Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação
e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
19 a 21 de outubro de 2011
VIABILIDADE DO CULTIVO HIDROPÔNICO DE TOMATE COM SUBSTRATO
Thiago Henrique de Oliveira1 (ueg)
Eugênio Souza Viana1 (ueg)
Rafael Batista Ferreira2 (ueg)
Ananda Helena Nunes Cunha2 (ueg)
Rubia de Pina Luchetti Camargo3 (UniEvangélica)
[email protected]
1 INTRODUÇÃO
Segundo Jaigobind et. al., (2007) a palavra hidroponia, provém dos radicais gregos
hidro (água) e ponos (trabalho), e consiste no cultivo de plantas sem o uso da terra, nutrindose a planta apenas com água enriquecida pelos nutrientes necessários ao seu desenvolvimento.
Entretanto, para se obter sucesso com este sistema, é preciso observar alguns fatores
fundamentais, entre eles, a escolha das espécies de plantas mais adequadas, uso de recipientes
próprios para este sistema e aplicação correta de fertilizantes e materiais básicos.
No Brasil, o cultivo comercial de hortaliças e plantas ornamentais, usando técnicas
de hidroponia é de introdução recente, e vem-se expandindo rapidamente nas proximidades
dos grandes centros urbanos, onde as terras agricultáveis são escassas e caras e há grande
demanda por produtos hortículas. Em tais regiões, as hortaliças são produzidas, em sua maior
parte, sob cultivo protegido, situação em que, o sistema hidropônico apresenta-se como
alternativa vantajosa (MARTINEZ e SILVA, 2006).
Para o cultivo hidropônico, tem-se como um dos fatores principais a formulação da
solução nutritiva. O tomateiro, que é uma das hortaliças mais cultivadas em hidroponia, não
se tem uma formulação ideal, usando-se, muitas vezes, formulações desenvolvidas para
plantas em geral, como a de Hoagland e Arnon (1938).
O tomate é uma das hortaliças de maior importância no mundo (FAO 1998), pois se
trata de uma cultura que utiliza bem a área de produção e há otimização na colheita. Para que
o retorno financeiro seja satisfatório o produtor deve levar em consideração o tipo de
substrato utilizado, o custo com energia elétrica bem como a quantidade de frutos produzidos
e vendidos.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade do cultivo hidropônico de tomate
com substrato.
2 SISTEMA HIDROPÔNICO
2.1 VANTAGENS
Partindo-se do princípio de que não há necessidade do solo para a produção agrícola,
pode-se pensar em produzir em qualquer local e em qualquer época do ano. Isto se aplica
tanto para áreas desérticas e áridas, quanto para áreas urbanas. Outra característica da
Agricultura Hidropônica é produzir no interior de estufas fechadas. O fato da planta não ter
contato direto com o solo e ficar dentro de uma estufa, reduz bastante a contaminação e
modifica as condições meteorológicas. Isto resulta em plantas mais sadias, podendo ser
produzidas, praticamente, durante todo o ano (SANTOS, 2000).
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A hidroponia oferece inúmeras vantagens, quando comparada ao cultivo tradicional
no solo. A eficácia dos nutrientes, fornecidos de forma balanceada e o cultivo protegido,
ocasionam maior produtividade principalmente por reduzir o ciclo de produção e a
contaminação por pragas e doenças. Como consequência têm-se produtos mais saudáveis,
menor contaminação do meio ambiente e das pessoas que nela trabalham. Quando são
comparados com o cultivo no solo.
Para a produção de alface, obtêm-se os seguintes resultados: 52 toneladas por ano
por hectare, para a produção no solo e 313 toneladas por ano por hectare, para a produção pela
hidroponia, ou seja, mais de seis vezes. (SANTOS, 2000). Quando se utiliza a produção em 3
níveis, por exemplo, consegue-se um resultado cerca de dez vezes maior. O consumo de água
é cerca de cinco vezes menor e a necessidade de defensivos (agrotóxicos) é cerca de dez vezes
menor.
2.2 TIPOS DE HIDROPONIA
São seis os principais tipos de hidroponia: sistema de pavio, de leito flutuante, de
sub-irrigação, NFT (Nutrient Film Technique System), de gotejamento e aeropônico citados
por Jaigobind et. al., (2007), a seguir:
2.2.1 Sistema de pavio
O sistema de pavio é mais indicado para a cultura de plantas pequenas, pois plantas
grandes que precisam absorver muita água em pouco tempo, podem vir a necessitar de uma
capacidade de nutrição maior do que a que os pavios oferecem. Mas mesmo indicado a
plantas pequenas, se os pavios forem corretamente dimensionados em função da planta a ser
cultivada, pode-se usar o sistema para plantas maiores sem restrições.
2.2.2 Sistema de leito flutuante
No sistema de leito flutuante, as plantas podem ficar totalmente ou parcialmente
imersas na água, sendo ancoradas numa plataforma flutuante, colocada diretamente na
superfície da solução de nutrientes contida num depósito.
2.2.3 Sistema de subirrigação
Neste sistema, utiliza-se um tanque-canteiro com um recipiente em sua base, sobre o
qual fica submerso em alguns centímetros de água. A operação é feita por uma bomba que
retira a solução nutritiva de um depósito por bombeamento e a leva à bancada de cultura onde
nutre as plantas, após este processo, a solução retorna ao depósito, geralmente escoando
através da própria bomba.
2.2.4 NFT (Nutrient Film Technique System)
Seu funcionamento dá-se por um fluxo constante de solução, que é bombeada de um
depósito para o canal de cultura, fluindo constantemente em forma de um filme bastante fino,
que nutre a parte da planta que fica submersa, ficando a outra parte em contato com ar úmido
absorvendo oxigênio e, depois de feito o processo, a solução retorna ao depósito.
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2.2.5 Sistema de gotejamento
No sistema de gotejamento, utiliza-se um tanque de cimento ou plástico levemente
inclinado para permitir a drenagem, o qual é preenchido pelo substrato. A solução nutritiva é
retirada do depósito por uma bomba, de funcionamento comandado por um controlador de
tempo, e conduzida através de tubos e micro-tubos a cada planta, gota a gota, por meio de
pequenos dispositivos chamados de gotejadores.
2.2.6 Sistema aeropônico
É uma técnica de cultivo sem solo que consiste em cultivar plantas suspensas. Nesse
sistema não é utilizado nenhum tipo de substrato, sendo que as plantas podem receber a
solução nutritiva de forma intermitente ou gota a gota e há casos de aeroponia nos quais a
solução nutritiva é nebulizada ou pulverizada sobre as raízes. A aspersão da solução é
acionada por uma bomba e controlada por um controlador de tempo, que faz com que se
tenham intervalos de apenas alguns minutos entre as aspersões.
3 CULTIVO DE TOMATE
Em se tratando de cultivo hidropônico com substrato, deve-se observar o teor de sais
dissolvidos na água, uma vez que o mesmo indisponibiliza a quantidade de água para a planta.
Alguns fatores devem ser monitorados para melhor eficiência da cultura, como irrigação,
quantidade de água aplicada, pH e condutividade elétrica.
Somente no Estado de São Paulo e no Estado de Goiás um único produtor cultiva
120 milhões de mudas de tomate em substrato. O tomate é a hortaliça de maior valor
econômico, ocupando uma área 16 mil hectares plantados, com uma produção de cerca de 800
mil toneladas de frutos, que representou um movimento de negócios da ordem de 122 milhões
de dólares em 1995 (FURLANI et. al., 1999).
O aumento na produtividade do tomateiro produzido por meio de cultivo hidropônico
tem sido de 20%-25% sobre o obtido pelo cultivo em solo, em virtude de diversos fatores, em
alguns casos devido ao solo extremamente pobre ou devido à presença de insetos e doenças.
As maiores vantagens do cultivo hidropônico frente ao cultivo tradicional são: maior
eficiência na regulação da nutrição, possibilidade de emprego em diversas regiões do mundo
com carência de terras cultiváveis, utilização mais eficiente da água e dos fertilizantes e maior
densidade de plantio, resultando num incremento na produtividade (MARTINEZ et. al.,
1997).
4 SUBSTRATOS UTILIZADOS EM SISTEMA HIDROPÔNICOS
No processo de propagação por estaquia, diversas são as opções de tipos de
substratos. Segundo Kämpf (2000), os mais comuns observados nos viveiros de produção de
mudas são areia, casca de arroz carbonizada, vermiculita, solo e a mistura destes.
A utilização de areia como substrato é vantajosa, pois possui baixo custo, é de fácil
disponibilidade e apresenta características positivas quanto à drenagem, sendo seu uso
adequado para enraizamento de estacas herbáceas e semi-lenhosas (FACHINELLO et al.,
1994).
Oliveira et al. (2001) recomenda evitar o excesso de umidade nos substratos que
pode favorecer o aparecimento de doenças fúngicas, afetando o enraizamento das estacas.
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Desta forma, pode-se inferir que e a maior estabilidade das estacas dispostas na areia e a
característica de alta drenagem desse substrato são fatores que proporcionaram melhores
condições para o enraizamento de mini-ixora, nas condições experimentais estudadas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto há viabilidade do cultivo hidropônico de tomate com substrato,
uma vez que a produção dessa hortaliça para atender o mercado, cresce a cada ano.
A produção de tomate hidropônico deve ser monitorada, uma vez que o produto
possui grande valor econômico e destaque na produção em hidroponia em relação à produção
convencional.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FACHINELLO, J. C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J. C.; KERSTEN, E.; FORTES, G.
R. L. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. Pelotas: UFPel, 1994. 179 p.
FAO. Production Year Book, 50. Washington: USDA – Economic Research Service, 1998.
FURLANI, A. M. C. FURLANI; P. R.; ABREU, M. F.; ABREU, C. A. Caracterização
química de substratos e o desenvolvimento de mudas de tomateiro. 1º Encontro Nacional
sobre substratos para plantas (ENSub), Porto Alegre, 22-24 de julho de 1999. Anais... 265270.
HOAGLAND, D.R. & ARNON, D.I. The water-culture method for growing plants
without soil. Berkeley: Circ. Calif. Agric. Exp. Stat. 1938. 247 p.
JAIGOBIND, A. G.; AMARAL, L. do; JAISINGH, S. Hidroponia – dossiê técnico. Instituto
de tecnologia do Paraná. 73p. Abril de 2007. Disponível em: www.hidroponia.com.br. Acesso:
20-mai-2010.
KÄMPF, A. N. Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Agropecuária, 2000.
254 p.
MARTINEZ, H. E. P.; BRACCINI, M. C. L., BRACCINI, A. L. Cultivo Hidropônico do
Tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.) Rev. Unimar 19 (3): 721-740 1997.
MARTINEZ, H. E. P.; SILVA FILHO, J. B. Introdução ao cultivo hidropônico de plantas. 3
ed. rev. Viçosa: Ed. UFV, 2006. 111p.
OLIVEIRA, M. C. de; RIBEIRO, J. F.; RIOS, M. N. da; RESENDE, M. E. Enraizamento de
estacas para produção de mudas de espécies nativas de matas de galeria. Brasília, DF:
Embrapa, 2001. 4 p. (Recomendação técnica, 41).
SANTOS, Osmar Souza dos. Hidroponia da alface. Centro de Ciências Rurais da
Universidade de Santa Maria, Santa Maria, RGS, 2000.
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