184
Cultivando o Saber
1
Suplementação de vitamina B12 na dieta de alevinos de kinguio (Carassius auratus)
2
3
Edionei Maico Fries1, Pedro Carvalho Rabelo2, Altevir Signor3, Aldi feiden3, Wilson Rogério
4
Boscolo3,Deividy Miranda da Silva4, Elenice Souza dos Reis Goes5 e Rodrigo Aguiar da
5
Silva1
6
7
8
9
10
11
12
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15
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17
18
19
20
21
22
23
Resumo:O objetivo do trabalho foi avaliar a suplementação de vitamina B12 em dietas para
alevinos de kinguio Carassius auratus. Foram utilizados 240 alevinos com peso e
comprimento inicial médio de 0,58±0,21g e 3,17±0,39 cm respectivamente, distribuídos 20
em tanques rede experimentais confeccionados em malha sombrite com capacidade de 150
litros de volume útil, em um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e
quatro repetições, sendo uma unidade demonstrativa formada por um tanque rede com 12
peixes. Os alevinos foram alimentados quatro vezes ao dia (8h, 11h, 14h e 17h), com dietas
contendo níveis de suplementação de vitamina B12 de 0,00; 0,10; 0,20; 0,40 e 0,80 mg de
vitamina B12 kg-1 de dieta, até a saciedade aparente, por um período de 60 dias. Os dados
foram submetidos à análise de regressão (P<0,05). Não foram observadas diferenças (P>0,05)
no desempenho produtivo dos peixes alimentados com as dietas suplementadas com
diferentes níveis de vitamina B12. Os resultados indicam que não há necessidade de
suplementação de vitamina B12em dietas práticas para essa espécie, sobretudo aquelas com
ingredientes de origem animal em sua composição.
24
25
Supplementationin ofvitamin B12 in the diet of goldfish (Carassius auratus) fingerlings
26
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28
29
30
31
32
Abstract:The aim of this study was to evaluate vitamin B12 supplementation in diets for
fingerlingsof goldfishCarassius auratus.240fingerlingswith initial average weight and length
of 0.58 ± 0.21 g and 3.17 ± 0.39 cm, respectively, distributed in 20 experimental in net cages
made of mesh shading network with capacity of 150 liters of storage volume, in a completely
randomized design with five treatments and four replications, with a demo unit formed by a
network tank with 12 fish.Fingerlings were fed four times a day (8h, 11h, 14h and 17h), diets
containing levels of vitamin B12 supplementation of 0.00, 0.10, 0.20, 0.40 and 0.80 mg of
Palavras-chaves: crescimento, nutrição, peixe ornamental
1
Engenheiro de Pesca. Mestrando em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca (UNIOESTE). Rua da
Faculdade 645; CEP: 85903-000 – Toledo, [email protected]; [email protected]
2
Engenheiro Agrônomo. Mestrando em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca (UNIOESTE).
[email protected]
3
Professor Doutor do curso de Engenharia de Pesca. Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura (GEMAq).
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). [email protected]; [email protected];
[email protected]
Graduando
em
Engenharia
de
Pesca.
Universidade
Estadual
do
Oeste
do
(UNIOESTE)[email protected]
5
Engenheira de Pesca. Doutoranda em Ciência de Alimentos. Universidade Estadual de Maringá (UEM).
[email protected]
Cascavel, v. 6, n. 4, p. 184 - 194, 2013
Paraná
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Cultivando o Saber
33
34
35
vitamin B12 kg-1 diet to apparent satiation for a period of 60 days.Data were subjected to
regressionanalysis (P<0.05). No differences were observed (P>0.05) on growth performance
of fish fed diets supplemented with vitamin B12. The results indicate that there is
1
Engenheiro de Pesca. Mestrando em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca (UNIOESTE). Rua da
Faculdade 645; CEP: 85903-000 – Toledo, [email protected]; [email protected]
2
Engenheiro Agrônomo. Mestrando em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca (UNIOESTE).
[email protected]
3
Professor Doutor do curso de Engenharia de Pesca. Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura (GEMAq).
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). [email protected]; [email protected];
[email protected]
Graduando
em
Engenharia
de
Pesca.
Universidade
Estadual
do
Oeste
do
(UNIOESTE)[email protected]
5
Engenheira de Pesca. Doutoranda em Ciência de Alimentos. Universidade Estadual de Maringá (UEM).
[email protected]
Cascavel, v. 6, n. 4, p. 184 - 194, 2013
Paraná
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Cultivando o Saber
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37
no need for vitamin B12 supplementation in practical diets for this species, especially those
with animal ingredients in its composition.
38
Key Words: Carassius auratus, growth, nutrition,vitaminB12
39
40
Introdução
41
O kinguio Carassius auratusé um peixe ornamental popular, com destaque na
42
comercialização mundial, devido sua cor vibrante e brilhante (Saxena, 1994), facilidade de
43
manejo, rusticidade frente às condições ambientais e fácil adaptação a locais pequenos
44
(Bandyopadhyayet al., 2005). Dietas adequadas à espécie e a fase de vida do peixe são
45
determinantes para o sucesso na aquicultura, sejam eles destinados ao consumo ou ornamento
46
(Kaiser et al., 2003; Lim et al., 2003).
47
Dentre os vários nutrientes requeridos pelos peixes continuamente ao longo da vida, as
48
vitaminas são substâncias exigidas na dieta em pequenas quantidades e são importantes para o
49
crescimento, saúde e bom desempenho de várias funções no organismo (NRC, 2011). A
50
vitamina B12, faz parte de um grupo de vitaminas hidrossolúveis denominadas do complexo B
51
(Lovell, 1998), estando envolvida com ácido fólico na hematopoiese, é necessária para o
52
crescimento de vários microrganismos, além de atuar como fator de crescimento nos animais
53
(NRC, 2011).
54
O principal componente da molécula de vitamina B12 é o cobalto, que deu origem a
55
outro nome dessa molécula: cianocobalamina. O cobalto tem importante função biológica na
56
formação da estrutura da molécula de vitamina B12, além de ser um mineral considerado
57
essencial para os animais (Anadu et al., 1990). Para animais ruminantes não se faz necessário
58
o fornecimento de vitamina B12, pois bactérias do rúmen usam o cobalto da dieta para a
59
produção da cianocobalamina (Stanglet al., 2000).
60
Em peixes, a síntese de vitamina B12 pela microflora intestinal foi reportada por
61
Limsuwan e Lovell (1981), Lovell e Limsuwan (1982) e Shiau e Lung (1993) para o catfish,
62
tilápias do Nilo e tilápias hibridas respectivamente, comprovando a capacidade desses
63
microrganismos de sintetizar vitamina B12. Da mesma forma, Lin et.al. (2010), reportou forte
64
relação entre suplementação de cobalto em dietas para garoupa com a capacidade das
65
bactérias gastrointestinais, presentes no trato digestório dessa espécie, de produzirem vitamina
66
B12. Porém, as exigências de cobalto e vitamina B12 em dietas para peixes ainda não foram
67
determinadas. Halver (2002) sugere a suplementação de 0,015 a 0,02 mg/kg de dieta para o
68
bom desempenho do salmão, ademais, ressalta que a deficiência desta vitamina e ácido fólico
69
acelera o início da anemia. No entanto, para peixes de água doce sua ação tanto metabólica
187
Cultivando o Saber
70
quanto sua exigência é pouco conhecida. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a
71
suplementação de vitamina B12 em dietas para alevinos de kinguios Carassius auratus.
72
73
Material e Métodos
74
O estudo foi realizado na estufa experimental do Grupo de Estudos de Manejo na
75
Aquicultura (GEMAq), localizada na Universidade Estadual do Oeste do Paraná
76
(UNIOESTE), campus Toledo, durante um período de 60 dias.
77
Foram utilizados 240 alevinos de kinguios com peso
inicial médio de
78
0,58±0,21gramas e comprimento inicial médio de 3,17±0,39cm, distribuídos aleatoriamente
79
em 20 tanques rede experimentais (12 peixes/tanque) confeccionados em malha sombrite,
80
compondo cinco tratamentos e quatro repetições, em um delineamento inteiramente ao acaso.
81
Os tanques rede, com capacidade de 150 litros de volume útil, foram dispostos no interior de
82
um tanque circular de alvenaria com capacidade de 25 m3de água, com sistema de aeração
83
constante ligado por mangueiras a um soprador de arcentral.
84
O suplemento mineral e vitamínico utilizado era isento de vitamina B12 e a fonte de
85
vitamina usada foi cianocobalamina (1,0%), em 0,00; 0,10; 0,20; 0,40 e 0,80 mg de vitamina
86
B12 por kg-1da dieta. Os tratamentos foram constituídos de uma dieta basal com 32% de
87
proteína bruta e 3200 kcalkg-1de energia digestível, conforme proposto Boscolo et al. (2002) e
88
Pezzato et al. (2002) para a tilápia do Nilo(Tabela 1). A suplementação dos níveis de vitamina
89
B12 estabelecida para cada tratamento foi realizada diluindo-se a quantidade da vitamina em
90
uma pequena fração da mistura e posteriormente incorporada com o restante da dieta.
91
Os ingredientes foram processados individualmente em moinho tipo martelo e
92
peneirados com peneira de malha 0,5 mm, a fim de reduzir o tamanho das partículas e expor
93
maior área para ação de enzimas digestivas (Monticelli et. al., 1996; Laurinen et. al., 2000).
94
Em seguida os ingredientes foram misturados e homogeneizados manualmente, conforme as
95
porcentagens estabelecidas na formulação das dietas. Nesta fase,foram adicionados os valores
96
correspondentes de vitamina B12 de cada tratamentoe o suplemento vitamínicode acordo com
97
a prescrição da formulação. Posteriormente essa fração foihomogeneizada manualmente e
98
acrescida à porção da mistura de cada tratamento.A mistura, hidratada (22% de água) e
99
homogeneizada, foi extrusadautilizando-se uma matriz de 1,2mm a uma temperatura de 90°C.
100
Para secagem a raçãopermaneceuem estufa a temperatura de 55°C por 24 horas. Toda a ração
101
fornecida aos peixes foi pesada de acordo com o tratamento e repetição, sendo fornecidas até
102
a saciedade aparente quatro vezes ao dia (8h, 11h, 14h e 17h).
103
Tabela 1 – Composição percentual e química calculada da dieta basal para alevinos de kinguios
188
Cultivando o Saber
Ingrediente %
Milho grão
Farelo de soja 45 %
Farinha de aves
Farelo de trigo
Farinha de peixe
Fosfato bicálcico
Óleo de soja
Suplemento (min.±vit.)1
Glúten de milho 60%
Sal comum
Calcário
Propionato
BHT
Metionina
Total
104
105
106
107
108
109
110
111
112
%
33,86
22,16
20,70
9,30
8,00
2,28
1,00
1,00
1,00
0,30
0,28
0,10
0,02
0,01
100,00
Nutriente
Amido (%)
Gordura (%)
Fibra bruta (%)
Energia digestiva (kcal kg-1)2
Cálcio (%)
Fósforo disponível (%)
Fósforo total (%)
Arginina total (%)
Fenilalanina (%)
Histidina (%)
Isoleucina (%)
Lisina total (%)
Metionina+cistina total (%)
Metionina total (%)
%
26,44
5,51
2,50
3200
2,03
1,23
1,40
2,13
1,45
0,73
1,35
1,75
1,09
0,61
1
= Níveis de garantia por quilograma do produto – vitamina A = 0,24 mg; vitamina D3 = 0,12 mg; vitamina E =
6mg; vitamina K3 = 0,69mg; vitamina B1 = 0,41 mg; vitamina B2 = 0,50 mg; vitamina B6 = 0,37 mg; Vitamina
C = 17,14 mg; Niacina = 2,04 mg; Pantotenato de cálcio = 1,02 mg; Biotina = 1mg; ácido fólico = 0,12 mg;
inositol = 3,06 mg; cloreto de colina = 16,67 mg; sulfato de cobre pentahidratado = 1,44 mg; sulfato de cobre
monohidratado = 5,33mg; sulfato de manganês = 3,85mg; sulfato de zinco = 6,86mg; iodato de cálcio = 0,03mg;
selenito de sódio = 0,02 mg; sulfato de cobalto = 0,06 mg; propionato = 2,00 mg.
2
= valores de energia digestiva e proteína bruta proposta por Boscolo et.al. 2002 e Pezzato et. al. 2002 para
tilápia do Nilo.
113
A qualidade da água do sistema de criação foi verificada semanalmente, pH (7,75
114
±0,39), condutividade elétrica (0,05 ±0,02 μS cm-1) e oxigênio dissolvido(5,40 ±1,10 mg L-1).
115
A temperatura (23,83 ±0,64°C) da água foi aferida quatro vezes ao dia, nos mesmos horários
116
da alimentação, permanecendo dentro dos níveis aceitáveis para a criação de peixes de clima
117
tropical.
118
Os peixes, ao final do experimento, permaneceram 24 horas sem alimentação para
119
esvaziamento do trato digestório. Em seguida foram coletados e anestesiados com solução de
120
benzocaína 87,5mgL-1 (Bittencourt et al., 2012) para realização das medições e pesagens. Foi
121
avaliadoo peso final, ganho de peso, comprimento padrão, comprimento total, sobrevivência
122
(%) e conversão alimentar aparente.
123
Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão e, posteriormente, à análise
124
de variância ANOVA para identificar possíveis diferenças ao nível de 5% de significância,
125
pelo programa estatístico SAEG (UFV, 1997).
126
127
Resultados e discussão
128
Os resultados de desempenho produtivo do kinguio não foram alterados pela
129
suplementação com vitamina B12, conforme pode ser observado na Tabela 2.Os valores de
189
Cultivando o Saber
130
ganho de peso ficaram entre 1,63 e 2,31g e a conversão alimentar aparente menos eficiente foi
131
de 2,14.
132
Bandyopadhyay et al.(2005), obteve resultados de ganho de peso de 2,59 g e
133
conversão alimentar aparente de 2,61 em experimento realizado com kinguios com peso
134
inicial de 1,66g. A conversão alimentar menos eficiente no trabalho realizado por esses
135
autores pode estar no fato deles terem utilizado ração comercial, muitas vezes com baixa
136
qualidade dos ingredientes. Yanar et al. (2008) avaliando ganho de peso e conversão
137
alimentar aparente em experimento com kinguio,observou que os dados de ganho de peso
138
(12,90 g) e conversão alimentar (1,77) foram superiores a este estudo, podendo esse fato ser
139
explicadopela idade e peso inicial dos peixes utilizados no estudo.
140
141
Tabela 2 - Desempenho produtivo de alevinos de kinguio alimentados com dietas
142
suplementadas com vitamina B12
Parâmetros
Níveis (mg de vitamina B12kg-1 de dieta)
1
0,00
143
144
145
146
0,10
0,20
0,40
CV %
0,80
PIM (g)
0,63±0,01
0,64±0,01
0,64±0,01
0,64±0,02
0,64±0,01
1,80NS
PFM(g)
2,26±0,10
2,47±0,29
2,95±0,79
2,38±0,14
2,61±0,29
16,05NS
GPM(g)
1,63±0,09
1,83±0,28
2,31±0,79
1,74±0,14
1,98±0,29
21,25NS
CP (cm)
3,12±0,10
3,19±0,25
3,25±0,14
3,16±0,05
3,20±0,16
4,82NS
CT (cm)
4,58±0,15
4,72±0,39
4,83±0,09
4,72±0,05
4,73±0,25
4,70NS
SO (%)
91,67±11,79
87,50±10,76
85,42±17,18
93,75±7,98
87,50±10,76 13,43NS
CAA
2,01±0,35
2,14±0,28
1,89±0,36
2,00±0,19
1,94±0,53
18,08NS
1
Médias± desviopadrão; NS:não significativo; PIM: peso inicial médio; PFM: peso final médio;GPM: ganho de
peso médio; CP: comprimento padrão; CT: comprimento total; SO: sobrevivência; CAA: conversão alimentar
aparente.
147
Os parâmetros de desempenho produtivo não apresentarem diferenças (P>0,05) entre
148
os diferentes níveis de suplementaçãoda vitamina B12,podendo esse fato ser explicado pelo
149
uso de dieta prática composta de ingredientes de origem animal, capaz de suprir as demandas
150
da vitamina B12(Limsuwan e Lovell, 1981).A quantidade de vitamina B12 na farinha de peixe
151
varia de acordo com a espécie utilizada e processamento. No entanto, o subproduto da tilápia,
152
peixe utilizado para elaboração da farinha de peixe, presente na formulação da dieta usada
153
neste estudo não é reconhecida como fonte de vitamina B12 (NCR, 2011).Além disso,
154
bactérias gastrointestinais são de grande importância na produção de vitamina B12 em peixes
155
de água doce. Quando encontradas no intestino dos peixes, estas podem complementar a
156
exigência dessa vitamina, reduzindo a quantidade a ser suplementada na dieta (Sugita et al.,
Cultivando o Saber
190
157
1991). Reforça essa explicação o fatodos animais serem incapazes de armazenar vitaminas
158
hidrossolúveis, assim após a assimilação, o animal utiliza a vitamina B12 para maturação dos
159
eritrócitos, metabolismo de ácidos graxos, metilação da homocisteína em metioninae para
160
normal reciclagem do ácido tetrahidrofólico, sendo o excesso eliminado,corroborando a
161
impossibilidade de o animal ter vitamina B12 estocada no seu organismo antes da realização
162
do experimento e indicando que as demandas foram supridas pela dieta prática.
163
Há relatos para algumas espécies de peixes que a microflora intestinal é capaz de
164
sintetizar quantidade suficiente de vitamina B12, atendendo as exigências nutricionais da
165
tilápia do Nilo Lovell e Limsuwan (1982) e tilápia híbrida (Oreochromis niloticus × O.
166
aureus) (Shiau e Lung, 1993). Por outro lado, a garoupa atinge seu crescimento máximo com
167
o fornecimento de 10 mg de cobaltokg-1 de dieta e junto com a produção bacteriana
168
gastrointestinal consegue quantidades suficientes de vitamina B12, não sendo necessário a
169
suplementação na dieta (Lin et al., 2010).A tilapia zillii atinge seu máximo crescimento com
170
dietas suplementadas com 250 e 500 mg Cokg-1 de dieta, em comparação a dietas com a
171
suplementação de 100 Co kg-1 de dieta (Anadu et al., 1990).Ademais, a microflora intestinal
172
de peixe pode ser influenciada por fatores endógenos e exógenos (Sugita et al., 1991), que
173
podem variar de acordo com o estádio de desenvolvimento do mesmo (larvas, juvenis e
174
adultos), sistema de cultivo utilizado, hábito alimentar (estrutura do trato digestório), estresse
175
sofrido no sistema de cultivo, temperatura da água, uso de antibióticos, entre outros fatores
176
que porventura podem influenciar no metabolismo dos peixes.
177
Na literatura observamos outros trabalhos em que os peixes não melhoraram seu
178
desempenho produtivo com a suplementação da vitamina B12. Pós-larvas de tilápia do Nilo
179
(O. niloticus) alimentadas com dietas suplementadas com níveis crescentes de vitamina B12de
180
0,0; 0,02; 0,04; 0,08; 0,16 e 0,32 mg de vitamina B12 kg-1 de ração, relataram não haver
181
influência da suplementação da vitamina B12 no desempenho produtivo dos peixes
182
(Fernandeset al., 2011).Pedronet al. (2011), avaliando níveis de suplementação de 0,0; 0,25;
183
0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg de vitamina B12kg-1 de ração, em dietas para juvenis de jundiá
184
cultivados em tanques-rede, também não observaram diferenças no desempenho
185
produtivo.Silvaet al. (2012), avaliando níveis de 0,0; 0,02; 0,04; 0,08 e 0,16 mg de vitamina
186
B12 kg-1 de ração em dietas para carpa colorida (Cyprinus carpio), não observaram influência
187
da vitamina no desempenho produtivo dos animais.
188
Neste trabalho, não foram observados sinais clínicos de deficiência da vitamina B12
189
nos peixes alimentados com os diferentes níveis de suplementação desta vitamina.Teixeira et
190
al. (2012),relataram piora na conversão alimentar aparente e no ganho de peso de alevinos de
191
Cultivando o Saber
191
tilápia alimentados com dietas ausentes de suplementação de piridoxina (vitamina B6) em
192
alevinos de tilápia do Nilo. Freitas et al. (2010), também não observaram diferenças no peso
193
final e sobrevivência de larvas de jundiá alimentados com dietas suplementadas com vitamina
194
B6, além de não haver sinais clínicos visíveis de deficiência causada pela ausência dessa
195
vitamina.
196
Feldmanet al.(2000), afirmam que as vitaminas do complexo B são hidrossolúveis e
197
essenciais para a eritropoiese dos peixes. As vitaminas hidrossolúveis não são armazenadas
198
nos organismos, logo, são absorvidas, executam funções específicas no metabolismo e são
199
excretadas, devendo ser ofertadas constantemente na dieta (Halver, 2002). Essas vitaminas
200
não causam problemas de hipervitaminose, sendo contrário a vitaminas lipossolúveis que são
201
armazenadas no organismo. Todavia, como principal sinal clínico da hipovitaminose pela
202
vitamina B12 é a anemia megaloblástica, essa ainda pode causar alterações neurológicas,
203
podendo ser irreversíveis se os animais forem submetidos à restrição desta vitamina na dieta
204
por longos períodos.
205
Signor et al. (2012), salientam que determinar a exigência de vitaminas hidrossolúveis
206
em peixes é primordial, embora, elas não causam hipervitaminose nos peixes, pode aparecer
207
sinais de hipovitaminose, depreciando o desempenho produtivo dos animais. No entanto, a
208
suplementação em níveis elevados, ocorrido pela falta de conhecimento da exigência em
209
peixes, ocorre constantemente nas fábricas de rações para peixes, uma vez que quantidades
210
altas nas rações aumentam os custos de produção, podendo ainda, prejudicar a qualidade da
211
água (Signor et al., 2012). Contudo, novos estudos devem ser realizados com o objetivo de
212
determinar as exigências dessa vitamina, essencialmente nas espécies de interesse comercial,
213
juntamente com as bactérias gastrointestinais e sua contribuição com a produção de vitamina
214
B12 para as diversas espécies de peixes.
215
216
Conclusão
217
Os níveis de suplementação de vitamina B12não influenciaramno desempenho
218
produtivo dos alevinos de kinguio, não sendo necessária a suplementação da vitamina B12 em
219
dietas práticas para alevinos de kinguios.
220
221
222
223
224
225
Referências
ANADU, D.I.; ANOZIE, O.C.; ANTHONY, A.D. Growth responses of Tilapia zilliii fed
diets containing various levels of ascorbic acid and cobalt chloride. Aquaculture, v.88,
p.329-336, 1990.
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