VIII Encontro Estadual de EJA do MS Intersetorialidade no Universo da Educação de Jovens e Adultos Manhã de 27.07.2012 Janaina C. Jesus - Fórum Goiano de EJA •De “onde falo” e a partir de quais referências... “A história segue seu curso indiferente às nossas misérias e heroísmos. Nossa consciência não pode fazer o mesmo. Estamos atados à vida e a sua teia cotidiana, nela colhemos os materiais que compõem nossa consciência e, nem sempre, esse cotidiano permite vislumbrar algo além da injustiça e da indignidade que marcam o presente. Temos, então, de recolher a revolta e a inquietação de quem não se submete e ousar dar forma às sementes do futuro, ainda que em tempos onde o futuro parece ter sido abolido.” Mauro Luis Iasi – Ensaios sobre consciência e emancipação . “Inter o que????” Pontos de partida para o diálogo acerca do conceito de intersetorialidade... •Para começo de conversa, uma definição de intersetorialidade: “entendida como a articulação de saberes e experiências no planejamento, realização e avaliação de ações, com o objetivo de alcançar resultados integrados em situações complexas, visando um efeito sinérgico no desenvolvimento social. Visa promover um impacto positivo nas condições de vida da população, num movimento de reversão da exclusão social”.(Junqueira et al, 1997,p. 24) (grifo nosso) Mas, quais as possibilidades de materialização desse conceito? “Inter o que????” Antes de pensar em sua materialidade, necessário indagar: •Qual(is) concepção(ões) de Estado sustentam nossas ações? Um conceito como referência: “organização política que, a partir de um determinado momento histórico, conquista, afirma, e mantém a soberania sobre um determinado território, aí exercendo, entre outras, as funções de regulação, coerção e controlo social – funções essas também mutáveis e com configurações específicas, e tornando-se, já na transição para a modernidade, gradualmente indispensáveis ao funcionamento, expansão e consolidação do sistema econômico capitalista”. (AFONSO, 2001, p. 17) “Inter o que????” “O Estado patrimonial, implacável nos seus passos, não respeitará o peso dos séculos, nem os privilégios da linhagem antiga”. Raymundo Faoro – Os donos do poder •Modelo de gestão predominante no Estado Brasileiro – ênfase na burocratização Continuidade, hierarquização, impessoalidade, registro, especialização e controle como marcas do modelo gerencial e burocrático. “As estruturas setorializadas tendem a tratar o cidadão e os problemas de forma fragmentada, com serviços executados solitariamente, embora as ações se dirijam à mesma criança, à mesma família, ao mesmo trabalhador e ocorram no mesmo espaço territorial e meio-ambiente. Conduzem a uma atuação desarticuladada e obstaculizam mesmo os projetos de gestões democráticas e inovadoras. O planejamento tenta articular as ações e serviços, mas a execução desarticula e perde de vista a integralidade do indivíduo e a interrelação dos problemas”.(Junqueira et al, 1997,p. 21) “Inter o que????” Como associar essas características do Estado brasileiro às ideias de articulação, integração, sinergia e desenvolvimento social propostas pela perspectiva intersetorial? Perspectiva Intersetorial – propõe uma mudança na lógica da gestão da máquina estatal e requer clareza política em relação aos projetos de sociedade que estão em disputa! Perspectivas aqui adotadas: Parte do nosso Projeto: Transformar “carências em direitos”(Oliveira, 1994) •Intersetorialidade como princípio da gestão social das políticas públicas de corte social. •Descentralização como elemento propiciador da participação e como condição da intersetorialidade. •Participação como princípio da gestão social e da ação intersetorial. •Desenvolvimento local como referência para o agir intersetorial. “A descentralização como processo político-administrativo de transferência de poder é fator de democratização enquanto o torna mais permeável às demandas dos cidadãos, através da sua participação no processo de tomada de decisão. Esse processo tem singularidades, em função da realidade social específica na qual se reproduz. Depende, portanto, da sociedade na qual o processo se desenvolve e das suas organizações, pois, em última instância, são elas que viabilizam a distribuição do poder”. (Junqueira et al, 1997,p. 14) Em nosso fazer cotidiano nos espaços de gestão... •Descentralizamos o que? O poder de decisão? •Quais as relações entre processos de municipalização e de descentralização no MS? (Base territorial x cultura hierárquica – vertical e setorizada, inclusive “setores” valendo mais que outros no interior das estruturas...) • Qual o lugar da Secretaria Estadual de Educação no conjunto das demais secretarias? • Qual o lugar da EJA na Secretaria e suas subsecretarias? •Qual relação entre a cultura instituída na gestão governamental e os desafios de implementação de ações para uma EJA de qualidade social, numa perspectiva intersetorial? •Acima de tudo... Qual o lugar dos sujeitos demandatários das políticas e propostas de EJA na estrutura do Estado? Onde se inicia, na prática, a intersetorialidade? Considerações acerca do “jeito” de planejar.. _________________________________________________________________ Planejamento Intersetorial... Diagnóstico Intersetorial Ação Intersetorial...Avaliação Intersetorial... Diagnóstico Intersetorial Demandas dos sujeitos Ofertas dos parceiros Canais de escuta direta aos educandos ? Aos educadores ??? Riqueza da pluralidade Fundamental: Estabelecimento de relações dialógicas em direção à oferta de EJA numa perspectiva intersetorial, que atenda às demandas dos seus sujeitos. Diante dessa afirmação, quais nossos compromissos Como membros do Fórum de EJA do MS? Como professores/educadores de EJA? Como professores universitários? Como movimentos sociais? Como gestores? Como cidadãos... ? Algumas referências: Temas:Desenvolvimento Local - Ladislau Dowbor Crítica à sociedade capitalista brasileira - Francisco de Oliveira AFONSO, Almerindo Janela. Reforma do Estado e políticas educacionais: entre a crise do Estado-nação e a emergência da regulação supranacional. In: Educação & Sociedade - Dossiê Políticas Educacionais, Campinas, nº75, p. 15-32, Ago/2001. FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Vol. 2, 5a ed. Porto Alegre: Globo, 1979. IASI, Mauro L. Ensaios sobre consciência e emancipação. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011. JUNQUEIRA, L, INOJOSA, R.M. e KOMATSU, Suely. DESCENTRALIZAÇÃO E INTERSETORIALIDADE NA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DE FORTALEZA. XI Concurso de Ensayos del CLAD “El Tránsito de la Cultura Burocrática al Modelo de la Gerencia Pública : Perspectivas, Posibilidades y Limitaciones”. Caracas, 1997. Disponível em <http://http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/clad/unpan003743.pd f>.Acesso em 02.Dez.2011. Documento Nacional Preparatório à VI Confintea. Disponível em <http:// www.forumeja.org.br/files/docbrasil.pdf>