Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Avaliação da Qualidade Geométrica das Imagens RapidEye Ortorretificadas Antonio José Ferreira Machado e Silva1 Beatriz Fernandes Simplicio Eduardo1 Antonio Juliano Fazan1 1 AMS Kepler Engenharia de Sistemas Av. Armando Lombardi, 800 - sala 206 - 22640-906 - Rio de janeiro - RJ, Brasil {antonio, beatrizsimplicio, ajfazan}@amskepler.com Abstract. RapidEye imagery has quickly increased in importance for Brazilian users of remote sensing data, mainly due to its high temporal availability as well as special features related to spatial, spectral and radiometric resolutions. RapidEye imagery can be purchased in two processing levels: the first includes only radiometric correction and band-to-band registration; the second is an orthorectified product, which includes all previous corrections of the basic product. Recently, Brazilian government has purchased a complete territorial coverage under a special license that allows those images to be used for all federal government agencies, as well as environmental state agencies. This paper presents a case study on geometric evaluation of 3A RapidEye images. The main goal is to estimate their accuracy for localization purposes and measurements of distances, angles, and areas. The performed evaluation is divided, according to its nature, into relative and absolute. Relative evaluation is based on comparison of positions measured directly onto a set of multi-temporal 3A images, from which a set of parameters related to their relative accuracy and state of satellite constellation is estimated, while absolute evolution derived another set of parameters from the comparison of those positions with a set of control points measured over the terrain and used as ground truth. The obtained results in both relative and absolute evaluations showed a great temporal stability of the entire RapidEye constellation, as well as the high geometric quality of RapidEye images. Some evaluation parameters indicate their usability for mapping projects at scales greater or equal to 1:50.000. Palavras-chave: multitemporal analysis, mapping, orthorectified imagery, remote sensing, multitemporal, mapeamento, imagens ortorretificadas, sensoriamento remoto. análise 1. Introdução As imagens dos satélites RapidEye assumiram uma importância muito grande para a comunidade brasileira de Sensoriamento Remoto. A alta disponibilidade de dados associada às características geométrica, radiométrica e espectral das imagens fizeram com que a demanda por imagens RapidEye crescesse de forma muito rápida no Brasil. A descontinuidade do programa Landsat também contribuiu para isto, mas é fato que somente uma constelação como a da RapidEye consegue garantir coberturas de grandes áreas em curtos espaços de tempo. Em configuração nadir, é possível cobrir extensas áreas, como o território brasileiro por exemplo, a cada seis dias. Para áreas menores, pelo menos um dos satélites RapidEye pode fazer uma revisita diária, com ângulo de inclinação (off-nadir) inferior a vinte graus. A excelente capacidade de revisita aponta esta constelação como referência para os estudos de detecção de mudanças, como o realizado por de Nielsen, et al. (2010). A resolução espacial de 6,5m (média-alta) é única no segmento de sensores multiespectrais, e a resolução radiométrica de 12 bits (4.096 níveis de cinza) é a maior entre todos os satélites de sensoriamento remoto. As características da constelação RapidEye estão expostas na Tabela 1. 1213 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Tabela 1. Especificações técnicas da constelação RapidEye. Características da missão Informação Número de satélites: 5 Altitude orbital: 630 km (sol-síncrona) Hora de cruzamento com o Equador: 11:00 ± 0:15 Tipo do sensor: Imageador push broom (varredura eletrônica) multiespectral Bandas espectrais: Azul: 440 – 510 nm; Verde: 520 – 590 nm; Vermelho: 630 – 685 nm; Red Edge: 690 – 730 nm; NIR: 760 – 850 nm Resolução espacial (nadir): 6,5 m Tamanho do pixel (ortorretificado): 5m Resolução radiométrica: 12 bits (4.096 níveis de cinza) Largura da faixa imageada: 77 km Capacidade do gravador de bordo: 120.000km2 Revisita: 5,5 dias (nadir) e diária (off-nadir) Capacidade de imageamento: +4.000.000 km2/dia Recentemente, o Governo Brasileiro adquiriu um recobrimento completo de todo o território nacional. As imagens deste recobrimento apresentam uma licença especial que permite que todos os órgãos federais, além dos órgãos estaduais de meio-ambiente, possam usá-las livremente e em diversas aplicações como fusão (Silva et al. (2011)), classificação de áreas agrícolas (Souza et al. (2011)), predição de biodiversidade (Jardim et al. (2011) , entre outras. As imagens RapidEye podem ser adquiridas em dois níveis de processamento: 1B (N1B) e 3A (N3A). O nível 1B é o mais básico, com a imagem apresentando apenas correção radiométrica e registro entre bandas espectrais. Não há correção geométrica. A imagem está orientada pela órbita, com os pixels apresentando o tamanho original (6,5x6,5m2). As imagens apresentam largura de 77km e comprimento variável. O nível 3A é o produto mais comumente adquirido, pois já vem ortorretificado. As imagens apresentam pixels de 5x5m2, sem que isto signifique uma melhora na resolução espacial. As imagens N3A são orientadas para o norte e são formatadas em tiles de 25x25km2 (625km2), conforme descrito por RapidEye AG (2012). Todo tile apresenta superposição de 1 km com os tiles vizinhos. O processo de correção geométrica do nível 3A faz uso dos dados de efemérides e atitude do satélite, do modelo de visada da câmera, além de pontos de controle e modelo de elevação do terreno. As bandas espectrais são registradas. As imagens nível 3A apresentam cinco bandas com 5000x5000pix2, com 2 bytes (16 bits) por pixel, totalizando 50MB por banda e 250MB por imagem. O objeto de estudo deste trabalho é a imagem RapidEye Nível 3A. O objetivo é avaliar a qualidade da imagem frente ao uso dela para localização, medição de distâncias, áreas e ângulos. 2. Metodologia de Trabalho 2.1 Caracterização da área de estudo O caso de estudo engloba catorze tiles (1) sobre a região de influência do CONLESTE (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento do Leste Fluminense), recobrindo os 1214 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE municípios de: Teresólopis, Magé, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim, Casimiro de Abreu, Araruama, Rio Bonito, Tanguá, Maricá, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói. A instituição CONLESTE é responsável pelas negociações e decisões sobre as ações a serem implementadas no âmbito do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERJ. Sobre esta região foi adquirida uma série temporal com cinco coberturas RapidEye: primeiro e segundo semestres de 2009, segundo semestre de 2010 e primeiro e segundo semestres de 2011. Figura 1. Tiles e imagens RapidEye correspondentes à região de influência do CONLESTE. 2.2 Análises da Qualidade Geométrica Para o estudo da qualidade geométrica adquiriu-se, com os responsáveis pela aquisição das imagens, informações sobre treze pontos de controle (pontos absolutos) com coordenadas de terreno. Em paralelo, levantou-se um conjunto de setenta pontos de controle relativo (tie points), distribuindo cinco pontos por tile. Conforme apresentado na Figura 1, a região de interesse do CONLESTE não representa a totalidade da área dos tiles. Em algumas coberturas da série temporal os tiles vieram completos, mas em outras não, fazendo com que a frequência dos pontos de controle variasse de tile para tile. Inicialmente, o trabalho faz uma análise do comportamento da geometria das imagens RapidEye em diferentes datas, usando os dados obtidos para os 70 pontos de controle relativos, conforme exibido na Figura 2. Figura 2. Distribuição dos pontos de controle relativos. Para esta análise inicial, foram estudados três parâmetros relativos à dispersão das medição dos pontos de controle ao longo das cinco coberturas temporais. A primeira métrica é o desvio padrão () das medições, o segundo o desvio máximo (D) entre uma medição e a média das medições, e o terceiro a amplitude das medições (A), que é a máxima distância 1215 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE entre duas medições diferentes. Estes parâmetros medem a coerência das medições, mas não trazem nenhuma informação em relação à verdade terrestre. Como as medições foram tomadas sobre imagens de diferentes satélites, abrangendo imagens ao longo de dois anos e meio, é possível dizer que bons resultados nesta fase são excelentes indicadores para a qualidade geométrica das imagens RapidEye, incluindo a localização geográfica precisa. O desvio máximo (D) representa o raio do círculo mínimo centrado na média das medições que contém todas as medições, enquanto a amplitude representa o diâmetro do círculo mínimo que contém as medições (Figura 3). A amplitude é menor ou igual ao dobro do desvio máximo (A ≤ 2D). Figura 3. Amplitude (A) e desvio máximo (D) das medições de um ponto de controle relativo. Em seguida, a análise da qualidade geométrica das imagens RapidEye foi realizada usando os pontos de controle de terreno ou absolutos. Esta análise foi realizada considerando 13 pontos de controle citados anteriormente. A Figura 4 ilustra a distribuição destes pontos na área de estudo. Figura 4. Distribuição dos pontos de controle absolutos ou de terreno. Para cada ponto de controle (i) foram determinados os erros de todas as observações (j) em relação às coordenadas medições no terreno (Equação 1): Em seguida, para cada ponto de controle, foram calculados os erros mínimo (min{Eij}) e máximo (max{Eij}), as médias (Xi, Yi e Ri), desvio padrão (i) e a raiz quadrada do erro médio quadrático (RMSEi). 3.0 Resultados e Discussão A Tabela 2 apresenta um resumo dos resultados para as 340 observações no conjunto de 14 tiles e cinco coberturas, referentes aos pontos de controle relativos. 1216 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Tabela 2. Avaliação da dispersão das observações dos pontos de controle relativos. Desvio padrão Máximo Amplitude # # # Tile ID Pontos Cenas Observações X (m) Y (m) R (m) R (m) (m) 2328523 5 5 25 2,982 2,310 3,772 7,244 10,676 2328524 5 5 25 2,720 3,315 4,287 8,031 12,386 2328525 5 5 25 2,890 2,988 4,157 7,541 13,517 2328622 5 5 25 3,073 3,412 4,592 6,708 11,038 2328623 5 5 25 4,680 7,583 8,911 23,739 31,310 2328624 5 5 25 2,377 2,709 3,604 8,158 11,804 2328625 5 5 25 3,199 3,488 4,733 9,508 16,581 2328626 5 5 25 6,175 4,493 7,637 18,663 30,047 2328627 5 4 20 2,519 3,524 4,332 8,840 15,540 2328723 5 5 25 2,354 3,311 4,062 8,575 11,441 2328724 5 5 25 2,963 2,587 3,933 6,261 11,050 2328725 5 5 25 4,082 1,648 4,402 8,497 15,553 2328726 5 5 25 8,935 7,006 11,355 16,727 29,108 2328727 5 4 20 3,891 2,391 4,567 7,003 11,978 GERAL 70 68 340 4,095 3,859 5,627 23,739 31,310 Lembrando que a resolução espacial das imagens RapidEye é de 6,5m, o desvio padrão () encontrado, num conjunto que inclui imagens dos cinco satélites, em datas tão díspares quanto às deste estudo, pode ser considerado excelente. O valor de 5,627m para o conjunto dos 70 pontos de controle fica abaixo de 1 pixel (0,87pix). É importante destacar ainda que este valor inclui as incertezas na identificação dos pontos nas imagens, que depende da experiência do técnico encarregado da tarefa. Em 11 tiles, o desvio padrão () das medições dos pontos de controle ficou abaixo de um pixel, mesmo considerando o pixel de 5m das imagens ortorretificadas (nível 3A). Em apenas 3 (tiles 2328623, 2328626 e 2328726) este limite foi superado. Considerando os pontos individualmente (70 observações), em noventa por cento dos casos o desvio padrão () ficou abaixo de 8,795m (1,35pix). 6 pontos (8,57%) apresentaram desvio padrão () abaixo de 0,5pix, 54 (68,57%) entre 0,5 e 1pix, 10 (14,29%) entre 1 e 1,5pix e apenas 6 (8,57%) acima de 1,5pix. O desvio máximo (D) para todas as 340 observações alcançou o valor máximo de 23,739m (abaixo de 4 pixels - 3,65pix), mas é um caso fora do padrão encontrado, pois a amplitude encontrada neste tile (2328623) foi de 31,310m (abaixo de 5 pixels - 4,82pix). Em 11 tiles, o desvio máximo ficou abaixo de 1,5pix. Novamente os tiles 2328623, 2328626 e 2328726 superaram o limite. Considerando os pontos individualmente (340 observações), em noventa por cento dos casos os desvios em relação ao valor médio ficaram abaixo de 8,840m (1,36pix). 150 observações (44,12%) apresentaram desvio máximo abaixo de 0,5pix, 126 (37,06%) entre 0,5 e 1pix, 40 (11,76%) entre 1 e 1,5pix e apenas 24 (7,06%) acima de 1,5pix. A amplitude (A) para todas as 70 observações alcançou o valor máximo de 31,310m (abaixo de 5 pixels - 4,82pix). Em 7 tiles, o valor da amplitude ficou abaixo de 2pix e em apenas 3 (2328623, 2328626 e 2328726) acima de 3pix. Considerando os pontos individualmente (70 observações), em noventa por cento dos casos a amplitude (A) ficou abaixo de 16,581m (2,55pix). 4 observações (5,71%) apresentaram amplitude (A) abaixo de 1pix, 24 (34,29%) entre 1 e 1,5pix, 22 (31,43%) entre 1,5 e 2pix, 6 (8,57%) entre 2 e 2,5pix e apenas 7 (10,00%) acima de 2,5pix. 1217 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Observando em conjunto o desvio padrão (), o desvio máximo (D) e a amplitude (A) tem-se uma noção melhor da coerência das medições realizadas nos diversos pontos de controle, em diferentes satélites, para datas variadas. Considerando agora o tamanho do pixel da imagem ortorretificada (5m), tem-se que o desvio padrão () é da ordem de 1pix, enquanto os desvios das observações em relação aos valores médios ficaram abaixo de 2pix em noventa por cento dos casos. A amplitude apresentou valores abaixo de 3pix em noventa por cento dos casos. A amplitude máxima indica também o tamanho da área de busca de pontos homólogos para duas ou mais imagens de datas diferentes. Considerando as imagens ortorretificadas com pixel de 5m, a área de área de busca deve ter um tamanho de 13x13pix2. Com uso de pontos de controle de terreno ou absolutos, apresenta-se a segunda fase da análise da qualidade geométrica. Infelizmente as coordenadas dos pontos de controle apresentam uma precisão da mesma ordem da resolução espacial do sensor RapidEye. Além disto, alguns tiles apresentam apenas a área de interesse em algumas coberturas, contra a área total em outras. Desta forma, o número de observações temporais dos pontos de controle varia de tile para tile. Isto prejudica a análise, mas os resultados encontrados superam estes inconvenientes. Para cada ponto de controle, a Tabela 3 apresenta os resultados encontrados para os erros mínimo (min{Eij}) e máximo (max{Eij}), as médias (Xi, Yi e Ri), o desvio padrão (i) e a raiz quadrada do erro médio quadrático (RMSEi). Tabela 3. Análise do comportamento dos pontos de controle de terreno. Tile Ponto # Mínimo Máximo Cen R R as Média Desvio Padrão RMSE X Y R X Y R X Y R 2328624 1 5 8,677 13,832 -10,013 -3,870 10,735 2,594 3,856 4,647 10,278 5,184 11,511 2328625 2 5 0,929 5,224 -0,551 -0,186 0,582 3,720 1,436 3,988 3,373 1,298 3,614 2328626 3 5 16,634 33,454 -23,227 -3,187 23,444 6,133 2,629 6,672 23,866 3,960 24,192 2328627 4 2 3,577 8,361 2,224 5,469 5,904 0,233 3,598 3,605 2,230 6,031 6,430 2328627 5 2 2,981 5,553 3,293 1,250 3,523 0,935 3,745 3,860 3,359 2,928 4,456 2328627 6 2 11,007 14,646 10,900 6,373 12,627 0,663 4,043 4,097 10,911 6,985 12,955 2328627 4, 5 e 6 2 2,981 14,646 5,473 4,364 7,000 4,264 3,827 5,729 6,716 5,590 8,738 2328725 7 5 1,166 11,082 -6,103 -0,202 6,106 4,626 1,560 4,882 7,373 1,410 7,507 2328725 8 5 3,379 10,431 -4,740 -3,261 5,753 4,108 1,979 4,560 5,997 3,711 7,052 2328725 7e8 5 1,166 11,082 -5,421 -1,732 5,691 4,186 2,328 4,790 6,720 2,807 7,283 2328726 9 5 14,527 19,993 6,646 -14,332 15,798 8,658 5,708 10,370 10,205 15,214 18,319 2328726 10 5 1,687 16,077 -6,300 -1,940 6,592 7,633 2,777 8,123 9,290 3,152 9,810 2328726 9 e 10 5 1,687 19,993 0,173 -8,136 8,138 10,284 7,782 12,897 9,758 10,986 14,694 2328727 11 4 3,815 9,911 -1,367 -6,241 6,389 4,081 2,245 4,657 3,789 6,537 7,556 2328727 12 4 5,694 13,980 -0,421 9,804 9,813 3,081 3,514 4,673 2,701 10,265 10,615 2328727 13 4 9,717 18,637 14,012 3,876 14,539 4,557 0,785 4,624 14,558 3,936 15,080 2328727 11, 12 e 13 4 3,815 18,637 4,075 2,480 4,770 8,174 7,265 10,936 8,824 7,385 11,506 GERAL 1 a 13 53 0,929 33,454 -2,636 -1,490 3,028 10,445 6,550 12,329 10,677 6,657 12,582 CE90 19,914 Baseado nos 53 desvios medidos CE90 19,093 Baseado no RMSE De início, da Tabela 3 conclui-se que as imagens analisadas apresentam qualidade geométrica compatível com a PEC-A da escala de 1:50.000 (CE90 = 25m). Da mesma tabela, 1218 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE observa-se que há dois valores relativos ao CE90, um deles baseado nos desvios medidos e outros no RMSE dos pontos de controle. No primeiro caso, ordenou-se de forma crescente os erros (R) relativos às 53 observações. Noventa por cento delas recai na posição 47,7. Ou seja, o CE90 foi obtido a partir de uma média ponderada dos erros de números 47 e 48. No segundo caso, considerou-se que os desvios (X e Y) das observações em relação às coordenadas de terreno se comportam segundo uma distribuição normal de média zero e desvio padrão (N(0,)). Desta forma, o erro (R) apresenta uma distribuição de Rayleigh, Numa distribuição de com desvio padrão e raiz quadrado do erro médio quadrático de Rayleigh, noventa por cento ocorre para valores menores ou iguais a 1,517427 vezes o RMSE (Equação 2). Os pontos 3 e 9 fogem ao comportamento dos demais. Mas este trabalho optou por não excluir nenhum ponto, mesmo que apresentasse valores discrepantes. Para atingir o PEC-A da escala de 1:25.000, o RMSE deveria ser de 8,238m. Este valor foi alcançado apenas pelos pontos 2, 4, 5, 7, 8 e 11. A última análise foi realizada sobre observações de pontos de controle em tiles obtidos na mesma data e pelo mesmo satélite, perfazendo uma única cena. Os maiores conjuntos, com 6 e 9 pontos de controle, estão apresentados na Tabela 4. As observações de mesma data e mesmo satélite tiram as variações temporais das imprecisões das efemérides e atitude, bem como erros residuais na modelagem dos sistemas sensores de cada satélite. Tabela 4. Análise geométrica sobre cenas RapidEye. SAT ID Data # Pontos Pontos 2 2009/ 05/25 9 3,4,5,6,9, 10,11,12e 13 1 2011/ 01/10 6 2,9,10, 11,12e13 Mín Máx Média R R X Y 2,846 18,064 4,56 0 2,98 8 1,687 19,965 5,38 7 3,4,5,6,9, 0,39 10,11,12e 2,981 22,476 2 13 *1: baseado nos desvios medidos; *2: baseado no RMSE. 5 2011/ 09/04 9 1,98 6 0,27 5 Desvio Padrão R X Y R RMSE X Y CE90 R *1 *2 5,45 6,71 11,92 10,34 7,00 12,49 16,42 18,96 9,855 2 7 6 9 2 6 4 1 5,74 7,24 11,24 6,90 11,76 19,16 17,84 8,601 9,522 1 4 5 5 2 8 8 0,47 10,43 6,33 12,20 5,97 11,51 15,32 17,47 9,843 9 1 4 4 8 6 2 4 As comparações entre as Tabelas 3 e 4 mostram que o CE90 não apresenta melhora significativa quando a análise se restringe ao âmbito de uma cena: da ordem de seis por cento (baseado no RMSE) a dezesseis por cento (baseado nos desvios medidos). 4. Conclusões Os resultados apresentados atestam a excelente qualidade geométrica das imagens RapidEye. Os erros da Tabela 3 e 4 incluem os erros relativos ao levantamento das coordenadas dos pontos no terreno e de identificação dos pontos nas imagens. O levantamento das coordenadas dos pontos no terreno não foi realizado diretamente no terreno com GPS de precisão. Além disto, nenhum ponto de controle foi desconsiderado, mesmo quando apresentou erros que divergiam do restante do conjunto. Ou seja, não foi feita uma análise criteriosa sobre estes pontos. Logo, os erros aqui apresentados são limites superiores. O desvio padrão das medições realizadas sobre os pontos relativos, inferior a um pixel, comprova o comportamento estável da constelação, pois estas medições foram realizadas em diferentes datas para diferentes satélites. Destaca-se que o valor encontro neste caso foi excelente. 1219 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Os valores relativos ao CE90 indicam a possibilidade de uso direto das imagens RapidEye nem projetos na escala de 1:50.000, desde que estes que necessitem respeitar a PEC-A. A estabilidade dos satélites aliada ao erro médio residual encontrado nos pontos de controle indicam que o uso de pontos de controle para refinar a qualidade da imagem podem levá-las a alcançar a PEC-A na escala de 1:25.000. Mas isto tem que ser melhor investigado. Ou seja, os trabalhos futuros incluirão a cobertura do primeiro semestre de 2010, elevando para seis coberturas. Os tiles parciais serão substituídos por tiles completos. Para cada tile, serão levantados de 3 (1 para refinar a imagem e 2 para avaliar a qualidade geométrica) a 5 (2 para refinar e 3 para avaliar) pontos de controle com precisão submétrica. A identificação dos pontos na imagem será feita em modo subpixel. Desta forma, será refeita a análise sobre as imagens RapidEye nível 3A, conforme os usuários têm acesso, e será feita uma análise complementar sobre as imagens refinadas por pontos de controle. Caso não se atinja a PEC-A associada à escala de 1:25.000, será testado também o uso de modelos de elevação do terreno mais precisos do que os normalmente empregados. Referências bibliográficas Jardim, A. F.; Caixeta, P. R.C.; Gomes, L. M;Lopes, L. J. Predição da biodiversidade em ambientes antropizados, através da análise e classificação de imagens de alta resolução do satélite RapidEye. In: Simpósio da Biodiversidade (SIMBIO), 2011, Rio Parnaíba, Anais... Rio Parnaíba: UFV: 2011. Artigos p. 66-72. On-line, ISSN 2236-3866. Disponível em: < http://simposiodabiodiversidade.com.br/ecb/ecbjournal/index.php/ecb/article/view/28>. Acesso em: 18 nov. 2012. Nielsen, A.A., Hecheltjen, A., Thonfeld, F., Canty, M.J. (2010): Automatic change detection in RapidEye data using the combined MAD and kernel MAF methods. Geoscience and Remote Sensing Symposium (IGARSS), 2010 IEEE International. Disponível em: < http://www2.imm.dtu.dk/pubdb/views/edoc_download.php/5856/pdf/imm5856.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2012. RapidEye AG. Satellite Imagery Product Specifications. 2012. Disponível em: < http://www.rapideye.com/upload/RE_Product_Specifications_ENG.pdf >. Acesso em: 18 nov. 2012. Souza, K.R; Vieira, T.G.C; Alves, H.M.R; Volpato, M.L; Anjos, A.P; Souza, C.G; Andrade, L.N. Classificação automática de imagem do satélite rapideye para o mapeamento de áreas cafeeiras em Carmo de minas, MG. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 4., 2011, Araxá. Anais... Araxá. 2011. Disponível em: <http://www.sbicafe.ufv.br/bitstream/handle/10820/3870/76.pdf?sequence=2>. Acesso em: 18 nov. 2012. Silva, P. H. A. da.; Duarte, R.; Kazmierczak, M. L.; Felix, I. M. 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