Análise Matemática I - Ano Lectivo 2006/2007 4- Cálculo Integral em ℜ 4.1 Definição e interpretação geométrica de integral definido. Somas de Darboux. Def.4.1- Seja f(x) uma função contínua no intervalo [a, b]. M e m o máximo e o mínimo valor da função, respectivamente. Se designarmos por K o conjunto dos pontos: ( x, y ) ∈ ℜ2 : a ≤ x ≤ b e 0 ≤ y ≤ f ( x) , e α ( K ) a área do conjunto K, temos que m(b − a ) ≤ α (k ) ≤ M (b − a ) . { } m(b-a) e M(b-a) são valores aproximados de α (K ) o 1º por defeito e o 2º por excesso, mas não se poderá dizer que esses erros são geralmente pequenos. Procedamos da seguinte forma : considera-se os seguintes n+1 pontos, a = x0 , x1, x2 ,..., xn −1, xn = b a = x0 < x1 < x2 < ... < xn −1 < xn = b ∆x1 = x1 − x0 , ∆x2 = x2 − x0 ,..., ∆xn = xn − xn −1 7ª aula teórica Pág. 36 Análise Matemática I - Ano Lectivo 2006/2007 Como a função f(x) restringida a cada intervalo (I=1,…n), é contínua, tem máximo M i e mínimo mi . [xi −1, xi ] Designamos por sn = m1∆x1 + m2 ∆x2 + ...mn ∆xn e sn = M1∆x1 + M 2 ∆x2 +...+ M n ∆xn sn - designa-se soma inferior e sn soma superior. Como mi ≤ M i , naturalmente sn ≤ sn Consideremos xi −1<ξi < xi , mi ≤ f (ξi ) ≤ M i n mi ∆xi ≤ i =1 ξi é arbitrário mi ∆xi ≤ f (ξi ) ∆xi ≤ M i ∆xi n i =1 f (ξi ) ∆xi ≤ n i =1 M i ∆xi ⇔ sn ≤ sn ≤ sn soma integral para a função f(x) Quando máx. ∆xi → 0 ( n → +∞ ) se as somas integrais tiverem o mesmo limite I, diz-se que f(x) é integrável no intervalo [a, b] e o limite I chama-se integral definido da função f(x) no intervalo [a, b] . lim n b f(ξi )∆xi = f ( x)dx max ∆xi → 0 i =1 a 7ª aula teórica Pág. 37 Análise Matemática I - Ano Lectivo 2006/2007 a - Limite inferior do integral b - Limite superior do integral X - variável de integração Teorema 4.2 Se f(x): [a, b] → ℜ integrável no intervalo [a, b]. é continua então f(x) é Teorema4.3 Se f: [a, b] → ℜ é integrável e f(x) ≥ 0, ∀x ∈ [a, b] então: b f ( x )dx ≥ 0 a 4.2 Propriedades do Integral Definido Teorema 4.4 Seja f: [a , b] → ℜ uma função integrável e K uma b b a a constante então: kf ( x )dx = k f ( x )dx Teorema 4.5 b Sejam f e g: I → ℜ (I= [a , b] ) integráveis, então: b b a a a Teorema 4.6 Sejam f e g: I → ℜ integráveis, e f(x) ≤ g(x) ∀ x∈I , f ( x ) + g ( x )dx = f ( x )dx + g ( x )dx então: b b f ( x )dx ≤ g ( x )dx a a Prop. 4.7 Seja f: I → ℜ uma função integrável, e m, M o valor mínimo e o valor máximo da função em I, então: b m(b − a ) ≤ f ( x )dx ≤ M (b − a ) a Teorema 4.8 b a c Seja f: I → ℜ uma função integrável, e c ∈I , então b f ( x )dx = f ( x )dx + f ( x )dx a c 7ª aula teórica Pág. 38 Análise Matemática I - Ano Lectivo 2006/2007 Teorema 4.9- Regra de Newton-Leibnitz ou de Barrow Seja f: [a , b] → ℜ uma função contínua, então: b f ( x )dx = F (b) − F (a ) a onde F(a) e F(b) designam os valores de uma primitiva de f(x), calculados nos pontos a e b, respectivamente. b Notação: f ( x )dx = [ F ( x )]ba = F (b) − F (a ) a 1 Calcule: x 2 + 3 dx −2 4.3. Métodos de Cálculo 4.3.1. Mudança de variável. Teorema 4. 10 Seja f: [a , b] → ℜ uma função contínua e x= ϕ (t ), tal que ϕ (t ) e ϕ ′ (t ) são contínuas no intervalo [α , β ] com ϕ (α ) = a e ϕ ( β ) = b . Se f [ϕ (t )] está definida e é contínua no intervalo [α , β ] então: b β f ( x )dx = α a f [ϕ (t )]ϕ ′(t )dt 4.3.2. Integração por partes. b b b u ′vdx = uv a − uv ′dx a a [ ] ou b b b fgdx = Fg a − Fg ′dx a a [ ] 7ª aula teórica Pág. 39 Análise Matemática I - Ano Lectivo 2006/2007 5. Alargamento do conceito de integral 5.1. Integrais com limites infinitos Def. 5.1 Seja uma função contínua definida num intervalo +∞ [a,+∞[, então: t →+∞ a Se o limite integral f ( x )dx = lim t lim t →+∞ +∞ t f ( x )dx f ( x )dx a existe e é finito diz-se que o a f ( x )dx existe ou converge. a Se o limite não existe ou é infinito diz-se que o integral não existe ou diverge. Analogamente: a f ( x )dx = lim t →−∞ −∞ +∞ f ( x )dx = −∞ Exercício: c f ( x )dx + −∞ +∞ e +∞ 2 0 1+ x f ( x )dx t f ( x )dx = lim t →−∞ c 1 a c s f ( x )dx + lim s →+∞ t f ( x )dx c dx 5.2. Integral de uma função descontínua Seja f(x) uma função definida num intervalo descontínua em b, então b a f ( x )dx = lim − t t →b a [a ,b[ e f(x) f ( x )dx . O integral diz-se convergente se o limite existir e for finito e divergente no caso contrário. 7ª aula teórica Pág. 40 Análise Matemática I - Ano Lectivo 2006/2007 Seja b f(x) uma c função descontinua b t c t →c− a f ( x )dx = f ( x )dx + f ( x )dx = lim a a em f ( x )dx + lim c ∈ [ a , b] , então: b t →c+ t f ( x )dx Note: os integrais em 5.1 e 5.2 dizem-se integrais impróprios. Exemplos: a) 1 0 1 dx 1− x 1 b) 1 2 −1 x dx 6.1 Conjuntos em ℜ 2 6.1.1 Sistema de coordenadas rectangulares e polares. Sistema de coordenadas rectangulares Habitualmente, considera-se duas rectas perpendiculares e a mesma unidade de comprimento em ambas, para representar o conjunto ℜ 2 , e três rectas, perpendiculares duas a duas para representar o conjunto ℜ3 . ℜ2 Y P(x,y) y x 0 X ℜ3 Z z P(x,y,z) y Y x X 7ª aula teórica Pág. 41 Análise Matemática I - Ano Lectivo 2006/2007 Sistema de coordenadas polares Um sistema utilizado por vezes, para representar o conjunto ℜ 2 , é o designado por sistema de coordenadas polares, e consiste em definir cada ponto P ∈ ℜ 2 por dois valores; ρ distância à origem e θ o ângulo formado pelas semi-rectas OX, OP. Assim P fica definido pelo par ( ρ , θ ), em que ρ ≥ o e θ ∈[o,2π [ ℜ2 y P ρ θ 0 x Existe naturalmente uma correspondência entre os dois sistemas de coordenadas: x = ρ cos(θ ) y = ρsen(θ ) ρ = x2 + y2 e θ = arctg y x 7. Aplicações geométricas 7.1 Cálculo de áreas em coordenadas rectangulares 1º caso Se f(x) ≥ o, ∀x ∈[a , b] e f(x) integrável em [a , b] , então: coincide K= com a {(x, y) ∈ℜ :a ≤ x ≤ b ∧ 0 ≤ y ≤ f ( x)} área do b f ( x ) dx a conjunto 2 f(x) K a Exemplo: Calcule a área b y = 3x 2 , x = −2 , x = 1 e o eixo OX 7ª aula teórica Pág. 42 Análise Matemática I - Ano Lectivo 2006/2007 2º caso Se f(x) muda de sinal um número finito de vezes, a área, delimitada pelo gráfico de f(x) e pelo eixo OX determina-se b por f (x)dx =[ F(x)]ba = F(b) − F(a) ou, determinando as raízes a A= A 0 + A 1 + A 2 +...+ A n + A n + 1 Exemplo: Determine a área delimitada por: y=sen(x), eixo OX , x=0 e x=2 π 3º caso Seja f(x), g(x) definidas em [a , b] e f(x) ≥ g(x), ∀x ∈[a , b] a área delimitada pelas curvas f(x) e g(x) e pelas rectas x=a e x=b é dada b b b a a a por: ( f ( x) − g( x))dx = f ( x)dx − g( x)dx f(x) A g(x) Exemplo: Determine a área limitada por: y = x2 e y = x 7.2 A= Cálculo de áreas em coordenadas polares θ2 1 ρ 2 dθ 2θ 1 Exercício: calcule a área de uma circunferência de raio r. 7ª aula teórica Pág. 43 Análise Matemática I - Ano Lectivo 2006/2007 7.3 Cálculo do comprimento de um arco em coordenadas rectangulares. Seja f(x) uma função definida em [a , b] , o comprimento do arco f(a), f(b) sobre o gráfico de f(x) é dado por: S = b 1 + ( f ′( x)) dx 2 a f(x) a 7.4 b Cálculo do Volume de um sólido de revolução Seja f(x) definida no intervalo [a , b] , o volume gerado pela rotação da área limitada pela curva y=f(x) em torno do eixo OX é dado por: b 2 b V = πf ( x)dx = π f 2 ( x)dx a a Exemplo: Determine o volume de revolução gerado pela rotação de 2 π da região A= ( x, y) ∈ℜ 2 :0 ≤ y ≤ e x − 1 ∧ 0 ≤ x ≤ 1 , em torno do { } eixo do X. 7ª aula teórica Pág. 44