TECNOLOGIA
Centro de pesquisa desenvolve projetos de inovação
para a indústria
Governo de Pernambuco quer captar uma unidade do Csem para o Estado
Publicado em 30/01/2015, às 10h17
Adriana Guarda
Heudes Regis/JC Imagem
BELO HORIZONTE - Na entrada do Centro de Suíço de Eletrônica e Microssistemas (Csem),
na capital mineira, um painel com a imagem de uma criança e uma frase curta resumem o
trabalho por ali: “Imagine o futuro... Hoje”. No local, uma equipe multidisciplinar e com
sotaque de 12 nacionalidades pensa “fora da caixa” para construir as indústrias do futuro.
Criado em 2007 em parceria com o Csem suíço, o centro brasileiro é comandado pela
gestora de investimentos FIR Capital, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais (Fapemig). A missão é desenvolver soluções inovadoras para a
indústria.
O Csem recebeu R$ 70 milhões na sua implantação, com investimento do governo de Minas
Gerais, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de fundos de
investimento. O centro chegou ao Brasil pelas mãos da FIR Capital, precursora em
investimento em capital de risco com inovação (venture capital) no Brasil. “Na prática são
empresas que vislumbram oportunidades no mercado de tecnologia. Inovações que só vão se
concretizar a longo prazo. O Vale do Silício, por exemplo, só se viabilizou graças ao venture
capital”, explica o empresário pernambucano e sócio da FIR, Paulo Dalla Nora.
A FIR já tinha atuação no Brasil desde 1999 e seu primeiro grande empreendimento foi a
implantação da Biobrás, primeira fábrica de insulina no Brasil e segunda do mundo. Até
então, a empresa era comandada pelo fundador Guilherme Emrich. Depois, a FIR decidiu
ampliar o espectro de inovação para outros setores, além da tecnologia da saúde e outros
sócios encamparam a iniciativa: Andre Emrich, David Travesso Neto, Marcus Regueira, Paulo
Dalla Nora Macedo e Tiago Maranhão Alves. Na missão de investir em projetos inovadores, a
FIR apostou no Csem.
O site está encravado no bairro Horto, onde está localizada a chamada Cidade da Ciência e do
Conhecimento, ancorada pela Fapemig e onde funcionam várias instituições de pesquisa.
“Costumo dizer que sofremos uma espécie de ‘acorda neném industrial’, quando os Estados
Unidos conseguiu embargar uma venda de supertucanos da Embraer, porque tinha uma
tecnologia norte-americana embarcada. Foi aí que o governo de Minas percebeu a
importância de desenvolver tecnologia industrial”, lembra o presidente do Csem, Tiago
Maranhão Alves (também pernambucano). “Era preciso pensar como business para garantir
que os projetos fossem sustentáveis e tivessem impacto econômico”, reforça.
PRODUTOS
Atualmente, a atuação do Csem se divide entre a produção de pacotes de sistemas
(nanotecnologia) e de eletrônica orgânica. Trocando em miúdos, o centro entrou numa briga
de gente grande, desenvolvendo no Brasil produtos fabricados apenas nos grandes centros
tecnológicos mundiais.
Na área de eletrônica orgânica, um projeto-piloto prestes a entrar em escala industrial é a
produção de painéis fotovoltaicos a base de polímeros. Um filme impresso muito leve (veja
foto) vai revolucionar a geração de energia solar e fazer concorrência às pesadas placas de
silício. O produto pode ser usado em fachadas de prédios, em tetos de carros, em mochilas
para carregar baterias de notebooks e celulares, em telhados.
Para efeito de comparação, uma placa de silício com três quilos gera um quilowatt de energia
solar, enquanto o filme pesa 150 gramas e gera a mesma energia. Isso significa ganho logístico
e facilidade na implantação. Interessadas nas inovações tecnológicas, Fiat Chrysler,
Votorantim e Medabil estão investindo no projeto do painel orgânico fotovoltaico, cada uma
voltada para aplicação em seus negócios.
* A repórter viajou a convite da FIR Capital
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