Anexo 2ª aula: Tipos de Argumento Diante do foi exposto na aula anterior, podemos dizer que a Lógica se preocupa com os argumentos, mais especificamente com a validade ou invalidade dos argumentos. Todavia, antes de entramos na questão referente à validade, vale a pena estudarmos sobre os tipos de argumentos. É comum os lógicos separarem os argumentos em grandes duas classes: os dedutivos e os indutivos. Eis aqui alguns exemplos: a) Dedutivo: Todo cachorro é mamífero. Totó é cachorro. Logo, Totó é mamífero. b) Indutivo: Todos os cachorros que foram observados eram mamíferos. Logo, todos os cachorros são mamíferos. Há uma característica básica que distingue os argumentos dedutivos e indutivos. Faremos alusão a essa característica. Argumento Dedutivo I. Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira. II. Toda a informação ou conteúdo factual da conclusão já estava, pelo menos implicitamente, nas premissas. Argumento Indutivo I. Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira. II. A conclusão encerra informação que não estava contida, nem implicitamente, nas premissas. Não é difícil notar que os dois exemplos citados acima satisfazem estas características. Característica I. A única maneira de tornar falsa a conclusão de a (em outras palavras, a única circunstância em que Totó é mamífero seria falso) seria admitir que ou alguns cachorros não são mamíferos ou que Totó não é cachorro. Para que a conclusão de a fosse falsa, uma ou duas premissas teriam que ser falsas, pois se as duas premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira. Por outro lado, em b, é perfeitamente possível que a premissa seja verdadeira e a conclusão falsa. Isso aconteceria, se, no futuro, deparássemos com um cachorro que não seja mamífero. O fato de não se ter, até o presente, observado algum cachorro que não seja mamífero é apenas um indício de que todos os cachorros são mamíferos. Característica II. Quando a conclusão de a assevera que Totó é mamífero diz alguma coisa que, em verdade, já havia sido dita nas premissas. A primeira premissa afirma que todo cachorro é mamífero, e isso inclui Totó, como se atesta na segunda premissa. O argumento enuncia de modo explicito ou reformula a informação que já estava contida nas premissas. É por este motivo que os argumentos dedutivos satisfazem à condição da característica I. A conclusão deve ser verdadeira quando as premissas são verdadeiras porque a conclusão, a rigor, nada mais diz que as premissas. Por outro lado, a premissa do argumento indutivo b refere-se apenas aos cachorros já observados, ao passo que a conclusão se refere a cachorros ainda não observados. A conclusão, nesse caso, enuncia alguma coisa que ultrapassa a informação contida na premissa. É justamente por isso – porque a conclusão diz algo que não era assentado nas premissas – que a conclusão pode ser falsa, mesmo que a premissa seja verdadeira (Salmom, 1981, p. 29-31). Estabelecida e entendida esta diferença, iremos focar nossa atenção apenas na análise dos argumentos dedutivos. Conforme foi apresentado no início desta aula, a Lógica se interessa pela validade ou invalidade dos argumentos. No entanto, como nosso interesse está dirigido apenas para os argumentos dedutivos, cabe então explicarmos a validade ou invalidade deles. Referência Bibliográfica: SALMOM, Wesley C. O Objeto da Lógica. In: Lógica. Trad. Leonidas Hedenberg e Octanni Silveira da Mota. Rio de Janeiro: ZAHAR EDITORES, 1981, p. 13-34. 1) Distinguir, dentre os argumentos abaixo, os indutivos dos dedutivos. a. Jânio Quadros renunciou à presidência em circunstancias excepcionais. Ora, todo aquele que renuncia à presidência em circunstancias excepcionais pretende ser reconduzido triunfalmente ao poder. Portanto, o que Jânio pretendia era isso: ser reconduzido triunfalmente ao poder. b. A agricultura dos países subdesenvolvidos apresenta graves deficiências. A razão disso está em que, embora haja em geral falta de terras férteis, os países subdesenvolvidos não aproveitam devidamente todas as superfícies cultiváveis. c. O Japão possui baixa renda per capita e nível calórico alimentar insuficiente, mas sua industria é altamente desenvolvida. Portanto, um país desenvolvido pode apresentar características de subdesenvolvimento. d. Jim disse que as abelhas não picariam idiotas; mas não acreditei nisso, porque já experimentará uma porção de vezes e nunca me haviam picado. e. Parece que a vontade de Deus é variável. Pois o senhor disse (Gen. vi. 7) Porque me arrependo de ter feito o Homem. Mas quem se arrepende do que fez tem uma vontade variável. Portanto Deus tem uma vontade variável. f. O caiçara disse que não vai pescar porque as nuvens estão baixas e escuras, água com azul embaçado e o horizonte um pouco prateado; e isto significa que vai chover. g. O capital estrangeiro ocupa posição de destaque na economia global dos países subdesenvolvidos. Dele depende não só o tipo de produção como também a sua integração no mercado internacional. Muitos aspectos dos países subdesenvolvidos resultam, portanto, de interferências externas. Referência Bibliográfica: MARGUTTI PINTO, Paulo Roberto. Noção de Lógica. In: Introdução à Lógica Simbólica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001, p. 45-48.