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Prezado(a) candidato(a):
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PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA
LEIA O TEXTO COM ATENÇÃO. EM SEGUIDA, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE 1 A 7.
Biblioteca Verde
Papai, me compra a Biblioteca internacional
de Obras Célebres
São só 24 volumes encadernados
em percalina verde,
Meu filho, é livro demais para uma criança.
Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.
Quando crescer eu compro. Agora não.
Papai, me compra agora. É em percalina verde,
só 24 volumes. Compra, compra, compra.
Fica quieto, menino, eu vou comprar.
Rio de Janeiro? Aqui é o Coronel.
Me mande urgente sua Biblioteca
bem acondicionada, não quero defeito.
Se vier com arranhão recuso, já sabe:
quero devolução de meu dinheiro.
Está bem, Coronel, ordens são ordens.
Segue a Biblioteca pelo trem-de-ferro,
fino caixote de alumínio e pinho.
Termina o ramal, o burro de carga
vai levando tomando universo.
2
Chega cheirando a papel novo, mata
de pinheiros toda verde. Sou
o mais rico menino destas redondezas.
(Orgulho, não: inveja de mim mesmo.)
Ninguém mais aqui possui a coleção
das Obras Célebres. Tenho de ler tudo.
Antes de ler, que bom passar a mão
no som da percalina, esse cristal
de fluida transparência: verde, verde.
Amanhã começo a ler. Agora não.
Agora quero ver figuras. Todas.
Templo de Tebas, Osíris, Medusa,
Apolo nu, Vênus nua... Nossa
Senhora, tem disso tudo nos livros?
Depressa, as letras. Careço ler tudo.
A mãe se queixa. Não dorme este menino.
O irmão reclama: apaga a luz, cretino!
Espermacete cai na cama, queima
a perna, o sono. Olha que eu tomo e rasgo
essa Biblioteca antes que peque fogo
na casa. Vai dormir, menino, antes que eu perca
a paciência e te dê uma sova. Dorme,
filhinho meu, tão fraquinho.
Mas leio, Em filosofias
tropeço e caio, cavalgo de novo
meu verde livro, em cavalarias
me perco, medievo; em contos, poemas
me vejo viver. Como te devoro,
verde pastagem. Ou antes carruagem
de fugir de mim e me trazer de volta
à casa a qualquer hora num fechar
de páginas?
Tudo o que sei é ela que me ensino.
O que saberei, o que não saberei nunca,
está na Biblioteca em verde murmúrio
de flauta-percalina eternamente.
ANDRADE, Carlos Drummond de. São Paulo: Abril Educação, 1980. P. 67-68
3
QUESTÃO
1
Todas as considerações sobre o texto estão corretas, EXCETO:
a)
b)
c)
d)
O poema se constrói na forma de uma narrativa.
A experiência de um leitor que se dá no interior da família e da vida doméstica, mas não é partilhada pelos familiares.
A biblioteca verde é uma metáfora usada pelo leitor, quando criança, para referir-se à riqueza do mundo da leitura.
Um leitor elabora suas recordações sobre como se apropriou dos livros
de leitura.
QUESTÃO
2
Em todas as alternativas, os enunciados, retirados do poema se reportam às
vozes do ambiente familiar, EXCETO:
a)
b)
c)
d)
A mãe se queixa. Não dorme este menino.
O irmão reclama: apaga a luz, cretino!
Está bem, Coronel, ordens são ordens.
Olha que eu tomo e rasgo/ essa Biblioteca antes que pegue fogo/na casa.
LEIA O TRECHO ABAIXO PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES 3, 4 E 5.
Mas leio. Em filosofias
tropeço e caio, cavalgo de novo
meu verde livro, em cavalarias
me perco, medievo; em contos, poemas
me vejo viver. Como te devoro,
verde pastagem. Ou antes carruagem
de fugir de mim e me trazer de volta
à casa a qualquer hora num fechar
de páginas?
4
QUESTÃO
3
Sobre o trecho em exame, NÃO se pode afirmar que
a)
b)
c)
d)
a coleção de livros reúne uma série de obras não só filosóficas mas
também literárias.
no 2º verso, instaura-se entre os enunciados uma relação de oposição.
evocam-se, num movimento polifônico, obras clássicas da literatura.
a expressão verde pastagem, além de remeter-se ao pronome te, funciona como sujeito do verbo devorar.
QUESTÃO
4
Sobre a expressão medievo, NÃO se pode afirmar que é uma criação lexical
estilística
a)
b)
c)
d)
por meio da qual o leitor explicita os seus sentimentos sobre a vida
medieval.
cujo sentido deve ser conferido à luz do texto.
que obedece às regras do sistema verbal da língua portuguesa, sugerindo a suposta forma verbal: medievar.
que metonimicamente evoca uma relação do leitor com histórias de cavalaria, isto é, com uma literatura medieval.
QUESTÃO
5
Sobre o trecho em exame, NÃO se pode afirmar que ler é uma atividade durante a qual se pode
a)
b)
c)
d)
enfrentar dificuldade, mas vencê-las.
dispersar-se, criando um desinteresse.
experienciar momentos de deleite e de prazer.
deslocar-se para outros mundos, outras culturas.
5
QUESTÃO
6
Leia o trecho abaixo.
Antes de ler, que bom passar a mão
Agora quero ver figuras. Todas.
Templo de Tebas, Osíris, Medusa,
Apolo nu, Vênus nua... Nossa
Senhora, tem disso tudo nos livros?
Depressa, as letras. Careço ler tudo.
No trecho, podem-se identificar os modos como o leitor age com o objeto de
leitura. Assinale a alternativa que NÃO se apresenta adequada.
a)
b)
c)
d)
sensorial
racional
emocional
irracional
QUESTÃO
7
Do poema, NÃO se pode apreender que
a)
b)
c)
d)
os livros proporcionam status.
os livros são raros e caros.
os livros e/ou leitura carregam conhecimentos.
a leitura requer envolvimento do leitor.
AS QUESTÕES DE 08 A 10 REFEREM-SE À LEITURA DO TRECHO DO
ROMANCE O ENCONTRO MARCADO (1956), DO ESCRITOR MINEIRO
FERNANDO SABINO.
“[...] O professor era poeta, tinha noventa sonetos prontos, quando completassem cem publicaria um livro. [...] O professor só queria assim, era contra
os futuristas:
– Olhem aqui: vejam se isso é poesia: “É preciso fazer um poema sobre
a Bahia... Mas eu nunca fui lá”. Vejam este outro: “Café com pão, café com
pão, café com pão, café com pão...”
Os meninos riam.
– Agora vejam: “A lua banha a solitária estrada...”
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E, para acabar, “a lua a solitária estrada banha”. Reparassem: no
princípio a estrada ainda vazia, eles vinham vindo, os fidalgos, de volta da
caçada, as trompas soando, o remanso da noite embalsamada. Depois eles
passam, alegres, rindo, cantando, e agora já passaram, foram para o lado de
lá, portanto a lua não banha a solitária estrada. A lua a solitária estrada banha... Quer dizer que mudamos de posição, de pers-pec-ti-va! Até isso o soneto tinha. Para tanto era preciso conhecer o léxico.”
(SABINO, Fernando. O encontro marcado. 67. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 24-25)
QUESTÃO
8
No diálogo com os alunos, o professor se refere ao confronto entre
a)
b)
c)
d)
o Romantismo e o Arcadismo.
o Simbolismo e o Romantismo.
o Modernismo e o Parnasianismo.
o Concretismo e o Futurismo.
QUESTÃO
9
Leia o poema:
BAHIA
É preciso fazer um poema sobre a Bahia...
Mas eu nunca fui lá.
O poema acima, um dos criticados pelo professor, tem como característica
mais marcante
a)
b)
c)
d)
a síntese.
a metrificação.
a ruptura sintática.
a estrutura rítmica.
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AS QUESTÕES DE 10 E 11 REFEREM-SE AO POEMA A SEGUIR:
A cavalgada
A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando,
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
E o silêncio outra vez soturno desce,
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
QUESTÃO
10
Em sua análise desse poema, o professor de O encontro marcado enfatiza
principalmente
a)
b)
c)
d)
os itens lexicais que o constituem.
o encadeamento dos versos sugerindo a ideia de morte.
o contraste entre a paisagem da estrada antes e depois da passagem
dos cavaleiros.
o efeito de sentido decorrente do emprego da inversão sintática no verso
final.
8
QUESTÃO
11
NÃO é característica do poema “A cavalgada”
a)
b)
c)
d)
o descritivismo.
o sensorialismo.
a objetividade.
a forma fixa.
AS QUESTÕES 12 E 13 REFEREM-SE AO TEXTO A SEGUIR, DE MILLOR
FERNANDES.
O capitalismo mais reacionário
Tragédia em um ato
Personagens – o patrão e o empregado
Época – atual
Ato único
Empregado – Patrão, eu queria lhe falar seriamente. Há quarenta anos que
trabalho na empresa e até hoje só cometi um erro.
Patrão – Está bem, meu filho, está bem. Mas de agora em diante tome mais
cuidado.
(Pano bem rápido)
(FERNANDES, MILLOR. Trinta anos antes de mim mesmo. Rio de Janeiro: Nórdica,
1974. P. 15.)
QUESTÃO
12
O narrador do texto acima é
a)
b)
c)
d)
onisciente.
inexistente.
observador.
personagem.
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QUESTÃO
13
O texto lido organiza-se segundo o modelo do gênero literário que se define
por
a)
b)
c)
d)
ser produzido para a encenação pública.
narrar os fatos notáveis da história de em povo.
expressar as emoções e estados de alma do autor.
ridicularizar os vícios e atitudes reprováveis dos seres humanos.
QUESTÃO
14
NÃO é correto afirmar que o texto
a)
b)
c)
d)
provoca efeito de humor.
parodia a tragédia clássica.
explora a ironia em sua construção.
endossa um ponto de vista reacionário.
A QUESTÀO 15 DEVE SER RESPONDIDA COM BASE NA LEITURA DO
FRAGMENTO ABAIXO, EXTRAÍDO DO LIVRO TERRA SONÂMBULA
(1993), DO ESCRITOR MOÇAMBICANO MIA COUTO.
Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores
sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de
levantar asas pelo azul. Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se
acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte.
A estrada que agora se abre a nossos olhos não se entrecruza com outra nenhuma. Está mais deitada que os séculos, suportando sozinha toda a
distância. Pelas bermas apodrecem carros incendiados, restos de pilhagens.
Na savana em volta, apenas os embondeiros contemplam o mundo a desflorir.
Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada. Andam bambolentos
como se caminhar fosse seu único serviço desde que nasceram. Vão para lá
de nenhuma parte, dando o vindo por não ido, à espera do adiante. Fogem da
guerra, dessa guerra que contaminara toda a sua terra. Vão na ilusão de,
10
mais além, haver um refúgio tranquilo. Avançam descalços, suas vestes têm
a mesma cor do caminho. [...]
(COUTO, Mia. Terra sonâmbula. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 9)
QUESTÃO
15
Uma das marcas da prosa de Mia Couto é o emprego de recursos próprios da
linguagem poética, o que confere sensibilidade e lirismo à narrativa.
Considere as passagens do texto e a respectiva identificação do recurso poético nelas empregado.
I.
“A estrada que agora se abre a nossos olhos não se entrecruza com
outra nenhuma.” – aliteração.
II . “Na savana em volta, apenas os embondeiros contemplam o mundo a
desflorir.” – personificação.
III . “Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada.” – metáfora.
A identificação está CORRETA em:
a)
b)
c)
d)
I apenas.
II apenas.
I e II.
II e III.
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P R O D U Ç Ã O
D E
T E X T O
Sua tarefa é produzir uma narrativa sobre a sua vida de leitor(a), realçando
como se deu o seu contato com os livros e com o mundo da leitura. Esse texto será publicado em uma revista universitária, cuja edição tem como tema
leitura e leitores.
Para auxiliá-lo(a) nessa tarefa, recomenda-se que você leia, com atenção, os
trechos abaixo, retirados de diferentes obras, os quais trazem relatos e/ou
memórias de como seus autores se tornaram leitores.
Trecho 1
Comecei minha vida como hei de acabá-la, sem dúvida: no meio dos livros.
No gabinete do meu avô, havia-os por toda parte; era proibido espaná-los
exceto uma vez no ano antes do reinício das aulas em outubro. Eu ainda não
sabia ler e já reverenciava essas pedras eregidas; em pé ou inclinadas, apertadas como tijolos nas prateleiras da biblioteca ou nobremente espacejadas
em aléias de menires, eu sentia que a prosperidade de nossa família dependia delas. Elas se pareciam todas; eu folgava num minúsculo santuário, circundado de monumentos atarracados, antigos, que me haviam visto nascer,
que me veriam morrer e cuja permanência me garantia um futuro tão calmo
como o passado. Eu os tocava às escondidas para honrar minhas mãos com
sua poeira, mas não sabia bem o que fazer com eles. (JEAN PAUL SARTRE,
1978, p. 35).
Trecho 2
Como meu pai era diplomata, viajávamos muito. Os livros davam-me um lar
permanente, e um lar que eu podia habitar exatamente como eu queria, a
qualquer momento, por mais estranho que fosse o quarto que eu tivesse de
dormir ou por mais inteligíveis que fossem as vozes do lado de fora da minha
porta. (MANGUEL, 1997, p.24).
Trecho 3
A cada novo poema, lido ou ouvido no passado, e onde o meu olho batia agora voltava todo o mundo, todo o espaço onde eu me movia naquela época.
Mil lugares. Mil cheiros. Mil sensações esquecidas de dezessete anos atrás
voltaram pra mim naquela noite. E esse é ainda um outro aspecto maravilhoso do livro: ele guarda, ele segura o que a gente é quando transa com ele; e
então, passados os anos, a gente pode revisitar, reavaliar, reviver a vida da
gente, voltando aos livros com os quais a gente teve um
caso de amor.
(BOJUNGA, 2004, p.49).
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R A S C U N H O
D O
T E X T O
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L. PORTUGUESA E LITERATURA EM LÍNGUA