ABSTRACT: The aim of this paper is to examine some aspects of the perception of linguistic difference and of the rhetoric mechanisms aroused thereby, during the Dutch government in Brazil under the ruling of Maurice of Nassau (1640-1647), based on the narrative of the Dutch historian, Gaspar Bar/eu (1584-1648). Selecionar fontes para 0 trabalho historiogrnfico niio c tarefa simples; 0 pesquisador tern, antes de tudo, de justificar suas escolhas. E 0 que acontece quando trabalhos tidos como "de menor monta" siio utilizados. No dizer de Swiggers, "essas fontes "marginais" frequentemente iluminam contextos institucionais, ideologicos c pessoais das visoes e teorias linguisticas. Podemos ver nelas a "cozinha" das ideias e modelos, em seu estado de emergencia." (Swiggers 1990:28). o texto que serviu de base para este trabalho talvez possa ser considerado "marginal" para a Historiografia da Linguistica Brasileira, ainda que tenha importancia para a rec9nstitui~iio da Historia do periodo. Trata-se do relato feito por Gaspar Barleu sobre 0 govemo de Mauricio de Nassau aqui no Brasil, durante 0 periodo conhecido por Brasil Holandes (1630-1654). 0 historiador holandes escreveu a Histaria dos fei/os recentemente praticados durante oito anos no Brasil, utilizando-se de informantes, documentos oficiais, relatorios de viajantes. Escrito sob encomenda, 0 relato e, antes de tudo, uma louva~iioa Mauricio de Nassau e, consequentemente, aos holandeses. A heterogeneidade lingiiistica brasileira durante 0 periodo transparece no texto, primeiramente, nas vozes que compoem seu discurso. A primeira delas, como se poderia esperar, e a do narrador. Homem erudito, nascido em Antuerpia aos 12 de Fevereiro de 1584, foi professor de Logica na Universidade de Leiden e professor de Filosofia e Retorica no Athenaeum de Amsterdam. Frequentou a roda de intelectuais e humanistas ilustres dessa cidade, a qual contava, entre outros, com Vossius e 0 celebre judeu .Manasses Bern Israel. A erudi~iio do autor se faz presente nas imimeras cita~oes dos mestres da Antigiiidade Chissica - Virgilio, Tacito, Aristoteles, Seneca e outros - cujo 'saber' ilumina a reflexiio de Barleu. Este compara as conquistas holandesas as dos gregos e romanos. Os holandeses dominam 0 discurso niio apenas na voz do narrador, mas no discurso direto que aparece sob a forma de transcri~iio de diversas cartas escritas por .Mauricio de Nassau ao Principe de Orange, aos Diretores da Companhia das indias Ocidentais ou a chefes militares. Muitas das respostas a essas cartas tambem foram transcritas (e vale ressaltar neste ponto que e exatamente ai que reside 0 grande valor da obra de Barleu). Vemos enUtoque 0 mundo holandes e 0 cemirio; 0 'som' da narra~iio, quase epica, e 0 elogio feito por holandeses a estada de Nassau em terras brasileiras. 0 contraste na narrativa esta no silencio: 0 silencio dos que, como mudos, tern sua hist6ria contada por outros. Ao indigena, nativo da terra, e concedido 0 papel de 'ncgativo' do holandes: urn povo mde, normalmente chamado de barbara. E descrito com detalhes, como no texto seguinte: Alguns dos incolas teem genio mais bravio, e outros 0 possuem mais brando, uns SaD c1aros, outros escuros. Andam nus homens e mulheres, exceto os moradores da capitania de S. Viccnte, que, mais civilizada, se cobrem com pclcs de anima is. Pintam a cores 0 corpo assaz robusto ou 0 afeiam com 0 sueo negro do jenipapo e 0 enfeitam com penas de aves variegadas. Do alto da cabe~a deixam cair somente urn negalho de cabelo, depilando as mais partes do corpo. 0 nariz e chato como 0 dos chins. (Barleu 1974:22-23) Os tapuias SaD identificados como a "na~ao de antropOfagos" (Barleu 1974: I R9); os habitantes da Paraiba san 'retratados' em meio it descri~ao de fmtas, animais e engenhos. 0 tom utilizado pelo narrador e, quase sempre, de admirac;ao ou compreensao, 0 que se pode explicar: 0 indigena C descrito, portanto c visto. 0 colonizador forte e poderoso chega a terras distantes e ve uma natureza difcrente, repleta de cores, animais e paisagens total mente diversas das que seus olhos estavam habituados. Todorov, referindo-se a conquista da America, diz que "Colombo fala dos homens que ve unicamente porque estes, afinal, tambCm fazem parte da paisagem." (Todorov 1993:33). E a revela~ao do exotico. Esse outro ser nao tern voz: e assunto do narrador, bra~o e guerreiro do colonizador. o negro faz parte do grande silencio da narrativa. Sua descri~ao e mais cma e 0 enigma de sua cor intriga 0 historiador: ela nao se justifica pelo sol, talvez pelo "ar nocivo", calor e chuvas "que geram a podridao e os vermes". Le-se: os povos daquela parte da Africa, que, ap6s a Barbaria, a Numidia e a Libia, c a quarta, e se chama Terra dos Negros, nome que tira ou dos naturais, que sao de cor negra, ou do rio Niger, 0 qual corta a regiao pelo meio [...] 0 ar, junto as costas da Guine, e nocivo aos nossos compatriotas, por causa do excessivo calor e das chuvas, que geram a podridao e os vermes. E pouco verossimil ser a negrura dos incolas devida a adustao do sol, pois 0 habitantes do Cabo da Boa Esperan~a sao muito pretos, e os espanh6is e italianos, a igual distancia do equador, sao brancos.(Barleu 1974:63). Os negros SaD contados como bens ou animais de carga. Vcr e ouvir 0 outro negro parece impossivel para 0 branco; atinal, 0 negro c 0 oposto do branco, nao poderia ser seu retlexo. As referencias aos brancos, ainda que distantes, tambcm revelam aspectos do olhar holandes. Os portugueses sao apresentados como vencidos: senhores de engenho, merecem 0 respeito devido aos primeiros colonizadores da terra, mas cairam sob 0 dominio espanhol. Podem (e devem) aliar-se ao holandes na luta pela terra mas, com certeza, terminarao subjugados por estes. Ve-se, por exemplo, na cita~ao abaixo: A maioria dos portugueses nos sao infensos, mantendo-se quietos s6 pelo terror, mas, apresentando-se-Ihes ensejo, mostram-se contra n6s desaforados e descomedidos em palavras. (Barleu 1974: 131) E a voz fraca e dominada daquele que perdeu, tern medo, e continuani a perder sempre (pelo menos no olhar do conquistador holandes). Por outro lado, Barleu apresenta 0 espanhol como inimigo: urn inimigo que nao perde a nobreza. 0 rei espanhol, da casa dos Filipes, ignorou e intentou desafiar os Estados-Gerais, como escreve Barleu: Muitos, por ignorarem 0 poderio dos Paises-Baixos, consolidado por privilegios reais, emitem juizos pouco justos. Ao rei nao faltam pretextos para atacar a mao armada a Republica, tomando a ma parte, sob color de rebeliao, os fatos ocorridos. Aos neerlandeses nao faItam razoes e coragem para repelir as hostilidades, de odio contra os dominadores e vingando a liberdade, pois, of endid a esta, se tomam agastadi~os e valentes. (Barleu 1974: I) Desafiando os Paises Baixos, a Espanha tenta consoli~r seu~ "privilegios reais" de posse e conquista garantidos por cartas de concessao do papa. E claro que a situa~ao e os interesses sao muito mais complexos, entretanto e importante notar que dessas afrrma.;:oes se deduz que 0 grande inimigo do povo holandes (na epoca) e urn outro povo - igualmente civilizado e forte. A grandeza do inimigo valoriza a vitoria. Ate este ponto pode-se observar que 0 eu holandes demonstra ter visto apenas o que the era habitual, como sua propria imagem refletida ; ouviu tao somente uma voz na America - a sua. A obra de Barleu, escrita originalmente em latim, foi traduzida para 0 portugues por Chiudio Brandao e publicada no Brasil em 1974, numa iniciativa do Sr. Gustavo Capanema, entao Ministro da Educa~ao. E 0 tradutor que fala do estilo for.;:ado, irregular, cheio de impropriedades, de incorre.;:oes sintaticas e defeitos que dificultam a imediata compreensa"o do texto. Sem reconhecido valor literario, a obra possui, porem, alguns aspectos significativos: 12) a transcri~ao de documentos da epoca, muitos na integra, 0 que assegura ao leitor/pesquisador fidelidade das informa.;:oes; 22) a presen~a de grandes trechos descritivos, atraves dos quais pode-se conhecer melhor os lugares, habitantes e costumes contemponlneos aos fatos relatados; 32) anota.;:oes de nomes dados pelos indios (ou outros habitantes) a plantas, animais, lugares, etc.; sao ao todo 109 palavras citadas ou copiadas no decorrer do texto. Com elas constituiu-se 0 corpus para a segunda parte deste estudo. Das 109 palavras encontradas, 76 sao de origem indigena (mais de dois ter~os do total), 10 sao portuguesas, 2 de origem espanhola, 12 de habitantes do Chile e I de nativos do Congo (vale aqui ressaItar que no final do livro, descrevendo uma viagem feita por Nassau e urn grupo de holandeses ao Chile, Barleu transcreveu uma lista contendo 428 palavras e 45 express5es basic as para conversa.;:ao colhidas pelos holandeses no Chile. Essa lista nao fez parte deste estudo que privilegiou as observa.;:oes e transcri.;:oes feitas em terras brasileiras). Desse modo, sabendo-se que a lingua portuguesa e a espanhola ja eram conhecidas (Barleu reconheceu, inclusive, "alguma semelhan.;a" entre elas e 0 latim), 0 que mereceu destaque foi 0 'novo', 0 exotico', ou seja, 0 indio. Foucault afirma que "a tarefa fundamental do "discurso chissico" consiste em atribuir urn nome as coisas e com esse nome nomear 0 seu ser." (Foucault 1992:137). Gerbi lembra que Adao, no Paraiso, tinha como tarefa nomear os animais, 0 que confirmava posi.;ao de superioridade do homem sobre toda a fauna (Gerbi 1968: 19). Reproduzir esses 'nomes' e dar-Ihes exist€mcia entre os europeus: 0 homemconquistador-holandes - forte, sabio e poderoso - traz "a vida civilizada" de seu tempo o som e a imagem do mundo em que (parece) participa como 'criador'. Concentrando 0 estudo apenas nas 76 palavras de origem indigena, constata-se que: 15 nomeiam fmtas e/ou legumes; 16 san nomes de "animais silvestres e mansos"; 6, nomes de aves; 4 nomeiam peixes; 9 san nomes de "peixes semelhantes aos mares da Europa"; 12, nomes "arvores da propria terra"; 8, nomes de lugares; 6 sao nomes de objetos. As palavras referentes aos animais sao a maioria, aproximadamente 45 % do total. Nota-se a ausencia de registros sobre contatos travados entre holandeses e indigenas, exeeto no que diz respeito a guerra. Outra ausencia importante c a de nomes pr6prios indigenas e de nomes de rela.;oes de parenteseo. Assim, parece que entre tantas "coisas", 0 indio e mais uma delas. Os nomes proprios presentes no texto referem-se, em geral, a lugares. Das nove cita.;oes encontradas no corpus, seis dizem respeito a nomes dados por portugueses e um por indigenas a lugares ou marcos importantes para a defesa do territorio conquistado. Essas localidades tiveram suas denomina.;oes alteradas durante a conquista holandesa e referem-se a: a) fortes, tais como Forte de Ceulen (substituindo 0 nome de Forte dos Reis Magos, dado pelos portugueses) ou 0 Forte de Santa Margaridu (nome dado ao Forte de Santa Catarina, conquista portuguesa); b) cidades, como Mauriciopole (nome dado pelos holandeses a cidade de Olinda) e Fredericopole (substituindo a denomina.;ao portuguesa dada a Filipeia); c) urn castelo. As cidades de Olinda e Filipeia sao citadas diversas vezes no texto com 0 nome holandes. 0 nome do Rio Grande foi dado pelos portugueses ao territorio chamado Potengi pelos indigenas. Em oposi~iio aos nomes de origem indigena citados (todos substantivos comuns) os nomes referentes aos portugueses, espanh6is e holandeses sao, na grande maioria, nomes proprios: cidades, rios, fortes. No que se refere as pessoas, 0 "born nome" do holandes ou batavo c quase sempre acrescido de adjetivos e epitetos, tuis como: "0 habilissimo almirante Lichthart" (Barleu 1974: 54) ou: Cornelio Jol, criado no mar e entre as ondas desde tenros anos, energico e experimentado na mareagem, resoluto pra todas as fa.;anhas, marinheiro sereno e confiante em si, de grande reserva, de veemente arrojo, capacissimo de fadiga e de fidelidade, mas mde em tudo 0 mais. (Barleu 1974:94). Desse forma 0 holandes se estabelece como sujeito na narrativa: tern nome proprio, relaciona-se no tempo e no espa.;o - tern historia. Por outro lado, os indigenas, portugueses e espanhois tern existencia generica - sao os "barbaros", os "vencidos" e os "inimigos". Procuramos deixar patente que a Historia do feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil por Mauricio de Nassau e contada por alguem que vi:. apenas dois seres: I) eu mesmo , 0 conquistador holandes, cidadao virtuoso, intcligentc, de nobre estirpe, de fala civilizada e organizada; 2) 0 outro, 0 nao-holandes, sem identidade, que pronuncia palavras barbaras e incompreensiveis, tern ma indole, genericamente 'vicioso'. Dai a questao: como foi vista a diversidade lingiiistica? Hartog afirma que 0 outro coloca-se como diferente sempre que hli dois termos, ~ e !;!,sendo que ~ nao e!;! (como por exemplo, gregos e nao-gregos). 0 contato de ~ e !;!dentro de urn mesmo sistema pode contribuir para 0 aparecimento do que chama ''uma retorica da alteridade" (Hartog 1980:228), sendo que as narrativas de viagem sao lugares privilegiados para 0 desenvolvimento desse tipo de discurso. Urn dos mecanismo utilizados nessa retorica e 0 da compara<;rio, que funciona como procedimento de tradur;rio. E como se 0 narrador tentasse colocar diante dos olhos do outro aquilo que ele proprio ve e interpreta (mais especificamente, neste caso, Barleu transcreveu 0 que Van der Dussen viu e relatou) tais como nas descri90es: "os CAJUS sao [como] peras silvestres, suculentas e inocentes" (Barleu 1974:72) ou "as ANTAS lembram mulas, mas teem porte menor" (Barleu 1974:137). A tradu9ao da diferen9a pode originar textos que ressaltam 0 curioso, 0 extraordimirio, construido num tipo de estrutura dupla: qualitativamente extraordimiria e quantitativamente notavel, tal como na passagem: E grandissima a variedade e multidao de papagaios e outras aves. Entre estas sobressai pelo tamanho, ferocidade, for9a e beleza de plumagem, 0 OvyzaOvassou, quasi duas vezes maior que a aguia. Tern por hlibito dilacerar as ovelhas e encarni9ar-se contra os cabritos. Vivem ali infinitos morcegos terriveis ate para os proprios homens. o mar, piscosissimo, fornece muitas sortes de peixes, de notlivel comprimento e de feitios diversos (Barleu 1974:234). No dizer de Hartog, 0 olho do viajante opera como medida do maravilhoso ou da curiosidade; sua narrativa "faz ver" ao destinatlirio. A opera9ao de tradur;rio procura, assim, passar 0 outro ao mesmo. A nominar;rio na tradu9ao e uma opera9ao redobrada, pois nomeia e classifica. Assim, se a anta lembra uma mula, houve urn processo em que urn nome foi dado a urn animal (ou fez-se conhecido 0 nome de urn animal) visto pelo narrador (ou seu informante); mas houve tambem urn processo de classifica9ao - "lembra uma mula" osignifica que 'e semelhante' nas formas (e quadnipede, seu tamanho, cor, etc.), apesar das diferen9as. Essa descri9ao "faz 0 leitor ver" a anta. No entanto, nao seria possivel usarmos a mesma descri9ao para outro animal, como a capivara, a paca ou 0 hipopotamo, por exemplo? Teriamos resultados diferentes na imagem que se formaria na mente do leitor? Possivelmente nao. Por outro lado, esse processo contribui para 0 efeito de alteridade sobre 0 destinatario. Hartog compara esse efeito ao de urn quadro .com legenda. A partir dos dados apresentados nao se pode dizer que houve, realmente, uma percep9ao da diferen9a. A totalidade do relato (ou quase) procura mostrar que tudo (ou quase tudo) que existe nessa terra (Brasil) corresponde a varia90es do que ja era conhecido pelo europeu; quando a diferen9a e realmente percebida acaba por cair no campo do curiosa ou extraordinario (0 que permite tambem uma fuga para 0 sonho, portanto, fuga do real). No que se refere aos aspectos da percep9ao da diferen9a lingiiistica, fica claro que, a princlplO, foi registrada no mmlmo a diferen~a de nomenclatura do mundo visivel, sem que tivesse havido interesse real na comunica~ao (nao ha registro de organiza~ao de sons em frases on dialogos entre os holandeses e os Ol/tros). Este COf]JlIS ainda possibilita estudos no que se refere it c1assifica~ao dad a pel os europeus e indigenas (tais como a que apareee nas designa~oes gencricas presentes no relatorio de Van der Dussen). 0 estudo da \ista de palavras de origem chilena tambcm pode ajudar 0 pesquisador a eompreender melhor os aspectos tidos como ·importantes para 0 conquistador holandes e em que medida influenciaram a pnHica lingiiistica nos contextos de domina~ao e, portanto, de contatos com linguas desconhecidas ou exoticas. RESUMO: 0 objetivo desta comunica~ao e analisar alguns aspectos da percep~ao da difcrenl;a lingiiistica e dos mecanismos de retorica por cia suscitados durante a vigcncia do govemo holandcs no Brasil, sob a administral;ao de Mauricio de Nassau (16401647), tendo por base 0 relato do historiador holandcs Gaspar Barlcu (1584-) 648). PALA VRAS-CHA VE: Scculo XVII. Historiografia dn Lingiiistica Brasileira; Brasil Holandcs; BARLEU, Gaspar. 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