TÍTULO: “Perfil Alimentar, Antropométrico e Bioquímico de Pacientes com Homocistinúria Clássica” RESUMO Introdução e objetivos: A homocistinúria clássica (HC) é uma doença genética rara (prevalência 1:344.000) causada pela deficiência de cistationina β-sintase. As manifestações clínicas são multissistêmicas, envolvendo principalmente os sistemas ocular, vascular, nervoso central e ósseo. No entanto, as repercussões sobre o estado nutricional e sobre os parâmetros bioquímicos são pouco conhecidas. Foram objetivos desse estudo: 1) avaliar o estado nutricional dos pacientes com HC acompanhados pelo Ambulatório de Distúrbios Metabólicos (ADM) de um Hospital Geral de Porto Alegre e 2) determinar o dano oxidativo por lipoperoxidação (LPO) em pacientes com HC. Metodologia: Estudo transversal, prospectivo. Todos os pacientes do ADM com HC do foram convidados a participar do estudo. Aferidos peso, estatura, dobra cutânea triciptal (DCT), circunferência do braço (CB), índice de massa corporal (IMC) e circunferência muscular do braço (CMB). Exames laboratoriais de perfil lipídico, eritrograma e vitamina B12 foram consultados em prontuários. Para avaliar a LPO foi utilizado o método de quimiluminescência iniciada por tBOOH e resultados comparados com controles saudáveis. Resultados: incluídos no estudo 7 pacientes com HC e 18 controles saudáveis. A mediana de homocisteína dos pacientes no momento da avaliação foi de 219μmol/L. O IMC classificou como desnutridos 2/7 pacientes, sendo os demais eutróficos. Já pela DCT, 5/7 foram classificados como desnutridos (sendo 4 graves), pela CB 4/8 e pela CMB 4/8. Os percentuais de adequação da DCT foram significativamente inferiores aos do IMC. Em relação aos parâmetros bioquímicos, foi encontrada alta prevalência de deficiência de vitamina B12 (n= 4/7). Não foi encontrada diferença nos níveis de LPO entre os grupos (mediana pacientes: 86.918 cps/mg Hb; mediana controles: 105,170 cps/mg Hb; p=0,15). Conclusões: A avaliação do estado nutricional mostrou uma alta frequência de desnutrição em pacientes com HC, e também sugeriu uma depleção de gordura subcutânea. Os dados bioquímicos demonstram a necessidade do monitoramento periódico dos níveis de vitamina B12, visto que, além dos prejuízos já conhecidos, a deficiência desta vitamina pode prejudicar o controle metabólico, pois ela é essencial para o metabolismo da homocisteína. Os dados de LPO indicam que, embora a homocisteína possa ser uma agente próoxidante importante, na HC o aumento acentuado dos níveis de homocisteína não aumenta o dano oxidativo a lipídeos. Um das explicações para tal seria o efeito do tratamento - especialmente a suplementação de vitaminas antioxidantes. Em resumo, os resultados desse estudo ressaltam o papel fundamental do acompanhamento nutricional como auxiliar no tratamento clínico da HC.