AU TO RA L EG ID O PE LA LE I DE DI R EI TO UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CU M EN TO PR OT MARIA DE FÁTIMA SOUZA BARROS SANTOS INCLUSÃO ESCOLAR : DESAFIOS DO EDUCADOR DIANTE DOS ESTIGMAS E PRECONCEITOS UBATUBA 2008 MARIA DE FÁTIMA SOUZA BARROS SANTOS INCLUSÃO ESCOLAR : DESAFIOS DO EDUCADOR DIANTE DOS ESTIGMAS E PRECONCEITOS Trabalho apresentado a Universidade Cândido Mendes como pré-requisito para a obtenção de Certificado de Conclusão de Curso de Pós-graduação Lato Sensu, na área Psicopedagogia Institucional: Profª Tutora:Maria Conceição M.Puppo Ubatuba 2008 TERMO DE PROVAÇÃO Monografia Final do Curso Psicopedagogia Institucional Nota: Profª Maria Conceição Maggioni Puppo UBATUBA 2008 AGRADECIMENTOS À tutora , professora Maria Conceição Maggioni Poppe, pela orientação e apreciação do projeto inicial deste trabalho , favorecendo uma reflexão mais profunda sobre os desafios da inclusão e os benefícios da Psicopedagogia na aprendizagem . À Universidade Cândido Mendes pela oportunidade de oferecer um curso de alto gabarito, à distância, possibilitando a todos reflexões sobre as práticas aplicadas diante dos alunos com dificuldades de aprendizagem Psicopedagogia no universo da Inclusão. e a importância dos estudos da “ Todas as crianças, jovens e adultos, em sua condição de seres humanos, têm direito de beneficiar-se de uma educação que satisfaça as suas necessidades básicas de aprendizagem, na acepção mais nobre e mais plena do termo, uma educação que signifique aprender e assimilar conhecimentos, aprender a fazer, a conviver e a ser. Uma educação orientada a explorar os talentos e capacidades de cada pessoa e a desenvolver a personalidade do educando, com o objetivo de que melhore sua vida e transforme a sociedade “ . ( Marco de Ação de Dakar, abril de 2000) EDUCAÇÃO INCLUSIVA: COM OS PINGOS NOS “IS” , de Rosita Edler CarvalhoEditora Mediação, Porto Alegre- 2004 RESUMO O presente trabalho monográfico de pesquisa foi elaborado a partir das reflexões sobre os desafios do novo século que exigem do educador mudanças significativas, sobretudo com relação às crianças portadoras de necessidades especiais, mais especificamente as portadoras de transtornos ou distúrbios de aprendizagem, sobre as características, a problemática e as reais necessidades de seus portadores.O objetivo maior é o de promover e dar a conhecer esses transtornos que a cada dia mais efetivamente ocorrem em nosso dia a dia, sobre o papel da escola e do Projeto Político Pedagógico que deve atender a diversidade proposta pela comunidade ansiosa por uma escola que dê acesso, permanência e equipariedade. Tudo isso proposto por uma gestão escolar presente, incluída nos problemas da realidade escolar, sobre a capacitação dos educadores, que deve ser revista e redimensionada, para fazer frente ao contexto da Educação para Todos. Neste ínterim, a autora busca através da informação uma melhor qualidade de vida para os portadores de “especialidades” bem como um novo olhar pedagógico sobre essa diversidade. PALAVRAS CHAVES :EDUCAÇÃO-DISTÚRBIO-INCLUSÃO METODOLOGIA Com o objetivo de conhecer as reflexões docentes que se fazem no dia a dia quanto às visões de Inclusão que são necessárias, buscando a integração das crianças não só NEE (Necessidades Educativas Especiais), mas também de que forma essas crianças estão sendo integradas ao sistema educacional que em tese, e em lei deve receber essas crianças em salas regulares, buscamos por este trabalho monográfico o caminho das reflexões bibliográficas, entrevistas a docentes e direção, que têm em suas escolas esse atendimento especial, assim como conversas informais com docentes e direção sobre esse assunto, muitos até que já possuem pós-graduações em Educação Inclusiva. Encontramos o espaço para nossas reflexões em uma Escola Municipal que possui esse atendimento e esta nos abriu o espaço para que as ideias sobre a integração inclusiva pudessem ser clareadas. Nem da parte da direção nem do professor entrevistado houve nenhum empecilho para o estudo e pesquisa. Nas reflexões baseadas nos Referencias Curriculares para Educação Especial, Declaração de Salamanca, LDB (Lei de Diretrizes e Bases), foi evidenciado neste trabalho o quanto nossa fala ainda difere de nossa prática. Buscando compreensões sobre o papel do Psicopedagogo na Instituição Escolar, encontramos autores como Visca (1991), Hawkins (2001), que tratam de que forma deve ser o atendimento especializado desse profissional, trabalho esse que ainda está muitas vezes sem a compreensão necessária e sem os subsídios tão necessários para que o atendimento se faça na Instituição Escolar. Em Carvalho, (2004), encontramos a Inclusão ideal (que está longe daquilo que temos hoje nas salas regulares), e ainda nos mostra o verdadeiro “pavor” ou “indiferença”, que subsiste entre os profissionais que deveriam integrar, inserir, equiparar educacionalmente, profissionais que não tem má vontade, mas, que vêem na inclusão uma responsabilidade muito grande, para o qual não receberam nenhum tipo de capacitação, sequer conhecem quais são de verdade as necessidades de um aluno especial. Outros simplesmente “não conversam sobre o assunto”, jogando toda a responsabilidade para as políticas públicas. Conversando e entrevistando um Psicopedagogo e a direção dessa escola municipal, visualizamos da dificuldade em adequar as muitas necessidades ao ambiente, não só pedagogicamente, mas estruturalmente. Há uma criança em cadeira de rodas que cursa o 3º ano, foi improvisada uma rampa de madeira, que é carregada pelo inspetor de alunos, para que em um dos mais antigos prédios do município, a criança possa se locomover. Outra criança que agora está no 4º ano e também tem suas pernas atrofiadas, vai ao banheiro com muita dificuldade. O banheiro que deveria ser adequado é também improvisado, por isso a criança sofre um grande constrangimento, pois tem que ser “ajudada” em suas necessidades por uma inspetora de alunos. A escola tem uma Psicóloga Educacional (conversamos informalmente na sala dos professores), que infelizmente diante da tão grande demanda de síndromes e distúrbios (sem contar os casos de ordem social, pais que usam drogas, bebem, batem e apanham...), atende a uma comunidade extremamente pobre. Ainda que a escola seja no centro da cidade, (a comunidade do Parque Guarani foi recentemente concedida à população pela prefeitura, era toda uma área de posse, onde estão poucas casas de alvenaria e muitos barracos, a maioria das crianças da escola é dali), não consegue chegar perto do atendimento necessário, com a qualidade que ela desejaria e, que a comunidade necessitaria segundo o que a lei exigiria, tornando viável a “integração inclusiva”. Assim, todo o processo para esse atendimento é extremamente difícil, diante dessa clientela, essa é uma das maiores dificuldades da escola, “atender a tantas particularidades”. O Psicopedagogo atende uma sala de crianças com D.A. (Deficiência Auditiva) de manhã e a tarde uma de D.V, (Deficiência Visual), embora tenha demonstrado cordialidade e boa vontade, vê-se certa frustração em sua fala, diante da dificuldade de acessar a família e a não compreensão do corpo docente quanto a seu trabalho, que deveria estar ali para as intervenções e o subsídio ao professor para o atendimento, porém acaba-se por separar as crianças para que ele dê atendimento, quando ele mesmo sabe que as crianças deveriam estar incluídas em salas regulares, mas não estão. Acredita-o que os professores em sua “ignorância” acabam por confundir problemas de comportamento com distúrbios, causando assim uma demanda muito grande aos especialistas da escola que acabam por não atender com presteza aos que realmente necessitam, A entrevista foi realizada em uma manhã acompanhando seu atendimento nessa sala. Já por parte da direção na entrevista (a diretora entrevistada fez pós em Inclusão recentemente), também apesar da cordialidade há o ar de frustração, pois o que estudou e o que vislumbrou em autores e leis estão longe do ideal, ou mesmo do real (palavras dela), mas a escola é muito democrática e tem buscado alternativas para a integração das crianças. Os caminhos para este trabalho em hipótese nenhuma terminam aqui, diante de tantos desafios é preciso muito mais educadores discutindo sobre o assunto, pois a inclusão-integração é direito e com qualidade e equipariedade e respeito ao ser humano. SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................... p.11 Cap.I. CAMINHOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL............................. p.12 1.1-Buscando a Inclusão........................................................................................ p.13 1.2-À luz das Leis,novos desafios...para o Brasil.................................................. p.14 Cap.II. INCLUSÃO: POR ONDE COMEÇAR........................................................... p.18 2.1 –Entendendo os Distúrbios................................................................................ p.19 2.2-O papel do professor,da escola e da família.................................................... p.20 2.3.Com a palavra os mestres.................................................................................. p.23 Cap.III.O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL...................................p.26 3.1.A Dificuldade do Suporte em Sala de Aula....................................................... p.27 3.2. Uma nova visão de Inclusão Psicopedagógica............................................... p.29 CONCLUSÕES FINAIS............................................................................................. p.31 ENTREVISTAS(PESQUISA DE CAMPO).................................................................. p.32 BIBLIOGRAFIAS....................................................................................................... p.35 11 INTRODUÇÃO A educação na perspectiva escolar quanto à questão dos direitos que concernem ao homem, é baseada nos direitos humanos, e na Constituição em seu art. 5º, que garante, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo não só o acesso, permanência, mas a equipariedade do aluno especial. A política de inclusão de alunos na rede regular de ensino é iniciada a partir do séc. XX onde há uma mudança na concepção de atendimento às pessoas com deficiência, onde a construção de uma escola inclusiva tem início em contraposição ao modelo excludente, passando então a ser atendida não só a permanência física desses alunos, mas respeitando, valorizando a diversidade, exigindo assim, que a escola se conscientize de sua função e se coloque à disposição dos alunos. Para que isso aconteça é necessário que ocorram mudanças estruturais e legais, garantindo para todos os indivíduos, a participação em todos os setores sociais, com igualdade de oportunidades e condições favoráveis para se desenvolverem. Esse desenvolvimento pressupõe o atendimento com especialistas, é evidente que as instituições educacionais regulares, precisam contar com meios apropriados e suficientemente flexíveis para facilitar a tais educandos pleno desenvolvimento e a real integração social junto à comunidade em que vive. Considerando que no Brasil o processo de identificação do funcionamento dos distúrbios, transtornos e déficits são além de lentos, desanimadores, o presente trabalho de pesquisa pretende investigar, descrever e analisar os principais aspectos concernentes à história da inclusão no Brasil, vislumbrando o que concerne a alternativas pedagógicas que se possam fazer através da psicopedagogia, baseados em estudos bibliográficos e pesquisas de campo, buscando dar através da informação, formas relevantes de contribuição para os desafios que se colocam a inclusão. 12 1-CAMINHOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL “O conceito geral de se educar a criança até os limites de sua capacidade é relativamente novo” (KIRK e Galagher 1996) Entendemos que um dos desafios da Educação neste início de século é a valorização do ser humano como possuidor de um conjunto potencial para seu próprio desenvolvimento e para a sua inclusão na sociedade. Houveram grandes progressos desde a época da sociedade espartana. Na Grécia antiga, sacrificavam-se as crianças com alguma espécie de deformidade ou algo que saísse dos padrões para a sociedade da época. Nos últimos dez anos, a Educação Inclusiva foi impulsionada por políticas e práticas contra a exclusão em muitos países. Orgãos mundiais têm sido consensuais, buscando condições físicas, intelectuais, afetivas, sociais e linguísticas, defendendo que a inclusão é benéfica no plano educativo e social. Segundo Sassaki (1997), {...}muitos países já adotaram a abordagem inclusiva em suas escolas e o Brasil já começou a buscar o seu caminho, mesmo com pouca ajuda técnica e financeira. Porém com grande determinação por parte dos diretores, professores e pais, assim como alguns secretários estaduais e municipais de educação. (Sassaki,p.41,1997) Fomos no Brasil, historicamente falando, desde uma atitude primitiva de segregação e estigmatização, até a modernidade do conceito do movimento da escola inclusiva, de forma não muito tranquila, sempre diante das políticas sociais dominantes, que nem sempre entendem esse processo como prioridade. Porém no Brasil atual, buscamos as tendências mundiais adequando as ideias vinculadas às nossas realidades e peculiaridades. 13 1.1-Buscando a Inclusão À medida que aumenta o número de defensores e praticantes da filosofia da inclusão no campo educacional, ideia essa que vem repercutindo entre a sociedade como um todo, encontrando apoio até em quem desconhece profundamente o tema, questões como, de que maneira pessoas especiais podem estar incluídas em salas comuns? vem sendo debatidas e pequisadas. Para ir de encontro a esses questionamentos, retomaremos um pouco da história da inclusão, citando especificamente 4 (quatro) tempos distintos do processo de inclusão : Período anterior ao século XX : Pode ser chamada a fase da exclusão, na qual a maioria das pessoas com deficiência era tida como indigna de educação escolar. Século XX: É o chamado tempo de segregação. Começou-se um atendimento às pessoas deficientes dentro das instituições que, entre outras coisas, propiciavam classes de alfabetização. A partir da década de 50 e mais fortemente nos anos 60, com a eclosão do movimento dos pais de crianças a quem era negado o acesso a escolas comuns, surgiram as escolas especiais e, mais tarde, as classes especiais dentro de escolas comuns. O sistema educacional ficou com dois subsistemas funcionando paralelamente e sem ligação um com a outro: a Educação Comum e a Educação Especial. Neste periodo criou-se a Lei 4024/61 na qual o artigo 88 e 89 trata da Educação do Excepcional, com uma política de exclusão, marginalização e forte preconceito. Década de 70-Fase da integração : Embora a bandeira da integração já tivesse sido defendida a partir do final dos anos 60, mudanças filosóficas ocorreram, em direção à ideia de educação integrada, ou seja, escolas comuns aceitando crianças ou adolescentes deficientes nas classes comuns ou, pelo menos, em ambientes o menos restritivo possível. Só se consideravam integrados aqueles estudantes com deficiência, que conseguissem adaptar-se à sala comum, como esta se apresentava, portanto sem modificações no sistema. A Educação Integrada ou Integradora exigia a adaptação dos alunos ao sistema escolar, excluindo aqueles que não conseguiam adaptar-se, ou acompanhar os demais alunos. As leis sempre tinham o cuidado de ressaltar a condição “preferencialmente na rede regular de ensino”, o que deixava em aberto a 14 possibilidade de manter crianças e adolescentes com deficiência nas escolas especiais. Neste período surgiu a Lei 5692/71, alterando o termo excepcional para deficientes físicos, mentais, visuais e auditivos, porém com a mesma postura de atendimento ( “exclusão –peso”). Segunda metade da década de 80 e adentrando o século XXI: A idéia fundamental desta fase é a de adaptar o sistema escolar às necessidades dos alunos. A inclusão propõe um único sistema educacional de qualidade, para todos os alunos, com ou sem deficiência, com ou sem outros tipos de condição atípica. A Inclusão se baseia em princípios, tais como: • A aceitação das diferenças individuais como um atributo e não como um obstáculo; • A valorização da diversidade humana pela sua importância para o enriquecimento de todas as pessoas; • O direito de pertencer e não ficar de fora; • O igual valor das minorias em comparação com a maioria. A Educação Inclusiva depende não só da capacidade do sistema escolar (diretor, professores, pais e outros) em buscar soluções, para o desafio da presença de tão diferentes alunos nas salas de aula, como também do desejo de fazer de tudo para que nenhum aluno seja novamente excluído, com base em alguma necessidade educacional muito especial. 1.2-À luz das Leis,novos desafios....para o Brasil A partir da Constituição Federal de 1988, desencadeou-se uma maior preocupação com relação à Educação Especial, como podemos observar no artigo 208, Inciso III: O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante garantia de: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. ECA- ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE- Aprovado em 13 de julho de 15 1990, reforça a Constituição Federal, em seu artigo 54, inciso III: “É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Diversos documentos foram redigidos pelo mundo, priorizando os princípios da Educação Inclusiva. Segundo a UNESCO, citaremos alguns : - Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas de 1989 - Conferência Mundial sobre Educação para Todos. Aconteceu em Joimtein, na Tailândia, onde 155 governos, inclusive o Brasileiro, assinaram uma Declaração Mundial e um marco de ação através do qual esses governos se comprometiam em buscar ações para uma educação de qualidade, que pudesse dar equipariedade e qualidade a todos. Resultaram dessa conferência posições consensuais na luta pela satisfação das necessidades básicas de aprendizagem,capazes de tornar universal a educação fundamental e de ampliar as oportunidades para as crianças,jovens e adultos. Foram definidos nesta reunião mundial os Quatro Pilares da Educação, que fazem parte de nossos PCNs, nos dias de hoje, já buscando o atendimento a esse “acordo” mundial. São os Pilares que norteiam a Educação: Aprender a Conhecer Aprender a Fazer Aprender a Conviver Aprender a ser - O Regulamento da Nações Unidas para a igualdade de oportunidades dos deficientes ,de 1993. Comprometidos a eliminar a discriminação, em todas as suas formas e manifestações, contra as pessoas portadoras de deficiência. - A Declaração de Salamanca. O mais importante documento desses últimos anos. Reuniram-se em Salamanca,na Espanha, em Assembléia, os delegados da Conferência Mundial de Educação Especial, representando Governos e Organizações Internacionais, que reafirmaram o compromisso com a Educação para Todos e 16 elaboraram o documento, que apresenta a estrutura de Ação em Educação Especial: 1-Novo pensar em Educação Especial ; 2-Orientações para a ação em nível nacional: a) Política e Organização; b) Fatores Relativos à escola; c) Recrutamento e treinamento de educadores; d) Serviços externos de apoio; e) Áreas prioritárias; f) Perspectivas Comunitárias; g) Requerimentos relativos a recursos. 3-Orientações para ações em níveis regionais e internacionais: Os participantes proclamaram a importância da Educação Inclusiva,entendendo que as escolas devem buscar formas de educar os portadores de necessidades especiais no sentido de: a) Modificar atitudes discriminatórias; b) Criar comunidades acolhedoras; c) Desenvolver uma sociedade Inclusiva; d) Assumir que as diferenças humanas são normais; e) Beneficiar todos os estudantes e a sociedade como um todo, com uma Pedagogia centrada na criança. (Declaração de Salamanca.UNESCO,1994.) A nova LDB, nº 9394/96, garante e reforça a matrícula, sem discriminação de turnos, às pessoas portadoras de necessidades especiais nas escolas regulares, com o objetivo de integrar equipes de todos os níveis e graus de ensino com as equipes de educação especial, em todas as residências administrativas e pedagógicas do Sistema Educativo e desenvolver ações integradoras nas áreas de ação social, educação, saúde e trabalho. Esses direitos expressos em leis, são frutos de processos democráticos que indicam o reconhecimento da cidadania dessas pessoas. Os artigos 58 e 59 dispõem sobre a Educação Especial e sua organização específica e procuram priorizar o atendimento a essa clientela, nas escolas regulares, nos fazendo entender que os atendimentos a esses alunos devem ser concebidos através de currículos, 17 métodos, técnicas e recursos educativos diferenciados. Diante de tantos pareceres, leis, ações reflexivas e reflexões sobre as ações, é preciso compreender que o movimento para uma escola inclusiva, não pode ser feito somente por decretos ou leis, mas sim, por comprometimento da sociedade e uma busca incessante de tornar o ser humano, independente de suas condições físicas, feliz com sua própria vida. 18 2-INCLUSÃO: POR ONDE COMEÇAR O movimento de Inclusão social começou efetivamente a partir da metade dos anos 80 e teve impulso na década de 90. Temos claro que possui todas as características de que se firmará no século XXI. Falamos de uma sociedade para todos em termos como “inclusão” e “integração”, aparecendo, inclusive na nossa mídia cada dia mais. Essas palavras no âmbito da educação, significam, “inserção de qualidade para nossas crianças especiais na escola e na sociedade”. Uma inserção total e incondicional, inclusive adequando para suas competências, instrumentos escolares que possam ensinar-lhes uma profissão. Essa inclusão esquece o modelo antigo, cria um novo, transformando a escola para que se adapte às necessidades desses alunos. Sobre essas adaptações podemos citar os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada, devendo firmar a convivência no contexto da diversidade humana, bem como aceitar e valorizar a contribuição de cada um conforme suas condições pessoais. (PCNs-Adaptações Curriculares,1998 p.18 ) Estamos bem longe da sociedade dos povos pré-cristãos, que acreditavam ser a deficiência uma “maldição”. Houve um salto significativo nesse pensamento, inclusive nas terminologias, da maneira como nos referimos a essas pessoas, o que fora excepcional, passou a ser portador de necessidades especiais e até portadora de necessidades educativas especiais e, neste ponto, é necessário que pontuemos, diante de nossos estudos que se seguirão neste trabalho monográfico com clareza a essas expressões. Segundo os PCNs, A expressão necessidades educacionais especiais pode ser utilizada para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua 19 elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender.Está associada, portanto, à dificuldade de aprendizagem, não necessariamente vinculada à deficiência (s).PCNs MEC p.24). Constatamos que embora as terminologias tenham mudado, ainda existe, muita marginalização e uma não compreensão de que área atender. Passamos a nos ater as crianças D.V (Deficientes Visuais), D.A. (Deficientes Auditivos) e aos que estão em uma cadeira de rodas, e até as Sindromes como Down, Mongolismo...deixando de lado crianças com Distúrbios como a crescente Dislexia, as Disgrafias, Discalculias, Disfasias, Superdotação, Hiper ou Hipoativismo e suas comorbidades, entre outros distúrbios presentes em nossa vida escolar, e que, diante da lei deveriam ser atendidos com a mesma ênfase dos primeiros citados . Para a International Classification of Impartment Disabilities and Handicaps,”uma pessoa com necessidades especiais é uma pessoa com falta ou restrição de capacidades para executar atividades, tarefas, habilidades e comportamentos na forma ou âmbito considerado normal para um ser humano.” (Soler, Reynaldo.p.31). De acordo com a Politica Nacional para a Educação Especial (Brasília,1994), são considerados alunos portadores de necessidades especiais: Aqueles que, por apresentarem necessidades próprias e diferentes dos demais alunos, requerem recursos pedagógicos e metodologicos educacionais especificos. Consideram-se integrantes desse grupo os portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física, múltipla, condutas tipicas e altas habilidades.(Adaptações Curriculares.p.23, 1998) Temos claro por esses documentos que, ainda estamos longe de atender a todas as formas de necessidades, porém, esse é o grande desafio que se coloca ao século XXI, superar nossas limitações, buscando superar esses desafios e de verdade, de maneira multidisciplinar atender em nossas escolas a essas diversidades. 2.1 –Entendendo os Distúrbios Nos últimos tempos, diversos estudiosos vem trabalhando no sentido de entender por que, algumas crianças não conseguem aprender. Foram dectados diversos distúrbios de aprendizagem. Se faz necessário conhecer e conceituar distúrbio 20 para que não seja confundido com dificuldade de aprendizagem. Os distúrbios diferem da dificuldade por serem sistemáticos. Uma criança com distúrbios de aprendizagem terá grande dificuldade de aprender, por exemplo,pelo método global. Somente um diagnóstico multidisciplinar poderá conceituar a possibilidade de um distúrbio que pode estar entre uma dislexia (distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura ,escrita e soletração) que hoje é o maior índice nas salas de aula. Esses distúrbios ainda podem ocorrer por causas: Orgânicas: Cardiopatias, encefalopatias, deficiências sensoriais, deficiências motoras, paralisia cerebral, deficiências intelectuais entre outras enfermidades; Psicológicas: Desajustes emocionais provocados pela dificuldade da criança em aprender, o que gera ansiedade, insegurança e auto conceito negativo; Pedagógicas: métodos inadequados de ensino; Sócio–Culturais: Falta de estimulação, desnutrição, privação cultural do meio, marginalização das crianças com dificuldade especifica de aprendizagem pelo sistema de ensino comum. ( Johnson,p.63,1983) {...} quando se fala em dificuldade de leitura e escrita, especialmente no processo de alfabetização, é muito importante que sejam questionadas as condições em que as crianças iniciam esse processo, verificando as condições físicas, emocionais e intelectuais, bem como as habilidades e funções para aprender. Ao alfabetizador cabe a responsabilidade de, através de situações concretas envolvendo objetos e o próprio corpo do aluno, com atividades motoras, preparar a criança antes de expô-la a atividades gráficas. (ASSUNÇÃO COELHO p.27 2004). 2.2-O papel do professor,da escola e da família As escolas devem ajustar-se a todas as crianças , independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiências ou superdotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações imigradas ou nômades, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais. (Declaração de Salamanca:UNESCO,1994) 21 Em se tratando do âmbito escolar, a figura mais importante na abordagem da criança é sem dúvida o professor. É, com frequência, ele quem mais facilmente percebe quando um aluno está tendo problemas de atenção, aprendizagem, comportamentos emocionais, afetivos e/ou sociais e quem conduzirá, ou não, a criança portadora do transtorno a uma vida escolar mais próxima do normal. {...}a jovem professora estava alheia por completo à menina sentada na fila da parede,lá no meio da sala,olhando pensativa pela janela e que parecia nao se dar conta da divertida bagunça que campeava entre seus amiguinhos.Mas o que a professora não sabia é que debaixo da antiga carteira escolar de madeira escura ,um par de pezinhos balançava irriquieto,na mesma velocidade que os pensamentos da dona...A menininha sonhadora tinha movimentos do corpo um tanto contidos,mas sua mente saltava rapidamente de um devaneio a outro,ainda mais veloz que as perninhas incansáveis de seu colega “pestinha”-Flavinho.Seu nome só era lembrado na hora da chamada.Absorta em sua fértil imaginação,ela estava alheia ao ditado que a jovem professorinha estava começando a passar.Por causa disso,seria mais tarde duramente repreendida em casa e, muito nova ainda para relativizar as coisas,aceitaria de pronto todos os adjetivos com que seus pais a definiam:preguiçosa,relaxada.abilolada.Ela atravessaria os anos sofrendo com sua distratibilidade crônica,ainda que criativa,perdendo a auto-estima,à medida que ganhava altura e peso.Seu colega Flavinho,diagnosticado precocemente ,não precisou passar pela mesma carga de sofrimento” (Silva 2003). Parece-nos conhecer de perto essa história? Sim, ela acontece todos os anos em nossas escolas.Pesquisas mostram que o educador, sem o devido conhecimento sobre as dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, costumam deixar seus portadores “de lado”, ou sem notá-los, ou como se pouco pudessem contribuir para um bom aproveitamento escolar, e, consequentemente, para o acesso a uma vida acadêmica no futuro, quando não, com total falta de noção, os levam á piora de um quadro muitas vezes clinico, reforçando as características negativas de tais indivíduos. Um dos primeiros passos a ser dado na tentativa de solucionar os problemas é, verificar o que realmente está acontecendo. Essa primeira avaliação deverá ser feita por um grupo dentro da escola, levando em consideração o comportamento do aluno em várias atividades e situações. Depois, um encontro com os pais se faz necessário, quando a escola transmite suas preocupações com o aluno e mostra as opções para um diagnóstico correto, sugerindo a avaliação de profissionais de outras áreas. No entanto, os professores devem ter o cuidado de não diagnosticar e apenas descrever o comportamento e o rendimento do aluno, propondo um possível curso de ação. Crianças com distúrbios, dependendo de que tipo eles se manifestem, poderão 22 ter um atraso ou mesmo um avanço da aprendizagem, precisando assim que a negativa professor-aluno, não aconteça, ou seja, que o professor não seja mais um causador de “problemas” para sua criança. Independentemente do programa escolar, ao qual a criança portadora de transtornos, déficits ou distúrbios esteja submetida, sendo particular ou pública, ou mesmo de sua infra-estrutura, o fato é que o professor é quem está em posição e pode ter condições para desempenhar esforços que busquem entender tais crianças trazendo, assim, anos escolares mais felizes e repletos de sucesso. Tal situação tem sido constatada em depoimentos de pessoas portadoras de distúrbios, que tiveram a sorte de encontrar na infância, professores cuidadosos, com conhecimento sobre suas peculiaridades e com a boa vontade para colaborar com tais alunos, que chegaram à idade adulta como vencedoras de uma difícil etapa. Para tanto são necessários a preocupação e o conhecimento dos pais, em relação à escolha dos professores que estarão com seu filho, durante toda a sua vida escolar. Diferentes autores tem se preocupado com o manejo dessas crianças, visando contribuir para que os professores contem com ferramentas de apoio, que lhes permitam atender as necessidades educativas dos alunos portadores de distúrbios de aprendizagem no âmbito da sala de aula, tanto no aspecto cognitivo quanto no relacional. As formas propostas para lidar com as dificuldades, e também para prover as necessidades educativas das crianças, costumam responder às teorias e hipóteses que as sustentam.Uma vez que sejam aplicadas de forma consciente e que o professor esteja convicto do que está fazendo, todas essas estratégias podem ser complementadas à medida que também atendam a diferentes aspectos de um problema, por si só, complexo. 23 2.3.Com a Palavra os mestres Não são todos iguais na escola. (Edouard Claparede) Educar uma criança, tendo a mesma como centro das atenções é uma tarefa que exige um estudo contínuo e uma percepção adequada da realidade individual dos alunos, que vise favorecer a aquisição do saber e da aprendizagem que virá a desenvolver competências e habilidades, para adentrar a sociedade e exercer a verdadeira cidadania. Não uma cidadania como muitas vezes se vê escrito em planejamentos ou em teorias, mas uma cidadania verdadeira, que formará a criança para mudar seu meio, sua sociedade. Quando se trata de educar uma criança que necessite de cuidados especiais, essa ação tem que ficar ainda mais clara na comunidade escolar. Para que possamos não confundir os problemas de aprendizagem com má vontade, desinteresse, levando nosso aluno ao fracasso escolar, mediante a nossa postura pedagógica que muitas vezes não alcança esse educando, é preciso uma coerência entre o pensar e o agir educativos voltados para a inclusão. Posto essa forma de ver a escola inclusiva, precisamos tornar o “ser” e o “fazer” dessa escola responsáveis e comprometidos com a didática inclusiva. Quando um professor diz “não quero esse menino em minha sala de aula”,podemos interpretar sua recusa como má–vontade,medo,pouca colaboração...ou como a tradução do desejo de contribuir para o sucesso na aprendizagem do aluno,para o qual se sente desqualificado!(CARVALHO,2004.pg.74). Nas conversas, pesquisas de campo, para tornar efetivo esse trabalho monográfico, fica claro que enquanto a escola e os pais, esperam que o educador esteja preparado para o atendimento, frente ao movimento atual para a inclusão, em que todos os envolvidos estejam preocupados em integrar as oportunidades e ações para que esse aluno encontre um ambiente acolhedor, desafiador, para que possa 24 desenvolver-se e atingir as condições para ser inserido na comunidade, o professor encontra um verdadeiro dilema, confrontando-se com situações em que precisa entender como aquele aluno com necessidades educativas especiais aprende, o que aprende, por quais caminhos ele aprende, e, em uma escola que não dá subsídio para fazê-lo, é realmente desesperador. A inclusão passa então para o oposto, a exclusão, e aquele aluno que poderia, por mais limítrofe que seja, alcançar algum patamar de aprendizagem, acaba estando ali para ser “depositado” ou para a famosa “socialização”. Uma só voz, a uníssona, ouve-se então, é preciso investir em capacitação para atender o paradigma da inclusão. Programas de formação inicial ou continuada devem oferecer aos professores que ensinam em classes comuns, oportunidade de apropriação de conteúdos e competências necessários para um trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais incluídos em suas classes. (Del.CEE Nº05/2002). A formação de professores em educação especial, portanto só terá sentido se atender ao previsto na atual Lei de Diretrizes e Bases, destacada no inciso III do artigo 59, quando no perfil dos professores de classe regular, como generalista e especialista em Educação Especial. Assim o trabalho, com as mudanças de nossos colegas, será muito mais proveitoso se buscarmos as origens da rejeição e pudermos remover essa barreira, usando-se, dentre outros mecanismos, as relações dialógicas, exercitando a escuta no lugar de entrar com receitas prontas.(CARVALHO,2004.pg.74). São muitos os elementos para a reflexão dessa escola e professor inclusivos (afinal o professor é parte integrante e primordial desse movimento), e sobre como implementá-la, mas é preciso fazê-lo cooperativamente, em coletivo onde todos trabalhem com o bem maior que é dar atendimento digno a essas crianças. Precisamos construir o caminho, (ou caminhos) por nós mesmos. Vemos que muitas vezes as ações políticas demoram a chegar. Segundo Mittler “não há nenhuma estrada de realeza para a inclusão”(Miller 2003), mas precisamos por “mãos a obra”(grifo nosso), com firmeza, determinação, buscando caminhos para tirar de nossos 25 colegas o medo do novo e trabalhando juntos. Certamente com os “heróis” que temos em sala de aula, alcançaremos nossa meta. A Inclusão sairá da teoria para a tão sonhada prática. 26 3.O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL A Psicopedagogia é uma área extremamente nova, principalmente em sua atuação na área escolar. Surgiu para dar um norte concreto para as perguntas dos educadores e propor alternativas aos problemas relacionados ao ato de aprender, que se acumulam no cotidiano escolar. Sobre a questão do Psicopedagogo Institucional,ela é extremamente rica. Atuando nas escolas de todos os níveis de ensino, cabe ao profissional formado nessa área, interferir com toda a Equipe Escolar, desde a Direção, Orientação, Docentes, Pais e Alunos, percebendo falhas na”Linha Mestra”e instigando a busca de meios que favoreçam o trabalho com as crianças e melhore sua condição no “processo de aprendizagem”. Gerar, não só competência, mas também o direito de rever com todos da escola o melhor procedimento para o desenvolvimento integral da criança. Com os pais; promover aconselhamentos e “informativos”; com os professores; dicas de maior qualificação e percepção do verdadeiro papel, além de funcionalidades lúdicas para o trabalho com o aluno; com a criança; investigações de suas dificuldades e formas de auxiliar seu desenvolvimento global; com a Direção e demais da escola; a reformulação de linhas mestras e escolha de que Paradigma possuem, montando Projetos Educativos. Sendo assim, o campo de atuação do Psicopedagogo Institucional é amplo e gratificante, pois não se “clinica” especificamente, mas se direciona a busca de melhorias. Scoz (1996) define bem o papel da psicopedagogia como: “Área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades e que, numa ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os”. O Psicopedagogo Institucional diagnostica e atua na resolução da crise do ensino,da aprendizagem ,das relações entre professores e alunos e das dinâmicas em sala de aula. É preciso compactuar com Visca,quanto à função do Psicopedagogo, 27 A Psicopedagogia, trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio. O objeto da Psicopedagogia vai muito além de um “processo de aprendizagem”; refere-se a um sujeito que aprende, sendo este muito mais do que um aprendiz, mas sim um ser capaz de conhecer sobre si e sobre o ambiente do qual é parte constituinte.(VISCA,Jorge.1995.p.65) Passamos a ter a visão da Psicopedagogia para além dos muros da escola. São muitas as influências para uma não aprendizagem, assim o trabalho do Psicopedagogo deve fazer parte do Projeto Político Pedagógico de uma escola que atenda a essa nova abordagem e que vislumbra a inclusão. 3.1.A Dificuldade do suporte em sala de aula Nos últimos anos, tem se acelerado a formação de Pedagogos e Psicopedagogos, porém isso em hipótese nenhuma significa uma melhor qualidade quanto ao atendimento em sala.Embora as leis tenham efetivamente sido homologadas e haja uma empreitada quanto a qualidade de ensino no Brasil, ainda estamos um tanto longe de atender a criança que tem necessidades educativas especiais. Ainda carecemos de ações políticas nesse campo, principalmente quanto à classificação ou categorização das crianças especiais, desfazendo confusões quanto às deficiências de qualquer tipo e dificuldades de aprendizagem. Faltam recursos, conhecimentos teóricos sobre diagnósticos, suporte técnico para o professor, que acaba por excluir aquilo que não compreende (que passa muitas vezes a entender uma não aprendizagem como “preguiça” da criança), o que aumentam as estatísticas de crianças multirrepetentes, ou crianças que perdem todo o estímulo em sala de aula, pois não se encontram com o conhecimento e a 28 aprendizagem passa a ser para elas um “sacrifício” e não um ato prazeroso. Entendemos por Educação Especial, {...}processo educacional-proposta pedagógica,recursos e serviços educacionais especiais ,organizados institucionalmente para apoiar,complementar,suplementar,e/ou substituir os serviços educacionais comuns,de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais ,em todos os níveis,etapas e modalidades da educação.(MEC.Brasil,2001). Já por Educação Inclusiva, entendemos ser o movimento que como direito fundamental, torna a sociedade mais justa, em que todas as pessoas sejam vistas a despeito de suas especificidades, como seres humanos. Segundo os Parâmetros Curriculares para Educação Especial, Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada, devendo firmar a convivência no contexto da diversidade humana, bem como aceitar e valorizar a contribuição de cada um conforme suas condições pessoais (p.18 -PCNs- Adaptações Curriculares 1998 ). Não raro ouvimos os educadores “reclamando”, quanto a falta de conhecimento ou de subsídios para o atendimento a essas particularidades e outros ainda “heróis” de uma “guerra” contra a exclusão, que passam a empreender uma luta desenfreada para o conhecimento (muitas vezes autodidata), visando atender a essas crianças, que não podem ficar “depositadas” em sala de aula. Assim tanto o educando, quanto o educador, tem seu fator emocional abalado, o que para um Psicopedagogo deve tornarse estudo de casos, tanto de um lado quanto do outro. 29 3.2 Uma nova visão de inclusão psicopedagógica. Diante de todo o processo que estamos acompanhando e vivenciando por uma escola inclusiva que dê legitimidade às estruturas, fundamentando o princípio de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. Uma escola que acomode estilos e ritmos de aprendizagem assegurando uma “educação de qualidade a todos”, muitas preocupações afloram nos Psicopedagogos Institucionais. Esses profissionais, passam a ter um duplo propósito, (ou mais), passam a atender não somente a crianças e pais, mas a professores preocupados com uma não aprendizagem, ou uma sindrome que tem em sua sala e não sabem como “lidar”. Cada vez mais o Psicopedagogo busca, por meio de currículos mais apropriados que possam atender as diferenças, propõe estratégias de trabalho, usa de recursos disponibilizados para o atendimento, (materiais muitas vezes inexistentes, ainda que a lei assegure as sala de recursos), estabelece parceria com a comunidade escolar (professor, gestor, pais, funcionários da escola ) além da continuidade de outros serviços de apoio (Neurologista,Psicólogo,Terapeuta Ocupacional), proporcional às necessidades especiais encontradas nas escolas. (MEDEL.,2006.P.19) É exigência da escola moderna o compromisso da formação da cidadania a partir de uma escola de qualidade para todos. Incluir, é muito mais do que ter acesso à escola. Diante do que estamos vivendo não é mais possível compactuarmos com a exclusão, é preciso uma inserção total, uma verdadeira “transformação” de currículos, posturas de professores, práticas e espaços inclusivos de acesso. Essa definição que lemos em “Booth &Black” de autoria de Hawkins(2001),parece-nos bem apropriada para esse momento. A inclusão é sobre cada aspecto do trabalho na escola. É sobre cada lição.É sobre crianças juntas no playgroundy. É sobre o como as pessoas se comportam em um encontro de trabalho e como professores trabalham juntos.É sobre o que acontece quando os pais vem a escola pela primeira vez. É sobre a tessitura (organização) de 30 novos olhares. É sobre se esta construção é acessivel ou não para as crianças e adultos com deficiências. É sobre cada um dos aspectos de nossas vidas...Não é algo que você faz quando vai para o trabalho, é sobre a vida e como você quer que as crianças nas escolas vivam as suas vidas aprendendo juntas(Apud,Medel,2006.p.19) Baseados nessas transformações necessárias e possíveis, concluímos este trabalho monográfico, que não será encerrado totalmente, pois deverá ser instrumento para muitas reflexões, com relação a essa nova escola que finalmente inclui e que rompe com os preconceitos e estigmas da inclusão. 31 CONCLUSÕES FINAIS Vencer desafios que se colocam à contemporaneidade quanto a inclusão, não é tarefa fácil.Em muito temos avançado, porém ainda há muita falta de informação e do real entendimento do que seja a Inclusão e do papel que os profissionais como o Psicopedagogo exercem na Instituição Escolar. Encontramos muitas dificuldades entre os professores de compreender esse processo de inclusão. As falas são ainda temerosas, não somente quanto aos alunos com NEE,como também àqueles que possuem um déficit ou distúrbio de aprendizagem. Em nosso município há uma grande defasagem de profissionais que possam atender a essas crianças, fazendo um trabalho paralelo com o educador, causando no mesmo, um certo constrangimento ao detectar uma criança com dificuldade e não ter para onde mandá-la buscando “ajuda”. Nossas reflexões tornam-se então muito mais profundas pois temos que atender ao disposto em lei, mas não temos condições estruturais, organizacionais, sequer muitas vezes pedagógicas para esse atendimento, tornando o professor um “polivalente”, que busca, na medida do possível atender a sua clientela. Para o trabalho do Psicopedagogo, a visão ainda é mais complexa pois tem que atender não só a família, a criança, mas também a estrutura do professor, que muitas vezes vê-se inerte, não tendo onde buscar o subsídio para esse atendimento, em sala de aula. O Psicopedagogo Institucional por sua vez, fica sobrecarregado, não conseguindo dar a atenção que seria necessária para esse novo conceito de inclusão. Por isso, antes de qualquer coisa, aceitar e valorizar a diversidade é o primeiro passo de um processo inclusivo e , de criação de uma escola de qualidade para todos, que rompa realmente com os estigmas e preconceitos. É preciso que se acredite na possibilidade que o aluno tem de aprender com as interações realizadas, orientadas pelo princípio do respeito mútuo e na ideia de que todos podem aprender, desde que suas “portas de entrada para o conhecimento sejam encontradas”. 32 ANEXOS PESQUISAS COM PSICOPEDAGOGO E DIREÇÃO Nome: Paulo Roberto Rodrigues de Siqueira Campo de atuação: Professor em Educação Especial - NEE Formação: Pedagogo e Psicopedagogia Quanto tempo de trabalho na área? Dezesseis anos Qual é o papel do Psicopedagogo na Instituição Escolar? É ajudar e auxiliar nas dificuldades encontradas na aprendizagem dos alunos e no acompanhamento dos mesmos em sala com o professor. Em sua opinião a escola tem sido uma “produtora” de dificuldades de aprendizagem? Sim, devido muitas vezes à ignorância dos educandos e dos pais que não sabem nada frente ao papel e a verdadeira função deste profissional. De onde o Psicopedagogo parte para sua atuação e futuro diagnóstico? Primeiro ponto deve ser pela queixa, para depois partir para o diagnóstico, e em seguida para a ação. De que forma a família é envolvida quando há um diagnóstico de distúrbio ou dificuldade de aprendizagem? O primeiro contato, com a dificuldade de aprendizagem, deve ser com a família. Com a entrevista deve-se obter uma rica informação deste problema, que vem apresentando no paciente. Quais são os desafios que se apresentam ao Psicopedagogo Institucional quanto à escola pública e como saná-los? Vejo a ignorância dos membros, tanto dos colegas na escola, como dos pais. Devido ao encaminhamento do paciente com problema de comportamento e não cognitivo. Qual sua opinião sobre o crescimento “acelerado” de cursos e pós-graduações na área de Psicopedagogia?Acredita que a qualidade principalmente em cursos à distância está sendo primado? Só acho falta do estágio. Creio que ele é muito importante, no futuro do dia a dia do profissional. Pois a supervisão no estágio deve ser para tirar as dúvidas que ficam no aperfeiçoamento com a teoria. Referente à qualidade, fica ao profissional se aperfeiçoar constantemente. De que forma os professores devem ser abordados para que não promovam a exclusão das crianças, com dificuldades de aprendizagem ou mesmo com superdotação? Dedicando à formação constante na pesquisa realizada nas grandes universidades. 33 Nome: Eliane Alves Ribeiro Salgado Função Atual: Vice-diretora Qual a relação pedagógica e humana necessária para o atendimento a salas de inclusão existentes na escola? Os alunos da classe de DA são atendidos por um profissional devidamente habilitado, capacitado, que procura se atualizar constantemente para atender com eficiência as necessidades desses. A relação com a direção é amistosa e de muita cumplicidade quanto às idéias que queremos para nossas crianças, inserção na sociedade. Existe uma parceria da direção com o Psicopedagogo?De que forma ela se manifesta? Sim.O Psicopedagogo em questão é professor da classe com a qual a direção tem vários encontros para se interar sobre o andamento das atividades da sala. A estrutura predial favorece o atendimento à sala de D.A e D.V ,na escola?Quais adequações deveriam ser feitas? Embora a construção da escola seja antiga e existam barreiras arquitetônicas, procuramos amenizar essa estrutura dentro das nossas possibilidades. A sala de recursos da escola possui o material pedagógico para esse atendimento? É claro que existem vários recursos que poderiam melhorar ainda mais o atendimento a esses alunos. No entanto, de acordo com as solicitações do professor e das nossas possibilidades, procuramos equipar a sala da melhor maneira possível. A família da criança especial participa efetivamente do ambiente escolar? Os pais são muito presentes e vem a escola sempre que solicitados. Quais desafios se produzem à direção quanto a esse atendimento? A inclusão impõe muitos desafios, pois ela é recente e ainda não estamos devidamente 34 preparados para ela, seja arquitetonicamente e profissionalmente. A sala de inclusão e seu atendimento com o especialista estão propostos no PPP? Nosso PPP, ainda está em construção e uma das questões a serem discutidas, abordadas é a inclusão. Existem outros especialistas que dão Sim, temos uma Psicóloga, que atende nossos alunos. atendimento na escola? 35 BIBLIOGRAFIAS ASSUNÇÃO Elizabeth de ;COELHO Maria Aprendizagem.Editora Ática. São Paulo, 1999 . Tereza e José.Problemas de CARVALHO, Edler Rosita. Educação Inclusiva com os pingos nos is.Porto Alegre.Mediação,2004 CONSTITUIÇÃO FEDERAL-MEC EDIÇÃO: FAE - Fundação de Assistência ao Estudante. ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente-Lei 8069 de 13/07/1990. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA.Espanha ,,junho de 1994. JONHSON,DorisJ.Distúrbios de Aprendizagem; Educacionais.São paulo.Pioneira,1983. Princípios e Práticas MEDEL,Cássia Ravena. A escola Aberta para as diferenças. São Paulo. Minuano,2006. Parâmetros Curriculares Nacionais-Adaptações Curriculares. Estratégias para a Educação de alunos com necessidades educacionais especiais.Brasilia:MEC/SEF/SEESP,1999. Sassaki,R.K.Inclusão:Construindo uma sociedade para todos.Rio de Janeiro: WVA,1997. SILVA, Reginaldo da. Inquieto ou Hiperativo?Qual a diferença entre agitação natural das crianças e o transtorno de déficit de atenção?São Paulo:Editora Abril.Revista Nova Escola.ed.162,maio/2003 VISCA, Jorge. Psicopedagogia - Novas Contribuições. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. ... http://www.unicap.br/revistas/symposium/arquivo/artigo%205.pdf acesso em 05.04.09