UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MADE – Mestrado em Administração de Desenvolvimento Empresarial ELISÂNGELA MARIA DIAS INTENÇÕES DE LEALDADE COM VESTUÁRIO: AVALIAÇÃO DE UM MODELO PARA A DECISÃO DE COMPRA DA MARCA FORUM Rio de Janeiro 2009 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MADE – Mestrado em Administração de Desenvolvimento Empresarial ELISÂNGELA MARIA DIAS INTENÇÕES DE LEALDADE COM VESTUÁRIO: AVALIAÇÃO DE UM MODELO PARA A DECISÃO DE COMPRA DA MARCA FORUM Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial da Universidade Estácio de Sá, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador Prof. Dr. José Roberto Ribas Rio de Janeiro 2009 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL A dissertação INTENÇÕES DE LEALDADE COM VESTUÁRIO: AVALIAÇÃO DE UM MODELO PARA A DECISÃO DE COMPRA DA MARCA FORUM elaborada por ELISÂNGELA MARIA DIAS e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora foi aceita pelo Curso de Mestrado Profissional em Administração e Desenvolvimento Empresarial como requisito parcial à obtenção do título de MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL Rio de Janeiro, 25 de junho de 2009. BANCA EXAMINADORA ___________________________________ Prof. Dr. José Roberto Ribas Presidente Universidade Estácio de Sá ____________________________________ Prof. Dr. Paulo Roberto da Costa Vieira Co-Orientador Universidade Estácio de Sá _______________________________________ Profa. Dra. Fátima Cristina Trindade Bacellar Ibmec Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) D541 Dias, Elisângela Maria Intenções de lealdade com vestuário: avaliação de um modelo para decisão de compra da marca Fórum. / Maria Elisângela Dias. - Rio de Janeiro, 2009. 109 f. Dissertação (Mestrado em Administração de Desenvolvimento Empresarial)Universidade Estácio de Sá, 2009. 1. Administração Estratégica. 2. Tomada de decisão. I. Título. Este trabalho é dedicado ao Senhor meu Deus, ao Cleverson Boechat, a meus pais e meus irmãos. Sem seu apoio, carinho, paciência e compreensão nada é possível. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me proporcionado um caminho tão sinuoso e tão perfeito ao mesmo tempo na minha vida, com pessoas maravilhosas e grandes realizações. Ao Cleverson Boechat, meu esposo, companheiro e amigo. Sua cumplicidade, paciência, compreensão e amor foram e sempre serão essenciais. E a toda família Boechat, por me acolherem com tanto amor e carinho. Aos meus pais e meus irmãos, que forneceram suporte para as mudanças na profissão, acreditaram no caminho escolhido e manifestaram muito carinho a cada vitória. Ao meu orientador Prof. Dr. José Roberto Ribas e mentor, que desde o início da minha caminhada na vida acadêmica, aceitou minha proposta de pesquisa e, desde então tem me apoiado, pela paciência, que sempre esteve presente para ajudar nas horas de aflição. E ao meu Co-Orientador Paulo Roberto Vieira pelo apoio, atenção e recomendações para a montagem desse trabalho de pesquisa. Aos membros de qualificação da banca, pela atenção, seriedade e profissionalismo durante este percurso. Ao professor Antonio Carlos Magalhães pelo apoio, atenção e pelas valiosas contribuições. Aos professores do MADE, pelo apoio e principalmente pelos ensinamentos que a cada dia serviam como estímulo para o desenvolvimento desta pesquisa. A todos os funcionários do MADE, que direta ou indiretamente, contribuíram para realização desta dissertação. RESUMO O efeito exercido pela marca sobre a sociedade de consumo é estudado pelo marketing, mais especificamente pela área de comportamento do consumidor. Várias são as evidências de que os consumidores escolhem marcas que tenham valores congruentes com os seus. Baseado nesta perspectiva, este presente trabalho de pesquisa apresenta um modelo teórico para descobrir se as intenções de lealdade à marca de vestuário podem ser explicadas a partir do valor percebido, tendo por mediadores o valor da marca e o comprometimento afetivo. Há um grande número de trabalhos publicados sobre os temas: lealdade, valor percebido, comprometimento afetivo, valor da marca e reputação, porém, estudos que abordam tais temas dentro de um único fenômeno não são muitos. A amostra da pesquisa foi compreendida por 200 entrevistados que são clientes consumidores da marca Forum das cidades do Rio de Janeiro. A pesquisa caracteriza-se como conclusiva descritiva com abordagem quantitativa. O resultado deste trabalho responde em parte o problema da pesquisa, ou seja, com base no resultado do modelo estrutural, verificou-se que o “valor da marca” (brand equity) não apresentou contribuição relevante para o modelo proposto. Por outro lado os construtos “valor percebido” e “comprometimento afetivo” apresentaram impacto positivo significativo nas manifestações de intenções de lealdade, demonstrando que o consumidor se compromete com a marca e percebe o valor que esta transmite, afetando assim sua decisão no processo de escolha. Ademais, verificou-se que reputação pode se tornar uma ferramenta útil para a construção e manutenção de relacionamentos nas lojas de artigos de vestuário. Palavras chave: Tomada de decisão na compra; Lealdade à marca; Valor percebido; Comprometimento afetivo; Brand equity; Reputação de marca. ABSTRACT The effect made by the brand on the consumption society is studied by marketing, more specifically by an area of marketing that focuses on the consumers’ behavior. There are several evidences that consumers choose brands that have values congruent with their own. Based on this perspective, this research project presents a theoretical model to find out if the loyalty intentions towards a clothing brand can be explained by the perceived value, taking as reference for that the brands values and affective commitment. There are several projects published on themes: loyalty, perceived value, affective commitment, the brand value and reputation. However, studies that address such issues within a single phenomenon are few. The research sample was comprised by 200 interviewed customers who are consumers of the brand Forum in the cities state of Rio de Janeiro. This research is classified as descriptive conclusive with a quantitative approach. The result of this study responds partially to the research’s problem. In other words, based on the results of the structural model, it could be verified that the brand equity did not show itself relevant to the proposed model. In the other hand, the constructs “perceived value” and “affective commitment” showed significant positive impact on consumers’ manifestations of loyalty intent, demonstrating that the consumer commits himself to the brand and realizes the value that it transmits, thereby affecting their decision process. Moreover, it could be verified that the reputation may become a useful tool for building and maintaining relationships with the clients in shops of clothing articles. Keywords: Buying decision making; Brand loyalty; Perceived Value; Affective Commitment; Brand Equity; Brand reputation. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Um fluxograma genérico do processo de decisão do consumidor 22 FIGURA 2 Motivos latentes e manifestos em uma situação de compra 25 FIGURA 3 Continuum de construtos para atingir a lealdade do consumidor 30 FIGURA 4 Os quatros graus de lealdade 39 FIGURA 5 Dimensões do conhecimento da marca 48 FIGURA 6 Brand Equity 51 FIGURA 7 Modelo Conceitual: A evolução da intenção de fidelidade 68 FIGURA 8 Diagrama de caminhos para o modelo proposto 86 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 Distribuição de respondentes por faixa etária 74 GRÁFICO 2 Gêneros dos respondentes 75 GRÁFICO 3 Freqüência de compra 77 GRÁFICO 4 Intenção de compra 79 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Teste KMO e de Bartlett 81 TABELA 2 Comunalidades 81 TABELA 3 Variância Total Explicada 82 TABELA 4 Matriz de Fatores Rotacionada 83 TABELA 5 Fatores obtidos Coeficiente Alpha de Cronbach 84 TABELA 6 Estatísticas para o Modelo Proposto 88 TABELA 7 Parâmetros do Modelo Estrutural 90 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Fases da Lealdade e Vulnerabilidades 28 QUADRO 2 Modelo de quatro estratégias de lealdade 32 QUADRO 3 Hipóteses iniciais do modelo 66 QUADRO 4 Situação das Hipóteses quanto à validação 91 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 12 1.1 APRESENTAÇÃO INICIAL 12 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA 16 1.3 OBJETIVO DA PESQUISA 16 1.3.1 Objetivo geral 16 1.3.2 Objetivos específicos 16 1.4 RELEVÂNCIA 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO 20 2.1 PROCESSO DE COMPRA 20 2.2 LEALDADE 27 2.3 VALOR PERCEBIDO 39 2.4 COMPROMETIMENTO AFETIVO 43 2.5 BRAND EQUITY 46 2.6 REPUTAÇÃO 56 3 METODOLOGIA 59 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA 59 3.2 POPULAÇÃO 60 3.3 AMOSTRA 60 3.4 COLETA DE DADOS 61 3.5 VARIÁVEIS 62 3.6 HIPÓTESES 63 3.7 O MODELO ADOTADO 66 3.8 DELIMITAÇÕES 69 3.9 TÉCNICA DE ANÁLISE 69 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 72 4.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS 72 4.2 ANÁLISE EXPLORATÓRIA DA AMOSTRA FINAL 79 4.3 MODELO DE REGRESSÃO ESTRUTURAL 84 4.4 VALIDAÇÃO DAS HIPÓTESES 89 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 92 5.1 IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS E GERENCIAIS 95 5.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS 96 5.3 LIMITAÇÕES 97 REFERÊNCIAS 99 ANEXO A – QUESTIONÁRIO 104 ANEXO B – MODELO ORIGINAL 109 12 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO INICIAL O consumismo exigiu mudanças no sistema da moda, transformando o estilista em empresário, impondo a ele uma postura empreendedora, o que consolidou a moda enquanto negócio no país. Estas mudanças foram definidas tanto pelo mercado quanto pela evolução das práticas empresariais, com a incorporação de nova tecnologia, conscientização da marca, fortalecimento no posicionamento das roupas desta marca, foco em mercado alvo de alta e média renda, além da demonstração de um comportamento ético e justo nos negócios, contribuem para formar a imagem consistente. A tendência de crescimento e fortalecimento da atividade varejista, aliada à complexidade de sua gestão, exige dos empreendedores que atuam no setor o desenvolvimento de novas competências, habilidades e qualidade na prestação de serviços para retenção de seus clientes, com o objetivo de mantê-los motivados a efetuarem compras futuras. O efeito exercido pela marca sobre a sociedade de consumo é estudado pelo marketing, mais especificamente pela área de comportamento do consumidor, já que a maioria dos indivíduos dessas sociedades passa mais tempo envolvida no consumo do que em qualquer outra atividade (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007). Supõe-se, na área de estudos de comportamento do consumidor, que os consumidores escolhem produtos que se encaixam à sua personalidade, utilizando para isso a imagem da marca. Admite-se também que os profissionais de 13 marketing prestam cada vez mais atenção à personalidade da marca devido a seu poder de influenciar compras. Uma marca é um bem intangível, cujo valor deve ser inteligente e cuidadosamente gerenciado, principalmente de maneira estratégica, pois é pelo intermédio desta que a empresa acumulará melhores resultados para os seus acionistas (AAKER, 1998). No âmbito da empresa, a marca representa o ativo que mais influencia a avaliação antecipada do produto que oferta ou do serviço que presta. A marca bem posicionada no mercado pode constituir o bem mais valioso da empresa, devendo ser adequadamente cuidada e gerenciada (KELLER, 1993). Quando determinada marca satisfaz o consumidor, ele a elege em seu dia a dia. Essa preferência conduz a lealdade do consumidor à marca, fazendo com que ele continue a adquirir o bem ou serviço. Enfatizando esse conceito amplo da marca, Kapferer (1994) destaca que a marca pode agregar seis diferentes níveis de significado. Ela reflete, predominantemente, atributos como qualidade, desempenho, prestígio e status, benefícios funcionais e emocionais, bem como denota os valores da empresa. Representa o ambiente cultural no qual se insere e pode projetar personalidade do consumidor. Segundo Ravald e Grönroos (1996), um cliente satisfeito, supostamente não só não a abandonará, mas lhe será fiel, durante um longo período de tempo. Lovelock (2001, p. 150) compartilha dessa mesma opinião, declarando que considera a lealdade como a [...] vontade de um cliente de continuar prestigiando uma empresa a longo prazo, comprando e utilizando seus bens e serviços em uma base repetida e exclusiva, e recomendando voluntariamente os produtos da empresa. 14 Nesse caso, a marca serve ao propósito de transmitir intrinsecamente todos os esforços de atender as necessidades especificas do cliente. A marca tem como foco estabelecer um conceito único na mente do consumidor distinguindo a empresa de seus concorrentes. Do ponto de vista do cliente, de acordo com Kapferer (2004, p. 10), uma marca é “um conjunto de associações mentais que contribui ao valor percebido de um produto ou serviço”. Essas associações devem ser únicas (exclusivas), fortes (salientes) e positivas (desejáveis). Para o autor, a notoriedade, a imagem, a confiança e a reputação construída no decorrer do tempo são as variáveis que garantem as receitas futuras. No processo de decisão de compra, o nível de envolvimento do cliente afeta seu comportamento de várias maneiras. Segundo as contribuições de Mowen e Minor (2003, p.46), quanto mais profundo for o envolvimento do cliente com a marca maior será sua identificação com ela, desta forma, ele reunirá maior quantidade de informações a respeito do produto ou serviço, vinculando sua identidade a eles. Analogamente, clientes que estão profundamente envolvidos com a marca, consomem uma maior quantidade do produto ou serviço, com maior regularidade, e são menos sensíveis às variações de preço. Eles se dispõem a despender mais tempo na busca por informações, assim como a gastar mais tempo em atividades a eles relacionadas. Uma marca conhecida continua influenciando na decisão de compra e também na percepção de qualidade. O estágio de fidelidade acontece ao passar pelos níveis de conscientização, credibilidade e preferência de marca e, por fim, ao de fidelidade à mesma. Neste último grau, o cliente além de comprar e recomprar a marca, ele também a recomenda (Kotler, 2000). 15 A preocupação do relacionamento com clientes e, conseqüentemente, com o valor percebido gerado por este, têm-se intensificado entre empresas. Hepp (2008) identificou de que maneira o impacto do envolvimento age sobre a satisfação de consumidoras de artigos de vestuário. Sua pesquisa mostrou que o envolvimento causou impacto nos construtos qualidade percebida, confiança e lealdade. O autor afirma [...] consumidores altamente envolvidos valorizam mais aspectos como a atualidade e qualidade dos produtos, ambiente físico, aparência dos atendentes, facilidade de acesso, localização da loja, variedade de opções e tamanhos do que dos consumidores menos envolvidos [p.14]. Por meio de um modelo de equações estruturais, ele concluiu que consumidores altamente envolvidos apresentam maior disposição para falar bem da loja para outras pessoas do que consumidores menos envolvidos. Para Sheth, Mittal e Newman (2001, p.343) “a forma mais extrema de envolvimento duradouro é o envolvimento profundo”. A importância do envolvimento profundo reside naquilo que ele representa: as principais motivações, emoções, áreas de interesse do cliente. Há uma relação direta entre o grau de interesse por aquilo a que se atribui maior importância e preocupação, seja por prazer em satisfazer os desejos ou até mesmo expor identidades. Dentro dessa perspectiva, os autores acharam, ainda, que o envolvimento influencia tanto os padrões de pré compra quanto as avaliações de pós compra. Os bens de alto envolvimento possuem uma vantagem frente aos bens de baixo envolvimento pela possibilidade de desenvolvimento de lealdade, que permite a criação de um nível maior de comprometimento entre o consumidor e a marca. Podendo estabelecer um maior grau de lealdade que favorece e protege a empresa. 16 O objetivo desta pesquisa é analisar os fatores que determinam a lealdade à marca no processo de decisão de compra por artigos de vestuário, ou, mais especificamente, jeans da marca Forum. 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA As intenções de lealdade à marca de vestuário podem ser explicadas a partir do valor percebido, tendo por mediadores o valor da marca e o comprometimento afetivo? 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA 1.3.1 Objetivo geral Verificar se as intenções de lealdade à marca de vestuário podem ser explicadas a partir do valor percebido, tendo por mediadores o valor da marca e o comprometimento afetivo. 1.3.2 Objetivos específicos • Testar se o modelo proposto por Johnson, Herrmann e Huber (2006) apresenta resultados satisfatórios para clientes que compram artigos de vestuário da marca Forum no estado do Rio de Janeiro. 17 • Avaliar se o valor percebido antecede o comprometimento afetivo na decisão de compra por artigos vestuário de marca. • Avaliar se o valor da marca antecede o comprometimento afetivo na decisão de compra por artigos de vestuário de marca. • Avaliar se o comprometimento afetivo antecede as intenções de lealdade na decisão de compra por artigos de vestuário de marca. • Avaliar se o valor percebido antecede as intenções de lealdade na decisão de compra por artigos de vestuário de marca. • Avaliar se o valor marca antecede as intenções de lealdade na decisão de compra por artigos de vestuário de marca. • Avaliar a representatividade da amostra de consumo de artigos de vestuário da marca Forum. 1.4 RELEVÂNCIA As contribuições teóricas do estudo têm a finalidade de facilitar o entendimento e a contextualização dessa pesquisa, sobre comportamento do consumidor no que diz respeito à lealdade e nos fatores que podem influenciá-la, como o valor percebido, o comprometimento afetivo, o valor da marca e a reputação, vêm recebendo constante atenção. Diante de um mercado aberto e dinâmico e ainda com um alto índice de competitividade, as estratégias de marketing tornam-se cada vez mais indispensáveis. Existe hoje uma preocupação maior por parte das empresas em 18 conhecer mais profundamente seus consumidores com a intenção de manter relacionamentos que garantam as suas vendas futuras. Nesse sentido, a manutenção de relacionamentos duradouros depende principalmente da satisfação dos clientes com os serviços ou produtos que lhes são ofertados. De acordo com Kotler (2000), clientes satisfeitos repetem as suas compras e falam aos outros sobre as suas boas experiências com a marca. Clientes fiéis à marca constituem a base para uma participação de mercado estável e crescente e podem representar um importante patrimônio intangível no preço de compra de uma empresa (SHIFFMAN e KANUK, 2000). De acordo com Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007), no processo decisório de compra, o consumidor constrói um conjunto de informações formado por dois componentes: benefícios buscados e as atitudes em relação à marca. O primeiro componente benefícios buscados ocorrem quando o consumidor reconhece uma necessidade – fazendo-o a partir de uma realidade, de uma situação que o envolve desde influencias ambientais (cultura, classe social, influencias pessoais, influencias relacionadas à família) e diferenças individuais (recursos, motivações e envolvimento, atitudes, personalidade e valores), que acabam por configurar o conjunto de benefícios que o consumidor procura obter por meio da compra, além das suas atitudes e percepções sobre as marcas existentes e concorrentes. E o segundo componente as atitudes seriam resultados de crenças desenvolvidas sobre as marcas que compõem o conjunto de alternativas consideradas possíveis pelo consumidor. As marcas têm personalidades como os indivíduos, estes últimos tendem a preferir produtos com cujas personalidades sejam agradáveis a eles. 19 Revela-se importante para o meio acadêmico uma vez que produzirá material sobre a perspectiva de consumidores no estado do Rio de Janeiro e poderá servir de base para estudos em outros segmentos de mercado. 20 2 REFERENCIAL TEÓRICO Nesta pesquisa são apresentadas as definições, teorias e modelos que dão sustentação a essa pesquisa e que conduziram ao levantamento das hipóteses que foram testadas. 2.1 PROCESSO DE COMPRA O processo de decisão de compra pode ser representado por cinco estágios: 1) o reconhecimento do problema ou necessidade; 2) busca de informações; 3) avaliação das alternativas; 4) escolha ou compra e 5) avaliação pós-compra. O reconhecimento do problema ou de necessidade a ser satisfeita é a primeira fase. Coincide com o início do processo de compra e ocorre quando o consumidor percebe a diferença entre o seu estado atual e um estado desejado. O comportamento do consumidor é constituído por todas as ações tomadas pelos consumidores que estejam relacionados à aquisição, ao descarte a ao uso de produtos e serviços. Este campo estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, serviços, idéias ou experiências para satisfazer suas necessidades e desejos (MOWEN e MINOR, 2003 p.143). De acordo com Kotler (2006, p.173) a decisão de compra é influenciada por fatores culturais (realização e sucesso, eficiência e praticidade, progresso, conforto material, individualismo, liberdade, humanitarismo e juventude), sociais (grupos de referência, família, papéis sociais e status), pessoais (idade e estágio no ciclo de vida, ocupação, circunstâncias econômicas, personalidade, auto-imagem, estilo de vida e valores) e psicológicos (motivação, percepção, aprendizagem e memória). 21 Para Baker (2005, p.211), atualmente os profissionais de marketing preferem falar de marcas ao invés de produtos, o que reflete o reconhecimento de que os consumidores não compram apenas atributos físicos, mas também as associações psicológicas ligadas às ofertas dos fornecedores. O conceito de marca também enfatiza que todos os aspectos da apresentação da oferta – projeto, características, variedade, embalagem, serviço e suporte – devem ser integrados ao redor de uma identidade comum. Desta forma, a avaliação da imagem de um produto ou serviço precisa levar em conta os níveis de envolvimento dos clientes, sua percepção da marca, os valores atribuídos à marca, bem como a cultura de consumo do consumidor. Para Sheth, Mittal e Newman (2001), as necessidades e desejos variam muito conforme a idade. Gerações inteiras adotam hábitos meramente para se diferenciarem dos seus pais. Sendo assim, a preferência por roupas, carros e música, por exemplo, serão totalmente diferentes da geração anterior e, conseqüentemente, da geração futura. A partir da idade é possível estimar quanto uma empresa poderá lucrar ao longo da vida daquele cliente, ou seja, quanto ele gastará comprando seus produtos e serviços. Isso é chamado ciclo de vida do cliente. Em consonância com Sheth, Mittal e Newman (2001), a figura 1 demonstra que mais intensa a necessidade e quanto mais ela perdurar, tanto mais forte será o impulso do indivíduo para reduzi-lo por meio da manifestação do comportamento de procura e, finalmente, da aquisição de um objeto que venha a satisfazer sua necessidade. Um problema ou necessidade é um estado de privação, desconforto ou falta (seja física ou psicológica) sentido por uma pessoa e o reconhecimento do problema 22 é uma percepção de que ele precisa comprar algo para voltar ao estado normal de conforto (SHETH, MITTAL e NEWMAN, 2001). Figura 1 – Um fluxograma genérico do processo de decisão do consumidor Reconhecimento do problema Busca de Informação Avaliação das alternativas Escolha ou compra Avaliação pós-compra Fonte: Adaptado de Mowen e Minor (2003, p.192) Na segunda fase, após a necessidade ter sido reconhecida, os consumidores buscam as informações adequadas a fim de satisfazê-la. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) destacam dois tipos de busca de informações: interna, externa. Na busca interna, o consumidor tenta recuperar de sua própria memória informações sobre diferentes alternativas de um produto ou serviço. A busca externa refere-se ao rastreamento de informações no ambiente por meio, por exemplo, da propaganda, da observação, de amigos ou de vendedores. 23 No caso da busca interna, se o consumidor se encontra em um processo de compra de baixo envolvimento, a busca interna tende a ser altamente limitada. Dependendo do tipo de necessidade encontrada, o grau de busca interna pode variar. Se o processo de compra envolve a resolução de uma necessidade, o consumidor deve realizar uma busca interna por informações e alternativas de marca de maneira demorada e de forma acurada. Para a busca externa, os consumidores solicitam informações de fontes externas, podendo esta procura ser definida como o grau de obtenção, percepção e esforço direcionado à obtenção de dados ou informações no ambiente, relativos a uma compra específica em consideração. A partir da busca externa, é possível obter informações como avaliação de marcas alternativas; critérios de avaliação nos quais seja possível comparar marcas; a importância dos vários critérios de avaliação; informações que formam crenças; atributos que as marcas possuem; e benefícios que os vários atributos proporcionam. De acordo com Mowen e Minor (2003, p.199), no processo de busca, relatam as seguintes descobertas, quanto ao alto grau e comprometimento do consumidor: 1) Quando aumenta a disponibilidade de tempo, aumenta o esforço de busca. 2) Quando aumenta o risco percebido, aumenta o esforço total de busca. 3) Quando aumenta as atitudes em relação à compra, aumenta o esforço total de busca. 4) Quando aumenta o nível educacional, a renda e o status socioeconômico, aumenta a busca externa. Na terceira fase de avaliação das alternativas ocorre a classificação das diferentes marcas e o processo das informações. Na tomada de decisão de compra o consumidor recolhe informações sobre os níveis dos atributos das alternativas e 24 aplica valores. Nessa fase, o processamento da avaliação se dá por meio de escolhas racionais e conscientes, ou seja, por meio cognitivo. Na quarta fase de decisão de compra o consumidor faz uma escolha entre diferentes marcas, serviços ou lojas, ou seja, o processo de escolha se comprar ou não, de quem, onde e quando comprar, e, quanto e como pagar. Algumas influencias importantes nesse processo de compra são: o tempo, fidelidade, características do produto, localização, entre outros aspectos do composto de marketing (KOTLER, 2000). Um consumidor considera uma marca como preferida quando ela concentra benefícios (funcionais, experiências e simbólicos) desejados. Avaliações ineficazes para determinados benefícios podem ser compensadas com boas avaliações para outros benefícios. Na quinta fase o processo envolve o comportamento pós-compra. Referemse ao consumo, a avaliação pós-escolha, experiência e idéias. A experiência com o produto for igual ou maior que o esperado, pode ocorrer satisfação ou insatisfação com a compra (MOWEN e MINOR, 2003). Avaliações insatisfatórias podem gerar reclamações por parte dos consumidores, mas quando o resultado do processo de compra é um nível de satisfação, pode resultar em um cliente comprometido e fiel, disposto a comprar novamente, exibem um comportamento de lealdade. Para os autores, a probabilidade de satisfação e da repetição da compra depende de a oferta do produto ou serviço atender ou não as expectativas de valor do consumidor. Para Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) consumidores satisfeitos também têm a probabilidade de produzir uma comunicação “boca a boca” positiva sobre a marca. Um consumidor fiel a uma marca (loja ou serviço) gosta dela de um modo tanto semelhante à amizade. Neste processo de satisfação surge o 25 comprometimento ou fidelidade à marca, o consumidor acredita que ela reflete e reforça algum aspecto de sua auto-imagem, como mostra na figura 2. Os clientes usuários apreciam tanto algumas marcas que, psicologicamente, começam a vê-la como parte de si mesmos. As marcas, como indivíduos, têm personalidades, e os consumidores tendem a preferir produtos com personalidades de marca que são agradáveis a eles. Figura 2 – Motivos latentes e manifestos em uma situação de compra Motivos manifestos Comportamento de consumo Uma calça com bom caimento e diferenciada É uma calça de alta qualidade Boa durabilidade Motivos latentes Vai demonstrar que sou bem-sucedida Comprar um jeans Forum Muitos dos meus amigos vestem jeans Forum É uma calça sexy e me sinto poderosa Ligação entre o comportamento e os motivos que são conhecidos e livremente admitidos Ligação entre o comportamento e os motivos que são desconhecidos ou o consumidor está relutante em admiti-los ou revela-los Fonte: Adaptado de Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p.182) As decisões dos clientes são determinadas por vários fatores: se deve comprar, o que comprar, quando comprar, de quem comprar, como e aonde comprar. Por exemplo, comprar logo se a marca e o modelo preferido estivessem em promoção ou se o vendedor oferecesse um desconto. Outros fatores como a atmosfera da loja, o prazer da experiência de compra, a capacidade de persuasão 26 do vendedor, a premência de tempo e as circunstâncias financeiras também afetam a rapidez da tomada de decisão de compra. A figura 2 ilustra de que modo os dois tipos de motivos podem influenciar o comportamento do consumidor em uma compra por artigos de vestuário. Os motivos manifestos são fáceis de determinar, podem ser levantados por meio de técnicas normais de pesquisa de mercado, como as perguntas diretas ao consumidor: Por que você comprou uma calça jeans Forum? Ou por que você veste uma calça jeans Forum? Os consumidores fornecem diversas razões pela compra, como: “estão na moda”, “meus amigos usam”, “gosto de vesti-las” ou “ficam bem em mim”. Os motivos latentes são mais complexos, pois os consumidores são incapazes ou não querem admitir os motivos que os influenciam, podem ser determinados por meio de técnicas de pesquisa motivacional, como associações de palavras, completar frases e reações a imagens, como “elas mostram que eu tenho dinheiro ou status”, “elas me tornam sexualmente desejável” ou “elas mostram que ainda sou jovem”. Tanto os motivos manifestos quanto os motivos latentes operam em várias situações de compra e recompra (HAWKINS, MOTHERSBAUGH e BEST, 2007). Segundo Caruana (2004), a confiança construída ao longo de tempo pode dificultar a saída de um cliente. Ainda, especificamente para serviços, por sua natureza experiencial, os clientes podem enfrentar consideráveis riscos em mudar para um fornecedor alternativo, porque um serviço não pode ser avaliado antes da compra propriamente dita. O envolvimento é o estado motivacional gerado pela percepção do consumidor de que um produto, marca ou propaganda é relevante ou interessante. O envolvimento com o produto é definido como a centralidade de um 27 produto na vida do cliente, como lâmpadas, sal, cotonetes, são triviais. Outros produtos, como roupas, carros, cortes de cabelo e filmes são considerados centrais na vida das pessoas. O cliente gosta de obter maior valor nesses produtos com maior durabilidade, de modo a desenvolver uma preferência por determinada marca e tornando-se fiel a essa marca (SHETH, MITTAL e NEWMAN, 2001). 2.2 LEALDADE Oliver (1999) define lealdade como sendo: [...] um comprometimento mantido com profundidade em recomprar ou consumir com regularidade um produto ou serviço preferido de modo consistente no futuro, causando assim a compra repetitiva da mesma marca ou conjunto da mesma marca, a despeito de influencias situacionais e esforços de marketing possuírem potencial para causar um comportamento de mudança. Para a concretização de fidelidade, as quatro fases da decisão de compra apontam para estágios crescentes de ligação com a marca preferencial, observados na quadro 1: 1) a lealdade cognitiva ocorre quando os atributos da marca informados ao consumidor a tornam preferencial em relação às marcas concorrentes, a satisfação incorpora-se à experiência do consumidor e a fidelidade ainda incipiente é manifestada por experiências recentes de bom desempenho; 2) a lealdade afetiva decorre de uma ligação desenvolvida com a marca causada pela satisfação acumulada; a preferência pela marca, embora afetiva, ainda se encontra sujeito a mudança; 28 3) a lealdade conativa (cognitiva e afetiva) ocorre após repetidas experiências bem sucedidas com a utilização de uma marca ou serviço; neste estágio o consumidor apresenta forte intenção em recomprar a marca; e 4) a lealdade de ação (ativa) é resultante do compromisso firme em partir da motivação para o hábito efetivo de compra da marca, não importando se para tal seja necessário transpor obstáculos de tempo, dinheiro, distância ou valores sociais. À medida que essa ligação do consumidor com a marca se repete, uma inércia de ação é desenvolvida, facilitando, por isso, a recompra. Quadro 1 – Fases da lealdade e vulnerabilidades Fase Sustentadores Cognitiva Benefícios, preços e características Afetiva Satisfação acumulada, prazer, cognição e afeto, gostarem Conativa Comprometimento, experiências positivas de compra Ação Prontidão para agir, superação de obstáculos, inércia Vulnerabilidades Desempenho de preços e características busca por novidades e propensão a experimentos dos concorrentes Insatisfação, cognição como estímulo para novas experiências, desempenho Ataque dos concorrentes por meio de argumentos competitivos induzindo a experimentos, desempenho Aumento de obstáculos, desempenho, não disponibilidade de produtos Fonte: Adaptado de Oliver (1999) Reflete a essência da fidelidade expressa na definição de Oliver de que recompra ocorrerá “a despeito das influencias situacionais e esforços de marketing possuírem potencial para causar um comportamento de mudança”. Nesse mesmo sentido, Costabile (2000, p.7) corrobora a definição de lealdade do cliente como sendo “a forma mais forte de relação entre o cliente e a empresa”. Um conceito multidimensional a qual é atingida após um continuum de construtos relacionais, cognitivos e comportamentais por meio de sucessivas sedimentações. Propõe outro modelo dinâmico no qual identifica quatro estágios da 29 lealdade, que são caracterizados pela avaliação do consumidor em função do valor percebido que a empresa oferece conforme a figura 3. Essas fases formam um continuum seguindo a seguinte ordem: Na primeira fase de satisfação e confiança, a atitude de confiança aparece após sucessivas experiências com satisfação positiva de compra e de consumo. A satisfação tem sua origem na congruência entre o valor esperado e o valor percebido pelo cliente. Este valor pode ser subjetivamente mensurado pela razão entre os benefícios alcançados e o sacrifico experimentado; Na segunda fase de confiança e compra repetida, a lealdade comportamental é desenvolvida após sucessivas avaliações positivas pelo consumidor, isto é, as expectativas de valor foram alcançadas e comparadas aos custos da transação. O final desta fase depende do resultado do conflito interno experimentado pelo cliente entre o valor que recebeu e as alternativas disponíveis no mercado. Estes custos são categorizados conforme a seguir: a) custos cognitivos derivam da busca por alternativas de produtos e serviços. Podem ser sustentados quando não ocorre a recompra apesar do desempenho positivo da oferta; b) custos emocionais, relacionados à percepção de riscos e incertezas; c) custos operacionais, estão relacionados a tempo e a transferência na avaliação de alternativas; d) custos estruturais, são devidos a características tecnológicas do produto em uso e também da pressão por políticas estabelecidas pela empresa. Esses custos ficam despercebidos quando a recompra ocorre sem que sejam levadas em conta as alternativas do mercado; Na terceira fase de lealdade mental, o cliente está seletivo e com atitude sólida de recompra, pois acredita que a empresa é capaz de manter valores diferenciados dos outros concorrentes. Esse estágio pode ser comparado com a 30 verdadeira lealdade. É aqui que novas linhas de produtos e novas variedades podem ser introduzidas com apoio e comprometimento de compra por parte do consumidor; Na quarta fase de lealdade cooperativa, é o consumidor atado à crença do equilíbrio e da justiça do relacionamento por meio da troca justa de valores havendo reciprocidade por meio de sugestões de melhorias e outras ações cooperativas. Figura 3: Continuum de construtos para atingir a lealdade do consumidor Satisfação - expectativas - compra - valor percebido Confirmação - recompra - lealdade comportamental Lealdade mental - seletividade - análise de valores experimentais Lealdade cooperativa - troca, reciprocidade - percepção de eqüidade Lealdade do consumidor Fonte: Adaptado de Costabile (2000) 31 Costabile (2000) conclui, então, que a lealdade do cliente é um construto multidimensional consistindo de duas dimensões comportamentais (lealdade comportamental e comportamentos cooperativos) e três dimensões cognitivas (confiança, valor para o cliente e valor diádico para o cliente). O prolongamento do relacionamento e o conhecimento de que compras repetidas geram um valor econômico significante para a empresa tendem a fazer com que o cliente forme sua própria crença sobre o nível de ativos trocados na díade. O valor diádico surge da comparação entre os benefícios (B) e sacrifícios (S) da compra e do consumo dos bens da empresa pelo cliente com os custos (C) da empresa e faturamento (F) que o cliente acredita que a empresa obtenha por fazer negócios com ele. Por conseguinte, somente quando os termos da equação B/S ≅R/C parecem ser justos e proporcionais aos olhos do cliente é que o estado ótimo de lealdade do cliente é atingido (COSTABILE, 2000). Entretanto, ao longo do tempo, o cliente aumenta seu conhecimento sobre a empresa e sobre suas ofertas, e também aumenta sua capacidade de avaliação em relação a alternativas, levando a uma nova oportunidade de conflito. Esse conflito toma a forma de uma comparação de valor, o valor diádico. O cliente passa a comparar o valor “histórico” obtido da empresa com o valor que ele gerou para a mesma durante o ciclo de vida do relacionamento. Tanto na proposta de lealdade dinâmica de Oliver (1999) como na de Costabile (2000), a satisfação tem um papel importante na construção da lealdade. Uma perspectiva alternativa foi introduzida, com o propósito de avaliar as dimensões da fidelidade pelo cruzamento entre dois atributos – persistência individual e suporte comunitário/social. O primeiro retrata a ocorrência de um comportamento refratário do consumidor em relação aos apelos e sugestões 32 mercadológicos dos concorrentes. Ao classificar seu envolvimento com a marca como fraco estamos na realidade aproximando o consumidor das fases cognitiva e afetiva, já um forte envolvimento o aproxima da fase ativa bem como de uma fidelidade incondicional que o torna resistente a qualquer esforço de marketing do concorrente. O segundo demonstra como a comunidade ou suporte social influencia a lealdade do consumidor, ao sugestioná-lo: a) de modo estático oferecendo-lhe em contrapartida o convívio, reconhecimento e sensação de inclusão ou; b) pelo envolvimento instituído, estabelecido pelo grupo, como sinais de identificação e preferência coletiva. Quadro 2 – Modelo de quatro estratégias de lealdade Suporte Comunitário/Social Baixo Alto Baixo Superioridade do Produto Grupo de envolvimento Alto Auto-isolamento Determinado Auto-identidade imersa Persistência Individual Fonte: Adaptado de Oliver (1999, p.38) O quadro 2 mostra o cruzamento entre os dois atributos – persistência individual e suporte comunitário/social resulta em quatro estados de fidelidade. Quando o envolvimento em ambas é fraco o resultado é a forma mais instável de lealdade, decorrente da superioridade do produto, neste caso os atributos são tão claramente identificados como de qualidade superior que o consumidor deveria naturalmente posicioná-lo nos níveis mais elevados da sua escala de preferências. Entretanto, fatores outros que são simplesmente alta qualidade fazem com que o relacionamento com a marca seja tênue. Quando o consumidor possui uma forte 33 persistência individual e um fraco suporte comunitário/social, tem-se o autoisolamento determinado. A passagem do estado anterior para este é um tanto difusa, uma vez que não existe uma percepção clara sobre o momento no processo em que o envolvimento se fortalece e em seguida se cristaliza. Neste estado, o consumidor remove as marcas ou serviços concorrentes da sua escala de preferência e assume um relacionamento unívoco, incondicional, exclusivo com a marca ou prestador de serviços escolhido. A preferência associada a um comportamento emocional deriva no sentimento absoluto de posse no caso de um objeto ou atendimento no caso de um serviço. Duas formas de manifestação são associadas por Oliver a este estado – a adoração e o comprometimento irrestrito – determinados estilos de musica que condicionam a pessoa a acumular conhecimentos, a exemplo do indivíduo que por anos a fio passa suas férias regularmente em determinado hotel fazenda, flagrâncias de perfume, modalidades esportivas verificadas nos esportistas que buscam definição corporal e equilíbrio na ginástica localizada e atividades aeróbicas, celebridades artísticas, no comportamento das crianças em suas interações com desenhos animados, super heróis e brinquedos. Quando o consumidor possui uma fraca persistência individual e um forte suporte comunitário/social tem-se a vila ou as tribos. As condições de contorno são definidas pela lealdade que o indivíduo manifesta para com o meio social. Na medida em que, o grupo ou comunidade possui sinais comuns que a segmentam, o indivíduo buscará na posse ou consumo da marca ou serviço demonstrar sua adesão e compromisso passivo. Neste caso o julgamento e recomendação sobre o que, como e quando consumir é endossado pela coletividade, que intensifica a exposição do produto e utilização do serviço de uso comum como uma forma de transmitir e consolidar as 34 preferências, gostos, valores e crenças. Finalmente, quando o consumidor possui uma forte persistência individual associada a um forte suporte comunitário/social tem-se a auto-identidade imersa, que se constitui na forma mais estável e duradoura de lealdade. Diferente do estado anterior no qual o consumidor busca no produto ou serviço o sinal de reconhecimento do seu compromisso com o grupo, neste estado há uma forte identificação entre indivíduo, meio social e produto. A religião, o futebol e a música são meios característicos deste estado. Na religião os fiéis se abastecem de imagens, adornos e objetos de adoração que facilitam suas orações, inspiram fé e facilitam o desprendimento momentâneo com a realidade. Participam com contribuições espontâneas que viabilizam a continuidade e expansão da marca do grupo a qual pertencem. No futebol os fãs consomem e colecionam camisetas, bandeiras, fotos que os identificam com a grife do seu time e ídolos. Assistem as partidas de futebol lotando estádios e estimulando o mercado de consumo de jornais, programas de rádio e televisão, transportes e turismo. Na música os fãs clubes se organizam para consumir camisetas, CD, fotos, revistas e assistir a shows, um vínculo de comportamento e que se encaixam à sua personalidade. Nos três casos o indivíduo é inserido no mercado de consumo em um ambiente de identificação coletiva onde produto e meio social fazem parte do seu eu. Oliver (1999, p.41) argumenta que os cinco critérios essenciais para que um produto ou serviço possa conquistar este estado de lealdade duradouro são: Primeiro, o produto deve ser de alguma configuração única que o torna desejável (i.e. superior). Segundo, um segmento específico lucrativo dos consumidores da empresa deve achá-lo desejável desta maneira. Terceiro, o consumível deve ser objeto de adoração, pelo menos aos olhos dos consumidores potencialmente fiéis à empresa. Quatro, produto deve possuir a capacidade de estar inserido em uma rede social, a tal ponto que se consumidores da empresa não estiverem conectados, ao menos perceptivamente, eles não se sentirão como fazendo parte da vila. Quinto, a empresa deve estar predisposta a despender recursos para criar, povoar e manter a vila. 35 Para satisfazer o primeiro critério a empresa deve oferecer um produto que possua distinção de qualidade percebida em relação aos seus concorrentes e seja acessível aos consumidores potenciais, a impossibilidade de oferecer um produto superior coloca a empresa no mesmo nível do ambiente competitivo onde os critérios de disputa se limitam às práticas do composto de marketing. O segundo critério determina que um segmento potencialmente comprador dos produtos ou serviços da empresa se interesse pelo produto e tenha chances reais de tornar-se leal à marca. Neste caso, os estágios cognitivo, afetivo e conativo deverão estar atendidos, embora se saiba de antemão que uma extensa variedade de produtos e serviços, seja por possuírem atributos gerais que não permitem grande diferenciação, pela prática habitual da oferta ou pelo modo corriqueiro como é consumido, está sujeita a barreiras quase intransponíveis que os impedem de atender a este critério, a exemplo dos restaurantes populares e alimentos não processados. O terceiro critério, o consumidor está fortemente engajado no atributo de persistência individual, quando transpõe o sentimento de mera necessidade para adoração, utilizando a marca com persistência inabalável independente das propostas sedutoras que os competidores venham a oferecer. O quarto critério estabelece que a empresa adquira meios para estimular os consumidores potenciais a participarem de reuniões com presença física, a exemplo de grupos de investidores em empreendimentos imobiliários, ou em grupos interligados pela Internet, a exemplo do Orkut. Satisfazer o último critério significa estabelecer uma interação perfeita que associe o produto a um grupo social que tenha em comum a fascinação e compromisso incondicional com o consumo coletivo do produto. 36 Costa e Almeida (2008) realizaram uma pesquisa com dados empíricos sobre as dimensões formadoras do valor da marca na perspectiva do consumidor a partir das proposições de Yoo e Donthu (2001) – a consciência da marca e associações da marca formam um só fator formador do valor da marca na perspectiva do consumidor. Autores revelam que para a formação do valor da marca os construtos mais importantes foram a lealdade e a qualidade percebida. E sugerem a inexistência de relação significativa entre os fatores consciência/associações e valor geral da marca. Reichheld (1993) argumenta que empresas líderes em lealdade reconhecem que a lealdade do consumidor é obtida pela entrega consistente de valor superior. Estabelece que a competição baseada em fidelidade requer a compreensão e atenção simultânea aos clientes, oferta de produtos e serviços, empregados e sistemas de medição permanentes. A atenção deve ser direcionada para os consumidores certos, ou seja, aqueles passíveis de continuar fazendo seus negócios com a empresa ao longo do tempo. Uma da maneiras de identificar tais consumidores está em selecionar grupos de afinidade que, por possuírem necessidades em comum, podem ser atendidos e receber serviços de modo customizado. Separando os consumidores com boas chances de se tornarem leais à empresa estão ao mesmo tempo redirecionando seus recursos. Na adoção da técnica consagrada de administração dos preços para captação indiscriminada de clientes não funciona, na realidade, os preços deveriam ser utilizados como um mecanismo para selecionar apenas os consumidores leais. Quanto aos empregados, sua retenção é fundamental para que se possibilite conquistar a lealdade do consumidor, uma vez que seus posicionamentos mais elevados na curva da aprendizagem tornam-nos valiosos fortalecendo a relação de 37 confiança com o consumidor. O recrutamento não deve se fundamentar em habilidades e educação, mas sim na extensão que se espera o empregado potencial deva permanecer e crescer junto com a empresa. Um procedimento efetivo para medição de lealdade deve ser iniciar com a atenção sobre o efeito de primeira ordem, ou seja, da missão da empresa em fornecer um valor superior ao cliente. Existe uma forte relação de causa e efeito entre reter o empregado e reter o cliente. Se o primeiro está comprometido em manter relação de longo prazo com uma empresa que fornece valor superior aos seus clientes, ele desenvolverá relacionamento duradouro com o cliente e estará satisfeito por oferecer um produto de qualidade. O verdadeiro caminho para o crescimento passa pela lealdade do cliente (REICHHELD, 2003). Caruana (2004) também distingue a lealdade do cliente da retenção do mesmo. A retenção do cliente, segundo ele, é a estratégia que a empresa implementa, enquanto que a lealdade do cliente é um estado psicológico que ele tem ou não tem. A lealdade do cliente, sim, é capaz de gerar comunicação “boca-aboca” positiva, resistência a pressões da concorrência e retenção, e, desta forma, menores taxas de abandono. Assim, o conjunto destas atividades leva a um efeito positivo no desempenho organizacional. Gale (2000) propôs alguns critérios de mensuração da satisfação, lealdade e valor para o consumidor, alertando que enquanto satisfação é medida pela simples comparação do desempenho do produto em relação às necessidades do cliente, a mensuração de valor leva em consideração o desempenho do produto relativo aos concorrentes e a percepção pelo consumidor da existência de tais diferenças. Demonstra como as iniciativas evoluem da simples conformidade com qualidade do 38 produto até a geração de valor para o consumidor com um produto que oferece benefícios únicos e superiores aos dos concorrentes. De acordo com o modelo de Johnson, Herrmann e Huber (2006), a lealdade é construída por meio dos valores percebidos que, direta e indiretamente, participam da criação do valor da marca e do comprometimento afetivo do consumidor. Segundo esses autores, a intenção de compra no início do ciclo de relacionamento é devida aos valores percebidos e que essa intenção se fortalece ao longo do tempo com a empresa e com a marca, apesar do enfraquecimento da percepção desses valores. Neste caso, com o passar do tempo as atitudes afetivas do relacionamento mediam os efeitos do desempenho dos produtos e serviços. A satisfação de determinados serviços tem grande impacto no início do relacionamento e a satisfação com determinados produtos se revela mais adiante (MITTAL, 2000). Uma exceção para Costabile (2000) seria o trabalho de Oliver (1999) anteriormente mencionado, que, retornando implicitamente à clássica seqüência cognição-afeto/emoção-comportamento, introduz uma concepção dinâmica de lealdade. Costabile (2000) classifica as formas diferentes de lealdade, analisando a atitude relativa para a marca e o comportamento na repetição de compra para a mesma. A figura 4 mostra quatro formas de lealdade. A atitude relativa é dividida em duas opções e colocada no eixo vertical. De forma similar, a abordagem comportamental, descrita no eixo horizontal, também segue as mesmas duas opções. A matriz resultante mostra as quatro situações possíveis de lealdade: lealdade latente, lealdade oculta, lealdade falsa e lealdade nula. Consequentemente, a lealdade latente se apresenta quando um cliente mostra uma forte atitude relativa para com um determinado fornecedor e quando a 39 taxa de compra por unidade de tempo é alta, mas não ocorre o comportamento de compra repetida, o que pode ocorrer talvez pela existência de normas ou de barreiras situacionais. A lealdade oculta refere-se a uma forte atitude relativa pela marca combinada com um alto comportamento de compra repetida. Já a lealdade falsa é caracterizada por uma alta taxa de repetição de compra combinada com uma atitude fraca para com o fornecedor. Finalmente, a lealdade nula ocorre quando existe uma atitude relativamente fraca e uma baixa freqüência de compras. Figura 4 – Os quatros graus de lealdade Positivo Lealdade oculta Lealdade latente Lealdade nula Lealdade falsa Atitude relativa para a marca Negativo Baixo Compra repetida do marca Alto Fonte: Adaptado de Dick e Basu (1994) 2.3 VALOR PERCEBIDO O uso do conceito de valor percebido é muito recente e restrito como ferramenta estratégica das empresas. Existem variações no conceito de valor percebido dentro do contexto de marketing, segundo vários autores. Mowen e Minor (2003, p.57) e Zeithaml (1988, p.2) definem valor como a comparação que os consumidores fazem entre a qualidade percebida e o preço 40 percebido ao avaliar uma marca, porém, esta ultima sustenta que um dos maiores problemas referentes a pesquisas de marketing no que tange a mensuração do valor reside na determinação do significado dos conceitos percebidos pelo consumidor. Diversos estudos apontam que, para se estudar o comportamento do consumidor, as percepções de qualidade, valor e preço são fundamentais para a decisão de compra do consumidor (ZEITHAML, 1988). Para os consumidores, os valores são importantes, pois são fatores que influenciam em sua decisão de compra. Para Zeithaml (1988), o valor percebido é a avaliação total do consumidor sobre a utilidade de um produto, baseada em percepções daquilo que é recebido (benefícios) e daquilo que é dado (sacrifícios). Valor para o cliente pode ser entendido como um vínculo emocional entre o cliente e o produto depois que ele utiliza um produto ou serviço produzido pela empresa e atribui a este um valor agregado. Ressalta-se que o conceito de valor percebido extrapola a avaliação dos atributos específicos do produto, propiciando que a avaliação de qualidade ocorra dentro de referências do próprio consumidor. De acordo com Aaker (1998), as dimensões de criação de valor percebido para a marca podem ser expressas como: a) fidelidade (grau de ligação do consumidor com a marca); b) consciência (habilidade da marca em ser reconhecida pelo consumidor como parte de uma categoria de produtos); c) qualidade percebida (percepção pelo consumidor de superioridade de um produto ou um serviço com relação às alternativas disponíveis); d) associações (conjunto de significados que o consumidor atribui à marca). No processo de tomada de decisão de compra, o valor percebido pelo consumidor, é subjetivo, e que o fator importante é a informação e seu conjunto de 41 atributos ou benefícios fornecidos. Quanto mais informações os consumidores recebem acerca das características de um produto, menos o preço é usado como indicador de qualidade (MOWEN e MINOR, 2003, p. 57). De acordo com Ravald e Gronroos (1996), as empresas precisam prover maiores benefícios e reduzir o sacrifício para ter acesso ao produto ou serviço, bem como o entendimento da importância da fidelização do consumidor, por meio da construção e manutenção de um relacionamento com a empresa. O relacionamento tem o poder de inspirar confiança, bem como credibilidade e o perdão do consumidor, quando um produto não alcança sua expectativa. Brei, Rossi (2005) realizaram uma ampla análise sobre o modelo aplicado à realidade brasileira no qual são relacionados três construtos fundamentais: 1) confiança; 2) valor percebido; e 3) lealdade de usuários de Internet Banking em situações de trocas relacionais de serviço. Os autores afirmam que “[...] os clientes que já desenvolveram longo relacionamento com a empresa atribuem maior importância à confiança que depositam nessa empresa, posteriormente se transforma em lealdade” [p.164]. Empregando modelagem de equações estruturais, os mencionados autores concluíram que o valor percebido é um importante antecedente da formação da confiança e lealdade dos clientes. Desta forma tornase um indicativo importante para possíveis ações a serem tomadas para a construção de relacionamentos duradouros com os clientes. Nesse sentido, o valor que um cliente percebe numa troca atua como um processo mediador do efeito da confiança na lealdade (SIRDESHMUKH, SINGH e SABOL, 2002). Esses autores explicam ainda que a credibilidade influencia na criação de valor quando: 42 a) surgem benefícios derivados da interação com um prestador de serviços operacionalmente competente, benevolente com o consumidor e comprometimento com a solução de problemas oriundos da negociação; b) ocorre a mitigação da incerteza na negociação; c) o consumidor estabelece expectativas consistentes e confiáveis nas relações em curso. Uma vez que o valor localiza-se no nível mais alto de escala de objetivos do consumidor, este regula as ações do mesmo em plano inferior afetando as intenções comportamentais de fidelidade ao prestador de serviços, perdurando enquanto a negociação resultar em valor superior. O modelo foi submetido com sucesso ao teste empírico de duas amostras distintas de clientes de loja de varejo de vestuário e de transporte aéreo não comercial. A técnica utilizada foi a regressão linear com equações simultâneas. Reichheld (1996) desenvolveu uma importante contribuição para administração estratégica, argumenta que ao invés de considerar aquilo que o consumidor diz a respeito do seu nível de satisfação devemos na realidade estar atentos para o valor que eles sentem haver recebido. Mais ainda, Reichheld (2003) corrobora a opinião de que a lealdade é mais do que compras repetidas, “é a vontade de alguém de fazer um investimento ou sacrifício pessoal de forma a fortalecer um relacionamento” (p. 48). O autor acredita que medir o quanto um cliente recomenda uma empresa é a melhor forma de mensurar sua lealdade, pois a recomendação em si é um sacrifício para o cliente. Assim, clientes leais tendem a trazer novos clientes para a empresa, gerando crescimento. 43 2.4 COMPROMETIMENTO AFETIVO A confiança e o comprometimento são as duas colunas de sustentação de compra com base no relacionamento. Para o cliente se engajar em uma compra com base no relacionamento a longo prazo, ele precisa confiar na marca e depois se comprometer com ela. A intensidade da busca por informações, segundo diferentes alternativas de compra, decorre de vários aspectos, como o grau de envolvimento com a compra, o risco percebido com a aquisição, a familiaridade, a experiência existente com o produto e o tempo disponível para a execução do processo de busca (SHETH, MITTAL e NEWMAN, 2001, p.67). Quanto maior forem os riscos associados à compra de um produto, maior será o envolvimento com o processo decisório, exigindo uma busca mais extensa. Existem três categorias que mostram as intenções de compra do consumidor: a) Compra totalmente planejada – tanto o produto quanto a marca são escolhidos com antecedência; b) Compra parcialmente planejada – há uma intenção de comprar um dado produto, mas a escolha da marca é adiada até a compra ser completada; c) Compra não planejada – tanto o produto quanto a marca são escolhidos no ponto-de-venda. Mesmo com estes diferentes tipos de compra, onde a definição de produto e marca, já estão estabelecidos, o processo de escolha não termina, pois uma série de influencias situacionais surge e pode afetar a decisão de compra do consumidor dentro do ambiente de loja. As interações sociais que pode ser com outros consumidores ou com os vendedores, têm enorme importância na decisão de compra. O padrão de atendimento prestado, o grau de conhecimento do que está sendo vendido e características pessoais dos vendedores podem afetar a decisão de compra. Igualmente, o tipo de público que freqüenta a loja desempenha 44 importante papel na formação da imagem da mesma no mercado, podendo gerar a identificação do consumidor com a mesma ou ate afastá-lo. A experiência de comprar e usar o produto produz informação que será utilizada na próxima decisão de compra que poderá se satisfazer com sua experiência e voltar a comprar; ou em outros casos, ficará desapontado com o desempenho apresentado pelo produto e deixar de comprar, e pode até mesmo desejar devolvê-lo. De acordo com Garbarino e Johnson (1999), comprometimento afetivo é um fator emocional muito importante, pois relacionado com o grau em que um cliente identifica e é pessoalmente envolvido por uma marca, conseqüentemente eleva o grau de confiança e comprometimento. Segundo os autores, satisfação é mediadora entre confiança e lealdade em situações de vinculo transacional e relacional (também denominados intenções futuras de clientes com fracos e fortes relacionamentos com as empresas). Quando o vínculo é relacional, a credibilidade é que passa a ser mediadora entre satisfação e lealdade, reduzindo assim a relevância da satisfação como explicativa dos hábitos do consumidor. Gustafsson (2005) estabeleceu duas dimensões para o comprometimento: afetivo e calculista. O primeiro é emocional, desenvolvido por meio do grau de reciprocidade ou envolvimento pessoal que o consumidor possui com a empresa, resultando em níveis elevados de confiança e comprometimento. O segundo é racional, decorrente da dependência econômica do consumidor em relação aos benefícios do produto, seja pela falta de alternativas ou pelo custo de mudança. A diferença conceitual entre satisfação do consumidor, a qual é função do desempenho da relação até determinada data, e as dimensões do comprometimento, as quais estabelecem o grau do relacionamento a partir da mesma data, é principalmente temporal. 45 Com intuito de examinar a ligação entre envolvimento com o produto e o comprometimento com a marca, Freire e Nique (2005) testam a ligação entre envolvimento e comprometimento no contexto de produtos (refrigerantes e vinho) e serviços de alta probabilidade de recompra (supermercados e posto de combustível). Os autores afirmam que “[...] se um alto nível de envolvimento não estiver associado a um alto nível de comprometimento à marca, o consumidor pode demonstrar uma lealdade menos intensa, ou uma lealdade multimarcas” [p.12]. Os resultados revelam que comprometimento com a marca foi um fator mediador da relação do envolvimento com a lealdade. Prado e Santos (2003) realizaram uma pesquisa cujo objetivo foi verificar com dados empíricos a relação entre o comprometimento e a lealdade, testando essa relação no setor de serviços bancários. Os resultados encontrados pelos autores revelam que o comprometimento e a lealdade são fortemente correlacionados, indicando que ambos são dimensões de um mesmo conceito (não encontraram validade discriminante), sendo que o comprometimento representa a dimensão atitudinal da lealdade. Bolton (1998), na mesma linha de pensamento, elaborou um modelo para a duração do relacionamento do consumidor com empresas que fornecem serviços continuados. Este modelo descreve como a duração do relacionamento depende do seu valor subjetivo esperado para o consumidor. O valor subjetivo esperado, por sua vez, é função da satisfação acumulada, do intervalo de tempo que o consumidor tem vivenciado suas experiências recentes relativas à satisfação acumulada. Os ensaios empíricos foram realizados na indústria de telefonia celular americana, setor este que historicamente direciona um tímido esforço de marketing junto aos clientes existentes, e por decorrência tem uma taxa de rotatividade de três anos por 46 consumidor. Por meio de análise de regressão de risco proporcional de Cox (1972) foi possível estimar a duração do relacionamento e por método de verossimilhança aproximada de Breslow (1974). As conclusões da pesquisa são: a) de que satisfação acumulada afeta a duração do relacionamento; b) os consumidores que detém maior experiência com o prestador de serviços tendem a dar maior peso à satisfação acumulada em detrimento das boas ou más experiências recentes, recomendando-se que as empresas se focalizem nos novos consumidores, mais vulneráveis a encerrar seu relacionamento quando sujeitos as experiências não satisfatórias; c) a intensidade do efeito que prejuízos decorrentes de falhas no atendimento são percebidos pelo consumidor depende diretamente do nível de satisfação acumulada, criando situações de contraste e assimilação; d) empresas que investem na melhoria da produtividade tendem a aumentar a padronização dos serviços, situação esta que influencia negativamente a duração do relacionamento, por serem os consumidores heterogêneos, é importante atrair e manter aqueles que atribuem maior valor ao serviço, justamente por possuírem maior tolerância às más experiências. 2.5 BRAND EQUITY O termo brand equity pode ser traduzido como “patrimônio da marca” ou “valor da marca”. Trata-se do valor patrimonial que uma marca representa para a empresa proprietária (AAKER, 2002). Kotler e Keller (2006) definem brand equity, ou patrimônio de marca, como sendo a forma que os consumidores reconhecem o 47 valor criado no produto e serviços. Como conseqüência, este valor reconhecido pelo consumidor interfere no modo dele pensar, de sentir e de agir com relação à marca. Valor da marca é definido como o efeito diferencial do conhecimento da marca sobre a resposta do consumidor ao marketing de uma marca, segundo o modelo para o valor de marca baseado no Consumidor CCBE – Customer-Based Brand Equity (KELLER 1993, p.8). Uma marca forte é uma incrível possibilidade de agregar valor aos produtos e serviços. No entanto, a marca tem valor financeiro no mercado quando tem valor para os seus clientes. Conforme pode ser visto na figura 5, o autor descreve duas abordagens para medir valor da marca: indiretamente envolvendo percepções do consumidor (por exemplo, consciência da marca, associações de marca, qualidade percebida) e diretamente por meio do comportamento do consumidor (como lealdade a marca, a imagem da marca e de pagar um preço mais alto). Assim, bens de baixo e médio envolvimento, não geram um nível de lealdade que assegure uma parcela fixa de mercado, a alternativa para a criação de valor da marca é o desenvolvimento de um elevado nível de consciência de marca que vem a ser. A lembrança da marca, segundo Keller (1993) consiste em reconhecimento e a recordação da marca (tendo ouvido falar dela anteriormente e quando gera corretamente a marca na sua memória). Quando a decisão de compra é efetuada na loja, o papel do reconhecimento da marca aumenta de importância em relação à recordação da mesma. 48 Figura 5 – Dimensões do conhecimento da marca Fonte: Adaptado de Keller (1993, p.7). A imagem da marca diz respeito ao conjunto de associações vinculadas à marca as quais os consumidores mantêm na memória (KELLER, 1993). Para o autor, a tendência, a força e a exclusividade das associações à marca são as dimensões que distinguem o conhecimento, exercendo um papel importante para determinar a resposta diferencial que define brand equity, especialmente nas decisões que possuem alto envolvimento do consumidor. Tais associações podem ser classificadas em três tipos de categoria: atributos, benefícios e atitudes. Os atributos são os aspectos que caracterizam um produto ou serviço, ou o que o consumidor pensa que o produto ou serviço é ou tem, e o que está envolvido no processo de compra ou consumo, podendo ser: atributos relacionados ou não relacionados. Os benefícios são os valores pessoais que os consumidores conectam aos atributos, podendo ser funcionais, experienciais ou 49 simbólicos. Já as atitudes, por sua vez, são as avaliações gerais dos consumidores sobre a marca e, também depende dos atributos e dos benefícios associados à marca. E a atitude é importante, pois, geralmente, forma a base para as ações e comportamentos dos consumidores em relação à marca, influindo no processo de decisão de compra. A força da imagem da marca está relacionada com a força das associações favoráveis a marca que o consumidor tem na memória (HAWKINS, MOTHERSBAUGH e BEST, 2007). Segundo os autores, a imagem da marca, ou posicionamento, deriva dos resultados dos esforços de marketing de uma empresa, os quais levam o consumidor a perceber a marca como tendo uma imagem distinta em comparação às marcas oferecidas pelos concorrentes. É o que as pessoas pensam e sentem quando ouvem ou vêem o nome de uma marca. A lealdade do consumidor e o valor de marca estão profundamente relacionados com este posicionamento, quanto mais fortes, únicas e favoráveis forem estas associações maior o poder da empresa de cobrar preços, sua participação de mercado e sua capacidade de criar extensões de marca. Uma marca é importante para auxiliar os consumidores nas suas escolhas, de modo a orientar todo o conhecimento sobre certos produtos ou serviços. (AAKER & KELLER, 1990). Para os autores, as marcas mais fortes do mundo, têm em sua essência dez características em comum: a) a marca se destaca por oferecer os benefícios que os consumidores realmente desejam; b) a marca se mantém relevante; c) a estratégia de determinação de preço se baseia nas percepções de valor por parte dos clientes; d) a marca é devidamente posicionada; e) a marca é coerente; f) o portfólio e a hierarquia da marca fazem sentido; g) a marca utiliza e coordena um repertório completo de atividades de marketing para construir a brand 50 equity (valor agregado atribuído a produtos e serviços); h) os gerentes de marca compreendem o que a marca significa para os consumidores; i) a marca recebe apoio adequado e freqüente; j) a empresa monitora fontes de brand equity. Nesse mesmo sentido, Aaker (1998) corrobora sua definição como sendo uma medida da força da marca. A imagem de marca é tática, por um elemento que impulsiona resultados de curto prazo e, por outro lado, brand equity é estratégico por ser um ativo que pode constituir a base da vantagem competitiva e da lucratividade a longo prazo. Está relacionada ao valor de mercado, a capacidade da marca de gerar caixa e lucros no médio e longo prazo. Também é necessário considerar a qualidade ou reconhecimento na mente dos consumidores. Na maioria dos mercados existem pessoas que compram uma marca pelo preço, outras que compram por compreenderem ser a melhor opção e há aquele grupo de consumidores que compra por ter criado uma relação ou fidelidade com a marca e pela qualidade do produto. A Figura 6 apresenta esta estrutura para brand equity concebida por Aaker (1998) e também mostra que uma das suas características é criar valor tanto para a empresa quanto para o consumidor. Os ativos e passivos que atuam como base para brand equity são agrupados em cinco categorias. Aaker (1998) afirma que as outras quatro dimensões podem ressaltar a lealdade à marca, em especial quando se compra. A dimensão lealdade à marca é integrante do brand equity e também afetada por ele como um todo. Segundo o mesmo autor, a lealdade pode gerar valor de diversas maneiras. A primeira delas é a redução de custos de marketing como também, é muito mais economicamente viável reter consumidores que atrair novos, especialmente se não estiverem insatisfeitos, sendo uma grande barreira de entrada para novos concorrentes. 51 A segunda dimensão - lembrança da marca - é a capacidade que um comprador em potencial tem de reconhecer ou de se recordar de uma marca como integrante de certa categoria de produtos. Isso pressupõe a existência de um elo entre a classe do produto e a marca (AAKER, 1998). Para o autor, a lembrança gera valor de diferentes formas como: a) âncora na qual se ligam outras associações; b) o reconhecimento provoca no cliente um senso de familiaridade ou simpatia, que pode ser decisivo se há pouco envolvimento do cliente com o produto; c) o reconhecimento de uma marca provoca no cliente a impressão de que há substância e comprometimento por parte da empresa e; c) o reconhecimento indica que a marca em questão está na “lista de compras mental” do consumidor. Figura 6 – Elementos do Brand Equity Fonte: Adaptado de Aaker (1998, p.17). 52 A terceira é a qualidade da marca percebida pelo cliente, a qualidade percebida é uma dimensão intangível, um sentimento geral sobre uma marca (AAKER, 1998). Para o autor, é o conhecimento que o consumidor tem da qualidade geral ou superioridade de um produto ou serviço pretendido em relação a alternativas conhecidas por ele no mercado. Está centrada em dimensões subjacentes, tais como as características do produto, a confiabilidade e a sua performance, as quais podem auxiliar na sua avaliação. Além disso, agrega valor à marca de diversas formas, dentre as quais são destacadas em cindo enfoques: 1) baseia-se no premium price (preço superior), o que significa simplesmente observar os níveis de preço no mercado em produtos concorrentes e semelhantes, ou seja, se determinada marca de produto custa mais que seus concorrentes porém os atributos físicos do produto são muito parecidos, significa que, por alguma razão, os consumidores depositam valor aquela marca. 2) baseia-se no impacto que o nome da marca possui na preferência do consumidor, ou seja, quando os produtos são semelhantes e possuem preços muito parecidos, como é o caso da categoria de cigarros, por exemplo, verifica-se juntos ao consumidor, qual sua marca de preferência, sua atitude ou intenção de compra. 3) volta-se para o valor da substituição da marca, ou seja, qual é o preço pago pelos consumidores quando a decisão de trocar de marca é tomada, como exemplo nas empresas de telefonia celular, ao optar por outra empresa/marca de telefonia o consumidor pode ter a necessidade de trocar de aparelho ou mesmo de refazer seus dados pessoais, no caso empresarial esta análise pode ser feita partindo do princípio que uma empresa deve avaliar o quanto custa construir uma nova marca, versus a possibilidade de comprar uma que já está previamente estabelecida no mercado. 53 4) baseia-se no preço da ação, ou seja, é utilizado o preço das ações no mercado como base para estimar o valor do brand equity de uma empresa. 5) focaliza no poder de ganho que uma marca possui no futuro, um dos caminhos para isso é usar o plano de longo prazo da marca, considerando para isso as forças da marca e seus impactos sobre o ambiente competitivo. A quarta dimensão, associações de marca é algo integrado a uma imagem na memória do indivíduo (AAKER, 1998). Segundo o autor, essa imagem pode ser de diferente natureza, como um símbolo, uma pessoa, um sentimento ou um estilo de vida, dentre outros, que esteja vinculado a uma marca. Quanto maior for a experiência com a marca, maior for a exposição à sua comunicação, maior será a força de sua associação na memória. As associações de marca podem ser estabelecidas com base nos atributos dos produtos, em fatores intangíveis, em benefícios racionais ou psicológicos para o consumidor, no preço relativo, no uso ou na aplicação do produto, no tipo de usuário ou consumidor do produto, em uma celebridade ou personalidade, na classe do produto, na concorrência, na área geográfica ou em um país. O mesmo autor ressalta que uma imagem de marca é um conjunto de associações usualmente organizadas de forma significativa para o consumidor. Se as associações de marca forem fortes e positivas, essa marca será muito bem posicionada e pode chegar ao topo do conhecimento e da lealdade. A ultima dimensão destaca outros ativos do proprietário da marca, os quais ainda conforme o mesmo autor, podem ser patentes, marcas registradas e canais de relacionamento (canais de distribuição, networks etc). É importante uma marca registrada pois protege seu valor de competidores que podem querer confundir os consumidores com nomes parecidos. 54 A partir deste contexto dois outros aspectos também são muito importantes e, de certa forma, estão relacionados. São eles a qualidade percebida (AAKER, 1998) e os benefícios da marca (KELLER, 1993), ambos os conceitos se referem às qualidades intangíveis da marca, ou as características do produto que não são visíveis. São estas características que vão proporcionar à marca da empresa um lugar ou um posicionamento único na mente do consumidor. Ressalte-se que a maioria dos ativos tangíveis tem vida útil finita. Marcas, por serem intangíveis, quando bem gerenciadas podem ter vida útil infinita. As características físicas dos produtos podem ser copiadas rapidamente, as intangíveis não, pois as marcas são sustentadas por diversas fundações perceptuais, como a eficiência, supervisão e, principalmente, a inteligência. As marcas criam barreiras emocionais e filosóficas contra a concorrência, bem como vantagem competitiva sustentável de longo prazo. Cunha (1997) corrobora afirmando que a compreensão da marca se dá a partir de estímulos baseados no aprendizado e nos aspectos ambientais como cultura, classe sócio-econômica, grupos de influencia e aspectos pessoais como motivações, envolvimento, atitudes, personalidades e valores. Para Burlamaqui e Barbosa (2006), as trocas relacionais com a marca devem proporcionar o maior valor possível para os clientes. Este valor transfere a recompensa para a marca, ao lucro, às vendas e dividendos sobre as ações. Urdan (2001) examinou as preferências dos consumidores de cervejas, considerando os atributos extrínsecos como a marca e o sabor como atributo intrínseco. Foram encontrados resultados relevantes que nos fazem refletir sobre o quanto o gerenciamento da marca adequado pode gerar resultados a uma empresa. Foi identificada uma forte preferência por uma das marcas antes do teste cego, fato que além de não se confirmar no teste de degustação sem identificação da marca, 55 apresentou uma diferença de 1.800%. Ou seja, a marca D foi a menos preferida no teste de preferência por marca, mas foi a mais preferida no teste do produto intrinsecamente. Desta forma, parece razoável sugerir que em situações de atributos intrínsecos muito semelhantes, onde o consumidor possui pouca capacidade de distinção, o gerenciamento da marca e sua força passam a ser fundamentais para a liderança de um produto. Mengarelli (2008) estabeleceu cinco dimensões para a personalidade da marca: credibilidade, diversão, superação, autenticidade e sofisticação. A dimensão credibilidade é composta pelos indicadores confiante, segura, respeitável, as marcas (Adidas e Nike) representam score alto. A dimensão diversão é composta pelos indicadores extrovertida, alegre, festiva e divertida, as marcas (Coca-cola, MTV) foram bem avaliadas pelos jovens. A dimensão superação é composta pelos indicadores corajosa, ousada, dinâmica, representa sensibilidade, uma forma diferente de interpretação desta nova geração, em que o feminino pode ser mais ousado e o masculino pode ser mais flexível. A dimensão autenticidade é composta pelos indicadores autentica, descontraída e bem sucedida, para o jovem é essencial buscar a sua diferenciação e se apresentar de forma autêntica à sociedade. A dimensão sofisticação é composta pelos indicadores sofisticada, chique e fashion se apresenta como uma nova forma de expressão da geração para designar uma marca ou uma pessoa com glamour (Apple e Dior). O autor analisa a relação entre tais construtos que os adolescentes valorizam e comunicam outros aspectos em suas relações com as marcas, como é o caso da dimensão superação, que indica a necessidade de adaptação constante das marcas e produtos. A marca é parte integrante importante no processo decisório e sua influencia se dá, fundamentalmente, nos primeiros três níveis do processo de decisão de 56 compra. Ocorre quando o consumidor reconhece uma necessidade, ele o faz a partir de uma realidade, de uma situação que o envolve desde influencias ambientais (cultura, classe social, influencias pessoais, influencias relacionadas à família) e diferenças individuais (recursos, motivações e envolvimento, atitudes, personalidade e valores), que acabam por configurar o conjunto de benefícios que o consumidor procura obter por meio da compra, além das suas atitudes e percepções sobre as marcas existentes e concorrentes (HAWKINS, MOTHERSBAUGH e BEST 2007). 2.6 REPUTAÇÃO A marca está diretamente associada à imagem de longo prazo da empresa – reputação. A imagem da empresa é de grande importância para os serviços, pois ela pode influenciar na percepção de qualidade dos clientes. Se a imagem da empresa for favorável na concepção do cliente, pequenos deslizes poderão ser perdoados, mas se os erros forem freqüentes, poderão afetar a imagem da empresa. (GRÖNROOS, 2003). A criação de uma marca envolve a construção de estruturas mentais para ajudar os consumidores a organizar seu conhecimento sobre produtos e serviços, de modo que esclareça sua tomada de decisões e forneça valor para a empresa. (KELLER e MACHADO, 2006, p.10). A reputação de uma marca pode ser desfragmentada se o processo de um serviço oferecido não consegue satisfazer as expectativas dos clientes. Um serviço de qualidade ruim não consegue ser salvo por sua marca. (GRÖNROOS, 2003). Para Einwiller (2001) o principal papel da reputação é gerar confiança nas empresas. A reputação representa a percepção coletiva de um ator, enquanto as 57 imagens de uma marca, por exemplo, residem na mente de um indivíduo. Assim, a imagem e a reputação organizacional tornam-se elementos extremamente importantes para a criação de valor nas organizações. Um valor intangível, dificilmente construído, porém, que pode ser perdido de um momento para outro. O valor da marca é quase sinônimo de reputação da marca. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007), afirmam que as marcas com boas reputações têm potencial para níveis altos de valor da marca, enquanto marcas desconhecidas ou com reputação negativa não têm. Entende-se ainda que, com valor da marca a empresa tem participação do mercado e, também diminui a sensibilidade do consumidor ao preço. Oliveira (2007) elaborou uma pesquisa envolvendo dois construtos fundamentais, reputação e valor da marca com relação a determinado automóvel. Para o primeiro, os construtos avaliados foram: desempenho, liderança, cidadania, governança, inovação, ambiente de trabalho e produtos; para o segundo foram avaliados a qualidade, lealdade, associações e lembrança da marca. A autora afirma que “[...] a mídia e comunicação da empresa auxiliam nesse processo de atribuição de valor à marca, montando seu posicionamento na mente do consumidor” [p.14]. Por meio de um modelo de equações estruturais, concluiu que para a reputação, os construtos mais importantes foram a liderança e a governança. Para o valor da marca, o construto mais importante foi a lealdade. Para Hamel e Prahalad (1995, p.299-300), especificam o reconhecimento, a reputação e afinidade como os atributos que determinam o impacto dessa sobre predisposição do consumidor. A reputação é, de fato, um dos fatores que contribuem para a qualidade percebida (GARVIN, 2002, p.72). 58 As marcas podem variar quanto ao poder e valor que o mercado pode lhes atribuir. Uma marca que tenha um grande valor patrimonial possui maior grau de fidelidade, conscientização de nome, qualidade percebida, além de poderosas associações de marca e outros ativos como patentes, marcas registradas e relacionamento com os canais. Tudo isso pode conferir a uma empresa muitas vantagens competitivas (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 213). Ao longo do tempo, os profissionais do marketing vêm construindo um amplo conhecimento dos efeitos dos diversos estímulos que influem no aumento da percepção dos clientes e gerentes de marca passam a adquirir o papel de engenheiros de marca, manipulando esses estímulos de modo a atingir altos níveis de valor ao cliente (KNOX, 2004). Ao buscarem valor superior para seus clientes, os gerentes se conscientizam que suas organizações têm de lhes estimular sob diversas maneiras, além da tradicional comunicação de marketing acerca de produtos e serviços (MITCHELL, 1999). Algumas dessas abordagens podem ser: o contato com os clientes feitos por meio do website da empresa, a maneira como são vendidos os produtos e serviços na internet, o contato a partir de call centers, etc. Cada experiência promove um contexto para os clientes avaliarem e testarem a imagem da organização, assim como a sua reputação; sua habilidade de entrega de valor contra as expectativas dos clientes. Para desenvolver uma abordagem integrada para esses esforços, o contexto da marca tem de mudar para abraçar a cultura, know-how e sistemas e processos organizacionais, assim como os produtos (DOYLE, 1998). Sem tal transformação no pensamento estratégico de marketing as atividades para a construção tradicional da marca dificilmente poderá criar valor (KNOX, 2004). 59 3 METODOLOGIA Esta pesquisa testou hipóteses específicas relacionadas ao valor percebido, ao comprometimento afetivo, ao valor da marca e às intenções de lealdade nas atitudes do consumidor em relação à decisão de compra por artigos de vestuário da marca Fórum, no Estado do Rio de Janeiro. Optou-se por utilizar o modelo teórico desenvolvido por Johnson, Herrmann e Huber (2006) em uma versão modificada, aplicando-o no tempo de recompra do produto. 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa caracteriza-se como conclusiva descritiva com abordagem quantitativa, pois tem como objetivo precípuo testar hipóteses associadas a relações de dependência entre construtos por meio de modelagem de equações estruturais (MALHOTRA, 2006). Quanto ao procedimento para coleta de dados, segundo o mesmo autor, são dois os principais métodos quando estamos realizando uma pesquisa descritiva: 1) survey - é um método para se obter informações com base no questionamento de entrevistados, geralmente de forma estruturada, que pode ser realizado das seguintes formas: telefone, pessoal, correio e eletrônico, cada uma com suas vantagens e desvantagens; 2) observação - pode ser de forma pessoal ou mecânica e envolve o registro de padrões de comportamento de pessoas, objetos e eventos, de maneira sistemática, para se obter informação sobre o fenômeno de interesse. 60 A escolha da abordagem do tipo survey foi evidente em função das características da pesquisa, além de já existir o instrumento de coleta preparado por outros pesquisadores. 3.2 POPULAÇÃO População alvo pode ser definida como uma coleção de elementos e objetos que detêm a informação desejada pelo pesquisador e sobre as quais devem ser feitas inferências (MALHOTRA, 2006). Dessa forma, a população a ser considerada nesta pesquisa corresponde a todos os consumidores de artigos de vestuário da marca Forum na cidade de Niterói, Itaperuna e Bom Jesus do Itabapoana, no estado do Rio de Janeiro. 3.3 AMOSTRA A amostra foi composta por consumidores da classe sócio-econômica A, B e C freqüentadores de dois Shoppings Centers e duas lojas de ruas comerciais, na cidade de Niterói, Itaperuna e Bom Jesus do Itabapoana no estado do Rio de Janeiro. Para obter uma maior consistência nos resultados, a faixa etária dos consumidores foi considerada como uma variável de controle. Foram entrevistados 200 consumidores, com idade entre 25 e 50 anos. 61 3.4 COLETA DE DADOS A coleta e o tratamento dos dados se referem às formas de agrupar e analisar os dados da amostra, importantes para a formação de informações que auxiliarão o pesquisador a compreender e explicar os resultados encontrados para o seu problema de pesquisa. Os dados a serem utilizados em uma pesquisa podem ser de duas naturezas distintas: os dados primários e os dados secundários. De acordo com Malhotra (2006) os dados primários são aqueles coletados ou produzidos pelo pesquisador especificamente para resolver o problema de pesquisa. Já os dados secundários são aqueles dados coletados para fins diferentes do problema em pauta. Os dados utilizados nesta dissertação são de natureza primária e foram coletados por pessoas instruídas e capacitadas. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário estruturado contendo questões formuladas conforme escala Likert adaptada para sete pontos. A escala de Likert requer que o respondente indique seu grau de concordância ou discordância em relação a uma série de afirmações relacionadas à atitude ou objeto. Esse tipo de escala é também chamado de escala somada, porque as pontuações de cada um dos itens são somadas para produzir uma pontuação total final para o respondente (AAKER, KUMAR e DAY, 2001, p. 298). A amostra foi coletada no período compreendido entre 01 de março de 2008 a 30 de abril de 2008 para realização de um pré-teste e a segunda coleta foi realizada no período compreendido entre 01 de setembro de 2008 a 30 de outubro de 2008. A amostra coletada obedeceu a um critério de seleção por conveniência, por ordem de atendimento ao consumidor que tenha adquirido a marca Forum objetivo desta pesquisa. O questionário deve ser testado antes por um subconjunto da amostra total e todos os aspectos do questionário devem ser avaliados, tais como: conteúdo das 62 perguntas, layout, seqüência, instruções e dificuldade do respondente entender as perguntas Malhotra (2006). Houve uma fase de pré-teste com uma amostra de 100 pesquisados e uma segunda fase com a amostra final totalizando 200 respondentes. As respondentes foram abordadas e entrevistadas por profissionais da área que seguiram todos os procedimentos. O pré-teste do questionário possibilita aumentar a validade e a confiabilidade do instrumento de coleta. (BABBIE, 2001). A análise inicial de pré-teste dos dados foi feita por meio do software estatístico SPSS® 16.0, que consiste em uma análise fatorial exploratória e a confiabilidade, por meio do Alfa de Cronbach onde se pretende verificar a capacidade de representação das variáveis latentes a partir das variáveis indicadoras obtidas a partir da amostra pesquisada. 3.5 VARIÁVEIS O modelo proposto é composto pelas seguintes variáveis: Valor Percebido (VP) – variável não-observada composta por quatro indicadores, todos com escala ordinal variando de 1 a 7, inclusive; Comprometimento Afetivo (CA) – variável não-observada composta por cinco indicadores, todos com escala ordinal variando de 1 a 7, inclusive; Brand Equity (BE) – variável não-observada composta por cinco indicadores, todos com escala ordinal variando de 1 a 7, inclusive; Intenção de Lealdade (IL) – variável não-observada composta por cinco indicadores, todos com escala ordinal variando de 1 a 7, inclusive; 63 3.6 HIPÓTESES As hipóteses da pesquisa foram baseadas nas estabelecidas no modelo por Johnson, Herrmann e Huber (2006) que propuseram o modelo objeto de análise desta pesquisa. Oliver (1999, p.184) ao estabelecer uma relação entre a Qualidade Percebida e a Satisfação do Consumidor assume que os atributos de um produto ou serviço determinam a Qualidade e que a Qualidade é necessária para a Satisfação das necessidades do consumidor. Ribas (2006) propôs um modelo para a lealdade de consumidoras em serviços de beleza onde o valor percebido era variável mediadora entre confiança e lealdade. Por último Johnson, Herrmann e Huber (2006) desenvolveram um modelo no qual o valor percebido constrói as intenções de lealdade, direta e indiretamente, por meio da criação do valor da marca e do comprometimento afetivo. Segundo os autores, o enfoque das intenções deve ser centrado no comprometimento afetivo, por estas intenções indicar o grau de envolvimento emocional do consumidor com a empresa, sua confiança e comprometimento pessoal. H1: o valor percebido de uma oferta tem um efeito direto e positivo nas intenções de lealdade. Para Burlamaqui e Barbosa (2006), as trocas relacionais com a marca devem proporcionar o maior valor possível para os clientes. Este valor leva à recompensa para a marca, ao lucro, às vendas e dividendos sobre as ações. Uma marca é importante para auxiliar os consumidores nas suas escolhas, de modo a orientar 64 todo o conhecimento sobre certos produtos ou serviços. (KELLER e MACHADO, 2006). O valor da marca é quase sinônimo de reputação da marca. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007), afirmam que as marcas com boas reputações têm potencial para níveis altos de valor da marca, enquanto marcas desconhecidas ou com reputação negativa não têm. H2: o valor percebido de uma oferta tem um efeito direto e positivo sobre o valor da marca. Garbarino e Johnson (1999) verificaram que a confiança em relação a um produto ou serviço sofre influencia da satisfação obtida pelo consumidor quando os relacionamentos são transacionais. Prado e Santos (2003) corroboram em seus estudos a importância da confiança na continuidade da relação entre cliente e empresa. Segundo os autores, a magnitude desta relação está entre comprometimento e a satisfação, o que dá a esta relação um papel intermediário de influencia sobre a lealdade. H3: o valor percebido de uma oferta tem uma relação direta, com efeito positivo, sobre o comprometimento afetivo. Kotler (2000, p. 58) compartilha do mesmo raciocínio, afirmando que os clientes altamente satisfeitos são muito menos propensos a mudar de fornecedor. Segundo o autor, um alto nível de satisfação cria um vínculo emocional com a 65 marca, não apenas uma preferência racional. Sendo assim, o resultado é um alto grau de lealdade do consumidor. Já Kotler e Keller (2006) afirmam que o valor pode se refletir no modo como os consumidores pensam, sentem e agem em relação à marca, bem como nos preços, na participação de mercado e na lucratividade que a marca proporciona à empresa. Oliver (1999) corrobora com o autor supracitado, afirmando que a satisfação é uma etapa necessária na formação da lealdade e que clientes leais são usualmente satisfeitos. Sendo assim, sugere-se a seguinte hipótese: H4: o valor da marca exerce influencia direta, com efeito positivo, sobre as intenções de lealdade. De acordo com Brei e Rossi (2002) o processo de decisão do consumidor é em boa parte guiado por variáveis latentes, tais como a satisfação do consumidor, a qualidade percebida, o valor percebido, a confiança e o comprometimento. Sirdeshmukh et al. (2002) buscaram testar a relação entre a confiança e a lealdade em trocas relacionais e encontraram que a relação entre as variáveis está baseada em argumentos de reciprocidade. Os autores identificaram ainda que a lealdade sofre um impacto da confiança por meio da mudança de percepção dos consumidores sobre a congruência de valores com o provedor do serviço. O aumento da confiança impacta a similaridade de valores entre o cliente e a empresa e, conseqüentemente, aumenta o envolvimento daqueles clientes no relacionamento. Logo, o crescimento do envolvimento entre as partes promove a reciprocidade e contribui para o compromisso relacional (BREI e ROSSI, 2002, p.5). 66 H5: o comprometimento afetivo tem uma relação direta, com efeito positivo, nas intenções de lealdade. A relação sintética das hipóteses desta pesquisa encontra-se no quadro 3. Quadro 3: Hipóteses iniciais do modelo HIPÓTESES H1 O valor percebido de uma oferta tem um efeito direto e positivo nas intenções de fidelidade. H2 O valor percebido de uma oferta tem um efeito direto e positivo sobre o valor da marca. H3 O valor percebido de uma oferta tenha uma relação direta, efeito positivo sobre o comprometimento afetivo. H4 Valor da marca tem uma relação direta, efeito positivo nas intenções de lealdade. H5 Comprometimento afetivo tem uma relação direta, efeito positivo nas intenções de lealdade. Fonte: Elaboração própria 3.7 O MODELO ADOTADO Em um estudo sobre as evoluções das intenções de lealdade, Johnson, Herrmann e Huber (2006) elaboraram uma pesquisa sobre intenção de lealdade dos consumidores de aparelho de telefonia celular durante um período de quatro anos divididos em dois tempos: a introdução mercado e as fases de crescimento do ciclo de vida. Por meio de um modelo adaptado controla os efeitos temporais no sistema, assim tem melhor compreensão da influencia do valor percebido, marcas e relacionamentos em relação às intenções. Os autores afirmam “[...] à medida que o mercado cresce e o cliente acumula experiência e informações, mais a atitude afetiva e a marca vêm conduzir as intenções de fidelidade” (p.130). Os autores 67 avaliam a satisfação percebida do cliente referente aos fabricantes de telefonia móvel e o reflexo que esta percepção, ao longo dos anos, provoca nas intenções de lealdades desses clientes. Os autores concluíram que o valor percebido tem um efeito positivo nas intenções de lealdade que, de acordo com o estudo por eles desenvolvido, diminui com o tempo. No valor da marca, o valor percebido do cliente tem um efeito positivo, porém, com o tempo, esse efeito diminui. O valor percebido, segundo os autores, tem um efeito positivo no compromisso afetivo, e este efeito cresce com o passar do tempo. De acordo com os autores, junto ao crescimento do mercado a experiência do cliente acumula e, as atitudes mais afetivas para um relacionamento e o valor da marca dirigem as intenções de lealdade. Eles enfatizam que o compromisso afetivo e o valor da marca são estratégias eficazes para operacionalizar os mediadores baseados em afeto que envolvem o efeito do valor percebido nas intenções de lealdade. Segundo Johnson, Herrmann e Huber (2006), o compromisso afetivo não tem nenhum efeito significativo nas intenções de lealdade, porém, com o passar do tempo, este efeito se torna positivo, progressivamente. E o mesmo acontece para o valor da marca. 68 Figura 7 – Modelo Conceitual: A evolução da intenção de lealdade Valor Percebido t2 Comprometimento Afetivo t2 Valor da Marca t2 Intenções de lealdade t2 Fonte: Adaptado de Johnson, Herrmann e Huber (April 2006, p. 124) O modelo adotado representa uma versão modificada, uma vez que não contempla o efeito temporal de um período para o outro. Será avaliado sobre o uso da marca como atitude de manifestação de lealdade, principalmente em atuação de recompra, conforme a figura 7. Os autores argumentam que a lealdade é construída por meio dos valores percebidos que, direta e indiretamente, participam da criação do valor da marca e do comprometimento afetivo do consumidor. Segundo esses autores, a intenção de compra no início do ciclo de relacionamento é devida aos valores percebidos e que essa intenção se fortalece ao longo do tempo com a empresa e com a marca, apesar do enfraquecimento da percepção desses valores. 69 3.8 DELIMITAÇÕES O modelo proposto nesta dissertação possui as seguintes delimitações: • A estruturação da pesquisa foi elaborada de modo tal que a amostra foi coletada transversalmente, ou seja, as entrevistas foram obtidas em duas etapas – pré-teste e análise final - sem preocupação com o tempo; • Este procedimento foi uma simplificação daquele proposto pelos autores (JOHNSON, HERRMANN e HUBER, 2006) quando realizaram coletas em dois períodos distintos e específicos, antes e após a decisão de compra; • Os construtos selecionados para especificação do modelo são aqueles restritos aos propostos pelos autores, no caso são eles: “valor percebido”, “intenção de lealdade”, “comprometimento afetivo” e “valor da marca”; • Os caminhos entre os construtos foram adaptados como tentativa de melhorar o poder de explicação do modelo e a significância dos seus parâmetros. 3.9 TÉCNICA DE ANÁLISE O tratamento dos dados foi realizado por meio de modelagem de equações estruturais (MEE). A modelagem de equações estruturais (MEE) permite examinar, simultaneamente, uma série de relações de dependência com eficiência estatística, o que não seria possível com outras técnicas de análise multivariada, tais como a regressão múltipla, a análise fatorial, a análise de variâncias, entre outras. O 70 diagrama de caminhos ilustra as relações entre construtos que serão mensurados por meio de variáveis observadas. A regra geral é que cada construto seja definido por um número de variáveis observáveis que varia entre cinco e sete (HAIR et al., 2005). Hair et al. (2005) enumeram três tipos de abordagens ou estratégias para MEE. A confirmação de modelos, o teste de modelos concorrentes e o desenvolvimento de modelos. Em nosso estudo, a confirmação de modelos é utilizada para determinar se um padrão de variâncias e covariâncias dos dados é consistente como o modelo especificado. Para dar suporte à modelagem de equações estruturais, foi utilizado o software AMOS 4.0. Segundo Hair et al. (2005) sete estágios devem ser seguidos para a aplicação MEE: (1) Desenvolvimento de um modelo teórico. As declarações causais devem ser resultado de um aprofundamento teórico e de julgamento criterioso do pesquisador; (2) Construção do diagrama de caminhos. O diagrama de caminhos permite não somente uma visualização gráfica das relações entre os construtos, mas também estabelece a associação entre os construtos e os seus indicadores; (3) Conversão do modelo de caminhos no modelo estrutural e de mensuração. No AMOS 4.0, não existe a necessidade de escrever as equações, pois o software as define diretamente do diagrama de caminho. O modelo estrutural avalia a relação entre as variáveis latentes, enquanto no modelo de mensuração são definidas as relações entre os indicadores (variáveis observáveis) e os construtos (variáveis latentes). A validação é feita por meio da análise fatorial confirmatória (AFC) que está especificada no sexto estágio. (4) Escolha da matriz de entrada e estimação do modelo proposto. Há dois tipos de matrizes de entrada de dados: correlação e 71 covariância. No AMOS 4.0, os dados podem ser inseridos na forma bruta, pois são automaticamente convertidos nas matrizes acima citadas. O método de estimação mais utilizado é o de máxima verossimilhança (ML). A normalidade dos dados e a utilização de grande amostra são pressupostos da estimação por ML. Segundo Hair et al. (2005), é possível aplicar a ML em amostras entre 100 e 150 casos, sendo o ideal acima de 200; (5) Identificação do modelo estrutural. Um modelo é subidentificado quando tem uma quantidade negativa de graus de liberdade, pois, neste caso, o modelo tem mais parâmetros para estimar do que informação disponível. O pesquisador deve desenvolver modelos mais do que identificados com o maior número possível de graus de liberdade; (6) Avaliação do modelo. A finalidade precípua em MEE é analisar a extensão em que o modelo hipotético descreve adequadamente os dados da amostra. A avaliação do ajustamento do modelo deve ser conduzida sob duas perspectivas inter-relacionadas, quais sejam: 1) as estimativas dos parâmetros; e 2) o ajustamento global do modelo. 72 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A análise dos resultados foi realizada em duas seções, na primeira, são tratados os resultados obtidos com apoio da estatística descritiva. Na segunda seção, analisaremos os resultados obtidos com a modelagem de equações estruturais. 4.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS A descrição da amostra será feita principalmente por gráficos que mostrarão de forma clara o perfil das pessoas pesquisadas. As perguntas utilizadas como filtros da pesquisa trataram de aspectos como idade, gênero, freqüência de compra nas lojas pesquisadas e identificação da intenção de compra na qual foi realizada a última compra. A maior concentração foi de mulheres com idade entre 26 a 35 anos (aproximadamente 38% da amostra), resultado de certa forma previsível, visto que a maioria dos produtos ofertados são direcionados para este público. A maioria dos jovens pesquisados deixa-se influenciar pela tecnologia, música e moda, com isso compram roupas caras e gostam de usufruir produtos de luxo, com estilos variados se consideram na moda. Para Sheth, Mittal e Newman (2001), uma pessoa ao pensar sobre o que é importante em sua vida, o faz por meio de seus valores pessoais. Alguns jovens recebem mesada, outros trabalham e já possuem cartão de crédito. A opinião independente dos seus pais comprova a autonomia, a vaidade e o interesse na modernidade, e geralmente acabam consumindo produtos e serviços sem levar em 73 conta a situação financeira existente. Neste sentido, tendo-se por base a afirmação de Kotler (1998) existem os grupos de afinidade denominados primários, e os grupos de afinidade denominados secundários. Os grupos primários são constituídos pela família, pelos amigos, pelos vizinhos e pelos colegas de trabalho; com estes grupos a pessoa interage mais continuamente e são informais. Já os grupos secundários são constituídos pelas religiões, sindicatos e profissões, os quais tendem a ser mais formais e exigem interação menos contínua. Contudo, Solomon (2002) destaca que a organização familiar tradicional está diminuindo e, à medida que isso acontece, as pessoas estão colocando ênfase ainda maior em irmãos, amigos íntimos e outros familiares para ter companhia e apoio social. Como afirmam Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p.77) os grupos de referência são uma influencia para uma ampla gama de comportamento do consumidor. Segundo os mesmos autores a influencia do grupo de referência pode assumir três formas: 1) a influencia informacional ocorre quando os indivíduos simplesmente adquirem informação compartilhada pelos membros do grupo; 2) a influencia normativa ocorre quando um indivíduo se conforma às expectativas do grupo para conquistar aprovação ou evitar a desaprovação; 3) a influencia por identificação existe quando um indivíduo assume para si as normas do grupo como parte de sua auto-imagem e identidade. Além disso, é fato que grupos de referência podem não ter influencia em determinada situação ou podem influenciar o uso de categoria de produtos ou a marca utilizada (HAWKINS, MOTHERSBAUGH E BEST, 2007). Nesse sentido, os autores reforçam duas características das influencias dos grupos de referência: visível e privativo. O primeiro retrata o grau de visibilidade que se encaixa neste 74 contexto, o grupo de referência influencia apenas os aspectos do produto como a categoria, tipo ou marca que são visíveis ao grupo, por exemplo, o tênis de corrida (Reebok), artigos de vestuário no caso o jeans (Forum). O segundo demonstra um grau privativo pouca influencia sobre produtos e a marca. Portanto, os consumidores não compram produtos, serviços e marcas: eles adquirem imagens percebidas, ou seja, que pode vir a ser baseada no real ou em fantasia, mas que atenda aos anseios do consumidor. O gráfico 1 apresenta a distribuição da amostra levando-se em consideração a idade dos respondentes. Gráfico 1 - Distribuição de respondentes por faixa etária Faixa Etária 27% 22% 13% 25 ANOS 26 A 35 ANOS 36 A 45 ANOS ACIMA 46 ANOS 38% Fonte: da pesquisa (2008) Karsaklian (2004, p. 157) afirma que os valores influenciam o comportamento de compra uma vez que eles determinam os objetivos almejados, o nível de envolvimento, os atributos buscados e as atividades praticadas. No gráfico 2, a maior concentração foi de mulheres (aproximadamente 87% da amostra), resultado de certa forma previsível, visto que a maioria dos produtos ofertados são 75 direcionados para este público. As mulheres são mais envolvidas com vestuário do que a população masculina (SOLOMON, 2002). Para elas, o seu ambiente social está ligado às questões relacionadas à beleza, moda e comportamento. Nesse sentido, conforme o mesmo autor, as consumidoras valorizam a marca, ela representa não somente um nome, uma empresa, mas, também, uma cultura, um estilo de vida e, portanto, a marca vende o significado que a mulher busca para o seu dia a dia. O gráfico 2 apresenta a distribuição da amostra levando-se em consideração o gênero dos respondentes. Gráfico 2 - Gêneros dos respondentes Gênero 13% MASCULINO FEMININO 87% Fonte: da pesquisa (2008) A presente pesquisa esteve baseada na loja em que a consumidor havia feito a sua última compra de artigo de vestuário. No tocante ao grau de freqüência de compra, chama atenção o elevado nível de freqüência da amostra. Conforme o gráfico 97% da amostra retornam à loja mais de duas vezes, sendo que 2% dos respondentes visitam pela segunda vez e 1% visita a loja pela primeira vez. Este alto 76 nível de freqüência pode ser associado ao perfil característico de clientes que desenvolveram um gosto pela marca ou intenção de lealdade a marca. Com grande variedade de produtos, serviços e marcas no mercado associados a esta tendência humana à satisfação de desejos, proporciona uma maximização do consumo por parte do homem, que procura escolher dentro de suas possibilidades aquilo que lhe dê o máximo de prazer. De acordo com Kotler (2006, p.173) a decisão de compra é influenciado por fatores culturais (realização e sucesso, eficiência e praticidade, progresso, conforto material, individualismo, liberdade, humanitarismo e juventude), sociais (grupos de referência, família, papéis sociais e status), pessoais (idade e estágio no ciclo de vida, ocupação, circunstâncias econômicas, personalidade, auto-imagem, estilo de vida e valores) e psicológicos (motivação, percepção, aprendizagem e memória). Ainda segundo Engel et al. (2000, p.291) compreender os valores pessoais ajuda a entender as respostas individuais à questão “Este produto é para mim?”. Valores são particularmente importantes no estágio de reconhecimento da necessidade da tomada de decisão do consumidor, e também, são motivações duradouras. Desta forma, o marketing fornece os meios para alcançar estes fins. As empresas cada vez vêm estudando este mercado consumidor, elas trocam sua filosofia de produtos e de venda por uma filosofia do consumidor e de marketing. E quanto aos compradores, estes são ativados a desejar mais do que suas necessidades básicas requerem. A satisfação do cliente é considerada como um dos principais indicadores das empresas, elevar o valor do cliente significa cultivar um relacionamento de longo prazo com ele, isso se trata de (CRM) gestão de relacionamento com o cliente, cujo 77 foco é atender às necessidades individuais dos clientes valiosos. (KOTLER, 2006 p.151). O gráfico 3 apresenta a distribuição da amostra levando-se em consideração o grau de freqüência de compra. Gráfico 3 - Freqüência de compra FREQUENCIA DE COMPRA 1% 2% 1ª VEZ 2ª VEZ MAIS DE 2ª VEZ 97% Fonte: da pesquisa (2008) Em relação ao papel do comprador na decisão de compra, a amostra de clientes declarou que a finalidade da compra era: (i) para uso próprio com 70%; (ii) 16% para alguém da família; (iii) 14% para um amigo(a). A identificação da finalidade de compra dos entrevistados é importante por que por meio dela é possível predizer alguns comportamentos de consumo. Segundo Solomon (2002, p.152) o comportamento do consumo está relacionado diretamente às propriedades do objeto ou serviço a ser consumido, seja por meio de um prisma econômico pelos benefícios que os atributos relacionados a eles propiciam, ou ainda, segundo o mesmo autor, por uma perspectiva simbólica 78 caracterizada pelo produto, ou serviço, apresentar significados para quem os consomem. Assael (1992) classifica quatro tipos de comportamento de compra: 1) comportamento de compra complexa, na qual os consumidores estão muito envolvidos com a compra e sabem das diferenças marcantes entre as marcas. 2) comportamento de compra com dissonância reduzida, que ocorre quando os consumidores estão muito envolvidos em uma compra, mas notam algumas diferenças (pequenas) entre as marcas. O consumidor estará ligado às informações que justifiquem sua decisão de compra. 3) comportamento de compra habitual acontece quando o consumidor está pouco envolvido ou não está envolvido com a compra, e quando não há diferenças marcantes entre as diversas marcas. Os consumidores não buscam muitas informações sobre as marcas e nem avaliam suas características. 4) comportamento de compra que busca variedade, o consumidor está pouco envolvido com a compra e percebe as grandes e acentuadas diferenças entre as marcas disponíveis. Ele é obrigado a realizar escolhas de marcas. Já Goldsmith, Stith e White (1989) destacaram sobre a importância dos valores pessoais no momento da compra e concluiu que a inovação e o envolvimento das pessoas na indústria da moda dependiam de alguns valores, tais como auto-conceito, pertencimento e senso de conquista. Para os autores a moda depende ainda da alegria e motivação com a vida, ressaltando que aqueles produtos os quais o consumidor está envolvido, estão mais sujeitos a refletir seus valores sociais. Os resultados por intenção de compra são apresentados no gráfico 4 a seguir. 79 Gráfico 4 - Intenção de compra INTENÇÃO DE COMPRA 14% 16% 70% USO PROPRIO ALGUEM DA FAMILIA PARA UM AMIGO (A) Fonte: da pesquisa (2008) Assim, como a pesquisa esteve baseada na loja em que a consumidora efetivou a compra, ela também se referiu a freqüência e intenção de compra ao produto adquirido nessa última compra. Estes resultados eram de certa forma previsível visto que a pesquisa aconteceu em um período de recompra. 4.2 ANÁLISE EXPLORATÓRIA DA AMOSTRA FINAL A amostra utilizada nesta pesquisa consistiu em um total de 200 entrevistados entre homens e mulheres. Para caracterizar esta amostra, utilizou-se uma análise exploratória com o objetivo de avaliar a capacidade das variáveis métricas em formar agrupamentos consistentes. Foi adotado o método de extração dos fatores por análise dos componentes principais, seguido de uma rotação do tipo varimax, 80 método ortogonal de rotação que busca limitar o número de variáveis explicativas de um fator considerando apenas aquelas que representam elevada carga fatorial ou, em outras palavras, que contribuem significativamente para a explicação da variância de cada fator. O teste de Kaiser-Meyer-Olkin mensura a adequação da análise de componentes principais como procedimento para a redução da dimensionalidade. Valores abaixo de 0,5 indicam que as correlações entre as variáveis duas a duas são mais apropriadas do que algum outro agrupamento conforme proposto pela análise fatorial. Portanto, busca-se valores de KMO que sejam superiores a 0,5, idealmente próximos do valor máximo igual a 1,0. Neste caso o KMO resultou em 0,881, na tabela 1, o que comprova que a decisão de adotar um modelo de análise de componentes principais com rotação varimax resultou em um conjunto de componentes cuja capacidade das variáveis em explicar suas variâncias é significativa. O teste de esfericidade de Bartlett verifica se a análise de componentes principais possui a capacidade de detectar índices de correlação significativos entre as variáveis participantes do modelo. Para tanto, faz uma comparação com uma matriz identidade, de correlações hipotéticas, na qual a diagonal principal é igual à unidade e as demais células iguais à zero. Aderência a esta matriz indica total ausência de dependência entre as variáveis, confirmando assim a inadequação de qualquer método multivariado de redução das dimensões, a exemplo da análise de componentes principais. Para que tal hipótese se confirme, o valor do qui-quadrado ajustado aos graus de liberdade deve ser pequeno o suficiente para que a significância calculada seja superior a 0,05. No caso em questão, uma significância estatística igual a 0,00 conforme demonstrada no tabela 1, portanto inferior a 0,05, 81 rejeita esta hipótese e, alternativamente, confirma a ocorrência de índices de correlação significativos entre as variáveis, possibilitando a aplicação da análise fatorial. Tabela 1 – Teste KMO e de Bartlett Kaiser-Meyer-Olkin medição de adequação da amostra. Teste de esfericidade de Bartlett 0,881 Qui-quadrado aprox. 3084,701 Graus de Liberdade 171 Significância ,000 Fonte: Coleta de dados da Pesquisa A tabela 2 apresenta as comunalidades para cada variável, representando a participação de cada uma delas na explicação da variância do modelo. São desejáveis valores superiores a 0,6, piso este atendido por todas elas. Tabela 2 - Comunalidades Inicial VP1 1,000 VP2 1,000 VP3 1,000 VP4 1,000 BE1 1,000 BE2 1,000 BE3 1,000 BE4 1,000 BE5 1,000 CA1 1,000 CA2 1,000 CA3 1,000 CA4 1,000 CA5 1,000 IE1 1,000 IE2 1,000 IE3 1,000 IE4 1,000 IE5 1,000 Fonte: Coleta de dados da Pesquisa Extração ,815 ,726 ,822 ,819 ,782 ,831 ,802 ,710 ,676 ,726 ,665 ,595 ,680 ,719 ,774 ,701 ,750 ,672 ,764 82 A tabela 3 apresenta os autovalores, os quais representam as percentagens da variância atribuídas a cada componente. Neste caso, o primeiro componente rotacionado incorpora 20,525% da variância total, este número cresce até atingir 73,839% da variância para quatro fatores. O ponto de corte estabelecido para o autovalor inicial igual a um não se trata de uma regra, mas sim, de um critério (MALHOTRA, 2006, p.554). Tabela 3: Variância Total Explicada Soma Cargas ao Autovalores Iniciais Quadrado Total % Var % acum. Total % Var % acum 1 9,1-* 47,9 47,9 9,1 47,9 47,9 2 2,1 11,0 58,9 2,1 11,0 58,9 3 1,8 9,4 68,4 1,8 9,4 68,4 4 1,0 5,5 73,8 1,0 5,5 73,8 5 ,9 4,9 78,8 6 ,5 2,8 81,5 7 ,5 2,7 84,3 8 ,5 2,6 86,9 9 ,4 2,1 89,0 10 ,4 1,9 90,9 11 ,4 1,9 92,8 12 ,3 1,7 94,4 13 ,2 1,1 95,5 14 ,2 1,0 96,6 15 ,2 ,9 97,5 16 ,1 ,8 98,2 17 ,1 ,7 98,9 18 ,1 ,6 99,5 19 ,1 ,5 100,0 Fonte: Coleta de dados da Pesquisa Var Cargas ao Quadr Rotação Total % Var % acum 3,9 20,5 20,5 3,7 19,7 40,2 3,3 17,2 57,4 3,1 16,4 73,833 A tabela 3 apresenta as cargas fatoriais para a matriz de componentes rotacionados. Cada linha da matriz representa a contribuição que a variável específica fornece aos quatro componentes. Observa-se que as variáveis VP1, VP2, VP3 e VP4 contribuem significativamente para o quarto componente, originando assim um construto específico, o qual será denominado Valor Percebido. As 83 variáveis BE1, BE2, BE3, BE4 e BE5 contribuem para o primeiro componente, denominado Valor da Marca. As variáveis CA1, CA2, CA3, CA4 e CA5 para o terceiro componente, denominado Comprometimento Afetivo e, finalmente, as variáveis IE1, IE2, IE3, IE4 e IE5 para o segundo componente denominado Intenções de Lealdade. O resultado da tabela 4 confirma os valores coletados para a amostra e sua contribuição para a explicação do modelo teórico proposto. Tabela 4 – Matriz de Fatores Rotacionada Fatores 1 ,451 ,292 ,034 ,142 ,833 ,851 ,855 ,739 ,673 ,233 ,262 ,306 ,088 ,186 ,202 ,238 ,239 ,165 ,013 Fonte: Coleta de dados da Pesquisa VP1 VP2 VP3 VP4 BE1 BE2 BE3 BE4 BE5 CA1 CA2 CA3 CA4 CA5 IE1 IE2 IE3 IE4 IE5 2 ,234 ,239 ,242 ,206 ,186 ,283 ,089 ,110 ,143 ,149 ,445 ,167 ,334 ,431 ,732 ,732 ,761 ,764 ,769 3 ,085 ,178 ,266 ,051 ,072 ,120 ,236 ,345 ,366 ,804 ,616 ,669 ,716 ,698 ,391 ,210 ,261 ,222 ,190 4 ,741 ,743 ,832 ,868 ,221 ,111 ,080 ,180 ,261 ,060 ,138 ,160 ,217 ,106 ,211 ,253 ,211 ,106 ,370 A tabela 5 mostra as medidas de consistência interna, obtidas a partir do teste Alpha de Cronbach onde, segundo Hair at al. (2005, p. 466), é uma: Medida comumente usada de confiabilidade para um conjunto de dois ou mais indicadores de construtor. Os valores variam entre 0 e 1,0, com as medidas mais altas indicando maior confiabilidade entre os construtos. 84 Tabela 5 – Fatores obtidos Coeficiente Alpha de Cronbach CONSTRUTOS VARIÁVEIS COEFICIENTE ALPHA VALOR PERCEBIDO VP1, VP2, VP3, VP4 0,895 BRANDY EQUITY BE1, BE2, BE3, BE4 0,911 COMPROMETIMENTO AFETIVO CA1, CA2, CA3, CA4 0,870 IL1, IL2, IL3, IL4 0,901 INTENÇÃO DE LEALDADE Fonte: Coleta de dados da Pesquisa A confiabilidade de consistência interna serve para indicar se cada item (questão) mede algum aspecto do construto, que, por sua vez, está sendo medido por toda a escala. Os itens devem ser consistentes naquilo que indicam sobre a característica do construto (MALHOTRA, 2006, p.277). Para todos os construtos da tabela, cinco foram verificados valores do Alfa de Conbrach superiores a 0,6, ou seja, foi confirmada a confiabilidade satisfatória de consistência interna para cada um dos construtos. 4.3 MODELO DE REGRESSÃO ESTRUTURAL A modelagem de equações estruturais (MEE) permite examinar, simultaneamente, uma série de relações de dependência com eficiência estatística. O diagrama de caminhos deve ser definido em termos de construtos, para então serem medidos por variáveis. A regra geral é que cada construto é definido por um número de variáveis observáveis entre cinco e sete, embora quando se lida com escalas preexistentes, isto não seja válido (HAIR, ET AL., 2005). Hair, et al. (2005) enumeram três tipos de abordagens ou estratégias para a MEE. A confirmação de modelo, o teste de modelos concorrentes e o 85 desenvolvimento de modelos. Em nosso estudo, a confirmação de modelo foi utilizada para determinar se um padrão de variâncias e covariâncias dos dados foi consistente como do modelo. Para dar suporte a modelagem de equações estruturais foi utilizado o software AMOS 4.0. A avaliação do modelo deve ser calcada em dois pilares: o primeiro se refere às estimativas dos parâmetros, enquanto o segundo está relacionado ao ajustamento global do modelo. No tocante ao ajustamento dos parâmetros individuais do modelo, convém verificar se são consistentes com os pressupostos teóricos fundamentais, exibindo os sinais esperados com magnitudes razoáveis. Concomitantemente o erro padrão da estimativa do parâmetro não pode apresentar valor exageradamente elevado, nem excessivamente reduzido. O teste estatístico do AMOS 4.0 para avaliar a significância estatística das estimativas dos parâmetros é a razão crítica (Critical Ratio) que representa a estimativa do parâmetro dividida por seu erro padrão. A razão crítica funciona como a estatística z, quando se realiza o teste para verificar se a estimativa é estatisticamente diferente de zero. Em outras palavras, considerando um nível significância de 0,05, a estatística do teste necessita ser > ± 1,96, antes de se rejeitar a hipótese de que a estimativa é zero. A outra perspectiva empregada para se avaliar o modelo hipotético se refere à verificação de seu ajustamento global. No processo de estimação da MEE, são gerados valores para os parâmetros, com objetivo precípuo de minimizar a discrepância (ou o resíduo) entre a matriz de covariância da amostra e a matriz de covariância gerada pelo modelo hipotético. 86 No primeiro conjunto de estatísticas de ajustamento global do modelo, a discrepância mínima (CMIN) é análogo à estatística qui-quadrado (ξ²) que testa, em termos simplificados, a extensão na qual todos os resíduos entre a matriz de covariância da amostra e a matriz de covariância gerada pelo modelo tendem a zero. Na medida em que o valor da estatística (ξ²) tende a ser grande com amostras grandes, foi desenvolvida a estatística (ξ²)/ graus de liberdade, ou seja, CMIN/DF, no AMOS 4.0. Figura 8 – Diagrama de Caminhos para o Modelo Proposto Fonte: Elaboração da autora (*) Caminho especificado como covariação entre construtos 87 Para Arbuckle e Wothke (1999), os autores do AMOS 4.0, mencionaram o intervalo do CMIN/DF entre 2 e 5 como indicativo de ajustamento razoável entre o modelo hipotético e os dados da amostra. O índice de bondade de ajustamento (GFI) é um índice absoluto de ajustamento porque não compara o modelo hipotético a nenhum outro, mas apenas mensura o montante relativo de variância e covariância da amostra que é explicado pela matriz de variância e covariância gerada pelo modelo hipotético. Nesse contexto, o GFI é análogo ao coeficiente de determinação (R²) da regressão múltipla, assumindo valores entre 0 e 1. Os valores próximos de 1 são indicativos de modelos com ajustamento de excelência. Embora Schumacker e Lomax (1996) e Raykov e Marcoulides (2000) considerem valores acima de 0,90 indicativos de bons ajustamentos, é possível que modelos com magnitudes menores sejam extremamente sólidos, se as estimativas individuais dos parâmetros exibirem consistência. O mais importante na avaliação de um modelo é avaliar a sua solidez teórica, mesmo porque pode existir uma enorme gama de modelos distintos com níveis de ajustamento de excelência em relação aos dados de uma única amostra. A raiz do erro quadrático médio de aproximação (RMSEA) objetiva, segundo Byrne (2001, p.84) responde a seguinte pergunta: “Com parâmetros desconhecidos embora com estimativas escolhidas de forma ótima, quão bem o modelo se ajustaria à matriz de covariância da população caso estivesse disponível”. Valores de RMSEA abaixo de 0,05 indicam bons ajustamentos. Uma RMSEA de 0,08 indica um ajustamento razoável de valores de RMSEA variando de 0,08 a 0,10 indicam ajustamentos medíocres e maiores que 0,10 indicam ajustamento pobre. 88 Convém notar, uma vez mais, que o índice não deve ser considerado isoladamente. Na estimação do modelo estrutural são utilizados os caminhos hipotetizados no modelo teórico conforme a figura 8. As hipóteses são suportadas se os parâmetros estimados para cada caminho estrutural forem significantes. Para isso, os valores da estatística t (t-values) devem ser superiores a ±1,96 para p < 0,05. Tabela 6 – Estatísticas para o Modelo Proposto Classe de medida Sigla em inglês א² CMIV Resultado do modelo 436,69 DF 286 p-value 0,00 1.2 - Índice de adequação de ajustamento GFI 0,732 1.3 - Erro de aproximação quadrado médio raiz RMSEA 0,136 2.1 – Índice de ajustamento normalizado NFI 0,784 2.2 – Índice de ajustamento nãonormalizado TLI 0,791 2.3 – Índice de ajustamento comparativo CFI 0,821 א²/DF 4,7 Medida 1.1 - Estatística Qui-quadrado (א²) . Graus de liberdade . Nível de significância 1.Medidas de ajustamento absoluto 2.Medidas de ajustamento comparativas 3.Medida de 3.1 – Qui-quadrado por graus de liberdade ajustamento parcimonioso Fonte: Adaptado da saída do AMOS 4.0 Usando o critério da verossimilhança, o modelo foi estimado e o resultado mostrado na tabela 5. Percebe-se que o teste estatístico não foi capaz de não rejeitar a hipótese nula de igualdade entre as matrizes de covariância dos dados coletados e estimada por meio do modelo proposto (p-valor igual a zero). Assim, o ajuste absoluto não existiu. O valor do RMSEA é 0,136, indicando um ajuste global pobre do modelo. O GFI foi igual a 0,732, o que implica dizer que ficou abaixo do 89 limite recomendado por Hair, et al.(2005). Os demais principais índices de ajuste (NFI = 0,784, IFI = 0,822, TLI = 0,791 e CFI = 0,821) se aproximam do valor de corte de 0,90 apontado por Hair. et al.(2005). Em modelagem de equações estruturais, é comum que se avalie o índice de qui-quadrado normado (HAIR, 2005, p.524-525) obtido por meio da relação entre o qui-quadrado estimado e os graus de liberdade. O valor resultante de 4,7 e elimina a possibilidade de que o modelo apresente problemas de superajustamento (Hair. et al., 2005). 4.4 VALIDAÇÃO DAS HIPÓTESES Para validação das hipóteses, convém analisar as estimativas dos coeficientes de caminho. As hipóteses do modelo revisado foram testadas a partir da avaliação da significância dos parâmetros padronizados e os resultados apresentados na tabela 7. O valor crítico (CR), de todas as estimativas dos coeficientes de caminho, ao nível de 5%, foram superiores a 1,96, mostrando que os pesos de caminhos são estatisticamente significativos. O caminho do Comprometimento Afetivo (CA) para a Intenção de Lealdade (IL), é significativa com CR igual a 7,902 estimativa de parâmetro positiva. Da mesma forma o Valor Percebido (VP) para a Intenção de Lealdade (IL) apresentou um CR igual a 4,716 e uma estimativa de parâmetro positiva. Assim as hipóteses H1 e H5 foram aceitas. 90 No tocante às estimativas das covariâncias, todos os caminhos foram validados. O caminho entre Valor da Marca (BE) e Valor Percebido (VP) resultou em CR igual a 5,986. O caminho entre Comprometimento Afetivo (CA) e Valor Percebido (VP) resultou em CR igual a 5,683. E, finalmente, o caminho Valor da Marca (BE) e Comprometimento Afetivo (CA) resultou em CR igual a 6,232. Todos os CRs para as covariâncias resultaram significativos, assim, as hipóteses H2, H3 e H4 foram validadas sob este critério. Tabela 7 – Parâmetros do Modelo Estrutural IL ---- CA IL ---- VP VP1 ---- VP VP2 ---- VP VP3 ---- VP VP4 ---- VP BE1 ---- BE BE2 ---- BE BE3 ---- BE BE4---- BE BE5---- BE CA5 ---- CA CA4 ---- CA CA3 ---- CA CA2 ---- CA CA1 ---- CA Estimativa 0,544 0,237 1,000 0,778 0,766 0,908 1,000 1,084 0,967 0,800 0,872 1,000 0,872 0,747 1,007 0,682 Fonte: Adaptado de Amos 4.0. S.E 0,069 0,050 C.R. 7,902 4,716 0,055 0,056 0,065 14,212 13,648 13,878 0,068 0,064 0,063 0,073 15,904 15,193 12,785 11,950 0,069 0,076 0,072 0,064 12,615 9,775 13,923 10,694 91 A quadro 4 sintetiza a situação de validação das hipóteses iniciais: Quadro 4 – Situação das hipóteses quanto à validação o valor percebido de uma oferta tem um efeito ACEITA direto e positivo nas intenções de lealdade. o valor percebido de uma oferta tem um efeito ACEITA H2 direto e positivo sobre o valor da marca. o valor percebido de uma oferta tenha uma ACEITA H3 relação direta, efeito positivo sobre o comprometimento afetivo. valor da marca tem uma relação direta, efeito ACEITA H4 positivo nas intenções de lealdade. comprometimento afetivo tem uma relação ACEITA H5 direta, efeito positivo nas intenções de lealdade. Fonte: Elaboração da autora (*) Caminho especificado como covariação entre construtos H1 92 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa buscou compreender os fatores de intenção de lealdade que levam o consumidor a recomprar continuamente produtos de uma mesma marca. Acredita-se que o entendimento desses fatores leva à diferenciação do comportamento de recompra por hábito e a lealdade de clientes. A reflexão da referida questão levou à procura pelo alcance de alguns objetivos, tais como verificar se o modelo adaptado do proposto por Johnson, Herrmann e Huber (2006) apresenta resultados aceitáveis; mensurar e avaliar os construtos intenções de lealdade, valor percebido, comprometimento afetivo, valor da marca; e, por fim, avaliar a representatividade da amostra de consumo de artigos de vestuário da marca Forum. Os resultados mostraram que, de forma geral, as respostas da amostra de consumidores evidenciam manifestações positivas com relação à marca Forum. Os resultados encontrados no modelo de equações estruturais respondem em parte o problema desta pesquisa, ou seja, que o consumidor se compromete com a empresa e percebe o valor que ela transmite como positiva e a utiliza na decisão de escolha. Isto quer dizer que o valor da marca é percebido pelo consumidor a partir da reputação da empresa que passa por meio dos atributos como qualidade, confiança, preço e imagem. Com o crescimento do mercado, o cliente acumula experiência, as atitudes mais afetivas para um relacionamento e o valor da marca dirigem as intenções de lealdade. Com base nos resultados do modelo estrutural, verificou-se que o valor da marca (brand equity) não apresentou influencia relevante na especificação do modelo, da maneira como foi proposto nas hipóteses testadas. Por outro lado, os construtos valor percebido e comprometimento afetivo apresentaram impacto 93 positivo nas intenções de lealdade, logo, pode-se concluir que o comprometimento afetivo com a marca não atua como uma variável mediadora da relação entre o valor percebido e intenção de lealdade. Entretanto, trata-se de uma importante contribuição desta pesquisa, pois revela que este construto atua de maneira exógena, exercendo influencia antecedente ao construto intenção de lealdade. O brand equity cria valor para o consumidor, aumentando a satisfação de uso, a confiança na decisão de compra e na qualidade do produto ou serviço. Para a empresa, esse conceito pode gerar aumento da eficiência dos programas de marketing, lealdade à marca, margens de lucro e vantagem competitiva (AAKER,1998). De acordo com o sugerido na literatura (OLIVER, 1999; COSTABILE, 2000), encontrou-se nesta pesquisa que a valor percebido e comprometimento afetivo pode conduzir diretamente o consumidor a um sentimento de satisfação e atuam como um antecedente da lealdade. A percepção do cliente na compra por um produto tem efeito direto nas intenções de lealdade, no valor que ele dá à marca e no relacionamento que estabelece com a empresa. As intenções de lealdade, por sua vez, também sofrem influencia direta do valor que o cliente tem pela marca, bem como do relacionamento que tem com a empresa. Ao usar uma marca, muitos consumidores esperam apropriar-se de qualidades, benefícios, atributos que elas oferecem. Segundo Johnson, Herrmann e Huber (2006) o relacionamento que um cliente tem com uma empresa, sua percepção quanto a este compromisso, o valor da marca e a identificação do cliente com a mesma devem sempre ser controlados e avaliados, pois o que determina a lealdade do cliente a uma marca sofre influencia de todos estes fatores. Para os autores, a intenção de compra no início do ciclo de 94 relacionamento é devida aos valores percebidos e que essa intenção se fortalece ao longo do tempo com a empresa e com a marca, apesar do enfraquecimento da percepção de tais valores. Como implicação mercadológica, é possível observar que a marca Forum se traduz em prestígio e percepção de qualidade e, portanto, se constituem em atributos que sugerem o investimento por parte da empresa em inovação constante, conscientização da marca, fortalecimento no posicionamento das roupas desta marca, foco em mercado alvo de alta e média renda. Com isso, nota-se que a visão de futuro e a boa administração da empresa, além da demonstração de um comportamento ético e justo nos negócios, contribuem para formar a imagem consistente na opinião dos consumidores da amostra. Ressalta-se a importância da reputação da marca demonstrada pela empresa como ponto focal para as intenções de lealdade e comprometimento do consumidor. No entanto, poucas empresas destinam recursos, atenção e energia para construir e gerenciar suas marcas. O gerenciamento das marcas ainda é deixado por conta dos departamentos de marketing ou de vendas, sendo esta tratada apenas como um logo, uma marca registrada ou um slogan. Mas, a reputação de uma marca é uma identidade distintiva que diferencia uma promessa de valor e duradoura para um produto. Dessa forma, com as atuais exigências do mercado, não seriam suficientes apenas o poder econômico e a atualização tecnológica para que as empresas possam se manter competitivas, o que vale mesmo é sua capacidade se tornar única na mente e no coração do consumidor. Assim sendo, traçando um paralelo com a teoria, esta aponta que a imagem da empresa influencia a percepção de sua marca, evidenciando que os esforços da empresa nos quesitos de reputação também podem auxiliar em uma melhora do seu 95 valor da marca. Esta situação demonstra que ainda são necessários outros estudos que investiguem e aprofundem o assunto. 5.1 IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS E GERENCIAIS Como contribuições acadêmicas, esta pesquisa ofereceu apoio para a literatura tanto de valor da marca quanto de intenções de lealdade, valor percebido, comprometimento afetivo e reputação, especialmente no setor de vestuário. Os estudos sobre marcas são extremamente relevantes no momento, pois são avaliadas especialmente como um ativo intangível valioso. Avaliar a influencia da reputação no valor da marca abre novas pesquisas que explorem novas relações no marketing. Em termos acadêmicos, cabe lembrar que os resultados encontrados não podem ser generalizados. Talvez em uma amostra maior, esta pesquisa tenha outros resultados. Dentre as implicações gerenciais, no contexto de consumo artigos de vestuário de marca, verificou-se que valor percebido e comprometimento são importantes para formação de intenções de lealdade. Isto implica em valorizar a experiência de compra do consumidor altamente envolvido, tornando-a agradável. Deixar o cliente satisfeito passar por compreender, por exemplo, quais são os atributos mais valorizados por ele nesta experiência como: qualidade dos produtos, atualidade dos produtos, qualidade no atendimento, localização, ambiente de loja, dentre outros. Se o gestor conhece essas informações ele pode alocar maior quantidade de recursos nos quesitos que são mais valorizados pelos clientes e assim, proporcionar melhores condições de consumo. 96 O estudo deixa clara a importância da reputação como um fator diferenciador e, ao mesmo tempo, como um ponto de partida para compreender a essência da marca. Os gerentes devem administrar a marca considerando suas várias dimensões, de modo a harmonizá-las e projetar uma imagem consistente e coerente com as necessidades e aspirações dos consumidores. 5.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS Partindo-se do referencial apresentado nesta pesquisa, e superando as limitações aqui apresentadas, muitas outras pesquisas podem ser desenvolvidas. Dentre elas, podem-se destacar: pesquisas longitudinais que é mais apropriado para a determinação de relações de causa e efeito entre comportamentos de clientes, ao invés de uma transversal como esta. Um outro estudo pode ser desenvolvido a partir de uma diversificação geográfica da amostra. Entende-se que obter a avaliação dos consumidores de artigos de vestuários de marcas de outras regiões do país e aplicação de novos modelos possa revelar informações interessantes e de maior consistência para generalizações. Pesquisas futuras como a importância do valor das marcas é percebido por consumidores das classes C, D e E. E, também, uma avaliação do impacto que a indústria de falsificações provoca sobre a imagem da marca perante seu públicoalvo. Segundo Keller (1993), um dos primeiros passos para o correto gerenciamento da marca é o profundo entendimento do que ela representa na mente dos consumidores. 97 5.3 LIMITAÇÕES Esta pesquisa está limitada a uma área de marketing - sobre marcas e em um mercado especifico – Niterói, Itaperuna e Bom Jesus de Itabapoana do estado do Rio de Janeiro. A segunda limitação encontrada são constatações obtidas a partir da amostra não puderam ser generalizadas para outros consumidores e mercados. Além disso, o modelo proposto representa uma versão simplificada do modelo original dos autores Johnson, Herrmann e Huber (2006). O modelo original previa a consulta aos clientes de um período para outro, a primeira antes da decisão de compra, quando o consumidor ainda estava no processo de escolha; e a segunda consulta ocorria após a compra do produto. A pesquisa não tem objetivo temporal. Os valores encontrados foram medidos em um instante t2, dando uma visão de curto prazo. Outra limitação refere-se aos consumidores de artigos de vestuário da marca Forum que compuseram esta amostra são intrinsecamente diferentes, valorizando mais, de alguma forma, a marca, e se assumiu um possível viés de respostas favoráveis à marca. Assim não se deve esquecer que existe um alto nível de subjetividade nas respostas obtidas. Quanto às limitações características de um survey, devem-se salientar as considerações de Malhotra (2006), o qual cita fatores como alta necessidade de informação, mais tempo, custo moderado e alto e um baixo índice de obtenção de informações delicadas. Limitações teóricas ficam evidentes quando da impossibilidade de se medir todos os antecedentes da lealdade relatados na literatura, entre eles o valor 98 percebido e o comprometimento afetivo. Novos construtos sobre intenção de lealdade devem ser investigados na literatura e aplicados em novas pesquisas. 99 REFERÊNCIAS AAKER, D.A.; KUMAR, V.; DAY G.S. Pesquisa de Marketing. São Paulo: Atlas, 2001. _____________. O ABC do valor da marca. HSM Management, n.31, mar-abr 2002. _____________. Marcas: brand equity gerenciando o valor da marca. São Paulo: Negócio Editora, 1998. _____________; KELLER, K. L. Consumer Evaluations of Brand Extensions. Journal of Marketing, v. 54, p. 27-41, 1990. ANDERSON, W.E.; MITTAL, V.. 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Não existem respostas certas ou erradas, somente aquelas que mais se aproximam de suas opiniões a respeito dos assuntos que serão tratados nesta entrevista. Você aceita contribuir com este trabalho? Vou começar fazendo algumas perguntas para identificá-lo: Questionário: 1. Sr.(a) numa escala de 1 a 7, onde 1 significa discordo totalmente e 7 concordo totalmente , atribua uma nota que achar conveniente nas frases a seguir: a. A roupa Forum possui boa qualidade pelo dinheiro que eu pago. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião b. A roupa Forum é uma boa compra quando comparada com outras marcas. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião c. O preço da roupa Forum é bem pago pela qualidade que oferece. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião 105 d. A roupa Forum vale o quanto cobram por ela. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião 2. De acordo com a escala apresentada abaixo, como o Sr.(a) avalia o relacionamento com a sua marca. a. A marca Forum reflete meu estilo de vida. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião b. A marca Forum e minha personalidade se parecem. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião c. Eu me identifico com a marca Forum. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião d. Se a Forum fosse uma pessoa, eu gostaria de convidá-la para jantar fora. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião e. Gosto de usar roupa com a marca Forum estampada nela. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião 106 3. De acordo com a escala apresentada abaixo, como o Sr.(a) avalia o relacionamento com a sua marca. a. Pretendo manter meu relacionamento com a loja que vende roupas da marca Forum. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião b. O vendedor da loja que vende marca Forum se interessa em saber sobre meu gosto em relação com a marca. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião c. Se a roupa Forum fosse uma pessoa, eu gostaria de tê-la como minha amiga. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião d. Eu comento sobre as roupas Forum com o vendedor. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião e. Ocasionalmente o vendedor da marca Forum me convida por telefone para mostrar novidades. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião 107 4. Sr.(a) conforme escala de 1 a 7 apresentada abaixo, avalie as frases de acordo com sua probabilidade de ação. a. Na próxima vez eu definitivamente comprarei roupas Forum novamente. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião b. Caso minha roupa Forum fique velha, eu definitivamente comprarei outra. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião c. Se pudesse escolher qualquer roupa gratuitamente, escolheria roupa Forum. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião d. Eu recomendo minha roupa Forum para outras pessoas. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião e. Eu falo ou mostro para as pessoas a minha roupa Forum. 1 2 3 Discordo Discordo Discordo Totalmente muito 4 5 6 7 Não Concordo Concordo Concordo tem muito Totalmente opinião 108 5. Informe sua idade: ( ) ( ) Até 25 anos De 26 a 35 anos ( ) ( ) De 36 a 45 anos 6. Informe seu sexo: ( ) De 46 a 55 anos Acima de 56 anos ( ) Masculino Feminino 7. Freqüência de compra de roupa Forum: ( ) Primeira vez 8. Finalidade da compra: ( ) Para uso próprio ( ) ( ) Segunda vez ( ) Para alguém da família ( ) Mais de duas vezes ( ) Para amigo (a) 109 ANEXO B – MODELO ORIGINAL Modelo Conceitual: A evolução da intenção de lealdade Fonte: Johnson, Herrmann e Huber (April 2006 p. 124) Modelo Conceitual: A evolução da intenção de lealdade Fonte: Johnson, Herrmann e Huber (April 2006 p. 124)