1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE UM ESTUDO PSICOLÓGICO SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT EM DOCENTES DO I.E.E. CARMELA DUTRA PVH/RO Marcos Antonio Tavares da Silva Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho PORTO VELHO - RO 2009 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE UM ESTUDO PSICOLÓGICO SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT EM DOCENTES DO I. E. E. CARMELA DUTRA PVH/RO Marcos Antonio Tavares da Silva Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior, sob a orientação do Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho. PORTO VELHO - RO 2009 3 AGRADECIMENTOS A Deus que para mim, significa uma força superior com onipresença a capacidade da onipotência onisciência, e representa inicio meio e fim em nossas vidas. Aos Professores da Universidade Candido Mendes – UCAM, que me deram importante suporte intelectual na trajetória do curso de Docência do Ensino Superior. A clientela pesquisada do Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra, pelo acolhimento ao meu projeto de pesquisa, a equipe gestora, em especial, a Srª. Inar Aquino, Diretora deste tão conceituado estabelecimento de Ensino de nosso Estado. Aos docentes do Instituto A Vez do Mestre, em especial, ao Professor Vilson Sérgio de dispensadas Carvalho na pelas horas orientação para elaboração da minha monografia. 4 DEDICATÓRIA Dedico esta pesquisa ao meu filho do coração inspiração, Fernando meu Tavares, alento, preocupações, minha razão de ser. minha minhas 5 EPÍGRAFE “A Síndrome de Burnout se apresenta como síndrome uma acarreta complexa que conseqüências muito variáveis, já que estas estão presentes a nível psicológico, físico e de conduta. Entre os sintomas mais comuns relatados pela literatura, em nível individual estariam os problemas psicossomáticos, a diminuição do rendimento e as atitudes negativas frente à vida em geral.” Garcés de Los Fayos 6 RESUMO Este estudo mostra a problemática da Síndrome de Burnout, sob o prisma psicológico, voltado às questões relativas à Educação. Conceituando primeiramente Burnout, nos encaminhamos para algumas concepções inerentes ao tema, traçou-se um Breve Histórico e a Etiologia da Síndrome. As perspectivas de Estudo demonstram as principais correntes teóricas que versam sobre o assunto, tanto na literatura brasileira como mundial. Mostrouse o Diagnostico do Docente com Burnout e a sintomalogia que acometem profissionais portadores do distúrbio. Ao assumir novas funções, em face de uma série de exigências do mercado de trabalho, o Burnout em professores é um fenômeno complexo e multidimensional, resultante da interação entre aspecto individuais e organizacionais, os quais não se limitam à sala de aula, mas atingem à família e, por conseguinte à sociedade em geral. O Estudo de caso foi feito no I.E.E. Carmela Dutra, na região central de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. O resultado foi obtido através de uma pesquisa descritiva, com aplicação de questionários e entrevistas aos docentes com nível superior, que atuam no Ensino Fundamental e Médio na referida instituição. A partir da revisão teórica, aliada a escuta feita aos sujeitos pesquisados, consegui-se levantar dados significativos sobre os efeitos do Burnout em professores. Palavra-chave: Burnout. Sofrimento Psicológico. Docente. 7 METODOLOGIA O objetivo primordial dessa pesquisa monográfica é esclarecer aos educadores e a comunidade estudantil em geral sobre os percalços das relações interpessoais e suas implicações, o que acarretam e como afetam frontalmente o desempenho de grande parte dos professores do sistema educacional e que indubitavelmente podem estar acometidos pela Síndrome de Burnout. Na medida em que se apresenta este fenômeno psicossocial como um fator inerente ao processo de aprendizagem escolar, podemos vislumbrar ações que permitam explicar, e prevenir, atenuar amainar ou estancar o Burnout, com a preocupação de auxiliar o professor para que o mesmo possa sair dessa redoma sem maiores prejuízo no tocante ao desempenho de sua atividade e no relacionamento com parceiros de trabalhos e sua clientela visando uma constância na sua auto-estima e se possível usar de estratégias de estímulos bem humorados para que possa fluir uma melhor qualidade de vida, e pra isso é necessário uma tomada de consciência do problema para que se reate as boas relações e esse problema possa se dissipar. Perrenoud (1993) diz que: “ A profissão docente é uma profissão impossível, medida em que está sempre aquelas que trabalham com pessoas. Por esta razão, o sucesso do empreendimento educativo nunca estará assegurado, pois em profissões sempre há tais mudanças, ambíguas, conflitos, opacidades e mecanismos de defesa”.(p.138) 8 No obstante a visão que o autor da citação acima tem sobre o exercício pleno de Docência, não nos resta dúvidas de que se faz premente a implantação de políticas pública, não só com o intuito de amenizar o problema, mais definir estratégias voltadas para “saúde intelectual” de que tanto a educação precisa. Não podemos mais ser meros espectadores inertes como se estivéssemos com os braços atados e nossa consciência adormecida. A presente pesquisa dar-se-á no Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra, situado à Avenida Farquar, região central de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia e abrangerá docentes com nível superior que atuam na rede de Ensino Fundamental e Médio lotados na referida instituição nos períodos vespertino e noturno. Área de Abrangência da Pesquisa - Município: Porto Velho – RO - Identificação da Instituição: Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra - Localização: Av. Farquar nº 1913 – Bairro: Arigolândia. - Autorização de funcionamento: 178/CCE/RO/91 de 30/12/1991 - Decreto de Fundação: 2.563 de 28/11/1984 - Diretor (a) da Instituição: Inar Aquino Freire - Vice-diretor (a): Albertina Simonete do Nascimento - horário d Funcionamento: Os três turnos - Turmas atendidas no Ensino Fundamental: 24 - Turmas atendidas no Ensino Médio: 42 - Quantitativo de Professores com nível Superior: Masculino: 27 Feminino: 54 - Clientela Atendida: Bairros: Todos os bairros 9 * UM BREVE HISTÓRICO SOBRE O I.E.E CARMELA DUTRA No dia 20 de dezembro de 2006 completou-se 50 (cinqüenta anos) que em 1956 teve-se a colocação do grau na primeira turma de professores de Ensino Primário habilitados no então Curso Pedagógico da Escola Normal do Guaporé, criado em 1952 por ato do governador do Território, Dr. Jesus Burlamarque Hozannah e instalado em 1954, pelo Governador em exercício o major do exército Ênio dos Santos Pinheiro. Os docentes habilitados nos anos anteriores a partir de 1950, eram Regentes de Ensino formados pelo curso Normal Regional com duração de quatros anos o equivalente as atuais 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries do ensino Fundamental; criado pelo Decreto nº 047 de 19 de Dezembro de 1947, expedido pelo governador do Território Federal do Guaporé, major do exército e advogado Frederico Trotta. Em seu Art. 1º, que dispõe sobre a criação do Curso Normal Regional do Território do Guaporé; fica determinado que sua instalação será na cidade de Porto Velho, capital do Território; de acordo com o Decreto-Lei do Governo Federal, nº 8.530, de 2 de Janeiro de 1946. O Curso Normal Regional do Território Federal do Guaporé veio a se denominar “Carmela Dutra” como forma de homenagem à memória da ilustre dama que tão bem encarnava todas as virtudes da mulher brasileira. Carmela Teles Leite Dutra, carinhosamente, chamada de Dona Santinha foi primeira-dama do Brasil quando da posse de seu esposo Eurico Gaspar Dutra, eleito como 16º Presidente da Republica, que teve seu mandato cumprido de 31 de janeiro de 1946 até Janeiro de 1951. Católica fervorosa exercia influência sobre seu marido e contribuiu incisivamente para dois acontecimentos marcantes: a proibição do jogo no Brasil, em abril de 1946, e a extinção do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em maio de1946. Em outubro de 1947, Dona Santinha faleceu aos sessenta e três anos de idade, tendo como causa morte um erro médico. 10 SUMÁRIO RESUMO 06 MEDOLOGIA 07 INTRODUÇÃO 11 CAPÍTULO I 13 Revisão Teórica sobre Burnout CAPÍTULO II 28 Considerações sobre Burnout em Docentes CAPÍTULO III 39 Análise dos Resultados da Pesquisa CONCLUSÃO 45 BIBLIOGÁFIA CONSULTADA 47 ANEXOS 50 ÍNDICE 68 11 INTRODUÇÃO A escola como um espaço para o desenvolvimento social reflete a cultura da qual faz parte como canal de transmissão aos educando, o gênio de um povo, a visão de mundo assim como habilidades e conhecimentos específicos. Afinal, a aprendizagem na escola depende da capacidade docente e habilidade discente, no entanto, estudos recentes, identificam que a Síndrome de Burnout tem atingido uma parcela considerável de professores que no exercício pleno de sua profissão se deparam com situações conflituosas cotidianamente, e diversos fatores vem acarretando momentos constantes de estresse vinculados às situações de trabalho. Ao assumir novas funções, o contexto social exige dos professores o franco domínio de uma série de habilidades pessoais às quais aliados a exigência constante de aquisição de conhecimentos o que não deixa de ser, ou ocasionar uma repetitiva pressão emocional principalmente devido as relações interpessoais estabelecidas ao longo do tempo e que vão se deteriorando, haja vista a impossibilidade de manter essa aliança de seu contato pessoal e de trabalho com uma qualidade constante e perene. Esse processo levam esses profissionais a um determinado grau de alienação, desumanização e apatia, ocasionando problemas de saúde, absenteísmo e desestímulos com intenções freqüentes de abandonar a profissão. O que vimos é que o magistério desponta como uma das profissões de alto risco colocando o profissional da educação principalmente da rede pública estadual como franco candidato a adquirirem a Síndrome de Burnout. O objetivo dessa pesquisa é apresentar para os professores e outros funcionários da escola a relevância do tema Burnout, visto que dificilmente quem estar sobre este ciclo se dá conta, e a Síndrome atinge um grande número de profissionais que são acometidos pelo estresse ocupacional e 12 emocional e que apresenta sintomas característicos da síndrome, como; Exaustão emocional, caracterizada pela falta de energia, entusiasmo e um sentimento de esgotamento de recursos; despersonalização como objetos; que se caracteriza por tratarem os colegas; colegas e a organização como objetos; e diminuição da realização pessoal no trabalho com tendência do trabalhador se auto-avaliar de forma negativa. As pessoas sentem-se infelizes consigo próprio, o que o leva a uma insatisfação no desenvolvimento profissional. A presente pesquisa tem embasamento teórico em autores como: Maslach, Shaufeli e Leiter (2001), Rudow, B (1999), Farber(1991), Perrenoud, P. (1993), dentre outros Autores e Pesquisadores que se debruçaram sobre essas questões e de forma primorosa puderam consubstanciarem uma compreensão através de suas obras de como as pessoas adquirem a Síndrome de Burnout. O Burnout em professores é um fenômeno complexo e multidimensional resultante da interação entre aspectos individuais e o ambiente de trabalho. Este ambiente não se limita à sala de aula e ao contexto institucional, mas sim a todos os fatores que interagem nesta relação, incluindo fatores macros sociais, como políticas educacionais e fatores psicossociais. Nesse contexto à medida que a economia capitalista avança, a educação é tida como um negocia, e muitas vezes é gerenciada como algo pouco significativo e que provoca um declínio no status da profissão de professor o que visivelmente é constatado através de pesquisas de opinião, onde esse declínio tem se acentuado nos últimos anos de forma incisiva contribuindo para o aumento de portadores da Síndrome de Burnout para aqueles que persistem em continuar exercendo essa profissão. 13 CAPÍTULO I REVISÃO TEÓRICA SOBRE BURNOUT 1.1 - Conceito de Burnout O estudo da literatura mundial indica que não existe um conceito sobre Burnout, mas pode ser considerada uma resposta ao stress laboral crônico. Atualmente, a definição mais aceita do Burnout é a fundamentação na perspectiva social-psicológica de Maslasch colaboradores, sendo esta constituída de três dimensões; exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. Burnout é um tipo de estresse ocupacional que acomete profissionais envolvidos com qualquer tipo de cuidado em uma relação de atenção, continua e altamente emocional (Maslasch, 1981;1986; Leiterr & jacson, 1981; Vandeberghe & Huberman, 1999; Maslasch & Leiter, 199). As profissões mais vulneráveis são geralmente as que envolvem serviços, tratamento ou educação (Maslasch & Leiter, 1999). Na revisão Maslach e Jacson (1981.) dizem que: “Burnout aparece como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato excessivo com outros seres humanos, já que cuidar exige tensão emocional constante, atenção perene e grandes responsabilidades profissionais a cada gesto no trabalho. Ao evolver-se com os clientes, desgasta-se, não agüenta mais, desiste, entra em Burnout”. (p.113). 14 Maslasch, Schauleli e Leiter (2001) assim definem as três dimensões da síndrome: Exaustão emocional, caracterizada por uma falta ou carência de energia, entusiasmo e um sentimento de esgotamento de recursos; despersonalização, que se caracteriza por tratar os clientes, colegas e a organização como objetos; e diminuição da realização pessoal no trabalho, tendência do trabalhador a se auto-avaliar de forma negativa. As pessoas sentem-se infelizes consigo próprias e insatisfeita com seu desenvolvimento profissional. O processo do Burnout é individual (Rudow, 1999). Sua evolução pode levar anos e até mesmo décadas (RRudow, 1999). Seu surgimento é paulatino, cumulativo, com incremento progressivo em severidade (França, 1987). Não sendo percebido pelo individua, que geralmente se recusa a acreditar estar acontecendo algo errado com ele (França, 1987; Dolan, 1987; Rudow, 1999). Maslasch, Scufeli e Leiter (2001) pontuaram que, varias definições do Burnout,embora com algumas questões divergentes, todas encontram no mínimo cinco elementos comuns: 1) Existe a predominância de sintomas relacionados a exaustão mental e emocional, fadiga e depressão; 2) A ênfase nos sintomas comportamentais e mentais e não nos sintomas físicos: 3) Os sintomas do Burnout são relacionados ao trabalho; 4) Os sintomas manifestam-se em pessoas “normais” que não sofriam de distúrbios psicopatológicos antes do surgimento da síndrome; 5) A diminuição de afetividade e desempenho no trabalho ocorre por causa de atitudes e comportamentos negativos. 15 1.2 - Perspectiva de Estudo Burnout em professores é um fenômeno complexo e multidimensional resultante da interação entre aspectos individuais e o ambiente de trabalho. Este ambiente, não diz respeito somente à sala de aula ou ao contexto institucional, mas sim a todos os fatores envolvidos nesta relação, incluindo os fatores macros sociais, com políticas educacionais e fatores socioistoricos. Sleegers (1999, p.225): “Existem diferenças entre professores e diferença entre escolas, tudo deve ser incluído em qualquer modelo explicativo do Burnout em professores. Segundo este modelo, à medida que a economia capitalista avança, há uma preocupação em promover a eficiência. Neste movimento há uma redução da amplitude de atuação de trabalho, onde as tarefas de alto nível são transformadas em rotinas, existindo uma subserviência a um conjunto de burocracia. Também há menos tempo para executar o trabalho, menos tempo para atualização profissional, lazer e convívio social e poucas oportunidades de trabalho criativo. Refere ainda Woods a existência de diversificação de responsabilidades com maior distanciamento entre a execução realizada pelos professores e o planejamento das políticas que norteiam seu trabalho, elaboradas por outras pessoas. Os professores, de acordo com esta visão, são mais técnicos do que profissionais Kelchtermans (1999) acredita que este modelo está vinculado à concepção de escola como “empresa”, com critérios de avaliação e controle baseados nos valores de eficiência burocracia e medidas padronizadas de seus resultados. Lampert (1999) diz que a educação hoje é vista e gerenciada como um negócio rentável. A comunidade, de uma forma, nota esta concepção de ensino, desenvolvendo uma percepção negativa em relação à mesma, com conseqüente desprestígio de todos os que dela fazem parte. Len e Jesus (1999) complementam, afirmando que o status da profissão de professor e de outra vem declinando nos últimos anos e isto tem contribuído para o aumento de burnout nesta categoria profissional. 16 Faber (1999) partilha em muitos aspectos da visão sociológica de Woods (1999) para explicar burnout, mas acredita que a chave do entendimento deste fenômeno está na abordagem psicológica, mais especificamente no sentimento do professor de que seu trabalho é pouco significativo e que sem dúvida tudo isso resvala no imaginário coletivo permeando-o com “nuances de desatino”, onde as possibilidades de possível sucesso profissional ficam comprometidas devido o tempo para preparo ser exíguo, ocasionado por excesso extenuante de trabalho o que dificilmente trará a facilidade de concatenar as idéias de forma criativa e ordenada. Faber (1999,p.165) diz que: “Professores, como todas as pessoas, precisam sentir-se importantes, amados e de alguma forma especiais. Eles necessitam ter estas necessidades afirmadas por quem eles vivem e trabalham.” Os professore, afirma ainda, reagem de formas diferentes aos mais variados fatores de estresses, contudo está na relação aluno-professor a maior fonte de oportunidade de estresse e burnout, bem como de grandes oportunidades de recompensas e gratificações. Maslach e Leiter (1999) também partilham desta opinião. Para eles, os prejuízos desta relação dizem respeito não só ao bem-estar do professor, mas também à carreira e à aprendizagem dos alunos. Keltchtermans aborda o Burnout de professor a partir de uma outra pesquisa de uma outra perspectiva, a biografia. Neste modelo, as percepções e interpretações da situação dos estressores de trabalho dependem fortemente de características individuais e da historia de vida profissional, ou seja, o Burnout pode também ser entendido com base no desenvolvimento da carreira do professor. Keltchtermans (1999) afirma que:“ O desenvolvimento profissional não afeta a maneira de o professor lidar com as demandas de seu entendimento e representação de escola e Ensino.” p. 183) 17 A análise de carreira de professores, técnica utilizada pelo autor em seus estudos, mostra duas importantes questões: a primeira é uma gama de concepções sobre eles mesmos (profissional self) e a segunda é o sistema de crenças pessoais sobre o ensino (subjetive e educacional theory). O autor destaca a importância de contextualizar a perspectiva biográfica, uma vez que professores e o ensino está próximo em seu contexto, tanto na dimensão temporal como na espacial. Desenvolvendo algumas reflexões sobre este fenômeno em professores, Sleegers (1999) acredita que Burnout deve ser analisado a partir das perspectivas sociológicas, psicológica e organizacional. Sleegers (1999,) diz que: “Burnout em professores pode ser conceitualmente definido dentro de uma abordagem interacional e considerado o resultado da interação entre intenções e ações individuais do professor e suas condições de trabalho.” (p.255) 1.2.1- A perspectiva psicossocial: quando adotadas por Maslasch e Pines, pretende explicar as condições ambientais nas quais se originam Síndrome de Burnout, os fatores que ajudam a atenuá-la (especialmente o apoio social) e os sintomas específicos que caracterizam a síndrome, fundamentalmente de tipo emocional, nas distintas profissões. Além disso, neste enfoque se desenvolveu o instrumento de medidas mais amplamente utilizado para avaliar a síndrome, o Maslach Burnout Inventory (MBI). Cabe ressaltar que em relação ao instrumento, sua validade de construto demonstra que o mesmo mede as três dimensões assinaladas na literatura: esgotamento emocional, despersonalização e reduzido ganho pessoal. 1.2.2- A perspectiva organizacional: que se centram em que as causas da Síndrome de Burnout se originam em três níveis distintos, o individual, o organizacional e o social (CHERNISS, 1980). O desenvolvimento da Síndrome 18 de Burnout gera nos profissionais, respostas ao trabalho, que não tem que aparecer sempre, nem juntas, como a perda do sentido do trabalho, idealismo e otimismo, ou ausência de simpatia e tolerância frente ao cliente e a incapacidade para apreciar o trabalho como desenvolvimento pessoal. 1.2.3- A perspectiva histórica: é fruto dos estudos realizados por SARANSON (1982) sobre as conseqüências das rápidas mudanças sociais nos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial no trabalho e das condições de trabalho. Gil - monte e Peiró (1999, p. 261) mencionam que: “Os instrumentos que continuam tendo deficiências psicométricas para medir os níveis de validade interna e externa da Síndrome de Burnout". 1.3- Breve Histórico da Síndrome de Burnout A partir da década de 70 é que começaram a ser construído modelos teóricos e instrumentos capazes de registrar e compreender este sentimento crônico de desanimo, de apatia, de despersonalização que acometem principalmente profissionais das áreas de Educação e Saúde. Apesar de um conceito relativamente novo (década de 70), em certo sentido o estudo do burnout tem a idade da Psicologia. Por exemplo, Pavlov, no inicio do século, forçou cães a discriminarem entre um círculo e uma elipse; depois ao tornar paulatinamente a diferença cada vez menor, provocam uma ruptura no comportamento que acreditou tratar-se de uma “neurose experimental”. O cão, forçado a uma escolha e ao mesmo tempo impossibilitado de realizá-la, seria um modelo para o desenvolvimento das neuroses humanas. Contemporaneamente, Freud desenvolvia a sua psicanálise, e com ela o mesmo conceito de frustração (Versagung), “a satisfação efetiva do seu desejo que o sujeito recusa a si mesmo” (Dicionário de psicanálise, 204, Laplanche). Assim, paradoxalmente, o sujeito adoece justamente no momento em que obtém êxito. O behaviorismo, com Watson, depois Skinner, vem desenvolver conceito semelhantes, o que para este último aproximaria as descobertas do behaviorismo e da psicanálise. 19 Um passeio pelas diversas teorias psicológicas, diversas épocas, na etiologia das neuroses da depressão, da ansiedade, enfim, um velho problema ainda candente, ainda latente: por que as pessoas desistem? Por que fracassam? Como e quando fogem quando não há razão aparente? Quando a ação não ocorre, o que está imobilizando o sujeito? Falta de motivação, desamparo, desesperança, passividade, alienação depressão, fadiga, estress e agora burnout, em última instância se defrontam com a mesma questão por que as pessoas desistem? Vazques (1995, ) afirma que: “O burnout é uma desistência de quem ainda está lá. encalacrado em uma situação de trabalho que não pode suportar, mas que também não pode desistir. O trabalhador ama, inconscientemente, uma retirada psicológica, um modo de abandonar o trabalho, apesar de continuar no posto. Está presente na sala de aula, mas passa a considerar cada aula, cada aluno, cada semestre, como números que vão se somando em uma folha em branco. “Tanto faz sobre o que estou dando aula, seque me interessa se foi boa ou não, o que me interessa é que mais uma aula passou”,“Tanto faz que meus alunos estejam apaixonados pelo conteúdo ou que minhas palavras atravessem seu cérebro como a um deserto,cumpro apenas a minha obrigação...”( p. 241) O problema segue tirando o sono de psicólogos e afins, sempre insólitos e sempre trazendo contribuições que vão pouco a pouco auxiliando a montar que quadro explicativo. Os estudos sobre “Lócus de controle interno e 20 externo”, levados a cabo por Rotter em 1961 e muitos outros nos ensinam que podemos desenvolver uma atitude perante a vida, acreditando na possibilidade de controle interno sobre o meio (lócus de controle interno) ou acreditando no controle pela sorte ou destino ou outros poderes externos (lócus de controle externo). A teoria do desampara de Seligman, a qual advoga que aprendemos a não responder assim ou assado. Bem anterior, a teoria da alienação, surgida com Marx e tantas vezes apropriada pela psicologia, ressaltando as conseqüências objetivas, econômicas; empurrando os cidadãos para o caminho da passividade a perda da critica. Uma teoria entra em moda, promete explicar o problema, sai de cena sem cumprir o que prometeu, mas acrescenta algo ou muito à compreensão do ser humano e particularmente de suas fraquezas. Mas as modas não são fortuitas, responde de alguma forma ás demandas sociais dirigem os olhos do pesquisador para tempos em que vive. Freud não elegeu a sexualidade como o principal drama do homem por acaso, vivia na sociedade vitoriana, ali a repressão sexual era o motor da história e da loucura, particularmente das mulheres. A teoria do stress não coincidiu simplesmente com a explosão de produção e consumo que se segue ao acordo de Bretton; Woord; a produtividade qualquer custo em que o mundo se envolveu “atritava” quotidianamente o ser humano e seus próprios limites. A teoria do burnout também não surge por acaso, teoria que se dispõe a compreender as contradições da área de prestação de serviços, exatamente quando a produção do setor primário descamba e o setor terciário vem tomar seu lugar. A teoria do ser humano solitário, na época em que parece se esvanecer a solidariedade; a ênfase na despersonalização quando a ruptura dos contatos sociais parecem ter eliminado a pessoa. 21 Foi Fregenbauer (1974) quem aplicou o termo burnout no sentido que usamos hoje. O homem que se “deitou ao seu divã” não se mostrava atormentado com seus mistérios sexuais como as histéricas de Freud, traziam uma energia enorme e derrotada, perda na possibilidade de ação, sucumbi impotente; quiçá, pensava Fregenbauer, vitima de sua onipotência? Sem ilusões, é preciso reconhecer que burnout é outra moda, outra promessa a tentar compreender o nosso ancestral sentimento de vazio. Outra vez ligada ao seu tempo: burnout é a síndrome do fim de século, mas outra vez trouxe e terá contribuições importantes. A síndrome do final do século atacando os trabalhadores do final do século. Educações, juntamente com saúde, estão entre as poucas profissões em que a demanda cresce, mais e mais trabalhadores são requisitados para ocupar este lugar, par e passo com a necessidade vão crescendo as impossibilidades da tarefa, as contradições sociais empurrando a educação para impasses que parecem insolúveis. Do educador se exige muito, o educador se exige muito; pouco a pouco desiste, entra em burnout. O termo burnout surgiu como uma metáfora para exprimir o sentimento de profissionais que trabalhavam diretamente com pacientes dependentes de substâncias químicas. Nos primeiros anos da década de 70, um estudo com profissionais ligados ao tratamento de droga mostrou que, após alguns meses de trabalho, estes profissionais compartilhavam alguns sintomas que já haviam sido observados e até estudados, mas de forma isolada (Freudenberger, 1974). Podia-se observar o sofrimento. Alguns reclamavam que já não viam seus “pacientes” como pessoas que necessitassem de cuidados especiais, visto que eles não se esforçavam para parar de usar drogas. Outros reclamavam que estavam tão exaustos que às vezes que já não conseguiam mais atingir os objetivos que haviam imaginado. Sentiam-se incapazes de modificar o status quo; sentiam-se derrotados. 22 A estes sintomas, agora pesquisados e analisados em conjunto, atribuiu-se o nome de burnout. Impossível dizer desde quando o burnout existe. A importância do trabalho de Freudenberger foi exatamente nomear um sentimento que já estava ali. A rosa é o nome da rosa (Humberto Eco), ao nomear o que sentimentos podem lidar com o que sentimos, podemos entendê-lo, enfrentá-lo, saber dos seus limites. 1.4- Burnout e o Trabalho Docente A escola, tal como hoje, constitui-se a partir do século XV no âmbito de uma sociedade disciplinar erigida no conjunto das transformações que produzem a modernidade. A concepção moderna de que o homem é ‘moldável’ e ‘transformável’ favoreceu o desenvolvimento de uma nova concepção de infância, que passou a ser centro de atenção e preocupação. Ao mesmo tempo, emergiu um conjunto de procedimentos e técnicas para controlar, corrigir, disciplinar e medir os indivíduos, tornando-os mais dóceis e úteis. Todo este processo, pelo qual a aprendizagem por ‘impregnação cultural’ é substituída pela ‘escolarização’ vai se desenvolver, consideravelmente, no século XVI. Nesse período, as escolas já constituídas e sob a tutela da Igreja abriam-se às camadas para instrumentalizar o povo para a leitura das sagradas escrituras, sendo o próprio clero o responsável pela atividade docente. A necessidade de convocar colaboradores leigos fez com que fosse instituída a realização de uma profissão de fé e um juramento aos princípios da Igreja o que deu origem ao termo professor: pessoa que professa a fé a fidelidade dos princípios da instituição e se doa sacerdotalmente aos alunos. Refere ainda o autor que a visão de magistério a partir desta perspectiva sacerdotal surge, de forma mais evidente, no momento da Revolução Francesa. 23 A concepção de professor caracteriza-o o como aquele que se doava à causa de resistir ao avanço do liberalismo. Era visto como uma figura estratégica, o guardião de uma ordem cujo sistema de referência era sagrado e cujas normas econômicas e sociais eram legitimadas pelas normas e valores religiosos. A essa concepção se incorporou, através dos tempos, uma visão da pratica do magistério de que o professor detém privilégios, com alto nível de qualificação e de autonomia, que o situa no campo do trabalho intelectual em oposição ao trabalho manual. Enguita (1989) por sua vez afirma que: “Do doutrinamento religioso a escola passou à doutrinação ideológica, para a disciplina material, para a organização da experiência escolar, de forma que gerasse nos jovens hábitos e, comportamentos mais adequados às necessidades da indústria. No contexto da carreira obsessiva e do domínio geral do discurso da eficiência, através de mais ilustres reformadores inspirados no mundo da empresa, importaram seus princípios e normas de organização de forma extremada em ocasiões delirantes, mas sempre com notáveis conseqüência para vida nas salas de aula.” (p. 125). A precariedade da organização das escolas e dos processos educativos, segundo o autor, correspondia à rudimentaridade da organização dos processos produtivos do século XIX. Quando a produção fabril foi submetida a 24 uma profunda revisão, cuja parte mais visível foram as idéias da gestão cientifica do trabalho, propostas pelo taylorismo, as escolas não tardaram a ligar-se a essa nova ordem. O paradigma da eficiência estava instituído. Nos últimos anos, outras questões se adicionam às da organização do trabalho docente. Segundo Esteve (1999), tem aumentado as responsabilidades e exigências que se projetam sobre os educadores, coincidindo com um processo histórico de uma rápida transformação do contexto social, o qual tem sido traduzido em uma modificação do papel do professor. Merazzi (1983) acredita que as mudanças no papel do professor estejam ligadas a três fatos fundamentais: 1º) a evolução e a transformação dos agentes tradicionais de socialização (família, ambiente cotidiano e grupos sociais organizados), que nos últimos anos, vem renunciando às responsabilidades que antigamente vinham desempenhando no âmbito educativo, passando a exigir que as instituições escolares assumam esta responsabilidade; 2º) o papel t tradicionalmente designado às instituições escolares, com respeito à transmissão de conhecimentos, viu-se seriamente modificado pelo aparecimento de novos agentes de socialização (meios de comunicação e consumo cultural de massas, etc.), que se converteram em fontes paralelas de informação e cultura; e 3º) o conflito que se instaura nas instituições quando se pretende definir qual é a função do professor, que valores, dentre os vigentes em nossa sociedade, o professor deve transmitir e quais deve questionar. Segundo Esteve (1999, p. 31) “Supõe um profundo e exigente desafio pessoal para os professores que se propõe a responder às novas expectativas projetadas sobre eles”. O professor, neste processo, se depara com a necessidade de desempenhar vários papeis, muitas vezes contraditórios, que lhe exigem manter o equilíbrio em várias situações. Exige que seja companheiro e amigo 25 do aluno, lhe proporcione apoio para o seu desenvolvimento pessoal, mas ao final do curso adote um papel de julgamento, contrário ao anterior. Deve estimular a autonomia do aluno, mas ao mesmo tempo pede que se acomode às regras do grupo e da instituição. Algumas vezes é proposto que o professor atenda aos seus alunos individualmente e em outra ele tem que lidar com as políticas educacionais para as quais as necessidades sociais o direcionam, tornando professor e alunos submissos, a serviço das necessidades políticas e econômicas do momento. Esteve (1999) “Adverte sobre as desastrosas tensões e desorientação provocada nos Indivíduos quando estes se vêem obrigados a uma mudança excessiva em um período de tempo demasiadamente curto. Para o autor, o professor está sendo tirado de um meio cultural conhecido, em que se desenvolveu até então sua existência, e está sendo colocado em um meio completamente distinto do seu, sem esperança de voltar à antiga paisagem social de que se lembra.” (p. 32). 1.5 -Três Componentes da Síndrome de Burnout Quando falamos em burnout podemos associar alguns sintomas que aparecem independentemente causando um grande sofrimento que irão se manifestar de forma pouco convencional, exacerbando em intensidade pela ansiedade vivenciada, ou pelo o endurecimento emocional. A síndrome é entendida como um conceito multidimensional que envolve três componentes: * Exaustão emocional – situação em que os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmo a nível afetivo. Parecem esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os problemas. * Despersonalização – desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e de cinismo às destinatárias do trabalho (usuário/clientes) – endurecimento afetivo, “coisificação” da relação. 26 * Falta de desenvolvimento pessoal no trabalho – tendência de uma “evolução negativa” no trabalho, afetando a habilidade para realização do trabalho e o atendimento, ou contato as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a organização. Na definição de Faber (1991): “Burnout é uma síndrome do trabalho que se origina da discrepância da percepção individual entre esforço e conseqüência, percepção esta influenciada por fatores individuais, organizacionais e sociais”. (p. 159) 1.5.1- Exaustão Emocional Um trabalhador que entra em burnout assume uma posição de frieza frente a seus clientes, não se deixando envolver com seus problemas e dificuldades. As relações interpessoais são cortadas. Como se ele estivesse em contato apenas com objetos, ou seja, a relação torna-se desprovida de calor humano. Isso acrescentado de uma grande irritabilidade por parte do profissional, este quadro torna qualquer processo de ensino-aprendizagem, que se pretenda afetivo, completamente inviável. Por um lado, o professor torna-se incapaz do mínimo de empatia necessária para a transmissão do conhecimento e, de outro, ele sofre: ansiedade, melancolia, baixa auto-estima, sentimento de exaustão física e emocional. Associado a esta forma de ser relacionar, que se manifesta diretamente no trabalho na relação com o aluno, a dinâmica psíquica do indivíduo também vai sofrendo alterações. Assim, essa dificuldade em lidar com a afetividade se traduz numa lógica mais depressiva em contraste com aquele perfil eufórico do inicio da carreira, como veremos mais adiante. 27 * A tensão entre a necessidade de estabelecimento de um vínculo afetivo e a impossibilidade de concretizá-la é uma característica estrutural que envolve cuidado. Assim o desgaste do vínculo afetivo leva a um sentimento de exaustão emocional esse esgotamento é representado pela situação na qual os trabalhadores, mesmo querendo, percebem que já não dar mais de si afetivamente. É uma situação de total esgotamento da energia física ou mental. O professor nesta situação se sente totalmente exaurido emocionalmente, devido ao desgaste diário ao qual é submetido no relacionamento com seus alunos: “eu durmo, mas não adianta nada; o sono parece que não me restaura. No dia seguinte eu acordo cansada... chega o final de semana e eu estou morta... no ano passado, fiquei tão esgotada emocionalmente que acabei procurando ajuda de uma psicóloga”. 1.5.2 Despersonalização * A despersonalização ocorre quando o vínculo afetivo é substituído por um racional. Podemos entender despersonalização como a perda do sentimento de que estamos lidando com outro ser humano. É um estado psíquico em que prevalece o cinismo ou dissimulação afetiva, a crítica exacerbada de tudo e de todos os demais e do meio ambiente (integração social). O professor começa a desenvolver atitudes negativas, criticas em relação aos alunos, atribuindo-lhes o seu próprio fracasso. O trabalho passa a ser lido pelo seu valor de troca; é a “coisificação” do outro ponto da relação, ou seja, o aluno, em nosso caso especifico, sendo tratado como objeto, de forma fria. 28 “ Os alunos chegam à escola com um comportamento que não envolve limites, acham que podem tudo. O professor depara-se com a situação de ter que transmitir noções básicas de educação e, ainda assim, levar avante um conteúdo programático. Tal situação é desgastante. Sinto que não consigo passar tudo aquilo que gostaria para os alunos.” 1.5.3 Falta de Envolvimento Pessoal no Trabalho * O baixo envolvimento pessoal no trabalho, que também pode ser entendido como baixa realização pessoal no trabalho, ocorre nesta relação afeto-trabalho, sendo na verdade a perda do investimento afetivo. Não conseguir os objetivos aos quais se propõe traz ao professor um sentimento de impotência, de incapacidade pessoal para realizar algo que tanto sonhou. Este conflito tem como tendência levar a pessoa a avaliar a si própria negativamente particularmente com respeito ao próprio trabalho com seus alunos. Seu tr5tabalho perde sentido. “... Ultimamente tenho sentido um certo desânimo em relação à vinda ao colégio. Acho que isso deve-se ao fato de não sentir uma correspondência por parte dos alunos e da escola, de modo geral. Às vezes, sinto que gostaria de ter mais tempo livre, incluindo este que dedico à escola, para dedicar a outras coisas...”. 29 CAPÍTULO II CONSIDERAÇÕES SOBRE BURNOUT EM DOCENTES 2.1 Diagnostico do Docente com Burnout O diagnostico da Síndrome de Burnout pode ser objetivo ou subjetivo com critérios para determinar seu grau. Os principais sintomas seriam a fadiga ou esgotamento emocional, acompanhados de sentimento de incompetência profissional e insatisfação no emprego, alem de problemas de concentração irritabilidade e negativismo. O principal indicador séria o estado emocional por período de vários meses, observados por distintas pessoas como colegas, supervisores e outros. De acordo com Maslach (1993) “A Síndrome de Burnout é um processo que começa com um excessivo e prolongado nível de tensão ou, “estresse” que produz a fadiga no trabalho, sentimento de estar exausto, irritabilidade. Similarmente a Síndrome de Burnout tem sido caracterizada como uma progressiva perda do idealismo e da energia e o propósito de ajudar aos usuários dos serviços.” (p.32) FREUDENBERG (1974) descreve os seguintes sintomas: impaciência e grande irritabilidade, sensação de onipotência, paranóia, cansaço emocional e desorientação. Por sua CABALLERO e MILLÁN (1999) propõe que a Síndrome de Burnout apresenta sintomas de ordem: 1.Fisiológica: falta de apetite, cansaço, insônia, dor cervical, ulceras: 30 2. Psicológica: irritabilidade ocasional ou instantânea, gritos, ansiedade, depressão, frustração, resposta rígidas e inflexíveis. 3. De conduta: expressões de hostilidade ou irritabilidade, incapacidade para poder concentra-se no trabalho, aumento das relações conflitivas com os demais colegas, chegar tarde ao trabalho ou sair cedo, estar com freqüência fora da área de trabalho e fazer longas pausas de descanso no trabalho. 4. Outros: aumento do absenteísmo, apatia face à organização, isolamento, empobrecimento da qualidade do trabalho, atitude cínica e fadiga emocional, aumento do consumo de café, álcool, barbitúricos e, cigarros. GUTIÉRREZ (2000) distingue cinco elementos comuns nas pessoas que sofrem a Síndrome de Burnout: a) um predomínio de sintomas como cansaço mental ou emocional, fadiga e depressão; b) a evidencia pode ser vista em um sintoma mental ou de conduta mais do que sintomas físicos; c) os sintomas estão relacionados com trabalho; d) os sintomas se manifestam em pessoas “normais” que não sofriam anteriormente de nenhuma alteração psicopatológica; e) se pode observar uma redução da efetividade e do rendimento no trabalho. Faber (1991) divide as manifestações do burnout em professores em sintomas individuais e profissionais, destacando, entretanto, que estas questões são de difíceis generalizações e descrições universais. Em geral, segundo o autor, os professores sentem-se emocional e fisicamente irritados, ansiosos, com raiva ou tristes. As frustrações emocionais peculiares a este fenômeno podem levar a sintomas psicossomáticos como insônia, dores de cabeça e hipertensão, além de abuso no uso de álcool e medicamentos, incrementando problemas familiares e conflitos sociais. Nos aspectos profissionais, o professor pode apresentar prejuízos em seu planejamento de aula, tornando-se este menos freqüente e cuidadoso. 31 Apresenta perda de entusiasmo e criatividade, sentimento de menos simpatia pelos alunos e menos otimismo quanto à avaliação de seu futuro. Pode também sentir-se facilmente frustrado pelos problemas ocorridos em sala de aula ou pela falta de progresso de seus alunos, desenvolvendo um grande distanciamento com relação a estes. Sentimentos de hostilidades em relação a administradores e familiares de alunos também são freqüentes, bem como o desenvolvimento de visão depreciativa com relação à profissão. O professor mostra-se autodepreciativo e arrependido de ingressar na profissão, fantasiando ou planejando seriamente abandoná-la. Segundo Edelwich e Brodsky (1980), os professores apresentam burnout quando gastam muito tempo de seu intervalo denegrindo alunos, reclamando da administração, arrependendo-se de sua escolha profissional e planejando novas opções de trabalho. 32 Quadro 1 – Conseqüência da Síndrome de Burnout por Grupo GRUPO Psicológicos CONSEQUÊNCIA Problemas Psicosomáticos Actitudes negativas hacia sínismo Depresión Sentimientos de culpabilidad Ansiedad Abumimiamento Baja tolerancia a lafrustración Abuso de drogas Em el contexto ambiental Disminución delrendimento Actitudes negativas hacia el trabajo Falta de motivacion hacia el trabajo Actitudes negativas el cliente Incapacidad para realizar el trabajo com rigor Rotación Intención de abandonar o abandono real del trabajo Absenteísmo, retrasos y largos pausas em el trabajo Insatisfacción em el trbajo Disminución del compromiso Em el contexto ambiental Actitudes negativas hacia la vida em general Disminución de la galidad de personal Fuente: Garcés de los Fayos. 2000, p.33. 33 2.2 - Etiologia de Burnout em Professores Muitos estudos têm se preocupado em identificar as causas do burnout especificamente na população de professores. Faber (1991) parte do pressuposto de que suas causas são uma combinação de fatores individuais, organizacionais, sendo que exata interação produziria uma percepção de baixa valorização profissional, tendo como resultado o burnout. O autor, ao se referir aos fatores de personalidade, diz que a literatura considera professores idealistas e entusiasmados com sua profissão mais vulneráveis, pois sentem que têm alguma coisa a perder. Estes professores são comprometidos com o trabalho e envolvem-se intensamente com suas atividades, sentindo-se desapontados quando não são recompensados por seus esforços. Idealizações em relação ao trabalho e a organização propiciam o surgimento do burnout (Maslasch & Jacson, 1984 b). Professores possuem expectativas de atingir metas um tanto ou quanto irrealistas, pois pretendem não somente ensinar seus alunos, mas também ajudá-los a resolvem seus problemas pessoais (Maslasch & Goldberg, 1998). Maslasch e Jacson (1984a) afirmam que a educação pode ser associada ao burnout, devido ao alto nível de expectativa destes profissionais, o qual não pode ser totalmente preenchido. Quanto às variáveis sociodemográficas, Faber (1991) refere-se a estudos que têm mostrados serem os professores do sexo masculino mais vulnerável que os do sexo feminino, o que levou à suposição de que mulheres são mais flexíveis e mais abertas para lidar com as várias pressões presentes na profissão de ensino. Etzion (1987) associa as diferenças encontradas nos níveis do burnout às questões tradicionais do processo de socialização e organização social, as quais se colocam diferentemente para homens e mulheres. 34 Maslasch (1982) afirma que: “Professore com menos de 40 anos apresentam maior risco de incidência, provavelmente devido as expectativas irrealistas em relação à profissão. Jovens precisam aprender a lidar com as demandas do trabalhos e,por esta razão, podem apresentar maiores níveis da síndrome. Professores com mais idade, segundo a autora parecem já ter desenvolvido a decisão de permanecer na carreira, demonstrando menos preocupação com os estressares ou com os sintomas pessoais relacionados ao estresse” (p.74) No que tange às variáveis profissionais, estudo realizado por Friedman (1991) identificou que, quanto maior a experiência profissional do professor, menos eram os níveis do burnout. Já para SCHWAB (1982) e Woods (1999), mais significativo que os anos de pratica de ensino é o nível de ensino em que o professor atua. Professores de ensino fundamental e médio apresentam mais atitude negativa em relação aos alunos e menor freqüência de sentimentos de desenvolvimento profissional do que os professores do ensino infantil. Inerente ao conteúdo do seu cargo, a relação com o aluno tem sido apontada com uma das maiores causas do burnout. Estudo realizado com professores suíços identifica que sua maior causa é o mau relacionamento professor-aluno. Estudos de Burke e colaboradores (1996) confirmam este resultado, acrescentando ainda a relação entre burnout e a sobrecarga e o conflito de papel. O professor assume muitas funções, possui papeis muitas vezes contraditórios, isto é, a instrução acadêmica e a disciplina da classe. Também têm que lidar com aspectos sociais e emocionais de alunos, e ainda conflitos ocasionados pelas expectativas dos pais, estudantes, administradores e a comunidade. 35 O excesso de tarefas burocráticas tem feito com que professores se sintam desrespeitados, principalmente quando devem executar tarefas desnecessárias e não relacionadas à sua profissão. Ao desempenhar trabalhos de secretaria, diminui sua carga horária para o atendimento ao aluno e para desenvolver-se na profissão. A falta de autonomia e participação nas definições das políticas de ensino tem mostrado ser um significativo antecedente do burnout. Estas questões, somadas à inadequação salarial e à falta de oportunidade de promoções têm preocupado pesquisadores. Outra questão relevante abordada pelos autores é o isolamento social e a falta de senso de comunidade que, geralmente, estão presentes no trabalho docente, tornando os professores mais vulneráveis ao burnout. Segundo os autores, o ensino é uma profissão solitária, uma vez que há uma tendência do professor a vincular suas atividades ao atendimento de alunos, ficando à parte de atividades de afiliação, grupos e engajamento social. Este fato foi comprovado por Burke e Greenglass (1989), ao identificar ser a falta de suporte social uma das causas significativas do burnout em professores. A inadequação da formação recebida para lidar com as atividades de ensino, escola e cultura institucional também têm sido apontadas pelos professores como uma importante causa da síndrome (Faber, 1991; Wisniewski & Gargiulo, 1997). A formação do professor, explicam os autores, enfatiza conteúdos e tecnologia, sendo deficiente a abordagem nas questões de relacionamento interpessoal, relacionamento com alunos, administradores, pais e outras situações. A falta de condições físicas e materiais para programar suas ações junto aos alunos também foram identificadas como importante fonte de desgaste profissional. Segundo Abel e Scwell (1999,) citam que: “A relação com familiares dos alunos, também se mostra problemática e estressante, seja pela falta de envolvimento deles no processo educacional acreditando serem a escola e o professor os únicos responsáveis pela educação dos filhos – seja pelo excesso – acreditando ser o professor incompetente, inexperiente e, muitas vezes o causador dos problemas apresentados pelo aluno”.(p. 92) 36 2.3 Sintomatologia de Burnout no Indivíduo A Síndrome de Burnout se apresenta como uma síndrome complexa que acarreta conseqüências muito variáveis, já que estão presentes a nível psicológico, físico e de conduta. Entre os sintomas comuns relatados pela literatura, em nível individual estariam os problemas psicossomáticos, a diminuição do rendimento e as atitudes negativas frente à vida em geral. MCCONNELL (1982) propõe um esquema de sinais e sintomas na Síndrome de Burnout, que podem ser apresentados pelo indivíduo: 2.3.1 ● Sinais e sintomas físicos: são sintomas e sinais físicos similares aos do estresse ocupacional. Alguns sintomas que podem se apresentar são: a fadiga, a sensação de exaustão (cansaço crônico), indiferença ou frieza, sensação de baixa produtividade profissional, freqüente dores de cabeça, distúrbios gastrintestinais, alterações do sono (insônia) e dificuldades respiratórias. 2.3.2 ● Sintomas de conduta: existem graves alterações no comportamento que usualmente afetam aos colegas, pacientes familiares de pacientes e inclusive seus próprios familiares. 2.3.3 ● Sintomas psicológicos: podem aparecer mudanças tais como, trabalhar cada vez de forma mais intensa, sentimentos de impotência frente a 37 situações de vida ocupacional, sentimento de confusão e inutilidade, pouca atenção a detalhes, aumento do absenteísmo ocupacional, aumento do sentimento de responsabilidade exagerada ou fora de contexto à situação de enfrentamento do paciente, atitude negativa, rigidez, baixo nível de entusiasmo, e levar para casa os problemas do trabalho. Alem disso, SODERFELDT et al. (1995) assinalam o consumo de álcool e drogas, como uma forma de amortecer os efeitos do cansaço e esgotamento. Para Faber (1999) a chave do entendimento deste fenômeno Burnout está na abordagem psicológica: “ Professores, como todas as pessoas, precisam sentirse importantes, amados e de alguma forma especiais. Ele necessitam ter estas desejos afirmados por quem eles vivem e trabalham”. (p.1 65) 2.4 BURNOUT X DEPRESSÃO Dado que o BURNOUT tem sido descrito em termos de sintomas disfóricos, tais como exaustão, fadiga, perda da auto-estima e DEPRESSÃO, este capítulo dedica-se a revisar as possíveis similaridades, diferenças e complexidade entre estes dois conceitos, objetivando o aparecimento das questões diagnósticas e de intervenções mais eficazes. Guimarães & Ferreira Jr. (2000) declaram que: “Burnout é essencialmente um construto social que se desenvolve a partir das relações laborais e organizacionais, ao contrário a depressão é um conjunto de emoções e cognições que repercute especialmente no trabalho”. (p. 303) 38 Alguns estudos têm sido realizados tentando estabelecer as possíveis diferenças entre Síndrome de Burnout e Depressão. STEINER (2001) testa a validade discriminante do BURNOUT em contraste com a DEPRESSÃO usando o Maslach Burnout Inventory (MBI), MASLALACH & JACSON, (1986) e o Allgemeine Depressiosskala (ADS) HAUTZINGER (1993). Os dados obtidos revelam que o Suporte Social, e variáveis ligadas à saúde e à ocupação estão correlacionados tanto em BURNOUT quanto na DEPRESSÃO, apontando para a validade de construto do BURNOUT. Já LAEGEFOREN (2000) testa a validade de construto do BURNOUT pelo MBI, obtendo um Alpha de Crombach (0.61). obtém como resultado: Boa consistência interna entre exaustão emocional (r=0.54), satisfação no trabalho (r=0.54)e depressão(r=0.72). BRENNINKMEYER & YEREN (2001) realizam estudos junto a 190 professores do ensino médio, com idade de 44 anos. sintomalogia da depressão e os componentes diferentemente nas sensações de superioridade. do Os autores verificam se a Burnout são relatados Baseado no quadro clinico da depressão, o qual parece refletir o baixo nível de superioridade, um sentido geral de frustração e derrota, os indivíduos com alto nível de burnout também apresentaram sintomas depressivos. Os resultados confirmam as expectativas. Além disso, a depressão está significativamente relacionada com superioridade, embora não houvesse relação observada entre o sintoma principal do burnout (isto é, exaustão emocional) e superioridade. Conclui-se que a depressão e o burnout estão relacionados como próximos, mas não são considerados como idênticos. 39 Quadro 2: Recursos de Apoio ao Docente Portador de Burnout ● Boas Condições de Trabalho ● Salários Adequados ● Segurança ● Estabilidade ● Possibilidade de Crescimento Profissional ● Progressão funcional ● Reconhecimento Social ● Melhoria das Relações Interpessoais no Ambiente Escolar ● Apoio Psicológico ao Docente com Burnout ● Exame Clinico e Terapia que minimizem os efeitos físicos em professores com Burnout ● Apoio Familiar ao Docente portador da Síndrome ● Apoio Organizacional ao Professor 40 CAPÍTULO III ANÁLISE DOS RESULTADOS 3.1 Dados Levantados Neste Capitulo será apresentado o resultado da pesquisa representado por gráficos, quadrados de tabela que apontarão o percentual da incidência do burnout no trabalho docente e conseqüentemente em todo o ambiente escolar. Burnout não é apenas um fenômeno freqüente entre os educadores, é também altamente disseminado entre quase todos os cargos que foram analisados dentro da escola. Os fatores a serem mostrado – despersonalização, exaustão emocional e baixo rendimento no trabalho trarão seu respectivo valor associado a um nível moderado de sofrimento em burnout. 3.2 Aspectos dos dados obtidos TABELA 1 Gênero dos Docentes Pesquisados no Ensino Médio Turno Vespertino 10 M 20 F TP =30 Turno Noturno 17 M Tp = 51 TG = 81 Docentes 34 F Nomenclatura M = Doc/Masculino F = Doc/Feminino TP = Total Parcial TG = Total Geral Fonte: Dados coletados junto a secretaria do I. E. E. Carmela Dutra A Tabela 1 demonstra que a maioria dos Docentes é predominantemente feminino, o que caracteriza a profissão como uma escolha eminente da maioria das universitárias que engessam nos cursos de licenciatura plena nas mais diversas áreas do ensino superior. 41 TABELA 2 Você conhece o significado do termo Burnout? Doc. Femin. Doc. Masc. Sim 24 4 Não 32 20 Fonte: Questionário para docentes – Dez/2008 Doc. Femin. Doc. Masc. 17% 57% 43% Sim Sim Não Não 83% A Tabela 2 junto aos gráficos demonstra que o percentual dos Docentes que conhecem o termo Burnout, aponta um discrepância entre os gêneros percentualmente relacionando o seu significado ao grau de conhecimento no universo pesquisado, o que representa o pouco conhecimento do assunto, e que pode parecer, não ser surpresa, haja vista a falta de políticas de saúde pública que possa resguardar a integridade biopsíquica deste profissional, para que o mesmo possa estar com todo seu “potencial” a serviço do exercício pleno da profissão. 42 TABELA 3 DIFICULDADES DA CARREIRA DO MAGISTÉRIO TIPO DE DIFICULDADES DOC. FEM. DOC. MASC. estresse ocupacional 48 20 cansaço emocional 48 20 despersonalização 8 8 apatia ao trabalho 36 12 redução da realização pessoal 21 12 problemas fisiologicos 24 12 probmas psicologicos 21 16 problemas de conduta 12 8 Fonte: Questionário de entrevista aplicado aos Docentes – Dz/2008 A Tabela 3 demonstra em seu conteúdo os problemas e dificuldades que fazem parte do cotidiano do profissional da Educação; o que de forma categórica em seu percentual mais alto, figura a Apatia ao trabalho para os Docentes Feminino, e Estresse ocupacional para os Docentes Masculinos, o que não deixa de ser, sintomas que podem levar a um agravamento continuo na dinâmica de trabalho, sem que o mesmo se aperceba. DOC. FEM. estresse ocupacional cansaço emocional 7% 14% despersonalização 12% 14% 14% 5% apatia ao trabalho redução da realização pessoal problemas fisiologicos 12% 22% probmas psicológicos problemas de conduta Gráfico 1 da Tabela 2 - Docentes Femininos 43 DOC. MASC. estresse ocupacional cansaço emocional despersonalização 7% 19% apatia ao trabalho 15% redução da realização pessoal 11% 19% problemas fisiologicos 11% 11% 7% probmas psicológicos problemas de conduta Gráfico 2 da Tabela 3 pág. 41 – Docentes Masculinos. Os gráficos 1 e 2 da tabela 3, pagina anterior, demonstra os percentuais e dificuldades inerente ao exercício pleno da profissão de Docentes vivenciadas na rotina diária “desse profissional”. 44 TABELA 4 Problemas Fisiológicos em Docentes com Burnout Tipos de problemas Doc. Feminino Doc. Masculino Falta de apetite 16 4 Cansaço 40 12 Insônia 36 4 Dor cervical 36 8 Dores de cabeça 4 8 Úlceras gástricas 4 4 Outros Fonte: Questionário aplicado aos Docentes – Dez/2008 A tabela 4 demonstra o grau acentuado dos problemas Fisiológicos em Docentes; “acarretados” pela Síndrome de Burnout. Doc. Femin. Falta de apetite Cansaço 2% 21% Insônia 0% 10% Dor cervical 25% 21% 21% Dores de cabeça Úlceras Gástricas Outros 45 O gráfico 1 da tabela 4 mostra os percentuais que vem aferir o grau dos problemas Fisiológicos em Docentes Femininos com Burnout. Doc. Masc. Falta de apetite Cansaço 10% 20% 0% Insônia 10% 30% 20% Dor cervical Dores de cabeça 10% Úlceras Gástricas Outros O gráfico 2 da tabela 4 da pág. 40 mostra os percentuais que vem aferir o grau dos problemas Fisiológicos em Docentes Masculino com Burnout 46 CONCLUSÃO A Síndrome de Burnout revela um lado dos sintomas ocasionados pelas tentativas frustrantes de que padecem as relações interpessoais dentro, e às vezes até fora do ambiente de trabalho no que concerne às aspirações de crescimento e desenvolvimento do individuo nos seus afazeres, pois sempre passa a ser minado em suas expectativas o que o leva a executar seu trabalho de forma mecânica sem se dá conta de que é o próprio ambiente e suas relações de concorrência impotênciais que terminam acarretando e potencializando pensamentos de incapacidades, e o trabalho perde o seu sentido da sua relação com a função, de forma que as coisas parecem não importar mais e seus esforços parecem inúteis. A síndrome pode ser definida como uma reação à tensão emocional que acomete principalmente profissionais que tem contato direto com outros seres humanos. Neste trabalho verificamos que os docentes são expostos frequentemente a situações de estresse o que vai culminando em pequenos desacertos em sua dinâmica de trabalho o que possibilita ao aparecimentos de potenciais problemas que são denotados a cada gesto no desempenho de seu trabalho o que configura uma sintomatologia que inevitavelmente pode-se denominar como um quadro de burnout. 47 Trabalhar não é só aplicar uma série de conhecimentos e habilidades para atingir a satisfação das próprias necessidades; trabalhar é fundamentalmente fazer-se a si mesmo transformando a realidade. Partindo da concepção de que o homem é um ser social historicamente determinado, que se descobre, se transforma e é transformado pela via do trabalho, é que acreditamos ser de fundamental importância para a qualificação desta construção social entender os fenômenos psicossociais que envolvem o trabalho humano. Burnout, não há duvida, é um destes fenômenos. Na medida em que entendemos melhor este fenômeno psicossocial como processo, identificamos suas etapas e dimensões, seus estressores mais importantes, seus modelos explicativos, podemos vislumbrar ações que permitam prevenir, amainar, atenuar ou estancar este quadro. Desta forma, é possível auxiliar o professor para que este possa prosseguir concretizando seu projeto de vida orientando-o para que ele sinta-se potencialmente capaz de conseguir ampliar as suas conquistas tanto na vida pessoal como profissional com vistas a uma melhoria na qualidade de vida. Torna-se de fundamental importância destacar que a prevenção e a erradicação d do quadro de burnout em professores não é tarefa solitária deste, mas deve contemplar uma ação conjunta entre professor, alunos, instituição de ensino e sociedade. As reflexões e ações geradas devem visar à busca de alternativas para possíveis modificações, não só na esfera micro social de seu trabalho e de suas relações interpessoais, mas também na ampla gama de fatores macros organizacionais que determinam aspectos constituintes da cultura organizacional e social na qual o sujeito exerce sua atividade profissional. 48 Destacamos no finalizar este trabalho que embora tanto o estresse como o burnout no ensino certamente ocorram há muito tempo entre os professores, seu reconhecimento como problema sério, com importantes implicações psicossociais, tem sido mais explícitos nos últimos 20 ou 30 anos. Burnout não é um fenômeno novo; o que talvez seja novo é o desafio dessa categoria profissional em identificar e declarar o estresse e o burnout sentidos. O professor conhece muito sobre o quê e como ensinar, mas pouco sobre os alunos e muito menos sobre si mesmo. BIBLIOGRÁFIA ABEL, M. H & SEWELL, J. Stres and burnout in rural and urban secondary school teachers. Jornal of Educacion Research, 1999. CABLLERO, L. & MILLAN, J. La aparición del síndrome del Burnou o de estar quemado. Secretaria General d’ administració i funció Pública,1999. Decreto-Lei nº 047 de 19 de dezembros de 1947, cria o curso Pedagógico da Escola Normal do Guaporé, expedido pelo Governador do Território Federal do Guaporé, major do exército Frederico Trotta. “Art. 1º - Fica criado o Curso Normal Regional do Território do Guaporé, de acordo com o Decreto-Lei, nº 8.530, de 2 de janeiro de 1946, com sede na cidade de Porto Velho, capital do território.” EDELWICH J. & BRODSKY, A. 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Revista de Educación, 1995. 51 ANEXOS Índice dos anexos Anexo 1 Cópia de jornal, ALTO MADEIRA de 07 de janeiro 2006 – Reportagem - Uma história exemplar para nossa cultura Anexo 2 Cópia do parecer do 178 CEE/RO/91 de reconhecimento do I.E.E CARMELA DUTRA Anexo 3 Internet - 2 site Anexo 4 Questionário para professores 52 53 67 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 EPÍGRAFE 5 RESUMO 6 METODOLOGIA 7 SUMÁRIO 10 INTRODUÇÃO 11 CAPÍTULO I 13 1 – CONCEITO DE BURNOUT 1.1 - Perspectivas de Estudo 15 1.2.1 – A Perspectiva Psicosocial 17 1.3 - Breve Histórico da Síndrome de Burnout 18 1.4 - Burnout e o Trabalho Docente 22 1.5 – Três componentes da Síndrome de Burnout 25 1.5.1 – Exaustão Emocional 1.5.2 – Despersonalização 26 1.5.3 – Falta de Envolvimento Pessoa no Trabalho 27 CAPÍTULO II 28 2 – CONSIDERAÇÕES SOBRE BURNOUT EM DOCENTES 2.1 – Diagnóstico do Docente co Burnout Quadro 1 – Conseqüência da Síndrome de por Grupo 31 2.2 – Etiologia de Burnout em Professores 32 2.3 – Sintomatologia de Burnout no Indivíduo 35 2.4 – Burnout X Depressão 36 54 68 Quadro – 2: Recursos de Apoio ao Docente Portador de Burnout 38 CAPÍTULO III 39 ANÁLISE DOS RESULTADOS 3.1 Dados Levantados CONCLUSÃO 45 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47 ANEXOS 50 ÍNDICE 67 55 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-RETORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO Curso: Docência do Ensino Superior Monografia: Um Estudo Psicológico Sobre a Síndrome de Burnout Autor: Marcos Antonio Tavares da Silva Orientador: Profº Dr. Vilson Sérgio de Carvalho ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES 1. Idade __________ 2. Sexo 2.1 ( ) Masculino 2.2 ( ) Feminino 3. Tempo de Experiência Docente: __________ 4. Você conhece o significado do termo Síndrome de Burnout? ( ) Sim 5. ( ) Não Conceituando Síndrome de Burnout como estresse ocupacional que alteram a conduta profissional, pergunta-se: Você já apresentou sintomas relativos a Burnout? ( ) Sim 6. ( ) Não Marque X nas dificuldades que você acredita fazer parte da carreira do magistério: ( )Estresse Ocupacional ( )Redução da realização pessoal 56 ( )Cansaço emocional ( )Problemas Fisiológicos ( )Despersonalização ( )Problemas Psicológicos ( )Apatia ao trabalho ( )Problemas de Conduta 7. Quanto aos problemas Fisiológicos acarretados pela Síndrome de Burnout quais você já apresentou? ( )Falta de Apetite ( )Dor cervical ( )Cansaço ( )Dores de cabeça ( )Insônia ( )Úlceras gástricas Outros?_________________________________________________________ _______________________________________________________________ ________ 8. CABALLEROS & MILLAN (1999) apresenta o quadro dos problemas Psicológicos que acometem profissionais com Burnout. Assinale com X quais você já sentiu? ( )Irritabilidade ocasional ou instantânea ( )Resposta rígidas e inflexíveis ( )Ansiedade ( )Frustração ( )Depressão 9. ( )Gritos O profissional com Burnout frequentemente problemas de conduta. Qual você já sofreu? ( )Expressão de hostilidade ( )Insubordinação a chefes ( )Incapacidade de concentração ( )Chegar tarde, ou sair mais cedo trabalho ( )Relação conflitivas com colegas apresentam alguns 57 10. Outros problemas são relacionados à Síndrome de Burnout. Marque com um x os comportamentos que você já apresentou: ( )Absenteísmo – Falta ao trabalho ( )Apatia face à organização ( )Isolamento no trabalho ( )Negligencia na qualidade do trabalho Obrigado por sua colaboração! 58 59 60 61 62 63