%HermesFileInfo:Ce-1:20140608: CLASSIFICADOS O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 8 DE JUNHO DE 2014 LIDERANÇA Conversa com o CEO Com toda a carreira voltada para a área de consultoria, Cesar Cunha Campos deixou, no ano passado, sua própria empresa para comandar a FGV Projetos, que, segundo a Fundação Getulio Vargas, é uma das maiores consultorias e desenvolvedoras de conteúdo para tomadas de decisão dos setores 397 Empregos Ofertas de rno c neste ade público e privado do Brasil. A contratação de Campos teve por objetivo levar procedimentos e controles do setor privado para a instituição. A missão o seduziu e, admite, foi passo importante para sua carreira. Ele se considera uma pessoa do diálogo e diz ser preciso ter humildade para entender que não se sabe tudo. /PÁG. E4 DIVULGAÇÃO/FGV PROJETOS GETTY IMAGES SENSÍVEIS Nem sempre com os pés no chão Cada vez mais, empresas pedem que gestores demonstrem abertura afetiva no exercício da liderança. Mas dar mais espaço à sensibilidade não deve ser confundido com descontrole emocional Pág. E3 % & ! ' ! ( ) % & ! * ! % & & +&, & ! & ! & - ! ! % ! & ! !. ! " # ! ! $ Somos uma empresa de engenharia e obras, e estamos admitindo para trabalhar na capital, profissional com as seguintes qualificações: SUPERVISOR ADMINISTRATIVO DE OBRAS Experiência na administração de Canteiros de Obras, com destaque nas seguintes atividades: Área de pessoal (admissões, demissões, administração); Suprimentos (compras, almoxarifado, controles); Serviços terceirizados (empreiteiros, locações, transportes etc); Serviços gerais do Canteiro (limpeza, manutenção etc); Controle e conferência da documentação legal, fiscal e trabalhista da empresa e dos empreiteiros. Preferencialmente formação superior. Local de trabalho - Zona Norte. Enviar CV para o e-mail: [email protected] )*+,- ./0 )# 1 2 - 3 4 5 3# / /4 )6 ! "# $ % & ' (! & %HermesFileInfo:Ce-3:20140608: O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 8 DE JUNHO DE 2014 Empregos 3 Reportagem de capa Gestor ‘afetivo’ é cada vez mais desejado Além da demonstração de inteligência emocional, abertura dos líderes para a sensibilidade ajuda a aproximar profissionais e equipes SÉRGIO CASTRO/ESTADÃO Gustavo Coltri Multifacetado nos trabalhos que desenvolve, o executivo Raul Corrêa da Silva, de 58anos, relaciona-se de forma diversa comasemoçõesenquanto exerce papéis de liderança. Na auditoriaBDO RCS,comopresidente no Brasil, ele busca exercitar a sensibilidade para não dar espaço exclusivamente à razão. NoSportClubCorinthiansPaulista, seu time do coração, onde exerce função como diretor financeiro, ele se preocupa para quedecisõestomadaspelosgestores em reuniões não sejam guiadas demais pelas paixões. Também presidente do conselho fiscal da AACD, só para citarmaisum exemplo,Silvadefine-se como um homem de ação.“Àsvezesacaboatropelando (no relacionamento interpessoal no trabalho), mas também não tenho medo de corrigir o que fiz se reconheço que errei em algum ponto”, confessa. As competências comportamentais,deacordocomespecialistas em carreira, são cada vez maiscobradasnomundocorporativo. Nesse sentido, aspectos afetivos da atuação executiva como a empatia e a sensibilidade colocam-se como eficientes ferramentas de motivação e engajamento. “O líder é um exemplo. Sou intenso, e essa forma de visão eu tento passar para a minha equipe”, conta Silva. Reconhecer as próprias dificuldades e dividir algumas das angústias – claro que em um contexto propositivo – são dicas que a sócia-diretora da consultoria People & Results, Maria Candida Baumer de Azevedo, dá aos executivos. “Muitos acham que têm de ser super-heróis, saber e dominar tudo. A transparência de emoções é importante: mostrar para a equipe as preocupações e explicar os planos de ação com clareza.” O espaço para atuações mais ou menos intuitivas depende da personalidade dos gestores, do tipo de segmento em que eles estão envolvidos e do momento do negócio para o qual eles atuam. “Se considerarmos a área financeira ou a engenharia, veremos pessoas que tomam decisões mais objetivas. Se considerarmos profissões mais humanas, em áreas como marketing,porexemplo,asitua- ALGUNS ERROS ● De confiança Segundo o diretor do Instituto Pieron, Marcos Bruno, o executivo não pode se considerar inábil para lidar com pessoas e reações. “Somos pessoas comuns, pagamos contas, educamos filhos e temos ‘esquisitices’, tal como nossos líderes e subordinados” ● De comunicação Não saber se expressar é outro problema. “Quando o líder não consegue naturalmente definir a ação esperada, dar contextos, explicar, ampliar a visão, dar significados para o trabalho, gradualmente, se sentirá questionado” ● De coerência Incoerências demonstradas pelo postura e pelo tom de voz também atrapalham. “Ser coerente é transmitir confiança e convicção de que se está fazendo o que deve ser feito nas circunstâncias, compartilhando razões” ● De proximidade Manter-se distante e negligenciar o acompanhamento dos subordinados é outro erro. “Um líder que acompanha terá o que compartilhar” Silva. Preocupação em manter a sensibilidade em auditoria e atenção redobrada para manter os pé no chão no Corinthians ção é diferente”, diz Maria Candida. “Há gestores mais assertivos e outros mais paizões. Se a organização estiver passando porumprocessodetransformação grande, o líder não pode ser bonzinho demais”, completa. Quando fundou a empresa de programas de gestão de saúde AxisMed, em 2002, Fábio Abreu, de 52 anos, teve de se adaptar. “Como trabalhei em grandes empresas na carreira, semprefui muitofocado nosresultados. Ao chegar à posição de CEO, tive que aprender outro estilo: o de me colocar no lugar do colaborador”, conta. Em maior ou menor grau, a abertura emocional dos líderes – entendida como uma disposição de envolvimento mais próximo com relação às equipes – é desejável, segundo o diretor do Instituto Pieron, Marcos Bruno, porque contribui para que eles possam se antecipar às dificuldadesesustentarodesenvolvimento dos colaboradores. No SOBE & DESCE Abertura Estabelecer empatia e demonstrar sensibilidade para identificar as dificuldades dos colaboradores ajudam a construir relacionamentos de confiança Descontrole Demonstrar inteligência emocional, ou seja a capacidade de lidar bem com situações de pressão, é essencial. Sem controle, um executivo não pode liderar entanto, o especialista lembra que os gestores não são – nem devem ser – equipados para lidar com as mazelas emocionais dos seus subordinados. “É vital que as relações entre gestoreliderados sejamdeconfiançamútua paraquepossahaver atribuição de responsabilidades, exercício da autoridade dos liderados dentro dos limites estabelecidos e o acompanhamentodolíder”,diz.Docontrário, diz Bruno, o contato gerencial entre profissionais podese tornarmuito rígido ou, em outro extremo, desinteressado em resultados efetivos. A consultora sênior de capitalhumanona consultoria Mercer, Ana Laura Andrade, acredita que um passo importante para o sucesso na carreira executivaenvolvequeoprofissionalestejaabertoparaentenderaspróprias emoções e aperfeiçoar seus comportamentos. Nesse sentido,ela consideraútil ferramentas de recursos humanos comocoaching,mentoringeexperiências in loco (on the job). “Quanto mais alto no nível hierárquico,maiordeveseracapacidadedelidar com situações inesperadas e incertezas, o que leva esses profissionais a acionarem habilidades de lidar com emoções. Segundo (o psicólogo e autor norte-americano)Daniel Goleman, a inteligência está ligada à forma como negociamos as nossas emoções”, diz. Ana acreditaqueelasinterfiramtantonastomadasdedecisãoquanto nas estratégias de comunicação e de gestão de equipes. Inteligência emocional. Ado- tar uma postura mais intuitiva e afetiva na gestão não é um sinônimo de inteligência emocional. O primeiro caso, de acordo com os especialistas, é desejável e pode ser muito útil em determinadas situações empresariais. Já o segundo é essencial para qualquer gestor. “Posso ser uma pessoa cartesiana nas decisões, muito objetiva, e ser emocionalmente instável”, explica Maria Candida, que tam- bém destaca a importância do autoconhecimento. Ela recomenda que os executivos busquem nos feedbacks verdadeiros uma fonte de dicas para adaptar comportamentos e atenuar efeitos de uma possível personalidade mais forte. “Às vezes, o líder é agressivo demais e não se dá conta disso. Para saber disso, ele tem de pedir feedback para uma pessoa que não vai abaixar a cabeça paraele,alguém quevai falar a verdade mesmo que ele não queira ouvir”. Outra recomendação, de acordo com Maria Candida, é identificar os mecanismos de escape saudáveis. “Isso varia muito de pessoa para pessoa. Conheço um alto executivo que se sente mais calmo depois de lavar louça, outro que gosta de arrumar armários”, conta. “Ao chegar à posição de CEO, tive de me colocar no lugar dos colaboradores” Fábio Abreu, diretor executivo da empresa de programas de gestão de saúde AxisMed DIVULGAÇÃOI DIVULGAÇÃO ‘Na seleção, é impossível dizer se a pessoa está totalmente pronta’ Do detalhamento dos cargos à aplicação de testes, headhunters procuram reduzir erros de recrutamento Na seleção de executivos para cargos de liderança, os headhunters fazem uso de uma série de estratégias para identificaropreparoemocional eo perfil de atuação dos profissionais – mais afetivo ou objetivo. O gerente da área de vendas daempresa de recrutamento de médio e alto escalões Talenses, Marcelo Olivieri, ressalta que, durante a seleção, é impossível afirmarcomcertezaseospostulantes estão plenamente preparadosdo pontodevistaemocional para as funções. “Nosso trabalho é o de tentar minimizar as possibilidadesdeerro. Eparaisso, nunca analisamos as informações de forma isolada”, diz. O primeiro passo do recrutamentoenvolve,segundoOlivie- ri, um bom detalhamento davaga. “Nessa reunião de briefing, háalgumasinformações importantes: qual é o nível de pressão do cargo e o perfil das pessoas da equipe? Para quem esse profissional vai se reportar? E qual é o cenário atual da empresa?.” O momento da entrevista também mostra sinais a se considerar. Olivieri diz que os candidatos têm de despertar minimamentealgumaempatianorelacionamentointerpessoaledemonstrar um bom grau de co- Olivieri. Avaliação deve levar em conta vários quesitos municação. “Além disso, levantamos situações polêmicas para tentar entender quais são as escolhas do profissional. Elas Identificar negociações diárias pode ajudar O autoconhecimento é o caminho para que executivos possam aprimorar comportamentos no ambiente corporativo, mas uma boa parte dos gestores nãosedácontadetodasasoportunidades que têm. A escola de aprendizagemcorporativaCultman acompanhou 27 profissionais com cargos de liderança em grandes empresas brasilei- ras durante um ano e constatou que 88,9% deles não tinham consciênciadasinúmerasnegociações que travavam – e perdiam – durante suas rotinas. “Por autopreservação, o ser humano sempre quer se sentir bem, eaprender não é confortável. Encontramos, no mínimo, 30 vezes cada executivo, e a maioria deles se comportava da mesma maneira, cometia os mesmos erros. Há uma falta de consciência de que se pode aprender ao perder pequenas negociações”, diz o especialista em desenvolvimento de pessoasefundadordaCultman,Rogério Londero Boeira. Paratercondiçõesdeaprimorarcomportamentos,primeiramente os profissionais devem ter noção, segundo ele, de que todaequalquerinteraçãoétambém uma negociação. “Sempre que interagir com outra pessoa, anote, escreva, grave, prepare-se para a outra interação que você terá com ela. Depois de participar de uma reunião, por exemplo, registre: ‘a pessoa X deu boas ideias, a Y não estava prestando envolvem respostas abertas, mas que podem mostrar se a pessoa é mais racional ou emocional no momento de lidar atençãonoassuntoeaCsóprestou atenção até tal ponto’. Fazer isso leva essas negociações para a consciência”, explica. Boeira diz que muitos profissionais não praticam esse exercício por acreditarem que demandatempodemais.Comoestratégia de convencimento, ele atenta para os resultados: “Os aumento de vendas de uma empresa ou a implementação de processosserãotãobemsucedidas quanto forem bem sucedidas as micronegociações”. com os problemas.” Por outro lado, os headhunters, diz Olivieri, propõem aos candidatos alguns casos práticos,emquehásituaçõesdepressão e desafios de relacionamento. A análise dos especialistas em recrutamento se dá tanto quandoosexecutivosestãopreparando as apresentações referentes ao caso quanto no momento em que as proposições são efetivamente defendidas. Além do contato direto, algumas medidas fornecem informações adicionais, de acordo com Olivieri. Uma delas é a tradicional busca de referências no mercado. A outra é a aplicação de testes de personalidade. “Se analisados em um conjunto, eles são muito bons.” DIVULGAÇÃO Rogério Boeira. “Aprender não é confortável”