UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A CRIANÇA E A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM Por: Rita de Cássia Lima Lyrio Orientador Profª. Carly Machado Rio de Janeiro 2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A CRIANÇA E A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM Apresentação de Candido Mendes obtenção do monografia como grau à requisito de Psicopedagogia. Por: Rita de Cássia Lima Lyrio Universidade parcial para especialista em 3 AGRADECIMENTOS ....a DEUS, a amiga Cláudia Palma Barcellos e a minha irmã Lúcia de Fátima Lima Lyrio. 4 DEDICATÓRIA .....dedico aos meus pais pelo incentivo. 5 RESUMO Para melhor atender uma criança com dificuldade de aprendizagem fazse necessário o conhecimento do seu desenvolvimento cognitivo para que se possa saber se é um problema apenas de ritmo lento ou neurológico, como também o conhecimento do processo de aprendizagem apresentado nesse trabalho pelos teóricos Vygotsky, Piaget, Richiére-Riviére e Wininicott. Com esse conhecimento o professor poderá perceber a melhor forma de aprender do aluno e, se não obtiver progresso, encaminhá-lo ao profissional especializado. 6 METODOLOGIA A idéia do desenvolvimento do tema partiu de uma reportagem lida na Revista Escola sobre dificuldades de aprendizagem na qual se questionava as aplicações de provas pelo Governo, para medir o conhecimento dos alunos em diferentes séries. Como a dificuldade de aprendizagem esta diretamente ligada ao desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança, foi selecionado uma bibliografia sobre o desenvolvimento infantil de zero a dez anos (Arnold Gesell e Carl Ivar Sandstrom),o fracasso escolar (Nádia Bossa) e sobre a dificuldade de aprendizagem (Sara Pain, Maria Lucia L. Weiss e Alicia Fernandez). 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Desenvolvimento Infantil 10 CAPÍTULO II - Dificuldade de Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil 20 CAPÍTULO III – A Importância da Psicopedagogia em Contextos de Dificuldade de Aprendizagem 28 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41 ÍNDICE 43 FOLHA DE AVALIAÇÃO 45 8 INTRODUÇÃO O desenvolvimento deste trabalho partiu da necessidade de mostrar que existe um caminho para auxiliar os alunos com dificuldades de aprendizagem. O quadro atual de fracasso escolar está com um índice muito alto. A discrepância entre idade e série, evasão escolar são tão grande que está mobilizando o Ministério de Educação e Cultura a desenvolver projetos, definir metas, liberar recursos, exigir melhor formação dos professores. O professor deve ter o conhecimento do desenvolvimento infantil para saber se o seu aluno está no lugar certo e na hora certa para que ele possa ser bem avaliado e/ou encaminhado para um profissional de outra área a fim de auxiliá-lo na sua dificuldade de aprendizagem, antes de rotulá-lo de aluno problema, anormal, abandonando-o na sala de aula. O fazer diferente vai caber ao professor que hoje é visto como o culpado pela dificuldade de aprendizagem de seus alunos (antes era a família e a criança), por não procurar adaptar o conteúdo programado com a realidade dos alunos, e também por não repensar seus métodos. No capítulo I fala-se sobre o desenvolvimento infantil, com o único objetivo de mostrar a importância do papel do adulto no crescimento do bebê, já que o bebê desde o nascimento precisa de atendimento a suas necessidades para que não se frustre e tenha um bom desenvolvimento emocional. Com a aquisição da linguagem a criança cria mais independência, torna-se sociável e desenvolve a sua personalidade. Observaremos no capítulo II – Dificuldade de Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil – o início da preocupação sobre o fracasso escolar e 9 também as contribuições dos teóricos Vygotsky, Pichon-Riviére e Piaget sobre aprendizagem. No capítulo III, temos a dificuldade de aprendizagem no olhar da Psicopedagogia, analisando a relação da criança com a família e a escola, com relatos de um filme e um trabalho pedagógico desenvolvido em uma escola. O trabalho é finalizado com um estudo de caso teórico, sobre um menino G. de seis anos e onze meses, um exemplo claro da constatação da aplicação da teoria na prática. 10 CAPÍTULO I DESENVOLVIMENTO INFANTIL Com todas as mudanças que a globalização trás, o homem continua nascendo como um animal mais frágil e vulnerável do planeta. Não pode contar unicamente com seus instintos para viver, ele continua sendo dependente de outro ser humano que cuide dele, que dê afeto, proteção, segurança, o eduque para a vida, transformando-o em um ser humano digno deste nome. Para tal transformação a criança passa por várias fases do desenvolvimento. Cada fase depende da fase anterior. A criança ainda engatinha antes de caminhar e balbucia antes de falar. A figura materna continua sendo de muita importância, cabendo a mãe alterar a sua rotina principal nos primeiros meses, pois a criança, não tendo fronteira entre o sono e a vigília, chora sinalizando que necessita de algo e com isso precisa de conforto e aconchego para se sentir segura e se acalmar. 1.1 – Desenvolvimento Cognitivo Segundo Sandstrom (1978), é difícil dividir o desenvolvimento em partes, no entanto, tal divisão se faz necessária para melhor compreensão de cada fase. 11 1.1.1 – De zero a dezoito meses No período de zero a dezoito meses o bebê vai se descobrindo, tomando conhecimento dos seus sentimentos e das pessoas que o cercam. À medida que o corpo ganha desenvoltura e ele consegue se sentar, ele tem uma visão maior do espaço em que vive e começa a descobrir os objetos em sua volta levando tudo a boca. Nada irá lhe interessar a não ser as suas explorações, até que comece a engatinhar, passando a estudar os objetos e não mais os levando à boca (SANDSTRON, 1978). 1.1.2 – Um ano Com um ano de idade, ainda segundo Sandstrom, já começa a ficar em pé com a ajuda de um adulto ou segurando em alguma coisa. Repete as palavras que já conhece. È a fase de fazer “gracinhas” para a família. Ela cresce rapidamente. Os cabelos e os dentes surgem. Este período é caracterizado pelo egocentrismo, pois para ela o mundo gira sobre si mesmo. 1.1.3 – Dois anos Quando completa os dois anos, a criança está numa nova fase da infância. Ela é muito viva, ágil e alegre. Sobe escada pausadamente, pula, dança. Segura melhor na colher, passa as páginas de um livro folha por folha. O seu vocabulário aumenta ( neste período, ela aprende as palavras para emprega-las com três anos). Também consegue achar as outras pessoas interessantes. Está evoluindo de uma fase pré social para a social (SANDSTRON, 1978). 12 1.1.4 – De três a quatro anos Por volta dos três e quatro anos, está muito mais segura no caminhar, descendo normalmente as escadas. Abotoa a sua roupa e calça os sapatos (ainda não dá o laço). Gosta de fazer amigos e colabora socialmente, pois já compreende melhor o mundo em sua volta – está menos egocêntrica. Já distingue o sexo feminino do masculino. Geralmente abandona a fralda neste período. È extremamente ativa na linguagem, sendo capaz de classificar, identificar e comparar as palavras. È a fase dos “como” e “por que” (SANDSTRON, 1978). È uma fase plena de crescimento. Conta histórias incríveis é linguaruda, às vezes parece quase ter consciência do seu processo de desenvolvimento. Está interessadíssima em fazer cinco anos, fala muito nisso (GESELL, 1998). 1.1.5 – De cinco a seis anos Com cinco e seis anos, ela está preparada para a atividade escolar. Apresenta boa coordenação motora, consegue se pentear e escovar os dentes. Troca o triciclo pela bicicleta. Também está mais equilibrada emocionalmente. Começa a aprender regras e padrões de comportamentos. Gosta de ajudar nas coisas de casa. Apresenta curiosidade em saber sobre a vida da mãe e dela quando era bebê. Com seis anos os dentes começam a cair (SANDSTROM, 1978). Segundo Gesell (1998), com cinco anos ela tem senso de humor, tem um sentido bastante forte da posse: as coisas de que gosta, sente mesmo orgulho em possuí-las, mas isso é só em relação aquilo que é seu. Tende a ser 13 realista e concreta. Referi-se tudo à sua pessoa, sem mostrar agressividade. Pensa antes de falar. Ainda segundo Gesell, aos seis anos temos modificações fundamentais, tanto somáticas como psicológicas. È uma idade de transição. Quer sempre ser a primeira e ganhar sempre. Aos cinco anos a sua consciência das coisas e as suas capacidades de manobra estavam mais equilibradas; aos seis, tem consciência de mais coisas do que é capaz de manobrar. 1.1.6 – De sete a oito anos Com seus sete e oito anos, é uma tranqüilidade. È boa ouvinte, concentrada, pensa antes de agir. Esta numa fase muito boa para o período escolar. Os meninos jogam futebol e as meninas amarelinhas. Os jogos e as brincadeiras têm regras (SANDSTROM, 1978). Quando a criança completa sete anos, tendem a períodos de meditação, durante os quais põem em ordem as suas impressões subjetivas. Essa tendência para a meditação, deriva de um mecanismo psicológico, através do qual assimila, revive e reorganiza as suas experiências. Por isso, temos uma criança eventualmente concentrada, distraída, às vezes triste, resmungona. Apesar de tantas reflexões, ela não fica isolada, ela está tornando consciente não só de si, mas também dos outros (GETELL, 1998). Ainda segundo Getell, aos oito anos a criança está se expandindo, intelectual e emocionalmente, em milhares de direções, explorando até a história do passado da humanidade e o seu destino futuro. No aspecto físico ela começa a parecer mais amadurecida. Nesta idade os comportamentos começam a ter características diferenciadas para os meninos e meninas. Na escola, não é mais tão dependente da professora. Cada criança tem nítida consciência do grupo escolar e sabe das suas obrigações. 14 1.1.7 – De nove e dez anos Aos nove e dez anos em diante se torna “impossível” quando os pais começam a proibir, a punir e criar regras. Ela quer que a sua independência e maturidade sejam respeitadas. Os amigos se tornam mais importantes que a sua família. É o período em que ocorre a formação dos grupinhos de meninos e meninas. A criança entra na puberdade e começa a aparecer as primeiras transformações físicas. Geralmente as meninas entre dez e doze anos têm a sua primeira menstruação, já os meninos a maturação do seu órgão sexual inicia-se entre os onze e quatorze anos. Com isso a criança passa a ser um adolescente (SANDSTROM, 1978). Segundo Getell, aos nove anos a criança manifesta uma aptidão considerável tanto para a crítica social como para a autocrítica. Tem os olhos e os ouvidos bem aberto a todos os pormenores significativos e curiosos que chegam até ela por via do rádio, da televisão, do cinema, das revistas ilustradas e das conversas dos adultos. Vimos que o crescimento e o desenvolvimento comportamental estão intimamente relacionados entre si. O corpo e os seus órgãos devem-se desenvolver de maneira a tornar possíveis as modificações de comportamento que caracterizam as diferentes idades. 1.2 – Desenvolvimento Emocional e Social O desenvolvimento emocional da criança nessa fase, com as suas necessidades atendidas, irá acarretar um sentimento de confiança básica. Segundo Cória-Sabini (1997), a confiança básica se define pela certeza de que 15 as necessidades serão atendidas assim que for manifestada, caso contrário, o mundo para a criança se tornará uma fonte de ameaça e frustração. Com o desenvolvimento da linguagem a curiosidade intelectual da criança é expandida. Ela quer saber de tudo “o que é isso”, “por que”, “como”, cabendo aos pais, aos adultos, responderem para que ela construa o seu conhecimento. Também terá de ser orientada na formação da consciência moral, sabendo que existem regras e obrigações que são assimiladas gradativamente através dos seus pais, adultos, amiguinhos e professores formando assim conceitos de bem x mal, justiça. A importância do comportamento do adulto nessa fase é de tal relevância que ele deve ficar atento a sua dicção e as normas gramaticais, já que para muitos teóricos da educação a grande parte da linguagem é adquirida pela observação e imitação do comportamento dos adultos. 1.2.1 – As Teorias do Desenvolvimento Emocional e Social Wallon diz que , “incapaz de efetuar algo por si próprio, ele [o recém nascido] é manipulado pelo outro e é nos movimentos desse ‘outro’ que suas primeiras atitudes tomarão forma” (ibid.,p161). As atitudes, vinculadas aos estados de desconforto, de necessidade, imprimem na relação, aspectos culturais distintos, configurando a singularidade e a historicidade de cada criança. Nesse sentido, o adulto é um mediador entre a criança e ela mesma, entre ela e os elementos do mundo cultural onde nasceu (CARRARA, 2004, p.49). A indiferenciação entre a criança e o meio envolvente, a comunhão afetiva estabelecida, constitui uma primeira relação psicológica: a emoção que, segundo Tran-Thong (1967), revela a originalidade da contribuição de Wallon aos estudos sobre o desenvolvimento infantil ( CARRARA , 2004, p.49). 16 Para Piaget, o “ser social” de mais alto nível é justamente aquele que consegue relacionar-se com seus semelhantes da forma equilibrada. E, as diversas etapas que definem qualidades diferenciadas do “ser social” acompanham as etapas do desenvolvimento cognitivo. No período sensóriomotor, a criança constrói esquemas de ação que constituem uma espécie de lógica das ações e das percepções. Essa primeira organização da inteligência sensório-motora anuncia a ulterior, na qual as ações serão interiorizadas – ou seja, efetuadas mentalmente. De dois a sete anos – período pré-operatório – embora a inteligência já seja capaz de empregar símbolos e signos, ainda lhe falta à reversibilidade, ou seja, a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os objetos ( por exemplo, a ausência de conservação da quantidade quando se transvaza o conteúdo de um copo A para outro B, de diâmetro menor). Tal reversibilidade será construída nos períodos operatório concreto e formal. No primeiro, a criança raciocina de forma coerente, contanto que possa manipular os objetos ou imaginar-se nessa situação de manipulação; no segundo, já é capaz de raciocinar sobre simples hipóteses. A qualidade de suas trocas intelectuais com outrem ainda define um grau de socialização precário, onde ela se encontra ainda isolada dos outros, não por estar plenamente consciente de si e fechada em si mesma por alguma decisão autônoma, mas por não conseguir usufruir da riqueza que essas trocas lhe trarão mais tarde. A partir do estágio operatório, as trocas intelectuais começarão a se efetuar e, paralelamente a criança alcançará o que Piaget denomina de personalidade. Escreve ele: “A personalidade não é o “eu” enquanto diferente dos outros “eus” e refratário à socialização, mas é o indivíduo se submetendo voluntariamente as normas de reciprocidade e de universalidade. Como tal, longe de estar à margem da sociedade, a personalidade constitui o produto mais refinado da socialização. 17 Com efeito, é na medida em que o “eu” renuncia a si mesmo para inserir seu ponto de vista próprio entre os outros e se curvar assim às regras da reciprocidade que o indivíduo torna-se personalidade (...) Em oposição ao egocentrismo inicial, o qual consiste em tomar o ponto de vista próprio como absoluto, por falta de poder perceber seu caráter particular, a personalidade consiste em tomar consciência desta relatividade da perspectiva individual e a colocá-la em relação com o conjunto das outras perspectivas possíveis: a personalidade é, pois, uma coordenação da individualidade com o universal.”(Piaget,1973, apud TAILLE, 1992, p.16-17) Na Escola de Vygotsky temos a teoria histórico-cultural que diz que o lugar ocupado pela criança nas relações sociais de que participa é força motivadora de seu desenvolvimento e esse lugar é justamente determinado pela concepção que os adultos tem a cerca da criança e de seu desenvolvimento, pois o adulto é quem se aproxima da criança, apresenta o mundo da cultura para ela e cria nela necessidades, interesses e motivos, de acordo com a experiência que vai proporcionando para a criança ( CARRARA, 2004, p.153). Segundo Carrara (2004), o ser humano não nasce humano, mas aprende a ser humano com as outras pessoas – com as gerações adultas e com as crianças mais velhas –, com as situações que vive, no momento histórico em que vive e com a cultura a que tem acesso. O ser humano é, pois, um ser histórico-cultural. È o que podemos observar num exemplo simples do filme Tarzan, onde ele foi esquecido na selva e foi educado pelos macacos e só foi perceber que era diferente e, portanto humano, quando apareceram “pesquisadores” no seu caminho. “Uma idéia central para a compreensão das concepções de Vygotsk sobre o desenvolvimento humano como processo sóciohistórico é a idéia de mediação. Enquanto sujeito de conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas um acesso mediado, isto é, feito através dos recortes do real operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe. O conceito de mediação inclui dois aspectos complementares. Por um lado refere-se ao processo de representação mental: a própria idéia de 18 que o homem é capaz de operar mentalmente sobre o mundo supõe, necessariamente, a existência de algum tipo de conteúdo mental de natureza simbólica, isto é, que representa os objetos, situações e eventos do mundo real no universo psicológico do indivíduo. Essa capacidade de lidar com representações que substituem o real é que possibilita que o ser humano faça relações mentais na ausência dos referentes concretos, imagine coisas jamais vivenciadas, faça planos para um tempo futuro, enfim, transcenda o espaço e o tempo presentes, libertando-se dos limites dados pelo mundo fisicamente perceptível e pelas ações motoras abertas. A operação com sistemas simbólicos – e o conseqüente desenvolvimento da abstração e da generalização – permite a realização de formas de pensamento que não seriam possíveis sem esses processos de representação e define o salto para os chamados processos psicológicos superiores, tipicamente humanos. O desenvolvimento da linguagem – sistema simbólico básico de todos os grupos humanos – representa, pois, um salto qualitativo na evolução da espécie e do indivíduo.” “Se por um lado a idéia de mediação remete a processos de representação mental, por outro lado refere-se ao fato de que os sistemas simbólicos que se interpõem entre sujeito e objeto de conhecimento têm origem social. Isto é, é a cultura que fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade e, por meio deles, o universo de significações que permite construir uma ordenação, uma interpretação, dos dados do mundo real. Ao longo de seu desenvolvimento o indivíduo internaliza formas culturalmente dadas de comportamento, num processo em que as atividades externas, funções interpessoais, transformam-se em atividades internas, intrapsicológicas. As funções psicológicas superiores, baseadas na operação com sistemas simbólicos, só, pois, construídas de fora para dentro do indivíduo. O processo de internalização é assim, fundamental no desenvolvimento do funcionamento psicológico humano.” (OLIVEIRA, 1991, apud KHOL DE OLIVEIRA, 1992, p. 26-27) 1.3 – Desenvolvimento Infantil na Atualidade Atualmente vemos os pais de classe média muito preocupados em programar os filhos para o sucesso, preenchendo todo o tempo da criança entre a escola e vários cursos: inglês, balé, tênis, reforço escolar... Como conseqüência temos uma criança que dorme até em cima dos livros, apresenta 19 estresse de adultos, perde o apetite. Tal fenômeno se repete em classes menos favorecida. Os filhos procuram projetos da prefeitura e cursos de qualificação gratuitos e se inscrevem, ocupando, também todo o seu tempo vago. Acredito que nesse caso a própria criança se interessou e está satisfeita com o que faz. Diferentemente do relato acima, pois os pais impuseram, já que quando pequena a criança não tem poder de decisão e prefere ter mais tempo para brincar. Segundo Demóstenes Neves da Silva, teólogo, professor e mestre em Família na Sociedade Contemporânea, o mundo demanda mais preparo hoje do que no passado e os pais são pressionados a acompanhar o movimento frenético do mundo moderno e esperar isso dos filhos. O resultado natural é o aumento nas expectativas por parte dos pais em relação aos filhos. O problema é que essas expectativas às vezes se tornam sobrecarga para os filhos. Parece que os pais estão sem saber o que fazer diante das mudanças nas relações com os filhos e das demandas sociais para o sucesso. Antigamente era mais simples escolher. Temos também hoje muitas crianças cujo núcleo familiar é composto de forma diferenciada: homossexuais (masculino ou feminino), mães trabalhando fora, pais ausentes e a maioria dos bebês e crianças vão para a creche, préescolas, mas apesar de tantas mudanças, a família continua sendo o referencial para o desenvolvimento da criança. 20 CAPÍTULO II DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INFANTIL O fracasso escolar é considerado um sintoma social e é analisado no contexto individual, cultural e escolar. Existem também os obstáculos à aprendizagem, decorrentes de fatores ideológicos presentes na organização do sistema educacional brasileiro (BOSSA, 2000). È claro que estamos vendo que o governo vem desenvolvendo vários programas através do MEC, para melhorar o problema de dificuldade de aprendizagem a fim de mudar o quadro brasileiro dos estudantes que cursam séries incompatíveis com a sua idade. Os municípios estão se organizando para definir metas e fazer planos para melhorar a qualidade das redes públicas. Movidos pela necessidade de alterar os índices e também pela perspectiva de receber recursos para atingir as metas, uniram-se Secretário de Educação, Diretores de escolas, 21 Coordenadores Pedagógicos, Professores e, em alguns casos, membros da comunidade e elaboraram o Plano de Ações Articuladas (PAR). Essas Medidas vem estimulando os educadores, pois verificam que a Educação passa, efetivamente, a ser tratada como um problema público. (REVISTA ESCOLA, ago, 2008). 2.1 – O Problema da Aprendizagem Segundo Bossa (2000), foi no século XIX que começou o interesse por compreender e atender aos portadores de problema de aprendizagem. Os primeiros educadores que se interessaram pelo assunto, eram médicos, depois surgiram a era da psicometria com Binet e Simon. Assim, o fracasso escolar ficou associado ao déficit intelectual – baixo QI, logo, qualquer fracasso era associado com debilidade mental. Porém, tal associação não foi suficiente, logo se verificou que não adiantaria ter uma grande inteligência, pois uma boa aprendizagem estava diretamente relacionada à estrutura da personalidade do sujeito. “Pode-se dizer que o nível de maturação de um indivíduo para a aprendizagem depende do interjogo entre fatores intelectuais e afetivos, o equipamento biológico que traz ao nascer e as condições de comunicabilidade com o meio significativo.” (BOSSA, 2002, p. 24) “Consideramos perturbações na aprendizagem aquelas que atentam contra a normalidade deste processo, qualquer que seja o nível cognitivo do sujeito. Desta forma, embora seja freqüente uma criança de baixo nível intelectual apresentar dificuldades para aprender, apenas consideraremos problemas de aprendizagem aqueles que não dependam daquele déficit. Isto quer dizer que os problemas de aprendizagem são aqueles que se pressupõem ao baixo nível intelectual, não permitindo ao sujeito aproveitar as suas possibilidades.” (PAIN, 1985, p.13) 22 Segundo PAIN(1985), o problema de aprendizagem pode ser considerado como um sintoma e pode ser determinado por fatores fundamentais: fatores orgânicos, específicos, psicógenos e ambientais. Nos fatores orgânicos, podemos destacar a perda sensorial (audição e visão), lesões no sistema nervoso ( hipercinesias, afasias, certas dislexias), mal funcionamento glandular (sonolência, baixa concentração, estados de hipomnésia) e o déficit alimentar crônico que produz uma distrofia generalizada que abrange sensivelmente a capacidade de aprender. Nos fatores específicos, os transtornos na área da adequação perceptivo-motora aparecem especialmente no nível da aprendizagem, sua articulação e sua lecto-escrita. Nos fatores psicógenos, se confundem com sua significação. È importante destacar que não é possível assumi-lo sem levar em consideração as disposições orgânicas e ambientais da criança. Nos fatores ambientais, é especialmente determinante no diagnóstico do problema de aprendizagem na medida em que nos permite compreender sua coincidência com a ideologia e com os valores vigentes no grupo. 2.2 – Contribuições de Vygotsky, Pichon-Riviére e Piaget para a Educação 2.2.1 – VYGOTSKY Para Vygotsky durante o processo de aprendizagem a criança parte de suas próprias generalizações e significado. Ela raciocina sobre as explicações recebidas e as transforma de acordo com os seus esquemas lógicos e 23 conceituais. Para isso, necessita do auxílio dos adultos ou de outras crianças ( CORIA-SABINI 1997, p 157). “A aprendizagem está presente desde o início da vida da criança. Na concepção Vygotskyana, o conceito de desenvolvimento se amplia na medida em que inclui um segundo nível de desenvolvimento denominado “zona de desenvolvimento proximal”, que se refere à distância entre o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas independentemente da ajuda alheia – e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de adultos ou companheiros mais capazes.” (PALANGANA, 2001, p 128,129) Fica claro que o papel da escola é dirigir o trabalho educativo para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pela criança, fazendo com que ela supere seu nível de desenvolvimento e prepará-la para a realização de tarefas sozinhas, pois o aprendizado cria processos de desenvolvimento que aos poucos se torna parte de suas possibilidades reais (CARRARA, 2004, p. 143, 144). É preciso que o educador descubra as formas mais adequadas de trabalho para o seu grupo tendo conhecimento dos níveis de desenvolvimento real e proximal da criança. Para os estudiosos da Escola de Vygotsky não se deve criar o ensino forçado colocando a criança em pré-escola, diminuindo a sua infância, a fim de garantir um maior progresso. O ensino da criança de zero a seis anos não se desenvolve sob a forma de lição escolar, mas sob a forma de jogo, observação direta, de diferentes tipos de atividade lúdica, prática e plástica. Com essa formação orientada teremos uma boa personalidade (id. p 152, 154). formação da sua inteligência e 24 2.2.2 – PICHON-RIVIÉRE Para Pichon-Riviére (1982), o sujeito fica ansioso quando se vê colocado em situação de aprendizagem nova. Ele experimenta dois medos básicos: “medo à perda” quando teme perder o equilíbrio emocional já obtido e o “medo ao ataque” quando não se sente devidamente instrumentado na nova situação. Ele complementa dizendo que existe os momentos seqüenciais; “momento confusional” ( todo o início, desarrumação) e o “momento de discriminação” (separação e procura dos lugares dentro do que já sabe). Quando o professor ensina de forma inadequada, o aluno não consegue discriminar e os seus conhecimentos já adquiridos se confundem, tornando a elaboração do conhecimento mais demorada e difícil (Pichon-Riviére,1982, apud WEISS, 2008, P. 20, 21). 2.2.3 – PIAGET Já Piaget, segundo Richmond (1981), nos fala que cada situação de aprendizagem envolve assimilação e acomodação. A inteligência é um processo de adaptação, uma adaptação biológica que amadurece da infância até a idade adulta. Cada experiência que temos é introduzida na mente e ajustada às experiências que lá já existem (assimilação). A nova experiência precisará ser modificada em certo grau a fim de ajustar-se (acomodação). Algumas experiências não podem ser recebidas porque não se ajustam. Então, são rejeitadas. O crescimento do intelecto é um processo cumulativo, mas a nova experiência não é introduzida à força, pois se funde com o que lá já existe, modificando assim o que já existe e sendo ela própria modificada. 25 Temos como exemplo, a criança quando começa a conhecer animais e o primeiro que conhece é um cachorro, ao ver um cavalo ela dirá que também é um cachorro por possuir semelhanças com um cavalo. Daí ocorrerá um processo de assimilação, uma similaridade entre o cavalo e o cachorro. A diferenciação entre um e o outro, ocorrerá por um processo chamado de acomodação. O adulto corrige a criança dizendo que aquilo é um cavalo. Logo ela acomoda este estímulo a uma nova estrutura cognitiva. Cada passo à frente do desenvolvimento intelectual exige a aplicação do que já é compreendido ao que não é compreendido, seguido por um ato de ajustamento no qual o conhecido é modificado pelo desconhecido. Ainda, segundo Richmond, numa situação educacional formal, adaptação e desenvolvimento são de primordial interesse. Um dos principais objetivos do professor será de apresentar à criança situações que exijam que ela adapte sua experiência passada. O professor facilitará a adaptação e auxiliará a criança no seu desenvolvimento. O professor só não pode exigir que a criança acomode palavras antes que suas estruturas mentais possam assimilá-las. Piaget nos diz: “Em alguns casos, o que é transmitido por instrução é bem assimilado pela criança porque representa de fato a extensão de algumas construções espontâneas dela mesma. Em tais casos, seu desenvolvimento se acelera. Mas em outros casos, as dádivas de instrução são apresentadas cedo demais ou tarde demais ou demaneira que impede a assimilação porque não se harmonizam com as construções espontâneas da criança. Então o desenvolvimento da criança é dificultado ou mesmo desviado para a esterilidade, como acontece tão frequentemente no ensino das ciências exatas. Por isso eu não creio, como Vygotsky parece crer, que novos conceitos, mesmo no nível escolar, são sempre adquiridos através de intervenção didática adulta. Isso pode ocorrer, mas há uma forma de instrução muito mais produtiva: o 26 chamado esforço de escolas “ativas” párea criar situações que, embora não espontâneas” em si próprias, evocam elaboraçãoespontânea da parte da criança, quando se consegue ao mesmo tempo despertar-lhe o interesse e apresentar o problema de maneira que corresponda às estruturas que ela própria já formou.” (Piaget,Comments, p11, apud RUICHMOND, 1981, P 156) Por fim, cito o artigo de Stefanini e Belletti Cruz (2004), o resultado de uma pesquisa feita numa escola de Ensino Fundamental com crianças de 1ª à 4ª série nas turmas que apresentavam problemas de dificuldade de aprendizagem vista pelos professores percebem a dificuldade de aprendizagem de três modos diferentes: dificuldade em assimilar o conteúdo, dificuldade na leitura e escrita e dificuldade em relação ao raciocínio. Dizem também, que tais dificuldades são atribuídas a fatores familiares, fatores da própria criança e fatores relativos à escola. Os professores citam ainda, os problemas neuro, psico e psiquiátricos psicológicos recomendando o encaminhamento dessas crianças a especialistas. Segundo os professores, sua solução exige conhecimentos que vão além de sua formação. Caberá, então, ao psicopedagogo intervir nessa escola para auxiliar, não só a criança, mas também o professor e a família, mostrando os melhores caminhos a serem traçados para que se obtenha um sucesso escolar. É o que veremos no capítulo III. A criança, nos seus seis e sete anos está apta a receber algum tipo de instrução sistemática. Ela deverá aprender a obedecer às regras impostas pela escola, não poderá só brincar terá que ter um bom desempenho acadêmico e se submeter a aprovações dos adultos e aceitação dos colegas. Caso não se adapte a toda essa situação, desenvolve mecanismos de defesa, 27 comportamentos agressivos, retraimento e regressão prejudicando a sua aprendizagem. Quando o aluno apresenta dificuldade de aprendizagem e é acolhido por um professor que lhe estimule a demonstrar suas potencialidades, percebe-se que ele começa a entender o ambiente escolar de uma outra forma, pois deixará de ser um problema em casa ou na escola passando a se sentir parte do processo escolar, familiar e social. Porém, é importante que todos os profissionais de educação tenham sensibilidade para tratar com os diferentes alunos, lembrando sempre que em primeiro lugar são seres humanos, por isso todos são capazes de evoluir. Ao professor, particularmente, cabe a mudança na prática pedagógica, no respeito ao ritmo desse aluno, dando importância a cada evolução apresentada. Será criado, então, não só uma relação de confiança entre eles, mas um aumento na auto-estima, dando-se então a aprendizagem de forma natural e progressiva. 28 CAPÍTULO III A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA EM CONTEXTOS DE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM Neste capítulo veremos a dificuldade de aprendizagem no olhar da Psicopedagia, analisando a criança e a família, a escola, o professor e a necessidade de intervenção do o psicopedagogo. “Seguindo a trilha do pensamento de Winnicott e reportando-nos à clínica do sistema escolar, podemos dizer que a normalidade significa tanto a saúde da criança quanto da família e da escola. Mais uma vez nos vêm à memória as crianças que chegam a nossa clínica. Em geral, os pais revelam severas dificuldades no desempenho de seus papéis na vida dos filhos. Essas dificuldades estão relacionadas a conflitos pessoais dos genitores, que por sua vez, resultarão em empecilhos para o desenvolvimento emocional dos filhos (BOSSA, 2002, p. 112).” 29 3.1 – A Criança e a Família A evolução da ciência nos mostra que é natural no ser humano a aprendizagem. Como já vimos nos capítulos anteriores, o bebê ao nascer inicia o seu processo de construção do conhecimento e aprendizagem e se isso não ocorrer, teremos que verificar a razão. Algumas aquisições cognitivas só são possíveis em fases genéricas de particular sensibilidade e, passada essa fase privilegiada, a aquisição torna-se impossível ou prejudicada. È o que diz Piaget em suas teorias ao colocar o desenvolvimento normal da inteligência como uma sucessão de fases (sensório-motora, pré-operatória, operatória concreta e formal) e qualquer perturbação numa fase acarretará problema na seguinte (BOSSA, 2000). “Todos os processos de uma criatura viva constituem um vir-aser, uma espécie de plano para a existência, e só uma mãe devotada é capaz de proteger o vir-a-ser de seu bebê. Winnicott (1990, p.82) diz que uma falha de adaptação, ou seja, uma irritação, causa uma reação no lactente, e essa reação quebra esse vir-a-ser. Se reagir a irritações é o padrão da vida da criança, então existe uma série de interferência com a tendência natural que existe na criança de se tornar uma unidade integrada, capaz de ter um self com um passado, um presente e um futuro. Uma relativa ausência de reações a irritações dá uma boa base para a construção de um ego corporal. Dessa forma, são lançadas as bases pra a saúde mental futura (BOSSA, 2002, p.113).” Ainda segundo esta autora, ao tratarmos do problema de aprendizagem tem de se levar em consideração não só a dificuldade da criança, mas também, a dificuldade da escola com a criança, observando nessa criança as possibilidades de aprender e o desejo de aprender. 30 “Para uma melhor compreensão vamos fazer uma analogia. Sabemos que um automóvel só pode andar com motor e combustível. O motor de acordo com nossa analogia seria o equivalente às possibilidades de aprender, ou seja, aos recursos cognitivos. O combustível, o equivalente à energia, ou seja, à afetividade que vai determinar o desejo de aprender (BOSSA, 2000, p.17).” O afeto é um sentimento importante na aprendizagem visto que a criança quer aprender porque vai agradar aos pais ou não porque quer continuar sendo um bebê para não perder o seu lugar na família. Outro fator importante é que, como diz Sara Pain, a criança não aprende com qualquer um e sim com aquele que ela outorga a ensinar. Se o aluno não nos escolher como professor ele não vai aprender. “Consideraremos perturbações na aprendizagem aquelas que atentam contra a normalidade deste processo, qualquer que seja o nível cognitivo do sujeito. Desta forma, embora seja freqüente uma criança de baixo nível intelectual apresentar dificuldades para aprender, apenas consideraremos problemas de aprendizagem aqueles que se superpõem ao baixo nível intelectual, não permitindo ao sujeito aproveitar as suas possibilidades. Cabe diferenciar dos problemas de aprendizagem aquelas perturbações que se produzem exclusivamente no marco da instituição escolar. Os problemas escolares se manifestam na resistência às normas disciplinares, na má integração no grupo de pares, na desqualificação do professor, na inibição mental ou expressiva, etc., e geralmente aparecem como formações reativas diante de uma enlutada e mal elaborada transição do grupo familiar ao grupo social. Em tais casos, a orientação se inclina por um tratamento psicoterapêutico grupal com apoio pedagógico, a fim de evitar o iminente fracasso escolar (SARA PAIN, 2000, p.13).” 31 3.2 – O Sintoma Escolar Este item vai nos mostrar, segundo Bossa, a idéia de sintoma como um entrave que sinaliza para alguém que alguma coisa não vai bem. Se o objetivo é sinalizar, nada mais apropriado que o sinal ocorra na escola. Escola essa que procura educá-la com normas e disciplinas com uma educação para o futuro para torná-la um adulto perfeito, ideal. Mas, existe àquelas que não se adaptam a esta rotina e são vistas como crianças indisciplinadas, portadoras de dificuldades de aprendizagem, e “transgressoras”. Assim, quando não reconhecidas em suas diferenças, são excluídas e ocorre o fracasso escolar. Muitas, dependendo da idade e situação financeira, abandonam os estudos e procuram empregos, já que não veem mais sentido em estudar. “O sintoma escolar é bastante mobilizador. Em nossa vida profissional, vimos crianças que, durante anos, manifestavam determinados sintomas, como enurese, obesidade, anorexia, enxaqueca, alergia, hiperatividade e vários outros. Contudo, somente quando começaram a fracassar na escola é que se fizeram ouvir. A função que a escola tem em nossa cultura faz dessa instituição o lugar privilegiado na formação de um sintoma; ela não só gera o sintoma, como também o denuncia. É importante salientar que, ao falarmos de “escolha”, estamos referindo-nos a uma escolha inconsciente. Não queremos dizer com isso que o problema da aprendizagem escolar, em nossa leitura, seja um fenômeno gerado pelo sujeito sem a participação da escola. Trata-se de um sofrimento contemporâneo, um sintoma produzido na sociedade, uma patologia de nosso tempo, que encontra em certos casos as condições de possibilidade ( BOSSA, 2002, p.59 – 60).” Ainda, segundo Bossa, muitas crianças escolhem inconscientemente a área escolar para manifestar um sintoma. O apelo do não-aprender tem na angústia o seu motor. Mobiliza, comove, traz à tona uma verdade, a verdade do sujeito. 32 Em nossa cultura, não cumprir a tarefa primordial da infância, ou seja, não aprender o que é determinado pela escola, traz para a criança severa consequências. A expectativa consciente de todo adulto é que a criança se saia bem na escola. Se não aprende não corresponde à norma – é anormal e, portanto, excluído (BOSSA, 2002). 3.3 – O Professor A carência de profissionais bem capacitados é comum a todos os estados e municípios. Cerca de 30% dos docentes não são graduados e existe ainda a necessidade de formação continuada. A busca pelo bom atendimento exige também a qualificação do pessoal de Apoio. È bom lembrar que todos os funcionários que tem presença permanente no ambiente escolar em contatos com os alunos, independentemente da função que exerça, são educadores. O que está sendo cobrado dos gestores atualmente, é que seja criado condições para que os alunos avancem, vendo a escola não como um local que ensina, mas uma organização que busca estratégias a fim de promover o aprendizado (REVISTA ESCOLA, ago. 2008). Diante de dificuldades de aprendizagem o professor deve questionar o modo como ele está ensinando, o que ele pode mudar, que outro tipo de abordagem pode utilizar, já que os alunos não estão acompanhando. Não se deve classificar, taxar logo o aluno com qualquer distúrbio, às vezes ele só tem um ritmo mais lento que os outros seus colegas. O discernimento do professor é que vai fazer a diferença. Caso verifique que existem características repetitivas com um aluno em diferentes situações e se, apesar de todas as adaptações feitas, não ocorrer progresso, o professor deverá encaminhá-lo para um profissional qualificado. 33 Temos vários filmes que falam sobre dificuldade de aprendizagem casos reais -, mas cito “Escritores da Liberdade”: uma professora dedicada, disposta a descobrir a melhor forma de conhecer os alunos e adaptar o currículo a realidade deles já que frequentavam uma escola conceituada e eram todos discriminados e vistos como delinquentes. Aos poucos ela foi ganhando a confiança deles e apesar de todas as divergências e falta de apoio dos seus colegas professores, ela teve um grande sucesso com todos os alunos. Cito um outro exemplo de dedicação, um trabalho desenvolvido por uma pedagoga – Adilma de Souza Oliveira – na EMEF Serafina Carvalho, em Itupiranga, Belém, para que os alunos avançassem em leitura e escrita. A coordenadora pedagógica organizou e liderou a formação continuada dos professores. Em reuniões mensais, começaram a ser discutidas maneiras eficientes de ensinar as turmas a ler e a escrever. Em encontros quinzenais entre a coordenadora e cada uma das professoras, houve troca de informações sobre o desenvolvimento das atividades e reflexões sobre as dificuldades encontradas diariamente em sala de aula. Adilma dizia que “apenas discussões e palestras aleatórias não levam os professores a mudar a maneira de ensinar. Era preciso um programa de estudos bem estruturado e montado de acordo com as necessidades de nossa escola.” Foi sugerido também, que as professoras usassem projetos didáticos já testados por consultores, adaptando-os de acordo com as características e as necessidades de cada turma. O resultado do trabalho foi maravilhoso e o índice de aprovação nos primeiros anos do Ensino Fundamental, saltou dos 57% em 2004 para 87% em 34 2007. Esse é um exemplo de como uma iniciativa focada na aprendizagem e nas necessidades da equipe, pode transformar a qualidade da Educação das escolas brasileiras (REVISTA ESCOLA, dez 2008). 3.4 – O Psicopedagogo Atualmente temos a psicopedagogia, uma área de conhecimento que surgiu para tratar exclusivamente do processo de aprendizagem, verificando os diversos elementos que facilitam ou prejudicam o desenvolvimento da aprendizagem, trabalhando junto com outras áreas, tais como psiquiatria, neuro, fono, psicologia e outras. Os psicopedagogos atuam na prevenção, diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Fazem diagnósticos clínico ou institucional, identificando as causas do problema e elaboram um plano de intervenção. Segundo Bossa(2000), assim como a febre pode ter várias origens, os problemas de aprendizagem escolar também. Só uma avaliação psicopedagógica pode garantir que os pais recebam uma orientação correta e procurem o profissional indicado para a solução do problema. “O psicopedagogo tem muito que fazer numa escola. Uma intervenção tem um caráter preventivo, contemplando a instituição como um todo. Isso significa: orientar os pais; auxiliar o professor e demais profissionais nas questões pedagógicas e psicopedagógicas; colaboram com a direção para que haja um bom entrosamento entre todos os integrantes da instituição e , principalmente, socorrer o aluno que esteja sofrendo, qualquer que seja a causa (BOSSA , 2000, p.76-77).” 35 Já o psicopedagogo atuando clinicamente, ele atenderá em um outro espaço diferente da escola, com atendimento individualizado. “Muitas vezes, uma criança não pode falar sobre os seus problemas porque não os conhece. A criança sofre, mas não sabe o que a faz sofre. Não conhece a causa de alguns comportamentos e sentimentos que a prejudicam. Mas existe um jeito de falar sem saber que está falando. Quando uma criança brinca, joga, desenha, faz histórias e outras coisas mais, revela sentimentos e pensamentos que desconhece, falando numa outra linguagem: a linguagem do desenho, do brinquedo, do jogo (BOSSA, 2000, p.106).” Podemos concluir a importância do psicopedagogo, citando Alicia Fernandez que diz: “A libertação da inteligência aprisionada, somente poderá dar-se através do encontro com o perdido prazer de aprender. Por tal razão, cremos que nossa principal tarefa com relação aos pacientes é “ajudá-los a recuperar o prazer de aprender”; e da mesma forma pretendemos, para nós mesmos, recuperar o prazer de trabalhar aprendendo e de aprender trabalhando. Nossa tarefa se insere numa busca de mudança para os serviços de saúde mental em geral. Busca que tenta articular os diferentes aportes profissionais e os importantes recursos humanos com os escassos recursos econômicos, institucionais, para satisfazer a ampla demanda de assistência e a urgente necessidade de prevenção (FERNANDEZ, 1991, p.18).” 3.5 – Estudo de Caso – Caso G. Na impossibilidade de um estudo de caso em campo, cito um estudo de caso teórico, realizado por Bossa (2002), que se enquadra nesse trabalho desenvolvido. G., de sete anos, chegou ao consultório com um profundo atraso no desenvolvimento em geral. “Hoje”, encontra-se na 3ª série do ensino 36 fundamental, com excelente rendimento escolar, é generoso, muito esperto e se relaciona muito bem com a professora e com os colegas. 3.5.1 – Dados Iniciais Nome: G. Idade: seis anos e onze meses Escolaridade: Jardim da Infância Filiação: pai – J., 43 anos, comerciante mãe – S., 46 anos, comerciante Data da avaliação: setembro de 1996 G. chegou ao consultório com a queixa da escola de “dificuldades de aprendizagem”. Cursava o pré em um colégio particular. Era seu primeiro ano escolar. A professara dizia; “G. não discrimina nem as vogais. A gente ensina uma coisa agora e daqui a pouco ele já não sabe mais nada. Todos os meus alunos já estão alfabetizados, e G. não sabe nem pintar. Nunca vi uma criança com tanta dificuldade. Acho que tem uma deficiência mental. Só pode ser isso. Ele não sabe nem falar. A mãe não diz, mas ele deve ter nascido com algum problema sério. Acho que ele não tem condições de ficar nessa escola. As crianças riem muito dele. Falam que é bobinho. Eu não sei o que fazer. 3.5.2 – Dados Familiares Os pais informaram que G. era o terceiro filho; o mais velho, do sexo masculino, tinha quinze anos e morava no Japão com os avós maternos desde os cinco anos de idade; o segundo filho era do sexo feminino e estava com 12 anos; antes de G., ainda tinha tido outro menino, que falecera um mês após o nascimento. Disse a Mãe: “Eu acho que todos os problemas de G. são conseqüência da morte desse menino, porque fiquei sabendo que estava grávida de G. logo após a morte do meu filho e eu não podia aceitar a idéia de ter um outro bebê. Já não tinha aceitado a 37 gravidez do que morreu. Na ocasião, meu marido estava desempregado e estávamos passando muita dificuldade financeira. Eu mantinha a casa, fazendo salgadinhos para vender. Quando meu filho nasceu, eu não tinha nem tempo de amamentar, pois passava o dia inteiro na cozinha, fazendo salgadinho. Um dia, enquanto tomava mamadeira no berço, engasgou e morreu. Ele estava com um mês. Eu tinha posto a mamadeira na boca dele, apoiada no travesseiro, e fui terminar de enrolar salgadinhos. Foi minha filha que viu. Ela veio me chamar e, como eu estava com a mão cheia de massa, demorei a ir até o berço. Quando cheguei lá, ele já estava roxinho. Minha filha de cinco anos viu tudo. Acho que por isso ela é tão revoltada e nunca aceitou o G. Parece que ela tem raiva dele. Nem olha na cara dele. Acho que eu também não aceitei e por isso ele tem todos esses problemas. Até os cinco anos, ele praticamente não falava e nem andava direito. Ele vivia no chiqueirinho, do meu lado, na cozinha. Quando chorava, eu dava a mamadeira e ele tomava sozinho. Eu enchia o chiqueirinho de brinquedos para ele se distrair. Nem percebi que o tempo estava passando e ele já devia andar, falar e brincar como as outras crianças da idade dele. Um dia, quando ele estava fazendo seis anos, minha cunhada me perguntou se eu não percebia que ele não era normal. Ela foi super dura comigo e levei G. ao pediatra que me mandou procurar um foniatra. Este, foi o que salvou G. Brigou comigo e disse que era um crime o que eu estava fazendo e que eu quisesse salvar meu filho, deveria fazer exatamente o que ele mandasse. Até hoje faço tudo que ele manda. Foi ele quem mandou eu pôr meu filho na escola e procurar a senhora. Vou fazer tudo que a senhora mandar. Já perdi um e agora sei que não quero perder o outro. Eu não tinha noção do que eu estava fazendo até procurar o foniatra (BOSSA, 2002, p.126-127).” Verificamos o quanto foi prejudicada esta criança nas áreas da linguagem, motora e cognitiva. Mesmo com tanta privação, o seu psiquismo foi conservado ainda que em estado de primitivo desenvolvimento. O trabalho realizado foi, no primeiro momento, criar recursos cognitivos que lhe garantisse a comunicação. Contou-se com um grande empenho de G. à medida que ele percebia que falando, mesmo precariamente, as pessoas o compreendiam. Ao final de três anos, após acompanhamento do fonoaudiólogo e da psicopedagoga, ele era uma criança sadia, que se fazia entender, apesar das dificuldades em andar e falar. 38 O teórico que mais desvendou esse mistério, segundo Bossa (2000), para que a criança G após intervenção psicopedagógica durante os três anos de atendimento, obtivesse tamanho progresso, foi WINNICOTT (1982) que diz: “Deve-se sempre incluir em uma teoria do desenvolvimento de um ser humano a idéia de que é normal e saudável para o indivíduo ser capaz de defender seu self contra o fracasso ambiental específico por meio de um congelamento da situação de fracasso. Ao mesmo tempo, há uma assunção inconsciente (que pode se tornar uma esperança consciente) de que mais tarde surgirá a oportunidade de uma experiência renovada na qual a situação de fracasso poderá ser degelada e reexperimentada, estando o indivíduo em um estado regredido e em um meio ambiente que esteja fazendo a adaptação adequada. Está sendo aqui formulada a teoria da regressão como parte de um processo de cura, de fato, um fenômeno normal que pode ser adequadamente estudado na pessoa saudável. Na pessoa muito doente, as esperanças de que suja uma nova oportunidade são remotas. No caso extremo, seria necessário que o terapeuta fosse até o paciente, apresentando-lhe ativamente uma boa maternagem, uma experiência que não poderia ter sido esperada pelo paciente (Winnicott, 1982, apud BOSSA, 2002, p.143-144).” Verificamos neste estudo de caso, um exemplo claro das teorias estudadas e a importância de um adulto ao lado da criança identificando suas necessidades. 39 CONCLUSÃO Este trabalho foi mais um instrumento de pesquisa para auxiliar os profissionais de educação em seu dia a dia dentro da unidade escolar. O professor, atualmente, devido à globalização, está diante de uma turma diversificada. Cada aluno tem um ritmo, uma vontade. Caberá a ele procurar desenvolver o conteúdo programado de várias maneiras, adaptando-o a turma e, ao perceber algum aluno com dificuldade de aprendizagem deverá ir ao seu auxílio, não abandoná-lo, descobrindo maneiras diferentes de dar a mesma matéria. Caso não consiga nenhum progresso, deverá encaminhá-lo para um especialista – o psicopedagogo – uma nova área de conhecimento que surge para trabalhar exclusivamente com a dificuldade de aprendizagem. Como ainda não encontramos esse profissional nas escolas do Município do Rio de Janeiro, temos o pedagogo, a assistente social e o psicólogo, que também ajudarão o aluno com problema de aprendizagem, trabalhando junto com a família e a escola. Para ser um bom educador, o professor precisará ter uma formação de qualidade. O governo, hoje, não só se empenha no desenvolvimento de projetos e metas para diminuir o índice de alunos em série incompatível com sua idade, como também está dando mais oportunidades para que o professor esteja sempre atualizado através de várias parcerias e cursos. Vale ressaltar as mudanças já vigentes no curso de Pedagogia. È claro que temos excelentes professores que somente com a sua dedicação sabem conduzir todos os seus alunos ao progresso em cada série. A criança ao chegar na escola encontra todo um ambiente que não lhe é 40 familiar, é a primeira vez que terá contatos com coleguinhas novos e regras novas podendo apresentar dificuldades de adaptação refletindo na sua aprendizagem. E ao encontrar o carinho de um professor todas as suas dificuldades serão logo vencidas. Por fim, pode-se concluir que o objetivo principal deste estudo de dificuldade de aprendizagem é esclarecer que o professor, o psicopedagogo, a família e a comunidade escolar trabalhando em conjunto se tornará um divisor na vida de qualquer aluno, principalmente aquele com necessidades especiais. Não há trabalho isolado que se multiplique e dê frutos, faz-se necessário dividir, somar para ganhar. 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BOSSA, Nádia A. Dificuldades de Aprendizagem: O que são? Como trata-las? Porto Alegre: Artmed, 2000. _____. Fracasso escolar: um olhar psicopedagógico. Porto Alegre: Artmed, 2002. CARRARA, Kester (organizador). Introdução à Psicologia da Educação: seis abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004. CORIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do Desenvolvimento. São Paulo: Ática, 1997. FERNANDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artmed, 1991. GESELL, Arnold. A Criança de 5 aos 10 anos. São Paulo: Martins Fontes, 1998. LA TAILLE, Yves, OLIVEIRA, Marta Kohl de, DANTAS, Heloísa. Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão. São Paulo: Summus, 1992. PAIN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1985. PALANGANA, Isilda Campaner. Desenvolvimento e Aprendizagem em Piaget e Vygotsky. São Paulo: Summus, 2001. 42 REVISTA EDUCAÇÃO. Dificuldades de Aprendizagem e suas causas: o olhar do professor de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental. Porto Alegre: PUC RS, ano XXIX, n.1 (58), p. 85 – 105, Jan. / Abr. 2006. REVISTA ESCOLA. São Paulo: Abril S.A, ago. 2008. REVISTA PSIQUE. São Paulo: Escala, Ano IV, nº 45, 2010. RICHMOND, Peter Graham. Piaget: teoria e prática. São Paulo: IBRASA, 1981. SANDSTROM, Carl Ivar. A Psicologia da Infância e da Adolescência. Rio de Janeiro: Zahar, 1980. WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica – uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008. 43 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I DESENVOLVIMENTO INFANTIL 10 1.1 – Desenvolvimento Cognitivo 10 1.1.1 – De zero a dezoito meses 11 1.1.2 – Um ano 11 1.1.3 – Dois anos 11 1.1.4 – De três a quatro anos 12 1.1.5 – De cinco a seis anos 12 1.1.6 – De sete a oito anos 13 1.1.7 – De nove a dez anos 14 1.2 – Desenvolvimento Emocional e Social 1.2.1 – As teorias do Desenvolvimento emocional e Social 1.3 – Desenvolvimento Infantil na Atualidade 14 15 18 CAPÍTULO II DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INFANTIL 20 2.1 – O Problema da Aprendizagem 21 2.2 – Contribuições de Vygotsky, Pichon-Riviére e Piaget para a Educação 22 44 2.2.1 – Vygotsky 22 2.2.2 – Pichon-Riviére 24 2.2.3 – Piaget 24 CAPÍTULO III A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA EM CONTEXTOS DE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM 28 3.1 – A Criança e a Família 29 3.2 – O Sintoma Escolar 31 3.3 – O Professor 32 3.4 – O Psicopedagogo 34 3.5 – Estudo de Caso 35 3.5.1 – Dados Iniciais 36 3.5.2 – Dados Familiares 36 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41 ÍNDICE 43 45 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Pós Graduação “Lato Sensu” Instituto A Vez do Mestre Título da Monografia: Acriança e a Dificuldade de Aprendizagem Autor: Rita de Cássia Lima Lyrio Data da entrega: 19/08/2010 Avaliado por: Carly Machado Conceito: