ÍNDICE - 09/04/2007 Jornal de Brasília...........................................................................................................2 Cidades ....................................................................................................................................................2 Projeto capacita ambulantes .........................................................................................................................2 Gazeta Mercantil ............................................................................................................3 Indústria ...................................................................................................................................................3 A ilusão do preço e a miopia do modelo de regulação .................................................................................3 Correio Braziliense........................................................................................................6 Brasil ........................................................................................................................................................6 A vez dos alimentos ......................................................................................................................................6 Indústria questiona mudanças ......................................................................................................................7 Folha de S.Paulo............................................................................................................8 Brasil/ENTREVISTA DA 2ª - JOSÉ GOMES TEMPORÃO.....................................................................8 Debate sobre aborto ainda é muito precário no Brasil..................................................................................8 Jornal do Commercio (RJ).......................................................................................... 11 Gerência .................................................................................................................................................11 O consumidor equilibrado............................................................................................................................11 O Dia (RJ) .....................................................................................................................15 Ciência e Saúde.....................................................................................................................................15 Hemodiálise do Souza Aguiar em crise .....................................................................................................15 Estado de Minas (MG) ................................................................................................. 16 Nacional .................................................................................................................................................16 Alimentos podem ter sinais de alerta ..........................................................................................................16 Hoje em Dia (MG)......................................................................................................... 18 Política....................................................................................................................................................18 Pesquisador defende reforma agrária ampla ..............................................................................................18 Correio do Povo (RS) .................................................................................................. 19 Geral .......................................................................................................................................................19 Câmara Municipal deve votar Lei do Fumo ................................................................................................19 Diário Catarinense (SC)............................................................................................... 20 Geral .......................................................................................................................................................20 Pesquisadores fazem válvula cardíaca em laboratório...............................................................................20 O Popular (GO) ............................................................................................................ 21 Cidades ..................................................................................................................................................21 Vigilância fiscaliza venda de cosmético ......................................................................................................21 Jornal do Commercio (PE).......................................................................................... 22 Economia ...............................................................................................................................................22 Preços dos remédios vão subir esta semana .............................................................................................22 Jornal de Brasília 09/04/2007 Cidades Projeto capacita ambulantes Começa, hoje, a segunda edição do Projeto Ambulante Cidadão que capacitará os vendedores que trabalharão com comidas e bebidas na Esplanada dos Ministérios durante a programação do aniversário de Brasília, no próximo dia 21. Só poderão participar vender seus produtos aqueles que realizarem o curso na sede da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (Acit), a partir das 9h. Os inscritos receberão treinamento nas áreas de higiene, nutrição, prevenção de acidentes, coleta e acondicionamento de lixo. Além disso, assistirão a palestras sobre microcrédito e financiamentos com representantes do Banco Popular e da Secretaria de Trabalho. No fim do curso, cada um dos ambulantes cadastrados levará para casa o chamado "Kit 21 de Abril", com certificado de participação e adesivo de identificação, além de jaleco, boné, luvas e máscara. "Será mais uma etapa do processo de discussão do comércio informal na capital e da qualificação de mão-de-obra de nossos ambulantes", avalia o secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho. Implantado pela Secretaria de Cultura, o projeto conta com a parceria da Associação Comercial de Taguatinga, Banco Popular, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Emater, Fibra, Sebrae, Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho, Secretaria de Fiscalização, Secretaria de Saúde, Secretária de Agricultura, Sesi Taguatinga, Superintendência de Limpeza Urbana e Vigilância Sanitária. Ambulante Cidadão: dia 9 de abril (segunda-feira), a partir das 9h, no Sesi de Taguatinga. Inscrições no local. Informações pelo telefone 3355-8631 Gazeta Mercantil 09/04/2007 Indústria A ilusão do preço e a miopia do modelo de regulação Criticar o preço dos medicamentos é parte da agenda permanente de algumas organizações. As críticas são infundadas e persistem mesmo diante da constatação de que o reajuste de preços dos remédios se situa há anos próximo ou abaixo da inflação geral medida pelos principais institutos do País. O assunto mobiliza a opinião pública porque os medicamentos são produtos essenciais para a população e o acesso à saúde é uma questão ainda mal resolvida no Brasil. Mas não deixa de causar estranheza a regularidade com que o tema reaparece, geralmente com um enfoque distorcido. É muito evidente que essa desinformação atende a alguns interesses que nada têm a ver com a proteção do cidadão. Vale tudo. Até capturar trabalhos sérios, como o desenvolvido por instituições de indiscutível competência e isenção. Uma notícia recente, baseada em pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, reavivou a questão. Dava conta de suposto aumento "exagerado" de alguns medicamentos. Aos analistas e formadores de opinião na mídia não é dado desconhecer que 95% dos produtos farmacêuticos são submetidos ao controle de preços e que os 5% restantes estão liberados justamente por fazerem parte de segmentos altamente competitivos. Tampouco lhes é dado ignorar que, num regime de livre concorrência, os preços dos produtos oscilam, para cima ou para baixo, até encontrar seu nível de equilíbrio no mercado. O comportamento dos preços dos medicamentos não foge à regra. É por isso que as pessoas encontram nas farmácias e drogarias medicamentos vendidos por valores muito menores do que os listados nas tabelas de Preços Máximos ao Consumidor (PMC). Por que será, então, que, no Brasil, a ideologia do controle de preços sobrevive, se sobram evidências de que a liberdade de atuação é mais vantajosa? Por causa das qualificações e do papel desempenhado pela indústria farmacêutica como agente de saúde individual e coletiva (ao contrário do que supõem seus críticos contumazes). Explico. A importância social da indústria farmacêutica, consubstanciada pelos benefícios gerados pelos medicamentos - elevação do padrão médio de saúde da população, queda do absenteísmo no trabalho, redução dos custos de internações hospitalares etc. - tem levado sucessivos governos a subverter a lógica do desenvolvimento e até solapar a meta oficial de ampliação do acesso, a pretexto de obter ganhos políticos de curto prazo. Iludidos pela idéia de que o problema está centrado no preço, e não no nível de renda da população, como está sobejamente demonstrado, os reguladores de plantão se renderam à tentação fácil de controlar o mercado farmacêutico por meio de fórmulas mágicas, de grande efeito aos olhos da opinião pública. Num primeiro momento, o rebaixamento artificial do preço dos medicamentos cria uma falsa vantagem, ao aproximar o preço de venda ao custo médio. No entanto, no médio e longo prazos, instaura práticas nocivas tanto para a economia quanto para o consumidor. Para a economia do País, o prejuízo se dá na forma de desestímulos que desaceleram planos de investimento de empresas nacionais e internacionais e da redução da oferta, provocada pela diminuição e até eliminação da concorrência entre os laboratórios. Para a população, o impacto negativo se expressa na oferta de produtos menos eficazes e eventualmente mais caros, ao retardar e até inibir o lançamento de medicamentos de última geração e a queda de preços que aconteceria naturalmente num regime de livre flutuação de preços no mercado. O efeito perverso da aplicação de redutores de preço (price cap) nos medicamentos foi comprovado por um estudo comparativo. Em 2004, os 20 maiores laboratórios do mundo lançaram 60 novos produtos no México e apenas 34 produtos no Brasil. E, destes, 21 chegaram com até dois anos de atraso em relação ao mercado mexicano. Como se constata, ano a ano a sociedade brasileira deixa de usufruir de modernas armas do arsenal terapêutico oferecido pela indústria farmacêutica mundial, devido ao modelo de controle de preços em vigor. A um custo social e econômico incalculável. O custo social, ressalte-se, é ainda maior se forem considerados os entraves que tal situação cria ao desenvolvimento do complexo industrial da saúde, importantíssimo para a construção e o aperfeiçoamento do SUS, o Sistema Único de Saúde. A evolução tecnológica da indústria farmacêutica nos diversos estágios de pesquisa, desenvolvimento e fabricação de fármacos e medicamentos está sujeita a uma série de fatores. Principalmente, da consolidação do mercado interno. Condição esta que só programas consistentes de acesso e o fim do clima de instabilidade criado pelas freqüentes ameaças à quebra das regras básicas de mercado podem garantir. Não é o que vem acontecendo. Desde sua reintrodução, em 1999, a política de tabelamento de preços resultou na compressão das margens do setor. Além disso, gerou incertezas que desestimularam os investimentos e a modernização do parque industrial. Tal situação desfez o horizonte favorável aberto pela instauração do regime de liberdade vigiada de preços, entre 1997 e 1998. Contrariando o que imaginavam os mentores da medida, o controle achatou o preço relativo dos medicamentos sem ampliar o acesso nem gerar benefícios para os usuários, fossem carentes ou não. De lá para cá, o quadro se manteve. Em 2001, foi instituída uma fórmula paramétrica de cálculo de reajustes anuais, que, com alguns ajustes, vigora até hoje. Em 2002, a Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma) apresentou ao governo uma proposta de transição gradual e negociada do tabelamento para um regime de liberdade de preços, orientado pela concorrência e influenciado pelos genéricos, que balizariam os preços para o mercado. A proposta não foi adotada. Claro está que, tanto do ponto de vista político como do técnico, é mais fácil criar um tabelamento do que eliminá-lo. O grande desafio de um descongelamento reside no represamento dos preços, que, ao serem liberados, tendem a voltar rapidamente para os patamares dos quais jamais teriam saído se não fosse a intervenção artificial. O descongelamento, portanto, requer uma engenharia que contorne a potencial explosão de preços no curto prazo. Hoje, as condições para a instauração de um processo de transição para a liberdade de preços se afiguram mais favoráveis do que quatro anos atrás. A economia brasileira está convergindo consistentemente para um patamar inflacionário de magnitude equivalente àquela dos países mais desenvolvidos. Uma vez que os preços relativos estejam equilibrados em relação aos internacionais, as variações de preço serão pequenas no mercado farmacêutico. Nesse caso, a manutenção do controle de preços seria ociosa, quando não nociva ao desenvolvimento da indústria farmacêutica e ao bem-estar de toda a sociedade. Assim, cabe reconsiderar a introdução do processo de transição, no qual o setor público exerça a função de orientador e supervisor do processo, deixando a cargo do setor privado a responsabilidade de se auto-regular. No novo modelo, o comportamento dos preços, como acontece em qualquer mercado, seria ditado pela competição entre as empresas e pela legislação de defesa da concorrência e do consumidor. Correio Braziliense 09/04/2007 Brasil A vez dos alimentos Após regulamentar a propaganda do cigarro, Anvisa vai obrigar empresas a exibirem nos rótulos e nos anúncios de seus produtos os riscos do consumo de certas substâncias, como sal e açúcar, para a saúde Hércules Barros Da equipe do Correio A propaganda de alimentos vai passar por uma mudança radical. Os alimentos prontos ou semi-prontos - como queijo, macarrão e refrigerante - deverão expor na embalagem advertências sobre o impacto das quantidades de açúcar, sal e gorduras para a saúde se consumidos além do nível recomendado. As regras serão ditadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que quer adotar para os alimentos uma regulamentação semelhante à utilizada nas embalagens de cigarro, que exibem alertas aos usuários do tabaco sobre quais tipos de doenças podem ser adquiridas com o vício. Em relação aos alimentos, as informações sobre a riqueza de nutrientes, que constam nas embalagens e propagandas dos produtos industrializados, vão ter de dividir espaço com advertências sobre o risco de se contrair doenças, a partir do consumo excessivo das substâncias. Os principais alvos são o açúcar, o sódio e gorduras saturadas e trans. No caso do açúcar, os doces que tiverem quantidade acima das recomendáveis devem conter avisos do tipo: "Este alimento possui elevada quantidade de açúcar. O consumo excessivo de açúcar aumenta o risco de desenvolver obesidade e cárie dentária." Com a regulamentação, a Anvisa quer reduzir o avanço das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), como hipertensão, diabetes e obesidade, principalmente a infantil. Além das embalagens, a agência também quer ditar normas para os anúncios publicitários, seja nos meios de comunicação ou nas prateleiras dos supermercados. Além do açúcar, a grande quantidade de sal nos alimentos que recebem sódio é um dos itens que mais preocupa a Anvisa. "A maioria dos alimentos com sódio no Brasil apresenta taxa superior ao recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde)", adverte a gerente de monitoramento e fiscalização de propaganda da agência, Maria José Delgado. Segundo a técnica, enquanto a OMS recomenda o consumo médio de 5g de sal por dia, a média brasileira é de 15g. "Reduzir um grama de sódio no consumo da população não afeta o paladar e vamos evitar mais de seis mil mortes", afirma. O sinal vermelho do regulamento para as pitadas de sal é aceso quando a quantidade da substância for igual ou superior a 400mg de sódio por 100g ou 100ml. Críticas A medida é polêmica. A principal resistência é dos fabricantes de alimentos e das empresas de publicidade. A consulta pública com as novas regras foi encerrada no último dia 1, depois de permanecer no ar por mais de 150 dias, mais que o dobro do prazo adotado pela agência para colher sugestões, 60 dias. Até março, a Anvisa tinha recebido 100 contribuições. A maioria trazia reclamações. A alegação dos empresários é a de que a iniciativa é inconstitucional, além de ser restritiva à liberdade de expressão. E ameaçam ir à Justiça. "A Anvisa controla medicamentos, não tem competência constitucional para regular propaganda de alimentos", argumenta Paulo Mozar, diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não-Alcóolicas (Abir). De acordo com Mozar, os alimentos industrializados estão servindo de bode expiatório para um problema de saúde pública, a pouca prática de exercícios físicos. "O problema das doenças crônicas não-transmissíveis em pessoas cada vez mais novas é de sedentarismo, e não só por ingestão de alimentos", pondera. O Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) alega que esta regulamentação deveria ser aprovada em lei, e não por uma resolução. Reduzir um grama de sódio no consumo da população não afeta o paladar e vamos evitar mais de seis mil mortes Maria José Delgado, gerente de monitoramento e fiscalização de propaganda da agência O problema das doenças crônicas não-transmissíveis em pessoas cada vez mais novas é de sedentarismo, e não só por ingestão de alimentos Paulo Mozar, diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não-Alcóolicas (Abir) O número 15g é o consumo médio de sal por dia dos brasileiros, o triplo do considerado ideal Indústria questiona mudanças A regulamentação da propaganda de alimentos promete ser uma briga entre gigantes: a indústria alimentícia e o Ministério da Saúde. As empresas acusam a Anvisa de ter tratado o tema com parcialidade. A favor, o governo tem um manifesto de apoio do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), assinado por médicos e nutricionistas. "Sabemos que é um grande avanço o Ministério da Saúde apresentar uma proposta como essa. Mas o embate para sua aprovação será muito grande. As indústrias de alimentos e o setor de publicidade reagirão fortemente", avisa a nutricionista Inês Rugani, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir), Paulo Mozar, o grupo de trabalho que discutiu a regulamentação, antes do texto ser colocado em consulta pública, tinha um número desigual de participantes contra e a favor da medida. "O grupo tinha 15 nutricionistas, um representante do Legislativo e apenas três da indústria. O regulamento não foi avaliado por um endocrinologista", relata. A Abir e a Associação Brasileira das Indústria da Alimentação (Abia) apresentaram pesquisas de hábitos alimentares, com aval de entidades médicas. "Dizer que uma melancia tem mais nutrientes do que um refrigerante é uma afirmação vazia. Não é retirando o refrigerante das propagandas de tevê que a obesidade será resolvida", compara. A ausência de endocrinologista no grupo de trabalho não inviabiliza a proposta, segundo a gerente de monitoramento e fiscalização de propaganda da Anvisa, Maria José Delgado. "Além disso, teremos as audiências públicas. A resolução não sairá sem discussão", diz. (HB) Folha de S.Paulo 09/04/2007 Brasil/ENTREVISTA DA 2ª - JOSÉ GOMES TEMPORÃO Debate sobre aborto ainda é muito precário no Brasil Ministro da Saúde diz que pesquisa do Datafolha reflete discussão superficial ANTÔNIO GOIS DA SUCURSAL DO RIO PARA O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, 56, a rejeição dos brasileiros à descriminalização do aborto -evidenciada em pesquisa do Datafolha publicada ontem, segundo a qual 65% são contra a ampliação da lei atual- é resultado de um debate "ainda muito precário" sobre o assunto no país. No mês passado, logo após ser empossado por Lula no cargo, ele defendeu a realização de um plebiscito sobre o tema. Em sua avaliação, o aborto precisa ser analisado do ponto de vista da saúde pública, mas ainda faltam elementos para subsidiar essa discussão. FOLHA - O Datafolha mostrou que 65% dos brasileiros são contra mudanças na lei do aborto. A sociedade está preparada para a discussão? JOSÉ GOMES TEMPORÃO - O resultado da pesquisa não me surpreendeu porque acho que a sociedade brasileira sempre debateu o tema de maneira superficial. Meu objetivo, quando toquei nesse tema há cerca de duas semanas, era chamar a atenção para um debate que sempre foi feito dentro de um contexto moral, filosófico ou religioso, mas não no contexto de saúde pública. Acho que a pesquisa do Datafolha captou um nível de debate ainda muito precário no Brasil. Em Portugal, eles primeiro fizeram um plebiscito há nove anos -que manteve a legislação em vigor na época- e depois discutiram mais nove anos para realizar um novo plebiscito [em fevereiro], quando a sociedade acabou tomando outra posição. Essa é uma questão que suscita muitos debates entusiasmados e apaixonados, mas que colocam um véu sobre as questões que, para nós, sanitaristas, são importantes, como as situações que levam mulheres e casais a passarem por esse sofrimento. Para subsidiar esse debate, temos que aperfeiçoar nosso conjunto de informações para que possamos ter uma discussão mais aprofundada. No ano passado, o SUS (Sistema Único de Saúde) realizou 2.000 abortos legais e 220 mil curetagens pós-aborto na rede. Não posso afirmar com segurança a percentagem desses 220 mil procedimentos que foram feitos em decorrência de um aborto espontâneo ou de abortos realizados em condições inseguras. Essa é uma informação relevante para a discussão. FOLHA - Se fosse feito hoje um plebiscito, o senhor votaria pela mudança na lei? TEMPORÃO - Eu te diria que, do ponto de vista da saúde pública, hoje a minha visão é pela legalização, mas não gostaria de me posicionar agora porque, quando o debate for aprofundado, eu poderei captar com mais sutileza as diversas posições e nuances sobre o assunto. Isso vai depender de um conjunto de outras informações de que o sistema de saúde não dispõe ainda para ver com mais clareza essa situação. Acho que o mais saudável disso tudo será o debate. FOLHA - O plebiscito é uma proposta sua ou de governo? TEMPORÃO - Nesse momento não há uma posição do governo sobre isso. Eu explicitei essa questão como uma opinião de um ministro recém-assumido apenas quando fui questionado sobre o assunto numa entrevista ao jornal "O Dia". Mas é evidente que essa é uma questão latente. No Congresso, há uma série de projetos sobre o tema. Vejo esse tema como importante de ser discutido dentro da questão dos direitos sexuais e reprodutivos. No futuro, o governo pode vir a tomar uma posição. FOLHA - Que medidas o sr. pretende tomar para ampliar o acesso a meios contraceptivos como pílulas e preservativos? TEMPORÃO - Primeiro, é importante ter acesso a informação, que começa na escola com educação sexual e conhecimento dos métodos contraceptivos. A pesquisa do Datafolha mostra que a sociedade aprova plenamente [94% da população] o uso do preservativo, o que destaca a importância da política de conscientização. No entanto, se você não garante a informação adequada de um lado e o acesso aos métodos de outro, você apenas finge que tem uma política de acesso aos meios contraceptivos. Hoje, a população que procura os postos de saúde em busca de métodos contraceptivos distribuídos gratuitamente ou não vai encontrá-los ou vai encontrá-los de maneira esporádica. Isso acontece em grande parte por causa da estratégia de aquisição e distribuição desses métodos por parte do ministério. FOLHA - Onde o ministério falha? TEMPORÃO - O ministério hoje faz licitação nacional para aquisição de centenas de milhares de cartelas de pílulas. Essa compra é feita de maneira centralizada. O material é estocado em Brasília e depois tem inicio a distribuição pelos 5.500 municípios brasileiros. É uma estratégia completamente equivocada. Basta ver o custo e as perdas no processo de distribuição. Temos que repensá-la. Esse processo tem que ser feito em parceria com os Estados e municípios. Minha idéia é preparar um levantamento, detectar onde estamos falhando e sentar com os secretários de saúde para construir uma estratégia de distribuição e de acesso. O objetivo é garantir que permanentemente na ponta as mulheres e casais possam ter acesso a métodos contraceptivos. FOLHA - O senhor já foi presidente do Inca (Instituto Nacional de Câncer), órgão que promoveu uma cruzada contra o tabagismo e hoje se preocupa também com os hábitos alimentares da população. Como ministro, pretende adotar alguma medida em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, por exemplo? TEMPORÃO - Essa questão me preocupa muito. Vejo com muita restrição a maneira como a publicidade de bebidas alcoólicas hoje aparece para a sociedade. Diria que hoje essa publicidade é ofensiva aos profissionais de saúde por estimular de maneira escancarada o consumo imoderado de bebidas, sem falar na abordagem extremamente desrespeitosa às mulheres. A Anvisa realizou recentemente uma consulta pública sobre essa questão e já existem algumas propostas para regular mais esse tipo de propaganda. Sei que haverá uma polêmica e que a indústria, as agências de publicidade e os meios de comunicação podem, eventualmente, se contrapor a nossa visão para atender a interesses específicos. Mas acho importante colocar em discussão o que seria um conjunto de restrições que impeça que crianças de seis anos fiquem maravilhadas com as propagandas que são passadas na televisão. Como ministro, eu afirmo que, da maneira como está hoje, é insustentável, e é evidente que vou propor mudanças em defesa da saúde da população. FOLHA - E em relação a refrigerantes e outros alimentos prejudiciais à saúde? TEMPORÃO - Essa é uma questão que se insere dentro de uma política de promoção da saúde. Eu diria que o Brasil hoje tem uma política de assistência à saúde, mas não de promoção. Se você não trabalha com os determinantes dos processos de adoecimento e morte, você fica na superfície do problema. Sabemos que morrem por ano 550 mil pessoas por causa de doenças cardiovasculares e câncer. Sabemos também que com duas medidas (a mudança do padrão alimentar e a realização regular de exercícios físicos) poderíamos reduzir pela metade essas mortes. Essa é uma questão complexa por trabalhar com padrões introjetados culturalmente e que não são simples de mexer. De um lado, são padrões familiares, mas, de outro, são colocados pela mídia e pelas indústrias de alimentos e bebidas. FOLHA - Mas há quem defenda um papel mais ativo do governo nessa questão, não apenas investindo na educação, mas também restringindo propaganda e venda desses alimentos em escolas. O sr. concorda? TEMPORÃO - Acho que o eixo deve ser informação e prevenção. Entendo que alimentos cujo consumo exagerado ou em condições específicas possam, comprovadamente, fazer mal à saúde devem ter uma advertência estampada em seus rótulos. No entanto, com relação às proibições de venda desses alimentos em cantinas escolares, acho sempre complicado impor. Toda medida que é muito radical no sentido de proibir acaba tendo uma reação que inviabiliza seu sentido original. Eu apostaria mais no caminho da educação e da mobilização. Jornal do Commercio (RJ) 09/04/2007 Gerência O consumidor equilibrado Conveniência, funcionalidade e honestidade serão valorizados pelo cliente do futuro, dizem especialistas RENATA LEITE DO JORNAL DO COMMERCIO Um consumidor com bom senso, capaz de analisar as inúmeras mensagens recebidas diariamente e excluir de sua vida aquelas que o desagradam, promete emergir nos próximos anos. Essa é a previsão da WGSN, empresa que disponibiliza na internet informações e tendências percebidas por 200 colaboradores espalhados pelo mundo, durante visitas a exposições de arte. Conveniência, funcionalidade e honestidade estarão entre as palavras de ordem deste consumidor, que não se contentará com belas imagens ou promessas infinitas. Ele quer um produto funcional, de qualidade e que se enquadre em suas expectativas. Empresas que não medem esforços no auxílio a seus clientes sairão na frente, de acordo com Andréa Bisker, diretora da WGSN Brasil. "A velocidade dos acontecimentos e a avalanche de informações recebidas diariamente fazem com que as pessoas busquem formas mais simples de vida e, para isso, valorizem aqueles que os ajudarem nas escolhas", explica. Andréa exemplifica essa demanda através de sites da internet que já oferecem esse tipo de serviço. É comum encontrar a sugestão de links relacionados ao conteúdo visitado nas páginas da web e já existem até mesmo sites especializados nesse serviço. É o caso da Last.fm, que busca na rede canções relacionadas ao gosto musical do cliente, assim que ele seleciona os cantores e as bandas favoritas. É o excesso de opções para cada produto que torna difícil o entendimento até mesmo da diferença entre eles. Por isso, descomplicar o processo de escolha dos consumidores passa a ser fundamental. "As compras se transformaram em um processo angustiante", alerta a diretora. Algumas empresas parecem já ter percebido essa necessidade e começam a repensar seus produtos, ou a forma de ofertá-los. A rede de supermercados Pão de Açúcar decidiu reorganizar suas gôndolas priorizando a árvore decisória de compra em sua terceira geração de lojas. Assim, ao redor de cada produto gravitam seus complementos. "Tudo foi pensado para atender ao perfil do consumidor contemporâneo, que procura cada vez mais equilíbrio entre valores emocionais e racionais, como a vida em família, o tempo livre para si e o trabalho. O novo consumidor quer qualidade de vida traduzida em bem-estar e tranqüilidade, até nas tarefas rotineiras do dia-a-dia, como ir ao supermercado", avalia José Roberto Tambasco, diretor executivo da rede. PESQUISAS. O executivo chegou à mesma conclusão de Andréa diante do resultado de pesquisas de hábitos de consumo, que apontaram clientes modernos, conscientes e antenados nas novidades. Esse aumento na consciência do ato da compra também é percebido pelo Grupo Consuma da Universidade de Brasília (UnB), que realiza pesquisas sobre o comportamento dos consumidores. "Temos contato com a realidade do consumo desde muito cedo e aprendemos a vivê-lo na prática. Aos poucos, as pessoas estão procurando entender melhor a compra em si e isso faz com que elas passem a ser mais críticas e exigentes", afirma Rafael Porto, pesquisador da universidade. No entanto, o professor afirma não ter dados suficientes para apontar a busca por conveniência e funcionalidade como uma tendência. "O que notamos é que os consumidores têm um repertório específico de preferências para cada produto. A escolha, dentro desse leque de opções já pré-determinado, dependerá do seu julgamento de valor, que pode se referir a qualidade, design, preço, ou outro atributo qualquer", conta Porto. Ampliando esses dados conseguidos nas pesquisas da UnB, a diretora da WGSN afirma que, cada vez mais, os consumidores prospectam nos estabelecimentos dos quais são fiéis uma pré-escolha dos produtos ofertados. Assim, caberia a um supermercado, por exemplo, colocar nas gôndolas as cinco marcas que podem vir a ser consumidas por seu público-alvo, em vez das 30 existentes no mercado. Isso acontece na Top 3 By Design, loja australiana que vende produtos diversos, mas sempre apenas os três modelos que julga mais avançados sob o ponto de vista do design. Assim, seus clientes já encontram os itens pré-selecionados de acordo com o atributo que mais valorizam. Essa preocupação com a conveniência também se mostra presente no caso da Apple, que costuma lançar poucas linhas de produtos, com variações limitadas muitas vezes, apenas de cores. O iPhone é um exemplo disso. O aparelho condensa em si diversos serviços (é celular, agenda, tocador de mp3 e tem acesso à internet) e deve ser lançado em um único modelo, em junho. Inácio Herrero, diretor Comercial da Bose, fabricante de eletroeletrônicos, garante que a empresa também explora essa busca por simplicidade há alguns anos. O campeão de vendas da marca no mundo inteiro, o aparelho de som Wave, é um dos exemplos citados pelo executivo. O produto prima pela qualidade e pelo design, mas seu grande diferencial é mesmo a facilidade de montagem e operação. Um pequeno controle remoto condensa todos os poucos botões necessários para colocá-lo em funcionamento. O aparelho em si não apresenta qualquer botão. "Todos os lançamentos da Bose são pautados por pesquisas de mercado e sempre percebemos uma preocupação por parte dos consumidores com design e funcionalidade", diz o diretor. Porém, só isso ainda não é suficiente. "Esse consumidor que busca conveniência é pragmático e quer autenticidade", acrescenta Andréa, da WGSN. Mas na guerra contra a concorrência, muitas vezes, fantasias e exageros são priorizados em detrimento da verdade. A própria Bose já enfrentou problemas com isso, segundo Herrero. O mercado de aparelhos de som costuma informar a potência dos produtos com pouca honestidade. Para não mentir ao consumidor e resgatar sua competitividade diante dos concorrentes, a empresa decidiu omitir a potência dos eletroeletrônicos aos clientes. "Os concorrentes divulgavam a potência de pico, mas ela é irreal, uma vez que distorce o som e não pode ser usada. Recomendamos que o cliente escute o som emitido pelo nosso equipamento, testando-o, e decida pela compra caso a expectativa seja alcançada", diz Herrero. HONESTIDADE. Em diversos segmentos, com pequenas deturpações como essas, muitas marcas ganham pontos frente aos concorrentes. Mas e diante dos consumidores? Será que continuarão conquistando novos clientes com essas táticas? A WGSN afirma que não. A honestidade é mais uma característica que passa a ser bastante valorizada pelo novo consumidor. Até mesmo falhas, quando confessadas, podem garantir credibilidade à marca. Nisso vem apostando a Timberland, em ação que ainda não chegou ao Brasil. No exterior, as caixas que embalam os produtos da marca levam impressos os males causados ao meio ambiente ao longo da sua produção. A honestidade carrega consigo a confiabilidade na empresa. "As informações podem ser facilmente manipuladas. Nessa realidade, às vezes, um defeito reconhecido pode garantir autenticidade à empresa", diz Andréa. Essa busca pela verdade pode ser verificada também em campanhas publicitárias que trazem consumidores comuns para postos antes ocupados apenas por modelos e estrelas. Um exemplo disso é a campanha da Dove, que trouxe como mote que o padrão de beleza deve se abrir para incluir o maior número possível de mulheres, e não limitar este universo. "Após os resultados da primeira pesquisa de Dove, Filosofia de Beleza, em 2004, foi detectado que 75% das mulheres gostariam que a mídia retratasse a beleza de uma forma mais natural e não baseada em um padrão inatingível. O que a pesquisa indica e Dove está assumindo como missão com esta campanha é que o padrão de beleza deve ser mais inclusivo em diversos parâmetros, como idade, altura, peso, tipo de cabelo e traços físicos", afirma Natalie Kochmann, gerente de Marketing da marca da Unilever. A grife brasileira Huis Clos também aderiu a esse conceito em sua última apresentação no São Paulo Fashion Week, quando convidou clientes para subir na passarela. "A revista Uma também colocou uma consumidora na capa e, pela primeira vez, uma mulher acima do peso padrão foi capa da Vogue, a atriz e cantora Jennifer Hudson. É o mercado impondo uma mudança de conceitos", diz Andrea, da WGSN. A Coca-Cola também vem apostando todas as suas fichas na autenticidade nas campanhas do Sprite. Desde o lançamento, o slogan "Imagem não é nada, sede é tudo" já se refere à busca por verdade. Em sua campanha mais recente, lançada em março, tal conceito se intensificou. Peças publicitárias em outdoor e vídeos para televisão foram formulados para contar ao consumidor "as coisas como são". Verdades controversas são abordadas em tom sarcástico e irônico com locução do VJ e músico João Gordo, escolhido por apresentar comportamentos e visual considerados autênticos. Voltadas para o público adolescente, as peças chegam a ironizar a própria propaganda. "A campanha foi uma forma de quebrar barreiras na comunicação até mesmo aqui dentro da empresa. Para o Brasil, ela significa uma mudança bastante importante", explica John Pinto, diretor de marketing da Coca-Cola. Serenidade e funcionalidade entram em moda O corre-corre do cotidiano tende a fazer com que as pessoas busquem, nos momentos de lazer, mais serenidade e equilíbrio. Uma das possíveis conseqüências disso seria a pulverização de spas até mesmo dentro das cidades, para rápidas sessões de relaxamento. Andréa Bisker, diretora da WGSN Brasil, condensa essa busca por paz no silêncio, que, segundo a instituição de pesquisa, vem sendo valorizado cada vez mais pelos novos consumidores. A executiva aponta algumas lojas americanas como pioneiras na exploração desse recurso, ao localizarem o ponto-de-venda em bairros periféricos e primarem pela ausência de som dentro dos estabelecimentos. "O silêncio é um atrativo para as indústrias e para o varejo, hoje. No entanto, somente aqueles que estiverem um passo à frente dos demais perceberão isso", afirma Andréa. A Nokia vem experimentando os benefícios dessa ausência de som de forma surpreendente: dentro de festivais de música. "A idéia surgiu durante o Nokia Trends, em novembro do ano passado. Com criatividade, buscamos nos diferenciar com o silêncio em uma atmosfera bastante barulhenta", explica Luciana Matiello, diretora de Marketing da empresa. Foram disponibilizadas duas cabines cercadas de vidro, formando um ambiente acústico, onde os visitantes podiam falar ao celular, conversar com amigos, ou simplesmente descansar. Havia ainda um grande aquário, onde era possível assistir a um festival de curtas no aparelho celular N93. "A partir de agora, as cabines devem estar presentes em todos os eventos", comemora a diretora. FUNCIONALIDADE. A funcionalidade dos produtos também tende a ser cada vez mais valorizada. Um boom no interesse por esse atributo já pode ser percebido com facilidade no segmento de alimentos. As marcas que se aventuram nesse mercado assumem esforços extras, pois precisam investir em pesquisas científicas, assim como se submeter a testes de órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No Brasil, não são poucas as marcas que exploram os benefícios da funcionalidade. No segmento de iogurtes, Activia é o carro chefe da Danone no País, onde estima-se que 32% das mulheres sofram com o intestino preguiçoso. Pesquisa do instituto AC Nielsen aponta um universo potencial de 29 milhões de consumidores. Para conquistar todos esses clientes em potencial, a marca investiu R$ 90 milhões em publicidade no período de janeiro de 2004 a janeiro passado. "Activia é a marca que mais investe em mídia no mercado de iogurtes para chegar às consumidoras. Registramos um crescimento anual na ordem de 50%", afirma Rodrigo Chaimovich, gerente de Marketing de Activia. A Danone lançou em fevereiro passado, na França e na Espanha, e em março, na Itália e Bélgica, o Essensis, iogurte que promete nutrir e hidratar a pele e proteger do envelhecimento. A ação rejuvenescedora se deve à presença de ingredientes como o óleo de borragem (planta do Mediterrâneo), extrato de chá verde e antioxidantes como a vitamina E. Outro produto é o Activia Kefir, lançado pela Danone na Rússia. O funcional é feito com a fermentação dos grãos de Kefir, planta original das montanhas do Cáucaso. O processo faz com que o leite fique mais fácil de digerir por pessoas que possuem deficiência de lactase, uma enzima do trato digestivo. Já estão no mercado mundial outras variantes, como produtos da marca para pessoas com problemas cardiovasculares. Já a empresa Dreamerz Foods lançou nos Estados Unidos uma bebida láctea com vários sabores, entre eles canela e chocolate, para ajudar a dormir melhor. Segundo o fabricante, estudos mostram que tomar uma xícara uma hora antes de deitar ajuda oito entre dez pessoas a pegar no sono mais rapidamente. A Mars lançou barras de chocolate e achocolatados cujos efeitos seriam protetores da saúde cardiovascular. Lançado em 2004 nos Estados Unidos, o chocolate Wonder Bar promete um feito interessante: combater os sintomas da tensão pré-menstrual. O produto é fabricado pela empresa Ecco Bella. Já a Borba Skin foi criada por uma empresa da Califórnia, nos Estados Unidos, e batizada de Borba Skin Balance Water. Vendida em garrafas plásticas, essa "água da beleza" promete melhorar a hidratação e a elasticidade da cútis. Até mesmo um refrigerante que emagrece já foi lançado pela Coca-Cola no mercado americano. O Dia (RJ) 09/04/2007 Ciência e Saúde Hemodiálise do Souza Aguiar em crise Setor, que deveria atender apenas emergências, está sobrecarregado Rio - O setor de hemodiálise do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, que deveria atender casos de emergência, está sobrecarregado com pacientes crônicos que há meses esperam ser transferidos para fazer tratamento nas clínicas conveniadas ao SUS em suas cidades . Devido ao problema, pessoas doentes são obrigadas a fazer hemodiálise até de madrugada e, muitas vezes, o tempo da filtragem do sangue, que deveria ser de quatro horas , é reduzido. O risco de contaminação é outro problema, alerta a presidente da Associação de Renais Crônicos do Rio, Rosangela da Silva Ramos. "Para dar conta dos pacientes crônicos e dos que chegam na Emergência com insuficiência renal aguda, o setor tem funcionado 24h por dia. Isso propicia infecções, já que não é possível respeitar o intervalo de uma hora entre um paciente e outro para esterilização, como recomenda a Anvisa. Além disso, cada vez que chega acidentado precisando de hemodiálise devido a lesão renal, por exemplo, os médicos têm que adiar o atendimento ao paciente crônico para que o grave não morra", diz Rosangela. De acordo com ela, dos 35 pacientes que estão sendo atendidos três vezes por semana no Souza Aguiar, 27 são moradores da Baixada Fluminense. Dez deles são de Nova Iguaçu. Alguns esperam ser transferidos para clínicas em seus municípios desde junho, segundo Rosangela. Hospital de Bonsucesso superlotado O Hospital Geral de Bonsucesso também está com setor de hemodiálise funcionando na capacidade máxima devido à dificuldade de transferir pacientes. É comum encontrar pacientes internados na Emergência, que também está superlotada, somente para conseguir fazer hemodiálise. Ontem, o secretário-adjunto de Saúde de Nova Iguaçu, Carlos Vasconcellos, admitiu que o município não consegue atender seus pacientes que necessitam de hemodiálise nas clínicas conveniadas. "O município não tem esse serviço e as conveniadas estão superlotadas. O problema se agravou no fim do ano passado, quando uma clínica foi interditada pela Vigilância Sanitária Estadual. Sabemos que muitos pacientes de Nova Iguaçu estão fazendo hemodiálise em hospitais como o Souza Aguiar, mas não temos clínicas em condições de abrir", alega. Estado de Minas (MG) 09/04/2007 Nacional Alimentos podem ter sinais de alerta Anvisa vai exigir que fábricas discriminem, no rótulo de seus produtos, os riscos do consumo de substâncias como sal e açúcar Brasília - A propaganda de alimentos vai passar por uma mudança radical. Os alimentos prontos ou semi-prontos - como queijo, macarrão e refrigerante - deverão expor na embalagem advertências sobre o impacto das quantidades de açúcar, sal e gorduras para a saúde se consumidos além do nível recomendado. As regras serão ditadas pela Agências Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que quer adotar para os alimentos uma regulamentação semelhante à usada nas embalagens de cigarro, que exibem alertas os usuários do tabaco sobre quais tipos de doenças podem ser adquiridas com o vício. Em relação aos alimentos, as informações sobre a riqueza de nutrientes, que constam nas embalagens e propagandas dos produtos industrializados, vão ter de dividir espaço com advertências sobre o risco de se contrair doenças, a partir do consumo excessivo das substâncias. Os principais alvos são o açúcar, o sódio e gorduras saturadas e trans. No caso do açúcar, os doces que tiverem quantidade acima das recomendáveis devem conter avisos do tipo: "Este alimento possui elevada quantidade de açúcar. O consumo excessivo de açúcar aumenta o risco de desenvolver obesidade e cárie dentária." Com a regulamentação, a Anvisa quer reduzir o avanço das doenças crônicas não-transmssíveis (DCNT), como hipertensão, diabetes e obesidade, principalmente a infantil. Além das embalagens, a agência também quer ditar normas para os anúncios publicitários, seja nos meios de comunicação ou nas prateleiras dos supermercados. Além do açúcar, a grande quantidade de sal nos alimentos que recebem sódio é um dos itens que mais preocupa a Anvisa. "A maioria dos alimentos com sódio no Brasil apresenta taxa superior ao recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde)", adverte a gerente de monitoramento e fiscalização de propaganda da agência, Maria José Delgado. Segundo a técnica, enquanto a OMS recomenda o consumo médio de 5g de sal por dia, a média brasileira é de 15g. "Reduzir um grama de sódio no consumo da população não afeta o paladar e vamos evitar mais de seis mil mortes", afirma. O sinal vermelho do regulamento técnico para as pitadas de sal é para quando a quantidade for igual ou superior a 400 miligramas de sódio por 100g ou ml. Quando o regulamento for aprovado, salgadinhos prontos, como batata frita, não escaparão do rótulo: "Este alimento possui elevada quantidade de sódio. O consumo excessivo de sódio aumenta o risco de desenvolver pressão alta e doenças do coração." CRÍTICAS A medida é polêmica. A principal resistência é dos fabricantes de alimentos e das empresas de publicidade. A consulta pública com as novas regras foi encerrada no dia 1º, depois de permanecer no ar por mais de 150 dias, mais que o dobro do prazo (60 dias) adotado pela agência para colher sugestões. Até março, a Anvisa tinha recebido 100 contribuições. A maioria trazia reclamações. A alegação dos empresários é a de que a iniciativa da agência é inconstitucional, além de ser restritiva à liberdade de expressão. E ameaçam barrar a proposta na Justiça. "A Anvisa controla medicamentos. Não tem competência constitucional para regular propaganda de alimentos", argumenta Paulo Mozar, diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não-Alcóolicas (Abir). De acordo com Mozar, os alimentos industrializados estão servindo de bode expiatório para um problema de saúde pública, a pouca prática de exercícios físicos. "O problema das doenças crônicas não-transmissíveis em idades cada vez mais novas é de sedentarismo, e não só por ingestão de alimentos", pondera. O Conselho de AutoRegulamentação Publicitária (Conar) alega que esta regulamentação deveria ser aprovada em lei, e não por uma resolução. Hoje em Dia (MG) 09/04/2007 Política Pesquisador defende reforma agrária ampla BRASÍLIA - 'As conclusões podem ser vista como a ponta do iceberg', avalia o técnico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Fernando Ferreira Carneiro, autor de estudo comparativo entre bóias-frias, sem-terra e assentados da reforma agrária. O estudo mostra que a situação alimentar dos bóias-frias é pior que a dos assentados da reforma agrária. Para Carneiro, esses dados 'devem ser encarados pelo Governo como um alerta para a necessidade imediata de um reforma agrária completa e efetiva'. Ele considera que o que já foi realizado da redistribuição de terra 'tornou as pessoas mais donas de seu destino', mas ainda é um processo incipiente. No entanto, a preocupação com a posse da terra em si, quando se trata dos bóias frias, faz parte da vida de apenas 3,8% das famílias entrevistadas. Já 11% das famílias acampadas vêem a posse da terra como forma de melhorar a condição de saúde. Cerca de 90% dos bóias frias gostariam de mudar de função, e alegam o cansaço físico e até a exploração de mão-de-obra como motivos. Entram ainda nessa listagem a questão do horário de início das atividades, a carga horária de trabalho, a comida e até o tempo de deslocamento para se chegar ao local de trabalho nas lavouras. Um dado interessante mostra que desse universo de bóias-frias, pelo menos 70% deles têm carteira assinada e recebem os beneficios previstos em lei. Mas o fato de estarem empregos por apenas seis meses do anos não contribui para uma qualidade de vida razoável. O autor explica que essas pessoas, os bóias-frias, não mudam sua realidade por uma questão cultural e até ideológica. 'Essas pessoas dizem que querem mudar de função, de emprego, mas não conseguem se desvincular dessa realidade de trabalhos temporários, que impossibilitam a fixação nos locais e seu consequente desenvolvimento, com a criação de animais e a plantação de hortifrutigranjeiros', observou. Carneiro lembra que a situação das famílias acampadas e assentadas é diferente, isso porque essas 'têm uma perspectiva de luta e organização'. Segundo a pesquisa, cerca de 100% das famílias assentadas possuem algum tipo de criação animal, como galinhas e porcos e 66% dessas mesmas produzem alimentos a partir de plantações próprias. O estudo, intitulado A saúde no campo: das políticas oficiais à experiência do MST e de famílias bóias-frias, foi realizado na Universidade federal de Minas Gerais (UFMG). As pesquisas envolveram a aplicação de questionários e entrevistas com 202 famílias dos três diferentes públicos que moram na cidade mineira de Unaí. Correio do Povo (RS) 09/04/2007 Geral Câmara Municipal deve votar Lei do Fumo A Câmara de Vereadores de Porto Alegre prepara-se para votar nas próximas semanas a flexibilização da Lei do Fumo. O projeto de lei, de autoria do vereador João Carlos Nedel, foi aprovado pela Casa em julho de 2006 e tem vigência apenas na Capital. A proposta proíbe o consumo de cigarros, cachimbos, cigarrilhas, charutos ou qualquer outro derivado do tabaco em locais públicos fechados. Nedel está recolhendo assinaturas de outros vereadores para modificar a lei. Desde março, ele diz ter parecer favorável das secretarias de Saúde do município e do Estado e também do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Porto Alegre. A Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) tem dificuldade para realizar a fiscalização pela quantidade de estabelecimentos, principalmente pequenos bares, que não estariam cumprindo com a lei. O Ministério Público, porém, solicita esse controle pela prefeitura. O titular da Smic, Idenir Cecchim, afirmou que cerca de mil miniarmazéns podem hoje ser enquadrados como passíveis de multa na Capital. Em nível mais abrangente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) colocou em consulta pública a proposta de criação de salas exclusivas para fumantes, proibindo o tabaco em locais públicos fechados do território nacional. Diário Catarinense (SC) 09/04/2007 Geral Pesquisadores fazem válvula cardíaca em laboratório Pela primeira vez, cientistas britânicos desenvolveram parte de um coração humano a partir de células-tronco. É um marco na medicina que supõe uma nova etapa que terá como objetivo a criação de um coração humano completo em laboratório. O cardiologista Magdi Yacoub, que liderou a equipe do Harefield Heart Science Centre, em Londres, disse que, dentro de três anos, os médicos poderão estar usando partes do coração desenvolvidas artificialmente para transplantes. A expectativa é de que nos próximos 10 anos um coração inteiro possa ser feito a partir de células-tronco que têm o potencial de se transformar em vários tipos diferentes de células. É um projeto ambicioso, mas não impossível. Se você quer que eu adivinhe, digo 10 anos previu. Experiências serão realizadas em animais até o final do ano Os pesquisadores acreditam que a experiência bem-sucedida é um grande passo para o cultivo de órgãos inteiros para transplantes. Yacoub, também professor de cirurgia cardíaca do Imperial College, em Londres, vem trabalhando em formas de lidar com a escassez de corações doados para pacientes. Sua equipe extraiu células-tronco a partir de medula óssea e as cultivou para que formassem células de válvulas do coração. Depois que elas foram colocadas em estruturas de colágeno, formaram-se discos de tecidos de válvulas cardíacas com três centímetros de diâmetro. Até o final do ano, eles serão implantados em animais como ovelhas e porcos, para verificar seu desempenho. Até agora os cientistas haviam criado tendões, cartilagens ou vesículas, mas nunca nada tão complexo como uma válvula. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 15 milhões de pessoas morreram por enfermidades cardiovasculares em 2005. Por que é importante Desenvolver tecidos substitutivos a partir de células-tronco é uma das principais metas da biologia, porque a criação de órgãos inteiros a partir das próprias células-tronco do paciente evitaria a rejeição, por encaixar geneticamente. A criação de tecido de válvulas do coração evitaria que o paciente tenha de se submeter ao transplante de válvulas artificiais. No caso das crianças, as artificiais devem ser substituídas conforme vão crescendo. Nos adultos, exige que sejam administrados remédios pela vida toda para prevenir complicações. O Popular (GO) 09/04/2007 Cidades Vigilância fiscaliza venda de cosmético Ana Cristina Arruda A Superintendência de Vigilância Sanitária Estadual (Svisa) vai intensificar nesta semana a fiscalização dos produtos de beleza comercializados no Estado, visando evitar a venda de material em situação irregular. A checagem nos estabelecimentos do setor de cosméticos e em salões de beleza teve início a partir da morte da dona de casa Maria Ení da Silva, de 33 anos, em Porangatu, no norte do Estado, que pode ter sido provocada por um produto utilizado em escova alisante de cabelo. A inspeção está sendo feita em conjunto pelo órgão estadual e as Vigilâncias Sanitárias municipais. Na semana passada, em três dias úteis - de segunda a quarta-feira -, os órgãos municipais de fiscalização apreenderam no interior do Estado oito produtos utilizados em escova progressiva - três em Anápolis e cinco em Formosa - e um destinado à chamada escova de chocolate, também em Formosa. Em todos os casos, os produtos continham formol em sua composição em níveis acima do permitido, que é de 0,2%. Segundo informa a chefe da Coordenação de Fiscalização de Produtos da Svisa, Valéria Rodrigues de Oliveira, no caso do material para escova de chocolate, o produto tinha quase 3% de formol. Além dos compostos para escovas alisantes, as operações de fiscalização apreenderam outros produtos de beleza - cerca de dez - que não traziam a indicação do fabricante nem do distribuidor nos rótulos. Morte Logo após a morte da dona de casa, que ainda está sendo investigada pela Polícia Civil em Porangatu, foi registrado o caso da intoxicação sofrida pela técnica de enfermagem Simone Moreira de Souza, 30 anos, que apresentou reações alérgicas depois de um escova com produtos à base de formol. Já em Anápolis, a Vigilância Sanitária municipal foi acionada na semana passada por uma mulher, que não quis ser identificada, atribuindo a procedimentos químicos de alisamento a perda de cerca de 30% de seus cabelos. A divulgação do caso de Maria Ení e de outras suspeitas de complicações decorrentes do uso de produtos para alisamento levou a um aumento do número de denúncias de existência de material irregular em salões de beleza e no comércio especializado. Além de intensificar a fiscalização geral dos estabelecimentos, as Vigilâncias Sanitárias têm checado todos os casos comunicados. O uso do formol em produtos cosméticos só é admitido no índice de 0,2% como conservante e de 0,5% como endurecedor de unhas. Esse limite aceito, contudo, não é suficiente para o alisamento do cabelo, o que tem levado cabeleireiros a manipular fórmulas clandestinas com dosagens de formol acima do tolerado. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que o formol é tóxico se inalado, ingerido ou em contato com a pele. O mais grave, contudo, é que o produto é considerado cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Jornal do Commercio (PE) 09/04/2007 Economia Preços dos remédios vão subir esta semana As farmácias já estão autorizadas a aplicar reajustes de 1% a 3,02%, mas como os cálculos são complicados, estão aguardando a publicação da revista ABC Farma com os novos valores O reajuste do preço dos medicamentos, na média de 1,5%, deve chegar ao final desta semana nas farmácias. As firmas já estão autorizadas a vender os produtos com preços mais elevados desde o início deste mês, mas a maioria delas está aguardando a publicação da revista da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABC Farma) com as novas cifras. Os cálculos dos reajustes são complicados e por isso os estabelecimentos preferem esperar pela tabela. De acordo com a própria ABC Farma, a publicação deverá acontecer a partir de amanhã. "Tenho certeza que nenhuma farmácia vai praticar o aumento agora", aposta Cláudio Soares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista dos Produtos Farmacêuticos de Pernambuco (Sincofarma-PE). Porém, explica Soares, a farmácia pode vender os produtos mais caros agora desde que tenha a nota fiscal do fornecedor. Os laboratórios ganharam mais tempo para enviar as suas planilhas de custos para a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMed), que fica responsável pela análise e autorização do reajuste. Inicialmente, o prazo era 26 de março. Mas terminou sendo adiado para o dia 9 de abril. Soares explica que 75% dos laboratórios já tiveram o aumento autorizado desde a semana passada. O Jornal do Commercio percorreu algumas farmácias na semana passada, mas os funcionários de todas elas informaram que até então o reajuste não tinha sido aplicado. O aumento vai atingir mais de 20 mil apresentações de medicamentos. A Cmed, vinculada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), usa o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de março de um ano a fevereiro do calendário seguinte, para calcular o reajuste. São três faixas de aumento, definidas conforme a participação dos genéricos sobre as marcas. O percentual mais elevado, de 3,02%, foi aplicado nos remédios das marcas em que o peso do genérico é igual ou maior de 20%. Na segunda faixa, em que a participação dos genéricos é de 15% a 20%, o aumento é de até 2,01%. Na terceira faixa, em que os genéricos concorrem com 15% do mercado, o reajuste pode chegar a 1%. Em 2006, a Cmed aprovou reajustes de 3,64%, 4,57% e de 5,51%. Em 2005, o aumento foi ainda maior, de 5,89%, 6,64% e 7,39%. O contador Glauco Brasileiro, 48 anos, gasta cerca de R$ 200 ao mês só com medicamentos, tais como os de hipertensão e estômago, adquiridos para a mãe. "Os remédios hoje pesam muito no orçamento da gente. Sempre procuro comprar similares e genéricos. Mas não há muito o que fazer", lamenta. A aposentada Maria da Hora da Silva, 69 anos, sempre pesquisa a farmácia com preços mais em conta. "Os remédios são muito caros e a gente não pode abrir mão deles", reclama Maria, que recebe um salário mínimo e gasta cerca de R$ 100 com medicamentos. A aposentada também sempre procura obter descontos nos estabelecimentos. "Iria pagar R$ 24 agora, mas conseguir levar o remédio por R$ 17".