Teoria Geral da Administração João Batista Vieira Bonome Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 1 2009 9/3/2009 08:45:56 © 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. B719 Bonome, João Batista Vieira. / Teoria Geral da Administração. / João Batista Vieira Bonome. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009. 224 p. ISBN: 978-85-7638-819-7 1. Administração. 2. Teorias Administrativas. 3. Organizações. 4. Processos Gerenciais. 5. Pessoas. I. Título. CDD 658.001 Todos os direitos reservados. IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 2 9/3/2009 08:45:56 João Batista Vieira Bonome Mestrando em Administração Pública com ênfase em Políticas Sociais pela Fundação João Pinheiro. Especialista em Relações de Trabalho e Negociações pelo Instituto de Educação Continuada (IEC) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Bacharel em Administração de empresas pela PUC Minas. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 3 9/3/2009 08:45:57 sumário sumário 11 Administração Científica: Taylor 12 | A trajetória de Taylor 14 | Administração como ciência 14 | Organização Racional do Trabalho 23 | Princípios da Administração Científica 31 Administração Científica: Ford 31 | Breve histórico 32 | Princípios da produção em massa 33 | Linha de montagem de Henry Ford 35 | Princípios da produção fordista 36 | Inovações salariais de Ford 38 | Considerações finais 43 Teoria Clássica da Administração 45 | A obra de Fayol 46 | Conceito de Administração 48 | As funções empresariais 50 | Princípios da Administração 52 | Considerações finais 59 Escola de Relações Humanas 60 | Origem da Escola de Relações Humanas 61 | A experiência de Hawthorne 65 | Conclusões da experiência de Hawthorne 70 | Pressupostos da Escola de Relações Humanas 71 | Críticas à Escola de Relações Humanas Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 4 9/3/2009 08:45:58 79 Abordagem burocrática da Administração 79 | Max Weber e as origens da Teoria da Burocracia 82 | Características da burocracia 88 | Vantagens da burocracia 90 | Disfunções da burocracia 101 Abordagem comportamental 103 | Origens da Teoria Comportamental 104 | Teorias sobre a motivação humana 115 | Apreciação crítica da abordagem comportamental 118 | Conclusão 127 Abordagem neoclássica da Administração 127 | Características principais da Teoria Neoclássica 131 | Administração como técnica social 132 | Administração por objetivos 139 | Decorrências da abordagem clássica e neoclássica 151 Abordagem estruturalista da Administração 152 | Origens da Teoria Estruturalista 152 | As organizações 156 | Os objetivos organizacionais 158 | Ambiente organizacional 159 | O homem organizacional Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 5 9/3/2009 08:45:58 sumário sumário 160 | Conflitos organizacionais 162 | Apreciação crítica da Teoria Estruturalista 171 Abordagem sistêmica da Administração 172 | Pressupostos da Teoria dos Sistemas 175 | Tipologia dos sistemas 177 | Princípios operacionais dos sistemas 179 | Características gerais dos sistemas abertos 181 | Críticas à abordagem da Teoria de Sistemas 189 Abordagem contingencial da Administração 190 | Origens da Teoria da Contingência 193 | As pesquisas 201 | Novas abordagens do desenho organizacional 205 | Conclusões 205 | Apreciação crítica da Teoria da Contingência 211 Gabarito 221 Referências Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 6 9/3/2009 08:45:59 Apresentação Teoria Geral da Administração Um dos fenômenos mais marcantes na atualidade e que caracteriza muito bem a época contemporânea em que vivemos refere-se à proliferação e ao adensamento das organizações. As demandas impostas, exigidas pela sociedade para a manutenção da sobrevivência dos indivíduos freqüentemente são satisfeitas e solucionadas através das organizações. Aquelas que ainda não foram solucionadas devem, certamente, estar sendo analisadas por outras organizações, e que, mais cedo ou mais tarde, irão constituir novas organizações já preparadas para soluções mais inovadoras. Todavia, compreender como os ajustamentos entre demandas e satisfações se processam, entender a tão presente e sentida volatilidade das demandas, faz-nos crer que é preciso conhecer profundamente como as organizações funcionam. Na atual conjuntura, em que se ouvem freqüentemente palavras como incerteza, inconsistência, antagonismo, complexidade, essa necessidade fica mais aguda, sugerindo um preparo e um nível de conhecimento mais abrangente, variado, e que sirva para tornar os indivíduos mais capacitados para lidar com essa circunstância. Cabe ao profissional de Administração não ser somente um entre todos os demais nessa incessante procura. Ao administrador reserva-se o direito e o dever de dar alguns passos além. Nesse sentido, absorver um pouco mais da história, dos conceitos, das características e do dinamismo – objetos da disciplina de Teoria Geral Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 7 9/3/2009 08:46:00 Apresentação Teoria Geral da Administração da Administração – seria o impulso inicial e indispensável do sucesso profissional. Foi pensando nesses aspectos que a presente obra – Teoria Geral da Administração – presta-se ao serviço de apresentar de maneira clara, linear e com uma forte interface com a prática gerencial todas as teorias da Administração. Inicialmente serão apresentados os pensamentos de Taylor e de Ford que, uma vez reunidos, são denominados de Administração Científica. O próximo capítulo apresentará as idéias da Teoria Clássica, de Fayol, seguido da contribuição da Escola de Relações Humanas, a da Abordagem Burocrática, influenciada por Max Weber, chegando à metade desta edição com a Abordagem Comportamental da Administração. Segue-se a perspectiva Neoclássica, muito bem postulada por Peter Drucker, e, após, toda a força e importância das contribuições Estruturalistas, surgindo depois a Sistêmica, e arrematando com a contribuição Contingencial, sendo que, é claro, esta obra não pretende esgotar toda a importância dessas teorias nem mesmo desdenhar da importância dos desdobramentos das mesmas. É por isso que, ao final de cada capítulo há a seção Ampliando seus Conhecimentos, que tem a pretensão de apresentar de maneira sucinta e objetiva alguns tópicos especiais da Administração contemporânea, fornecendo um novo e mais atualizado olhar no que diz respeito ao mundo organizacional. Faça bom proveito! E tenha sucesso! Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 8 9/3/2009 08:46:00 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 9 9/3/2009 08:46:01 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br teoria_geral_de_administracao.indb 10 9/3/2009 08:46:01 Escola de Relações Humanas Durante as quatro primeiras décadas do século passado, a análise empresarial amparou-se fortemente nas perspectivas apresentadas pela Teoria Clássica da Administração, através de seus princípios, de seus conceitos e de suas regras. É bem verdade que a Teoria Clássica desenvolveu uma nova maneira de compreender as empresas, e também forneceu bases adequadas para o entendimento da civilização industrial recém surgida, postulando que a tecnologia e o método de trabalho constituíam os mais importantes fatores para que o administrador pudesse obter a eficiência de sua produção. Todavia, apesar da supremacia da Administração Clássica e, conseqüentemente, do fato de que esta não foi questionada por nenhuma outra teoria administrativa no início do século passado, não quer dizer que seus princípios foram facilmente aceitos, principalmente pelos trabalhadores, mas também pelos sindicatos norte-americanos. Em um país caracterizado pelo sistema democrático, como os Estados Unidos, tanto os trabalhadores quanto os seus sindicatos passaram a interpretar e a visualizar a Administração Científica e a Teoria Clássica como meios bastante sofisticados de exploração do trabalho a favor dos interesses dos patrões. Através de pesquisas mais aprofundadas pôde-se perceber que já havia pesquisas que mostravam traços autocráticos ao sistema proposto por Taylor. Desta feita, verificou-se que o processo gerencial baseava-se em princípios não muito apropriados ao estilo de vida norte-americano. Foi, portanto, pelo desenvolvimento da Abordagem Humanística que a ciência da Administração sofreu uma “revolução” conceitual, pois foi transferido o enfoque na tarefa e na estrutura organizacional para as pessoas que trabalhavam nas empresas. Com a Abordagem Humanística, a preocupação com a máquina e com o método de trabalho e a preocupação com a organização formal e os princípios de Administração aplicáveis aos aspectos organizacionais cederam prioridade para a preocupação com o homem e seu grupo social. Há, portanto, um deslocamento dos aspectos técnicos e formais para os aspectos psicológicos e sociológicos. Nesse aspecto a Psicologia Industrial contribuiu intensamente na demonstração da parcialidade dos princípios de Administração adotados pela Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Teoria Geral da Administração Teoria Clássica. Soma-se a esse fato a ocorrência de diversas modificações no ambiente econômico, político, tecnológico que incluíram inúmeras variáveis para a ciência da Administração. Um bom exemplo disso é o fato de que, enquanto em alguns países, a partir da Primeira Guerra Mundial, o típico liberalismo do século XIX foi substituído por uma crescente intervenção do Estado na economia, com o aparecimento de governos totalitários (nos quais a Teoria Clássica encontrava um solo fértil), nos Estados Unidos, os pressupostos de democracia estavam sendo desenvolvidos e reafirmados. Além do mais, com o advento da Primeira Guerra Mundial iniciou-se o declínio da Europa Centro-Ocidental que era tida como líder e, em contrapartida, houve a espetacular ascensão dos Estados Unidos como potência econômica e política mundial. Com a depressão econômica por volta de 1929, a procura pela eficiência nas empresas passou a se intensificar. A crise mundial que teve suas origens nas dificuldades econômicas dos Estados Unidos e também na situação de dependência da maioria dos países capitalistas em relação à nascente e preponderante economia norte-americana, provocou de forma indireta a reestruturação dos conceitos gerenciais e também a reavaliação dos princípios de Administração, que até então eram aceitos sem qualquer tipo de questionamento. Como veremos adiante, a Abordagem Humanística da Administração começou logo após a morte de Taylor, porém, apenas a partir da década de 1930 encontrou enorme aceitação nos Estados Unidos, principalmente pelas suas características eminentemente democráticas. Sua divulgação fora dos Estados Unidos somente ocorreu bem depois do final da Segunda Guerra Mundial, na década de 1960. Assim, a Escola de Relações Humanas surgiu da necessidade em corrigir a tendência à desumanização dos operários, oriunda da rigorosa aplicação de métodos científicos, sob os quais os trabalhadores deveriam forçosamente se submeter. Origem da Escola de Relações Humanas Dado o contexto anteriormente apresentado, pode-se elencar como sendo as principais origens da Teoria das Relações Humanas: A necessidade de humanização e democratização da ciência da Administração, livrando-a dos conceitos mecanicistas e rígidos propostos pela 60 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Escola de Relações Humanas Teoria Clássica e, assim, adequando-a ao estilo de vida do povo norteamericano. Dessa forma, a Escola de Relações Humanas mostrou-se como sendo um movimento bem típico dos norte-americanos, direcionado eminentemente para a “democratização” de conceitos administrativos. Já se percebia certo desenvolvimento das denominadas Ciências Humanas, tais como a Psicologia e a Sociologia e, a reboque desse movimento, a sua aplicação em organizações industriais. De forma gradual, as Ciências Humanas começavam a apontar as arestas dos princípios lançados pela Teoria Clássica. Os resultados da experiência de Hawthorne, desenvolvida no período compreendido de 1927 a 1932, sob a coordenação de George Elton Mayo, que questionou inequivocadamente os princípios propostos pela Teoria Clássica da Administração. Exposto dessa maneira é pertinente dizer que o movimento da Escola de Relações Humanas foi de reação e de oposição à Teoria Clássica da Administração. Contudo, para que se possa compreender corretamente como essa reação ocorreu, é preciso que entendamos especialmente sobre a experiência de Hawthorne, que foi um marco para o desenvolvimento da abordagem humanística da Administração. A experiência de Hawthorne Por volta do ano de 1923, Elton Mayo, um psicólogo industrial de origem australiana que era professor na Universidade de Harvard, estava desenvolvendo uma pesquisa em uma empresa do segmento têxtil no estado da Filadélfia, EUA. Essa empresa possuía alguns problemas relacionados à produção, como um alto índice de rotatividade de pessoas (em torno de 250% ao ano) e, por isso, estava tentando implantar, inutilmente, alguns esquemas de incentivos para que esse índice reduzisse. Inicialmente Mayo introduziu um intervalo para descanso, deixando a cargo dos próprios trabalhadores a decisão sobre quando as máquinas deveriam ser paradas e, além disso, contratou uma enfermeira para que socorresse os trabalhadores quando da ocorrência de algum problema físico. Logo após a introdução dessas modificações, Mayo notou que emergira um espírito de grupo, que a produção aumentara e que a rotatividade de pessoal havia declinado. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 61 Teoria Geral da Administração Já em 1927, o Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos começou a desenvolver uma experiência em uma fábrica da empresa Western Electric, situada em Chicago, especificamente no bairro de Hawthorne, mas com uma finalidade um pouco distinta: a de determinar a relação entre a intensidade da iluminação na planta de produção e a eficiência dos trabalhadores, utilizando como medida o volume de produção. Essa experiência, que se tornou famosa, foi coordenada também por Elton Mayo, que logo a estendeu para o estudo da fadiga, da rotatividade de pessoal (turnover), dos acidentes no trabalho e também do efeito das condições físicas de trabalho sobre a produtividade dos empregados. A Western Electric fabricava componentes e equipamentos para a novidade tecnológica da época: o telefone. Naquela época, a empresa já desenvolvia uma política de pessoal voltada para o bem-estar dos trabalhadores, oferecendo salários satisfatórios e boas condições de trabalho. Na sua fábrica de Hawthorne havia um departamento de montagem de relés para telefones, que era constituído de trabalhadoras (montadoras) que executavam tarefas simples e muitas vezes repetitivas, o que demandava rapidez. A montagem desses relés era feita sobre uma base mantida por quatro parafusos, sobre a qual eram colocadas as bobinas, molas de contato, armaduras e isolantes elétricos. Naquela época, o ciclo de montagem era de cinco relés em cada seis minutos, por trabalhadora. A empresa não estava interessada somente em descobrir algum meio para aumentar a produção, mas também em conhecer melhor os seus empregados. Essa pesquisa, pelos seus objetivos e pelos resultados obtidos, foi dividida em quatro fases, cada uma apresentando um método e um resultado distinto que, unidos, foram responsáveis por originar o marco teórico da Abordagem Humanística da Administração. É o que será visto a seguir. Primeira fase da experiência de Hawthorne Nessa primeira fase da experiência, dois grupos de trabalhadores que estavam fazendo tarefas semelhantes, em condições bem próximas, foram escolhidos para a realização da experiência: um grupo, denominado de grupo de observação, trabalhou sob uma intensidade de luz variável, enquanto o segundo grupo, denominado de grupo de controle, trabalhou sob uma intensidade invariável, constante. Pretendia-se, dessa forma, explicar o efeito 62 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Escola de Relações Humanas da iluminação sobre a produtividade dos trabalhadores, de acordo com os pressupostos clássicos de Taylor. Uma vez percebido que a produtividade do grupo de observação aumentou, conseguiu-se comprovar que havia preponderância de fatores psicológicos sobre os fatores fisiológicos; em suma, a relação entre as condições físicas e a eficiência dos trabalhadores poderia ser afetada por condições psicológicas. Segunda fase da experiência de Hawthorne Em 1927, dando prosseguimento à experiência, foram selecionadas seis trabalhadoras de nível médio – sem serem novatas e muito menos já experientes – para que constituíssem um grupo de observação: cinco dessas trabalhadoras ficavam montando, enquanto uma sexta ficaria fornecendo peças para manter o ritmo de trabalho constante. A sala onde ocorria essa etapa da experiência ficava separada do resto do departamento. Tanto o local como os equipamentos de trabalho eram bastante semelhantes àqueles usados no departamento de onde haviam sido retiradas as funcionárias. Incluía-se apenas um plano inclinado e um contador de peças que, individualmente, marcava a produção de cada uma das trabalhadoras, através de uma fita perfurada. A produção era, portanto, facilmente medida, passando a ser o índice comparativo entre o grupo experimental e o grupo de controle. Essa etapa da experiência contribuiu com algumas conclusões, a saber: as trabalhadoras gostavam de trabalhar naquela sala, porque era mais divertido e a supervisão mais branda permitia trabalhar com maior liberdade e menor nível de ansiedade; havia um ambiente sem pressões, amistoso, amigável, onde havia o entrosamento, a conversa era tolerada e até mesmo permitida, o que acarretou em um aumento da satisfação no trabalho; não havia medo quanto a presença do supervisor. Apesar de estarem sendo mais supervisionadas, as características e os objetivos dessa supervisão eram bem diferentes; ocorreu certo desenvolvimento social no grupo de observação. As trabalhadoras estabeleceram amizades entre si e esses laços de amizade estenderam-se externamente ao trabalho. As trabalhadoras passaram Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 63 Teoria Geral da Administração a se preocupar mais umas com as outras, e, quando alguma delas estava cansada do trabalho, outra colega acelerava a produção: de uma união de trabalhadoras originou-se uma equipe de trabalho; o grupo de observação conseguiu desenvolver uma liderança e objetivos comuns. Terceira fase da experiência de Hawthorne Essa fase apresenta uma mudança, um afastamento dos interesses iniciais que orientavam a experiência, pois mediante as modificações nas atitudes das trabalhadoras, os pesquisadores, sob a supervisão de Mayo, afastaram o interesse inicial que era o de verificar as melhores condições físicas de trabalho e passaram então a aprofundar os estudos nas relações humanas no trabalho, que já eram perceptíveis. Assim, em 1928, iniciou-se a etapa designada de Programa de Entrevistas. Esse programa compreendia entrevistas com as trabalhadoras a fim de obter conhecimentos mais aprofundados sobre as suas atitudes e seus sentimentos, para ouvir suas opiniões sobre seu trabalho e sobre o tratamento que recebiam, bem como ouvir sugestões que pudessem ser aproveitadas para o treinamento de seus supervisores. O Programa de Entrevistas conseguiu apontar a existência de uma organização informal no âmbito formal do trabalho. Através dessa organização informal, os trabalhadores mantiveram-se unidos com certo grau de lealdade, de solidariedade entre si. Todavia, os pesquisadores perceberam que, em muitas das vezes, o trabalhador queria também ser comprometido com a empresa que trabalhava. Esse comprometimento dividido entre o grupo e a empresa poderia trazer certo conflito, inquietação, tensão e, provavelmente, certo descontentamento. Para estudar esse fenômeno, os pesquisadores desenvolveram uma quarta etapa da experiência. Quarta fase da experiência de Hawthorne Nessa quarta etapa da experiência, alterou-se o grupo experimental. Este passou a ser constituído por nove operadores, nove soldadores e dois inspetores –, todos designados para a montagem de terminais das estações telefônicas. Essa experiência durou de 1931 a 1932 (logo depois foi suspensa 64 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Escola de Relações Humanas em razão da crise de 1929), e procurava analisar a organização informal dos operários, conforme diagnosticado anteriormente. Verificou-se que os trabalhadores apresentaram certa padronização, uniformidade em seus sentimentos, surgindo daí certo grau de solidariedade grupal. Esse grupo desenvolveu alguns métodos que asseguravam suas atitudes, pois consideravam como delator aquele membro que prejudicasse algum companheiro e pressionavam os mais rápidos a “estabilizarem” a sua produtividade, utilizando-se de punições simbólicas. Essa última etapa permitiu o estudo das relações entre a organização informal dos empregados e a organização formal da fábrica. Conclusões da experiência de Hawthorne A experiência de Hawthorne permitiu delinear os princípios básicos da Abordagem Humanística. Dentre as principais conclusões, podemos apontar: O nível de produção é resultante da integração social do trabalhador – verificou-se que o nível de produção não era determinado somente pela capacidade física do trabalhador (como postulado pela Teoria Clássica), mas também pelas normas sociais e expectativas em torno destas. É, portanto, a capacidade social do trabalhador, capacidade de se integrar, que estabelece o nível de habilidade/competência e mostra a sua eficiência, e não necessariamente a sua capacidade de realizar corretamente movimentos necessários em um tempo previamente delimitado. Ou seja, quanto maior o grau de integração social do indivíduo no grupo de trabalho, maior será a sua predisposição em produzir. Dessa maneira, caso o trabalhador possua ótimas condições físicas para o trabalho, mas não esteja em condições de se integrar em círculos sociais, a sua eficiência sofrerá um enorme impacto, dado esse desajuste social. Comportamento social dos empregados – a experiência de Hawthorne mostrou que o comportamento dos trabalhadores apóia-se completamente no grupo a que pertence. Tanto o indivíduo quanto o trabalhador não age ou reage de forma isolada, mas sim como membro de grupos dos quais fazem parte. No decorrer da experiência, cada trabalhador não se sentia absolutamente livre para estabelecer, por si mesmo, a sua produtividade; esta era estabelecida, imposta e mantida pelo grupo a que pertencia. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 65 Teoria Geral da Administração A qualquer tipo de desvio percebido dessas normas estabelecidas pelo grupo, o trabalhador sofreria punições sociais ou mesmo morais por parte de seus colegas de trabalho; punições estas que buscavam ajustá-lo aos padrões estabelecidos pelo grupo. Essa decorrência da experiência é primordial, pois a Teoria Clássica não percebeu que o comportamento dos trabalhadores era influenciado pelas normas e pelos valores dos grupos sociais que participavam. A Escola de Relações Humanas confrontou o comportamento social do trabalhador com o comportamento do tipo “máquina” oriundo da Teoria Clássica. As recompensas e sanções sociais – no desenvolvimento da experiência de Hawthorne, notou-se que os trabalhadores que produziram acima ou abaixo das normas socialmente determinadas pelo grupo a que pertenciam, perdiam o respeito de seus colegas de trabalho (os trabalhadores da sala de montagem de terminais preferiam produzir menos e, portanto, ganhar menos, do que perder as relações amistosas mantidas com seus companheiros). 66 É por isso que se percebe que o comportamento dos trabalhadores fica condicionado a normas e padrões sociais estabelecidos. Cada grupo social é capaz de desenvolver crenças em relação à administração: essas crenças e expectativas – sendo reais ou mesmo imaginárias – influenciam em suas atitudes, também nas normas e nos padrões de comportamento que o grupo define como permitidas. Os trabalhadores passam a ser avaliados pelo grupo mediante o confronto que ocorre com essas normas e padrões de comportamento grupais. São tomadas como bons colegas de trabalho somente se o comportamento se ajustar a essas normas e a esses padrões de comportamento, e são avaliados como colegas desleais caso o comportamento transgrida as normas e padrões aferidos. De acordo com esse fenômeno, Mayo pôde compreender que a motivação econômica não era primordial para a determinação do rendimento do trabalhador. Para a Escola de Relações Humanas, as pessoas eram motivadas primeiramente pela necessidade de aprovação social, reconhecimento e de participação nas atividades dos grupos sociais em que convivem. Advém daí a definição de homem social. As recompensas e as sanções simbólicas (não-econômicas) influenciam de maneira significativa sobre o comportamento dos trabalhadores e Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Escola de Relações Humanas são capazes de limitar os resultados pretendidos pelos planos de incentivos econômicos existentes na empresa. Essas recompensas sociais e morais são simbólicas e influenciam a motivação do trabalhador. Grupos informais – enquanto os autores clássicos preocuparam-se exclusivamente com os aspectos formais da empresa (especialização, estudos dos tempos e movimentos, autoridade, responsabilidade, princípios gerais de administração etc.), os pesquisadores da Escola de Relações Humanas concentraram-se quase que totalmente nos aspectos informais da empresa (grupos informais, crenças, comportamento social dos empregados e expectativa etc.). A empresa passou a ser vista como um tipo de organização social que era composta por vários grupos sociais informais, cuja estrutura não era coincidente com a estrutura formal da empresa, isto é, com os processos e com a estrutura definida. Os grupos informais podem ser considerados como o formato organizativo humano da empresa. Esses grupos informais são capazes de definir suas próprias regras de comportamento, seus objetivos, as formas de recompensar ou sancionar, seus valores sociais, suas crenças e suas expectativas; elementos estes que cada participante vai assimilando e integrando. Com a Escola de Relações Humanas foi possível delinear um conceito de organização informal – a organização não só composta de indivíduos, mas pelo próprio conjunto de indivíduos que se relacionam de maneira espontânea entre si. Esses indivíduos também possuem sentimentos em relação aos outros, e, em seus relacionamentos diários, procuram estabelecer determinados padrões de interação. Grande parte dos indivíduos que vivem nesses padrões tende a aceitá-los como uma realidade clara e óbvia, e reagem de acordo com o que determinam. As relações humanas – de acordo com os resultados até agora descritos e apresentados é possível verificar que os trabalhadores participam de grupos sociais e se mantêm em constante interação social. Procurando explicar o comportamento humano nas empresas, a Escola de Relações Humanas foi estudar como essa interação social ocorre. Desse modo, denominam-se relações humanas toda e qualquer tipo de ação ou atitude que é desenvolvida mediante os contatos estabelecidos entre indivíduos e grupos. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 67 Teoria Geral da Administração Cada indivíduo possui uma personalidade típica, diferenciada. Esta, por seu turno, influencia no comportamento e nas atitudes dos outros indivíduos com quem estabelece seus contatos e, por outro lado, é igualmente influenciado pelos outros indivíduos. Cada indivíduo procura ajustar-se aos outros indivíduos e aos outros grupos definidos, em busca de compreensão, de aceitação e de participação, pois querem ter os seus interesses atendidos. O comportamento individual é constantemente influenciado pelo ambiente e por atitudes e normas informais que existem nos diversos grupos. Principalmente dentro da empresa é que surgem oportunidades para estabelecimento de relações humanas, considerando o número de grupos e as interações proporcionadas. É através da compreensão da natureza dessas relações humanas que o administrador consegue obter resultados melhores de seus subordinados; é através da compreensão dessas relações que pode surgir um clima de trabalho em que cada indivíduo é encorajado a exprimir-se livremente. A importância do conteúdo do cargo – a contínua e intensa especialização do trabalho – e conseqüentemente a maior fragmentação – não é a maneira mais eficiente de se dividir o trabalho. Mesmo não tendo como objeto de pesquisa, Elton Mayo e seus pesquisadores-colaboradores constataram que a especialização defendida pela Teoria Clássica não criava necessariamente uma empresa mais eficiente. Eles observaram que os trabalhadores da sala de montagem freqüentemente trocavam sua posição/tarefa para variar e evitar a monotonia, de forma contrária ao estabelecido pela empresa. Essas trocas impactavam negativamente sobre a produção, mas, por outro lado, conseguiam elevar o moral do grupo. De acordo com essas observações, verificou-se que tanto o conteúdo quanto a natureza do trabalho influenciam enormemente no moral dos trabalhadores. Muitas das vezes, trabalhos simples e repetitivos tendiam à monotonia e afetavam negativamente nas atitudes dos trabalhadores, reduzindo a eficiência. Ênfase nos aspectos emocionais – foi de acordo com os resultados obtidos pela experiência de Hawthorne que os elementos emocionais (não-planejados e irracionais) do comportamento humano passaram a receber devida atenção. Até então esses aspectos que indefecti- 68 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Escola de Relações Humanas velmente são naturais e espontâneos em todos os indivíduos sequer haviam sido considerados pelos administradores. Com essa consideração, o elemento humano passou a ser visto com outro olhar dentro das empresas. Comparação entre as propostas A título de compreensão acerca da importância das contribuições da Escola de Relações Humanas, é preciso que se faça uma comparação entre as propostas apresentadas pela Administração Científica e Teoria Clássica com essa escola. Nesses termos, o quadro abaixo é bastante esclarecedor, pois apresenta várias premissas que foram abordadas por ambas as perspectivas, permitindo que a comparação seja observada facilmente. Características e premissas Teoria Clássica Teoria das Relações Humanas Abordagem básica Engenharia Humana Ciência Social Aplicada Adaptação do homem à máquina e Adaptação do homem à organivice-versa. zação e vice-versa. Modelo de homem Econômico-racional Racional-emocional Maximizador de vantagens financeiras. Também motivado por sentimentos e critérios “não racionais”. C o m p o r t a m e n t o Animal isolado do indivíduo Animal social Carente de apoio e de participação grupal. C o m p o r t a m e n t o Padronizável funcional do indivíduo Não-padronizável Diferenças individuais justificam métodos diferentes. Incentivos Financeira (material) Psicológica Maior remuneração por maior produ- Apoio, elogio, consideração. ção. Fadiga Fisiológica Grupo Estudo de tempos e movimentos, pau- Monotonia, rotinização sas adequadas. Ausência de criatividade Pouca utilização de aptidões Programação excessiva. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br (Chiavenato, 2000) Quadro 1: A evolução conceitual da Teoria Clássica e das Relações Humanas 69 Teoria Geral da Administração Unidade de análise Cargo A tarefa, tempo e movimentos; Avaliação de cargos e salários. Grupo A equipe A avaliação de criatividade Pouca utilização de aptidões Programa excessivo Conceito de organização Estrutura formal Sistema social Representação gráfica Organograma e fluxograma Sociograma Pressupostos da Escola de Relações Humanas As pesquisas realizadas pela experiência de Hawthorne foram as responsáveis em sugerir que uma nova abordagem em relação a resolução de problemas administrativos poderia ser encontrada, uma vez que descortinou os vetores que orientam o processo de motivação dos trabalhadores a fim de que possam alcançar as metas da empresa. Alguns desses pressupostos são: Integração e comportamento sociais – mesmo possuindo ótimas condições físicas para desenvolver suas tarefas, aquele trabalhador desajustado socialmente não será eficiente. Isso ocorre porque os aspectos sociais, psicológicos e até mesmo emocionais são mais importantes do que os aspectos técnicos ligados ao trabalho. A integração grupal é primordial para o bem-estar dos trabalhadores. Os trabalhadores não agem individualmente, mas sim como membros de grupos a que pertencem. A administração que persegue o aumento da produtividade e a eficiência deve estar atenta e conciliar os objetivos empresariais com os interesses individuais dos trabalhadores, pois senão não obterão os resultados desejados. Participação nas decisões – o trabalhador deve ser considerado como um ser que pensa e que age em prol de seu interesse particular. É preciso, por parte da empresa, que haja controle de seus resultados, mas não necessariamente é preciso que exista uma supervisão direcionada ao modo com que realiza suas tarefas. Uma forma criativa e singular de contornar essa situação é a participação nos processos decisórios, fato este que o favorece, pois através de uma comunicação bem realizada e de baixo para cima, o trabalhador poderá se sentir estimulado, e a empresa verá que a iniciativa do trabalhador causa impactos positivos na produtividade empresarial. 70 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Escola de Relações Humanas Homem social – não são somente os aspectos fisiológicos que condicionam o comportamento dos trabalhadores, existem também as normas e os padrões sociais. O que os trabalhadores querem e buscam é o reconhecimento pelo trabalho feito, aprovação social e participação em grupos. Conteúdo do trabalho – as tarefas devem ser estimulantes, desafiadoras. Trabalhos simples e repetitivos são também monótonos e afetam negativamente a motivação dos trabalhadores. As tarefas devem ser pensadas visando incentivar os trabalhadores a se interessarem pelo aumento da produtividade e da melhoria da qualidade do que desenvolvem. Críticas à Escola de Relações Humanas Tal como a Administração Científica e a Teoria Clássica da Administração, a Abordagem Humanística também foi alvo de muitas críticas. Dentre todas, podemos citar: Negação do conflito empresa-funcionário – a Escola de Relações Humanas negava que existiam diferenças entre os interesses empresariais e os interesses dos trabalhadores. Esse fato mostra que há certa superficialidade na abordagem desse tema. Restrição de variáveis e da amostra – a experiência de Hawthorne analisou somente o âmbito fabril, não possibilitando uma generalização dos resultados obtidos, pois a amostra de pesquisa em relação ao universo de empresas existentes foi bastante restrita. Concepção utópica – a abordagem proporcionada por Mayo apregoou que um funcionário feliz e integrado ao ambiente de trabalho produz mais. A bem da verdade, felicidade e produtividade não são elementos diretamente proporcionais, pois funcionários infelizes também podem produzir bastante. Ênfase excessiva nos grupos informais – o fator integração social foi supervalorizado por essa abordagem com relação à produtividade. Esse fator é apenas uma das características que influenciam na produtividade. Espionagem disfarçada – a perspectiva ofertada pelas conclusões da Escola Humanística no que diz respeito ao estímulo à participação dos funcionários nas decisões não ocorreu na prática. O espaço destinado Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 71 Teoria Geral da Administração a proporcionar essa participação acabou sendo utilizado para antever o discurso dos trabalhadores e as insatisfações, gerando, portanto, mais insatisfações ainda. Ausência de novos critérios de gestão – a Escola de Relações Humanas não esclareceu o que poderia ou não ser feito para que melhores resultados fossem obtidos; não havia uma visão social e econômica realista do relacionamento sempre conturbado que existe entre a empresa e o trabalhador. Ampliando seus conhecimentos A administração participativa (GARCIA, 1975. Adaptado) A participação dos funcionários nas decisões da empresa, em maior ou menor escala, é uma constante em uma série de modelos de gestão. Nas últimas décadas vem se fortalecendo a adoção do modelo de administração participativa, devido à velocidade das mudanças, elevação do nível educacional, intensificação das comunicações, a turbulência ambiental (acirramento da concorrência) são algumas das razões que justificam a adoção de um maior grau de envolvimento dos funcionários na gestão das empresas. A administração participativa despontou e se consolidou como um dos fatores diferenciadores de produtividade e contribuiu para o avanço tecnológico dos produtos. O que é administração participativa? Consiste basicamente na criação de oportunidades para que as pessoas influenciem decisões que as afetarão. É uma filosofia que exige que o processo organizacional de tomada de decisões seja feito de forma que os recursos e responsabilidades necessários sejam estendidos até o nível hierárquico mais apropriado. É assegurar que decisões efetivas sejam feitas pelas pessoas certas. É uma filosofia ou política de administração de pessoas, que valoriza sua capacidade de tomada de decisões e resolver problemas. A administração participativa aprimora a satisfação e a motivação no trabalho. 72 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Escola de Relações Humanas Administrar participativamente consiste em compartilhar as decisões que afetam a empresa, não apenas com os funcionários, mas também com clientes, ou usuários, fornecedores, e, eventualmente, distribuidores ou concessionários da organização. A meta é construir uma organização participativa em todas as suas interfaces. Quem inventou a administração participativa? É uma idéia que nasceu na Grécia, há mais de 2 000 anos, com o nome de democracia. Apesar disso, é uma idéia moderna, que integra as práticas mais avançadas e é considerada um dos novos paradigmas da administração. É um conceito que continua a oferecer desafios sem resposta definitiva. O que se pretende alcançar com a administração participativa? Maior competitividade. Redução de conflitos através da cooperação; satisfação das pessoas. Utilização de todo o potencial das pessoas. Redução da alienação. Cultura democrática. Equilíbrio dos interesses dos vários envolvidos. Responsabilidades sociais da empresa. Participação no processo decisório Significa consultar as pessoas, individualmente ou em grupo, sobre a solução de problemas, no nível do local de trabalho. E isso pode ocorrer através de: Equipes autogeridas – interação dos integrantes do grupo e interação com outros grupos para resolver problemas e tomar decisões Participação na direção – Co-gestão participar institucionalmente da estrutura de poder da organização, em órgãos e proporção variável. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 73 Teoria Geral da Administração Visa estabelecer bases de cooperação e harmonia entre sindicatos e empresas. Participação nos resultados – a participação nos resultados fecha o círculo do mecanismo da recompensa: se as pessoas participam dos problemas e decisões, também devem de alguma maneira beneficiarse dos resultados de seus esforços. Modalidades de participação do faturamento; dos incrementos nas receitas; nas economias ou ganhos de produtividades; dos lucros e da propriedade da empresa; comissões sobre vendas; abonos ou salários por atingimento de metas; prêmios por sugestões que resultem em economias; distribuição de ações. A cultura em organizações com administração participativa Cultura é o conjunto de hábitos, valores e crenças que as comunidades e grupos sociais desenvolvem e transmitem para seus novos integrantes. Como são as pessoas e como se deve tratá-las? As pessoas são confiáveis e gostam de assumir responsabilidade. Qual o papel do dirigente e como ele deve comportar-se com o subordinado? O papel é de facilitador e ele deve ver o grupo como empregado da empresa e não como “meu empregado”. De que maneira o subordinado deve comportar-se em relação aos dirigentes? 74 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Escola de Relações Humanas Não como súditos ou vassalos, mas sim como colaboradores. Implantação da administração participativa Envolve mudanças em três dimensões da organização: Comportamental – a forma de administrar pessoas – autoritário, impositivo, indiferente, paternalista para cooperação mútua, liderança, autonomia e responsabilidade. Estrutural – redesenho das estruturas. A estrutura deve estimular as pessoas à participação. Interfaces – a administração é compartilhada pelos funcionários, clientes, fornecedores, outras interfaces. A administração participativa pressupõe um amadurecimento cultural que não é obtido sem dificuldade, deve ser continuamente acompanhado e atualizado para que os funcionários não caiam na mesma acomodação que existe nas empresas rígidas. A participação não é uma fórmula mágica, isso requer um trabalho paciente. Nenhuma das formas de participação que foram aplicadas até agora resolveu completamente os problemas e é muito possível que esses problemas, como tantos outros de relações humanas, nunca sejam resolvidos de forma definitiva. Mais importante que buscar soluções totais é reconhecer que se trata de um processo prolongado de aprendizagem. Mandamentos para atrair e manter pessoas nas organizações (SEMLER, 1988) Salário e benefícios adequados. Respeito pelo indivíduo. Produto que seja capaz de gerar orgulho. Sensação de envolvimento e espírito de equipe. Espaço para opinar. Redução da distância entre a cúpula e a base. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 75 Teoria Geral da Administração Preocupação com treinamento e aperfeiçoamento. Seriedade incontestável da empresa. Relativa segurança no emprego. Profissionalismo com ausência de favorecidos e protegidos. Atividades de aplicação 1. Quais as principais conclusões da segunda fase da experiência da Hawthorne? 2. Discorra a respeito do Comportamento Social dos Trabalhadores observado na experiência da Hawthorne. 3. Caracterize o perfil típico do homem social. 76 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Teoria Geral da Administração 78 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Gabarito Escola de Relações Humanas 1. A supervisão mais branda permitia trabalhar com maior liberdade e menor nível de ansiedade; havia um ambiente sem pressões, amistoso, amigável; não havia medo quanto à presença do supervisor; ocorreu certo desenvolvimento social no grupo de observação; o grupo de observação conseguiu desenvolver uma liderança e objetivos comuns. 2. A experiência de Hawthorne mostrou que o comportamento dos trabalhadores apóia-se completamente no grupo a que pertence. Tanto o indivíduo quanto o trabalhador não age ou reage de forma isolada, mas sim como membro de grupos de que fazem parte. No decorrer da experiência, cada trabalhador não se sentia absolutamente livre para estabelecer, por si mesmo, a sua produtividade; esta era estabelecida, imposta e mantida pelo grupo a que pertencia. Qualquer tipo de desvio percebido dessas normas estabelecidas pelo grupo, faria com que o trabalhador sofresse punições sociais ou mesmo morais por parte de seus colegas de trabalho; punições essas que buscavam ajustá-lo aos padrões estabelecidos pelo grupo. 3. Consideramos que não são somente os aspectos fisiológicos que condicionam o comportamento dos trabalhadores, mas existem também as normas e os padrões sociais. O que os trabalhadores querem e buscam é o reconhecimento pelo trabalho feito, aprovação social e participação em grupos. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Teoria Geral da Administração 212 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br