JOGOS E BRINCADEIRAS: UMA NECESSIDADE INFANTIL Dayane Oliveira V. de Vasconcelos1 Edlane Alves Pereira Lima2 Ana Coelho Vieira Selva3 Considerando a importância atribuída aos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento infantil, este estudo tem por objetivo investigar a utilização desses recursos numa sala de Educação Infantil. Durante cinco dias consecutivos, observou-se o cotidiano de uma sala de aula da rede particular do Recife, com crianças na faixa etária de 4 anos. Também foram entrevistadas a professora e a diretora da instituição. Constatou-se que o uso de jogos era feito de forma limitada, com o principal objetivo de ocupar o tempo ocioso entre atividades. Nesses momentos, a atuação da professora se restringia a observar as crianças e interferir apenas em caso de questões disciplinares. Estes dados apontam a necessidade de que o jogo e a brincadeira sejam melhor aproveitados na escola, oportunizando-se espaço para a discussão de seu papel e de como podem ser inseridos no cotidiano da sala de aula. Palavras – Chave: Brinquedo, Jogo e Educação Infantil. INTRODUÇÃO Há bastante tempo, pesquisadores, educadores, psicólogos e outros estudiosos têm ressaltado a importância dos jogos/brincadeiras para a Educação Infantil. Grandes contribuições já foram dadas, chegando-se à conclusão de que com a brincadeira a criança passa a fazer novas descobertas, desafios e tem o seu desenvolvimento trabalhado. Segundo Vygotsky (1998 apud WAJSKOP, 1995, p.16) : A brincadeira infantil é entendida como atividade social da criança, cuja natureza e origem específicas são elementos fundamentais para a construção de sua personalidade e compreensão da realidade na qual se insere. A brincadeira é de fato um espaço de aprendizado sócio-cultural localizado no tempo e no espaço. Podemos observar várias abordagens do brincar na Educação Infantil. Dentre elas, destacam-se quatro, que serão detalhadas mais à frente: 1. O brincar como algo periférico ao trabalho escolar e à aprendizagem; 1 Concluinte de Pedagogia – Centro de Educação – UFPE. [email protected] Concluinte de Pedagogia – Centro de Educação – UFPE. [email protected] 3 Professora do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais - Centro de Educação – UFPE. [email protected] 2 1 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 2. O brincar é o trabalho acadêmico disfarçado; 3. O brincar está integrado com o desenvolvimento social e emocional; 4. O brincar e o escolar estão integrados ao desenvolvimento emocional, social, moral e intelectual. A realização dessa pesquisa contribuiu para conhecermos a realidade do uso das brincadeiras e jogos em uma sala de aula da Educação Infantil. Saber apenas que o jogar/brincar e a Educação Infantil andam juntos não basta, deve haver a prática desse conhecimento em sala de aula diariamente. Oferecer aos educandos um ensino onde a brincadeira está inserida na rotina da sala de aula deve ser um dos objetivos da Educação Infantil. Na discussão sobre jogos e brincadeiras, encontramos autores como Kishimoto (1994), que distingue o termo jogo, do termo brincadeiras e brinquedos. Para a autora, brinquedo é o objeto, o suporte para a brincadeira, supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. Já brincadeira pressupõe a descrição de uma conduta estruturada, com regras; e jogo se refere à descrição de uma ação lúdica envolvendo situações estruturadas pelo próprio tipo de material como o xadrez. Neste trabalho, optamos por não fazer a divisão entre esses termos. JUSTIFICATIVA Através das disciplinas Pesquisa e Prática Pedagógica 2 e 3, tivemos a oportunidade de observar a prática dos docentes em sala de aula. Nessas observações, feitas em instituições públicas e privadas que oferecem Educação Infantil, observamos que as crianças ou tinham contato com os jogos relacionados a um conteúdo pedagógico ou o manuseavam livremente, sem intervenções do professor, geralmente no fim das lições. Os jogos e os brinquedos encontravam-se em armários fechados, geralmente na diretoria, e ficavam à “disposição” dos educadores. Muitos desses jogos não eram utilizados em sala de aula pela falta de informação de como manipulá-los, como foi afirmado por alguns professores durante a nossa observação. 2 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Essas percepções instigaram a realização dessa pesquisa, que identificou como os jogos e as brincadeiras são utilizados na Educação Infantil. Nossa análise esteve focada na abordagem cognitiva, difundida principalmente por Piaget e Vygotsky, por acreditarmos que nela as ações e significados manipulados pelas crianças têm importância no seu processo de aprendizagem. O JOGO E A BRINCADEIRA NA INFÂNCIA. O homem, por excelência, sempre manifestou uma tendência lúdica para realizar suas tarefas. Desde muito cedo a atividade essencial da criança é brincar, e dessa forma ela consegue se expressar e comunicar, tornando-se um ser social. Observando-as, particularmente, em sala de aula, podemos perceber que elas se utilizam desse dispositivo para interagirem e assim, estabelecerem novos papéis na sua relação com o mundo. Como sugere M. Klein (1959 apud BROUGÉRE, 1998, p. 43) “o jogo e o brincar funcionam de modo comparável ao sonho. É, portanto, a via principal do acesso ao inconsciente da criança”. A infância é a idade da brincadeira. Por meio dela, a criança libera energia, expande sua criatividade, fortalece a sociabilidade e estimula a liberdade. Assim, pelo fato da brincadeira estar intrinsecamente ligada ao desenvolvimento infantil, também foi inserida no contexto escolar com o objetivo de auxiliar o processo de aprendizagem. A partir de então, surgiram os jogos pedagógicos que reúnem a ludicidade e a aprendizagem. MAS, COMO SURGIRAM OS JOGOS? Kishimoto (1994), numa ampla revisão bibliográfica, encontra referências ao uso dos jogos na educação desde Roma e Grécia antigas. Platão (1948 in KISHIMOTO, 1994. p.15), comenta a importância do “aprender brincando”. Da mesma forma, Aristóteles sugere o uso de jogos para a educação de crianças pequenas. Mas, é no século 20 que vamos ter as contribuições teóricas mais relevantes para o ensino com jogos, a exemplo de Froebel, considerado o pai da ludicidade, que desenvolveu uma pedagogia em que os jogos eram utilizados freqüentemente na Educação Infantil. 3 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. As atividades lúdicas oferecem uma fonte de estudo em diferentes direções, como o sociológico, o psicológico e o antropológico. Através dessas atividades podemos compreender melhor o uso dos jogos e das brincadeiras numa esfera cognitiva. O surgimento de novas concepções sobre o processo de ensino-aprendizagem tem possibilitado novas formas de considerar o papel do jogo no ensino. É o que analisaremos no próximo tópico. O USO DE JOGOS E BRINCADEIRAS: A ABORDAGEM COGNITIVA Nesse tipo de abordagem, as brincadeiras são analisadas de acordo com o significado dos objetos e das ações para cada criança, das expectativas, do grau de esforço realizado para que as ações sejam valorizadas pelo grupo, dos papéis desempenhados e de como são desempenhados. O desenvolvimento da atividade intelectual foi a preocupação de Piaget e Vygotsky, considerados os grandes mestres da abordagem cognitiva. Piaget (1977), afirma que, ao aprender, o indivíduo não tem um papel passivo perante as influências do meio, pelo contrário, procura adaptar-se a elas com uma atividade organizadora. Nesse sentido, a aprendizagem, para ele, é um processo adaptativo em função de respostas dadas pelo sujeito a um conjunto de estímulos anteriores e atuais. Sendo assim, o desenvolvimento é um fator condicionante da aprendizagem. Piaget (1973), afirma que quatro fatores são responsáveis pelo desenvolvimento: a maturação, a experiência, as interações e transmissões sociais e a equilibração. Por maturação compreende-se um processo que ainda não é conhecido suficientemente, mas que abre novas possibilidades, e, nesse sentido, ela é uma condição necessária para o aparecimento de certas condutas por meio da experiência. Por interação entende-se a permissão ao individuo de receber e contribuir com a sociedade e por equilibração, a auto-regulação. Para Piaget (1977), a brincadeira é a conduta livre e espontânea, onde a criança expressa sua vontade e prazer. Quando brinca, a criança assimila o mundo a sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende de sua natureza, mas da função que a criança lhe atribui, é o que Piaget chama de jogo simbólico. 4 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. O autor assegura que o desenvolvimento do jogo se faz através de processos puramente individuais e de símbolos idiossincráticos privados que derivam da estrutura mental da criança e que só por ela podem ser explicados. O brincar representa uma fase no desenvolvimento da inteligência, marcada pelo domínio da assimilação sobre a acomodação. Na assimilação, o sujeito incorpora eventos, objetos ou situações dentro de formas de pensamentos, que constituem as estruturas mentais organizadas. Na acomodação, as estruturas mentais existentes reorganizam-se para incorporar novos aspectos do ambiente externo. Ao brincar, o sujeito assimila eventos e objetos ao seu eu e a suas estruturas mentais. Piaget acredita que agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e o seu tempo, desenvolvem a noção de causalidade, chegando à representação e finalmente, à lógica. Um outro autor que discute o papel da brincadeira no desenvolvimento infantil é Vygotsky (1988). Para ele, o desenvolvimento da atividade intelectual ocorre com a participação ativa da linguagem. A partir do momento em que a realidade é substituída por signos e símbolos, a vida mental se inicia e o indivíduo passa a modificar ativamente a situação estimuladora. Para Vygotsky, o homem reflete o mundo e toma consciência dele de diferentes modos a cada etapa do desenvolvimento, baseando-se no significado das palavras. Para ele, a aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança. Vygotsky diferencia a aprendizagem escolar da espontânea. A escolar é sistematizada e trabalha com conceitos científicos, que são aqueles introduzidos pelo professor na situação de instrução. Esses conceitos variam à medida que a criança avança em seu desenvolvimento. Este avanço na compreensão conceitual da criança relaciona-se ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal: (...) A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com os companheiros mais capazes. (apud: CÓRIA-SABINI, 2004, p.24). 5 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. O nível de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento de forma retrospectiva e define as funções que já amadureceram, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental de forma prospectiva. Partindo de processos que estão no estado de formação, é possível delinear o crescimento potencial imediato da criança. A aprendizagem voltada para a zona de desenvolvimento proximal produz, como resultado, um avanço no desenvolvimento mental. Em situações de brincadeira, Vygotsky (1988) acredita que os jogos são condutas que imitam ações reais e não apenas ações sobre objetos ou uso de objetos substituídos. O ato lúdico, para ele, começa aproximadamente entre os dois ou três anos através das relações sociais, pois através de jogos de papéis a criança cria uma situação imaginária incorporando elementos do contexto cultural adquiridos por meio da interação e da comunicação. Ele identifica dois elementos importantes na brincadeira infantil: a situação imaginária e a de regras onde a criança, por meio da atividade livre, desenvolve a iniciativa, expressa seus desejos, e internaliza as regras sociais. Mas, nem sempre a atividade lúdica traz prazer. Há atividades em que o desprazer fica caracterizado, como os jogos desportivos em que há um perdedor. Só à medida que o brincar se desenvolve em direção a um propósito realmente consciente é que existe a verdadeira ação simbólica, pois, nesse caso, os conceitos já estão formados e as brincadeiras ou jogos simbolizam essa ação. Essa posição também é observada em Leontiev (2000), que identifica no jogo a atividade principal da criança, a qual possibilita que ocorram as mais importantes mudanças no desenvolvimento psíquico, preparando o caminho da transição da criança para um novo e mais elevado nível de desenvolvimento. O jogo e o brinquedo aparecem na criança na idade pré-escolar. Ele surge a partir de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo dos objetos diretamente acessíveis a ela, mas também em relação ao mundo mais amplo dos adultos. Uma necessidade de agir como um adulto surge na criança, isto é, de agir da maneira que ela vê os outros agirem, da maneira que lhe disseram, e assim por diante. É nesse período que surgem os jogos, a situação imaginária em grupos que envolve regras de ações dos participantes. Portanto, uma criança menor de três anos, quando brinca, o faz de modo sério e ao fazê-lo não separa a situação imaginária da real. A essência do brincar é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o da percepção. 6 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Constatamos que a brincadeira é tanto para Piaget, como para Vygotsky e Leontiev, um aspecto central no desenvolvimento infantil e que, dessa forma, o brincar deve ser um eixo no processo de ensino-aprendizagem. Seguindo essa direção, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil, 1998), discute o papel da brincadeira e dos jogos para a criança nesta faixa de ensino. Segundo ele, a brincadeira é um ponto fundamental para que a criança se desenvolva, e que, até para brincar ela tem que ter maturidade para diferenciar o real da imaginação. Quando brinca, a criança precisa apropriar-se de elementos da realidade imediata, de tal forma a atribuir-lhes novos significados. É assim que ocorre a articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Nas brincadeiras, as crianças assumem papéis substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido. Para assumir um papel na brincadeira é necessário conhecer algumas de suas características e esses conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, ou até mesmo de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes. Quando a criança tem oportunidade de criar a sua própria brincadeira, usando a sua imaginação, ela descobre maneiras para resolução de problemas que lhe são importantes e significativas. As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade, jogos tradicionais, didáticos, corporais, etc., propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica. É nesse sentido que a brincadeira e os jogos devem fazer parte das atividades escolares e não ficarem reduzidas a momentos de passatempo entre as tarefas escolares. Também por meio da brincadeira, os professores podem observar o desenvolvimento de cada criança, em conjunto ou em particular, registrando as capacidades sociais e recursos afetivos e emocionais de que dispõem. O professor deve organizar situações diversificadas nos quais a criança tenha a liberdade de escolher os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim elaborar de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais. É importante que o professor, ao observar as crianças brincando, tenha a consciência de que, quando elas brincam, elas recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento. 7 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. TIPOS DE JOGOS Pensar sobre a importância do brincar nos remete às mais diversas abordagens existentes, como a Cultural, pois os jogos têm a função de perpetuar a cultura infantil desenvolvida pela oralidade; a Educacional, que analisa a contribuição do jogo e do brincar no desenvolvimento e/ ou aprendizagem da criança; e a Psicológica, que vê o jogo como uma forma de compreender melhor o funcionamento das emoções e da personalidade do indivíduo. Ao longo do período infantil, Piaget (1978) observou três sucessivos sistemas de jogos: de exercício, simbólicos e de regras. Os de exercício aparecem durante os primeiros 18 meses de vida e envolvem a repetição de seqüências já estabelecidas de ações e manipulações, não com propósitos práticos ou instrumentais, mas por mero prazer derivado da mestria de atividades motoras. Os simbólicos surgem durante o segundo ano de vida com o aparecimento da representação e da linguagem. De acordo com Piaget, a brincadeira de faz-de-conta é inicialmente uma atividade solitária envolvendo o uso idiossincrático de símbolos: brincadeiras sóciodramáticas usando símbolos coletivos. No modelo Piagetiano, o faz-de-conta precoce envolve elementos cujas combinações variam com o tempo. Com o jogo simbólico a criança ultrapassa a simples satisfação da manipulação. É o jogo de regras que marca a transição da atividade individual para a socializada. Este jogo, segundo Piaget, não ocorre antes de 4 a 7 anos e predomina no período de 7 a 11 anos. A regra pressupõe a interação de dois indivíduos e sua função é regular e integrar o grupo social. Piaget distingue dois tipos de regras: as que vêm de fora e as que são construídas espontaneamente. Ambas são importantes no processo de desenvolvimento da criança. Os jogos possuem várias significações. Há jogos que só são disputados em uma certa situação e que desaparecem com ela, eles são individuais e não podem ser repetidos; há também jogos tradicionais com regras como a amarelinha e há também jogos com tradição mais curta: eles surgiram pela primeira vez em um certo grupo de crianças e são, em seguida, convertidos em jogos tradicionais apenas para esse grupo. Kishimoto (2000), nos traz algumas características gerais para os jogos: 1- Liberdade de ação do jogador ou caráter voluntário; 8 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 2- Regras implícitas ou explícitas; 3- Relevância do processo de brincar, incerteza de resultados, entre outros. Há ainda a distinção entre os jogos considerados educativos e os jogos lúdicos. Jogos lúdicos são aqueles que propiciam diversão, prazer e até desprazer, quando é escolhido voluntariamente; e, jogos educativos são aqueles que ensinam qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. O jogo educativo tem uma função distinta do brincar: ele deve proporcionar à criança a aquisição de conhecimentos pedagógicos, enquanto que o brincar é a expressão livre da criança que brinca pelo prazer de o fazer. Entretanto, isto não implica dizer que os jogos educativos sejam desprazerosos para a criança, mas sim que apresentam uma função específica. Decroly (1926, p.23) revela-nos essa distinção entre o jogo educativo e o brincar “Os jogos educativos têm por meta dominante fornecer à criança objetivos susceptíveis de favorecer a iniciação de certos conhecimentos”. No entanto, a criança, ao brincar livremente, também adquire conhecimentos com o mundo que a cerca. Por exemplo, na brincadeira de faz-de-conta, as representações sociais são vistas claramente entre as crianças que brincam de casinha ou de escritório. Vygotsky reforça a importância deste tipo de atividade, mostrando que nos jogos de papéis, a criança cria uma situação imaginária, incorporando elementos do contexto cultural adquiridos por meio da interação e comunicação. Os jogos educativos, por outro lado, possibilitam à criança o desenvolvimento de habilidades, tais como: comparar, diferenciar, quantificar, refletir, relacionar, etc, ampliando seu conhecimento e possibilidades de aprendizagem. Qualquer tipo de jogo também oportuniza vivências de regras, limites, aceitação de resultados, interação, trabalho em grupo, concretizando assim a idéia defendida por Vygotsky (1988, p.25) de que “a construção de conhecimento dá-se nas interações psicosócio-culturais, do sujeito com o objeto de estudo”. No próximo tópico iremos apresentar uma análise mais detalhada sobre como o brincar tem sido incorporado à rotina da Educação Infantil. O BRINCAR E A ESCOLA Pensar na importância do brincar para a Educação Infantil nos remete às diferentes interpretações de como incorporar o brincar ao programa. DeVries (2004), mostra- 9 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. nos quatro diferentes abordagens, de acordo com observações realizadas em muitas salas de educação infantil. Na primeira, segundo ela, o brincar aparece como algo periférico ao trabalho escolar, cujo foco está centrado nos exercícios repetitivos, na prática, na recompensa e na punição. As crianças passam quase todo o tempo de aula em um fluxo constante de trabalho acadêmico, abandonando a sala de aula em troca de atividades de educação física, artes, música ou visitas à biblioteca. Como uma espécie de recompensa para aquelas que terminaram seu trabalho. A escassez de material e a falta de tempo acarretam atitudes hostis e competitivas entre as crianças. Na segunda, o brincar aparece como exercícios disfarçados onde o material utilizado pelas crianças é colorido para atrair o seu interesse. As crianças geralmente não podem escolher livremente, mas obedecem a um rodízio diário ou semanal nos tipos de atividades, sempre observadas pelo professor com um tempo pré-estabelecido. Essa falta de oportunidade das crianças decidirem livremente sobre os jogos e brincadeiras dos quais tomariam parte foi freqüentemente constatada durante as observações realizadas nas disciplinas de pesquisa e prática pedagógica, conforme citamos anteriormente. A terceira abordagem diz respeito ao brincar integrado com o desenvolvimento social e emocional onde o trabalho pode nem ser incluído. O professor oferece muitos tipos de atividades desenvolvimentistas e o seu papel, no período da aula, está limitado à condição de observador e mantenedor da ordem. Com freqüência as crianças brincam sozinhas até o momento em que surge um problema. Quando o problema surge, o professor guarda o objeto em questão, não estimulando as crianças a compartilhar o que usam. Aqui o brincar é visto como importante para o desenvolvimento social e emocional da criança. E finalmente a quarta, onde o brincar e o trabalhar estão integrados ao desenvolvimento social, emocional, moral e intelectual. Nessa abordagem, as crianças são envolvidas em situações de regras, em algumas decisões sobre a vida em sala de aula, escolhem o que querem aprender e se envolvem em discussões morais e de literatura sobre elas. Elas se envolvem tanto com as atividades de trabalho, quanto com o brincar. As crianças brincam de faz-de-conta, ou de acordo com a sua livre escolha, com marionetes e sempre estão sendo observadas pelo professor, que se envolve nas atividades. Segundo a autora, esta sala representa o ideal para o desenvolvimento da criança, pois aqui há um envolvimento delas nas 10 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. resoluções de conflitos, contando ou não com a ajuda do professor. Este ajuda as crianças a se ouvirem garantindo que todas cheguem, de comum acordo, a uma solução, possibilitando intervenções que ampliem o interesse, a exploração e a experimentação, ajudando-as a verem novas oportunidades no que estão fazendo. Também segundo a autora, esta sala representa uma concepção de ensino construtivista, voltada para metas desenvolvimentistas sociais, emocionais, morais e intelectuais. Kishimoto (2001), em uma pesquisa realizada na rede pública de SP, indica que a Educação Infantil apresenta concepções de crianças destituídas de autonomia, e concepções de Educação Infantil voltadas para a aquisição de conteúdos específicos. Os brinquedos e materiais pedagógicos mais significativos são os chamados educativos e os que estimulam o simbolismo e a socialização são poucos utilizados, apontando o pouco valor dado a representação simbólica e ao brincar. De acordo com Kishimoto, nessa pesquisa descobriu-se que educadores que valorizam a socialização adotam o brincar livre, e os que visam à escolarização ou a aquisição de conteúdos escolares, o brincar dirigido e os jogos educativos. A autora indica que o propósito de sua pesquisa foi compreender as razões que levaram as escolas a terem poucos brinquedos simbólicos em detrimento aos jogos educativos. Essa problemática é alicerçada na constatação do modelo adultocêntrico, expositivo e verbalista que prevalece na Educação Infantil. De acordo com os dados verificados por Kishimoto (2001), os brinquedos simbólicos eram distribuídos aos educandos para a ocupação do tempo livre, após o término das tarefas. As brincadeiras tradicionais como peão, bola de gude, bonecas, etc, embora valorizadas, acabavam tendo presença pouco significativa nas unidades infantis. As brincadeiras livres eram vistas por alguns professores como descanso de atividades dirigidas e não como forma de socialização e integração da criança, o que dificulta justificá-las como parte do projeto pedagógico da escola. O desafio, a exploração e o imaginário eram desfavorecidos pelos educadores, em detrimento a atividades para estudar, ou seja, escrita do próprio nome, desenho livre, colagem com recortes de revistas, folha de papel com montagem de palito de sorvete, barbante, mistura de tons de guache, cópias de números, bolinhas, etc, atividades estas que reproduziam uma ideologia dominante existentes em nossas escolas. A concepção era do professor e a reprodução, da criança. Não havia inserção de novas atividades que explorassem a capacidade lúdica dos alunos. A 11 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. autora conclui que, embora os Referenciais Curriculares de Educação Infantil e as Diretrizes Curriculares de Educação Infantil assinalem a brincadeira como o eixo da Educação Infantil, o brincar parece não ter espaço na rotina dessas escolas infantis. Prevalece a definição de que o brincar é no parque e na sala é a lição. A partir dessas reflexões acreditamos que é de direito e importância que a brincadeira e o jogo sejam vivenciados pelos educadores e pelos educandos. Segundo Makarenco, (1981, p.55) “A Educação do jogo e da brincadeira, exige sempre que se incuta na criança a aspiração a um prazer mais integral, que eduque a imaginação e o impulso intelectual”, num processo contínuo de construção e reconstrução. O jogo e a criança caminham juntos, desde o momento em que se fixa a imagem da criança como um ser que brinca. A atividade lúdica incorporada à vida da criança possibilita a preparação para a vida; a liberdade de ação; prazer obtido; possibilidade de repetição das experiências; realização simbólica dos desejos. Compreender melhor esses significados nos remeterá a importância de incluir o lúdico em nossa prática pedagógica. Deheinzelin (1994), afirma que o papel da Escola Infantil é colocar à disposição das crianças as regras, normas e convenções dos objetos de conhecimento. Segundo ela, a Proposta Curricular que a Educação Infantil deve seguir é o cuidado com as crianças, na sua alimentação, saúde física, mas também alimentá-las com informações. Não concebemos a criança como um ser destituído de inteligência e autonomia, portanto a Educação Infantil deve contemplar aspectos pedagógicos (Português, Matemática, Ciências e Artes) de maneira lúdica e criativa e a brincadeira, que está inerente a elas. É juntar a fome com a vontade de comer, como diz a autora. É brincando e pensando sobre o brincar que se adquire consciência sobre a sua importância. Portanto, baseados nestas reflexões, buscou-se verificar como o Jogar/brincar é vivenciado em uma sala de Educação Infantil, com que freqüência o/a educador/a brinca com seus alunos, o horário das brincadeiras, os tipos de brinquedo, qual o seu envolvimento, identificar as concepções de criança e de Educação Infantil para o/a educador/a; verificar a disponibilidade de jogos educativos na escola e identificar se a escola oportuniza algum suporte pedagógico para o/a educador/ra sobre o tema. 12 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. MÉTODO A pesquisa foi realizada em uma escola de porte médio, da rede particular da Cidade do Recife, cristã, que afirma adotar a proposta do Sócio-Construtivismo e cuja clientela é de classe média e de classe média baixa. Essa Instituição possui quatro Educadores da Educação Infantil, 3 babás, 3 auxiliares de classe, a diretora e 12 funcionários. Optamos por realizar a observação na sala do Infantil II (crianças de aproximadamente quatro anos), pelo fato dessa faixa etária estar iniciando a fase chamada pré-escolar (não mais creche), possibilitando um trabalho mais sistemático com os conteúdos específicos, que poderia propiciar, por sua vez, uma melhor análise também sobre o uso ou não de jogos educativos. Optamos por realizar uma pesquisa qualitativa, por acharmos mais adequada à natureza dos dados que desejávamos investigar. Participaram desta pesquisa a professora da Educação Infantil, que leciona há 6 anos na escola, a diretora e a sala do Infantil II que é composta por 12 crianças de quatro anos de idade, em média. As crianças da sala observada possuem dois livros didáticos, um de português e outro de matemática e duas apostilas feitas pelas professoras. A sala do Infantil II funciona no turno da manhã e foi observada durante cinco dias consecutivos. Após o período da observação, a professora e a diretora foram entrevistadas. Material: Os materiais utilizados na observação foram: tabela de utilização de brinquedos e materiais pedagógicos∗ para o educador da sala que será observada (anexo 1), Tabela de marcação de quantidade de brinquedos e jogos disponíveis na escola (anexo 2), roteiro da entrevista e entrevista com a educadora (anexo 3), tabela de marcação de freqüência recomendada (anexo 4), roteiro de entrevista e entrevista com a diretora (anexo 5), máquina fotográfica, filme, filmadora, mini gravador, lápis, papel. Procedimentos: Antes de realizarmos a pesquisa na instituição particular acima citada, as pesquisadoras procuraram duas escolas da Rede Municipal da Cidade do Recife e duas da Rede Particular. Obtendo respostas negativas de todas elas em razão do período de avaliação nas escolas municipais e resistência às filmagens nas escolas particulares, realizamos essa pesquisa na instituição de trabalho em que ∗ adaptado do questionário utilizado por Kishimoto (2001) em sua pesquisa de campo. 13 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. uma das pesquisadoras atua como professora, entretanto, em um turno diferente daquele em que ela trabalha. A recepção das pesquisadoras foi feita pela diretora, que se mostrou muito amável e interessada em colaborar com as observações. Nesse momento, ainda não foi divulgado que a nossa pretensão era analisar os jogos e as brincadeiras na sala de aula. Fomos apresentadas a educadora que cedeu sua sala para as observações pedindo apenas que não a filmássemos. Fomos apresentadas às crianças como amigas da professora e que estaríamos ali durante uma semana participando com eles das suas aulas. A sala foi filmada na presença das duas pesquisadoras, no período da manhã, no horário das 7:30 às 11:45, por cinco dias consecutivos. Além das filmagens, uma das pesquisadoras fazia anotações, quando achava necessário. As pesquisadoras tentaram não interferir na rotina da sala de aula, apenas atuando como observadoras. A sala de aula possui tamanho suficiente para as atividades escolares, entretanto ela possui uma forma de organização típica, com mesas e cadeiras espalhadas em fileiras por toda a sala, o que diminui o espaço físico. Nos primeiros dias os alunos ficaram curiosos com a presença da câmera, passando bastante tempo olhando para ela. Foram filmadas situações de sala de aula bem como do pátio e das festividades realizadas na instituição durante o período das observações, perfazendo o total de 20h/a gravadas. No último dia da nossa observação, nos despedimos das crianças e marcamos um horário com a educadora e a diretora para a realização das entrevistas. No horário combinado, as pesquisadoras retornaram à escola para realizarem as entrevistas. A primeira etapa consistiu na entrevista (anexo 3) realizada com a educadora, feita por uma das pesquisadoras, com duração média de uma hora. A segunda etapa consistiu na marcação da tabela pela educadora da sala observada (anexo 1), com a ajuda de uma das pesquisadoras para explicar o significado de alguns ítens da tabela e da marcação da tabela pela diretora (anexo 2). A entrevista com a diretora não pôde ser realizada no dia combinado, sendo solicitado por ela o roteiro para responder em casa. Toda a filmagem como, também a entrevista com a educadora, foram transcritas em sua íntegra. A entrevista procurou verificar os conceitos teóricos da educadora da sala observada, a fim de se comparar, na análise, a coerência entre suas concepções e a 14 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. sua prática de sala de aula. A entrevista foi realizada em um ambiente calmo, com boas condições de gravação, sem interrupções significativas que pudessem prejudicar o seu andamento. A diretora entregou no dia seguinte todas as questões respondidas por escrito. ANÁLISE DOS DADOS Para uma melhor compreensão do leitor, optamos por dividir a análise dos dados em tópicos. Estes se subdividirão em: Observações, Tabelas e Entrevistas. Observações: A Rotina da Professora A nossa primeira preocupação na chegada à instituição foi observar se havia uma rotina pré-estabelecida pela escola ou se a educadora fazia sua própria rotina. Constatamos que atrás de cada porta das salas de aulas havia um quadro de rotinas pré-estabelecido pela escola. Abaixo há uma transcrição do quadro de rotina da sala observada: QUADRO 1. Rotina semanal da sala do Infantil II. ROTINA SEMANAL HORÁRIO SEGUNDA 7:30 8:00 8:00 9:00 9:00 9:40 9:40 10:40 10:40 11:45 TERÇA QUARTA QUINTA Conversa em circulo Bom Dia Marcação da Freqüência. Linguagem Oral e Escrita às RECREIO E LANCHE Centro de interesse Bom Dia Marcação da Freqüência. Conversa em Centro de circulo interesse Bom Dia Bom Dia Marcação da Marcação da Freqüência Freqüência Matemática Linguagem Oral e Escrita às Matemática Corpo e Linguagem Movimento Oral e Escrita Artes Visuais Ed. Atividades Religiosa e Literárias Vídeo Educativo Atividades de Recreação às Centro de interesse Bom Dia Marcação da Freqüência às Natureza e Sociedade às Ed. Religiosa Jogos e Brincadeiras Linguagem Oral e Escrita Apreciação Musical SEXTA Natureza Sociedade e Este quadro de rotina está afixado atrás das portas, em cada sala de aula. A professora não tem participação na elaboração desse quadro. Este quadro, que não é modificado há 6 anos (informação da diretora), sofreu apenas uma modificação 15 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. em dois dias da semana em função dos horários da professora de Religião, que é a própria diretora. Assim, as aulas de Religião passaram para terça e quinta. Entretanto, apesar dessa modificação ter acontecido desde o início do ano, o quadro não foi retificado. Como mostra o Quadro 1, as aulas foram todos os dias iniciadas às 7:30 dentro da sala de aula. As crianças estavam sentadas em círculos no chão ou, às vezes, nas carteiras. Diariamente, as aulas foram iniciadas com um Bom Dia seguido de uma oração e de cantigas de rodas aprendidas durante as aulas de religião. Enquanto as crianças cantavam, a educadora preenchia a freqüência. No momento seguinte, a educadora dividia as crianças em três mesas, cada mesa contendo quatro crianças e distribuía jogos de montar e blocos coloridos, enquanto retirava das bolsas das crianças os livros que iriam ser utilizados no dia. Nessas mesas, ela dividiu as crianças entre a mesa dos pré-silábicos e as mesas dos silábicos, optando por trabalhar primeiramente com os pré-silábicos, individualmente. Ou seja, ao lado de sua cadeira ela colocava uma mesa com uma cadeira e chamava um por um para realizar as tarefas da apostila ou do livro. Enquanto realizava com uma criança a atividade proposta, os outros onze brincavam com os jogos de forma aleatória e livre. Uma auxiliar também estava presente na sala, para ajudar a professora no que fosse preciso. Ela realizava essa atividade da apostila até trabalhar com todas as crianças. Como as outras crianças estavam brincando e o barulho era muito grande, de vez em quando ela pedia silêncio, como ilustra esse extrato do primeiro dia: P- 4Patrícia, (ela é a auxiliar de turma e o seu papel é somente observar as crianças para que elas não entrem em desentendimento) por favor, peça para os meninos fazerem silêncio, se não vão ficar sem parque. Patrícia – Façam silêncio crianças, psiuu! Em um outro momento, a professora diz: P- Olha, vocês estão fazendo muito barulho e assim atrapalha o coleguinha de vocês. 4 P= Professora 16 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Essa atividade era realizada diariamente até às 8:55, para dar tempo de arrumar a sala e se dirigir ao parque. Ainda no primeiro dia presenciamos o seguinte diálogo: P- Vamos terminar a tarefa, Laís. Para podermos ir ao parque. Laís- Não terminei ainda, tia. (A criança estava pintando um chapéu na apostila) P- Terminamos depois. Na volta do parque, após o lanche, o mesmo esquema de rodízio era recomeçado, com a mesma distribuição de jogos. A partir das 11:00, a professora deixava todas as crianças brincando com alguns jogos de encaixe, blocos coloridos e quebracabeça, sempre sendo observadas pela auxiliar, e arrumava as bolsas, marcando a atividade de casa na apostila, preenchendo a agenda e juntando as frasqueiras das bolsas. Não observamos a inserção de atividades especiais ou um padrão diferenciado de atuação da professora no horário destinado a Jogos e brincadeiras, como está descrito no quadro, ou seja, as crianças brincavam com os jogos e o quebra-cabeça sem nenhuma intervenção da professora como nos outros dias. Esse tipo de rotina foi constatada no primeiro e terceiro dia, modificada apenas em relação à aula de corpo e movimento, onde as crianças foram deslocadas para uma área livre atrás da escola, divididas em grupos de meninos contra meninas, com uma bola para brincarem de futebol. A professora se sentou em uma cadeira e apenas observou a brincadeira das crianças. Também em nossas observações, não foi constatada a aula de apreciação musical. No horário destinado a essa aula, as crianças brincavam com os jogos de encaixe, de montagem e quebra-cabeça, enquanto a professora organizava as suas mochilas. No segundo dia, a aula foi iniciada na sala de vídeo, que é refrigerada, com todos no chão, fazendo-se o Bom Dia, a oração e as canções religiosas já conhecidas das crianças. A educadora levou um jogo do alfabeto móvel para sondar os alunos, a fim de descobrir quais deles identificariam a letra inicial de seu nome. A auxiliar até então não havia chegado à escola. Ela espalhou o alfabeto móvel no chão,no interior do círculo e perguntou: P – Quem sabe me dizer que letra é essa? (as letras utilizadas eram em forma de bastão) Alunos – (ninguém respondeu) 17 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. P – Vamos lá, meus queridos, que letrinha é essa? Ela começa assim, subindo e descendo (nesse momento ela pegou um giz e fez com os dedos a forma da letra cursiva no chão) Rebeca – É um A, tia. P – Muito bem, Rebeca, é um A. Quem aqui tem um nome que começa com a letra A? (os alunos estavam muitos dispersos, conversando uns com os outros) P – Vamos fazer silêncio, meninos. A tia fez uma pergunta. Quem aqui tem o nome que começa com a letrinha A? Rebeca – Ana, tia. P – Muito bem, Rebeca. Ô Ana, por que você não respondeu? É a letrinha que começa o seu nome. Ana – (não respondeu) P – Agora quem sabe me dizer que letra é essa? (as crianças continuaram conversando e fazendo muito barulho) Lucas – É o B. P – Não, Luquinhas essa aqui é a letra D. Olha só como se escreve ela (Nesse momento a professora pegou o giz e desenhou no chão, o D, em letra cursiva). Iamona – É o D. P- Isso mesmo Iamona, é o D. Quem aqui tem o nome que começa com a letra D? Alunos – (ninguém respondeu) P – Vamos fazer silêncio! Rafael – Ah tia, a gente quer brincar! Ana e Iamona – É tia, queremos os joguinhos. P – Está bem, vou buscar as caixinhas dos jogos. Ninguém sai daqui (A professora saiu e buscou os jogos de encaixe, os blocos coloridos e os quebracabeças). P- Aqui está. Lucas – Tia, me dá o de encaixar. P – Aqui está, Lucas. A professora distribuiu os jogos e sentou-se no chão para observar as crianças brincando. A atividade que estava sendo anteriormente proposta foi esquecida porque as crianças perderam o interesse por ela. Assim, o alfabeto móvel foi guardado. Em alguns momentos, a professora perguntava o que as crianças estavam construindo, dizia que estava bonito e voltava a observar as crianças 18 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. brincando. Ela ficou com as crianças até a hora do parque. Na volta do parque e depois do lanche, as crianças foram divididas nas mesas, aleatoriamente, para pintarem um desenho xerocado numa folha. Nesse momento, a auxiliar já se encontrava na escola e ajudou a professora a distribuir os lápis de cor. As 10:45, todas as crianças foram dirigidas à sala de vídeo, para assistirem à aula de Educação Religiosa. Na sala de vídeo, a diretora deu bom dia a todos, fez uma oração e depois cantou algumas músicas já conhecidas e a música que elas iriam cantar na festa de encerramento da escola. Em seguida, a diretora colocou um filme evangélico e as crianças ficaram com as auxiliares, enquanto as professoras se dirigiram para uma reunião com a diretora. As crianças permaneceram na sala de vídeo até os seus pais virem buscá-las. Essa rotina também foi observada no quarto dia, modificando-se apenas a primeira atividade que consistiu na divisão por mesas e trabalho individual na apostila, tal como no primeiro e terceiro dia. No quinto dia, as crianças foram divididas nas mesas e a professora optou por terminar os kits de artes com cada aluno. Esses kits consistiam em desenhos que eram pintados pelos alunos com cores pré-estabelecidas pela professora e em alguns casos, a mesma segurava as mãos de algumas crianças para não borrarem a pintura. P – Alice, venha até aqui e se sente nesta cadeira. P – Vamos pintar esse balão aqui Alice. Primeiro você coloca esse dedo na tinta vermelha e tem que pintar assim. (Nesse momento, a professora pega a mão da criança e a ajuda a pintar com o dedo indicador com suas mãos). P – Pronto, Alice. Limpe os dedos aqui e vamos pintar com a tinta verde. A professora seguiu fazendo essa atividade com os alunos que não completaram os kits de artes até a hora do parque. As outras crianças permaneceram sentadas brincando com os mesmos jogos que a professora sempre distribuía, os de encaixe, os blocos coloridos e os quebra-cabeças. Apesar de brincarem sempre com os mesmos jogos, as crianças sempre se manifestaram positivamente em relação a eles. Ainda no quinto dia de observação, após o parque, todas as crianças foram para a sala de vídeo para ensaiarem as músicas que cantariam na festa de encerramento. 19 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Em seguida, foi permitido que elas assistissem a um filme enquanto as professoras se reuniam com a diretora para fazer os últimos acertos da festa de encerramento. Em geral, o que pudemos constatar é que a educadora cumpria rigorosamente os horários pré-estabelecidos no quadro que fica afixado atrás da porta. Atuava sempre como observadora e apenas se manifestava nas situações em que as crianças entravam em conflito. Em muitas atividades atuava de modo diretivo, tal como naquela de artes com a aluna chamada Alice, citada acima. No parque, na maioria das vezes as crianças brincavam pacificamente, em grupos. As meninas costumavam brincar de casinha e os meninos de guerra, de correr,etc. No segundo dia, observamos no parque a seguinte situação, na qual foi requerida a presença da professora: (As meninas estavam brincando perto do escorregador de casinha) Vinícius – (Chegou com um balde e derrubou areia nas bonecas das meninas) Ana – Tia, olha pra o que o Vinícius fez (chorando). P – Vinícius venha aqui (Vinicius continuou correndo pelo parque e não atendeu à professora). P – Vinicius eu vou lhe buscar (a professora saiu atrás de Vinicius enquanto ele corria por todo o parque). P – Veja só o que você fez com as bonecas das meninas... Vinicius – Não foi eu não, tia. Alicia – Foi você, sim. P – Você agora vai ficar aqui, de castigo, até a hora do parque acabar. Por diversas vezes, para manter a ordem, presenciamos a professora pedir silêncio, durante a execução das atividades nos livros ou apostilas, mediante a exclusão do parque naquele dia. Ela parecia trabalhar em cima de recompensas e punições. Os jogos estavam sempre presentes na rotina da professora com o intuito de preencher o tempo ocioso ou para a passagem dele. OS JOGOS: Nas observações realizadas, constatamos que o jogo era incorporado à sala de aula em três situações: 20 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 1. Durante a execução das atividades, individualmente com os alunos, como foi descrito anteriormente; 2. Após o término de uma atividade, para esperar o tempo para a próxima atividade, como mostra o exemplo abaixo: P – Olha, a tia vai deixar todo mundo brincando com os joguinhos, até a hora da gente ir para o parque, tá certo? Alunos – Obaaaa!! P – Fiquem quietinhos, que eu vou ali no banheiro. P – Patrícia, fica aí de olhos neles, viu! Patrícia – Humhum. 3. Quando o conteúdo não interessava às crianças e o jogo era liberado para entretenimento delas, como no exemplo da aula do segundo dia, em que o alfabeto móvel foi utilizado. Não presenciamos a educadora utilizar os jogos como suporte para uma aula ou aproveitar para inserir na utilização dos mesmos o conteúdo que seria trabalhado. Essas observações, nos remete à primeira abordagem observada por DeVries (2004), onde os jogos e brincadeiras aparecem como algo periférico ao trabalho escolar. Os jogos sempre utilizados foram: os blocos de encaixe, blocos coloridos de diversos tamanhos para montagem e quebra-cabeças. A educadora não participou das atividades dos jogos, ela atuou como observadora e apenas interferiu quando aconteceu algum desentendimento, como no extrato de observação apresentado abaixo: Paulo – Me dá o de encaixar, Iamona. Iamona – Não, não dou. Você não está com esse aí (Era o quebra – cabeças). Paulo – Mas eu não quero mais esse. Me dá o de encaixe. Iamona – Não dou. Iamona – Tia, olha o que o Paulo tá fazendo. P – Paulo, deixe o jogo com Iamona. Ela pegou primeiro. Paulo – Mas eu quero esse também. P – Não. Iamona pegou primeiro, vá brincar com esse que você pegou. 21 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Um outro momento em que presenciamos o aparecimento dos jogos foi no parque. Nesse instante apareceram os jogos simbólicos e os de regras. As meninas costumavam brincar de casinha, com os jogos de papéis e os meninos de pegapega ou de pique-esconde. Também nesse momento a educadora atuou como observadora. Os jogos utilizados foram sempre os mesmos, variando quando alguma criança trazia um brinquedo de casa. Às vezes, quando aconteciam desentendimentos no parque, a professora retirava o envolvido, explicava que entre eles não poderia haver desavenças e avisava que se continuasse, seria tirado de vez do parque. Nos cinco dias de nossa observação, presenciamos somente uma briga no parque, que já foi comentada acima. ANÁLISE DA ENTREVISTA Em relação à entrevista com a professora, vamos analisar três aspectos: as concepções de criança e de Educação Infantil, o planejamento e a rotina, e os jogos e as brincadeiras. Considerando as concepções de criança, como mostra a fala da educadora (anexo 4), o eixo primordial está baseado no aspecto da socialização, entendida como compartilhamento de um horário com outras crianças. Sua concepção de criança coincide com a da Diretora, mostrando claramente que a visão da escola deve ser respeitada pelos professores. Em relação à concepção de Educação Infantil, a professora não soube responder o porquê de achar que é importante. Apesar de trabalhar há seis anos com Educação Infantil, observamos que ela não dispunha de conhecimentos teóricos que pudessem embasar a sua resposta. Ficou claro que a importância dada por ela se referia apenas ao acompanhamento escolar para que, quando essas crianças chegassem à 1ª série, soubessem “alguma coisa”. Um outro ponto que pudemos contestar diz respeito à afirmação da professora em ter um planejamento individual. Em nenhum momento pudemos constatar a existência desse planejamento, ao contrário, quando as aulas se tornavam desinteressantes era comum ela distribuir jogos para preencher o tempo ocioso até o horário da próxima atividade. A professora seguia uma rotina, até certo ponto estipulada pela escola, onde o jogo faz parte dela como subterfúgio para as aulas desinteressantes ou mero passa tempo. Não observamos uma flexibilidade da 22 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. professora em mudar o sentido da atividade, ou seja, dar outro significado à atividade estimulando as crianças a participarem dela. Era comum a substituição da atividade pelos jogos e o esquecimento da mesma até a próxima atividade. Por fim, embora a professora afirmasse que os jogos e as brincadeiras faziam parte de sua rotina como auxiliares na aprendizagem dos alunos, isto não foi constatado na observação. Realmente a presença dos jogos era constante na prática escolar da professora, porém eles atuavam como “preenchedores” do tempo entre as atividades e não como suporte para o desenvolvimento de alguma atividade pedagógica. A professora afirmou que participava ativamente nos jogos e brincadeiras propostas na sala de aula, entretanto, não foi constatada essa afirmação. Na maior parte do tempo a professora apenas observava as crianças brincarem com os jogos e aproveitava esse tempo para preencher agendas ou organizar livros e apostilas. Com relação à entrevista da diretora, atentamos para o fato de a mesma afirmar que a escola oferece capacitações para os professores, inclusive para o trabalho com jogos, afirmação essa que não foi confirmada pela professora da sala observada. ANÁLISE DAS TABELAS Em relação à tabela de uso de jogos e brinquedos (anexo 1), a educadora marcou como os mais utilizados os jogos de encaixe, os materiais pedagógicos e os de junção. Esses materiais ficavam expostos na sala de aula, dentro de caixinhas plásticas em cima de uma prancha e eram utilizados assiduamente pela professora. Dentre os materiais que ela não utilizava estão os jogos de regras, as fantasias, os materiais de construção, os de agrupamento, os de manipulação e os de artes visuais. Comparando essa tabela com a que foi preenchida pela diretora (anexo 2), constatamos que a escola dispunha de variedade e quantidade razoável de jogos e brinquedos. Os jogos de regras, materiais para fantasia, de construção, materiais pedagógicos, brinquedos de encaixe, agrupamento e manipulação, foram assinalados como suficientes para se trabalhar com as crianças. Apesar de haver essa diversidade e quantidade de jogos e brinquedos, a professora não fez uso deles em nenhum momento da nossa observação. Constatamos que o não uso dos 23 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. jogos e brinquedos parecia ocorrer pelo fato da professora não saber manuseá-los e de não haver orientação por parte da escola nesse sentido. Outro dado relevante diz respeito ao uso pela professora dos brinquedos com atividades simbólicas e o material de manipulação. Esses objetos estavam guardados em outra sala, cheios de poeira, dando a entender que não eram utilizados há muito tempo. Não presenciamos o uso dos mesmos no período da nossa observação. O interessante era que existiam materiais pedagógicos relacionados aos diversos conteúdos das áreas de conhecimento, que poderiam auxiliar a educadora na aprendizagem com as crianças, mas não eram usados por ela, possivelmente por falta de conhecimento. CONCLUSÃO O que podemos concluir é que, apesar de haver uma infinidade de autores que enfatizam a importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento infantil, os jogos foram utilizados, na escola observada, de uma forma limitada, com o objetivo de ocupar o espaço ocioso entre atividades. No que se refere aos objetivos de trabalhar com jogos e brincadeiras, constatamos uma grande distância entre as respostas das entrevistas realizadas com a educadora e diretora e a prática observada. Em suas respostas à entrevista, ambas defendem a importância do jogo para a socialização das crianças, para o desenvolvimento da expressão oral e como apoio aos trabalhos pedagógicos. Na prática, a escola observada trabalha com o jogo como mera distração para as crianças, na realização das atividades individuais e ocupação de tempo. O que observamos é que a professora não tem idéia de como trabalhar de forma diferente e atrativa com os jogos e os brinquedos. A dificuldade de implantar uma proposta adequada para o uso de jogos e brincadeiras, que realmente atenda às necessidades infantis, muitas vezes está amarrada a uma visão simplista que sugere que basta se ter o jogo na escola para se garantir o trabalho com eles. Não se percebe que é necessário um planejamento, de modo a organizar as atividades em função de objetivos a serem trabalhados. Tais objetivos podem ser amplos, envolvendo socialização, expressão, simbolização, conteúdos específicos, etc. Também é importante que o brincar seja 24 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. algo prazeroso e significativo, que incentive a criança a participar e se envolver na atividade. Sugerimos que a escola ofereça capacitações e oficinas. Mais do que isso, preocupe-se em proporcionar discussões sistemáticas acerca de como trabalhar com os jogos e os brinquedos dentro das salas de aula. Esta reflexão sobre a diversidade de objetivos e formas que se pode trabalhar com os jogos poderá ser bastante útil para os educadores e, com certeza, proporcionará desdobramentos positivos no próprio processo de ensino-aprendizagem. Ainda há muito que se discutir sobre a importância da inserção dos Jogos e Brincadeiras no cotidiano da educação Infantil para que professores estabeleçam um compromisso de oportunizar as crianças o pleno direito de brincarem e aprenderem ao mesmo tempo. Como foi dito anteriormente, é brincando e pensando sobre o brincar que se adquire consciência sobre a sua importância. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BROUGÉRE, G. Jogo e Educação: Tradução Patrícia Chinotti Ramos. Porto Alegre, RGS: Artes Médicas, 1998. CÓRIA-SÁBINI, M. A; LUCENA, R. F. Jogos e brincadeiras na educação infantil. Campinas, SP: Papirus, 2004. DECROLY, M. Imitation à I’Activeté Intelectuelle et Motrice par lês Jeux Educatifs. Paris: 3éme Editions, Delachaux y Niestlé S. A, 1926. DEHEINZELIN, M. A fome com a vontade de comer, uma proposta curricular de educação infantil.Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. DEVRIES, R. ZAN, B. HILDEBRANDT, C. EDMIASTON, R e SALES, C. O Curriculo construtivista na educação infantil: práticas e atividades. Trad. Vinícius Figueira. Porto Alegre, RGS: Artmed, 2004. KISHIMOTO, T. M. et al. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo, SP: Cortez, 2000. 25 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. _______ . Jogos Infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993. _______ . O Jogo e a Educação Infantil. Petrópolis, RJ: Pioneira, 1994. _______ . Brinquedos e materiais pedagógicos nas escolas infantis. Educ. Pesqui., Jul./ Dec. 2001, vol.27, nº 2, p.229-245. ISSN 1517-9702 MAKARENKO, A S. Conferencias sobre Educação Infantil. São Paulo, SP: Moraes, 1981. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL (Brasil 1998). Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, DF: MEC/SEF. 1Vol. PIAGET, J. A formação do Símbolo na criança. Rio de Janeiro, RJ: Zahai, 1978. _______. O julgamento moral na criança. São Paulo,SP: Mestre Jou, 1977. PIAGET, J e INHELDER. A psicologia da criança. São Paulo, SP: Difusão Européia do Livro, 1973. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo, SP: Livraria Martins Fontes, 1988. VYGOTSKY, L. S, LURIA, A .R, LEONTIEV, A .N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Maria da Penha Vilalobos. São Paulo, SP: Ícone, 2001. WAJSKOP, G. Brincar na pré-escola. São Paulo, SP: Cortez, 1995. 26 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. ANEXOS ANEXO 1 1.Marque a freqüência da utilização de brinquedos e materiais pedagógicos na sua sala de aula . Subcategorias 1.Brinquedos, materiais para agrupamento com peças de junção (parafusos, etc). 2. Jogos de regras com predomínio para aprendizagem de outros conhecimentos 3. Jogos de regras com predomínio em socialização. Parceria em grupos 4. Marionetes, bonecos para ficção, dramatizações. 5. Materiais para fantasias, dramatizações, etc. 6. Brinquedos, materiais para atividades de construção, superposição ou justaposição. 7. Materiais pedagógicos de matemática, história, geografia, linguagem, ciências. 8. Brinquedos, materiais com sistema de encaixes. 9. Brinquedos – atividade simbólica – dimensão infantil 10. Brinquedos, materiais para atividades de agrupamento, reconstituição de imagens. 11. Material de manipulação, locomoção e equilíbrio para atividades motoras. 12. Materiais de música para experiências sensoriais 13. Materiais de comunicação via veículos visuais, sonoros, audiovisuais, informatizados. 14. Materiais para manipulação: experiências sensoriais e de motricidade fina 15. Materiais de artes visuais / plásticas para experiências sensoriais, estéticas. Situação de Uso Não uso Uso 1 dia diariamente x 2a 4 dias Ocasiões especiais x x x x x x x x x x x x x x 27 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. ANEXO 2 Tabela 2. Marque a quantidade disponível de brinquedos e materiais pedagógicos na Educação Infantil. Subcategorias 1.Brinquedos, materiais agrupamento com peças de (parafusos, etc). Quantidade para Suficiente junção x 2. Jogos de regras com predomínio para aprendizagem de outros conhecimentos 3. Jogos de regras com predomínio em socialização. Parceria em grupos 4. Marionetes, bonecos para ficção, dramatizações. 5. Materiais para fantasias, dramatizações, etc. 6. Brinquedos, materiais para atividades de construção, superposição ou justaposição. 7. Materiais pedagógicos de matemática, história, geografia, linguagem, ciências. 8. Brinquedos, materiais com sistema de encaixes. 9. Brinquedos – atividade simbólica – dimensão infantil 10. Brinquedos, materiais para atividades de agrupamento, reconstituição de imagens. Pouco Muito x NÃO TEM NÃO TEM x x x x NÃO TEM x 11. Material de manipulação, locomoção e x equilíbrio para atividades motoras. 12. Materiais de música para experiências NÃO TEM sensoriais 13. Materiais de comunicação via veículos visuais, sonoros, audiovisuais, informatizados. 14. Materiais para manipulação: NÃO TEM experiências sensoriais e de motricidade fina 15. Materiais de artes visuais / plásticas para experiências sensoriais, estéticas. x x 28 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. . ANEXO 3 Roteiro da entrevista com o educador. 1.Nome: 2.Idade: ( ) 18 a 25 anos ( ) 36 a 45 anos ( ( ) 26 a 35 anos ) 46 a 61 anos 3.Grau de Escolaridade: 4.Formação: 5.Grupo que Leciona: 6.Tempo de Ensino na escola: 7.Ensina em outra escola? Qual? Quanto tempo? Que série? Participou nos últimos anos de capacitações ou cursos de atualizações? Qual? 8.Qual a sua concepção de criança?. 9.Qual a sua concepção de Educação Infantil? 10.Há um planejamento para as suas aulas? Quem os faz? Com que freqüência? 11.O planejamento de cada professor é individual ou por grupo? 12.Como é a rotina em sua sala de aula? 13.A brincadeira e o jogo fazem parte da sua rotina? 14.Com que objetivo você usa a brincadeira/jogo em sua sala de aula? 15 a.Quais brincadeiras e jogos são utilizados em sua rotina? 15 b.Como é a sua participação nos jogos e brincadeiras: ( ) não participo. Aproveito o tempo do jogo/brincadeira para correção de atividades ( ) atuo como observador ( ) participo ativamente ( ) realizo algumas intervenções diante de dificuldades dos alunos. 16.Com que freqüência a brincadeira e o jogo são propostos em sua sala? 17.Em que horários? 18.Qual a importância do brincar na sua prática pedagógica? 19.Quais as dificuldades ou facilidades na inserção do lúdico na sua rotina? ANEXO 3 Entrevista com a Educadora 1. J.M.S 2. 36 a 45 anos 29 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 3. Médio 4. Magistério 5. Infantil II e III 6. 6 anos 7. Não 8. A criança é um presente de Deus, tem que ser muito amada, ter muito carinho e quanto mais der amor mais receberá em troca. 9. É muito importante. 5 Pesq: Importante pra que? Educ: Pra eles né! Pesq: Sim, mas por que é importante? Educ: Para o desenvolvimento deles, aprendizagem,socialização, essas coisas. 10. Sim. Há o geral que fica preso atrás da porta e é feito pela diretora e há o meu que fica comigo. O meu eu faço semanalmente. 11. Individual. 12. Faço uma oração, canto e depois dou o conteúdo na apostila ou no livro. Cada dia tem uma matéria e na sexta-feira faço a revisão da semana. Conteúdo mesmo só em dias da semana. 13. Sim. Geralmente quando faço é em cima do conteúdo visto, quando é matemática dou um jogo a eles, ali eles estão brincando e aprendendo. Pesq: E a brincadeira, ela entra na tua rotina? Educ: Sim, mas não todos os dias. Pesq: E quais são os dias que você brinca com seus alunos? Educ: Dois dias na semana. Geralmente nas terças e quintas feiras. 14.Meu objetivo é que eles aprendam. 15a. Alfabeto móvel, bloco-lógicos, quantidades numéricos, torre-rosa e a bola. 15b. Participo ativamente. 16. Todos os dias eu trabalho com os jogos, as brincadeiras apenas dois dias na semana. 17. Geralmente depois do bom dia 18. Muito importante, porque eles aprendem brincando. 19. As dificuldades é a timidez de alguns alunos e as facilidades é que todos brincam. Pesq: Vocês tem capacitação para a aprendizagem do uso dos jogos e brinquedos? 5 Legenda: Pesq – Pesquisadora Educ – Educadora. 30 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Educ: Temos capacitações feitas pela diretora, mas nunca tivemos dos jogos e brinquedos. As meninas aprendem na faculdade e trazem pra nós. ANEXO 4 Em relação aos seguintes jogos, marque com que frequencia é recomendada a utilização dos mesmos: Jogos diário semanal mensal semestral A criterio do professor Brinquedos simbólicos X Jogos educativos X . ANEXO 5 Entrevista com a Diretora da Escola. 1.Qual a Concepção de Ensino da Escola? 2. Há quantos anos existe? 3. Quantos professores e funcionários tem? 4. Qual o público que atende? 5. Qual a pedagogia prezada pela escola? 6. A escola oferece capacitação aos professores? 7. A escola indica jogos e brinquedos aos professores? 8. Qual a importância dos jogos e brinquedos para a escola? 9. Qual a concepção de criança defendida pela escola? 10. Qual a concepção de Educação Infantil pela escola? Entrevista da Diretora 1. Entendemos que grande parte do trabalho da escola com as crianças, no processo de aprendizagem, o educador deve preocupar-se em melhorar as condições de ensino, não só prevenindo as dificuldades de aprendizagem 31 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. mas também atuando em problemas oriundos da história pessoal do aluno e da sua família. No que se refere a essas condições de ensino, pois sabemos que a possibilidade de absorção de certos conhecimentos pelo aluno dependerá, em parte, de como essas informações lhe chegaram, lhe foram ensinadas, o que por sua vez, dependerá das condições sociais que determinaram a qualidade de ensino. 2. Há 6 anos. 3. 7 professores. 3 com graduação em Pedagogia e 4 com Magistério e 8 funcionários com 2º Médio. 4. Crianças de 1 a 6 anos. A maior parte pertencentes a classe média. 5. Sócio- Construtivista. 6. Sim. Tanto dentro da escola como fora dela. 7. Sim, pois os jogos e os brinquedos proporcionam repetição e reforço para a aprendizagem em virtude dos conteúdos as vezes serem complexos demais para a criança. Por isso, os jogos e os brinquedos devem ser utilizados como atividades lúdicas para uma melhor compreensão do ensino. Eles também trazem contribuições para o desenvolvimento infantil, trabalhando sua autoconfiança e domínio próprio. 8. As que já falei acima. 9. São seres maravilhosos criados por Deus, como está escrito na Bíblia em Salmos 139:13,14,15 e 16, com necessidades de amor, disciplina, respeito como indivíduo e oportunidades para crescer fisicamente, emocionalmente, socialmente e espiritualmente. Assim como desenvolver suas potencialidades cognitivas. Para tanto ela precisa de um espaço onde tenha contato com a leitura e a escrita, onde possa pensar sobre o que representa e onde a leitura e a escrita possam ser utilizados com sentido. 10.A Educação Infantil tem como base sua atenção na criança como “centro do processo educativo” e na estrutura que facilita esse processo. Hoje ela é considerada como responsável pela primeira etapa da educação básica como diz a LDB art. 29 e tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança, correspondendo à educação dispensada desde o nascimento até os seis anos, aproximadamente. Considerada como etapa essencial, é ela que dá os fundamentos primordiais para o seu pleno desenvolvimento. Como fase inicial dentro de uma dimensão de permanente suporte em todas as fases da vida do ser humano, a educação infantil torna-se muito importante para proporcionar à criança condições adequadas para o desenvolvimento de 32 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. forma coordenada no aspecto físico, psíquico, cognitivo e social, promovendo a articulação necessária de todos esses aspectos numa prática pedagógica interdiciplinar. 33 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.