PAULO ROBERTO GONZATTO A DEMOCRATIZAÇÃO DAS DECISÕES ATRAVÉS DAS EQUIPES DE TRABALHO INTERDEPARTAMENTAIS Criciúma, 2004 2 PAULO ROBERTO GONZATTO A DEMOCRATIZAÇÃO DAS DECISÕES ATRAVÉS DAS EQUIPES DE TRABALHO INTERDEPARTAMENTAIS Monografia apresentada à Diretoria de Pós Graduação em Gestão Empresarial da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para a obtenção do título de especialista em Gestão Empresarial Orientador: Prof César de Ré Criciúma, 2004 3 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia a minha esposa, que me apoiou durante todo o período do curso, E aos colegas que se tornaram amigos nesta jornada em comum. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, que estiveram me apoiando e incentivando durante toda a minha vida acadêmica, fortalecendo-me a convicção de que o conhecimento gera a maturidade e a sensatez de um homem. 5 RESUMO !""#$ #% #'&()*"",+- ./ 01" 02#," 3 4256 798;:<6=?>@ACB @D E 3F6A 6A G 42@6A @ 7H;I9@ 8ACBKJ?6F6 I9@: D6 8A D@ L!M3 41@A N?O P QRN'SUTR PWV OX Y ZR X-R V\[1]^9Z/_`RT RT T] PZX-R] [ Z9T T] SO [ba9O cUZ9TR ^R d!eWf1g hjikl?mnopn erq9g stq9n eugKgbv gugKg h1wk e9d;x`ky`dg ek s{z}|h2n eWv n~kKnov n~uno-kfdgko g h2wk e9d <? 2`- -? 9 !W 1? 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Ao mesmo tempo estas pessoas não podem demonstrar qualquer sinal de despreparo ou falta de conhecimento em relação aos problemas, pois estão certamente sendo observados tanto pelos níveis inferiores da hierarquia, que esperam confiar em seu tutor, como também pelos seus níveis superiores, que esperam resultados proporcionais à autonomia delegada. Por outro lado, os desafios atuais são cada vez mais abrangentes em se tratando de áreas de conhecimento, grau de detalhamento e níveis de responsabilidades, exigindo que as pessoas assumam que o seu conhecimento, a sua experiência, a sua posição na empresa, isoladamente, já não trazem mais os resultados esperados e necessários. Mas quais são as formas de integrar diferentes personalidades com diferentes conhecimentos e visões? Como liderar tal integração para que se criem resultados ao invés de discussões sem consenso? Como priorizar os desafios da empresa em detrimento dos desafios e problemas setoriais? 8 A literatura da administração organizacional indica que o caminho a seguir passa pelas equipes de trabalho, ou seja, por reunir formalmente diferentes especialidades dentro de uma equipe de trabalho na empresa, obtendo uma linguagem comum das diferentes áreas e conseqüentemente, uma sincronia de atuação com resultados mais integrados aos objetivos organizacionais. Tal forma de estruturar a organização estimula os participantes a buscarem mais conhecimentos, assim como abre maiores oportunidades para o desenvolvimento da criatividade na resolução dos problemas, resultando em maior flexibilidade e agilidade na tomada de decisões. 1.2 Objetivo Geral O presente trabalho tem por objetivo principal analisar as estruturas de trabalho de uma organização, em especial, as equipes de trabalho multifuncionais, que ao longo do tempo e da história da administração organizacional, vem contribuindo para mudanças de um modelo centralizado para formas mais participativas de tomada de decisão. Desta forma, o trabalho estará analisando especificamente uma equipe multifuncional da empresa Áurea Alimentos, buscando identificar a sua contribuição para a real descentralização da tomada de decisões na empresa. 9 1.3 Objetivos Específicos Em função do objetivo geral do trabalho, definem mais claramente os objetivos abaixo: o Pesquisar, através de uma revisão bibliográfica, os fundamentos dos grupos e equipes de trabalho interdepartamentais e, as variáveis que afetam a tomada de decisão nos grupos; o Identificar se em uma equipe de trabalho interdepartamental, existe a efetiva democratização das decisões; o Distinguir na equipe estudada o nível de satisfação em função de uma maior participação nas tomadas de decisões; o Verificar nas opiniões do grupo, uma possível melhoria da qualidade, em termos de eficácia, das decisões tomadas; o Detectar entre os participantes da equipe, através da opinião dos seus membros, um aumento no nível de conhecimento dos processos e variáveis que afetam ou são afetados pelas decisões do grupo. 10 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Trabalho em Grupos Interdepartamentais nas Organizações Os novos desafios de uma organização exigem cada vez mais mudanças no seu modo de produzir e gerenciar os seus negócios. O objetivo está sempre em buscar maior produtividade em suas operações, visando satisfazer o cliente ao menor custo possível, e atendendo exigências crescentes de qualidade. Ao mesmo tempo em que a organização procura adequar sua estrutura às exigências de mercado, os colaboradores dessa organização buscam desafios adequados às suas capacidades e experiências, sem abrir mão da qualidade de vida no trabalho. Tornar a organização apta para responder aos desafios do mercado através de sua força de trabalho passa por utilizar o seu potencial pleno através de ferramentas internas de organização do trabalho, colaboração na realização das atividades, bem como de delegação de poder e responsabilidades para a tomada de decisões. De outro modo, a manutenção de estruturas hierárquicas rígidas e de cunho especialista serão obstáculos crescentes do relacionamento da organização com um mercado cada vez mais globalizado, em um ambiente instável e competitivo. 11 Visando preparar a organização a enfrentar tal mercado, com suas constantes mudanças e complexas necessidades, uma das tendências que vem ganhando espaço dentro das organizações é o trabalho em grupos e/ou equipes de diferentes áreas. Tais grupos procuram obter um maior ganho na colaboração entre os seus membros, propiciando também um maior enriquecimento de seus conhecimentos individuais, ao mesmo tempo em que oportunizam uma maior interação entre os colaboradores da organização. 2.2 Grupos X Equipes A história da administração nos mostra que a partir de um determinado momento, mais exatamente no início do século XX, passou a haver uma maior preocupação em obter-se melhores resultados em termos de produtividade no trabalho. Tal preocupação decorre principalmente da expansão acelerada e desorganizada das empresas advinda da Revolução Industrial. O enfoque principal dos estudos pioneiros na busca pela melhor competência das organizações era de “aumentar a produtividade da empresa através do aumento de eficiência no nível operacional” (Chiavenato, 1979:38), a partir dos trabalhos de um engenheiro americano chamado Frederick Taylor. 12 Naquele ambiente de produção, onde a especialização dos funcionários e a departamentalização das funções eram as chaves para a obtenção de melhores resultados, a ênfase dos princípios de Taylor eram a maior divisão do trabalho possível, reagrupando as operações, tarefas e funções exercidas por pessoas em uma organização racional de trabalho. O inter-relacionamento entre as pessoas dentro da organização não era bem visto, na medida em que o objetivo era fazer com que cada operário obtivesse o máximo de especialização e eficiência em algumas poucas tarefas. Ao longo do século, na medida em que as organizações cresciam, “a estrutura passou a sofrer, sutilmente, significativas mudanças: os grupos do chão de fábrica, sem instrução, passaram a ser grupos funcionais instruídos: pessoas com habilidade em engenharia, finanças, etc. Nos anos 60, já se podia encontrar grupos de profissionais unidos por habilidades funcionais, como equipes de trabalho de profissionais de contabilidade ou de projetos” (Cruz, 2002:18). Por este ponto de vista, Schermerhorn (1999:132) nos diz que “numa definição formal, grupo é um conjunto de duas ou mais pessoas que trabalham juntas regularmente com a intenção de atingir um ou mais objetivos comuns”. Tal situação, em que os grupos são formados de acordo com similaridades naquilo que as pessoas fazem, possibilitou um maior inter-relacionamento dentro de áreas de responsabilidade bem definidas na organização. 13 O inter-relacionamento funcional traz várias vantagens na medida em que ajuda a integrar e coordenar funcionários que executam tarefas similares, permitindo que melhorem seus conhecimentos e habilidades entre si. No entanto, estes grupos são estruturas bem definidas e permanentes dentro de uma hierarquia organizacional, visando principalmente uma maior produtividade dos processos. Tal situação nos leva a algumas desvantagens na medida em que os desafios vindos do mercado tendem a transpassar situações departamentais, envolvendo diferentes grupos de trabalho em diferentes áreas e níveis hierárquicos da organização. A partir desta necessidade surge uma nova forma de colaboração dentro da organização, denominada equipe, que segundo Schermerhorn (1999:148), “é um pequeno grupo de pessoas com habilidades complementares, que trabalham juntas com o fim de atingir um propósito comum pelo qual se consideram coletivamente responsáveis”. De acordo com WAGNER (2003:226), “equipes são grupos caracterizados por três importantes determinantes distintivas: 1) os membros são altamente interdependentes, via de regra interligados pela interdependência inclusiva; 2) as equipes são formadas mediante o uso de agrupamento por fluxo de trabalho, de modo que seus membros são responsáveis pelo desempenho de diversas funções diferentes; 3) aptidões, conhecimento, experiência e informação geralmente se distribuem 14 de forma desigual entre os membros, devido a diferenças de antecedentes, treinamento, talentos e acesso a recursos”. Em função de tais características, as equipes de trabalho estão voltadas para a realização de atividades e resolução de problemas de maior complexidade, permitindo desta forma reunir o conjunto certo de habilidades individuais, ao mesmo tempo em que gera um senso de comprometimento e responsabilidade comum. Desta forma, cria-se um ambiente de atitude e comportamento direcionado ao propósito da equipe. Em outras palavras, há efetivamente um ‘trabalho de equipe’. Exigindo, portanto, segundo Schermerhorn (1999:148-149), “disposição de cada membro de ouvir e reagir de forma construtiva às opiniões dos demais, dar aos demais o benefício da dúvida, prover apoio e reconhecer os interesses e as realizações dos outros membros”. Outra característica desta forma de agrupamento é o seu tempo de vigência, que normalmente é com prazo determinado, já que os membros da equipe possuem funções bem definidas dentro de uma organização e participam da equipe para contribuir em um objetivo específico. Esta forma de participação também pode ser em tempo integral ou não, definida na forma de trabalho da equipe. Duas das principais aplicações das equipes de trabalho são, aquelas voltadas para a análise e solução de problemas ou, as equipes multifuncionais. Em qualquer uma das situações, as equipes estão primordialmente buscando que suas habilidades unidas possam trazer uma eficácia maior à tomada de decisão. A diferença principal entre as duas formas de equipe refere-se ao grau de abrangência dos estudos. 15 Normalmente, as equipes de análise e solução de problemas têm como objeto de estudo uma área específica da empresa, enquanto que, como já diz o nome, as equipes multifuncionais envolvem pessoas de diferentes áreas da empresa, porque têm como objetivo uma atuação mais ampla na organização. Segundo Robbins (2000:253), “as equipes multifuncionais representam uma forma eficaz de permitir que pessoas de diferentes áreas de uma empresa (ou até de diferentes empresas) possam trocar informações, desenvolver novas idéias e solucionar problemas, bem como coordenar projetos complexos”. Do ponto de vista dos membros das equipes, é importante que as necessidades individuais de cada membro sejam percebidas como possíveis de serem alcançadas na equipe. As pessoas participam de uma equipe de trabalho buscando satisfazer a uma necessidade de melhorar o seu relacionamento interpessoal e sua capacidade de cooperação, de poder participar de forma mais direta nas decisões, de facilitar o seu desenvolvimento e crescimento, entre outros. Estas motivações acabam por contribuir com o desenvolvimento da própria equipe, criando uma situação crescente na qual a equipe motivada acaba por obter melhores resultados, o que contribui para a satisfação dos membros em participar, gerando novamente uma situação de busca contínua dos membros em melhorar a sua participação. Tal situação resulta em uma efetiva sinergia dentro de uma equipe de trabalho, gerando desta forma algo maior do que somente a soma das contribuições 16 individuais dos seus participantes. Este é o principal ganho esperado pela organização em buscar esta forma de organização dos meios de trabalho. 2.3 Determinantes da Eficácia da Equipe Equipes de trabalho existem dentro de uma organização para trazer resultados de uma forma mais eficaz. Também existem para buscar resultados em situações mais complexas do que as usualmente tratadas pelos grupos de trabalho. Em função disso, criar e manter equipes de trabalho demanda alguns cuidados, tanto para que haja um alto nível de desempenho das tarefas, buscando maior eficácia no alcance dos objetivos propostos, como para que seus membros estejam suficientemente satisfeitos para se manterem na equipe. De acordo com Wagner (2003:211), uma equipe eficaz ”é aquela capaz de satisfazer demandas imediatas de desempenho e satisfação do grupo e, ao mesmo tempo, estabelecer condições para a sobrevivência à longo prazo”. Uma primeira variável muito importante para a eficácia da equipe é a complexidade das tarefas, pois uma maior complexidade das tarefas a serem executadas demanda maior esforço dos membros da equipe, exigindo uma qualificação técnica maior e um maior esforço na obtenção e processamento de informações. Conseqüentemente, as soluções tendem a ser únicas e difíceis, podendo ser induzidas a caminhos já trilhados pela experiência singular de um ou outro membro específico. 17 Existe neste momento uma maior possibilidade de discordância entre os membros em relação aos meios e fins para obter as soluções. Por outro lado, ter êxito em tarefas de uma maior complexidade gera entre os membros da equipe um maior nível de satisfação em seu trabalho e também em pertencer a uma equipe de grande importância dentro da organização. Uma outra variável importante é a clareza das metas da equipe. Para que exista motivação dos membros, é preciso que as metas sejam adequadas à proposta de trabalho da equipe, e que tenham sido acordadas entre os mesmos. Também devem ser possíveis de serem atingidas e ao mesmo tempo desafiadoras, para que exista um esforço acima do exercido pelos membros em suas outras atividades. Na medida em que existem metas, também devem existir recompensas para que exista uma maior motivação da equipe em alcançá-las. Reside aí um outro cuidado na medida em que as recompensas devem estar voltadas para o resultado do grupo como um todo, onde não existe diferenciação entre seus membros e, portanto, tais recompensas são distribuídas igualitariamente entre todos. Pode haver neste momento uma insatisfação dos membros que têm um desempenho mais elevado e, conseqüentemente, geram uma contribuição maior do que os outros. Para que tais situações não prejudiquem o atingimento às metas, é necessário que exista um contraponto através de recompensas individuais dentro da equipe para que todos os membros busquem sua máxima contribuição individual, em 18 prol das metas da equipe, maximizando desta forma o seu desempenho global. De fato, é necessário buscar um equilíbrio entre as recompensas à eficácia da equipe e ao esforço e contribuição de cada um dos seus membros. Uma outra variável determinante da eficácia de uma equipe de trabalho é o tamanho da equipe, ou seja, o número de participantes. Na medida em que uma equipe cresce em tamanho, cresce também a capacidade de busca e processamento de informações para a tomada de decisões, criando-se condições para ter e analisar um maior número de alternativas de ações. Mas, a partir de determinado ponto também crescem as dificuldades de coordenação e comunicação entre os membros, aumentam a possibilidade de ter-se sub-grupos dentro da equipe, diminuem as oportunidades de todos participarem, além de existir até mesmo uma maior dificuldade para reunir a equipe. Uma última variável muito importante é a diversidade dos membros de uma equipe. Quando se cria uma equipe com membros bastante heterogêneos em suas características básicas, tais como idade, sexo, raça, experiência, religião, etc., existe, por um lado, uma grande diversidade de experiências e visões a respeito dos desafios a serem enfrentados, gerando uma capacidade de análise bastante ampla e rica, mas por outro lado, também existe um período inicial relativamente longo e improdutivo até que a equipe encontre a sua forma de trabalhar em conjunto. Quando se cria uma equipe mais homogênea, por outro lado, existe inicialmente uma maior facilidade de comunicação e colaboração e de trabalho em 19 conjunto, mas pode haver uma deficiência em experiência e qualificações adequadas aos desafios a serem enfrentados, refletindo no seu desempenho. Uma outra característica que define a diversidade da equipe é o nível em que cada membro está inserido dentro da organização, ou seja, sua posição ou status na organização, que pode criar barreiras na comunicação e relacionamento entre os membros da equipe quando existe uma distância muito grande entre eles. Existem vários outros aspectos importantes que compõem as determinantes da eficácia de uma equipe de trabalho. O que precisa ficar claro é que determinadas variáveis podem ser mais importantes para determinadas equipes em função da cultura da empresa, do nível organizacional em que a equipe está inserida, da autonomia e abrangência de suas tarefas e até mesmo da visão que a alta direção tem a respeito da contribuição das equipes para uma tomada de decisão mais eficaz. 2.4 Tomada de Decisão em Equipe Um dos principais benefícios de se ter equipes de trabalho coordenando determinadas atividades e responsabilidades dentro de uma organização é a qualidade das decisões tomadas. Um conjunto de pessoas tem uma capacidade de criar e analisar um maior número de alternativas possíveis na resolução de um problema, porque tem um 20 conjunto maior de conhecimentos e experiências profissionais. Também existe um melhor entendimento de que a alternativa escolhida foi a melhor possível, porque foi amplamente discutida pelos membros da equipe, gerando uma adequada compreensão dos meios e fins e, resultando finalmente em um maior comprometimento de todos com a implementação e o sucesso da decisão tomada. É claro que a tomada de decisões também pode trazer algumas desvantagens, principalmente aquela que o psicólogo social Irving Janis (Apud Schermerhorn, 1999:141) chama de pensamento grupal, ou seja, a tendência dos membros de equipes muito coesas de perderem a capacidade de avaliação crítica. Isto acontece, segundo o autor, porque há uma relutância dos membros em criticar as idéias e sugestões dos outros membros, podendo resultar, conseqüentemente, em decisões fracas. Também pode haver, sobre uma equipe, uma pressão por resultados que acabe por influenciar alguns membros a seguirem a vontade da maioria. Outra preocupação é com o fator tempo, referente a velocidade da tomada de decisão, que pode inibir a participação dos membros para que haja uma solução dentro do menor prazo possível. Tais situações tendem a ocorrer com maior freqüência em equipes com um grande número de participantes. Existem vários métodos de tomada de decisão em equipe. Dentre eles, os seis mais importantes são, segundo Schein (1972), a ausência de reação, a regra da autoridade, a regra da minoria, a regra da maioria, o consenso e, a unanimidade. 21 A tomada de decisão em equipe pela falta de reação é aquela em que as alternativas são apresentadas aos membros sem haver uma adequada discussão, até que se apresente uma nova idéia, que acabara sepultando a anterior, sem o julgamento adequado. Tal processo se repete até que determinada idéia nova seja melhor aceita pela equipe e acabe por ser a eleita. Um segundo método é a decisão pelo uso da autoridade, onde a decisão final é tomada por um membro que tem a maior autoridade dentro da equipe, podendo haver ou não uma análise crítica das alternativas apresentadas pelos participantes. Ganha-se muita eficiência, na medida em que a autoridade tenha grande capacidade de análise e sensibilidade para identificar as informações adequadas e corretas para a tomada da decisão. Por outro lado, tal situação acaba por afastar a responsabilidade e comprometimento dos demais participantes da equipe. Em terceiro, o método da tomada de decisão pela minoria é aquele em que um grupo pequeno de pessoas dentro da equipe consegue dominar as discussões, induzindo os demais membros a aceitarem a alternativa escolhida por eles. Tal situação, bastante adequada para decisões mais simples, pode inibir ou desestimular a participação nas discussões dos demais membros em decisões mais complexas, onde ela se faz muito importante. Um quarto método é a tomada de decisão pela maioria, onde as decisões são tomadas por votação de todos os participantes, a partir do momento em que se percebe que não haverá consenso sobre a melhor alternativa. É muito adequada pelo simples fato de que todos os membros são obrigatoriamente convocados a participar. 22 Porém, pode haver neste momento uma disputa pela vitória, gerando insatisfação e não-comprometimento dos membros que foram os “perdedores”. Em quinto, a decisão pelo consenso procura fazer com que a alternativa aceita pela maioria dos membros seja apoiada também pelos demais membros que não necessariamente percebiam tal alternativa como a melhor, buscando desta forma um comprometimento de todos. Existe uma preocupação em que todos possam expor claramente os seus pontos de vista, mesmo que não apóiem a idéia aprovada. Apesar de ser um método de tomada de decisão bastante eficiente, consome-se muito tempo na busca do consenso. Por último, existe o método de tomada de decisão por unanimidade, que seria, nas palavras de Schein (1972:61), “a decisão logicamente perfeita, porém raramente atingida”. É preciso avaliar a real necessidade de se chegar a uma unanimidade, pelo grande esforço para se obtê-la. Na grande maioria das situações o consenso é o suficiente. É importante que não se julgue este ou aquele método de tomada de decisão em equipe como melhor, porque qualquer que seja a metodologia utilizada, haverá vantagens e desvantagens. E de fato, dentro de uma mesma equipe, acabarão existindo situações em que determinadas decisões serão tomadas utilizando-se um método, para em uma outra situação utilizar-se outro método, buscando alcançar-se uma outra decisão. A certeza de que o método mais adequado foi usado para a 23 presente situação e as implicações de uso de tal método, é o que precisa estar claro para os membros da equipe. 2.5 Produtividade da Equipe Em um primeiro momento é bastante seguro afirmar que uma equipe obter maior produtividade e eficácia do que uma única pessoa. Por outro lado, também podese afirmar que a relação entre os membros de uma equipe é relativamente complexa e que precisa ser adequadamente gerenciada para que não resulte em uma situação em que não exista sinergia de resultados ou até mesmo haja uma relação improdutiva entre seus membros. Na medida em que existe um conjunto de pessoas analisando determinada situação com o objetivo de tomar uma decisão, existirão membros da equipe que estarão buscando participar mais efetivamente das decisões, gerando, por conseqüência, perdas no processo de análise, porque os outros membros estarão sendo coibidos a aceitarem a opinião do primeiro colega, ou do colega mais expansivo, ou do colega de maior autoridade dentro da equipe. Também poderá haver conflitos ou discussões bastante emotivas, que acabam por desviar dos objetivos iniciais. Nestas situações, determinados membros da equipe precisam assumir um papel de conciliador, buscando reduzir o conflito negativo em favor de uma análise crítica do problema abordado. Outros membros estarão assumindo um papel de direcionador aos objetivos da equipe e aos padrões de desempenho esperados. Em 24 todas essas situações, o que acontece de fato é uma perda no processo na medida em que alguns membros da equipe precisam dedicar um determinado esforço com o objetivo de garantir a existência permanente da equipe, desviando-se, portanto, do objetivo fim da mesma. Um outro reflexo natural de trabalho em equipe é a possibilidade de determinados membros reduzirem a sua participação efetiva na contribuição à produtividade da equipe, o que Wagner (2003:217) chama de ‘vadiagem social’. Esta situação é tanto mais provável na medida em que as avaliações e recompensas são mais voltadas para a equipe como um todo. O resultado, de fato, é uma perda na produtividade da equipe como um todo, pois os demais membros precisam contribuir mais para buscar os mesmos resultados ou até mesmo, resultados inferiores. Uma variável que está diretamente ligada a todos estes obstáculos é o tamanho da equipe, ou seja, na medida em que tais situações tendem a aumentar, uma solução seria reduzir o número de participantes. O resultado é uma maior abertura à participação de todos, reduzindo-se as interferências mútuas. Em decorrência disto, haverá um menor espaço para a ‘vadiagem social’, já que as responsabilidades serão divididas por menos participantes. Também ocorrerá uma menor necessidade de esforço de manutenção da equipe, já que existirão menos conflitos entre seus membros, resultando em mais tempo para o trabalho produtivo. As formas de recompensar a equipe influenciam o esforço de seus membros individualmente, abrindo uma maior ou menor espaço para a ‘vadiagem social’. 25 Portanto é preciso que existam recompensas ao esforço de todo a equipe, assim como para cada membro da equipe, na medida em que as tarefas realizadas pelos mesmos são mais ou menos interdependentes. Ou seja, quanto maior a interdependência, menor a necessidade de recompensas individuais, porque os próprios membros terão que cooperar mais para alcançar os objetivos propostos. Assim como quanto menor a interdependência entre as tarefas dos membros, maior a necessidade de se avaliar e recompensar os membros individualmente, para que cada um deles alcance um alto desempenho, resultando em alto desempenho para a equipe. Em suma, uma maior produtividade na tomada de decisões em equipe passa por minimizar os potenciais conflitos que existem em qualquer tipo de trabalho em conjunto, que geram vários tipos de perda no processo e, principalmente, o desvio aos objetivos propostos. Na medida em que tais situações estejam sob controle, não existe nenhuma dúvida que a sinergia resultante do trabalho em equipe traz vários benefícios, tanto ao processo de tomada de decisões, quanto aos participantes de tal processo, como para os resultados da organização como um todo. 26 3 METODOLOGIA O presente trabalho busca, de um modo geral, conhecer a percepção de um grupo de pessoas a respeito de um método de tomada de decisões em grupo. Portanto, tem o enfoque de uma pesquisa qualitativa, que segundo Bryman (apud Roesch, 1999:124), em uma comparação com a pesquisa quantitativa, “tem como uma segunda distinção básica a ênfase na perspectiva do indivíduo pesquisado, onde o pesquisador sai a campo não estruturado, justamente para captar as perspectivas e interpretações das pessoas”. Esta pesquisa qualitativa é definida como um estudo de caso, já que procura conhecer um fenômeno de uma forma mais detalhada e aprofundada dentro de seu contexto, ou seja, uma organização empresarial. A população alvo objeto de estudo é uma equipe de trabalho multi-funcional e interdepartamental denominado Comitê de Produtos, estruturada dentro da empresa Áurea Alimentos, com o objetivo de integrar diferentes setores da organização, facilitando o processo de desenvolvimento e lançamento de novos produtos no mercado. O levantamento dos dados será feito através de uma entrevista semiestruturada, utilizando uma serie de perguntas abertas, que poderão ser ordenadas de 27 forma diferente, em função do desenvolvimento da entrevista. Tal entrevista será conduzida de forma individual, com todos os participantes da equipe. Com o objetivo de não fazer uma interpretação inicial da entrevista e visando também registrar todos os comentários dos entrevistados, as entrevistas serão gravadas, para posterior transcrição, facilitando a tabulação e análise. A análise do conteúdo das entrevistas, buscando identificar semelhanças de respostas e percepções entre os membros da equipe, será feita através de um conjunto de técnicas denominadas pela bibliografia de ‘análise de conteúdo’. Tais técnicas têm o objetivo de transformar dados qualitativos em dados quantitativos, permitindo interpretar as informações geradas, para posterior análise e conclusões. 28 4 RESULTADO DA PESQUISA 4.1 Contexto da Pesquisa A empresa onde foi realizada a pesquisa, denominada Áurea Alimentos, é uma organização de médio porte, situada no município de Braço do Norte, sul de Santa Catarina e atua no segmento de alimentos. Conta atualmente com aproximadamente 200 colaboradores divididos em cinco linhas de produção, além de uma estrutura própria de entrega e, áreas de apoio comercial, financeira e administrativa. A Áurea Alimentos, uma empresa que está no mercado desde 1962 e que é dirigida atualmente pela segunda geração dos fundadores, já tem atuando em seu quadro funcional alguns membros da terceira geração. Ao final de 2001, percebendo que a empresa precisava ter uma visão de longo prazo mais clara e mais disseminada entre todos, a alta direção desenvolveu um trabalho de planejamento estratégico com a participação de seus gerentes. Dois problemas ficaram bastante evidenciados neste trabalho. Um deles foi a falta de um direcionamento claro dado pela própria direção da empresa à suas gerências, que geravam sérios problemas de comunicação. Também era perceptível o 29 alto grau de centralização da tomada de decisão, muito concentrada nos 4 diretores, na época. A partir destas deficiências e com um projeto de crescimento de vendas, definiu-se que um dos pilares de disseminação das informações dentro da empresa seriam os comitês de trabalho, a serem criados para tratar de determinadas responsabilidades críticas ao sucesso da empresa. Tais comitês teriam também um papel importante na descentralização da tomada de decisões. 4.2 Universo da Pesquisa A presente pesquisa foi focada em um dos comitês criados a partir do março de 2002, denominado aqui Comitê de Desenvolvimento de Produtos. Tal Comitê tem como responsabilidade todo o processo de criação, desenvolvimento e implementação de um produto novo no mix de produtos da empresa. Os participantes do Comitê de Desenvolvimento de Produtos foram definidos em função do envolvimento direto de suas áreas com tal projeto. Participam do Comitê o gerente industrial, o gerente de desenvolvimento de produtos, o gerente comercial, o gerente de marketing, além do gerente de compras da empresa, caracterizando o que Robbins (2000) chama de equipe multifuncional, citado no capítulo 1.1. 30 Dos cinco membros do Comitê, 2 são filhos dos atuais diretores, e tem aproximadamente dois anos de experiência na atual função. Em verdade, a maioria dos membros tem pouco tempo de casa, com no máximo três anos. A maioria da equipe tem uma formação de nível superior, além de ter dois de seus membros fazendo especializações em gestão empresarial e industrial. 4.3 Estrutura de Funcionamento da Equipe Os Comitês de Desenvolvimento de Produtos reúnem-se quinzenalmente, durante aproximadamente duas horas, para discutir o andamento de todos os projetos e idéias a respeito de novos produtos, além de alterações aos produtos atuais. No início da criação do Comitê, o diretor presidente da empresa era um de seus participantes, fazendo com que todas as decisões fossem tomadas dentro das próprias reuniões da equipe. Ao longo do ano de 2003, o Comitê decidiu que deveria prescindir da participação do diretor-presidente, passando a deslocar a tomada de decisão final para uma apresentação posterior da equipe ao diretor-presidente. A presente pesquisa foi feita alguns poucos meses depois desta mudança de estrutura, permitindo fazer-se uma análise dos resultados gerados pela equipe antes e depois da mudança. 31 4.4 Processo de Tomada de Decisão na Equipe A tomada de decisão dentro da Áurea Alimentos, uma empresa tipicamente familiar, tem estado ao longo do tempo bastante centralizada na figura do seu diretorpresidente. A existência de uma equipe de trabalho interdepartamental assumindo as responsabilidades pelo desenvolvimento e implementação de novos produtos, com o objetivo de descentralizar tais decisões ao âmbito das gerências, ainda não tem sortido efeito de forma satisfatória para os seus membros. Esta é a percepção de todos os membros do Comitê, quando dizem que suas decisões estão condicionadas a uma aprovação posterior da diretoria, após a apresentação de um projeto de viabilidade de um novo produto. Nas palavras de um membro, “o grupo está procurando desenvolver o que o mercado está pedindo, mas estas idéias podem chegar na diretoria e não ter aprovação; não está havendo esta conexão”. Segundo outro membro do comitê, “o que é ainda questionável é a tomada de decisão final, que depende da direção da empresa, porque mesmo que o grupo reunido tenha um consenso, pode haver uma barreira – uma resposta negativa”. Tal processo de tomada de decisão permite concluir que ainda não existe uma real delegação de autoridade, ou seja, uma real descentralização da tomada de decisão. Por outro lado, todos os membros concordam que a não participação da direção nas reuniões da equipe permite-lhes uma maior espontaniedade na discussão 32 das idéias, além de haver um melhor equilíbrio de forças nas análises para a tomada de decisões. Este equilíbrio é conseqüência de uma certa homogeneidade hierárquica dos membros, que se torna uma variável bastante importante para o sucesso da equipe, conforme foi comentado no capítulo 1.2. Reforçando a percepção dos membros do Comitê de Desenvolvimento de Produtos a respeito da pouca descentralização das decisões, os mesmos entendem, em sua maioria (80% dos respondentes), que há uma outra grande falha neste processo de descentralização. Não existe um direcionamento dado ao grupo que reflita a visão de futuro da empresa, permitindo que os esforços do grupo possam ser focados em idéias que realmente tenham uma identidade com a empresa e, por conseqüência, com a diretoria. Desta forma, o esforço na realização de um projeto para um novo produto pode ser perdido em função de uma posterior desaprovação por parte da diretoria. Tal falta de uma visão de futuro, um direcionamento ao Comitê de Desenvolvimento de Produtos, demonstra e reforça o fato de que a direção da empresa não têm se preparado para efetivamente descentralizar a tomada de decisão, no âmbito do desenvolvimento de novos produtos. Nas palavras de um dos respondentes, “a equipe faz um direcionamento para um determinado produto ou linha de produtos, enquanto a direção da empresa pode estar com uma visão de futuro diferente”. 33 O resultado para os membros do Comitê de Desenvolvimento de Produtos é uma certa insatisfação por haver possibilidades de que seu esforço no estudo e desenvolvimento de idéias venha a ser ineficaz, pela desaprovação do resultado por parte da diretoria. Esta insatisfação é levantada pela maioria da equipe (60% dos respondentes), apesar de reconhecerem que estão desenvolvendo um papel muito importante para o auxílio na tomada de decisão. Portanto, se existe uma certa insatisfação em função de que os projetos idealizados pelo Comitê possam não vir a se tornar realidade, por outro lado, de acordo com a maioria dos entrevistados (80% das respostas), existe uma grande satisfação por estarem gerando condições para que as decisões tomadas no âmbito da diretoria sejam feitas com base em estudos de viabilidade realizados através de informações levantadas e discutidas por todos os membros do Comitê. Tal satisfação é um fator muito importante para a manutenção de uma equipe, gerando uma contínua motivação em participar, conforme comentado no capítulo 1.1. Uma outra conseqüência do envolvimento do todos os membros da equipe no processo de desenvolvimento de produtos é a qualidade da tomada de decisões. Todos os entrevistados são unânimes em reconhecer que a metodologia utilizada nesta equipe inter-departamental busca “fugir de uma metodologia do achômetro”, onde a experiência de uma pessoa passa a ser uma verdade para todos. Segundo um entrevistado. “são várias pessoas pensando, as idéias fluem com mais 34 facilidade, existe um embasamento maior para tomar uma decisão”. Nas palavras de outro entrevistado, “há uma interação maior, porque passa a haver um questionamento maior a respeito das sugestões apresentadas”. Percebe-se aí um efetivo trabalho de equipe, de acordo com Robbins (2000), citado no capítulo 1.1. Cabe destacar que a equipe passou por uma correção de rumos em determinado momento de sua existência, na medida em que implementou uma metodologia de discussão e análise de oportunidades, onde “está bem claro cada etapa do desenvolvimento de produtos e estão claramente definidos os responsáveis por cada uma dessas etapas”, conforme relato de um entrevistado. Entende-se então que os membros da equipe do Comitê de Desenvolvimento de Produtos concordam que a equipe de trabalho gera mais qualidade nas discussões ao mesmo tempo em que as responsabilidades são melhor distribuídas. Nas palavras de um entrevistado, “agora nós temos mais informação, mais consciência do que queremos, para apresentar resultados melhores para a direção, ou seja, apresentaremos a situação em que lançar o produto A terá um custo estimado de X, sendo necessário investir Y para que o mercado absorva Z”. Está claro para todos os membros, que uma equipe de pessoas qualificadas e envolvidas tem melhores condições de gerar melhores soluções. 35 Mas, para a maioria da equipe (60% dos respondentes), o envolvimento de todos ainda não está equilibrado, fazendo com que alguns poucos membros não estejam contribuindo tanto quanto os outros. Segundo um dos entrevistados, “todos tem que buscar mais informações em suas áreas a partir de um questionamento inicial, o que ainda não está acontecendo”. Tal fato caracteriza o que Wagner (2003) chamou de ‘vadiagem social’, no capítulo 1.4., embora o grupo entenda que o aperfeiçoamento da metodologia, distribuindo melhor as responsabilidades, tende a minimizar tal efeito. Um outro aspecto relevante da tomada de decisões em equipes é a disseminação das informações entre mais pessoas além dos responsáveis diretamente por determinado assunto. A disseminação das informações é reconhecida pela maioria da equipe (60% dos entrevistados) como um grande benefício, já que “gera uma maior discussão e possibilita aos membros da equipe trazer mais informações para as discussões”, segundo um dos entrevistados. Apesar de reconhecer tal benefício, a equipe ainda “está muito fechada, não gerando uma abertura para que outras pessoas possam opinar sobre determinado projeto”, na opinião de um entrevistado. Para o mesmo entrevistado, “a equipe ainda não percebeu que isso é mais uma ferramenta para disseminar e questionar as idéias.” Já outro entrevistado acredita “que o que está faltando é uma ferramenta para ampliar as discussões de uma forma controlada”. 36 De uma forma geral, todos os membros da equipe são unânimes em dizer que a tomada de decisões a respeito de novos produtos, na Áurea Alimentos, é hoje muito melhor em termos de qualidade, e está muito mais clara para as gerências do que já esteve 2 anos atrás. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término desta pesquisa pode-se concluir que a equipe interdepartamental denominada Comitê de Desenvolvimento de Produtos assumiu uma responsabilidade muito importante dentro de uma empresa do ramo alimentício, que vem trazendo melhores resultados em comparação aos métodos de tomada de decisão anteriores à sua formação, que eram tipicamente setoriais. Cabe ressaltar que os próprios membros da equipe reconhecem que precisam melhorar o uso de uma metodologia dentro das suas rotinas, para que exista uma cobrança melhor para com todos a respeito de uma melhor contribuição possível ao grupo. Para tanto, atualmente a equipe vem trabalhando principalmente no aprimoramento de uma metodologia própria de desenvolvimento de produtos. Outro aspecto muito importante, que pode comprometer a própria existência da equipe é a falta de uma visão de futuro definida pela direção da empresa e compartilhada pelas gerências. A ausência de tal visão pode acarretar desencontros entre as metas pretendidas pelo comitê e os objetivos da diretoria para com o negócio, as suas aspirações futuras. 38 Neste caso, outra ação necessária refere-se à revisão do plano estratégico da empresa, que foi concebido no início do ano 2002 e que, a partir de então, não sofreu nenhuma análise crítica ou qualquer outra revisão. A revisão do planejamento estratégico geraria um norteamento definido pela diretoria para toda a estrutura da empresa, e em especial, para o foco a ser buscado na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, cuja responsabilidade é atribuição exclusiva do comitê objeto de estudo deste trabalho. Desta forma, as sugestões dos membros do comitê sofreriam uma primeira crítica em relação às propostas do plano estratégico da empresa feita pelos próprios membros. Na medida em que as sugestões atendam ao plano estratégico, haveria maiores argumentações positivas no momento da aprovação final por parte da diretoria. Uma outra ação necessária diz respeito à forma de envolvimento da diretoria nas decisões do grupo. Conclui-se que existe uma grande evolução no nível de participação dos membros dentro do comitê sem a participação direta da diretoria, mas é necessário que haja algum tipo de envolvimento entre a diretoria e o grupo. Tal necessidade faz-se importante enquanto se aprimora uma sugestão do comitê, para que não haja uma resposta negativa da diretoria ao final de todo o esforço despendido pela equipe. Torna-se necessário que um membro que represente a equipe faça uma síntese dos assuntos em andamento nas reuniões do comitê, para a diretoria. Tal apresentação seria feita após cada reunião do comitê e teria os objetivos de informar a 39 diretoria a respeito dos rumos da equipe e também, de captar a percepção da diretoria sobre os assuntos em discussão, permitindo ao grupo estar mais preparado para ‘vender’ suas próprias idéias e projetos. Melhorar tais aspectos irá contribuir para que exista uma maior confiança por parte da direção da empresa em relação aos seus gerentes, permitindo que haja uma maior descentralização das decisões que se referem ao desenvolvimento de novos produtos. De qualquer forma, é importante concluir que houveram muitos ganhos em função de um maior envolvimento de todos os gerentes no processo de desenvolver novos produtos, na medida em que os membros contribuem com mais sugestões, discutem tais sugestões de uma forma mais eficiente, gerando propostas que serão implementadas de uma forma mais eficaz dentro da organização. Este envolvimento de todos cria um processo de auto-aprendizagem e de busca dos membros por maiores informações sobre determinadas situações e áreas de conhecimento, tornando-os mais capacitados a enfrentar as decisões do dia-a-dia. Desta forma, a organização está se preparando para enfrentar um mercado cada vez mais exigente, com uma equipe de gerentes preparada para tomar decisões a respeito de situações cada vez mais complexas. E com pessoas satisfeitas por estarem qualificadas para enfrentar um ambiente externo cada vez mais desafiador. 40 BIBLIOGRAFIA BRYMAN, A. Apud ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estágio e de Pesquisa em Administração. São Paulo, Atlas, 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1979. CRUZ, Maria Goreti Simão. Reestruturação Organizacional Direcionada para a Formação de Equipes. Dissertação de Mestrado em Engenharia da Produção – Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção, UFSC, Florianópolis. 2002 JAMES, Irving. Apud SCHERMERHORN, John Jr., Hunt, James G., OSBORN, Richard N. Fundamentos de Comportamento Organizacional. Porto Alegre, Bookman, 1999. KUSAWSKI, Guilherme. Tropeços Colaborativos.Era Executivo. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, V2, nº01. Fev/abr, 2003. MAXIMILIANO, Antonio C. A. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 2000. MOTTA, Paula Roberto. Transformação Organizacional: a Teoria e a Prática do Inovar. Rio de Janeiro: QualtyMark, 1999. ROBBINS, Stephen P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2000. ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. 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São Paulo, Atlas, 1995. 42 ANEXOS 43 ANEXO 1 - Modelo da Pesquisa Qualitativa Roteiro para uma entrevista individual com cada participante do Comitê de Produtos: MEDINDO ENVOLVIMENTO: 1) O quanto você se vê envolvido nas decisões do grupo? 2) Qual é o grau de liberdade para você sugerir soluções? 3) Qual é o grau de aceitação das suas sugestões? 4) O quanto as sugestões são analisadas e discutidas por todos os membros da equipe? 5) As decisões tomadas pela equipe estão claras para todos os participantes? Existe um entendimento adequado de todos os membros? 6) O esforço dos demais membros de participar das discussões e ações a serem tomadas é correspondente ao seu esforço? 7) O quanto você se sente responsável pelas decisões do grupo? MEDINDO EFICÁCIA: 44 8) Obtém-se na prática, algum tipo de tomada de decisões nas reuniões do Comitê? 9) As decisões tomadas são efetivamente implementadas exatamente de acordo com o que foi decidido? 10) Existe ganho (sinergia) em ser um grupo? Obtém mais do a simples soma da participação dos seus membros? 11) Existe uma maior disseminação das decisões tomadas? As demais pessoas envolvidas com os processos organizacionais discutidos pelo grupo são envolvidas? Ficam sabendo das decisões? MEDINDO ESTRUTURA: 12) Você acredita que a quantidade de participantes da equipe está adequada? 13) Você acredita que a qualificação dos membros da equipe está de acordo com a proposta de trabalho? MEDINDO MÉTODO: 14) A velocidade da tomada de decisões está adequada as necessidades da empresa? 15) A forma e freqüência de discussão está de acordo com a velocidade necessária para a tomada de decisões? 16) Você se vê compelido a concordar com idéias que em outra situação / ocasião não concordaria? 45 17) Existe um equilíbrio na distribuição das atividades e responsabilidades? 18) As decisões tomadas pelo grupo deveriam ser descentralizadas? Elas seriam melhor decididas se permanecessem centralizadas? 19) Existiria uma outra forma de descentralizar esse tipo de decisão? MEDINDO FOCO: 20) Os direcionamentos dados pela equipe aos assuntos tratados estão de acordo com as estratégias gerais da empresa? 21) Os assuntos tratados são pertinentes a proposta do grupo? 22) Como você acredita que a diretoria da empresa vê o desempenho global do grupo? 23) Está clara para você a idéia do grupo, sua meta e a sua contribuição à estratégia da empresa?