IMPLANTAÇÃO DA ÁREA DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA NA CAIXA ECONOMICA FEDERAL Sonia Maria Goulart Gonçalves PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM GESTÃO DO CONHECIMENTO E INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL. Orientadora: Elisabeth Braz Pereira Gomes Aprovador por: __________________________________________________ Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, D.Sc __________________________________________________ Elisabeth Braz Pereira Gomes, M.Sc. __________________________________________________ Paulo Cesar Rezende de Carvalho Alvim, M.Sc. BRASILIA, DF – BRASIL AGOSTO DE 2003 GONÇALVES, SONIA MARIA GOULART Implantação da Área de Inteligência Competitiva na Caixa Econômica Federal. [Rio de Janeiro] 2003 VII, 112 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, Especialização, Engenharia de Produção, 2003) Projeto Final – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. Inteligência Competitiva 2. Gestão do Conhecimento I. COPPE/UFRJ II. Título (série). 2 AGRADECIMENTOS Às minhas filhas, Ana Sophia e Isadora, pela compreensão, paciência e apoio nas inúmeras horas de estudo e dedicação. À professora Gomes, pela e orientadora confiança, Elisabeth generosidade, orientação segura e estímulo constante durante o desenvolvimento do trabalho. Aos colegas da turma BSB 02 que contribuíram com suas experiências em todas as disciplinas do curso, tornando-o valioso pessoal e profissionalmente. À Caixa Econômica Federal, através da sua Diretoria de Recursos Humanos, pela viabilização de minha participação no MBKM de Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento. 3 Resumo do Projeto Final apresentado à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Especialista em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial. IMPLANTAÇÃO DA ÁREA DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA NA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Sonia Maria Goulart Gonçalves Agosto/2003 Orientadora: Elisabeth Gomes Programa: Engenharia de Produção Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um projeto de Inteligência Competitiva para a Caixa Econômica Federal. Nele encontram-se descritos os objetivos do projeto, a metodologia utilizada e os resultados esperados. Na elaboração deste projeto foi considerada a análise estratégica do setor financeiro e da organização. A partir desta análise, foram determinadas as bases para a implantação de uma área de Inteligência Competitiva. Neste sentido, foram definidos, ainda, um modelo de gestão, a infra-estrutura operacional/ tecnológica e os recursos humanos necessários ao funcionamento da referida área. 4 Abstract of Final Project presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of specialist in Knowledge Management and Business Intelligence. ESTABLISHMENT OF COMPETITIVE INTELLIGENCE AREA IN FEDERAL SAVINGS BANK Sonia Maria Goulart Gonçalves August/2003 Advisor: Elisabeth Gomes Department: Industrial Engineering The present work introduces the development of a Competitive Intelligence project for Federal Savings Bank. A description of the project targets, the theoretical methodology used and expected results can be found. Strategic analysis of financial sector and the company was used for this project’s development. That analysis sets the grounds for establishing the Competitive Intelligence Area. For that purpose a management model, and the operational / technological infra-structure were also proposed, as well as the required human resources for operation. 5 SUMÁRIO 1. Introdução....................................................................................................... 7 2. Justificativa..................................................................................................... 12 2.1 Benefícios para a CAIXA.................................................................................. 13 3. Setor Financeiro no Brasil – Situação atual................................................ 15 3.1. O papel da CAIXA no Setor Financeiro Nacional............................................ 19 4. Análise Estratégica da CAIXA....................................................................... 22 4.1. Matriz SWOT................................................................................................... 25 4.2. Fatores Externos Significativos para a Construção de Cenários.................... 26 4.3. Fatores Críticos de Sucesso........................................................................... 27 5. Criação da Unidade de IC.............................................................................. 28 5.1. Etapa 1: Identificação das Necessidades de Informação............................... 32 5.2. Etapa 2: Coleta das Informações.................................................................... 35 5.2.1. Fontes Externas......................................................................................... 36 5.2.2. Fontes Internas.......................................................................................... 39 5.2.3. Classificação e Tratamento das Informações............................................ 41 5.3. Etapa 3: Análise das Informações................................................................... 44 5.4. Etapa 4: Disseminação.................................................................................... 48 5.5. Etapa 5: Avaliação........................................................................................... 49 6. Localização da Unidade de IC....................................................................... 50 7. Recursos Humanos........................................................................................ 51 8. Cronograma de Implantação da Unidade de IC........................................... 53 9. Considerações Finais..................................................................................... 54 10. Bibliografia...................................................................................................... 57 11. Anexo – Relatório de Administração 2002................................................... 61 6 1. Introdução Todos os sistemas econômicos estão instalados sobre uma base de conhecimentos, socialmente construída, da qual dependem as empresas (TOFFLER, 1990).O ambiente econômico, social e político vem sendo completamente modificado em decorrência das transformações dos valores e das mudanças tecnológicas ocorridas nas duas últimas décadas. Tais transformações fizeram com que as empresas buscassem novas formas de gestão que lhes permitisse identificar as mudanças às quais teriam que se adaptar. Hoje é necessário mais que isso. Em um processo de aceleração contínua das mudanças, que nos impele para uma economia de tempo real e instantânea, as empresas precisam antecipar as mudanças ou planejá-las, atuando também como agentes da mudança. O conhecimento tornou-se o recurso essencial das organizações. Cada vez mais dados são coletados, armazenados e inter-relacionados. Ao atribuir a esses dados um contexto eles se transformam em informações. Assim, a informação é o produto do futuro e os agrupamentos de informações constituem novas arquiteturas de conhecimento. O conhecimento é inexaurível e constitui a base da nova economia, sendo a abundância a característica principal da sociedade do conhecimento. Empresas, governos e indivíduos coletam e armazenam hoje mais informação do que qualquer outra geração na história (TOFLLER, 1990). No entanto, no contexto empresarial, é a inteligência, e não a informação, que ajuda um executivo a responder com a tática certa ao mercado ou a decisão em longo prazo. No mundo globalizado, conectado em rede, todas as empresas, pequenas ou grandes, possuem o mesmo acesso à informação. Quem converte essa informação em inteligência e a utiliza para agir será o vencedor no jogo da competitividade. 7 “Informação é o principal capital do executivo e ele é quem deve decidir que informação precisa e como usá-la”, segundo DRUCKER (1990). Inteligência é um processo de foco. Para tomar sólidas decisões de negócios o executivo precisa estar focado em seu mercado de atuação, identificar que forças desse mercado são mais importantes para que a empresa concentre seu tempo e esforço para entender; e que alvo estratégico sua organização está perseguindo. Dessa forma, é possível fazer a ligação fundamental entre informação e estratégia. Segundo PORTER (1998) “estratégia competitiva envolve o posicionamento de um negócio para maximizar o valor das capacidades que distinguem a organização de seus concorrentes, isto é, um aspecto central da formulação estratégica é a análise perceptiva do concorrente”. Nesse contexto, o que a empresa pode fazer para garantir uma vantagem competitiva perante seus concorrentes? Antecipar-se às mudanças, enxergar as oportunidades, observar com olhos críticos o panorama socioeconômico. E como fazer isso? Monitorando permanentemente o fluxo de informações de negócios que envolvem a empresa. (GOMES e BRAGA, 2002). A implementação de ferramentas tecnológicas no setor financeiro é provavelmente maior que em outras indústrias, mas não conseguiu unir bancos e clientes. No mundo financeiro devemos refletir mais profundamente sobre o uso da tecnologia para solucionar todos os problemas. Na sociedade do conhecimento o trabalho tem caráter mais colaborativo, mais contextual. Mais que nunca há a necessidade de perícia na combinação, interpretação, chegada a conclusões e tomada de decisão baseada em informações de múltiplas fontes. (CROSS, 2001). Máquinas não podem fazer isso, seres humanos sim. Por isso o elemento fundamental do trabalho na sociedade do conhecimento é o ser humano. Nos dias atuais temos a consciência de que a flexibilidade de adaptação de uma empresa às mudanças que ocorrem no meio ambiente competitivo é ponto chave 8 para a sua sobrevivência no mercado. Um Sistema de Inteligência Competitiva fornece informações com valor agregado, derivado de análises, que serão transformadas em inteligência ativa. Apresentamos a seguir alguns conceitos de Inteligência Competitiva, também denominada IC, que dão base a esse trabalho: “Inteligência Competitiva é um processo de coleta sistemática e ética de informações sobre as atividades de seus concorrentes e sobre as tendências gerais dos ambientes de negócios, com o objetivo de aperfeiçoamento da posição competitiva da sua empresa”.(Kahaner, 1996) “Um processo formalizado, ininterruptamente avaliado pelo qual a gerência avalia a evolução da sua indústria e a capacidade e o comportamento de seus concorrentes atuais e potenciais, para auxiliar na manutenção ou desenvolvimento de uma vantagem competitiva”.( Prescott and Gibbons, 1993) “Um programa de inteligência competitiva tenta assegurar que a organização tenha informações exatas sobre seus concorrentes e um plano para utilização desta informação para sua vantagem”.(McGonagle & Vella, 1990) Podemos então definir Inteligência Competitiva como um processo sistemático e ético de fornecer informações estratégicas e úteis para a tomada de decisão, transformando informação em inteligência e gerando vantagem competitiva sustentável para a empresa (GOMES e BRAGA, 2002). A partir dessa definição, a Inteligência Competitiva apresenta-se como importante aliada estratégica das empresas do setor financeiro, que dependem em grande parte de produtos intangíveis e serviços. Estes, por sua vez, derivam da capacidade 9 da empresa agregar capital intelectual e promover inovação, por meio de compartilhamento de conhecimentos. Nos Estados Unidos, segundo PRESCOTT (2002), um levantamento feito em 1998, por The Futures Group (*) demonstrou que, das empresas multinacionais instaladas e com receitas maiores que US$10 bilhões, 82% já contam com unidades de inteligência organizadas. Dentre todas as empresas sediadas nos Estados Unidos e com receitas maiores que US$ 1 bilhão, 60% declaram ter um sistema organizado de inteligência competitiva. A Malcolm Baldridge Quality Award, a mais prestigiada certificadora de qualidade total para as corporações americanas, inclui a coleta e o uso de informações externas do mercado como um de seus critérios de qualificação. No Brasil, várias empresas possuem unidades de inteligência formalizadas. No setor financeiro há registro de utilização de inteligência em 1962, segundo COSTA, referindo-se ao Bradesco – “Já existia no Banco, desde 1962, um grupo de inteligência que procurava criar uma estrutura de tirar lições consistentes dos perfis dos bancos recém-incorporados. Nesse mesmo ano, foi o primeiro banco brasileiro a incorporar o computador na rotina diária. A revolução da informática provou ser mais uma iniciativa bem sucedida. Aumentou os números da cobrança e da produtividade, pois as contas correntes não mais precisavam ser refeitas um par de vezes por segurança. A possibilidade do extrato diário atraiu clientes. Desde então predominou na tecnologia bancária de ponta”. O Banco do Brasil também possui uma área formalizada de Inteligência Competitiva que atua na construção de cenários para auxiliar as decisões estratégicas da direção do banco. ____________________________________________________________________________________________ (*) Futures Group: <http://www.futuresgroup.com> Empresa norte-americana de consultoria gerencial e pesquisa internacional 10 Uma empresa obtém informações sobre seus concorrentes não para os imitar, mas para aprender com a intenção de liderar o mercado. “Quando a Boeing lançou os seus jetliners 707 em 1958, a Air France comprou um e voou com ele até Toulouse, França. Chegando lá o desmontaram parte por parte. Os franceses aprenderam a partir da tecnologia nova e aprimoraram o design com o Airbus 300. Minha recomendação: faça a Inteligência Competitiva parte do seu negócio. Conecte-a com todas as operações da empresa que possam ser afetadas pelas ações do concorrente. Uma vez que você tenha a informação na sua mão, use-a”.(VEZMAR, 1996). Considerando o cenário apresentado entendemos ser de fundamental importância o desenvolvimento de ferramentas que elevem a competitividade das empresas brasileiras, tornando-as capazes de responder aos desafios do governo e do mercado. Neste sentido, identificamos a oportunidade de desenvolver um projeto para implantação de uma área de Inteligência Competitiva para a Caixa Econômica Federal. 11 2. Justificativa Em razão da crescente competitividade do mercado e do surgimento a cada instante de novos negócios, as empresas se vêem face ao desafio de fornecer produtos de alta qualidade, serviços em tempo real e preços mais competitivos. As empresas que atualmente conseguem obter conhecimento sobre a qualidade dos produtos de seus concorrentes estão mais bem preparadas para desenvolver planos para aperfeiçoar a própria qualidade de seus serviços e incorporar estratégias de desenvolvimento de novos produtos e serviços. Pesquisar a concorrência pode ajudar as empresas a identificar possíveis aquisições e associações, encontrar novas formas de aumentar os lucros e manter ou ganhar uma posição de liderança no mercado ou em um específico serviço ou nicho. O setor financeiro está passando por uma série de transformações e ameaças que têm impacto direto na atuação dos bancos. É imprescindível monitorar o ambiente de negócios de modo a mapear os movimentos da concorrência. Um dos maiores desafios dos bancos é a coordenação dos esforços de pesquisa e desenvolvimento, produção, distribuição e marketing, considerando o contexto regulatório. Tomar decisões corretas, no tempo certo, pressupõe um acesso a informações relevantes ao contexto. Identificar estas informações e disponibilizá-las é um dos principais objetivos de um sistema de inteligência competitiva. A partir do planejamento estratégico e do desenho organizacional da empresa o sistema de inteligência competitiva irá permitir que as informações relevantes ao negócio da CAIXA sejam analisadas e transformadas em produtos de apoio à decisão e entregues às pessoas certas, no momento certo. Objetivos da implantação de uma área de Inteligência Competitiva na CAIXA: • Criar meios para estimular os gestores a pensar estrategicamente e responder a questões estratégicas com rapidez e eficácia; • Fornecer informações organizadas de modo a estabelecer conexões capazes de gerar inteligência competitiva para a organização; 12 • Padronizar as informações, procedimentos e ferramentas ligadas à inteligência competitiva; • Disseminar as melhores práticas de IC na empresa; • Gerar produtos diferenciados aos tomadores de decisão (focados nos segmentos de negócios da empresa); • Criar cenários futuros, prospectivos e projetivos, que possibilitem a tomada de decisão e definição de alternativas estratégicas de maneira mais segura e assertiva. 2.1 Benefícios para a CAIXA Ao final da implantação do presente projeto a CAIXA disporá de uma estrutura para mapeamento do mercado, que, uma vez utilizada continuamente, deverá propiciar: Em relação às pessoas O conhecimento do mercado e da concorrência, de tal forma que será possível antecipar decisões sobre os produtos da empresa, novos ou antigos. Em relação à tecnologia O desenvolvimento de um processo contínuo de aperfeiçoamento da capacitação em tecnologia da informação, definido a partir das necessidades da empresa e em consonância com as características peculiares do setor financeiro. Em relação à organização A melhoria contínua da organização do trabalho, através da redução do “retrabalho”, redução do tempo de execução das atividades e minimização de erros com a conseqüente modernização dos processos. Além disso, a empresa poderá: 9 Ser a principal fonte de informações de mercado para os gestores envolvidos nas decisões estratégicas da CAIXA; 9 Divulgar as diretrizes, relatórios de visitas, apresentações e estudos de casos, de maneira padronizada e periódica; 13 9 Criar fórum de discussões sobre os temas estratégicos mais relevantes; 9 Criar um celeiro de informações estruturadas que suportem o desenvolvimento de Planos de Mercado; 9 Apoiar as decisões de marketing, diminuir o ciclo de desenvolvimento de produtos, reduzir custos, aumentar a eficiência e desenvolver soluções inovadoras; 9 Acompanhar a dinâmica do mercado para os segmentos de atuação, com vistas à identificação de oportunidades e ameaças de negócios no ambiente externo; 9 Acompanhar e comparar com o mercado os resultados financeiros e institucionais dos segmentos de atuação da empresa, como, por exemplo, o segmento empresarial, tendo em vista os pólos produtivos do Fórum de Competitividade – têxtil e confecções, couro e calçados, madeira e móveis, construção civil e agronegócios – para micro, pequenas e médias empresas; Exemplo: no campo da construção civil, disponibilizar informações aos Gerentes de Relacionamento Empresarial e Gerentes de Mercado – análise de cenários, impactos de regulamentação, etc. Monitorar o ambiente de construção civil regionalmente, disponibilizando os dados por Unidade de Negócios. 9 Analisar, tratar e sistematizar as informações de acordo com a necessidade e estratégia das Vice-Presidências, definindo padrões e modelos; 14 3. Setor Financeiro no Brasil – Situação atual Nos últimos anos, o mercado financeiro no Brasil passou por uma série de modificações que configuraram o sistema que hoje vigora no país. Sem discutir aspectos legais, é importantes enfatizar o advento do plano de estabilização financeira (Plano Real), o acentuado número de fusões e incorporações ocorridas, o aumento da concorrência, as mudanças sociais e maiores exigências por parte dos clientes, bem como o incremento na utilização das tecnologias de informação. Esses fatos trouxeram importantes reflexos para as estratégias, decisões e a organização do trabalho nas instituições financeiras. Com a estabilidade da moeda, os ganhos dos clientes com aplicações financeiras tornaram-se menores e conseqüentemente, a captação de recursos mais difícil. Os ganhos relacionados às tarifas de serviços, receitas com seguros, previdência privada e com o oferecimento de novas linhas de crédito tornaram-se essenciais. Com relação ao aspecto de concorrência e à crescente disputa entre as instituições nacionais, somam-se hoje, a internacionalização do setor financeiro e maiores exigências dos clientes por novos produtos. Alterações de legislação facilitaram o ingresso de bancos estrangeiros no país. Em decorrência do acirramento da competição, constata-se a necessidade de maior foco no cliente, que por sua vez adquire maior conscientização de seus direitos como consumidor. No campo tecnológico foram enfatizadas as tecnologias que propiciaram automação trabalho interno das instituições, e a automação de novas formas de acesso por parte do cliente, como os cash dispenser e o home banking. Todos os aspectos citados têm exercido grande influência no posicionamento das instituições financeiras nacionais. Salientamos, entretanto, que essa realidade permanece em constante e acelerada mudança. Assim, as organizações financeiras enfrentam o desafio de apresentar respostas rápidas ao mercado, aos clientes, aos fornecedores e parceiros, sem as quais seus objetivos não serão alcançados. 15 O setor bancário no Brasil está em crescimento do ponto de vista de aumento da base de clientes, o que deverá se acentuar com os programas de desenvolvimento econômico, que deverão trazer melhor distribuição de renda e inclusão digital para uma boa parte da população hoje à margem dos serviços bancários. Segundos os dados da Febraban – Federação Brasileira de Bancos, no período de um ano (2001-2002), cerca de 4 milhões de contas correntes e outras 7 milhões de contas de poupança foram abertas. Há estimativas de que o número de contas correntes deve dobrar na próxima década. Somente uma tecnologia cada vez mais avançada será capaz de atender a um contingente tão grande de clientes, com velocidade, qualidade e segurança. A nova tecnologia propicia e exige maior autonomia e maior variedade de funções no trabalho dos empregados das instituições financeiras. Contas (em milhões) Variação Período 2000 2001 2002 2001/2002 Contas Correntes (1) 55,8 63,2 66,7 5,50% Contas Poupança (2) 45,8 51,2 58,0 13,28% Crescimento das Contas Bancárias Fontes: (1) Febraban – (2) Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) Os 166 bancos que atuam no Brasil oferecem seus produtos e serviços através de uma rede de atendimento com 63.567 dependências, entre agências, postos tradicionais ou eletrônicos, além de correspondentes bancários (Fonte: Banco Central do Brasil – Maio/2003). Atualmente todos os 5.649 municípios do País possuem dependências bancárias – fruto de parcerias dos bancos com redes de supermercados, correios, padarias, lotéricas, entre vários tipos de estabelecimentos comerciais. Só no último ano foram instalados em torno de 6 mil postos eletrônicos. A introdução dos correspondentes bancários, definida pela resolução do Banco Central 2.707/2000, possibilitou uma 16 capilaridade ainda maior no atendimento da população. Em dois anos, o número de correspondentes registrou alta de 61,50%, totalizando 13.950 pontos. Dados do Banco Central indicam que, em 2002, a distribuição da rede de dependências por tipo de capital continuou estável em relação a 2001. Os pontos de atendimento estão concentrados entre os privados nacionais e públicos. BANCOS AGENCIAS TOTAL DEPENDENCIAS Número Part.% Número % Número Part.% Privados nacionais (1) 87 52,40% 6.634 38,90% 20.561 34,60% Privados 65 39,20% 3.785 22,20% 8.292 13,90% 14 8,40% 6.630 38,90% 30.627 51,50% estrangeiros (2) Públicos (3) Rede de Dependências por Tipo de Capital Fonte: Bacen – (1) com e sem participação estrangeira – (2) estrangeiros e com controle estrangeiro – (3) federais e estaduais Em dois anos praticamente dobrou o número de clientes que utilizam o Internet Banking. Em 2002 existiam 8,3 milhões de usuários e em 2002 o sistema bancário contabilizou 14,9 milhões, sendo 13,6 de pessoas físicas e 1,3 de pessoas jurídicas. O desenvolvimento tecnológico dos bancos traz diversos benefícios ao sistema financeiro e exerce cada vez mais, papel fundamental para a inclusão social do cidadão brasileiro. Alguns exemplos são a automação comercial - presente de supermercados a bancas de jornal – e o auto-atendimento. As instalações de terminais multifuncionais para operações de saque (por meio de cash dispenser), depósito, obtenção de extratos e dispensador de cheques teve um crescimento de 70.75% no período 2001/2002. A informatização bancária teve início no final da década de 70, quando se verificou uma demanda intensa para a automatização das agências. A maior parte dos bancos brasileiros tem cobertura nacional e uma ampla gama de serviços. O 17 sucesso do setor só é possível em razão da ousadia e criatividade de seus colaboradores e empresas de tecnologia que atuam no País. Essa parceria resulta em introdução de novas tecnologias, como mostra o resultado da pesquisa abaixo. Não Já adota Está avaliando Decidiu não avaliou Vai adotar Total adotar CRM 24% 22% 47% 7% 0% 100% Business Intelligence 7% 45% 40% 0% 7% 100% Knowledge 35% 25% 33% 0% 7% 100% 54% 27% 10% 8% 1% 100% 36% 30% 21% 10% 3% 100% Smart Cards 22% 17% 38% 15% 8% 100% Reconhecimento de 60% 1% 38% 1% 0% 100% Management E-Procurement Web Browser em terminais e estações voz Tecnologias Emergentes Fonte: Febraban – Maio/2003 Legenda: CRM – Customer Relationship Management – ferramenta utilizada na conquista e manutenção do relacionamento com clientes Business Intelligence – processo de consolidar e analisar dados visando obter informações que possibilitem o ganho de vantagem competitiva Knowledge Management – forma de abordar a organização, para que o conhecimento sobre seus processos, produtos, clientes, fornecedores e concorrentes possa ser usado como vantagem competitiva. E-Procurement – Gestão Eletrônica de Suprimentos – plataforma que integra clientes e fornecedores no B2B e B2C, via Internet. Meio de redução de cursos, capacitação de fornecedores, inovações na linha de produtos e oportunidades de marketing. Web Browser – instalação de “navegadores” (como o Internet Explorer) nos terminais Smart Cards – cartões inteligentes, com circuitos integrados e chips de memória, que permitem a realização de diversas transações, mais avançadas do que com cartões de tarjas magnéticas. Reconhecimento de Voz – alternativa aos cartões magnéticos e senhas, com vantagens em relação à confiabilidade e à segurança, no controle de acesso físico a banco de dados e controle de transações automáticas por telefone. 18 3.1. O papel da CAIXA no Setor Financeiro Nacional Como entidade integrante do Sistema Financeiro Nacional, a Caixa Econômica Federal é sujeita às várias contingências desse sistema como, por exemplo, o aspecto de concorrência. À semelhança das demais instituições financeiras, ela é responsável pela captação de recursos financeiros e pelo oferecimento de produtos e serviços, como empréstimos, poupança, conta corrente, seguros, cartões de crédito, etc. Deve-se salientar o aspecto social peculiar à CAIXA. Como empresa pública vinculada ao Governo Federal, ela é reconhecida como seu principal agente no fomento ao desenvolvimento urbano e na administração de fundos, programas e serviços de caráter social. Há 142 anos a Caixa Econômica Federal participa do cotidiano dos brasileiros, promovendo o desenvolvimento social e econômico do País, na busca de soluções que apontem caminhos para a melhoria da qualidade de vida da população, em especial das comunidades carentes, de forma a encurtar distâncias e aproximar pessoas, tornando menores as distorções econômicas. A empresa conta hoje com um quadro de pessoal composto por 55,9 mil empregados efetivos. Concede 9 mil bolsas de estágios e oferta 3 mil vagas a menores aprendizes, segundo a lei 10.097/2001. Os acessos mensais ao site da Caixa apontam para uma média de 30 milhões de visitas, mantendo a Caixa na liderança absoluta no ranking brasileiro e em segundo lugar no mundo em pesquisas realizadas, considerando os usuários que acessam a rede mundial de computadores – Internet em ambiente domiciliar. A Rede de Proteção Social do Governo Federal tem a CAIXA como responsável pela condução e operacionalização das políticas públicas, sobretudo no que se refere ao pagamento dos benefícios sociais. A partir da criação da base única de dados para as ações sociais, o Governo Federal passará a ter a visão única das 19 famílias carentes do Brasil, das suas necessidades básicas e dos programas a que já têm acesso, ao mesmo tempo em que viabilizará a racionalização do processo de cadastramento dos cidadãos, assim como a melhor gestão dos recursos destinados aos programas sociais. A base única de dados conta com 1,8 milhão de famílias cadastradas, em 2.247 municípios, com informações completas do perfil sócio-econômico de cada família (ao final serão 9,3 milhões de famílias em todo o País). O Cartão do Cidadão foi o principal instrumento lançado para facilitar o atendimento ao seu portador. Por seu intermédio, foi possível atender cerca de 46 milhões de cidadãos, beneficiários de programas sociais de transferência de renda em toda a rede de atendimento da CAIXA. Esse cartão magnético possibilita o pagamento unificado dos programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás, de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e o Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano. No primeiro semestre de 2002 a CAIXA registrou seu maior feito em termos de logística, mobilização interna e externa, registrando 19 milhões de pagamentos dos créditos complementares do FGTS relativos aos planos econômicos Verão e Collor I, para cerca de 10 milhões de trabalhadores, correspondendo a desembolsos da ordem de R$ 4,3 bilhões. Desde 2001, a CAIXA vem promovendo três grandes frentes de estudos no segmento de Desenvolvimento Urbano: Revisão/Lançamento de Produtos Imobiliários, o Redesenho do OGU – Orçamento Geral da União e Redesenho do Desenvolvimento Urbano. Esses trabalhos, com ações de curto e longo prazo fomentam a discussão de uma nova política habitacional para o país, prevendo a explicitação de subsídios; a reprecificação e a revisão dos contratos de crédito imobiliário com ajustes de tarifas para assegurar o equilíbrio econômico-financeiro e, uma nova estrutura e parâmetros de participação, concessão, controle e retorno dos Sistemas FinanceiroImobiliário e de Infra-Estrutura Urbana. 20 Em 2002 foi realizada, pela primeira vez na história da empresa, a apresentação do balanço patrimonial à ABAMEC – Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais. O procedimento inédito e só exigido para empresas privadas de capital aberto consolida um novo modelo de gestão na CAIXA, baseado na transparência dos resultados econômico-financeiros perante a sociedade, os investidores e os clientes. A instituição fez também em 2002 a primeira publicação de seu balanço trimestral, e contratou a agência Moody’s para obtenção do seu rating (*) internacional, classificação que será publicada periodicamente. O rating é essencial para que uma empresa participe do mercado internacional e faça, por exemplo, uma securitização externa de títulos com a emissão de eurobônus, atraia investidores para os programas de financiamento habitacional ou à compra de letras hipotecárias. A CAIXA foi designada pelo Banco Central como dealer(**) dos Títulos Públicos Federais, demonstrando assim a confiança do regulador no sistema de rigidez financeira e nos mecanismos de controle da empresa. A diversificação de suas atividades e o volume de suas operações tornam a CAIXA uma empresa única, que demonstra, através de sua história, que a empresa que se perpetua é aquela capaz de gerar e transferir valores à sociedade. Os dados citados acima constam do Relatório de Administração da Caixa Econômica Federal, referente ao primeiro semestre de 2002. ___________________________________________________________________ (*) Rating é o resultado de uma avaliação independente do risco e da seriedade de uma instituição, elaborada com o intuito de orientar o investidor. (**)Dealer é uma instituição autorizada a operar no mercado de câmbio, selecionada por meio de uma avaliação de desempenho que se baseia principalmente no volume de operações de câmbio vinculadas a importações e exportações, volume de câmbio financeiro e na qualidade das informações prestadas ao Banco Central. 21 4. Análise estratégica da CAIXA Os fundamentos da governança corporativa são adotados pela CAIXA com o objetivo de agregar resultados e minimizar riscos, observando-se os princípios fundamentais de contabilidade, um conjunto de controles internos e transparência no processo de tomada de decisões. As diretrizes estratégicas e as ações em conformidade com as leis e atos regulamentares complementam o direcionamento das boas práticas de gestão. Operando de modo integrado nas áreas de Desenvolvimento Urbano, Transferência de Benefícios e Serviços Financeiros, a CAIXA atua como banco público auxiliar na execução da política de crédito do Governo Federal e como principal agente dos programas nacionais de Habitação e Saneamento. A missão da empresa é: Promover a melhoria contínua da qualidade de vida da sociedade, intermediando recursos e negócios financeiros de qualquer natureza, atuando, prioritariamente, no fomento ao desenvolvimento urbano e nos segmentos de habitação, saneamento e infra-estrutura, e na administração de fundos, programas e serviços de caráter social, tendo como valores fundamentais: 9 Direcionamento de ações para o atendimento das expectativas da sociedade e dos clientes; 9 Busca permanente de excelência na qualidade dos serviços; 9 Equilíbrio financeiro em todos os negócios; 9 Conduta ética pautada exclusivamente nos valores da sociedade; 9 Respeito e valorização do ser humano. A CAIXA implementou em abril de 2003 um novo modelo de gestão baseado nas premissas do Balanced Scorecard, que permite uma visão integrada e balanceada da empresa, promovendo o alinhamento dos objetivos estratégicos com os 22 indicadores de desempenho, metas e planos de ação fazendo com que os instrumentos de avaliação de gestão reflitam as estratégias da empresa. A metodologia Balanced Scorecard (BSC) é reconhecida como um sistema de gerenciamento que torna possível à organização, com base no esclarecimento de sua visão e estratégias, a definição de ações que levem à contínua melhoria de seu desempenho e resultados. KAPLAN e NORTON (2001) entendem o BSC como um sistema de gerenciamento estratégico e não apenas um sistema de mensuração. Seus objetivos e valores de medidas são derivados da visão e da estratégia da empresa e focalizam o desempenho organizacional segundo quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento. Assim o BSC traduz a missão e a estratégia da empresa em objetivos e medidas tangíveis. Essas medidas devem constituir-se em informações para empregados em todos os níveis da empresa, uma vez que as conseqüências de ações e decisões devem ser compreendidas por todos. O compartilhamento de conhecimentos, a utilização estratégica da informação e a criação de uma inteligência competitiva voltada para o ambiente externo à empresa inserem-se nesse contexto como ações que auxiliarão a qualificar os resultados empresariais de modo a garantir a sustentabilidade da CAIXA no médio e longo prazo. Para que o modelo de gestão proposto seja eficaz é necessário que todos os empregados da empresa saibam quais são os resultados desejados pela organização. As medidas devem se concentrar nos processos internos que têm maior impacto na satisfação dos clientes e no alcance dos objetivos financeiros da empresa. O novo modelo de gestão da empresa tem como benefícios proporcionar aos gestores o desenvolvimento de novas competências, a partir de uma visão sistêmica de sua performance e integrar os esforços individuais com os resultados 23 organizacionais, potencializando o espírito de equipe. O modelo possui seis dimensões: Gestão de Pessoas, Rentabilidade, Metas Estratégicas, Objetivo de Comercialização, Participação de Mercado e Qualidade no Atendimento, conforme Figura 1. Rentabilidade Gestão de Pessoas Metas Estratégicas Estratégia Qualidade no Atendimento Objetivo de Comercialização Participação de Mercado Fig.1 – Modelo de Avaliação e Gestão da CAIXA – 2003 Fonte: Cartilha do Modelo de Avaliação e Gestão – Publicação interna Em 2002 a Caixa Econômica Federal tornou-se a primeira instituição financeira presente em todos os municípios brasileiros, realizando transações bancárias em tempo real. 24 Com a integração da rede física de 14.323 pontos, dimensionada em 1.697 agências, 293 postos de atendimento bancário (PAB), 949 postos de atendimento eletrônico (PAE), 231 salas 24 horas, 9.084 casas lotéricas, 68 outros canais e 2.083 correspondentes bancários, possibilitou o acesso à população brasileira aos serviços bancários e aos benefícios dos programas sociais do Governo Federal. Em Junho/2002 a CAIXA detinha 31,30% de participação no mercado de poupança. 4.1 Matriz SWOT A análise por meio da Matriz SWOT é realizada por área de negócios, como no exemplo abaixo, do segmento Empresarial, no qual a CAIXA está voltada para micro, pequenas e médias empresas. PONTOS FORTES • Capilaridade – Rede de atendimento • Conhecimento gerencial em consultoria empresarial • Forte atuação junto a Micro, Pequenas e Médias empresas (participação em programas governamentais a exemplo das cadeias produtivas em atuação conjunta com o MDIC-Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) • Imagem da CAIXA reconhecida pelo mercado como provedora de recursos para produção de unidades habitacionais • Corpo técnico especializado na análise de empresas de construção civil PONTOS FRACOS • Força de vendas sem perfil empreendedor • CAIXA não é reconhecida pelas empresas de construção civil como banco parceiro (relacionamento para operações bancárias cotidianas) • Falta de continuidade administrativa da empresa 25 OPORTUNIDADES • Ser reconhecida como banco da média empresa • Demandas geradas pelos programas de governo – segmento empreendedor • Ser reconhecida como banco de relacionamento principal de alguns nichos específicos: construção civil, escolas, hospitais. • Adquirir experiência em atuar com empresas de médio porte para atuação no futuro com empresas de grande porte • Adquirir competências para atuar no mercado exportador AMEAÇAS • Interesse da concorrência pelo nicho de clientes do segmento empreendedor (Unibanco, Banco do Brasil) • Concorrência mais ágil do ponto de vista de análise/decisão para concessão de crédito. • Experiência da concorrência com empresas de médio e grande porte 4.2 - Fatores Externos Significativos para a Construção de Cenários • As ações governamentais para geração de emprego e renda • A imagem da CAIXA como banco social associada às suas realizações na área social, de desenvolvimento urbano e transferência de benefícios. • Credibilidade da instituição junto à população brasileira • Incentivo do governo ao microcrédito e exportação • Implementação de ações de crédito para a população de baixo poder aquisitivo • Fortalecimento da CAIXA como agente governamental estratégico na implementação das políticas públicas de habitação popular, saneamento 26 ambiental, infra-estrutura, gestão urbana e transferência de benefícios sociais. 4.3 – Fatores Críticos de Sucesso • Maximização da capacidade de atendimento da CAIXA, com aumento da rede de correspondentes bancários e agências. • Ampliação do relacionamento com a esfera pública e obtenção de parcerias estratégicas, compartilhando redes de distribuição e capacidade instalada. • Redução de custos administrativos e operacionais • Melhoria da qualidade dos serviços prestados aos clientes • Ampliação do nível de bancarização da população excluída 27 5 – Criação da Unidade de Inteligência Competitiva “Sistemas de informações gerenciais transformam dados em informações e depois ajudam os gerentes a transformar informações em conhecimento, e conhecimento em ação. O desafio está em decidir que informação e conhecimento – e em que forma – são necessários. Se tivermos a aprendizagem organizacional em mente como um dos objetivos no desenho dos sistemas de informação, teremos maior probabilidade de gerar informações e o conhecimento que os gerentes necessitam para tomar ações efetivas”.(STATA, 1997) A partir da análise estratégica identificou-se a oportunidade de estabelecerem-se as bases para a implantação de uma Unidade de Inteligência Competitiva na CAIXA, objeto do presente trabalho. Essa Unidade deverá atuar para o fortalecimento da empresa, através do processo contínuo de troca de informações, disseminação de publicações e artigos sobre o setor financeiro, armazenamento de dados sobre concorrentes e movimentos sóciopolíticos e econômicos que tenham impacto nas estratégias definidas pela organização. A Unidade de IC deverá ser também uma impulsionadora do aprendizado para criação de conhecimento e inteligência como suporte à decisão Os objetivos principais da Unidade de IC são: • Fornecer uma visão estratégica da situação e das tendências do setor financeiro • Prover um fórum de articulação de idéias e iniciativas que fomentem o desenvolvimento interno da organização, consoante com as estratégias definidas pela direção da empresa. 28 • Criar e manter bases de informações e conhecimentos relativos às atividades dos agentes públicos e privados do setor financeiro, de desenvolvimento urbano e transferência de benefícios. • Operar um processo de seleção, coleta, análise e divulgação de informações com valor estratégico para a empresa. Para • Apoiar o processo de decisão da Diretoria Colegiada a implantação dessa Unidade será utilizada a metodologia do CRIE/COPPE/UFRJ – Centro de Referência em Inteligência Empresarial – Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesta metodologia, estão previstas as seguintes etapas: 1. Identificação das necessidades de informação 2. Coleta e Tratamento das informações 3. Análise das informações 4. Disseminação 5. Avaliação Estas etapas serão precedidas da realização de um Workshop sobre Inteligência Competitiva, com duração de 8 horas, com os gestores estratégicos da empresa, visando esclarecer conceitos sobre o tema, apresentar o projeto e comprometê-los com a implantação da Unidade de Inteligência Competitiva, validando sua importância para a organização. No entanto, antes de partir para a descrição das referidas etapas, faz-se necessária a utilização do “Modelo de Projeto de Inteligência Competitiva – MPIC” (Tabela 1). Neste modelo, são definidos alguns aspectos do projeto, tais como: responsável; clientes; tipo / foco; pertinência; modus operandi, local onde será instalada a Unidade de IC; produtos que serão gerados; custos; cronograma para implantação, etc. 29 Com base na análise do setor e organização, definiu-se o seguinte MPIC, para a Unidade de Inteligência Competitiva proposta: Tabela 1 – MPIC – Modelo de Projeto de Inteligência Competitiva MPIC – Modelo de Projeto de Inteligência Competitiva Responsável Sonia Goulart Data 02/08/2003 Cliente Caixa Econômica Federal O quê? Oportunidades - Movimento da sociedade pela transparência de utilização de recursos na administração pública Unidade de Inteligência - Reconhecimento público do papel social da empresa Competitiva. - Novas regras do governo para microcrédito e acesso da Serão monitorados e - população aos serviços bancários Expansão da base de clientes pela ampliação da bancarização avaliados aspectos referentes a clientes, - Aquisição de competência para atuar no mercado exportador concorrentes, mercado, tecnologia e legislação. Ameaças - Existência de áreas de IC formalizadas nos principais concorrentes - Perda de monopólio na área de penhor e loterias - Concorrência acirrada no segmento jovem da população - Capacitação dos concorrentes na área de negócios empresariais - Ampliação dos correspondentes bancários da concorrência - Exigências decorrentes de possíveis alterações na legislação financeira 30 Pontos Fortes - Existência de cultura de planejamento emergente, com análise de cenários. - Implantação do Balanced Scorecard como modelo de gestão - Filosofia do atendimento personalizado implantada na rede de agências; - Capilaridade da rede de atendimento; - Expertise técnica dos empregados nas áreas de negócio exclusivas; Pontos Fracos - Cobertura da Intranet para todos os pontos da empresa - Multiplicidade de fontes de informação não estruturadas e não validadas para apoio às decisões estratégicas - Desconhecimento do ambiente de mercado por parte do corpo gerencial - Força de vendas sem perfil consultivo - Informações regionais não estruturadas - Ausência de interface entre os sistemas de informações gerenciais múltiplos existentes na organização. - Por quê? Falta de continuidade administrativa Utilização da IC para apoio às necessidades de responder estrategicamente aos desafios do mercado e do Governo Federal com agilidade e eficácia. Como? Implantando uma Unidade de Inteligência Competitiva voltada para análise dos concorrentes, tecnologias, processos, novos produtos, canais alternativos de captação de clientes,e monitoramento das alterações da legislação em vigor que têm impacto nas áreas de negócio da empresa. Quem? - Coordenação – Gerente de Inteligência Competitiva - Equipe – 2 pesquisadores e 2 Analistas de Informação Onde? Localização no organograma a ser definida. Quanto? Valor a ser definido na implantação da Unidade ( infra-estrutura) Início/fim da Início Agosto de 2003 (segunda quinzena) implantação Fim Outubro de 2003. Produtos finais Contínuos e Relatórios: público-alvo, formatação, conteúdo e periodicidade pontuais a serem definidos pela equipe de implantação. Observações Cronograma de implantação sugerido (pág. 53) Fonte: Adaptado de Gomes e Braga, 200l. 31 5.1– Identificação das Necessidades de Informação Nessa etapa serão definidos os setores e atores do ambiente externo que mais afetam o negócio da organização. Por meio de entrevistas com os tomadores de decisão e envolvidos em cada processo estratégico da empresa, serão identificadas as Questões Estratégicas e Relevantes a serem respondidas sobre o ambiente competitivo: principais aspectos dos concorrentes, necessidades dos clientes, perfil dos profissionais que trabalham na concorrência, legislação e movimentos políticosociais que tenham impacto sobre o negócio da empresa, etc. A partir dessa identificação será possível determinar as informações que serão coletadas e analisadas sob a ótica das estratégias da CAIXA, de modo a fornecer suporte à tomada de decisão. As áreas identificadas para o modelo são denominadas Vigilâncias. Relacionamos abaixo as vigilâncias que serão avaliadas nas entrevistas com os gestores e cujo monitoramento será priorizado para as decisões dos gestores da empresa: Vigilância Social Setor no qual serão coletados dados e informações que possam afetar os negócios sob o ponto de vista da sociedade. Questões estratégicas e relevantes referentes à Vigilância Social: Q1) Como a empresa pode identificar oportunidades de contribuição aos programas sociais do Governo Federal? Q2) Como identificar e disseminar internamente as práticas de responsabilidade social? Q3) Quais as oportunidades de ampliação de relacionamento da empresa com a esfera pública, iniciativa privada e organismos internacionais? 32 Vigilância Político/Legal Setor no qual serão coletados dados e informações sobre leis, decretos, relacionamentos com órgãos do governo, processos em tramitação no âmbito federal e estadual considerando – Código de Defesa do Consumidor Bancário, Código Civil. Código Tributário, entre outros. Exigências dos Ministérios, exportação (legislação fiscal e tributária), políticas governamentais para os setores de desenvolvimento urbano e transferência de benefícios sociais. Questões estratégicas e relevantes referentes à Vigilância Político/Legal: Q1) Quais os projetos de lei em tramitação no Congresso e nas Assembléias Legislativas que podem causar impacto no negócio, regional ou nacionalmente? Q2) Quais são as oportunidades identificadas nas diversas regiões do país para a abertura de novos negócios? Q3) Quais são as tendências dos governos (federal e estaduais) quanto às políticas de fomento ao desenvolvimento urbano, transferência de benefícios e serviços bancários? Q4) Quais as alternativas de atuação para a empresa frente às alterações de legislação propostas? Vigilância Tecnológica Setor onde serão coletados dados e informações sobre desenvolvimento de novos produtos/serviços, pesquisa básica e aplicada, inovações em tecnologia bancária, soluções de tecnologia visando o aumento de produtividade, etc. Questões estratégicas e relevantes referentes à Vigilância Tecnológica: Q1) Quais são as tendências envolvendo pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias para o setor? Q2) Quais são os estudos e tendências envolvendo canais alternativos de atendimento? 33 Q3) Que tecnologias emergentes já foram testadas e estão sendo utilizadas pelos concorrentes? Q4) O layout e infra-estrutura tecnológica dos parceiros estão adequados às atribuições e atividades desempenhadas? Vigilância Mercadológica Setor onde serão coletados dados e informações sobre os concorrentes, clientes, ações de marketing, fornecedores, parceiros, canais alternativos de distribuição, poder de compra dos clientes, distribuição geográfica dos segmentos de clientes, etc. Questões estratégicas e relevantes referentes à Vigilância Mercadológica: Q1) Quem são meus clientes mais lucrativos? Q2) Que segmento tem o maior potencial de crescimento? Q3) Quais são meus principais concorrentes em cada um dos segmentos de negócio? Q4) Quais são as forças e fraquezas desses concorrentes? Q5) Quais as tendências de posicionamento dos concorrentes frente às mudanças sugeridas pelo mercado? Q6) Quais são as necessidades dos fornecedores? Q7) Quais as inovações da concorrência e sua eficácia no mercado? Q8) Quais as melhores práticas na redução do risco de crédito? Outros tipos de vigilância poderão ser considerados, a partir da identificação das necessidades de informação levantadas junto à Diretoria Colegiada. A Unidade de IC proposta realizará monitoramentos, sistematizados ou não, envolvendo as vigilâncias definidas como prioritárias pelos gestores estratégicos da empresa. A partir da consolidação dos resultados das entrevistas serão identificadas as questões-chave para cada ator externo (clientes, fornecedores, etc.) relacionadas 34 aos atores internos (Vice-Presidências), por meio da Matriz de Identificação das Informações Necessárias – Tabela 2 Tabela 2 - Matriz de identificação das informações necessárias Área da empresa Clientes Fornecedores Concorrentes Parceiros Governo Sociedade Vice-Presidência de Logística Vice-Presidência de Finanças Vice-Presidência de Des. Urbano ................... Fonte: Adaptado de GOMES e BRAGA, 2001. 5.2 Coleta e Tratamento das Informações Nesta etapa serão realizadas as atividades de identificação e classificação das fontes de informação, a coleta de informações e seu tratamento. Para absorção das informações será criada uma base de dados para monitoramento do ambiente externo, por necessidade e segmento de negócio; concorrentes; governo/regulamentações; parceiros e fornecedores; clientes e novas tecnologias. O monitoramento do ambiente interno será feito com o mapeamento das iniciativas internas que possam contribuir para a área de IC. Geralmente utiliza-se como fonte de informações jornais especializados, revistas e publicações institucionais; publicações de organizações representativas dos setores relacionados aos temas de interesse, como jornais de sindicatos e associações ;revistas de grupos de consumidores; publicações de empresas de consultoria; periódicos estatísticos oficiais; publicações científicas e de universidades. 35 Além da pesquisa on-line e em mídia impressa, algumas técnicas são utilizadas na coleta de informações: Simulação de consumo: aquisição de um produto ou serviço do concorrente com finalidade de obter informações sobre o modus operandi; Engenharia reversa: prática de adquirir produtos concorrentes para decompô-los e absorver know-how; Análise de relatórios emitidos pelos concorrentes para seus acionistas e investidores Acompanhamento das comunicações públicas dos concorrentes 5.2.1 – Fontes Externas Relacionamos abaixo algumas das mais importantes fontes para coleta de informações pertinentes ao negócio da CAIXA: FENAE - Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa Econômica Federal www.fenae.org.br Possui boletim eletrônico, com informações diárias. Entidade composta por 33 associações dos empregados e aposentados da Caixa em todos os estados do país, sendo 27 associações federadas e 6 associações filiadas. A federação iniciou 2002 com mais de 45 mil associados, entre empregados da ativa e aposentados. FUNCEF – Fundação dos Economiários Federais www.funcef.com.br Fundo de pensão, entidade fechada de previdência privada, sem fins lucrativos, dotada de patrimônio próprio e autonomia administrativa e financeira. Reúne hoje 71.100 associados, sendo 53.200 da ativa (empregados da Caixa) e 17.900 aposentados e pensionistas. 36 FENAG – Federação Nacional das Associações de Gerentes da Caixa Econômica Federal www.fenag.org.br Essa entidade congrega 28 associações gerenciais de diversas regiões do país e tem como objetivos manter intercâmbio com a FENAE, trocando experiências e, sobretudo, mantendo acordos e convênios; e fortalecer o movimento associativo, através da defesa permanente de seus interesses, conquistando mais espaço dentro da empresa, ABECIP - Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança www.abecip.org.br A CAIXA é associada da ABECIP, que une em torno do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) - o braço de mercado do Sistema Financeiro de Habitação - todo um segmento de empresários do crédito imobiliário. Com 35 anos de atuação, a ABECIP tem como missão o aperfeiçoamento do modelo brasileiro de financiamento imobiliário. Edita a Revista do SFI - Sistema Financeiro Imobiliário. ANBID - Associação Nacional dos Bancos de Investimento www.anbid.com.br Entidade de representação do segmento das instituições financeiras que operam no mercado de capitais. Seus associados são, basicamente, os bancos de investimento e os bancos múltiplos com carteira de investimento. A CAIXA é uma de suas associadas. ANDIMA - Associação Nacional das Instituições de Mercado www.andima.com.br 37 BMF - Bolsa de Mercadorias & Futuros www.bmf.com.br O objetivo maior da BM&F é efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico, bem como desenvolver, organizar e operacionalizar mercados livres e transparentes, para negociação de títulos e/ou contratos que possuam como referência ativos financeiros, índices, indicadores, taxas, mercadorias e moedas, nas modalidades a vista e de liquidação futura. CNI - Confederação Nacional da Indústria www.cni.org.br É a entidade máxima de representação do setor industrial brasileiro, coordena um sistema formado pelas 27 Federações de Indústria dos Estados e do Distrito Federal - às quais estão filiados 1.016 sindicatos patronais - e administra o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). ABCRED - Associação Brasileira dos Dirigentes de Entidades Gestoras e Operadoras de Microcrédito. ASBACE – Associação Brasileira de Bancos Estaduais e Regionais www.asbace.com.br Disponibiliza resumo legislativo – acompanhamento diário das atividades do Congresso Nacional e newsletter mensal. BACEN - Banco Central do Brasil www.bacen.org.br BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social www.bndes.org.br 38 SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas www.sebrae.org.br OSCIP – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público ( Ministério da Justiça) www.mj.gov.br/snj/oscip.htm 5.2.2 Fontes internas Entre as fontes internas da organização destacam-se as informações fornecidas pela Ouvidoria, com registro de sugestões/reclamações através do SAC – Sistema de Atendimento ao Cliente e Viva Voz; especialistas das diversas áreas de negócio da empresa; e informações gerenciais originadas das bases de dados internas. Utilização do SIINB – Sistema de Informações Bibliográficas, que permite pesquisa via Intranet. Teses e monografias publicadas na Universidade Corporativa da CAIXA, que atualmente conta com um banco de 451 documentos, todos voltados para processos e desenvolvimento de competências da empresa; Clipping produzido pela GEREL – Gerencia Nacional de Relacionamento Institucional CEDIN – Centralizadora de Documentação e Informação, responsável pela operação centralizada das atividades de gerenciamento de documentação e informação. GEMEC – Gerência Nacional de Informações de Mercado - tem como uma de suas atividades realizar e/ou acessar pesquisas que demonstrem o comportamento do mercado e de clientes, de maneira a subsidiar a tomada de decisão por parte dos segmentos e gestores, disponibilizando análise crítica. 39 GECLI – Gerência Nacional de Informações de Clientes - tem como uma de suas atividades fornecer informações consistentes sobre o comportamento de clientes da CAIXA. SUDEC – Superintendência Nacional de Estratégia de Canais - atua na realização de estudos de viabilidade mercadológica e na modelagem de novos negócios por meio de canais de distribuição que permitam a melhor relação custo/benefício. Planos Diretores de Recursos Humanos e de Tecnologia Planos Operacionais das áreas de negócio, principalmente do segmento negocial (que atende à rede de agências bancárias). Existe aplicativo desenvolvido no âmbito da área de Fundo de Garantia, com acesso via Intranet, para monitoramento dos projetos de lei relacionados ao FGTS, com relatórios informativos de novos projetos e tramitação nas Comissões.(GARBIN, 2002). É importante ressaltar a importância da participação pró-ativa de representantes da organização em eventos de oportunidade. A área de IC deve realizar a gestão estratégica desses eventos, em conjunto com a SUMAI – Superintendência de Marketing Institucional e a DIREH - Diretoria de Recursos Humanos, monitorando e planejando o grau de participação da empresa em eventos em todo o país, com assuntos afetos à CAIXA, nas diversas formas: como ouvinte, como palestrante/expositor e como patrocinador (cabendo aqui avaliação quanto à pertinência de patrocínio). Essa ação destina-se a fortalecer a imagem da empresa e o compartilhamento externo de conhecimentos. Nos eventos patrocinados pela CAIXA, internos ou externos, deve ser sistematizada a participação de membros de órgãos do governo, em todas as suas instâncias, e 40 conselhos externos, enquanto parte de ações de IC a serem realizadas para fortalecer o relacionamento institucional. (GARBIN, 2002). 5.2.3 – Classificação e Tratamento das Informações Para esta atividade utilizaremos a Matriz de classificação de fontes de informação, Tabela 3, onde serão inseridas todas as fontes de informação identificadas como necessárias para responder às questões relevantes, relativas a uma determinada vigilância. Tabela 3 - Matriz de classificação das fontes de informação Vigilância:.................................. Título Estrutura Conteúdo Confiabilidade Fonte: Adaptado de GOMES e BRAGA, 2001. As fontes de informação utilizadas são classificadas sob os seguintes aspectos: Estrutura Fontes formais – são aquelas que possuem informação estruturada (livros, revistas, etc.) Fontes informais – são aquelas que possuem informações não estruturadas e geralmente externas às organizações (conversas, conferências, etc.) Conteúdo • Fontes primárias - são aquelas que disponibilizam fatos inalterados, diretamente das fontes (cliente, fornecedores, consultores, etc.) • Fontes secundárias – são aquelas que disponibilizam fatos já alterados que foram gerados a partir de idéias que são obtidas das fontes primárias. 41 Nível de confiabilidade • Alto risco (1) - fontes que não são confiáveis, mas devem ser monitoradas • Confiança subjetiva (2) – são aquelas que podem disponibilizar informações confiáveis em alguns momentos e em outros não, mas também devem ser monitoradas • Altamente confiáveis (3) – são aquelas que disponibilizam informações confiáveis e devem ser monitoradas o tempo todo A Matriz de classificação das fontes de informação será preenchida para cada uma das vigilâncias definidas. Uma vez coletadas as informações, torna-se necessário dar-lhes um tratamento que facilite a análise da informação (próxima etapa). Para isso é importante organizar, classificar, indexar e resumir cada informação coletada. Para essa tarefa utilizaremos a Matriz de tratamento e avaliação das informações, Tabela 4, com palavras-chave que descrevam seu conteúdo, um resumo para cada item de informação coletada, de modo a facilitar sua recuperação e a classificação segundo sua credibilidade e relevância. Tabela 4 - Matriz de tratamento e avaliação das informações Vigilância:................................... Título Informação Relevância Confiabilidade Resumo Descritores Fonte: Adaptado e GOMES e BRAGA, 2001. Descritores – palavra-chave que descreve o conteúdo do item de informação. 42 Nessa matriz, as informações também serão classificadas sob o aspecto relevância, com os seguintes graus: (1) Essencial (2) Muito relevante (3) Relativa relevância (4) Irrelevante A tarefa de classificação e tratamento das informações pode ser auxiliada pelo uso de tecnologias de informação, através de software especializado de recuperação de informação. 43 5.3 Análise das Informações É nessa etapa que ocorre a geração de produtos de inteligência que otimizam a tomada de decisão no âmbito estratégico, pois é pela análise que se faz a agregação de valor às informações prospectadas, selecionadas e classificadas. Assim, a equipe permanente de IC deve contar com uma rede de experts nas diversas áreas da empresa, que poderão apoiar a análise e dar indicações complementares ao contexto da informação. Para cada tema serão selecionados profissionais que, em seus respectivos campos de atuação, poderão contribuir para a análise e contextualização das informações relevantes. Por exemplo, no acompanhamento do Plano Diretor do Mercado de Capitais, em tramitação no Congresso na forma de Projeto de Lei 247/02, que prevê a compra facultativa de ações com a parcela de 1% (número a ser confirmado) dos 8% dos salários recolhidos pelas empresas às contas de FGTS de seus empregados. O impacto de tal medida na estrutura financeira da CAIXA e a conseqüente redução do volume de empréstimos concedidos à área social demanda ações estratégicas em parceria com empresários da construção civil, diretamente afetados caso haja redução de empréstimos à área habitacional. A defesa do projeto é feita principalmente pela APIMEC - Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais, cujas ações devem ser continuamente monitoradas e cujos argumentos devem ser analisados e rebatidos estrategicamente pela CAIXA. A proposta de retirada do monopólio da CAIXA na cessão de empréstimos sob penhor, também apresentada sob forma de projeto de lei complementar no Congresso, tem impacto significativo na empresa e no mercado financeiro, uma vez que institui as “casas de penhor”, que podem ser criadas por qualquer pessoa jurídica, dentro dos critérios e autorização do Banco Central. Esta é uma vigilância político/legal que deve ser monitorada continuamente. 44 A redução dos juros traz à CAIXA o desafio de manter sua rentabilidade, necessitando para isso se antecipar e fortalecer as operações comerciais, tornandose mais competitiva nessa área de atuação, principalmente com a informação pública de que o Banco do Brasil prepara uma ofensiva no número de correspondentes bancários. Os fatos citados são exemplos de monitoramentos constantes que demandam análise de impacto nos negócios da empresa. A escolha do método de apoio à análise das informações depende do foco que se quer dar ao assunto pesquisado e da garantia que se deseja dar à qualidade dos resultados apresentados aos executivos. As metodologias a serem utilizadas são: Modelo das Cinco Forças de Porter Utilizado para identificar a gravidade e o impacto das forças – Fornecedor, Comprador, Novos Entrantes, Substitutos e Rivalidade de Mercado. Analisa-se também o poder do Governo sobre o negócio, como parte das forças do ambiente externo. Essa análise permite elaborar estratégias para: • o Neutralizar o poder dos fornecedores o Neutralizar o poder dos compradores o Reduzir as ameaças dos novos entrantes o Reduzir as ameaças dos produtos substitutos o Reduzir as forças da rivalidade do mercado o Neutralizar o poder do Governo sobre o negócio Perfil do Concorrente Fornece um quadro das forças e fraquezas dos potenciais e atuais concorrentes. Tem quatro grandes objetivos: identificar os planos estratégicos futuros dos concorrentes; predizer quais serão as reações dos concorrentes frente às iniciativas competitivas; determinar como melhor agrupar as estratégias atuais dos competidores e entender as fraquezas dos concorrentes. 45 • Análise Comparativa Utilizada para examinar as vantagens específicas de um concorrente, em um determinado segmento de mercado. Geralmente é aplicada a uma estrutura de sistema de negócios que possua etapas: tecnologia, design de produto, etc. Analisa-se como é o desempenho do concorrente em cada uma das etapas, comparando-as com as etapas da própria empresa, avaliando de que outra forma o trabalho pode ser feito. • Benchmarking Processo em que se avalia quão bem as funções de uma empresa estão sendo desempenhadas em comparação a alguma outra empresa ou a um conjunto de empresas, buscando as melhores práticas no setor. Pode ser utilizado em quatro modalidades: Benchmarking Interno – compara processos similares dentro da própria organização. É facilitado pela disponibilidade de dados e baixa barreira de sigilo. Benchmarking Competitivo – compara produtos, processos ou departamentos com os principais concorrentes. Benchmarking Funcional – compara processos semelhantes de não concorrentes ou de setor diferente. Benchmarking Classe Mundial – compara processos ou departamentos com os “best in class”. 46 produtos, • SWOT ( Strenght (forças), Weakness (fraquezas), Opportunities (Oportunidades), Threats (Ameaças)) o Análise das capacidades internas da empresa, feita em relação aos seus concorrentes o • Strenght ( atributos de maior força do concorrente) Weakness (atributos mais fracos do concorrente) Análise do ambiente externo Opportunities ( mudanças favoráveis no meio ambiente) Threats ( mudanças desfavoráveis no meio ambiente) Cenários Previsões (situação provável, positiva e negativa) de tendências para as variáveis do ambiente externo que exercem forte impacto sobre o desempenho da organização, identificadas durante a análise estratégica. É importante ressaltar que “por mais automatizado que seja o processo, apenas o raciocínio humano é capaz de avaliar a real relevância e credibilidades das informações e agregar valor a sua formatação final”.(GOMES e BRAGA, 2001). 47 5.4 - Disseminação Esta etapa envolve a entrega da inteligência (informação analisada), em formato adequado às necessidades dos usuários do sistema de inteligência competitiva. Nesta fase deverá ser considerado: Definição de mecanismos de distribuição dos produtos de inteligência competitiva Definição da linguagem, forma e facilidade de acesso aos produtos. Definição da freqüência de envio dos produtos aos clientes internos Credibilidade da análise Relacionamos abaixo alguns produtos possíveis para disseminação das informações analisadas, que podem ser apresentadas em formato de boletins, com identidade visual definida e marcante: Relatório de ações da concorrência, que mostra as últimas ações da concorrência no mercado; Relatório de inteligência de mercado, que informa à empresa dados gerais do mercado, novas empresas, mudanças tecnológicas, etc. Relatório com notícias pontuais, para publicação de notícias de última hora que afetem os negócios da empresa ou que podem representar oportunidades que exigem ações imediatas. Qualquer que seja o formato de disseminação, impresso ou eletrônico, é fundamental que as informações sejam bem organizadas e focadas nas questões relevantes e estratégicas, identificadas nas entrevistas iniciais; que os produtos tenham facilidade de leitura e as informações sejam relevantes e recentes. 48 5.5 - Avaliação Duas avaliações são fundamentais para o aprimoramento do sistema de inteligência competitiva e sua sobrevivência: avaliação do desempenho de cada uma das etapas e a avaliação com os usuários do sistema quanto aos resultados práticos obtidos com o uso dos produtos gerados pelo sistema. A importância da avaliação está relacionada ao fato da consolidação do processo estar relacionada à utilização dos resultados da inteligência para a tomada de decisão. Por isso, é essencial a verificação freqüente da adequação das análises disseminadas com as reais necessidades de informação da empresa. Essa verificação pode ser realizada por meio de pesquisas pontuais sobre a satisfação dos usuários com os resultados recebidos e pelas avaliações econômicas dos resultados obtidos com as decisões tomadas com base na inteligência adquirida. 49 6 – Localização da Unidade de Inteligência Competitiva A alocação da área de IC é fator determinante para o sucesso do projeto, em função da visibilidade que devem ter os resultados e produtos elaborados, caso contrário torna-se uma área restrita à geração de relatórios, sem impacto nas decisões estratégicas da empresa. Sua localização deve permitir que tenha fortes ligações com as outras áreas que atuam como fontes de coleta de informações, de modo a viabilizar o acesso às informações internas sem burocracia. A funcionalidade da Unidade de IC é reconhecidamente de assessoramento, uma vez que a inteligência gerada é destinada a apoiar as decisões estratégicas dos executivos. Por sua relevância, a Unidade de IC deverá ser independente e responder diretamente aos tomadores de decisão, ou seja, à Diretoria Colegiada. Cabe ressaltar que a CAIXA tem cultura de planejamento estratégico, estabelecida pela GEPAE – Gerência Nacional de Planejamento Empresarial, que possui como uma de suas atividades analisar o ambiente macroeconômico, de mercado, da concorrência, de projetos e o cenário político, identificando interesses estratégicos da organização. Além da infra-estrutura física, a Unidade de IC contará também, em médio prazo, com uma estrutura virtual, com website na Intranet e comunidades virtuais de práticas com especialistas dos segmentos de negócios. 50 7 - Recursos Humanos Segundo GOMES e BRAGA (2001), o grupo de profissionais ideal para um Sistema de Inteligência Competitiva envolve: pesquisadores que buscam as informações em fontes secundárias, como bases de dados on-line e fontes impressas; pesquisadores que fazem o contato pessoas com os indivíduos, freqüentemente através de entrevistas e pesquisas; e o analista que sintetiza e estuda a informação para gerar recomendações confiáveis para o tomador de decisão. Considerando que a fase de coleta, classificação e tratamento de dados exige 37% dos esforços da Unidade, sugere-se que, inicialmente, a Unidade de IC opere com um gerente, dois pesquisadores (que podem ser estagiários) e dois analistas de informação. Poderá contar ainda com consultores terceirizados, principalmente no que se refere às questões de implantação e periódicas/legislativas. A equipe deverá ser coordenada por um Gerente de IC, com especialização em Inteligência Competitiva, experiência em análise, liderança e acesso aos principais executivos da empresa. Cabe ao gerente de IC: Manter a qualidade das informações geradas pelo sistema Entender continuamente a necessidade dos usuários do sistema em relação à IC Criar procedimentos de coleta de informações e análise de dados Sensibilizar continuamente a organização sobre a importância da IC O Analista de Informações é responsável pela análise das informações coletadas; pela geração dos produtos finais e pela construção da rede interna e externa de contatos. As características desejáveis para esse profissional são: 51 Comportamento ético Criatividade e determinação Aptidões para entrevistar e redigir Compreensão das metodologias científicas de análise Vasto conhecimento geral e curiosidade O Pesquisador tem a atribuição de coletar as informações por meio de fontes primárias e secundárias e deve ter como características desejáveis a aptidão para entrevistar, o conhecimento da área de atuação e as habilidades nos métodos de busca de informação. Cabe ressaltar que na etapa de análise, outros especialistas podem ser agregados ao trabalho, a distância ou presencialmente, em caráter temporário. 52 8 - CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE DE IC Ação Prazo Resultados 1. Definição de localização, equipe e implementação da infra-estrutura de trabalho Semana 1 Infra-estrutura da área definida 2. Workshop sobre Inteligência Competitiva para o segmento estratégico da empresa Semana 2 Relatório 1 3. Auditoria Informacional (realização de entrevistas e verificação de infra-estrutura informacional existente na empresa) Semana 3 Relatório 2 4. Identificação das Necessidades de Informação (validação das questões estratégicas relevantes e perfil do produto de IC a ser gerado) Semana 4 Relatório 3 5. Coleta de informações (descrição das Semanas 5 e 6 fontes de informação para coleta contínua e métodos de obtenção) 6. Tratamento e análise das informações (definição do processo de automatização de armazenamento das informações, metodologias de análise e formatação do produto de IC) 7. Identificação das ferramentas tecnológicas necessárias (em conjunto com a Diretoria de Tecnologia da empresa) para armazenamento, tratamento e disseminação dos produtos de IC Relatório 4 Semanas 7 e 8 Relatório 5 Semanas 7 e 8 Relatório 6 8. Disseminação das informações (entrega do produto de IC ao público-alvo identificado) Semana 9 Relatório 7 9. Workshop final (apresentação dos resultados finais da implantação da Unidade de IC e avaliação do produto entregue) Semana 10 Relatório 8 Ao final destas etapas a CAIXA disporá de um sistema de Inteligência Competitiva que fará o monitoramento contínuo das vigilâncias e questões estratégicas relevantes definidas pela Diretoria Colegiada. Observações 53 9 – Considerações Finais Segundo PORTER (apud CARDOSO, 2003) a competitividade deve ser vista como um fenômeno que reflete o grau de capacitação alcançado pelas organizações e que se traduz nas técnicas por elas praticadas. Assim o desempenho obtido no mercado seria uma conseqüência inexorável dessa capacitação. Considera-se também, que é o domínio das técnicas mais produtivas que, em última instância, habilita uma empresa a competir com sucesso. O ambiente competitivo compreende todas as organizações que comercializam produtos e serviços alternativos ao seu objetivo de mercado. Qualquer alternativa concorrente ao alcance do cliente deve representar risco de competição para a empresa. A sobrevivência no ambiente empresarial, cada vez mais condicionada à capacidade da organização de implementar e manter novos negócios; e a necessidade de velocidade para identificar e responder com eficácia às alterações do mercado reforçam a importância da Inteligência Competitiva no processo de gestão das organizações atuais. Ao analisar as informações, sob o enfoque estratégico, os analistas deslocam “o centro de equilíbrio do conhecimento para o futuro, através da construção de cenários prospectivos, objetivando a antecipação da organização às possíveis ameaças e/ou oportunidades surgidas no ambiente”.(CARDOSO, 2003). Evidencia-se assim a relação direta entre planejamento estratégico, cenários prospectivos e Inteligência Competitiva, sendo um o insumo do outro, como afirma MARCIAL (2002): A Inteligência Competitiva não diz respeito à descrição dos fatos acontecidos, preocupa-se com o que vai acontecer e quais serão os movimentos futuros. Considerando-se que o futuro é múltiplo e incerto, não há como abordar apenas uma possibilidade. A questão é: e se ocorrer uma outra? 54 Caso a organização possua um sistema de Inteligência Competitiva fica significativamente facilitada a obtenção de informações para a elaboração de cenários. O sistema de Inteligência Competitiva também ajuda a identificar sinais fracos que, tratados através das ferramentas de Cenários Prospectivos, poderão permitir que a organização saia na frente das demais. É possível permitir às empresas ação antecipada, já que, a partir do monitoramento do ambiente, são extraídas sinalizações para os tomadores de decisão sobre qual dos cenários possíveis está se configurando, atingindo-se, assim, um dos principais objetivos de um bom sistema de Inteligência Competitiva. As vantagens decorrentes do emprego das práticas de Inteligência Competitiva nas organizações, ao longo do tempo, ultrapassam de longe os custos de implantação e manutenção. Com este trabalho, procurou-se estabelecer as bases para a implantação de uma Unidade de Inteligência Competitiva na Caixa Econômica Federal, considerando-se sua viabilidade total, atestada por diversas ações realizadas e/ou em andamento na empresa. Cabe ressaltar que, de maneira segregada e dispersa, a CAIXA já pratica algumas formas de coleta e disseminação de informação especializada para alguns segmentos. A proposta deste trabalho é agregar valor a essas informações, focando nas estratégias da empresa, ampliando as vigilâncias para o monitoramento e sistematizando o processo de suporte à decisão estratégica da Diretoria Colegiada. 55 Assim, entendemos que a implantação de uma Unidade de Inteligência Competitiva na Caixa Econômica Federal vem ao encontro das diretrizes atuais da empresa e lhe proporcionará os ganhos de antecipar oportunidades detectadas no mercado; antever mudanças políticas, jurídicas e de fiscalização, que possam afetar os segmentos de negócio em que a CAIXA atua; e, principalmente, reduzir o tempo de resposta aos desafios empresariais. Acreditamos que a criação de uma Unidade de Inteligência Competitiva na empresa favorecerá sobremaneira o processo de tomada de decisões no nível estratégico, provendo a Diretoria Colegiada de informações oportunas sobre os temas de seu interesse. Atuando dessa forma, a CAIXA encontrará mais facilidade para agregar e disseminar conhecimento, com uma administração estratégica voltada para a prospecção, implantação e gestão de novos negócios. Tal iniciativa será a base para a geração de uma cultura de compartilhamento de conhecimentos e fará a inteligência competitiva parte do cotidiano de cada gestor da empresa, o que possibilitará traduzir as estratégias em ações nacionais, regionais e locais, todas com o mesmo objetivo: elevar o nível de competitividade da CAIXA e torná-la sustentável. 56 10 - Bibliografia ANGELONI, M. T. et al. Organizações do conhecimento – infra-estrutura, pessoas e tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2002. ARAUJO, A.C.M. “A Informação como fator diferenciador para o sucesso estratégico das organizações”. Disponível em: www.revista.unicamp.br/infotec/artigos. CARDOSO JUNIOR, W.F. 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