CARDIOPATIA CONGÊNITA:Dupla via de entrada para ventrículo do tipo E (ventrículo único). Transposição dos grandes vasos da base com CIV não restritiva. Persistência do Canal arterial Coordenação: Sueli R. Falcão www.paulomargotto.com.br 14/4/2010 IDENTIFICAÇÃO -A.M.A.B, sexo feminino, 4 meses, natural e residente de Samambaia-DF. QUEIXA PRINCIPAL -“Cansadinha há 2 semanas“ HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL - Mãe relata que lactente sempre foi "cansada" desde que nasceu, apresentando esforço respiratório ao mamar e também em repouso. Há 2 semanas apresenta tosse cheia e o esforço respiratório piorou e que criança está mais prostrada. -Sudoréica desde nascimento. - Foi levada ao posto de saúde e o médico disse que a criança possuía uma cardiopatia e era necessário exames para o diagnóstico. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL - Ao nascer, não foi feito o diagnóstico. - Mãe nega febre, vômitos ou cianose. - Relata piora do cansaço procurando então o PS do HRAS. ANTECEDENTES FISIOLÓGICOS - Nasceu de parto normal, RNT/AIG, PC 33.5cm, peso ao nascer 3020g. Apgar 8/9 - DNPM adequado para a idade e sexo. - Gestação e parto sem intercorrências. - Pré-natal com 8 consultas. - Nunca amamentou ao seio materno, pois mãe não possuía leite. Usou Nestogeno desde os primeiros dias de vida e agora está em uso de leito ninho com Mucilon. ANTECEDENTES PATOLÓGICOS - Nega alergias. - Nega internações, cirurgias e transfusões prévias. - Nega outras patologias. - Calendário Vacinal completo para a idade. ANTECEDENTES FAMILIARES - Mãe tem 21 anos, saudável - Pai 25 anos, eletricista, saudável - Nega casos de HAS, neoplasias, TB, doenças cardíacas e renais na família. - Pais não consangüíneos HÁBITOS DE VIDA - Reside com a mãe apenas em casa de alvenaria, com 4 cômodos, água tratada e fossa séptica. - Nega tabagismo e etilismo na família. EXAME FÍSICO P: 9,2 Kg Fp: 160 bpm Fr: 78 ipm Ectoscopia: BEG, corada, hidratada, afebril, anictérica, acianótica, fáscies atípica, ativa e reativa. AR: tórax simétrico, hiperdinâmico, respiração tipo toracoabdominal, presença de tiragem subcostal moderada/grave, tiragem de fúrcula e retração subesternal ( sulco de Harrison ). Som claro pulmonar à percussão. Presença de MVF, sem ruídos adventícios. EXAME FÍSICO • ACV: Pulso femoral com ritmo regular, simétricos, normoimpulsivos. Pulso radial com amplitude aumentada; • Ausência de abaulamentos ou retrações. Ictus cordis localizado na interseção 4°EIC com Linha Axilar Anterior, normoimpulsivo. Ausência de frêmito. RCR, em 2 tempos com B2 única e hiperfonética.Presença de sopro holossistólico 4+/6+ em 3°EIC borda esternal esquerda; • Abd: globoso,sem pulsação visível. RHA presente. Timpânico à percussão. Espaço de Traube hipertimpânico. Ausência de edema de parede abdominal, flácido. Não doloroso à palpação, ausência de visceromegalias, • Ext: bem perfundidas, sem edema. Pele sem alterações. • Genitálias : sem alterações. EXAME FÍSICO Exames de Laboratório Exames/Datas 19/03/10 25/03/10 Leucócitos 11.300 8.930 - Neutrófilos 24 36 - Bastões 0 0 - Linfócitos 62 62 - Monocitos 11 1 - Eosinófilos 3 1 - Hemoglobina 15,5 12,1 - Hematócrito 48,3 35,9 - Plaquetas 221.000 278.000 - VHS 30 - - Uréia 31 - Creatinina 0,3 - NA 139 - K 4,8 - CL 108 - CONDUTA - Foi internada para elucidação diagnóstica EXAMES COMPLEMENTARES - Feito ecocardiograma: - Situs solitus em levocardia. - Conexões AV tipo dupla via de entrada para câmara do tipo esquerda. - A aorta origina – se da câmara rudimentar anterior. - A pulmonar origina – se da câmara posterior que é a funcional. - Presença de comunicação ampla entre as câmaras ventriculares. EXAMES COMPLEMENTARES Conclusões: Dupla via de entrada para ventrículo do tipo E (ventrículo único). Transposição dos grandes vasos da base com CIV não restritiva. PCA grande. CARDIOPATIAS CONGÊNITAS - Incidem em cerca de 0,5 a 0,8 dos nascidos vivos. - A causa dos defeitos cardíacos congênitos é desconhecida, embora as anomalias cromossôrmicas estejam envolvidas em grande parte dos diagnósticos. Na trissomia do 18 (Síndrome de Edwards), 90% dos pacientes tem cardiopatias congênitas associadas. Na trissomia do 21(Síndrome de Down), 50% das crianças apresentam algum tipo de má-formação cardíaca congênita. - Apenas 2 a 4% das cardiopatias são relacionadas a fatores maternos e efeitos teratogênicos de doenças como diabetes mellitus, fenilcetonúria, lúpus eritematoso sistêmico, rubéola congênita, etc. - CARDIOPATIAS CONGÊNITAS - Incidem em cerca de 0,5 a 0,8 dos nascidos vivos. - CARDIOPATIAS CONGÊNITAS - CIV -Cardiopatia mais comum. -Classificadas de acordo com a posição da comunicação, bem como pelas suas dimensões ( QP/QS ); - Nas CIV grandes, que apresentam intenso desvio esquerdo-direita, encontramos crianças com hiperfluxo, dispnéia, taquicardia e sudorese, dificuldade para mamar, infecções respiratórias e insuficiência cardíaca, podendo evoluir para hipertensão pulmonar e síndrome de Eisenmenger; - Se o defeito é muito grande, não restritivo, o sopro proto ou protomesossistólico poderá ser de pouca ou mediana intensidade, pela equalização das pressões. DEFEITO DO SEPTO AV – DSAV • Frequência estimada: 0,19 / 1000 nascidos vivos; • Síndrome de Down: 40% dos defeitos congênitos são DSAV; • Defeito na fusão dos coxins endocárdicos; • Tipos: parcial, transição ou total. SEPTO AV – DSAV DEFEITO DODEFEITO SEPTO AVDO – DSAV DEFEITO DO SEPTO AV – DSAV DEFEITO DO SEPTO AV – DSAV DEFEITO DO SEPTO AV – DSAV DEFEITO DO SEPTO AV – DSAV • refluxo da valva AV esquerda e o alongamento da via de saída do ventrículo esquerdo PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL - O canal arterial comunica a artéria pulmonar à aorta. - Fechamento funcional ocorre com 12h de vida. - Fechamento anatômico se completa dentro de 14 a 21 dias. - ↑ O2 no sangue = ↓ resistência vascular pulmonar. - Na presença do canal arterial patente, o fluxo desvia-se da aorta para a a. pulmonar. - A PCA é mais comum em mulheres e possui uma associação com rubéola congênita. PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL - Sinais Clínicos: No PCA amplo encontraremos: - Pulsos de amplitude aumentada. - Pressão arterial divergente às custas de diastólica, que será baixa. - Precórdio hiperdinâmico. - Sopro sistólico principalmente em região infraclavicular esquerda com irradiação para o dorso. - O sopro é descrito como contínuo ou maquinária; PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL - Diagnóstico: Ecocardiograma: É extremamente útil na confirmação do diagnóstico e avaliação da PCA. Eletrocardiograma: Quando existir um shunt importante, mostrará sobrecarga biventricular ou com predomínio de VE. PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL - PCA persistindo mais do que 1 semana em neonatos a termo, raramente fechará espontaneamente ou através de medidas farmacológicas. Por outro lado, a PCA no prematuro responde melhor a esta terapêutica e, em alguns casos, fecha espontaneamente. CONDUTA: Fechamento do canal arterial - cirurgicamente ou por meio de cateter em laboratórios de hemodinâmica. TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES VASOS - A TGV é a principal cardiopatia cianótica no período neonatal. - Se não houver "mistura" entre as duas circulações, este distúrbio torna-se incompatível com a vida. - A presença de anomalias associadas (CIV, CIA, PCA) é responsável pela sobrevivência destes neonatos. TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES VASOS - Exame Físico: - Sempre há algum grau de cianose. - Com freqüência a segunda bulha é desdobrada ou única, podendo haver sopro sistólico por hiperfluxo. - TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES VASOS - Diagnóstico: Radiografia de tórax: mediastino superior estreito e a aparência da sombra cardíaca é descrita como um "ovo deitado". Ecocardiograma: Essencial para definir conexões anormais e alterações associadas. TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES VASOS - Evolução e Conduta No recém nascido cianótico, devemos ↑ mistura de sangue saturado e dessaturado - infusão de prostaglandina E1 mantermos a canal arterial pérvio. - Procedimento de escolha: inversão arterial de Jatene. OBRIGADO! Ddos Wilian e Vinicius