tarifa Tarifa VICASA ônibus concorrente) Desemprego metropolitana (empresa de % usuários da indústria na região Demanda do modal ônibus na região (corredor norte) Demanda do modal automóvel (corredor norte) Qualidade do serviço Nº de reclamações de falta de segurança Nº de reclamações integração x atendidas de reclamações com totais x Motivação Velocidade Nº de dias de greve/ano $/ano investimento publicidade visando aumento demanda em de Investimentos em melhorias de integração Demanda real total Demanda lindeiros real usuários Demanda real integração Demanda projetada % usuários comércio e serviços População metropolitana Nº de linhas de integração Nº atendidas Nº reuniões empresa/entidades representativas da comunidade das áreas da Intervalo entre trens Nº funcionários na área de integração de região Figura 4 - Lista de fatores decorrentes dos eventos listados 3.3.4 - Discussão do Passo 4 - Traçando o Comportamento A partir da lista de fatores chaves, o trabalho de uma das sessões reservou-se praticamente todo à definição do seu comportamento no período em questão. Como houve falta de dados para traçar tais comportamentos, buscou-se aqueles fatores com maior acessibilidade de informações ou que haviam possibilidade de efetuar um traçado intuitivo. A possibilidade de traçar comportamentos “não-exatos” é uma prática em dinâmica de sistemas (ver Goodman, 1989, cap. 5) e em pensamento sistêmico: “Alguns parâmetros podem ser estimados a partir de dados de séries temporais, mas estruturas e parâmetros não devem ser excluídos do modelos simplesmente porque valores mensuráveis não estão disponíveis” (Forrester, 1994, p. 78). Estas argumentações reforçam a tese de que os dados dos modelos mentais dos participantes devem ser levados em conta para a construção de modelos efetivos (op. cit., p.73). Foram distribuídos os gráficos em um formato mais padronizado aos participantes para que pudessem utilizá-los para inferir sobre as relações causais que serão necessárias para construção do diagrama de enlace causal da situação. Um primeiro esboço incompleto do diagrama está apresentado na figura 5. 3.3.5 - Discussão do Passo 5 - Identificando as Influências A descrição do método (cf. Senge et alii, 1996), indica que mantenha-se o problema sempre dentro de uma abrangência e número de elementos limitados, para não correr-se o risco de “ficar assoberbado com o entendimento abstrato de que ‘tudo está ligado a tudo’”(op. cit., p.97). Para isto, propôs-se um diagrama composto apenas pelos fatores hachurados na figura 5, o que fez uma delimitação na situação. 3.3.6 - Os Modelos Mentais e os Arquétipos Houve uma aceitação preliminar do diagrama proposto, tendo-se deixado bem claro à equipe que, em sendo este um exercício de aprendizado sobre o método principalmente, poderia-se tomar esta atitude arbitrária. Enfatizou-se, no entanto, que esforços no sentido de análise de um problema deveria levar em conta a estrutura do sistema como um todo. + demanda modal ônibus demanda lindeiro + + receita desemprego RMPA tarifa demanda modal auto demanda + total + (+) vantagem tarifa trem/ônibus qualidade + demanda + integrado + (+) nº linha integração - avarias trens avarias linha bloqueio investim peças reposição + (+) investim melhoria integração + Figura 5 - Diagrama de enlace causal parcial da situação Procedendo ao passo 5 de identificação de modelos mentais, sugeriu-se à equipe a busca da identificação das crenças e pressupostos de alguns atores chaves envolvidos na questão. Por exemplo: usuário lindeiro, direção da empresa, corpo gerencial e governo federal. Perguntouse aos membros da equipe: “que crenças ou opiniões têm cada um destes atores chave que fazem com que o sistema tenha esta estrutura apresentada ou que permitam enriquecer este diagrama?” Foram sugeridos os modelos mentais descritos na figura 6. Observa-se que a identificação dos modelos mentais proporciona um enriquecimento do diagrama, pois permite identificar, num primeiro momento, o enlace de reforço entre tarifa e receita. Na medida em que um aumento de tarifa proporciona aumento de receita, tomando-se o pressuposto de que isto não afeta consideravelmente a demanda (decorrente do modelo mental 1), é normal buscar a redução do desembolso federal para a cobertura das despesas da empresa por esta via. Na medida em que esta ação aumenta a receita, independentemente de variações na demanda, esta ação será reforçada e novos aumentos tarifários terão efeito. Os modelos mentais 2 e 3 somente reforçam esta estrutura, bem como o modelo mental 5. O diagrama também recebe a contribuição do modelo mental 4, ao criar um efeito de diminuição na vantagem da tarifa do trem sobre o concorrente (empresa de transportes por ônibus) toda vez que a tarifa do trem recebe um aumento. Esta vantagem representa um prêmio pelo deslocamento do usuário até a estação. Quando esta vantagem reduz-se a um certo valor, o usuário passa a crer que a sua caminhada é mais custosa e que a vantagem não cobre este custo. 3.3.6.1 - A Aplicação de Arquétipos A aplicação de arquétipos, neste caso, foi utilizada apenas para reforçar a existência da estrutura sistêmica descrita, sem ter contribuído para enriquecer o quadro com a introdução de novos elementos. No entanto, esta aplicação de arquétipos foi bastante elucidativa em termos de estruturas freqüentes que se repetem na natureza e nos sistemas sociais. Em primeiro lugar, expôs-se o comportamento do arquétipo “Limites ao Crescimento”(Senge, 1990, p.336; Senge et alii, 1996, p.121). No caso acima, não houvesse queda na demanda (enlace de balanceamento), o enlace de reforço entre aumento de tarifas que provocam aumento de receita que estimulam novos aumentos de tarifas estaria gerando crescimento exponencial. Também é possível observar o arquétipo “Transferência de Responsabilidade” (Senge, 1990, p.339; Senge et alii, 1996, p.126) e a estrutura de “‘Quebra-galhos’ que não dão certo” (Senge, 1990, p.349). 3.3.7 - A Modelagem em Computador A partir dos dados obtidos, buscou-se realizar uma análise que permitisse o desenho do modelo a ser realizado no software ithink 3.0.7 Demo (High Performance Systems, Hanover, New Hampshire). A simbologia do ithink é basicamente aquela utilizada na modelagem de sistemas clássica com diagramas de fluxo. Para isto, o primeiro passo é realizar a transformação do diagrama de enlace causal em um diagrama de fluxo. 5 1 “É preciso aumentar a receita para repor materiais de manutenção.” governo federal “É preciso aumentar as tarifas para reduzir o desembolso a empresas estatais.” + + receita (+) demanda total + 2 tarifa + “A empresa não tem autonomia para seguir uma política tarifária própria.” gerência (-) 3 demanda lindeiro + 4 “Se houver uma boa vantagem na tarifa do trem sobre a do ônibus, eu posso bem caminhar um pouco mais.” “Quanto eu pago p/ caminhar menos?” direção “A boa imagem da empresa junto ao governo depende de melhorar a relação receita x despesa.” vantagem tarifa trem/ônibus usuário lindeiro Figura 6 - Diagrama de enlace causal parcial com modelos mentais que permitem sua estrutura A figura 7 permite fechar o enlace de balanceamento entre receita, tarifa, vantagem, demanda e receita do diagrama de enlace causal. Observe-se, no entanto, que o enlace de reforço entre tarifa e receita não está completo, pois não está representada a influência que variações na receita têm sobre o estabelecimento da tarifa. Esta lacuna foi deixada propositadamente, pois a taxa de recuperação tarifária foi facilmente obtida, o que dá a influência implícita do aumento de receita sobre a possibilidade de aumento da tarifa. Além disso, este ajuste pode ser feito através da interface do modelo, construída para que a equipe pudesse realizar simulações e testes de cenários, alterando manualmente a taxa de recuperação tarifária a partir de controles deslizantes, que é um dos recursos proporcionados pelo software. Figura 7 - Diagrama de fluxo completo O modelo exposto foi construído, desde sua fase de definição do diagrama de fluxo até a codificação final, pelos autores deste trabalho, sem envolvimento da equipe de trabalho. É preciso tornar explícito que este procedimento vai contra os princípios de aplicação do pensamento sistêmico, principalmente pelos motivos expostos por Lane (1994, p.93). Este tipo de procedimento sem o envolvimento de todos os participantes gera, entre outros, problemas do tipo “falta de sentimento de autoria”. No entanto, este procedimento foi necessário pelo escasso período de tempo para estudos e disseminação de conhecimentos a respeito das técnicas específicas desta fase, além de domínio do software. Este modelo tem pelo menos três pressupostos implícitos que devem ser ressaltados: 1) não possui todos os fatores relevantes da realidade; 2) o comportamento das tarifas do trem e do ônibus são aproximações médias, e não a realidade da prática tarifária e; 3) a função perda ou ganho de usuários decorrente da vantagem é uma aproximação. Apesar destas restrições, a equipe considerou que o modelo seria útil na análise da situação, considerando que mesmos os parâmetros apresentados nos pressupostos acima poderiam ser alvo de cenários. Os membros da equipe sugeriram os seguintes cenários, para que fossem testados no painel de controle do modelo (figura 8): Figura 8 - O painel de controle do modelo 1. O que teria acontecido com a receita e com a demanda se houvéssemos mantido nossa tarifa no mesmo valor do ano de inauguração (US$ 0,098)? 2. O que teria acontecido com a receita e com a demanda se houvéssemos mantido a vantagem constante ao longo do tempo (isto é, manter a vantagem do ano de inauguração através da aplicação de um reajuste tarifário igual ao do concorrente)? 3. O que poderia acontecer daqui para a frente caso congelássemos nossa tarifa? 4. O que poderia acontecer daqui para a frente caso aplicássemos os seguintes percentuais de reajuste anual: 1997: 15%; 1998: 10%; 1999: 5%; 2000: 0%? Todos este cenários foram testados e os resultados apresentados através dos gráficos e tabelas do painel de controle. A seguir, estão listadas um conjunto de conclusões preliminares derivadas do comportamento do modelo e dos cenários sugeridos: 1. É provável que nos próximos anos haja uma inversão no crescimento da receita, “mascarado” pelos aumentos nas tarifas que vêm compensando a perda de demanda. 2. A prática tarifária da empresa, com reajustes superiores ao concorrente, tenderá a zerar a vantagem nos próximos anos, o que acelerará a perda de demanda. 3. Os cenários que consideram menores reajustes tarifários nos anos entre 1985 e 1996 permitem concluir que a empresa hoje poderia ter uma receita equivalente à atual, no entanto com uma demanda sensivelmente superior, cumprindo melhor o papel social para a qual foi projetada. 4. A receita da empresa poderia ser superior, com uma demanda sensivelmente superior, caso houvesse sido praticado uma política tarifária mais modesta. 5. Para recuperação do nível de demanda de 1990, seria necessário uma prática tarifária mais modesta, podendo ser realizada até aproximadamente o ano 2000. 4 - O APRENDIZADO OBTIDO COM O CASO PRÁTICO A descrição do aprendizado obtido pelos condutores com este trabalho inicia pela própria definição do que seja um esforço usando o pensamento sistêmico. O postulado por Senge et alii (1996, p.83), é que o pensamento sistêmico é “um corpo (...) de métodos, ferramentas e princípios, todos orientados para examinar a inter-relação de forças, e vê-las como parte de um processo comum”. O que os autores gostariam de colaborar, na direção deste conceito, é que os esforços em pensamento sistêmico permitem novas forma de enxergar a realidade à nossa volta. Poderia-se dizer que o pensamento sistêmico é uma abordagem para desafiar e substituir velhos modelos mentais fragmentados e individuais sobre a realidade, buscando novos modelos mentais sistêmicos e compartilhados sobre esta mesma realidade. Ainda cabe avaliar as necessidades que surgem, a partir de um esforço de pensamento sistêmico, em termos de infra-estruturas que incentivam e facilitam a aprendizagem e, mais especificamente, o pensamento sistêmico dentro de uma organização. O primeiro aspecto que salta como resultado deste esforço é a necessidade de uma infra-estrutura de acesso a informações que facilite o trabalho de busca da história de uma questão (eventos) e dos padrões de comportamento dos fatores e variáveis chave. No trabalho realizado, facilitou muito este esforço o fato dos componentes da equipe terem 1) indicativos claros de onde buscar as informações necessárias e 2) terem acesso irrestrito às mesmas. Sabe-se que isto é mais uma exceção do que uma regra nas organizações em geral, e uma infra-estrutura neste sentido é primordial. Senge et alii (1996) também ressaltam a necessidade dos laboratórios de aprendizado, “lugares virtuais” onde a experimentação pode tomar presença. No caso do pensamento sistêmico, este laboratório de aprendizagem é justamente o modelo computadorizado da situação, que permite análise tanto de cenários do futuro como do passado, o que é impossível na situação real. Estas experimentações são vitais e complementares ao aprendizado pois, segundo Sterman (apud Senge et alii, 1996, p. 166), interromper o trabalho no modelo conceitual (diagrama de enlace) “pode ser perigoso”, pois tentar “predizer o comportamento mesmo do arquétipo mais simples significaria resolver na cabeça uma equação diferencial não-linear de alta ordem”. Finalmente, cabe ressaltar a força que emerge de um processo que leva em consideração os princípios do método de “Modelagem como Aprendizado” (Modeling as Learning) de Lane (1994, p. 85): a criação de sentimento de autoria, o papel do consultor/especialista, e a possibilidade de tratar de problemas “soft”. O resultado de seguir estes princípios são nada mais, nada menos do que: • Envolvimento e compartilhamento total de toda a equipe de trabalho, o que sem dúvida levará a ações coordenadas e efetivas, e motivação derivada da construção coletiva; • Independência de consultores/especialistas externos no processo chave, o que permite à organização “caminhar com suas próprias pernas” e fazer uso de especialistas onde for de fato conveniente; • A possibilidade de tratar com questões que fogem à alçada do eixo técnico-racional, como questões de ordem política e cultural. 4.1 - Aprendizado a Respeito do Problema O primeiro grande insight gerado pela abordagem relativamente à demanda diz respeito à existência de duas naturezas de questões atuando conjuntamente na situação: primeiro, o fato da empresa nunca ter atingido as metas projetadas de passageiros transportados o que, segundo os participantes seria fruto do não atendimento ao usuário de integração. Segundo, o fato de, além de não ter atingido as metas, ter perdido demanda total ao longo dos últimos anos, fruto da queda de demanda do usuário lindeiro. Este tipo de delimitação trouxe novas forma de pensar a questão, antes obscurecidas pelas visões fragmentadas. A identificação dos fatores chave trouxe à luz a necessidade de estreitar o foco de análise através da agregação de fatores num nível cognitivamente adequado. Isto pode ser exemplificado pelo debate inicial entre utilizar a qualidade do serviço como um fator único ou desmembrá-lo em todos seus subcomponentes (limpeza das estações, atendimento, velocidade do trem, etc.). O passo seguinte foi, entretanto, um dos primeiros com maior riqueza de aprendizagem, A emergência de muitas “coincidências” em termos de comportamentos começou a levantar algumas hipóteses em termos de inter-relacionamento de fatores. Isto ocorreu, por exemplo, com início da queda da vantagem relativa entre tarifa trem versus VICASA (empresa de ônibus concorrente) a partir de 91, com a queda abrupta de motivação do corpo funcional, com o início da queda da demanda lindeiro, com o período de maior recuperação tarifária, com o aumento do desemprego da região metropolitana de Porto Alegre, com o número de trens avariados, com o plano de estabilização econômica do governo Collor. Vale lembrar que o maior indicativo de aprendizagem é a observação do número de expressões do tipo “Ahha...” ou “Mas isto é chocante...” emitidas. Neste caso, ocorreram em diversos momentos, e imprimiam cada vez mais motivação para a continuação dos trabalhos. Um aprendizado importante é relativo à origem dos efeitos sentidos através dos eventos relatados. Isto dá provas de que a determinação da realidade à nossa volta encontra-se em níveis estruturais mais profundos, inclusive e talvez principalmente dentro dos modelos mentais individuais e coletivos dos atores, tanto dentro da organização como fora dela. Na apresentação do quadro com os modelos mentais determinantes das estruturas analisadas (figura 6), observou-se a influência das políticas governamentais federais e das crenças e pressupostos de diversos atores, tendo todos eles alta e mútua influência na questão. Por fim, cabe relatar a experiência com a utilização do modelo computadorizado. Ele prestouse adequadamente ao propósito que possui dentro do método: proporcionar um ambiente seguro para experimentação, e auxiliar no teste de hipóteses a respeito do modelo conceitual. 5 - NOTAS FINAIS Dentro do proposto inicialmente como objetivos do trabalho, os autores sentem que esta aplicação prática foi de extrema validade, tanto dentro do aprendizado sobre a abordagem proporcionada, como pela visão diferenciada que proporcionou no tratamento da questão organizacional, tendo este último aprendizado superado os objetivos iniciais estabelecidos, e até mesmo a visão preliminar dos autores. A pesquisa necessária, os percalços e necessidades de descobertas, e até mesmo as dificuldades, principalmente em termos de tempo, proporcionaram um ambiente desafiador o suficiente para manter a alta motivação de toda equipe de trabalho. É preciso ressaltar que ainda merece maior aprofundamento o assunto, principalmente em termos de bibliografia de Dinâmica de Sistemas e sobre o software ithink, cuja documentação técnica não foi possível obter acesso, mas que certamente em breve estará acessível. Por fim, cabe acrescentar que nesta abordagem, como de resto no trabalho realizado em equipe, a riqueza está vinculada às estratégias coletivas de trabalho, onde as idéias se apóiam mutuamente, criando um quadro rico cuja autoria só pode ser creditada ao coletivo. Estratégias de aprendizagem individual são inconsistentes com a Organização de Aprendizagem. Assim, este trabalho reitera este princípio. BIBLIOGRAFIA ANDRADE, Aurélio L. Pensamento Sistêmico: Um Roteiro Básico para Perceber as Estruturas da Realidade Organizacional. (a ser publicado na Revista Eletrônica de Administração - REAd - Internet: http://www.cesup.ufrgs.br/PPGA/read.html), abril de 1997. 16 p. BELLINGER, Gene. 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