1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UM ESTUDO PSICOLÓGICO SOBRE A SÍNDROME DE
BURNOUT EM
DOCENTES DO I.E.E. CARMELA DUTRA PVH/RO
Marcos Antonio Tavares da Silva
Orientador:
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
PORTO VELHO - RO
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UM ESTUDO PSICOLÓGICO SOBRE A SÍNDROME DE
BURNOUT EM
DOCENTES DO I. E. E. CARMELA DUTRA PVH/RO
Marcos Antonio Tavares da Silva
Trabalho
monográfico
apresentado
como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em
Docência
do
Ensino Superior, sob a orientação do Prof.
Dr. Vilson Sérgio de Carvalho.
PORTO VELHO - RO
2009
3
AGRADECIMENTOS
A Deus que para mim, significa uma força
superior
com
onipresença
a
capacidade
da
onipotência onisciência, e
representa inicio meio e fim em nossas
vidas.
Aos Professores da Universidade Candido
Mendes
–
UCAM,
que
me
deram
importante suporte intelectual na trajetória
do curso de Docência do Ensino Superior.
A
clientela
pesquisada
do
Instituto
Estadual de Educação Carmela Dutra,
pelo acolhimento ao meu projeto de
pesquisa, a equipe gestora, em especial,
a Srª. Inar Aquino, Diretora deste tão
conceituado estabelecimento de Ensino
de nosso Estado.
Aos docentes do Instituto A Vez do
Mestre, em especial, ao Professor Vilson
Sérgio
de
dispensadas
Carvalho
na
pelas
horas
orientação
para
elaboração da minha monografia.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa ao meu filho do
coração
inspiração,
Fernando
meu
Tavares,
alento,
preocupações, minha razão de ser.
minha
minhas
5
EPÍGRAFE
“A Síndrome
de Burnout se apresenta
como
síndrome
uma
acarreta
complexa que
conseqüências
muito
variáveis, já que estas estão presentes a
nível
psicológico,
físico e de conduta.
Entre os sintomas mais comuns relatados
pela
literatura,
em
nível
individual
estariam os problemas psicossomáticos, a
diminuição do rendimento e as atitudes
negativas frente à vida em geral.”
Garcés de Los Fayos
6
RESUMO
Este estudo mostra a problemática da Síndrome de Burnout, sob o
prisma psicológico, voltado às questões relativas à Educação. Conceituando
primeiramente Burnout, nos encaminhamos para algumas concepções
inerentes ao tema, traçou-se um Breve Histórico e a Etiologia da Síndrome. As
perspectivas de Estudo demonstram as principais correntes teóricas que
versam sobre o assunto, tanto na literatura brasileira como mundial. Mostrouse o Diagnostico do Docente com Burnout e a sintomalogia que acometem
profissionais portadores do distúrbio. Ao assumir novas funções, em face de
uma série de exigências do mercado de trabalho, o Burnout em professores é
um fenômeno complexo e multidimensional, resultante da interação entre
aspecto individuais e organizacionais, os quais não se limitam à sala de aula,
mas atingem à família e, por conseguinte à sociedade em geral. O Estudo de
caso foi feito no I.E.E. Carmela Dutra, na região central de Porto Velho, capital
do Estado de Rondônia.
O resultado foi obtido através de uma pesquisa
descritiva, com aplicação de questionários e entrevistas aos docentes com
nível superior, que atuam no Ensino Fundamental e Médio na referida
instituição.
A partir da revisão teórica, aliada a escuta feita aos sujeitos
pesquisados, consegui-se levantar dados significativos sobre os efeitos do
Burnout em professores.
Palavra-chave: Burnout. Sofrimento Psicológico. Docente.
7
METODOLOGIA
O objetivo primordial dessa pesquisa monográfica é esclarecer aos
educadores e a comunidade estudantil em geral sobre os percalços das
relações interpessoais e suas implicações, o que acarretam e como afetam
frontalmente o desempenho de grande parte dos professores do sistema
educacional e que indubitavelmente podem estar acometidos pela Síndrome
de Burnout.
Na medida em que se apresenta este fenômeno psicossocial como um
fator inerente ao processo de aprendizagem escolar, podemos vislumbrar
ações que permitam explicar, e prevenir, atenuar amainar ou estancar o
Burnout, com a preocupação de auxiliar o professor para que o mesmo possa
sair dessa redoma sem maiores prejuízo no tocante ao desempenho de sua
atividade e no relacionamento com parceiros de trabalhos e sua clientela
visando uma constância na sua auto-estima e se possível usar de estratégias
de estímulos bem humorados para que possa fluir uma melhor qualidade de
vida, e pra isso é necessário uma tomada de consciência do problema para
que se reate as boas relações e esse problema possa se dissipar. Perrenoud
(1993) diz que:
“ A profissão docente é uma profissão
impossível,
medida em que está sempre aquelas que trabalham com
pessoas. Por esta razão, o sucesso do empreendimento
educativo nunca estará assegurado, pois em
profissões sempre há
tais
mudanças, ambíguas, conflitos,
opacidades e mecanismos de defesa”.(p.138)
8
No obstante a visão que o autor da citação acima tem sobre o exercício
pleno de Docência, não nos resta dúvidas de que se faz premente a
implantação de políticas pública, não só com o intuito de amenizar o problema,
mais definir estratégias voltadas para “saúde intelectual” de que tanto a
educação precisa. Não podemos mais ser meros espectadores inertes como
se estivéssemos com os braços atados e nossa consciência adormecida.
A presente pesquisa dar-se-á no Instituto Estadual de Educação
Carmela Dutra, situado à Avenida Farquar, região central de Porto Velho,
capital do Estado de Rondônia e abrangerá docentes com nível superior que
atuam na rede de Ensino Fundamental e Médio lotados na referida instituição
nos períodos vespertino e noturno.
Área de Abrangência da Pesquisa
- Município: Porto Velho – RO
- Identificação da Instituição: Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra
- Localização: Av. Farquar nº 1913 – Bairro: Arigolândia.
- Autorização de funcionamento: 178/CCE/RO/91 de 30/12/1991
- Decreto de Fundação: 2.563 de 28/11/1984
- Diretor (a) da Instituição: Inar Aquino Freire
- Vice-diretor (a): Albertina Simonete do Nascimento
- horário d Funcionamento: Os três turnos
- Turmas atendidas no Ensino Fundamental: 24
- Turmas atendidas no Ensino Médio: 42
- Quantitativo de Professores com nível Superior: Masculino: 27 Feminino: 54
- Clientela Atendida: Bairros: Todos os bairros
9
* UM BREVE HISTÓRICO SOBRE O I.E.E CARMELA DUTRA
No dia 20 de dezembro de 2006 completou-se 50 (cinqüenta anos) que
em 1956 teve-se a colocação do grau na primeira turma de professores de
Ensino Primário habilitados no então Curso Pedagógico da Escola Normal
do Guaporé, criado em 1952 por ato do governador do Território, Dr. Jesus
Burlamarque Hozannah e instalado em 1954, pelo Governador em exercício
o major do exército Ênio dos Santos Pinheiro.
Os docentes habilitados nos anos anteriores a partir de 1950, eram
Regentes de Ensino formados pelo curso Normal Regional com duração
de quatros anos o
equivalente as atuais 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries do ensino
Fundamental; criado pelo Decreto nº 047 de 19 de Dezembro de 1947,
expedido pelo governador do Território
Federal do Guaporé, major do
exército e advogado Frederico Trotta.
Em seu Art. 1º, que dispõe sobre a criação do Curso Normal Regional do
Território do Guaporé; fica determinado que sua instalação será na cidade
de Porto Velho, capital do Território;
de acordo com o Decreto-Lei do
Governo Federal, nº 8.530, de 2 de Janeiro de 1946.
O Curso Normal Regional do Território Federal do Guaporé veio a
se denominar “Carmela Dutra” como forma de homenagem à memória da
ilustre dama que tão bem encarnava todas as virtudes da mulher brasileira.
Carmela Teles Leite Dutra, carinhosamente, chamada de Dona Santinha foi
primeira-dama do Brasil quando da posse de seu esposo Eurico Gaspar
Dutra, eleito como 16º Presidente da Republica, que teve seu mandato
cumprido de 31 de janeiro de 1946 até Janeiro de 1951. Católica fervorosa
exercia influência sobre seu marido e contribuiu incisivamente para dois
acontecimentos marcantes: a proibição do jogo no Brasil, em abril de
1946, e a extinção do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em maio
de1946.
Em outubro de 1947, Dona Santinha faleceu aos sessenta e três
anos de idade, tendo como causa morte um erro médico.
10
SUMÁRIO
RESUMO
06
MEDOLOGIA
07
INTRODUÇÃO
11
CAPÍTULO I
13
Revisão Teórica sobre Burnout
CAPÍTULO II
28
Considerações sobre Burnout em Docentes
CAPÍTULO III
39
Análise dos Resultados da Pesquisa
CONCLUSÃO
45
BIBLIOGÁFIA CONSULTADA
47
ANEXOS
50
ÍNDICE
68
11
INTRODUÇÃO
A escola como um espaço para o desenvolvimento social reflete a
cultura da qual faz parte como canal de transmissão aos educando, o gênio de
um povo, a visão de mundo assim como habilidades e conhecimentos
específicos. Afinal, a aprendizagem na escola depende da capacidade docente
e habilidade discente, no entanto, estudos recentes, identificam que a
Síndrome de Burnout tem atingido uma parcela considerável de professores
que no exercício pleno de sua profissão se deparam com situações
conflituosas cotidianamente, e diversos fatores vem acarretando momentos
constantes de estresse vinculados às situações de trabalho.
Ao assumir novas funções, o contexto social exige dos professores o
franco domínio de uma série de habilidades pessoais às quais aliados a
exigência constante de aquisição de conhecimentos o que não deixa de ser, ou
ocasionar uma repetitiva pressão emocional principalmente devido as relações
interpessoais estabelecidas ao longo do tempo e que vão se deteriorando, haja
vista a impossibilidade de manter essa aliança de seu contato pessoal e de
trabalho com uma qualidade constante e perene. Esse processo levam esses
profissionais a um determinado grau de alienação, desumanização e apatia,
ocasionando problemas de saúde, absenteísmo e desestímulos com intenções
freqüentes de abandonar a profissão. O que vimos é que o magistério desponta
como uma das profissões de alto risco colocando o profissional da educação
principalmente da rede pública estadual como franco candidato a adquirirem a
Síndrome de Burnout.
O objetivo dessa pesquisa é apresentar para os professores e outros
funcionários da escola a relevância do tema Burnout, visto que dificilmente
quem estar sobre este ciclo se dá conta, e a Síndrome atinge um grande
número de profissionais que são acometidos pelo estresse ocupacional e
12
emocional e que apresenta sintomas característicos da síndrome, como;
Exaustão emocional, caracterizada pela falta de energia, entusiasmo e um
sentimento de esgotamento de recursos; despersonalização como objetos; que
se caracteriza por tratarem os colegas; colegas e a organização como objetos;
e diminuição da realização pessoal no trabalho com tendência do trabalhador
se auto-avaliar de forma negativa. As pessoas sentem-se infelizes consigo
próprio, o que o leva a uma insatisfação no desenvolvimento profissional.
A presente pesquisa tem embasamento teórico em autores como:
Maslach, Shaufeli e Leiter (2001), Rudow, B (1999), Farber(1991), Perrenoud,
P. (1993), dentre outros Autores e Pesquisadores que se debruçaram sobre
essas questões e de forma primorosa puderam consubstanciarem uma
compreensão através de suas obras de como as pessoas adquirem a
Síndrome de Burnout.
O Burnout em professores é um fenômeno complexo e multidimensional
resultante da interação entre aspectos individuais e o ambiente de trabalho.
Este ambiente não se limita à sala de aula e ao contexto institucional, mas sim
a todos os fatores que interagem nesta relação, incluindo fatores macros
sociais, como políticas educacionais e fatores psicossociais.
Nesse contexto à medida que a economia capitalista avança, a
educação é tida como um negocia, e muitas vezes é gerenciada como algo
pouco significativo e que provoca um declínio no status da profissão de
professor o que visivelmente é constatado através de pesquisas de opinião,
onde esse declínio tem se acentuado nos últimos anos de forma incisiva
contribuindo para o aumento de portadores da Síndrome de Burnout para
aqueles que persistem em continuar exercendo essa profissão.
13
CAPÍTULO I
REVISÃO TEÓRICA SOBRE BURNOUT
1.1
- Conceito de Burnout
O estudo da literatura mundial indica que não existe um conceito sobre
Burnout, mas pode ser considerada uma resposta ao stress laboral crônico.
Atualmente, a definição mais aceita do Burnout é a fundamentação na
perspectiva social-psicológica de Maslasch colaboradores, sendo esta
constituída de três dimensões; exaustão emocional, despersonalização e baixa
realização pessoal no trabalho.
Burnout é um tipo de estresse ocupacional que acomete profissionais
envolvidos com qualquer tipo de cuidado em uma relação de atenção, continua
e altamente emocional (Maslasch, 1981;1986; Leiterr & jacson, 1981;
Vandeberghe & Huberman, 1999; Maslasch & Leiter, 199). As profissões mais
vulneráveis são geralmente as que envolvem serviços, tratamento ou educação
(Maslasch & Leiter, 1999). Na revisão Maslach e Jacson (1981.) dizem que:
“Burnout aparece como uma reação à tensão emocional
crônica gerada a partir do contato excessivo com outros
seres humanos, já que cuidar exige tensão emocional
constante, atenção perene e grandes responsabilidades
profissionais a cada gesto no trabalho. Ao evolver-se
com os clientes, desgasta-se, não agüenta mais, desiste,
entra em Burnout”. (p.113).
14
Maslasch, Schauleli e Leiter (2001) assim definem as três dimensões da
síndrome: Exaustão emocional, caracterizada por uma falta ou carência de
energia, entusiasmo e um sentimento de esgotamento de recursos;
despersonalização, que se caracteriza por tratar os clientes, colegas e a
organização como objetos; e diminuição da realização pessoal no trabalho,
tendência do trabalhador a se auto-avaliar de forma negativa. As pessoas
sentem-se infelizes consigo próprias e insatisfeita com seu desenvolvimento
profissional. O processo do Burnout é individual (Rudow, 1999). Sua evolução
pode levar anos e até mesmo décadas (RRudow, 1999). Seu surgimento é
paulatino, cumulativo, com incremento progressivo em severidade (França,
1987). Não sendo percebido pelo individua, que geralmente se recusa a
acreditar estar acontecendo algo errado com ele (França, 1987; Dolan, 1987;
Rudow, 1999).
Maslasch, Scufeli e Leiter (2001) pontuaram que, varias definições do
Burnout,embora com algumas questões divergentes, todas encontram no
mínimo cinco elementos comuns:
1) Existe a predominância
de sintomas relacionados a exaustão mental e
emocional, fadiga e depressão;
2) A ênfase nos sintomas comportamentais e mentais e não nos sintomas
físicos:
3) Os sintomas do Burnout são relacionados ao trabalho;
4) Os sintomas manifestam-se em pessoas “normais” que não sofriam de
distúrbios psicopatológicos antes do surgimento da síndrome;
5) A diminuição de afetividade e desempenho no trabalho ocorre por causa de
atitudes e comportamentos negativos.
15
1.2 - Perspectiva de Estudo
Burnout em professores é um fenômeno complexo e multidimensional
resultante da interação entre aspectos individuais e o ambiente de trabalho.
Este ambiente, não diz respeito somente à sala de aula ou ao
contexto
institucional, mas sim a todos os fatores envolvidos nesta relação, incluindo os
fatores macros sociais, com políticas educacionais e fatores socioistoricos.
Sleegers (1999, p.225): “Existem diferenças entre professores e diferença entre
escolas, tudo deve ser incluído em qualquer modelo explicativo do Burnout em
professores.
Segundo este modelo, à medida que a economia capitalista avança, há
uma preocupação em promover a eficiência.
Neste movimento há uma
redução da amplitude de atuação de trabalho, onde as tarefas de alto nível são
transformadas em rotinas, existindo uma subserviência a um conjunto de
burocracia. Também há menos tempo para executar o trabalho, menos tempo
para atualização profissional, lazer e convívio social e poucas oportunidades de
trabalho criativo.
Refere ainda Woods a existência de diversificação de
responsabilidades com maior distanciamento entre a execução realizada pelos
professores e o planejamento das políticas que norteiam seu trabalho,
elaboradas por outras pessoas. Os professores, de acordo com esta visão,
são mais técnicos do que profissionais Kelchtermans (1999) acredita que este
modelo está vinculado à concepção de escola como “empresa”, com critérios
de avaliação e controle baseados nos valores de eficiência burocracia e
medidas padronizadas de seus resultados.
Lampert (1999) diz que a educação hoje é vista e gerenciada como um
negócio rentável.
A comunidade, de uma forma, nota esta concepção de
ensino, desenvolvendo uma percepção negativa em relação à mesma, com
conseqüente desprestígio de todos os que dela fazem parte. Len e Jesus
(1999) complementam, afirmando que o status da profissão de professor e de
outra vem declinando nos últimos anos e isto tem contribuído para o aumento
de burnout nesta categoria profissional.
16
Faber (1999) partilha em muitos aspectos da visão sociológica de Woods
(1999) para explicar burnout, mas acredita que a chave do entendimento deste
fenômeno está na abordagem psicológica, mais especificamente no
sentimento do professor de que seu trabalho é pouco significativo e que sem
dúvida tudo isso resvala no imaginário coletivo permeando-o com “nuances de
desatino”, onde as possibilidades de possível sucesso profissional ficam
comprometidas devido o tempo para preparo ser exíguo, ocasionado por
excesso extenuante de trabalho o que dificilmente trará a facilidade de
concatenar as idéias de forma criativa e ordenada. Faber (1999,p.165) diz que:
“Professores, como todas as pessoas, precisam sentir-se importantes, amados
e de alguma forma especiais.
Eles necessitam ter estas necessidades
afirmadas por quem eles vivem e trabalham.”
Os professore, afirma ainda, reagem de formas diferentes aos mais
variados fatores de estresses, contudo está na relação aluno-professor a maior
fonte de oportunidade de estresse e burnout, bem como de grandes
oportunidades de recompensas e gratificações.
Maslach e Leiter (1999)
também partilham desta opinião. Para eles, os prejuízos desta relação dizem
respeito não só ao bem-estar do professor, mas também à carreira e à
aprendizagem dos alunos.
Keltchtermans aborda o Burnout de professor a partir de uma outra
pesquisa de uma outra perspectiva, a biografia. Neste modelo, as percepções
e interpretações da situação dos estressores de trabalho dependem fortemente
de características individuais e da historia de vida profissional, ou seja, o
Burnout pode também ser entendido com base no desenvolvimento da carreira
do professor. Keltchtermans (1999) afirma que:“
O desenvolvimento profissional não afeta a maneira
de o professor lidar com as demandas de seu
entendimento e representação de escola e Ensino.” p.
183)
17
A análise de carreira de professores, técnica utilizada pelo autor em
seus estudos, mostra duas importantes questões: a primeira é uma gama de
concepções sobre eles mesmos (profissional self) e a segunda é o sistema de
crenças pessoais sobre o ensino (subjetive e educacional theory). O autor
destaca a importância de contextualizar a perspectiva biográfica, uma vez que
professores e o ensino está próximo em seu contexto, tanto na dimensão
temporal como na espacial.
Desenvolvendo algumas reflexões sobre este fenômeno em professores,
Sleegers (1999) acredita que Burnout deve ser analisado a partir das
perspectivas sociológicas, psicológica e organizacional. Sleegers (1999,) diz
que:
“Burnout em professores pode ser conceitualmente
definido dentro de uma abordagem
interacional
e
considerado o resultado da interação entre intenções e
ações
individuais
do professor e suas condições de
trabalho.” (p.255)
1.2.1- A perspectiva psicossocial: quando adotadas por Maslasch e Pines,
pretende explicar as condições ambientais nas quais se originam Síndrome de
Burnout, os fatores que ajudam a atenuá-la (especialmente o apoio social) e os
sintomas específicos que caracterizam a síndrome, fundamentalmente de tipo
emocional, nas distintas profissões. Além disso, neste enfoque se desenvolveu
o instrumento de medidas mais amplamente utilizado para avaliar a síndrome,
o Maslach Burnout Inventory (MBI).
Cabe ressaltar que em relação ao
instrumento, sua validade de construto demonstra que o mesmo mede as três
dimensões
assinaladas
na
literatura:
esgotamento
emocional,
despersonalização e reduzido ganho pessoal.
1.2.2- A perspectiva organizacional: que se centram em que as causas da
Síndrome de Burnout se originam em três níveis distintos, o individual, o
organizacional e o social (CHERNISS, 1980). O desenvolvimento da Síndrome
18
de Burnout gera nos profissionais, respostas ao trabalho, que não tem que
aparecer sempre, nem juntas, como a perda do sentido do trabalho, idealismo
e otimismo, ou ausência de simpatia e tolerância frente ao cliente e a
incapacidade para apreciar o trabalho como desenvolvimento pessoal.
1.2.3- A perspectiva histórica: é fruto dos estudos realizados por SARANSON
(1982) sobre as conseqüências das rápidas mudanças sociais nos Estados
Unidos depois da Segunda Guerra Mundial no trabalho e das condições de
trabalho.
Gil - monte e Peiró (1999, p. 261) mencionam que: “Os instrumentos que
continuam tendo deficiências psicométricas para medir os níveis de
validade interna e externa da Síndrome de Burnout".
1.3- Breve Histórico da Síndrome de Burnout
A partir da década de 70 é que começaram a ser construído modelos
teóricos e instrumentos capazes de registrar e compreender este sentimento
crônico de desanimo, de apatia, de despersonalização que acometem
principalmente profissionais das áreas de Educação e Saúde.
Apesar de um conceito relativamente novo (década de 70), em certo sentido o
estudo do burnout tem a idade da Psicologia. Por exemplo, Pavlov, no inicio do
século, forçou cães a discriminarem entre um círculo e uma elipse; depois ao
tornar paulatinamente a diferença cada vez menor, provocam uma ruptura no
comportamento que acreditou tratar-se de uma “neurose experimental”. O cão,
forçado a uma escolha e ao mesmo tempo impossibilitado de realizá-la, seria
um
modelo
para
o
desenvolvimento
das
neuroses
humanas.
Contemporaneamente, Freud desenvolvia a sua psicanálise, e com ela o
mesmo conceito de frustração (Versagung), “a satisfação efetiva do seu desejo
que o sujeito recusa a si mesmo” (Dicionário de psicanálise, 204, Laplanche).
Assim, paradoxalmente, o sujeito adoece justamente no momento em que
obtém êxito. O behaviorismo, com Watson, depois Skinner, vem desenvolver
conceito semelhantes, o que para este último aproximaria as descobertas do
behaviorismo e da psicanálise.
19
Um passeio pelas diversas teorias psicológicas, diversas épocas, na
etiologia das neuroses da depressão, da ansiedade, enfim, um velho problema
ainda
candente, ainda latente: por que as pessoas desistem?
Por que
fracassam? Como e quando fogem quando não há razão aparente? Quando a
ação não ocorre, o que está imobilizando o sujeito?
Falta de motivação, desamparo, desesperança, passividade, alienação
depressão, fadiga, estress e agora burnout, em última instância se defrontam
com a mesma questão por que as pessoas desistem? Vazques (1995, ) afirma
que:
“O burnout é uma desistência de quem ainda está lá.
encalacrado em uma situação de trabalho que não pode
suportar, mas que também não pode desistir. O
trabalhador
ama,
inconscientemente,
uma
retirada
psicológica, um modo de abandonar o trabalho, apesar
de continuar no posto. Está presente na sala de aula,
mas passa a considerar cada aula, cada aluno, cada
semestre, como números que vão se somando em uma
folha em branco. “Tanto faz sobre o que estou dando
aula, seque me interessa se foi boa ou não, o que me
interessa é que mais uma aula passou”,“Tanto faz que
meus alunos estejam apaixonados pelo conteúdo ou que
minhas palavras atravessem seu cérebro como a um
deserto,cumpro apenas a minha obrigação...”( p. 241)
O problema segue tirando o sono de psicólogos e afins, sempre insólitos
e sempre trazendo contribuições que vão pouco a pouco auxiliando a montar
que quadro explicativo.
Os estudos sobre “Lócus de controle interno e
20
externo”, levados a cabo por Rotter em 1961 e muitos outros nos ensinam que
podemos desenvolver uma atitude perante a vida, acreditando na possibilidade
de controle interno sobre o meio (lócus de controle interno) ou acreditando no
controle pela sorte ou destino ou outros poderes externos (lócus de controle
externo). A teoria do desampara de Seligman, a qual advoga que aprendemos
a não responder assim ou assado. Bem anterior, a teoria da alienação, surgida
com Marx e tantas vezes apropriada pela psicologia, ressaltando as
conseqüências objetivas, econômicas; empurrando os cidadãos para o
caminho da passividade a perda da critica.
Uma teoria entra em moda, promete explicar o problema, sai de cena sem
cumprir o que prometeu, mas acrescenta algo ou muito à compreensão do ser
humano e particularmente de suas fraquezas. Mas as modas não são fortuitas,
responde de alguma forma ás demandas sociais dirigem os olhos do
pesquisador para tempos em que vive. Freud não elegeu a sexualidade como
o principal drama do homem por acaso, vivia na sociedade vitoriana, ali a
repressão sexual era o motor da história e da loucura, particularmente das
mulheres. A teoria do stress não coincidiu simplesmente com a explosão de
produção e consumo que se segue ao acordo de Bretton;
Woord; a
produtividade qualquer custo em que o mundo se envolveu “atritava”
quotidianamente o ser humano e seus próprios limites.
A teoria do burnout também não surge por acaso, teoria que se dispõe a
compreender as contradições da área de prestação de serviços, exatamente
quando a produção do setor primário descamba e o setor terciário vem tomar
seu lugar.
A teoria do ser humano solitário, na época em que parece se
esvanecer a solidariedade; a ênfase na despersonalização quando a ruptura
dos contatos sociais parecem ter eliminado a pessoa.
21
Foi Fregenbauer (1974) quem aplicou o termo burnout no sentido que
usamos hoje. O homem que se “deitou ao seu divã” não se mostrava
atormentado com seus mistérios sexuais como as histéricas de Freud, traziam
uma energia enorme e derrotada, perda na possibilidade de ação, sucumbi
impotente; quiçá, pensava Fregenbauer, vitima de sua onipotência?
Sem ilusões, é preciso reconhecer que burnout é outra moda, outra
promessa a tentar compreender o nosso ancestral sentimento de vazio. Outra
vez ligada ao seu tempo: burnout é a síndrome do fim de século, mas outra vez
trouxe e terá contribuições importantes.
A síndrome do final do século
atacando os trabalhadores do final do século. Educações, juntamente com
saúde, estão entre as poucas profissões em que a demanda cresce, mais e
mais trabalhadores são requisitados para ocupar este lugar, par e passo com a
necessidade vão crescendo as impossibilidades da tarefa, as contradições
sociais empurrando a educação para impasses que parecem insolúveis. Do
educador se exige muito, o educador se exige muito; pouco a pouco desiste,
entra em burnout.
O termo burnout surgiu como uma metáfora para exprimir o sentimento
de profissionais que trabalhavam diretamente com pacientes dependentes de
substâncias químicas. Nos primeiros anos da década de 70, um estudo com
profissionais ligados ao tratamento de droga mostrou que, após alguns meses
de trabalho, estes profissionais compartilhavam alguns sintomas que já haviam
sido observados e até estudados, mas de forma isolada (Freudenberger, 1974).
Podia-se observar o sofrimento. Alguns reclamavam que já não viam
seus “pacientes” como pessoas que necessitassem de cuidados especiais,
visto que eles não se esforçavam para parar de usar drogas.
Outros
reclamavam que estavam tão exaustos que às vezes que já não conseguiam
mais atingir os objetivos que haviam imaginado.
Sentiam-se incapazes de
modificar o status quo; sentiam-se derrotados.
22
A estes sintomas, agora
pesquisados e analisados em conjunto, atribuiu-se o nome de burnout.
Impossível dizer desde quando o burnout existe.
A importância do
trabalho de Freudenberger foi exatamente nomear um sentimento que já
estava ali.
A rosa é o nome da rosa (Humberto Eco), ao nomear o que
sentimentos podem lidar com o que sentimos, podemos entendê-lo, enfrentá-lo,
saber dos seus limites.
1.4- Burnout e o Trabalho Docente
A escola, tal como hoje, constitui-se a partir do século XV no âmbito de uma
sociedade disciplinar erigida no conjunto das transformações que produzem a
modernidade.
A concepção moderna de que o homem é ‘moldável’ e
‘transformável’ favoreceu o desenvolvimento de uma nova concepção de
infância, que passou a ser centro de atenção e preocupação.
Ao mesmo
tempo, emergiu um conjunto de procedimentos e técnicas para controlar,
corrigir, disciplinar e medir os indivíduos, tornando-os mais dóceis e úteis.
Todo este processo, pelo qual a aprendizagem por ‘impregnação cultural’ é
substituída pela ‘escolarização’ vai se desenvolver, consideravelmente, no
século XVI. Nesse período, as escolas já constituídas e sob a tutela da Igreja
abriam-se às camadas para instrumentalizar o povo para a leitura das sagradas
escrituras, sendo o próprio clero o responsável pela atividade docente.
A
necessidade de convocar colaboradores leigos fez com que fosse instituída a
realização de uma profissão de fé e um juramento aos princípios da Igreja o
que deu origem ao termo professor: pessoa que professa a fé a fidelidade dos
princípios da instituição e se doa sacerdotalmente aos alunos.
Refere ainda o autor que a visão de magistério a partir desta perspectiva
sacerdotal surge, de forma mais evidente, no momento da Revolução
Francesa.
23
A concepção de professor caracteriza-o o como aquele que se
doava à causa de resistir ao avanço do liberalismo. Era visto como uma figura
estratégica, o guardião de uma ordem cujo sistema de referência era sagrado e
cujas normas econômicas e sociais eram legitimadas pelas normas e valores
religiosos.
A essa concepção se incorporou, através dos tempos, uma visão da
pratica do magistério de que o professor detém privilégios, com alto nível de
qualificação e de autonomia, que o situa no campo do trabalho intelectual em
oposição ao trabalho manual.
Enguita (1989) por sua vez afirma que:
“Do doutrinamento
religioso a escola passou à
doutrinação ideológica, para a disciplina material, para a
organização da experiência escolar, de forma que
gerasse nos jovens hábitos e, comportamentos mais
adequados às necessidades da indústria. No contexto da
carreira obsessiva e do domínio geral do discurso da
eficiência,
através
de
mais
ilustres
reformadores
inspirados no mundo da empresa, importaram seus
princípios e normas de organização de forma extremada
em ocasiões delirantes, mas sempre com notáveis
conseqüência para vida nas salas de aula.” (p. 125).
A precariedade da organização das escolas e dos processos educativos,
segundo o autor, correspondia à rudimentaridade da organização dos
processos produtivos do século XIX. Quando a produção fabril foi submetida a
24
uma profunda revisão, cuja parte mais visível foram as idéias da gestão
cientifica do trabalho, propostas pelo taylorismo, as escolas não tardaram a
ligar-se a essa nova ordem. O paradigma da eficiência estava instituído.
Nos últimos anos, outras questões se adicionam às da organização do
trabalho
docente.
Segundo
Esteve
(1999),
tem
aumentado
as
responsabilidades e exigências que se projetam sobre os educadores,
coincidindo com um processo histórico de uma rápida transformação do
contexto social, o qual tem sido traduzido em uma modificação do papel do
professor. Merazzi (1983) acredita que as mudanças no papel do professor
estejam ligadas a três fatos fundamentais: 1º) a evolução e a transformação
dos agentes tradicionais de socialização (família, ambiente cotidiano e grupos
sociais
organizados),
que nos últimos
anos,
vem
renunciando
às
responsabilidades que antigamente vinham desempenhando no âmbito
educativo, passando a exigir que as instituições escolares assumam esta
responsabilidade; 2º) o papel t tradicionalmente designado às instituições
escolares, com respeito à transmissão de conhecimentos, viu-se seriamente
modificado pelo aparecimento de novos agentes de socialização (meios de
comunicação e consumo cultural de massas, etc.), que se converteram em
fontes paralelas de informação e cultura; e 3º) o conflito que se instaura nas
instituições quando se pretende definir qual é a função do professor, que
valores, dentre os vigentes em nossa sociedade, o professor deve transmitir e
quais deve questionar.
Segundo Esteve (1999, p. 31) “Supõe um profundo e exigente desafio
pessoal para os professores que se propõe a responder às novas expectativas
projetadas sobre eles”.
O professor, neste processo, se depara com a necessidade de
desempenhar vários papeis, muitas vezes contraditórios, que lhe exigem
manter o equilíbrio em várias situações. Exige que seja companheiro e amigo
25
do aluno, lhe proporcione apoio para o seu desenvolvimento pessoal, mas ao
final do curso adote um papel de julgamento, contrário ao anterior. Deve
estimular a autonomia do aluno, mas ao mesmo tempo pede que se acomode
às regras do grupo e da instituição. Algumas vezes é proposto que o professor
atenda aos seus alunos individualmente e em outra ele tem que lidar com as
políticas educacionais para as quais as necessidades sociais o direcionam,
tornando professor e alunos submissos, a serviço das necessidades políticas e
econômicas do momento.
Esteve (1999)
“Adverte sobre as desastrosas tensões e desorientação
provocada nos Indivíduos quando estes se vêem obrigados a
uma
mudança excessiva em um
período
de tempo
demasiadamente curto. Para o autor, o professor está sendo
tirado de um meio cultural conhecido, em que se desenvolveu
até então sua existência, e está sendo colocado em um meio
completamente distinto do seu, sem esperança de voltar à
antiga paisagem social de que se lembra.” (p. 32).
1.5 -Três Componentes da Síndrome de Burnout
Quando falamos em burnout podemos associar alguns sintomas que
aparecem independentemente causando um grande sofrimento que irão se
manifestar de forma pouco convencional, exacerbando em intensidade pela
ansiedade vivenciada, ou pelo o endurecimento emocional.
A síndrome é
entendida como um conceito multidimensional que envolve três componentes:
* Exaustão emocional – situação em que os trabalhadores sentem que não
podem dar mais de si mesmo a nível afetivo. Parecem esgotada a energia e os
recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os problemas.
* Despersonalização – desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e
de cinismo às destinatárias do trabalho (usuário/clientes) – endurecimento
afetivo, “coisificação” da relação.
26
* Falta de desenvolvimento pessoal no trabalho – tendência de uma
“evolução negativa” no trabalho, afetando a habilidade para realização do
trabalho e o atendimento, ou contato as pessoas usuárias do trabalho, bem
como com a organização.
Na definição de Faber (1991):
“Burnout é uma síndrome do trabalho que se origina da
discrepância da percepção individual entre esforço e
conseqüência, percepção esta influenciada por fatores
individuais, organizacionais e sociais”. (p. 159)
1.5.1- Exaustão Emocional
Um trabalhador que entra em burnout assume uma posição de frieza
frente a seus clientes, não se deixando envolver com seus problemas e
dificuldades. As relações interpessoais são cortadas. Como se ele estivesse
em contato apenas com objetos, ou seja, a relação torna-se desprovida de
calor humano. Isso acrescentado de uma grande irritabilidade por parte do
profissional, este quadro torna qualquer processo de ensino-aprendizagem,
que se pretenda afetivo, completamente inviável. Por um lado, o professor
torna-se incapaz do mínimo de empatia necessária para a transmissão do
conhecimento e, de outro, ele sofre: ansiedade, melancolia, baixa auto-estima,
sentimento de exaustão física e emocional.
Associado a esta forma de ser relacionar, que se manifesta diretamente
no trabalho na relação com o aluno, a dinâmica psíquica do indivíduo também
vai sofrendo alterações. Assim, essa dificuldade em lidar com a afetividade se
traduz numa lógica mais depressiva em contraste com aquele perfil eufórico do
inicio da carreira, como veremos mais adiante.
27
* A tensão entre a necessidade de estabelecimento de um vínculo afetivo e a
impossibilidade de concretizá-la é uma característica estrutural que envolve
cuidado.
Assim o desgaste do vínculo afetivo leva a um sentimento de
exaustão emocional esse esgotamento é representado pela situação na qual
os trabalhadores, mesmo querendo, percebem que já não dar mais de si
afetivamente. É uma situação de total esgotamento da energia física ou mental.
O professor nesta situação se sente totalmente exaurido emocionalmente,
devido ao desgaste diário ao qual é submetido no relacionamento com seus
alunos:
“eu durmo, mas não adianta nada; o sono parece que
não me restaura. No dia seguinte eu acordo cansada...
chega o final de semana e eu estou morta... no ano
passado, fiquei tão esgotada emocionalmente que acabei
procurando ajuda de uma psicóloga”.
1.5.2 Despersonalização
* A despersonalização ocorre quando o vínculo afetivo é substituído por um
racional. Podemos entender despersonalização como a perda do sentimento
de que estamos lidando com outro ser humano. É um estado psíquico em que
prevalece o cinismo ou dissimulação afetiva, a crítica exacerbada de tudo e de
todos os demais e do meio ambiente (integração social).
O professor começa a desenvolver atitudes negativas, criticas em
relação aos alunos, atribuindo-lhes o seu próprio fracasso. O trabalho passa a
ser lido pelo seu valor de troca; é a “coisificação” do outro ponto da relação, ou
seja, o aluno, em nosso caso especifico, sendo tratado como objeto, de forma
fria.
28
“ Os alunos chegam à escola com um comportamento
que não envolve limites, acham que podem tudo. O
professor depara-se com a situação de ter que transmitir
noções
básicas de educação e, ainda assim, levar
avante
um conteúdo programático. Tal situação é
desgastante. Sinto que não consigo passar tudo aquilo
que gostaria para os alunos.”
1.5.3 Falta de Envolvimento Pessoal no Trabalho
* O baixo envolvimento pessoal no trabalho, que também pode ser entendido
como baixa realização pessoal no trabalho, ocorre nesta relação afeto-trabalho,
sendo na verdade a perda do investimento afetivo. Não conseguir os objetivos
aos quais se propõe traz ao professor um sentimento de impotência, de
incapacidade pessoal para realizar algo que tanto sonhou. Este conflito tem
como tendência levar a pessoa a avaliar a si própria negativamente
particularmente com respeito ao próprio trabalho com seus alunos.
Seu
tr5tabalho perde sentido.
“... Ultimamente tenho sentido um certo desânimo em
relação à vinda ao colégio. Acho que isso deve-se ao
fato de não sentir uma correspondência por parte dos
alunos e da escola, de modo geral. Às vezes, sinto que
gostaria
de ter
mais tempo livre, incluindo este que
dedico à escola, para dedicar a outras coisas...”.
29
CAPÍTULO II
CONSIDERAÇÕES SOBRE BURNOUT EM DOCENTES
2.1 Diagnostico do Docente com Burnout
O diagnostico da Síndrome de Burnout pode ser objetivo ou subjetivo
com critérios para determinar seu grau. Os principais sintomas seriam a fadiga
ou esgotamento emocional, acompanhados de sentimento de incompetência
profissional e insatisfação no emprego, alem de problemas de concentração
irritabilidade e negativismo. O principal indicador séria o estado emocional por
período de vários meses, observados por distintas pessoas como colegas,
supervisores e outros.
De acordo com Maslach (1993)
“A Síndrome de Burnout é um processo que começa com
um excessivo e prolongado nível de tensão ou, “estresse”
que produz a fadiga no trabalho, sentimento de estar
exausto, irritabilidade. Similarmente a Síndrome de
Burnout tem sido caracterizada como uma progressiva
perda do idealismo e da energia e o propósito de ajudar
aos usuários dos serviços.” (p.32)
FREUDENBERG (1974) descreve os seguintes sintomas:
impaciência e
grande irritabilidade, sensação de onipotência, paranóia, cansaço emocional e
desorientação.
Por sua CABALLERO e MILLÁN (1999) propõe que a
Síndrome de Burnout apresenta sintomas de ordem:
1.Fisiológica: falta de apetite, cansaço, insônia, dor cervical, ulceras:
30
2. Psicológica: irritabilidade ocasional ou instantânea, gritos, ansiedade,
depressão, frustração, resposta rígidas e inflexíveis.
3. De conduta: expressões de hostilidade ou irritabilidade, incapacidade para
poder concentra-se no trabalho, aumento das relações conflitivas com os
demais colegas, chegar tarde ao trabalho ou sair cedo, estar com freqüência
fora da área de trabalho e fazer longas pausas de descanso no trabalho.
4. Outros: aumento do absenteísmo, apatia face à organização, isolamento,
empobrecimento da qualidade do trabalho, atitude cínica e fadiga emocional,
aumento do consumo de café, álcool, barbitúricos e, cigarros.
GUTIÉRREZ (2000) distingue cinco elementos comuns nas pessoas
que
sofrem a Síndrome de Burnout: a) um predomínio de sintomas como
cansaço mental ou emocional, fadiga e depressão; b) a evidencia pode ser
vista em um sintoma mental ou de conduta mais do que sintomas físicos; c) os
sintomas estão relacionados com trabalho; d) os sintomas se manifestam em
pessoas “normais” que não sofriam anteriormente de nenhuma alteração
psicopatológica;
e) se pode observar uma redução da efetividade e do
rendimento no trabalho.
Faber (1991) divide as manifestações do burnout em professores em
sintomas individuais e profissionais, destacando, entretanto, que estas
questões são de difíceis generalizações e descrições universais. Em geral,
segundo o autor, os professores sentem-se emocional e fisicamente irritados,
ansiosos, com raiva ou tristes. As frustrações emocionais peculiares a este
fenômeno podem levar a sintomas psicossomáticos como insônia, dores de
cabeça e hipertensão, além de abuso no uso de álcool e medicamentos,
incrementando problemas familiares e conflitos sociais.
Nos aspectos profissionais, o professor pode apresentar prejuízos em
seu planejamento de aula, tornando-se este menos freqüente e cuidadoso.
31
Apresenta perda de entusiasmo e criatividade, sentimento de menos
simpatia pelos alunos e menos otimismo quanto à avaliação de seu futuro.
Pode também sentir-se facilmente frustrado pelos problemas ocorridos em sala
de aula ou pela falta de progresso de seus alunos, desenvolvendo um grande
distanciamento com relação a estes. Sentimentos de hostilidades em relação a
administradores e familiares de alunos também são freqüentes, bem como o
desenvolvimento de visão depreciativa com relação à profissão. O professor
mostra-se
autodepreciativo
e
arrependido
de
ingressar
na
profissão,
fantasiando ou planejando seriamente abandoná-la.
Segundo Edelwich e Brodsky (1980), os professores apresentam burnout
quando gastam muito tempo de seu intervalo denegrindo alunos, reclamando
da administração, arrependendo-se de sua escolha profissional e planejando
novas opções de trabalho.
32
Quadro 1 – Conseqüência da Síndrome de Burnout por Grupo
GRUPO
Psicológicos
CONSEQUÊNCIA
Problemas Psicosomáticos
Actitudes negativas hacia sínismo
Depresión
Sentimientos de culpabilidad
Ansiedad
Abumimiamento
Baja tolerancia a lafrustración
Abuso de drogas
Em el contexto ambiental
Disminución delrendimento
Actitudes negativas hacia el trabajo
Falta de motivacion hacia el trabajo
Actitudes negativas el cliente
Incapacidad para realizar el trabajo com rigor
Rotación
Intención de abandonar o abandono real del
trabajo
Absenteísmo, retrasos y largos pausas em el
trabajo
Insatisfacción em el trbajo
Disminución del compromiso
Em el contexto ambiental
Actitudes negativas hacia la vida em general
Disminución de la galidad de personal
Fuente: Garcés de los Fayos. 2000, p.33.
33
2.2 - Etiologia de Burnout em Professores
Muitos estudos têm se preocupado em identificar as causas do burnout
especificamente na população de professores.
Faber (1991) parte do
pressuposto de que suas causas são uma combinação de fatores individuais,
organizacionais, sendo que exata interação produziria uma percepção de baixa
valorização profissional, tendo como resultado o burnout. O autor, ao se referir
aos fatores de personalidade, diz que a literatura considera professores
idealistas e entusiasmados com sua profissão mais vulneráveis, pois sentem
que têm alguma coisa a perder. Estes professores são comprometidos com o
trabalho e envolvem-se intensamente com suas atividades, sentindo-se
desapontados quando não são recompensados por seus esforços. Idealizações
em relação ao trabalho e a organização propiciam o surgimento do burnout
(Maslasch & Jacson, 1984 b). Professores possuem expectativas de atingir
metas um tanto ou quanto irrealistas, pois pretendem não somente ensinar
seus alunos, mas também ajudá-los a resolvem seus problemas pessoais
(Maslasch & Goldberg, 1998).
Maslasch e Jacson (1984a) afirmam que a
educação pode ser associada ao burnout, devido ao alto nível de expectativa
destes profissionais, o qual não pode ser totalmente preenchido.
Quanto às variáveis sociodemográficas, Faber (1991) refere-se a estudos que
têm mostrados serem os professores do sexo masculino mais vulnerável que
os do sexo feminino, o que levou à suposição de que mulheres são mais
flexíveis e mais abertas para lidar com as várias pressões presentes na
profissão de ensino.
Etzion (1987) associa as diferenças encontradas nos
níveis do burnout às questões tradicionais do processo de socialização e
organização social, as quais se colocam diferentemente para homens e
mulheres.
34
Maslasch (1982) afirma que:
“Professore com menos de 40 anos apresentam maior
risco
de
incidência,
provavelmente
devido
as
expectativas irrealistas em relação à profissão. Jovens
precisam aprender a
lidar com as demandas do
trabalhos e,por esta razão, podem apresentar maiores
níveis da síndrome. Professores com mais idade,
segundo a autora parecem já ter desenvolvido a decisão
de
permanecer
na
carreira,
demonstrando
menos
preocupação com os estressares ou com os sintomas
pessoais relacionados ao estresse” (p.74)
No que tange às variáveis profissionais, estudo realizado por Friedman
(1991) identificou que, quanto maior a experiência profissional do professor,
menos eram os níveis do burnout. Já para SCHWAB (1982) e Woods (1999),
mais significativo que os anos de pratica de ensino é o nível de ensino em que
o professor atua.
Professores de ensino fundamental e médio apresentam
mais atitude negativa em relação aos alunos e menor freqüência de
sentimentos de desenvolvimento profissional do que os professores do ensino
infantil.
Inerente ao conteúdo do seu cargo, a relação com o aluno tem sido
apontada com uma das maiores causas do burnout. Estudo realizado com
professores suíços identifica que sua maior causa é o mau relacionamento
professor-aluno.
Estudos de Burke e colaboradores (1996) confirmam este
resultado, acrescentando ainda a relação entre burnout e a sobrecarga e o
conflito de papel. O professor assume muitas funções, possui papeis muitas
vezes contraditórios, isto é, a instrução acadêmica e a disciplina da classe.
Também têm que lidar com aspectos sociais e emocionais de alunos, e ainda
conflitos ocasionados pelas expectativas dos pais, estudantes, administradores e a
comunidade.
35
O excesso de tarefas burocráticas tem feito com que professores se
sintam desrespeitados, principalmente quando devem executar tarefas
desnecessárias e não relacionadas à sua profissão.
Ao desempenhar
trabalhos de secretaria, diminui sua carga horária para o atendimento ao aluno
e para desenvolver-se na profissão. A falta de autonomia e participação nas
definições das políticas de ensino tem mostrado ser um significativo
antecedente do burnout.
Estas questões, somadas à inadequação salarial e à falta de oportunidade de
promoções têm preocupado pesquisadores. Outra questão relevante abordada pelos
autores é o isolamento social e a falta de senso de comunidade que, geralmente,
estão presentes no trabalho docente, tornando os professores mais vulneráveis ao
burnout. Segundo os autores, o ensino é uma profissão solitária, uma vez que há uma
tendência do professor a vincular suas atividades ao atendimento de alunos, ficando à
parte de atividades de afiliação, grupos e engajamento social.
Este fato foi
comprovado por Burke e Greenglass (1989), ao identificar ser a falta de suporte social
uma das causas significativas do burnout em professores.
A inadequação da
formação recebida para lidar com as atividades de ensino, escola e cultura
institucional também têm sido apontadas pelos professores como uma importante
causa da síndrome (Faber, 1991; Wisniewski & Gargiulo, 1997).
A formação do
professor, explicam os autores, enfatiza conteúdos e tecnologia, sendo deficiente a
abordagem nas questões de relacionamento interpessoal, relacionamento com alunos,
administradores, pais e outras situações. A falta de condições físicas e materiais para
programar suas ações junto aos alunos também foram identificadas como importante
fonte de desgaste profissional.
Segundo Abel e Scwell (1999,) citam que:
“A relação com familiares dos alunos, também se mostra
problemática e estressante, seja pela falta de envolvimento
deles no processo educacional acreditando serem a escola e
o professor os únicos responsáveis pela educação dos filhos –
seja pelo excesso – acreditando ser o professor incompetente,
inexperiente e, muitas vezes o causador dos problemas
apresentados pelo aluno”.(p. 92)
36
2.3 Sintomatologia de Burnout no Indivíduo
A Síndrome de Burnout se apresenta como uma síndrome complexa
que acarreta conseqüências muito variáveis, já que estão presentes a nível
psicológico, físico e de conduta. Entre os sintomas comuns relatados pela
literatura, em nível individual estariam os problemas psicossomáticos, a
diminuição do rendimento e as atitudes negativas frente à vida em geral.
MCCONNELL (1982) propõe um esquema de sinais e sintomas na
Síndrome de Burnout, que podem ser apresentados pelo indivíduo:
2.3.1
● Sinais e sintomas físicos: são sintomas e sinais físicos similares aos
do estresse ocupacional. Alguns sintomas que podem se apresentar são: a
fadiga, a sensação de exaustão (cansaço crônico), indiferença ou frieza,
sensação de baixa produtividade profissional, freqüente dores de cabeça,
distúrbios gastrintestinais, alterações do sono (insônia) e dificuldades
respiratórias.
2.3.2
● Sintomas de conduta: existem graves alterações no comportamento
que usualmente afetam aos colegas, pacientes familiares de pacientes e
inclusive seus próprios familiares.
2.3.3
● Sintomas psicológicos: podem aparecer mudanças tais como,
trabalhar cada vez de forma mais intensa, sentimentos de impotência frente a
37
situações de vida ocupacional, sentimento de confusão e inutilidade, pouca
atenção a detalhes, aumento do absenteísmo ocupacional, aumento do
sentimento de responsabilidade exagerada ou fora de contexto à situação de
enfrentamento do paciente, atitude negativa, rigidez, baixo nível de entusiasmo,
e levar para casa os problemas do trabalho. Alem disso, SODERFELDT et al.
(1995) assinalam o consumo de álcool e drogas, como uma forma de
amortecer os efeitos do cansaço e esgotamento.
Para Faber (1999) a chave do entendimento deste fenômeno Burnout está na
abordagem psicológica:
“ Professores, como todas as pessoas, precisam sentirse importantes, amados e de alguma forma especiais.
Ele necessitam ter estas
desejos afirmados por quem
eles vivem e trabalham”. (p.1 65)
2.4 BURNOUT X DEPRESSÃO
Dado que o BURNOUT tem sido descrito em termos de sintomas
disfóricos, tais como exaustão, fadiga, perda da auto-estima e DEPRESSÃO,
este capítulo dedica-se a revisar as possíveis similaridades, diferenças e
complexidade entre estes dois conceitos, objetivando o aparecimento das
questões diagnósticas e de intervenções mais eficazes.
Guimarães & Ferreira Jr. (2000) declaram que:
“Burnout é essencialmente um construto social que se
desenvolve
a
partir
das
relações
laborais
e
organizacionais, ao contrário a depressão é um conjunto
de emoções e cognições que repercute especialmente
no trabalho”. (p. 303)
38
Alguns estudos têm sido realizados tentando estabelecer as possíveis
diferenças entre Síndrome de Burnout e Depressão. STEINER (2001) testa a
validade discriminante do BURNOUT em contraste com a DEPRESSÃO
usando o Maslach Burnout Inventory (MBI), MASLALACH & JACSON, (1986) e
o Allgemeine Depressiosskala (ADS) HAUTZINGER (1993). Os dados obtidos
revelam que o Suporte Social, e variáveis ligadas à saúde e à ocupação estão
correlacionados tanto em BURNOUT quanto na DEPRESSÃO, apontando para
a validade de construto do BURNOUT.
Já LAEGEFOREN (2000) testa a
validade de construto do BURNOUT pelo MBI, obtendo um Alpha de Crombach
(0.61).
obtém como resultado:
Boa consistência interna entre exaustão
emocional (r=0.54), satisfação no trabalho (r=0.54)e depressão(r=0.72).
BRENNINKMEYER & YEREN (2001) realizam estudos junto a 190
professores do ensino médio, com idade de 44 anos.
sintomalogia
da
depressão
e
os
componentes
diferentemente nas sensações de superioridade.
do
Os autores verificam se a
Burnout
são
relatados
Baseado no quadro clinico da
depressão, o qual parece refletir o baixo nível de superioridade, um sentido geral de
frustração e derrota, os indivíduos com alto nível de burnout também apresentaram
sintomas depressivos.
Os resultados confirmam as expectativas.
Além disso, a depressão está
significativamente relacionada com superioridade, embora não houvesse relação
observada entre o sintoma principal do burnout (isto é, exaustão emocional) e
superioridade.
Conclui-se que a depressão e o burnout estão relacionados como
próximos, mas não são considerados como idênticos.
39
Quadro 2: Recursos de Apoio ao Docente Portador de Burnout
● Boas Condições de Trabalho
● Salários Adequados
● Segurança
● Estabilidade
● Possibilidade de Crescimento Profissional
● Progressão funcional
● Reconhecimento Social
● Melhoria das Relações Interpessoais no Ambiente Escolar
● Apoio Psicológico ao Docente com Burnout
● Exame Clinico e Terapia que minimizem os efeitos físicos em professores
com Burnout
● Apoio Familiar ao Docente portador da Síndrome
● Apoio Organizacional ao Professor
40
CAPÍTULO III
ANÁLISE DOS RESULTADOS
3.1 Dados Levantados
Neste Capitulo será apresentado o resultado da pesquisa representado
por gráficos, quadrados de tabela que apontarão o percentual da incidência do
burnout no trabalho docente e conseqüentemente em todo o ambiente escolar.
Burnout não é apenas um fenômeno freqüente entre os educadores, é
também altamente disseminado entre quase todos os cargos que foram
analisados
dentro
da
escola.
Os
fatores
a
serem
mostrado
–
despersonalização, exaustão emocional e baixo rendimento no trabalho trarão
seu respectivo valor associado a um nível moderado de sofrimento em burnout.
3.2 Aspectos dos dados obtidos
TABELA 1
Gênero dos Docentes Pesquisados no Ensino Médio
Turno Vespertino
10 M
20 F
TP =30
Turno Noturno
17 M
Tp = 51
TG = 81 Docentes
34 F
Nomenclatura
M = Doc/Masculino
F = Doc/Feminino
TP = Total Parcial
TG = Total Geral
Fonte: Dados coletados junto a secretaria do I. E. E. Carmela Dutra
A Tabela 1 demonstra que a maioria dos Docentes é predominantemente
feminino, o que caracteriza a profissão como uma escolha eminente da maioria
das universitárias que engessam nos cursos de licenciatura plena nas mais
diversas áreas do ensino superior.
41
TABELA 2
Você conhece o significado do termo Burnout?
Doc. Femin.
Doc. Masc.
Sim
24
4
Não
32
20
Fonte: Questionário para docentes – Dez/2008
Doc. Femin.
Doc. Masc.
17%
57%
43%
Sim
Sim
Não
Não
83%
A
Tabela 2 junto aos gráficos demonstra que o percentual dos Docentes que
conhecem o termo Burnout, aponta um discrepância entre os gêneros
percentualmente relacionando o seu significado ao grau de conhecimento no
universo pesquisado, o que representa o pouco conhecimento do assunto, e
que pode parecer, não ser surpresa, haja vista a falta de políticas de saúde
pública que possa resguardar a
integridade biopsíquica deste profissional,
para que o mesmo possa estar com todo seu “potencial” a serviço do exercício
pleno da profissão.
42
TABELA 3
DIFICULDADES DA CARREIRA DO MAGISTÉRIO
TIPO DE DIFICULDADES
DOC. FEM. DOC. MASC.
estresse ocupacional
48
20
cansaço emocional
48
20
despersonalização
8
8
apatia ao trabalho
36
12
redução da realização pessoal
21
12
problemas fisiologicos
24
12
probmas psicologicos
21
16
problemas de conduta
12
8
Fonte: Questionário de entrevista aplicado aos Docentes – Dz/2008
A Tabela 3 demonstra em seu conteúdo os problemas e dificuldades que
fazem parte do cotidiano do profissional da Educação; o que de forma
categórica em seu percentual mais alto, figura a Apatia ao trabalho para os
Docentes Feminino, e Estresse ocupacional para os Docentes Masculinos, o
que não deixa de ser, sintomas que podem levar a um agravamento continuo
na dinâmica de trabalho, sem que o mesmo se aperceba.
DOC. FEM.
estresse ocupacional
cansaço emocional
7%
14%
despersonalização
12%
14%
14%
5%
apatia ao trabalho
redução da realização
pessoal
problemas fisiologicos
12%
22%
probmas psicológicos
problemas de conduta
Gráfico 1 da Tabela 2 - Docentes Femininos
43
DOC. MASC.
estresse
ocupacional
cansaço emocional
despersonalização
7%
19%
apatia ao trabalho
15%
redução da
realização pessoal
11%
19%
problemas
fisiologicos
11%
11%
7%
probmas
psicológicos
problemas de
conduta
Gráfico 2 da Tabela 3 pág. 41 – Docentes Masculinos.
Os gráficos 1 e 2 da tabela 3, pagina anterior, demonstra os percentuais e
dificuldades inerente ao exercício pleno da profissão de Docentes vivenciadas
na rotina diária “desse profissional”.
44
TABELA 4
Problemas Fisiológicos em Docentes com Burnout
Tipos de problemas
Doc. Feminino
Doc. Masculino
Falta de apetite
16
4
Cansaço
40
12
Insônia
36
4
Dor cervical
36
8
Dores de cabeça
4
8
Úlceras gástricas
4
4
Outros
Fonte: Questionário aplicado aos Docentes – Dez/2008
A tabela 4 demonstra o grau acentuado dos problemas Fisiológicos em
Docentes; “acarretados” pela Síndrome de Burnout.
Doc. Femin.
Falta de
apetite
Cansaço
2%
21%
Insônia
0%
10%
Dor cervical
25%
21%
21%
Dores de
cabeça
Úlceras
Gástricas
Outros
45
O gráfico 1 da tabela 4 mostra os percentuais que vem aferir o grau dos
problemas Fisiológicos em Docentes Femininos com Burnout.
Doc. Masc.
Falta de apetite
Cansaço
10%
20%
0%
Insônia
10%
30%
20%
Dor cervical
Dores de cabeça
10%
Úlceras Gástricas
Outros
O gráfico 2 da tabela 4 da pág. 40 mostra os percentuais que vem aferir o grau
dos problemas Fisiológicos em Docentes Masculino com Burnout
46
CONCLUSÃO
A Síndrome de Burnout revela um lado dos sintomas ocasionados pelas
tentativas frustrantes de que padecem as relações interpessoais dentro, e às
vezes até fora do ambiente de trabalho no que concerne às aspirações de
crescimento e desenvolvimento do individuo nos seus afazeres, pois sempre
passa a ser minado em suas expectativas o que o leva a executar seu trabalho
de forma mecânica sem se dá conta de que é o próprio ambiente e suas
relações
de
concorrência
impotênciais
que
terminam
acarretando
e
potencializando pensamentos de incapacidades, e o trabalho perde o seu
sentido da sua relação com a função, de forma que as coisas parecem não
importar mais e seus esforços parecem inúteis. A síndrome pode ser definida
como uma reação à tensão emocional que acomete principalmente
profissionais que tem contato direto com outros seres humanos.
Neste
trabalho verificamos que os docentes são expostos frequentemente
a
situações de estresse o que vai culminando em pequenos desacertos em sua
dinâmica de trabalho o que possibilita ao aparecimentos de
potenciais
problemas que são denotados a cada gesto no desempenho de seu trabalho o
que configura uma sintomatologia que inevitavelmente pode-se denominar
como um quadro de burnout.
47
Trabalhar não é só aplicar uma série de conhecimentos e habilidades
para
atingir
a
satisfação
das
próprias
necessidades;
trabalhar
é
fundamentalmente fazer-se a si mesmo transformando a realidade. Partindo
da concepção de que o homem é um ser social historicamente determinado,
que se descobre, se transforma e é transformado pela via do trabalho, é que
acreditamos ser de fundamental importância para a qualificação desta
construção social entender os fenômenos psicossociais que envolvem o
trabalho humano. Burnout, não há duvida, é um destes fenômenos.
Na medida em que entendemos melhor este fenômeno psicossocial
como processo, identificamos suas etapas e dimensões, seus estressores mais
importantes, seus modelos explicativos, podemos vislumbrar ações que
permitam prevenir, amainar, atenuar ou estancar este quadro. Desta forma, é
possível auxiliar o professor para que este possa prosseguir concretizando seu
projeto de vida orientando-o para que ele sinta-se potencialmente capaz de
conseguir ampliar as suas conquistas tanto na vida pessoal como profissional
com vistas a uma melhoria na qualidade de vida.
Torna-se de fundamental importância destacar que a prevenção e a
erradicação d do quadro de burnout em professores não é tarefa solitária deste,
mas deve contemplar uma ação conjunta entre professor, alunos, instituição de
ensino e sociedade. As reflexões e ações geradas devem visar à busca de
alternativas para possíveis modificações, não só na esfera micro social de seu
trabalho e de suas relações interpessoais, mas também na ampla gama de
fatores macros organizacionais que determinam aspectos constituintes da
cultura organizacional e social na qual o sujeito exerce sua atividade
profissional.
48
Destacamos no finalizar este trabalho que embora tanto o estresse como
o burnout no ensino certamente ocorram há muito tempo entre os professores,
seu reconhecimento como problema sério, com importantes implicações
psicossociais, tem sido mais explícitos nos últimos 20 ou 30 anos. Burnout não
é um fenômeno novo; o que talvez seja novo é o desafio dessa categoria
profissional em identificar e declarar o estresse e o burnout sentidos.
O
professor conhece muito sobre o quê e como ensinar, mas pouco sobre os
alunos e muito menos sobre si mesmo.
BIBLIOGRÁFIA
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CABLLERO, L. & MILLAN, J. La aparición del síndrome del Burnou o de estar
quemado. Secretaria General d’ administració i funció Pública,1999.
Decreto-Lei nº 047 de 19 de dezembros de 1947, cria o curso Pedagógico da
Escola Normal do Guaporé, expedido pelo Governador do Território Federal do
Guaporé, major do exército Frederico Trotta.
“Art. 1º - Fica criado o Curso Normal Regional do Território do Guaporé, de
acordo com o Decreto-Lei, nº 8.530, de 2 de janeiro de 1946, com sede na
cidade de Porto Velho, capital do território.”
EDELWICH J. & BRODSKY, A. Burnout:: stages ol disilusion ment in the
helping profession. New York:: Human Sciences fress, 1980.
ENGUITA, M. F.
49
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ESTEVE, J. M. O Mal-estar docente: a sala d aula e a saúde dos professores.
São Paulo: EDUSC, 1989.FABER, B. A. Cris in education. Stress and burnout
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Jornal Alto Madeira – Porto Velho - edição de 07 de janeiro de 2007
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MASLACH, C. Schaufeli. Professional Burnout. St. Louis: Mosby Company S.A,
1993
PARECER Nº 178/CEE/RO/91
- Concede reconhecimento ao Instituto
Estadual de Educação Carmela Dutra, da rede pública de ensino, no município
de Porto Velho, Rondônia , com Ensino Fundamental e Médio – Habilitação
Magistério.
RUDOW, B. Stress and burnout in the teaching profession. Cambridge:
Cambridge University Press, 1999 (pp.38-58).
50
Sites / Internet:
- http://www.brasilescola.com em 20/03/2009 ás 20h00min
- Wikipédia, a enciclopédia livre. Em 21/03/2009 às 14h30min
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VAZQUEZ, A. Burnout en la Ensenanza. Revista de Educación, 1995.
51
ANEXOS
Índice dos anexos
Anexo 1 Cópia de jornal, ALTO MADEIRA de 07 de janeiro 2006 –
Reportagem - Uma história exemplar para nossa cultura
Anexo 2 Cópia do parecer do 178 CEE/RO/91 de reconhecimento do I.E.E
CARMELA DUTRA
Anexo 3 Internet - 2 site
Anexo 4 Questionário para professores
52
53
67
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA
4
EPÍGRAFE
5
RESUMO
6
METODOLOGIA
7
SUMÁRIO
10
INTRODUÇÃO
11
CAPÍTULO I
13
1 – CONCEITO DE BURNOUT
1.1 - Perspectivas de Estudo
15
1.2.1 – A Perspectiva Psicosocial
17
1.3 - Breve Histórico da Síndrome de Burnout
18
1.4 - Burnout e o Trabalho Docente
22
1.5 – Três componentes da Síndrome de Burnout
25
1.5.1 – Exaustão Emocional
1.5.2 – Despersonalização
26
1.5.3 – Falta de Envolvimento Pessoa no Trabalho
27
CAPÍTULO II
28
2 – CONSIDERAÇÕES SOBRE BURNOUT EM DOCENTES
2.1 – Diagnóstico do Docente co Burnout
Quadro 1 – Conseqüência da Síndrome de por Grupo
31
2.2 – Etiologia de Burnout em Professores
32
2.3 – Sintomatologia de Burnout no Indivíduo
35
2.4 – Burnout X Depressão
36
54
68
Quadro – 2: Recursos de Apoio ao Docente Portador de Burnout
38
CAPÍTULO III
39
ANÁLISE DOS RESULTADOS
3.1 Dados Levantados
CONCLUSÃO
45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
47
ANEXOS
50
ÍNDICE
67
55
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-RETORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
Curso: Docência do Ensino Superior
Monografia: Um Estudo Psicológico Sobre a Síndrome de Burnout
Autor: Marcos Antonio Tavares da Silva
Orientador: Profº Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES
1.
Idade __________
2.
Sexo
2.1 ( ) Masculino
2.2 ( ) Feminino
3.
Tempo de Experiência Docente: __________
4.
Você conhece o significado do termo Síndrome de Burnout?
( ) Sim
5.
( ) Não
Conceituando Síndrome de Burnout
como estresse ocupacional que
alteram a conduta profissional, pergunta-se: Você já apresentou sintomas
relativos a Burnout?
( ) Sim
6.
( ) Não
Marque X nas dificuldades que você acredita fazer parte da carreira do
magistério:
( )Estresse Ocupacional
( )Redução da realização pessoal
56
( )Cansaço emocional
( )Problemas Fisiológicos
( )Despersonalização
( )Problemas Psicológicos
( )Apatia ao trabalho
( )Problemas de Conduta
7.
Quanto aos problemas Fisiológicos acarretados pela Síndrome de
Burnout quais você já apresentou?
( )Falta de Apetite
( )Dor cervical
( )Cansaço
( )Dores de cabeça
( )Insônia
( )Úlceras gástricas
Outros?_________________________________________________________
_______________________________________________________________
________
8.
CABALLEROS & MILLAN (1999) apresenta o quadro dos problemas
Psicológicos que acometem profissionais com Burnout. Assinale com X quais
você já sentiu?
(
)Irritabilidade ocasional ou instantânea
(
)Resposta rígidas e inflexíveis
(
)Ansiedade
(
)Frustração
(
)Depressão
9.
(
)Gritos
O profissional com Burnout frequentemente
problemas de conduta. Qual você já sofreu?
( )Expressão de hostilidade
( )Insubordinação a chefes
( )Incapacidade de concentração
( )Chegar tarde, ou sair mais cedo trabalho
( )Relação conflitivas com colegas
apresentam alguns
57
10.
Outros problemas são relacionados à Síndrome de Burnout. Marque
com um x os comportamentos que você já apresentou:
( )Absenteísmo – Falta ao trabalho
( )Apatia face à organização
( )Isolamento no trabalho
( )Negligencia na qualidade do trabalho
Obrigado por sua colaboração!
58
59
60
61
62
63
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Marcos Antonio Tavares da Silva