FURB – UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL DOS EGRESSOS DE 2003 E
2004 DA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - FURB
ALINE WITTE
BLUMENAU
2006
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ALINE WITTE
CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL DOS EGRESSOS DE 2003 E
2004 DA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - FURB
Dissertação apresentada ao Colegiado do
Programa de Pós-Graduação em Administração PPGAd do Centro de Ciências Sociais Aplicadas
da Universidade Regional de Blumenau, como
requisito para a obtenção do título de Mestre em
Administração.
Prof. Dra. Maria José Carvalho de Souza Domingues – Orientadora
BLUMENAU
2006
CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL DOS EGRESSOS DE 2003 E
2004 DA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB
Por
ALINE WITTE
Dissertação apresentada à Universidade
Regional de Blumenau, Programa de PósGraduação em Administração - PPGAd, para
obtenção
do
grau
de
Mestre
em
Administração,
aprovada
pela
banca
examinadora formada por:
Presidente:
_______________________________________________________
Profª. Maria José C. de Souza Domingues, Dra. – Orientadora, FURB
Membro:
_______________________________________________________
Profª. Amélia Silveira, Dra., FURB
Membro:
________________________________________________________
Profº. Leonel Cezar Rodrigues, Dr., UNINOVE
____________________________________________________
Coord. PPGAd: Profa. Denise Del Prá Netto Machado, Dra.
Blumenau, 24 de setembro de 2006.
Ao Martin, razão da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me fez acreditar quando tudo parecia perdido.
A todos aqueles que colaboraram direta ou indiretamente para realização deste trabalho, em
especial:
Ao meu amor, Martin, por ter acreditado em mim, por ter sido sempre tão compreensivo na
minha ausência. Martin você faz parte desta conquista.
A minha família, especialmente aos meus pais, por tudo que me ensinaram. Pai e Mãe, jamais
conseguirei expressar o que representam pra mim.
A Profª. Maria José Carvalho de Souza Domingues, por tudo que me ensinou para profissão e
para a vida; por ter sido mais que orientadora, uma amiga. Tens todo meu carinho, respeito e
admiração.
Aos professores, Cláudio Loesch, Amélia Silveira e Gérson Tontini por todo auxílio e
paciência e a todos os professores do programa pelo incentivo.
As minhas queridas Rosane Almeida e Ana Paula de Castilho pela permanente disposição em
ajudar.
Aos meus colegas de Mestrado em especial a Silvana Anita Walter, Carla Maria Schmidt,
Ana Cláudia Knoll Zoscke, Vanessa Edy Dagnoni Mondini “Bubi”.
E aos meus amigos, Jarise Lange Floriano e Jefferson Floriano, Reno Bennertz e Rosane
Bennertz, por fazerem parte da minha vida.
RESUMO
A profissão de Administrador, como tantas outras, influenciada pelas inúmeras mudanças
econômicas e sociais da nossa era, vem evoluindo. Atualmente o profissional de
administração deve dispor de habilidades e conhecimentos adequados as novas necessidades
da sociedade e de um mercado de trabalho mais dinâmico e competitivo. Baseando-se nisto e
acreditando que estes profissionais são resultado de sua formação, acredita-se que igualmente
adequados a nova realidade devem estar os cursos de graduação nesta área. Neste contexto,
esta pesquisa foi realizada junto aos alunos egressos do curso de Administração da
Universidade Regional de Blumenau – FURB, formados nos anos de 2003 e 2004. Teve como
objetivo identificar o perfil pessoal e profissional, a formação acadêmica e complementar
destes egressos, a sua opinião quando a adequação do curso a sua realidade profissional e
ainda a sua opinião quanto à contribuição do curso para seu desenvolvimento pessoal e
profissional. Esta pesquisa caracteriza-se por ser quantitativa, descritiva, com levantamento de
dados tipo “survey”. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário
estruturado, dividido em blocos. Como principais resultados observou-se que a maioria dos
egressos exerce atividade profissional relacionada à sua formação, consideram a adequação
do currículo boa, embora a maioria considere que não há total adequação do curso as
necessidades do mercado de trabalho. Os resultados apontam ainda que, parte dos pesquisados
considerou a falta de conhecimento técnico em algumas áreas da Administração como a
principal dificuldade no desempenho da profissão, mas, os pesquisados consideram que o
curso contribuiu para seu crescimento pessoal e profissional.
Palavras-Chave: Egressos. Graduação em Administração. Contribuição do Curso.
ABSTRACT
The profession of Administrator, as much others, influenced for the innumerable economic
and social changes of our age, comes evolving. Currently the administration professional must
make use of abilities and adequate knowledge the new necessities of the society and a market
of more dynamic and competitive work. Being based on this and believing that these
professionals are resulted of its formation, one gives credit that equally adequate the new
reality must be the courses of graduation in this area. In this context, this research was carried
through next to the pupils’ egresses of the course of Administration of the Regional
University of Blumenau - FURB, formed in the years of 2003 and 2004. It had as objective to
identify the personal and professional profile, the academic and complementary formation of
these egresses, its opinion when the adequacy of the course its professional reality and still its
opinion how much to the contribution of the course for its personal and professional
development. This research is characterized for being quantitative, descriptive, with datacollecting type “survey”. A questionnaire was used as instrument of collection of data blocktype. As main results were observed that the majority of the egresses exert related
professional activity to its formation, they consider the adequacy of the good resume; even so
the majority considers that it does not have total adequacy of the course the necessities of the
work market. The results point despite, part of the searched ones considered the knowledge
lack technician in some areas of the Administration as the main difficulty in the performance
of the profession, but the searched ones consider that the course contributed for its personal
and professional growth.
Key-words: Egresses. Graduation in Administration. Contribution of the Course.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ......................................................................................................11
1.1
TEMA E PROBLEMA.............................................................................................11
1.2
PREMISSAS ............................................................................................................14
1.3
OBJETIVOS.............................................................................................................14
1.3.1
Geral .........................................................................................................................15
1.3.2
Específicos................................................................................................................15
1.4
JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA .....................................................16
1.5
ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................17
2
O ENSINO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO ..............................................19
2.1
O ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL.................................................20
2.1.1
O Ensino Superior de Administração em Santa Catarina - Blumenau .....................22
2.1.2
Diretrizes curriculares do curso de graduação em Administração ...........................22
2.1.3
Os campos de atuação do profissional de Administração ........................................28
2.2
O ADMINISTRADOR – PERFIL REQUERIDO ...................................................30
2.2.1
Competências e habilidades......................................................................................30
2.2.2
As funções do executivo – Chester Barnard.............................................................31
2.2.3
As habilidades do Administrador – Robert L. Katz .................................................33
2.2.4
Papéis Gerenciais - Henry Mintzberg.......................................................................36
2.2.5
Pesquisas sobre Perfil do Administrador e Mercado de Trabalho – CFA................40
2.2.6
Competências – Afonso C. C. Fleury e Maria T. L. Fleury .....................................41
2.2.7
Os Quatro Pilares da Educação - Jacques Delors .....................................................43
2.2.8
O perfil definido pelas Diretrizes Curriculares (2004).............................................46
2.2.9
Competências individuais – Sant’anna; Moraes e Kilimnik ....................................47
2.3
PESQUISAS SOBRE EGRESSOS..........................................................................52
3
MÉTODO DE PESQUISA ....................................................................................59
3.1
POPULAÇÃO E AMOSTRA ..................................................................................61
3.2
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .........................................................64
3.3
PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ....................................................65
3.4
PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS ...................................................66
3.4.1
Análise Fatorial ........................................................................................................68
3.4.2
Análise de Correspondências Múltiplas ...................................................................68
3.5
LIMITAÇÕES DA PESQUISA ...............................................................................69
4
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ................................................70
4.1
CARACTERIZAÇÃO DOS EGRESSOS................................................................70
4.1.1
Sexo e idade..............................................................................................................70
4.1.2
Cidades onde os egressos residem............................................................................71
4.2
FORMAÇÃO ACADÊMICA E COMPLEMENTAR DOS EGRESSOS...............72
4.3
PERFIL PROFISSIONAL........................................................................................73
4.3.1
Área de atuação e forma de ingresso na organização...............................................74
4.3.2
Natureza da organização e número de colaboradores ..............................................76
4.3.3
Cargo que ocupam e renda mensal dos egressos......................................................78
4.4
FATORES QUE INFLUENCIARAM NA ESCOLHA DO CURSO......................79
4.5
ADEQUAÇÃO DO CURRÍCULO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ............81
4.5.1
Importância dos conteúdos do curso ........................................................................81
4.5.2
Grau de Contribuição do Curso de Administração...................................................83
4.6
CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE PARA OS EGRESSOS................................87
4.6.1
Habilidades desenvolvidas em razão do curso de Administração............................88
4.7
HABILIDADES E COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS A PROFISSÃO DE
ADMINISTRADOR.................................................................................................90
5
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................92
5.1
CONCLUSÕES ........................................................................................................92
5.2
RECOMENDAÇÕES...............................................................................................97
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................99
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO...................................................................................103
APÊNDICE B – QUADRO TEÓRICO .............................................................................107
11
1
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, a contextualização do assunto acontecesse inicialmente com a
apresentação do tema e do problema de pesquisa. A seguir serão apresentados os objetivos
que norteiam a pesquisa, a justificativa, que destaca a importância deste estudo nos âmbitos
prático e teórico e finalmente a forma como o trabalho está estruturado.
1.1
TEMA E PROBLEMA
A pouco mais de 50 anos os profissionais de administração passavam a fazer parte da
história do Brasil. Ao longo deste período, inúmeras mudanças sociais, marcadas pelo
processo
de
desenvolvimento
e
mais
recentemente
pela
globalização,
mudaram
significativamente o cenário econômico mundial. Esta mudança ou evolução do “mundo
empresarial” vem interferindo fortemente na profissão de administrador, que, igualmente,
precisou evoluir.
Novas habilidades e conhecimentos passaram a ser requeridos destes profissionais.
Andrade e Amboni (2002) destacam que a profissão de administrador ganhou mais
importância em 1965 após sua regulamentação, o que segundo os autores, fez com que a
procura pela formação profissional nesta área se intensificasse. Desde o surgimento do
primeiro curso de Administração no Brasil, seu currículo vem sendo atualizado e reformatado.
Estas atualizações curriculares são de grande importância, visto que procuram alinhar aquilo
que é oferecido pelos cursos, as necessidades da sociedade.
Atualmente, o profissional de administração deve estar apto a atuar em um mercado
muito mais dinâmico e complexo. Galhardi (2001, p.5) afirma que “no cenário de grandes
12
mudanças econômicas, como as que recentemente vem se desenrolando no mundo inteiro, não
é difícil admitir-se a necessidade de mudança do perfil do administrador”.
Uma característica do curso de graduação nesta área, é formar profissionais aptos a
atuarem em qualquer tipo de organização, possibilitando aos seus egressos um amplo leque de
opções para atuação profissional. “O campo vasto de atuação dos profissionais de
administração deu à graduação nesta área o primeiro lugar no ranking dos cursos mais
procurados do país” (CFA, 2006b).
O Conselho Federal de Administração - CFA relata também que com o aumento da
procura pela profissão houve, consequentemente, um aumento na oferta de cursos. Esta
“garantia de mercado” aliada ao crescimento do ensino superior no Brasil estimulou a criação
e ampliação de cursos de administração, com diferentes habilitações, em centenas de IES em
todo país, que resultou nos atuais 589 mil estudantes atualmente matriculados em cursos de
Administração. (CFA, 2006b)
Esse rápido crescimento levou órgãos reguladores como o CFA e próprio Ministério
da Educação - MEC a se preocuparem com a qualidade do ensino, desta forma eles vêm
centralizando seus esforços para inibir a criação desenfreada de cursos, com nomenclaturas
diversas, que não formam o administrador profissional. Com a criação de tantas habilitações,
o CFA teme uma descaracterização do curso, que acabará formando profissionais “com
qualificações diversas, respaldados pela área da administração, mas que não podem
considerar-se administradores e nem obter o registro profissional da categoria” (CFA, 2006b).
Esta preocupação com a formação oferecida pelas IES abrange ainda, além da
qualidade do curso em si, a questão da adequação do ensino à nova realidade mundial.
Segundo Gomes (2005) estamos em uma nova era, de desenvolvimento e aperfeiçoamento da
Administração, como ciência e como profissão. A tecnologia moderna aliada aos cientistas,
pesquisadores e professores, com seus mecanismos, estudos e trabalhos vêm provando que
13
administrar é necessário, proveitoso e imprescindível em qualquer segmento, contexto ou
situação na vida das pessoas, das empresas e das entidades.
Neste contexto, o CFA (1995) afirma também que com a rápida evolução do
conhecimento humano e o surgimento de novas teorias sobre administração, torna-se
fundamental a avaliação dos cursos de administração, para que eles sejam melhor adaptados à
esta nova realidade.
Assim, as IES foram motivadas a criarem mecanismos de avaliação, que lhes
permitisse obter informações para a melhoria dos cursos. Ramos (2001 p. 7), afirma que “nas
últimas décadas, o tema avaliação vem sendo muito difundido em todos os setores da
sociedade com o objetivo de aprimorar as atividades.” Para Hadji (2001 p. 42) “a avaliação é
uma leitura influenciada por expectativas específicas referentes a produção de um produto
particular, em função do que se sabe, ou do que se descobre progressivamente sobre ele".
Desta forma, o processo de avaliação dos sistemas de educação é congruente com estes
conceitos, que buscam colocar face-a-face o real e o idealizado com o objetivo de melhorar o
que se deseja com base nos resultados.
Na região de Blumenau a atual situação do ensino superior não difere do restante do
país. A expansão dos cursos, a preocupação com a avaliação, também se aplicam a realidade
local. Entretanto, raras foram as pesquisas realizadas a fim de conhecer a situação dos
egressos dos cursos de administração e a contribuição destes cursos a eles e a sociedade.
Respondendo-se a estas questões, espera-se contribuir para o conhecimento acerca do
tema, para a melhoria dos cursos e consequentemente para a melhoria e desenvolvimento da
sociedade.
Baseado nisto, este estudo busca identificar nos egressos do curso de administração
da Universidade Regional de Blumenau – FURB, dos anos de 2003 e 2004, suas
14
características pessoais, a atividade profissional que exercem, verificar se há, na opinião dos
egressos, adequação entre o currículo do curso de administração com as exigências do
mercado de trabalho no qual estão inseridos e se o curso contribuiu para o seu crescimento
pessoal e profissional.
Assim a questão de pesquisa na qual se baseia este estudo é a seguinte:
Qual a contribuição do curso de Administração da Universidade Regional de
Blumenau – FURB aos seus egressos, formados nos anos de 2003 e 2004?
1.2
PREMISSAS
Tem-se como pressupostos desta pesquisa o seguinte:
a) quanto ao perfil profissional, supõe-se que a maioria exerça atividade profissional
relacionada a formação de administrador;
b) acredita-se que o curso tenha contribuído para o desenvolvimento pessoal e
profissional dos egressos;
c) finalmente, acredita-se que não há congruência entre o que se ensina no curso
Administração atualmente e o que o mercado requer destes profissionais.
1.3
OBJETIVOS
Toda pesquisa é norteada por objetivos, assim, apresentam-se a seguir os objetivos
geral e específicos deste estudo.
15
1.3.1
Geral
Conhecer a contribuição do curso de Administração da Universidade Regional de
Blumenau – FURB, aos seus egressos, formados nos anos de 2003 e 2004, baseando
principalmente nos quatro pilares da educação - aprender a aprender, aprender a fazer,
aprender a viver juntos e aprender a ser - descritos por Delors (2000).
1.3.2
Específicos
a) identificar o perfil pessoal dos egressos do curso de Administração da
Universidade Regional de Blumenau – FURB;
b) conhecer a formação acadêmica e complementar dos egressos;
c) verificar quais atividades profissionais exercem atualmente estes egressos;
d) identificar os principais fatores que influenciaram na escolha do curso de
Administração;
e) verificar se há, na opinião dos egressos, adequação entre o que ensina a
Universidade pesquisada e o que o mercado requer destes profissionais; e
f) verificar se na opinião dos egressos, houve contribuição significativa do curso
para o seu desenvolvimento pessoal e profissional, considerando-se o
desenvolvimento do conjunto de fatores que compõem os quatro pilares da
educação de Delors (2000).
16
1.4
JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA
A escolha deste tema justifica-se inicialmente pela afirmação de Galhardi (2001, p.
5) de que “a visão futurística cultuada nos dias atuais apresenta uma concepção bem diferente
do que preconizava a Administração Científica.” Assim, apesar de que muitas funções do
Administrador permanecem inalteradas, muitas outras lhe são atualmente impostas, moldando
estes profissinais as tendências dos novos tempos, complementa o autor. Além disso, a
verificação do que é estabelecido na Lei nº. 9.394/96 a qual descreve no seu capítulo IV, as
finalidades da educação superior.
Segundo o que é disposto na Lei, “a educação escolar deverá vincular-se ao mundo
do trabalho e a prática social”, e ainda, mais especificamente quanto a educação superior a Lei
prevê que ela deve “formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para
inserção em setores profissionais.”.
No atual cenário econômico mundial, onde as empresas buscam a todo o momento
diferenciar-se, modernizar-se, o papel do administrador igualmente evoluiu. Esta “nova”
empresa requer cada vez mais, profissionais dotados de certas habilidades e competências que
os tornem capazes de promover o desenvolvimento neste cenário tão competitivo gerado pela
globalização.
Assim, considerando a importância da formação superior, acredita-se que
administradores aptos a exercerem suas profissões de modo que atendam as necessidades das
empresas, adequados a esta nova era, são fruto de sua formação.
Desta forma, identificando-se o perfil pessoal e profissional, a formação acadêmica e
complementar dos egressos do curso de Administração da Universidade Regional de
Blumenau – FURB, e sua opinião com relação à adequação de seu curso com os
conhecimentos requeridos no desempenho de sua profissão, e ainda a contribuição do curso
17
para seu desenvolvimento pessoal e profissional, obter-se-á com os resultados um feedback
quanto à influência do curso em seu desempenho profissional na área. Poderão também ser
constatados quais aspectos na opinião destes profissionais merecem mais ou menos ênfase no
período de formação ou ainda quais aspectos devem ser contemplados pelo curso que ainda
não são.
Neste contexto, a justificativa prática para a realização deste estudo é fornecer à
Universidade pesquisada, com o resultado desta pesquisa, um importante instrumento de
avaliação de seu curso, considerando as “novas” habilidades e competências requeridas a
estes profissionais. Estes resultados podem contribiur para mudanças estratégicas no curso,
visando a melhoria do mesmo.
Da mesma forma, justifica-se no âmbito teórico, visto que seus resultados
contribuem para a ampliação do conhecimento a cerca do tema.
Este estudo faz parte do Grupo de Pesquisas sobre Gestão Universitária, da linha de
pesquisa de Estratégias e Competitividade de Organizações, do Programa de Pós Graduação
em Administração da Universidade Regional de Blumenau - FURB.
1.5
ESTRUTURA DO TRABALHO
Este estudo está estruturado em cinco capítulos, descritos a seguir.
Neste capítulo apresenta-se a inicialmente o tema e o problema de pesquisa. A seguir
serão apresentados os objetivos que norteiam a pesquisa, a justificativa, que destaca a
importância deste estudo nos âmbitos prático e teórico e finalmente a forma como o trabalho
está estruturado.
No segundo capítulo tem-se a revisão de literatura tratando da educação superior no
Brasil, o curso de Administração, as Diretrizes Curriculares do curso de Administração, a
18
profissão de Administrador e as habilidades e competências requeridas a estes profissionais, e
ainda, pesquisas sobre perfil e formação de administradores.
No capítulo três apresenta-se a metodologia utilizada neste estudo, que mais
especificamente aborda a população e amostra a serem utilizados, o instrumento e o
procedimento de coleta e análise dos dados.
No quarto capítulo serão apresentados e analisados os dados da pesquisa realizada
junto aos egressos do curso de Administração da FURB.
No quinto e último capítulo serão apresentadas as conclusões e recomendações para
estudos futuros nesta área.
19
2
O ENSINO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO
Neste capítulo, apresenta-se o referencial teórico acerca do ensino de administração,
abordando dados históricos, como o surgimento do ensino de administração no mundo, no
Brasil, em Santa Catarina e na cidade de Blumenau, região na qual está focada esta pesquisa.
Apresentam-se ainda conceitos necessários para o entendimento do tema desta pesquisa, os
campos de atuação do profissional de administração, o perfil requerido, as habilidades e
competências e ainda resultados de pesquisas acerca do tema.
Ao pesquisar-se sobre o ensino de Administração no Brasil, pode-se observar que há
um senso coletivo quanto ao seu início tardio, se comparado aos EUA, pioneiro na oferta de
cursos nesta área. Segundo Moura Castro (1981), o primeiro curso de Administração nos
EUA foi criado com a fundação da Wharton School, por Joseph Wharton.
A história do Ensino Superior de Administração, segundo Andrade (2006 p. 1) vem
sendo construída nos EUA a mais de um século. Ainda segundo o autor, quando se iniciava o
ensino de Administração no Brasil, nos EUA já se formavam cerca de 50 mil bacharéis, 4 mil
mestres e 100 doutores, por ano.
Andrade (2006) afirma também que o ensino de Administração continua tendo um
papel importante do cenário universitário dos Estados Unidos.
A tendência atual sugere a compatibilização de competitividade com
cooperação em um mundo global. Com o passar do tempo, desde o inicio do século,
pode-se perceber que os velhos padrões que transmitiam um corpo comum de
conhecimentos administrativos e muito específicos, transformou-se no núcleo do
currículo de quase todas as escolas de administração dos Estados Unidos e
aparentemente de todo o mundo. Complexas exigências em contabilidade,
economia, marketing, produção, finanças, comportamento organizacional
matemática e estratégia, entre outras áreas, foram consideradas básicas. Os velhos
padrões estavam inibindo as escolas de satisfazerem as necessidades específicas dos
estudantes que estavam se formando. (ANDRADE, 2006, p. 1)
Assim, admitindo-se que o mesmo currículo não satisfazia a todos os estudantes, os
currículos foram alterados. “Na verdade, o reconhecimento da necessidade de se preparar o
20
profissional para um meio cada vez mais complexo é o ponto de partida dos padrões
curriculares.” (ANDRADE, 2006, p. 2).
Na Europa, segundo Keinert (1986) antes mesmo da Segunda Grande Guerra, já
havia uma preocupação com a formação de dirigentes para empresas, entretanto sua
preparação voltava-se mais para conhecimento de contabilidade e a acumulação de
conhecimentos técnicos de produção.
2.1
O ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL
A história do surgimento do curso de Administração no Brasil é bastante recente,
datada de 1952. Sua história a partir desta data é dividida em três ciclos, marcados pelos
seguintes acontecimentos: no 1º Ciclo o Surgimento e reconhecimento da profissão de
Administrador; no 2º Ciclo a Resolução Nº. 2/93 – Currículo mínimo e no 3º Ciclo a Melhoria
da Qualidade e Avaliação. (ANDRADE E AMBONI, 2002)
No 1º Ciclo, ainda segundo Andrade e Amboni (2002) foi na década de 40, com o
processo de transição da sociedade, de essencialmente agrária, para industrializada que se
tornou evidente a necessidade de profissionais de Administração. Os cursos de Administração
por sua vez, ganharam elevada importância a partir de 1965, quando a regulamentação da
profissão de Administrador fez com que a busca por diplomas no sistema universitário se
intensificasse.
“O ensino de administração está relacionado ao processo de desenvolvimento do
país”. (ANDRADE E AMBONI, 2002, p. 3) Covre (1991, p. 59 grifo do autor) complementa
afirmando que “a implantação e evolução dos cursos de administração se apresentam como
uma faceta do desenvolvimento da ideologia neocapitalista, ou seja, do espírito
‘modernizante’”.
21
Também neste primeiro ciclo da história dos cursos de Administração, segundo
Andrade e Amboni (2002, p. 3), merece destaque o surgimento de algumas das instituições
pioneiras no ensino de Administração do Brasil como a Fundação Getúlio Vargas - FGV e a
Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo - USP, que
contribuíram significativamente para o desenvolvimento dos estudos de Economia e
Administração no Brasil; a Escola Brasileira de Administração Pública - EBAP criada no Rio
de Janeiro em 1952 pela FGV; a Escola de Administração de Empresas de São Paulo EAESP, em 1954.
“Com a criação da EAESP, surgiu o primeiro currículo especializado em
administração, que influenciou, de alguma forma, o movimento posterior nas instituições de
ensino superior do país”. (ANDRADE E AMBONI, 2002, p.5)
Assim, após a regulamentação, a profissão e o primeiro currículo mínimo do curso de
Administração foram institucionalizados no Brasil. (ANDRADE E AMBONI, 2002)
No 2º Ciclo, a preocupação com o crescimento e a qualidade do curso, fez com que
instituições interessadas buscassem a aprovação de um novo currículo mínimo, mas moderno
e adequado a uma nova realidade, que foi conquistado em 1993. (ANDRADE E AMBONI,
2002)
O 3º Ciclo do ensino de Administração no país, também é marcado pela busca por
qualidade. Neste período o governo passa a investir na melhoria da qualidade da educação do
país, criando órgãos reguladores e instituindo procedimentos avaliativos em todos os níveis de
educação. Neste momento da história da Administração no Brasil, o Ensino Superior passou a
ser avaliado através do já extinto provão. (ANDRADE E AMBONI, 2002)
22
2.1.1
O Ensino Superior de Administração em Santa Catarina - Blumenau
Conforme dados do Conselho Regional de Administração – CRA-SC (2005) no ano
de 1965 foram implantados os primeiros cursos de Administração no Estado de Santa
Catarina através da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do
Estado de Santa Catarina (UDESC/ESAG).
A história do Ensino de Administração em Blumenau está vinculada à história da
Universidade Regional de Blumenau, pioneira na oferta do curso na cidade e primeira
instituição a oferecer o curso no interior do Estado. Segundo Mantovani (1994) o curso de
Administração da FURB teve sua aprovação pelo Conselho Estadual de Educação no ano de
l971, e pelo Conselho Federal de Educação no ano de 1975. Ainda segundo o autor os
primeiros Bacharéis em Administração da FURB formaram-se em 1972, entretanto, como o
curso ainda não havia sido reconhecido, a colação de grau destes formandos deu-se apenas
quatro anos mais tarde, em 1976, juntamente com as turmas que concluíram o curso nos três
anos seguintes.
Durante muitos anos, a FURB foi a única instituição a oferecer o curso de Graduação
em Administração, entretanto, igualmente a situação nacional, o Ensino de Administração tem
se propagado na região de Blumenau e atualmente é oferecido por cinco instituições na
cidade.
2.1.2
Diretrizes curriculares do curso de graduação em Administração
A Resolução nº. 1, de 2 de fevereiro de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Administração, Bacharelado, e dá outras providências,
foi publicada no Diário Oficial da União no dia 4 de março de 2004. (BRASIL, 2004)
23
Segundo o Ministério da Educação - MEC (2006) as diretrizes curriculares têm como
objetivo:
Conferir maior autonomia às IES na definição dos currículos de seus cursos, a partir
da explicitação das competências e as habilidades que se deseja desenvolver,
através da organização de um modelo pedagógico capaz de adaptar-se à dinâmica
das demandas da sociedade, em que a graduação passa a constituir-se numa etapa
de formação inicial no processo contínuo de educação permanente;
Propor uma carga horária mínima em horas que permita a flexibilização do tempo
de duração do curso de acordo com a disponibilidade e esforço do aluno;
Otimizar a estruturação modular dos cursos com vistas a permitir um melhor
aproveitamento dos conteúdos ministrados, bem como, a ampliação da diversidade
da organização de cursos, integrando a oferta de cursos seqüenciais, previstos no
inciso I do artigo 44 da LDB;
Contemplar orientações para as atividades de estágio e demais atividades que
integrem o saber acadêmico à prática profissional, incentivando o reconhecimento
de habilidades e competências adquiridas fora do ambiente escolar;
Contribuir para a inovação e a qualidade do projeto pedagógico do ensino de
graduação, norteando os instrumentos de avaliação.
As instituições, ao desenvolverem o projeto pedagógico do curso, devem abranger
segundo a Resolução nº. 1, de 2 de fevereiro de 2004
o perfil do formando, as competências e habilidades, os componentes curriculares,
o estágio curricular supervisionado, as atividades complementares, o sistema de
avaliação, a monografia, o projeto de iniciação científica ou o projeto de atividade,
como trabalho de conclusão de curso TCC, componente opcional da instituição,
além do regime acadêmico de oferta e de outros aspectos que tornem consistente o
referido projeto pedagógico. (BRASIL, 2004)
Ainda segundo a resolução, conforme o Artigo 2º, além da clara concepção do curso
de graduação, no Projeto Pedagógico deverá constar os seguintes elementos estruturais:
I - objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções:
institucional, política, geográfica e social;
II - condições objetivas de oferta e a vocação do curso;
III cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso;
IV - formas de realização da interdisciplinaridade;
V - modos de integração entre teoria e prática;
VI - formas de avaliação do ensino e da aprendizagem;
VII - modos de integração entre graduação e pós-graduação, quando houver;
VIII - cursos de pós-graduação lato sensu, nas modalidades especialização
integrada e/ou subseqüente à graduação, de acordo com o surgimento das diferentes
manifestações teórico-práticas e tecnológicas aplicadas às Ciências da
Administração, e de aperfeiçoamento, de acordo com as efetivas demandas do
desempenho profissional;
IX - incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e
como instrumento para a iniciação científica;
24
X - concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado,
suas diferentes formas e condições de realização, observado o respectivo
regulamento;
XI - concepção e composição das atividades complementares; e
XII - inclusão opcional de trabalho de conclusão de curso sob as modalidades
monografia, projeto de iniciação científica ou projetos de atividades centrados em
área teórico-prática ou de formação profissional, na forma como estabelecer o
regulamento próprio. (BRASIL, 2004)
Ainda no Artigo 2º, é definido que os Projetos Pedagógicos do Curso de Graduação
em Administração poderão admitir linhas de formação específicas, nas diversas áreas da
Administração, para melhor atender às demandas institucionais e sociais.
O Artigo 3º estabelece quanto às características do formando em Administração, que
ele tenha
capacitação e aptidão para compreender as questões científicas, técnicas, sociais e
econômicas da produção e de seu gerenciamento, observados níveis graduais do
processo de tomada de decisão, bem como para desenvolver gerenciamento
qualitativo e adequado, revelando a assimilação de novas informações e
apresentando flexibilidade intelectual e adaptabilidade contextualizada no trato de
situações diversas, presentes ou emergentes, nos vários segmentos do campo de
atuação do administrador. (BRASIL, 2004)
As competências e habilidades desenvolvidas durante a formação, são contempladas
no Artigo 4º, entretanto, este artigo, será apresentado mais convenientemente a diante,
juntamente com as habilidades e competências requeridas ao profissional de administração.
Destaca-se ainda o Artigo 5º da Resolução, que prevê que projetos pedagógicos dos
cursos de Administração deverão contemplar conteúdos “que revelem inter-relações com a
realidade nacional e internacional, segundo uma perspectiva histórica e contextualizada de sua
aplicabilidade no âmbito das organizações e do meio”.
Para Oliveira (2006) “pode-se ensinar o que um administrador deve fazer, mas isto
não irá capacitá-lo efetivamente a fazê-lo em todas as organizações”. O autor atribui o sucesso
de um administrador as suas características pessoais, e suas habilidades, muito mais do que ao
seu bom desempenho acadêmico.
25
2.1.2.1 Currículo
Conforme publicado pelo MEC no parecer sobre a pertinência das habilitações dos
cursos de Bacharelado em Administração,
No ano seguinte à regulamentação da profissão, por meio do Parecer nº. 307/1966,
aprovado em 8 de julho de 1966, o Conselho Federal de Educação fixou o primeiro
currículo mínimo do curso de Administração. Dessa forma, foram
institucionalizadas, no Brasil, a profissão e a formação de Técnico em
Administração. (BRASIL, 1966)
Segundo Moraes (2000, p. 20)
Este currículo agrupou disciplinas de cultura geral, com o objetivo de sistematizar o
conhecimento de fatores institucionais que interferem na estrutura do ambiente
organizacional e no desenvolvimento das empresas; instrumentais – chamadas de
conceituais e operacionais; e as de formação profissional. As instituições de ensino
puderam, com esta estrutura, trabalhar com este currículo mínimo em dosagens de
tempo e conteúdo, de acordo com os objetivos de cada IES.
Moraes (2000) comenta ainda que as IES, com comprometimento de acompanhar a
evolução e as necessidades do mercado e baseadas neste currículo mínimo estabelecido,
deveriam elaborar suas propostas pedagógicas.
Apenas 27 anos mais tarde, em 1993, um novo currículo mínimo foi aprovado.
Segundo o Parecer 433/93 do Conselho Federal de Educação
O currículo pleno há de ser entendido dentro de sua dimensão mais ampla de
desempenhos esperados, de desejado relacionamento com o meio a que serve suas
instituições, organizações, professores, alunos, empresas, devendo se sobrepujar
mesmo ao pragmatismo da própria escola, envolvendo-se com sua ideologia e
filosofia de educação. (BRASIL, 1993)
Ainda conforme o Parecer 433/93, falando especificamente da Administração, o
currículo deve promover “novas relações produtivas e sociais” ampliando seu foco. Não se
limitando a atender sumariamente as necessidades do mercado.
Segundo o Art. 1º da Resolução nº. 2, de 04 de outubro de 1993, que estabelece “os
mínimos de conteúdos e duração dos cursos de Graduação em Administração”.
26
FORMAÇÃO BÁSICA E INSTRUMENTAL
•
Economia
•
Direito
•
Matemática
•
Estatística
•
Contabilidade
•
Filosofia
•
Psicologia
•
Sociologia
•
Informática
Total: 720 h/a (24%)
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
•
Teorias da Administração
•
Administração Mercadológica
•
Administração da Produção
•
Administração de Recursos Humanos
•
Administração Financeira e Orçamentária
•
Administração de Materiais e Patrimoniais
•
Administração de Sistemas de Informação
•
Organização, Sistemas e Métodos
Total: 1.020 h/a (34%)
DISCIPLINAS ELETIVAS E COMPLEMENTARES
Total: 960 h/a (32%)
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Total: 300 h/a (10%) (BRASIL, 1993)
Os demais artigos da resolução estabelecem o seguinte
Art. 2º - O curso de Administração será ministrado no tempo útil de 3.000 horasaulas, fixando-se para sua integralização o mínimo de 04 (quatro) e o máximo de 07
(sete) anos letivos. Aquele limite incluirá o tempo a ser dedicado ao objetivo de
conhecimento da realidade brasileira de que trata o art. 2 da Lei 8.663, de 14 de
junho de 1993, segundo critérios fixados pelas instituições. A prática de Educação
Física, também obrigatória, terá carga horária adicional.
Art. 3º - Além da habilitação geral prescrita em lei, as instituições poderão criar
habilitações específicas, mediante intensificação de estudos correspondentes às
matérias fixadas nesta Resolução e em outras que venham a ser indicadas para
serem trabalhadas no currículo pleno.
Parágrafo único - a habilitação geral constará do anverso do diploma e as
habilitações específicas, não mais de duas de cada vez, serão designadas no verso,
podendo assim o diplomado completar estudos para obtenção de novas habilitações.
Art. 4º - Os mínimos de conteúdo e duração, fixados nesta Resolução serão
obrigatórios a partir de 1995, podendo, as instituições que tenham condições para
tanto e assim desejarem, aplicá-los a partir de 1994.
27
Art. 5º - Na obtenção de graduação em Administração, por diplomados em outros
cursos, caberá as escolas o estabelecimento de critérios flexíveis de aproveitamento
de estudos obtidos pelo aluno em seu curso anterior, especialmente quanto aos
programas de estudos e respectiva dosagem, obedecidas as normas legais (Súmula2/92 CFE).
Parágrafo Único - A graduação obtida nos termos deste artigo deverá ser ministrada
no tempo útil de 1.350 horas-aula.
Art. 6º A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas
as disposições em contrário. (BRASIL, 1993)
Desde sua aprovação, em 1993, este ainda é o currículo em vigor.
2.1.2.2 Estágio
Segundo o Parecer CES/CNE 0134/2003 “o Projeto Pedagógico do Curso de
graduação em Administração deve contemplar objetivamente a realização de estágios
curriculares supervisionados”. O parecer esclarece que diferentemente do estágio profissional,
disponibilizado a graduandos por diversos tipos de organização, o estágio supervisionado visa
complementar a formação do graduando.
Voltado para desempenhos profissionais antes mesmo de se considerar concluído o
curso, é necessário que, à proporção que os resultados do estágio forem sendo
verificados, interpretados e avaliados, o estagiário esteja consciente do seu atual
perfil, naquela fase, para que ele próprio reconheça a necessidade da retificação da
aprendizagem, nos conteúdos e práticas em que revelara equívocos ou insegurança
de domínio, importando em reprogramação da própria prática supervisionada,
assegurando-se-lhe reorientação teórico - prática para a melhoria do exercício
profissional. (BRASIL, 2003)
Assim, entende-se o Estágio Curricular Supervisionado como parte integrante do
curso, que proporciona ao graduando, consolidar seu desempenho na área que mais lhe
convenha. “Cada instituição, por seus colegiados superiores acadêmicos, deve aprovar o
correspondente
regulamento
de
estágio,
com
suas
diferentes
modalidades
de
operacionalização” (BRASIL, 2003).
O Parecer CSN/CNE 0134/2003 estabelece ainda, quanto à realização do estágio, que
o mesmo poderá ser realizado na própria instituição de ensino, desde que a mesma
disponibilize a estrutura necessária para isso.
28
Quanto ao acompanhamento e avaliação, dispõe que ambos são de responsabilidade
da instituição e que a mesma, deve garantir ao considerar concluído ou aprovado que os
“domínios indispensáveis ao exercício da profissão” sejam resguardados.
Desta forma, “o Estágio Curricular Supervisionado deve ser concebido como
conteúdo curricular implementador do perfil do formando”. (BRASIL, 2003)
2.1.3
Os campos de atuação do profissional de Administração
Com a “possibilidade de atuar em diversos segmentos do mercado, o alto índice de
empregabilidade e capacidade de gerir o próprio negócio, o campo vasto de atuação dos
profissionais de Administração deu à graduação nesta área o primeiro lugar no ranking dos
cursos mais procurados do país” CRA/ES (2006).
Segundo o CRA/ES (2006) o Brasil conta hoje com aproximadamente 1,5 milhão de
bacharéis em Administração. O curso de graduação em Administração, segundo o último
censo realizado pelo Instituto Anísio Teixeira – INEP, conta com aproximadamente 589 mil
estudantes universitários matriculados, nas 1.710 faculdades do país.
A profissão de administrador completará 41 anos neste ano de 2006. Criada em 09 de
setembro de 1965 pela Lei 4.769, e regulamentada pelo Decreto 61.934, de 22 de dezembro
de 1967.
Conforme a Lei 4.769, artigo 1º, “o desempenho das atividades de Administração,
em qualquer de seus campos, constitui o objeto da profissão liberal de Administrador, de nível
superior” (BRASIL, 1965).
Quanto à atividade de Administrador, seja como profissional liberal ou não, segundo
o Artigo 3º da referida lei, compreende o seguinte:
29
a) elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens e laudos, em que
se exija a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de organização;
b) pesquisas, estudos, análises, interpretação, planejamento, implantação,
coordenação e controle dos trabalhos nos campos de administração geral, como
administração e seleção de pessoal, organização, análise, métodos e programas de
trabalho, orçamento, administração de material e financeira, administração
mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros
campos em que estes se desdobrem ou com os quais sejam conexos;
c) exercício de funções e cargos de Administrador do Serviço Público Federal,
Estadual, Municipal, Autárquico, Sociedades de Economia Mista, empresas
estatais, paraestatais e privadas, em que fique expresso e declarado o título do cargo
abrangido;
d) o exercício de funções de chefia ou direção, intermediária ou superior
assessoramento e consultoria em órgãos, ou seus compartimentos, da
Administração pública ou de entidades privadas, cujas atribuições envolvam
principalmente, a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de
administração;
e) o magistério em materiais técnicos do campo da administração e organização.
Parágrafo único - A aplicação do disposto nas alíneas “c”, “d” e “e” não prejudicará
a situação dos atuais ocupantes de cargos, funções e empregos, inclusive de
direção, chefia, assessoramento e consultoria no Serviço Público e nas entidades
privadas, enquanto os exercerem. (BRASIL, 1965)
O decreto, dispõe ainda as áreas de atuação do administrador, que, resume-se em sete
áreas principais, e os campos conexos, que abrangem mais de 100 atividades que podem ser
desenvolvidas pelo profissional de administração, são elas: administração financeira;
administração de material; administração mercadológica/marketing; administração da
produção; administração e seleção de pessoal/recursos humanos; orçamento; organização e
métodos e programas de trabalho e ainda os campos conexos, que abrangem:
1.
Administração de consórcio
2.
Administração de comércio exterior
3.
Administração de cooperativas
4.
Administração hospitalar
5.
Administração de condomínios
6.
Administração de imóveis
7.
Administração de processamento de dados/informática
8.
Administração rural
9.
Administração hoteleira
10. Factoring
11. Turismo (ANDRADE; AMBONI, 2004, p. 27).
30
Os autores, em sua obra, fazem uma relação das áreas de atuação do profissional de
administração com os campos de conhecimento estabelecidos pelas diretrizes curriculares.
Segundo Andrade e Amboni (2004, p. 31) os gestores dos cursos de Administração devem
“verificar quais assuntos os alunos devem aprender, o que o curso de Administração deve
contemplar para consagrar o perfil de egresso pretendido, assim como os demais tópicos
constantes do projeto pedagógico do curso de graduação como um todo”.
2.2
O ADMINISTRADOR – PERFIL REQUERIDO
Nesta sessão, são apresentados, o perfil requido ao profissional de Administração e
as competências e habilidades inerentes a profissão de administrador.
2.2.1
Competências e habilidades
O conceito de competência foi proposto de forma estruturada pela primeira vez em
1973 por David MacClelland, desde então vem sendo amplamente discutido ao longo dos
anos. (DUTRA, 2004, p. 22)
Fleury e Fleury, (2000, p. 21) definem competência como “um saber agir responsável
e reconhecido, que implica mobilizar; integrar; transferir conhecimentos, recursos,
habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. Para
Perrenoud (2000, p. 19) competência pode ser definida como
“a aptidão para enfrentar uma família de situações análogas, mobilizando de forma
correta, rápida, penitente e criativa, múltiplos recursos cognitivos, saberes,
capacidades, microcompetências, informações, valores, atitudes, esquemas de
percepção, de avaliação e de raciocínio”.
Gomes (2003) afirma quanto aos conceitos de Fleury e Fleury (2000) e Perrenoud
(2000) que apesar de que há aparentemente um divergência terminológica, ambos operam
31
com o mesmo conceito. Para fins deste trabalho, utilizaremos o conceito proposto por Fleury
e Fleury (2000).
Quase sempre a palavra competência vem acompanhada da palavra habilidade. Para
Gomes (2003, p. 31) a palavra habilidade diferentemente da palavra competência, tem um
sentido relativamente estável. As habilidades estão associadas ao saber fazer: capacidade
física ou mental, que indica a capacidade adquirida. Assim, para o autor, “compreender
fenômenos,
relacionar
informações,
analisar
situações-problema,
sintetizar,
julgar,
correlacionar e manipular são exemplos de habilidades”.
As habilidades referem-se a um saber aprender, saber fazer, saber proceder. Ainda
para Gomes (2003, p. 31) “ assim entendidas, várias habilidades articuladas e direcionadas à
ação solucionadora, em uma determinada situação, constituem uma competência”.
2.2.2
As funções do executivo – Chester Barnard
Chester Barnard também contribuiu com sua obra - As funções do executivo – para
os estudos acerca deste tema. Para Barnard (1979) o desempenho das organizações é
influenciado mais fortemente pelas variações do ambiente externo. Assim o executivo, deve
acima de tudo canilizar os esforços de suas ações para obter um sistema cooperativo. A
palavra cooperação, como um alicerce está no centro da obra de Barnard, entretanto, para o
autor não se pode dizer que as funções executivas consistem em administrar este sistema de
esforços cooperativos. Barnard faz uma comparação deste sistema cooperativo que propõe ao
sistema nervoso central, clareando suas idéias em torno das funções executivas que discute.
Como um todo, ele é gerido por si mesmo, não pela organização executiva, que é
uma parte dele. As funções que nos interessam são percebidas como a do sistema
nervoso, incluindo o cérebro, em relação ao resto do corpo. Ele existe para manter o
sistema corpóreo, dirigindo aquelas ações que são necessárias para um melhor
ajustamento ao ambiente, mas não se pode dizer que ele existe para administrar o
corpo, do qual uma grande parte das funções é independente dele, e das quais ele
por sua vez, depende. (BARNARD, 1979, p. 215)
32
“As funções executivas essenciais (...) devem, em primeiro lugar, prover o sistema de
comunicação; em segundo, promover a garantia de esforços essenciais e em terceiro, formular
e definir o propósito”. (BARNARD, 1979, p. 215) Ainda segundo o autor, a considerar que os
elementos da organização são interligados e dependem um dos outros, as funções do
executivo não diferem muito uma da outra.
a) As manutenções das comunicações na organização: resumidamente esta primeira
função descrita por Barnard (1979, p. 223) visa desenvolver e manter um sistema de
comunicação dentro da organização. Isso implica na determinação de um “esquema de
organização e de um pessoal executivo” e envolve, incentivos, promoções, rebaixamento, etc.,
ou seja, cria uma organização informal dentro da organização formal com objetivo de garantir
a compatibilidade do pessoal. Esta organização informal tem como principais funções “a
expansão dos meios de comunicação com a redução da necessidade de decisões formais, a
diminuição das influencias indesejáveis, e a promoção de influencias desejáveis em
concordância com o esquema das responsabilidades formais.
b) O asseguramento de serviços essenciais dos indivíuos: esta segunda função, de
“promover o asseguramento de serviços pessoais
que constituem o material das
organizações”, segundo o autor, envolve duas partes: “(a) a atração de pessoas para a área de
alcace do esforço específico para assegurar serviços; e (b) a aplicação desse esforço quando
essas pessoas tenham sido trazidas suficientemente perto”. (BARNARD, 1979, p. 223-224).
Nesta função o autor evidencia a dependencia da organização em relação as pessoas ligadas a
ela. Para o autor a utilização de incentivos, promoções, etc. garantem o fortalecimento dos
laços entre as pessoas e a organização e consequentemente contribuem através de sua
cooperação com o desenvolvimento da organização.
c) A formulação de prósitos e objetivos: esta terceira e última função descrita pelo
autor se refere a formulação e definição dos propósitos, objetivos, fins, da organização. “A
33
fomulação e a definição de propósito é, pois, uma função largamente distribuída, sendo que
apenas a sua parte mais geral é executiva”. Ainda segundo o autor a execução desta função
“exige sistemas sensíveis de comunicação, experiência de interpretação, imaginação e
delegação de responsabilidade”. (BARNARD, 1979, p. 228)
Esta função envolve, essencialmente a cooperação. Nenhum executivo poderá
executar essa função isoladamente, por isso o autor define como fator crítico a delegação de
responsabilidade (que também se relaciona, ou, depende fortemente a execução da primeira
função já descrita, a da comunicação). É necessário o envolvimento de todos, inclusive dos
funcionários operacionais, com os objetivos gerais de modo que sejam capazes de contribuir
para as tomadas de decisões.
Quanto as funções Barnard (1979, p. 228) conclui que “estas funções são elementos
de um todo orgânico. É sua combinação num sistema de trabalho que constitui uma
organização”.
2.2.3
As habilidades do Administrador – Robert L. Katz
Um dos trabalhos mais conhecidos e considerado um clássico para a teoria da
administração sobre as habilidades do administrador é o trabalho de Katz. Ele descreve três
tipos de habilitações básicas: a técnica, a humana e a conceitual.
Para Katz (1986, p. 59) “É surpreendente quão poucos executivos ou professores
concordam acerca do que é necessário para ser um bom administrador”.
Em meio a esta diferença de opiniões estão as empresas que buscam identificar o seu
“executivo ideal” nos traços de personalidade ou atributos pessoais de cada individuo. O fato
de existirem tipos característicos de administradores com aptidões mais voltadas a uma ou
34
outra área, é bastante aceito, entretanto que as empresas de modo geral precisam de todos os
tipos de administradores; executivos com habilidades variadas (KATZ, 1986).
Mas Katz (1986) afirma ainda que em meio a essa busca pelo executivo perfeito,
analisando-se apenas traços de personalidade e características pessoais, as empresas possam
perder o foco e negligenciar a observação do que de fato o indivíduo é capaz de realizar.
Assim Katz (1986) sugere que as empresas poderiam ser mais eficazes em seu
processo seletivo se estivessem mais atentas aquilo que os indivíduos fazem, e não ao que são.
“Este tipo de enfoque indica que a administração realmente eficiente se apóia em três
habilitações básicas” que apesar de estarem fortemente ligadas serão descritas separadamente.
São elas: técnica, humana e conceitual (KATZ, 1986, p. 61).
Antes de descrever as três habilitações, Katz (2000) estabelece dois pressupostos
quanto às atividades do administrador que são: “(a) dirige as atividades de outras pessoas e (b)
assume a responsabilidade de atingir determinados objetivos por meio da soma de esforços”
(KATZ, 1986, p. 61).
a) Habilitação técnica:
Segundo Katz (1986, p. 61) a aptidão técnica “subentende compreensão e
proficiência num determinado tipo de atividade, especialmente naquela que envolva métodos,
processos e procedimentos ou técnicas”. Ainda quando a esta habilidade Katz (1986) descreve
mais detalhamento que a técnica é fácil de perceber em um profissional médico ou músico,
enquanto desempenha sua função específica. O conhecimento específico que lhe permite atuar
profissionalmente, utilizando o seu instrumento de trabalho é a habilidade técnica. Katz
(1986) comenta também a respeito da habilidade técnica que está é a habilidade que mais
facilmente se pode perceber, a mais concreta.
b) Habilitação humana:
35
“Habilitação humana é aquela qualidade de o executivo trabalhar eficientemente
como integrante de um grupo e de realizar um esforço conjunto com os demais componentes
da equipe que dirige”. Para uma melhor compreensão o autor estabelece um comparativo
entre a habilidade técnica e humana, afirmando que enquanto a técnica se refere mais ao
manuseio de equipamentos e instrumentos, a humana se reporta ao trabalho em equipe, ao
desempenho do trabalho em conjunto (KATZ, 1986, p. 62).
Esta habilidade subentende uma capacidade de perceber e compreender e saber lidar
com as diferenças, tanto na maneira de ser como de se expressar e trabalhar, dos membros de
sua equipe em relação aos demais membros e em relação a si mesmo. Esta habilidade descrita
por Katz (1986) proporciona ao administrador criar e sustentar um ambiente de trabalho
agradável e produtivo a partir do momento em que todos se sentem a vontade para se
expressar na certeza de que serão ouvidos.
A habilidade humana não deve ser ocasional, deve, entretanto, “ser desenvolvida
natural e inconscientemente, bem como continuamente, sendo demonstrada em todas as
atitudes do indivíduo” (KATZ, 1986, p. 62).
c) Habilitação conceitual:
Segundo (Katz, 1986, p. 66) habilidade conceitual se refere a “habilidade de
considerar a empresa como um todo; inclui o reconhecimento de como as diversas funções
numa organização dependem uma da outra e de que modo as mudanças em qualquer uma das
partes afeta as demais”.
Katz (1986) afirma que este conhecimento geral da empresa possibilita ao
administrador ser mais eficiente. Ter conhecimento da organização como um todo é também
um aspecto importante para tomadas de decisão. E complementa afirmando que “as atitudes
do principal executivo definem o caráter da organização e determinam a “personalidade
36
empresarial” que distingue a maneira de trabalhar de uma empresa das outras” (KATZ, 1986,
p. 67, grifo do autor).
Para o autor estas atitudes são o reflexo da habilidade conceitual do administrador; a
maneira que ele entende e se manifesta em relação ao caminho que a empresa deve seguir,
considerando os objetivos e políticas da empresa e os interesses dos acionistas e dos
empregados.
2.2.4
Papéis Gerenciais - Henry Mintzberg
Henry Mintzberg, tem contribuído para literatura na área de administração. Em 1975
escreveu sobre as funções do administrador e conduziu seu artigo em forma de uma crítica a
restrita descrição de que as funções do administrador se resumiam a planejar, organizar
coordenar e controlar, conforme sugerido por Fayol em 1916.
“A administração, que tanto se preocupa com o progresso e as mudanças, há mais de
meio século não enfrenta seriamente a pergunta fundamental: o que fazem os executivos”?
(Mintzberg, 1986, p. 8). O autor argumenta que sem esta proposta pouco se pode fazer em
relação à melhoria da profissão, contestando inclusive a adequação quanto ao que se ensina
nos cursos de administração.
Mintzberg (1986, p. 8) acredita que sua descrição esteja muito mais próxima da
realidade, e que desta forma seja muito mais adequada e útil, visto que é “resumo e síntese das
pesquisas disponíveis sobre como alguns executivos empregam seu tempo”.
Em suas pesquisas contatou que muitas das tarefas, descritas como funções do
administrador por outros autores, como citado anteriormente, as funções descritas por Fayol
não passam de mitos. Baseado nisso, Mintzberg resume os resultados de suas pesquisas
descrevendo em dez papéis o trabalho do executivo.
37
A tarefa do executivo pode ser descrita em termos dos vários “papéis” ou conjuntos
organizados de condutas identificadas com uma posição. Minha descrição
compreende dez papéis. A autoridade formal dá origem a três papéis interpessoais,
que originam três papéis informacionais. Esses dois grupos de papéis capacitam o
executivo a desempenhar os quatro papéis decisionais. (Mintzberg, 1986, p. 19
grifo do autor).
Quadro 1 - Papéis do executivo
Fonte: Adaptado de: MINTZBERG, Henry. Trabalho do executivo: o folclore e o fato. 07 a 37. In: SHAPIRO,
Benson P et al. Como fazer dinheiro com o marketing. São Paulo : Nova Cultural, 1986. 102p, il.
(Coleção Harvard de administração, 3).
Papéis Interpessoais:
Segundo Mintzberg (1986) os papéis interpessoais, abordam o que o próprio nome
diz as relações interpessoais do executivo, que são:
a) a imagem do chefe: A posição de chefe impõe ao executivo “desempenhar
algumas obrigações de natureza cerimonial” como comparecer a festas e eventos, de
casamentos de gerentes até inaugurações e coquetéis. Netas situações onde representa a
empresa, o executivo empresta sua imagem à organização.
38
b) líder: O papel de líder se refere às atitudes de motivar e encorajar a equipe com
objetivo de estimulá-los ao bom desempenho de sua função, conciliando suas necessidades
pessoais com os objetivos organizacionais.
c) contato: descreve as relações do executivo fora de “sua cadeia vertical de
comando”. Segundo as pesquisas de Mintzberg os executivos dedicam praticamente a mesma
quantidade de tempo que dedicam a seus subordinados, a pessoas “estranhas a unidade”. Esta
rede de relacionamentos contribui também para a sua profissão.
Papéis Informacionais
Mintzberg (1986, p. 23) afirma que “o processamento da informação é uma peça
fundamental no trabalho do executivo”.
a) monitor: o papel de monitor descrito pelo autor ocorre quando o executivo receber
informações, tendo ele buscado essas informações ou não, como por exemplo, em uma
conversa informal. De modo geral essa coleta de informações se da verbalmente, e são de
grande importância para o executivo, ao conduzir uma organização.
b) disseminador: as informações coletadas pelo executivo, por meio de suas relações
internas ou externas a organização, muitas vezes, precisam ser convenientemente levadas a
diante dentro da organização. Para o autor essa função de disseminar as informações também
compete ao executivo.
c) porta-voz: igualmente ao papel de disseminador, o papel de porta-voz descrito por
Mintzberg é assumido pelo executivo quando ele transmite informações. Entretanto,
inversamente ao papel de disseminador, o papel de porta-voz leva as informações para fora,
ou seja, o ambiente em que está inserida a organização.
Papéis Decisionais
39
Quanto aos papéis decisionais, Mintzberg (1986, p. 25) se refere ao executivo como
centro nervoso da organização, e diz que “somente ele possui informações completas e atuais
para tomar o conjunto de decisões que determinam à estratégia da unidade. Quatro papéis
definem o executivo como responsável pelas decisões”.
a) empreendedor: desempenhando este papel, o executivo busca a melhoria constante
de sua unidade ou organização, empreendendo internamente mudanças, melhorias,
desenvolvimento de novos projetos, etc.
b) manipulador de distúrbios: o manipulador de distúrbios é aquele que, como o
empreendedor, lida com mudanças e novas situações dentro da organização, entretanto, neste
caso as situações não são planejadas, ocorrem ao acaso e precisam ser controladas.
c) alocador de recursos: a alocação de recursos é apresentada por Mintzberg como a
parte central da formulação de estratégias. Tudo que acontece submete-se a autorização do
executivo, o que garante uma gestão mais eficaz. Nesse papel o executivo decide a
autorização inclusive do que os outros podem decidir. “É graças a esta prerrogativa que ele
assegura uma interligação nas decisões: tudo passa por um único cérebro” (MINTZBERG,
1986, p. 29)
d) negociador: segundo as pesquisas de Mintzberg (1986), o executivo também
assume um papel de negociador, haja visto que gastam um tempo considerável em
negociações. O autor comenta que as negociações fazem parte da rotina do executivo, que
negocia a todo o momento, sejam grandes ou pequenas coisas. Somente o executivo tem a
autoridade e as informações necessárias para conduzir uma negociação e tomar as decisões.
Finalmente, com os resultados de seus estudos Mintzberg concluiu que os papéis são
ligados e dependentes, ou seja um não se desenvolve sem um outro, mas que de fato, alguns
executivos podem dar mais ou menos atenção a um ou outro papel. Mintzberg (1986) conclui
40
ainda que na área de vendas, destaca-se mais o desempenho de papéis interpessoais pos parte
dos executivos, no setor de produção identificou-se mais atenção aos papéis decisoriais; e nos
executivos do setor pessoal, identificou-se uma dedicação maior aos papéis informacionais.
2.2.5
Pesquisas sobre Perfil do Administrador e Mercado de Trabalho – CFA
O Conselho Federal de Administração realizou nos últimos anos algumas pesquisas,
de âmbito nacional, sobre o perfil do profissional de Administração, sua formação e o
mercado de trabalho. Em pesquisa realizada nos anos de 1994 e 1995 foram identificadas as
habilidades mais procuradas pelo mercado de trabalho, que foram as seguintes: a)
responsabilidade; b) liderança; c) iniciativa; d) capacidade de trabalhar em equipe; e) tomada
de decisão e f) criatividade. (CFA, 1995)
Em outra pesquisa, realizada no ano de 2003 o CFA identificou outros aspectos,
agora quanto ao perfil do administrador. Os resultados da pesquisa apontam que os
profissionais de Administração brasileiros são em sua maioria homens, casados, com idade de
entre 30 e 40 anos e dominam uma língua estrangeira. Revelam ainda que 48% dos
administradores estudaram em instituições privadas, 72% fizeram especialização e 9%
mestrado. Com relação a empregabilidade apenas 5% declararam-se desempregados. É
importante assinalar que, do total de respondentes na pesquisa de 2003, o segmento
Administrador (68%) possui registro em carteira profissional, sendo que os demais 20%
encontram-se exercendo suas atividades nas áreas pública, privada ou são aposentados.
Ainda segundo a pesquisa, 42% dos pesquisados exercem atividade profissional no
setor de serviços, contra 21% no setor industrial e 14% no comercial. Quanto a área de
atuação específica a maioria, 30% atuavam em Administração Geral, 18% na Área Financeira.
41
Com relação ao cargo que acupavam 26% ocupavam cargo de gerência; 16% de
analistas; 10% de coordenadores; 8% de diretores; 8% de supervisores e 6% de
presidentes/proprietários.
2.2.6
Competências – Afonso C. C. Fleury e Maria T. L. Fleury
Para Fleury e Fleury (2000) a palavra competência nos remete a um conceito ainda
em construção. Entretanto, acreditam que o entendimento da palavra competência pode ser
obtido a partir do seguinte conceito: “um saber responsável e reconhecido, que implica
mobilizar, integrar; tranferir conhecimentos, recursos, habilidades que agreguem valor
econômico à organização e valor social ao indivíduo”. (FLEURY E FLEURY 2000, p. 21)
Para um melhor entendimento do conceito, Fleury e Fleury (2000) propõem uma
explicação individual dos verbos expressos neste conceito. O Quadro 02 apresenta algumas
definições.
42
Quadro 2 - Competências do profissional
Fonte: Adaptado de: FLEURY, Afonso Carlos Correa; FLEURY, Maria Tereza Leme. Estratégias empresariais
e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópio da indústria brasileira. São Paulo : Atlas,
2000. 169p, il.
Estes saberes, formadores do conceito de competência proposto por Fleury e Fleury
(2000), apresentados e explicados no Quadro 2, são relacionados pelos autores a tipos de
43
conhecimentos que são: a) conhecimento teórico; b) conhecimento sobre os procedimentos; c)
conhecimento empírico; d) conhecimento social; e d) conhecimento cognitivo. Este processo
de desenvolvimento de competências a partir dos conhecimentos acontece a partir da
educação formal e continuada, experiência social e experiência profissional.
No Quadro 3 a seguir, relacionam-se os tipos de conhecimento com a função (Quadro
2) e ainda como desenvolver.
Tipo
Conhecimento teórico
Função (Quadro 2)
Entendimento, interpretação
Como desenvolver
Educação formal e continuada
Conhecimento sobre os
procedimentos
Saber como proceder
Educação formal e experiência
profissional
Conhecimento empírico
Saber como fazer
Experiência profissional
Conhecimento social
Saber como comportar
Experiência social e profissional
Conhecimento cognitivo
Saber como lidar com a
informação, saber como aprender
Educação formal e continuada, e
experiência social e profissional
Quadro 3 – Processo de desenvolvimento de competências
Fonte: Adaptado de: FLEURY, Afonso Carlos Correa; FLEURY, Maria Tereza Leme. Estratégias empresariais
e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópio da indústria brasileira. São Paulo : Atlas,
2000. 169p, il.
Resumidamente, o que Fleury e Fleury (2000) propõem é que um conjunto de
conhecimentos associados, adquiridos a partir da educação formal e continuada, experiência
social e experiência profissional, também de forma indissociada, formam as nossas
competências.
2.2.7
Os Quatro Pilares da Educação - Jacques Delors
Em 1996, Jacques Delors, em um relatório destinado à UNESCO defendia algumas
teses, do ensino básico ao superior, voltadas basicamente ao desenvolvimento humano. Delors
dá “ênfase especial ao papel dos professores como agentes de mudanças e formadores do
44
caráter e do espírito das novas gerações, tendo em vista a necessidade de se evitar os
preconceitos étnicos e o totalitarismo” (DELORS, 2000, p. 09)
Delors (2000, p. 89) afirma que cabe a educação “fornecer de algum modo, os mapas
de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita
navegar através dele”. O autor complementa afirmando que não basta apenas que o indivíduo
acumule uma determinada quantidade de conhecimento como se este lhe fosse suficiente pelo
resto da vida. O autor afirma que para evoluir e se adaptar a um mundo de constantes
mudanças é necessário aproveitar todas as oportunidades de somar conhecimento, aprofundarse, atualizar-se.
Neste contexto, Delors (2000, p. 89 grifo do autor) sugere que a educação seja
organizada acerca de “quatro aprendizagens fundamentais”, chamadas de pilares pelo autor, e
que segundo ele serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento:
aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a
fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de
participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente
aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes.
Delors (2000) afirma ainda que se deve ultrapassar a visão puramente instrumental
da educação, que se considera via obrigatória para obtenção de certos resultados e se passe a
considerá-la em toda sua plenitude.
1º Pilar - Aprender a Conhecer
“Este tipo de aprendizagem que visa não tanto à aquisição de um repertório de
saberes codificados, mas antes o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento pode
ser considerado, simultaneamente, como um meio e como uma finalidade da vida humana”.
Como um meio, visto que pretende que cada um aprenda a entender o mundo que o cerca e
finalidade por estar fundamentado no “prazer de compreender, de conhecer, de descobrir”
(DELORS 2000, p. 90).
45
Ainda quanto a este “pilar” Delors (2000), comenta que o aumento do conhecimento,
de modo geral, permite compreender melhor as coisas e o ambiente, o que favorece a
“curiosidade intelectual”, aumenta a capacidade de discernimento e ainda estimula o senso
crítico.
2º Pilar - Aprender a Fazer
Delors (2000) inicia sua explicação quanto a este segundo pilar, esclarecendo a forte
impossibilidade de dissociação deste, aprender a fazer, com o primeiro, aprender a conhecer.
Da mesma forma, esclarece logo no início que este pilar está muito mais ligado a questão da
formação profissional.
Para Delors (2000, p. 93), aprender a fazer não pode continuar significando, pura e
simplesmente a preparação de alguém para alguma tarefa, como fabricar ou produzir algo,
mas “as aprendizagens devem evoluir e não podem mais ser consideradas como simples
transmissão de práticas mais ou menos rotineiras, embora estas continuem a ter um valor
formativo que não é de desprezar”.
3º Pilar - Aprender a Viver Juntos, Aprender a Viver com os Outros.
“Sem dúvida, esta aprendizagem representa, hoje em dia um dos maiores desafios da
educação. O mundo atual é muitas vezes, um mundo de violência que se opõe à esperança
posta por alguns no progresso da humanidade” (DELORS 2000, p. 96).
Para Delors (2000, p. 102) aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros,
muito mais do que dividir o mesmo espaço, ou conviver na sociedade, se refere ao
“desenvolvimento da compreensão do outro e a percepção das interdependências, realizar
projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos, no respeito pelos valores do pluralismo, da
compreensão mútua e da paz”.
46
Delors (2000, p. 99) conclui quanto a este pilar que “na prática letiva diária, a
participação de professores e alunos em projetos comuns pode dar origem à aprendizagem de
métodos de resolução de conflitos e constituir uma referência para a vida futura dos alunos”.
4º Pilar - Aprender a Ser
Neste último pilar definido por Delors (2000, p. 99), atribui-se a educação a função
de “contribuir para o desenvolvimento total da pessoa – espírito e corpo, inteligência,
sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade”.
Neste contexto, considerando o desenvolvimento total do indivíduo, mais do que
preparar as crianças para uma dada sociedade, deve-se fornecer a elas forças e referências
intelectuais que lhes possibilite compreender o mundo onde vivem e que se comportem nele,
de maneira responsável e justa (Delors 2000, p. 99).
Finalmente, Delors (2000) conclui que, na medida em “os sistemas educativos
formais tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento em detrimento de outras formas de
aprendizagem, importa conceber a educação como um todo”. Assim, espera-se que no futuro,
as reformas educativas, tanto a nível de elaboração de programas como definição de políticas
pedagógicas, possam ser orientadas sob esta ótica.
2.2.8
O perfil definido pelas Diretrizes Curriculares (2004)
Como visto anteriormente, a Resolução nº. 1, de 2 de fevereiro de 2004, institui as
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Administração, Bacharelado.
Foi Publicada no Diário Oficial da União no dia 4 de março de 2004, e aborda também as
competências e habilidades a serem desenvolvidas durante a formação, que são contempladas
no seu Artigo 4º, e que estabelece o seguinte:
47
I - reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente,
introduzir modificações no processo produtivo, atuar preventivamente, transferir e
generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o
processo da tomada de decisão;
II - desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício
profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações
interpessoais ou intergrupais;
III refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua
posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento;
IV - desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e
formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos
produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo
crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais;
V - ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa,
vontade de aprender, abertura às mudanças e consciência da qualidade e das
implicações éticas do seu exercício profissional;
VI - desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência
cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em
diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável;
VII - desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em
organizações; e
VIII - desenvolver capacidade para realizar consultoria em gestão e administração,
pareceres e perícias administrativas, gerenciais, organizacionais, estratégicos e
operacionais. (BRASIL, 2004)
Segundo Andrade e Amboni (2002) o sistema educacional brasileiro vem, há algum
tempo passando por uma série de mudanças. Estas mudanças visam garantir a um número
maior de pessoas o acesso à educação e também melhorias de qualidade no ensino. Para os
autores esta situação deve ser vista pelas IES como oportunidades de rever e analisar o Projeto
Pedagógico, para que este por sua vez possa garantir melhores níveis de qualidade, de
legitimidade e de competitividade.
2.2.9
Competências individuais – Sant’anna; Moraes e Kilimnik
Sant’anna; Moraes e Kilimnik (2005) desenvolveram um estudo – Competências
individuais, modernidade organizacional e satisfação no trabalho: um estudo diagnóstico
comparativo – baseados na afirmação de que em nenhuma outra época da história das
organizações as pessoas com suas competências e talentos foram tão valorizadas como
48
atualmente. Dentre os objetivos de seu estudo, dois em especial interessam a esta pesquisa.
No primeiro os autores buscaram compreeder o grau em que as organizações, a que se
vinculam os profissionais de Administração, tem requerido novas competências individuais
consideradas chave para o enfrentamento do novo ambiente dos negócios, e no segundo
buscaram compreeder a adequação entre a difusão desse discurso e o grau em que os sistemas
de gestão das organizações em que atuam os mesmos profissionais, favorecem e sustentam a
formação e aplicação das novas competências.
Para respaldar sua pesquisa Sant’anna; Moraes e Kilimnik (2005) buscaram revisar
os principais estudos anglo americanos e franceses sobre competência e identificaram
(Quadro 4) 15 competências individuais mais enfaticamente requeridas aos trabalhadores,
como resposta às novas demandas do atual ambiente dos negócios.
Competências individuais requeridas
Capacidade de aprender rapidamente novos conceitos e tecnologias
Capacidades de trabalhar em equipes
Criatividade
Visão de mundo ampla e global
Capacidade de comprometer-se com os objetivos das organizações
Capacidade de comunicação
Capacidade de lidar com incertezas e ambigüidades
Domínio de novos conhecimentos técnicos associados ao exercício do cargo ou função ocupada
Capacidade de inovação
Capacidade de relacionamento interpessoal
Iniciativa de ação e decisão
Autocontrole emocional
Capacidade empreendedora
Capacidade de gerar resultados efetivos
Capacidade de lidar com situações novas e inusitadas
Quadro 4 - Competências individuais requeridas
Fonte: SANT’ANNA, Anderson de Souza; MORAES, Lúcio Flavio Renault de; KILIMNIK, Zélia Miranda.
Competências individuais, modernidade organizacional e satisfação no trabalho: um estudo de
diagnóstico comparativo. RAE-eletrônica, v. 4, n. 1, Art. 1, jan./jul. 2005.
49
Quanto a modernidades organizacional, Sant’anna; Moraes e Kilimnik (2005),
baseados também em uma ampla revisão a cerca do tema identificaram 23 indicadores que
foram agrupados e três fatores, conforme o Quadro 5 a seguir.
Indicadores de Modernidade Organizacional
Modernidade
Administrativa e das
Práticas de Gestão de
Pessoas
Modernidade Política
Modernidade Cultural
O sistema de remuneração da organização recompensa os atos de competência
A organização é fortemente orientada para resultados
Há um sistema de avaliação que permite diferenciar o bom e o mau desempenho
A organização equilibra adequadamente a preocupação com resultados financeiros,
com as pessoas e com a inovação
As políticas e práticas de recursos humanos estimulam as pessoas a se preocuparem
com a aprendizagem contínua
Os principais critérios para a promoção são a competência e a produtividade da
pessoa
A organização combina de forma equilibrada a utilização de tecnologias avançadas
com a criatividade das pessoas
A tecnologia empregada favorece a integração entre pessoas e áreas
As políticas e práticas da organização estimulam que as pessoas estejam sempre
bem informadas e atualizadas
A estratégia, missão, objetivos e metas da organização são claramente definidos
As políticas e práticas de recursos humanos da organização estimulam o
desenvolvimento pessoal e profissional
De modo geral, os empregados sabem o que devem fazer para colaborar com os
objetivos da organização
O processo decisório na organização é descentralizado
A organização favorece a autonomia para tomar decisões
No que se refere ao aspecto político, o regime que vigora na organização pode ser
considerado como democrático
Os processos de tomada de decisão são participativos e transparentes
A organização conta com sistemas de gestão participativos que estimulam a
iniciativa e ação das pessoas
A organização admite a diversidade de comportamentos e respeita as diferenças
individuais
O ambiente de trabalho facilita o relacionamento entre as pessoas mesmo de níveis
hierárquicos diferentes
O clima interno da organização estimula idéias novas e criativas
O clima interno da organização estimula que as pessoas estejam em contínuo
processo de aprendizagem, no seu dia-a-dia de trabalho
Na organização há um clima estimulante para que as pessoas realizem suas
atividades buscando se superar
A organização encoraja a iniciativa e responsabilidade individual
Quadro 5 – Indicadores de modernizadade organizacional
Fonte: SANT’ANNA, Anderson de Souza; MORAES, Lúcio Flavio Renault de; KILIMNIK, Zélia Miranda.
Competências individuais, modernidade organizacional e satisfação no trabalho: um estudo de
diagnóstico comparativo. RAE-eletrônica, v. 4, n. 1, Art. 1, jan./jul. 2005
50
Sant’anna; Moraes e Kilimnik (2005), através da aplicação de questionários,
pequisaram 654 profissionais de Administração e seus resultados apontam a percepção dos
profissionais quanto a demanda pelas competências apresentadas no Quadro 4 acima,
“evidenciando-se como mais requeridas aquelas diretamente associadas a aspectos relacionais
e sociais, bem como a fatores associados à performance das organizações”. (SANT’ANNA;
MORAES; KILIMNIK, 2005, p. 13, grifo do autor)
Das 15 competências as cinco percebidas pelos pesquisados como mais requeridas
foram: a) capacidade de gerar resulatdos efetivos; b) capacidade de se comprometer com os
objetivos da organização; c) capacidade de trabalhar em equipes; d) capacidade de
relacionamento inter-pessoal; e e) capacidade de comunicação.
Quanto a modernidade organizacional, seus resultados apontam a percepção dos
pesquisados quanto a ênfase das organizações em resultados e no compartilhamento de seus
propósitos e metas. Destaca-se ainda a percepção dos mesmos quanto ao favorecimento de
ambientes de trabalho que propiciem uma boa comunicação e integração entre as pessoas de
qualquer
nível
hierárquico.
Entretanto
apresentam-se
nas
organizações
ainda,
a
“predominância de um caráter organizacional ainda autoritário, hierarquizado e centralizado”.
(SANT’ANNA; MORAES; KILIMNIK, 2005, p. 19)
Em síntese, Sant’anna; Moraes e Kilimnik (2005) concluem afirmando que de fato,
as organizações tem demandado um amplo leque de competências dos profissionais, e que
apesar de haver movimentos a favor da criação de um ambiente organizacional moderno, que
propicie o desenvolvimento e aplicação das competências requeridas, ainda percebe-se a
existência de um lacuna entre a situação atual e a modernidade organizacional.
Após descritas as habilidades e competências requeridas aos profissionais de
Administração, segundo os autores acima citados, apresenta-se a seguir um Quadro Teórico
que as resume.
51
Sant'
anna 2005
X
Diretrizes 2004
Assumir responsabilidade
Delors 2000
X
Fleury 2000
CFA 1995
Alocador de recursos
Aprender novos conceito e tecnologias
Mintzberg 1986
Katz 1986
Barnard 1979
Habilidades e Competências / Referência
X
X
X
X
X
X
X
Atuar preventivamente,
Autocontrole emocional
X
X
Capacidade de discernimento
Capacidade de gerar resultados
X
X
Capacidade de gerenciamento;
X
Capacidade de lidar com mudanças e situações novas
Capacidade de tomar decisões
X
X
X
X
Capacidade de trabalhar em equipe
Capacidade de transferir conhecimentos
X
X
X
X
X
X
X
Comprometimento com a empresa
Conviver em sociedade
X
X
X
Criar de manter uma rede de relacionamentos
X
Criatividade
Delegar
X
X
X
X
X
X
Equacionar soluções
Ética
X
Expressar-se e comunicar-se bem
X
Formular projetos e objetivos:
Gerir conflitos (incertezas, situações ambíguas)
X
Habilidade técnica
Iniciativa
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Negociar
X
X
X
X
Representar a organização
Senso crítico
X
Ser empreendedor
X
X
X
X
X
X
X
Ter determinação
Ter raciocínio lógico, crítico e analítico
X
X
Ter vontade política e administrativa
X
Quadro 6 – Sumário teórico de habilidades e competências
X
X
X
X
X
Inovar
Liderança
Pensar estrategicamente, (empresa como um todo)
Reconhecer problemas,
X
X
52
2.3
PESQUISAS SOBRE EGRESSOS
Nesta sessão, serão apresentados resultados de pesquisas sobre a formação e a
profissão de administrador.
Monteiro (1992) realizou uma pesquisa chamada “A situação dos egressos do curso
de graduação em administração da faculdade de ciências da administração de Pernambuco –
FCAP/FESP – UPE, dos anos de 1981-1989, no mercado de trabalho e sua visão sobre o
curso realizado”. Em sua pesquisa, buscou identificar o perfil profissional, acadêmico e
pessoal dos alunos egressos do curso de administração da FCAP/FESP – UPE e a opinião
deles em relação ao curso que realizaram.
Seu principal objetivo era “subsidiar o desenvolvimento de um processo de reflexão
e debate em torno dos elementos essenciais que caracterizam o curso de graduação em
Administração” na instituição que pesquisou. A amostra pesquisada por monteiro constituiuse de maioria masculina e desempenhando atividade profissional remunerada. Os aspectos
que mais se destacaram na avaliação do curso por parte dos seus ex-alunos foram: formação
que não prepara efetivamente para o mercado de trabalho; formação excessivamente teórica;
falta de interação da instituição com o mercado (não viabilizando colocação profissional aos
alunos); comportamento inadequado de alguns alunos (contribuindo para o descrédito a
profissionais da área); comportamento inadequado de professores (desinteresse) e ainda
desorganização administrativa da instituição.
Em outra pesquisa, “Avaliação do ensino de administração na perspectiva de
egressos e dirigentes de empresas”, realizada por Mantovani (1994) com alunos egressos do
curso de administração da Universidade Regional de Blumenau, dos anos de 1990 e 1991, e
dirigentes de empresas da região, buscou-se verificar a adequação entre o ensino
proporcionado pelo curso e as expectativas dos egressos e dos dirigentes de empresas.
53
Através da aplicação de questionários Mantovani (1994) obteve os seguintes
resultados: dos egressos pesquisados, 36% trabalhavam na indústria, 38% em empresas de
grande porte e 34% ocupavam cargos de gerência. 68% dos egressos afirmaram que
esperavam uma formação ampla em todas as áreas e especializada em uma área. Quanto às
áreas de estudo, os egressos dariam prioridade a marketing, finanças, comércio exterior e
recursos humanos. 74% dos egressos pesquisados, se optassem por um curso superior,
optariam pelo mesmo, ou seja, Administração. Questionados quanto às dificuldades
encontradas, eles relataram o seguinte: falta de especialização e experiência, utilização de
métodos de ensino antigos, falta de reconhecimento do profissional, falta de atualização, falta
de conhecimento em algumas áreas, filosofia da empresa e cultura dos empresários,
deficiências em recursos humanos, comunicação, planejamento e trabalho em equipe.
Quanto a análise dos dirigentes de empresas, 95% esperavam que os egressos
tivessem formação ampla em todas as áreas e especialização em uma área. Quanto as áreas de
estudo os gerentes priorizam marketing e produção e finalmente os dirigentes consideram
importante que o curso dê prioridade aos seguintes aspectos: maior enfoque prático nas
disciplinas, docentes mais especializados, assiduidade dos professores, programas mais
voltados à realidade das empresas da região, revisão dos currículos periodicamente, preparar
empreendedores, visão sistêmica, preparar para o futuro, transformar o curso em instrumento
de inovação do conhecimento técnico.
Um pouco mais tarde, Araújo e Correia (2001), com sua pesquisa entitulada “Uma
avaliação do processo formativo do Administrador: um estudo de caso em uma Instituição de
Ensino Superior”, buscaram identificar nos alunos concluintes do curso de Administração da
UFRN em Natal, a percepção deles em relação à sintonia do curso com o mercado de
trabalho. Cada vez mais exigências são impostas aos profissionais e da mesma forma, cada
vez mais são exigidos os cursos de formação superior. Neste contexto as autoras pesquisaram
54
a percepção dos alunos concluintes quanto ao processo formativo dos profissionais de
Administração. A amostra foi composta por 31 respondentes que levaram aos seguintes
resultados: quanto às habilidades técnicas desenvolvidas no curso, foram eleitas pelos alunos
por ordem de importância: administração de recursos humanos, mercadologia, administração
da produção, estágio e processo decisório. As habilidades, também por grau de importância
foram: ter visão estratégica, tomar decisões, viabilizar e implementar idéias, controle
emocional e habilidade em negociação. E finalmente as atitudes foram: buscar atualização
contínua e aperfeiçoamento, auto-organizar-se, assumir responsabilidades, buscar experiência
pratica e ter iniciativa.
As autoras identificaram que há coerência entre as respostas dos alunos e as
exigências do mercado de trabalho.
No mesmo ano, outra pesquisa, entitulada “Perfil, papel social e mercado de trabalho
dos egressos dos cursos de administração de estado de Sergipe 1995-2000”, foi realizada por
Queiroz (2001). A autora buscou identificar nos egressos dos cursos de administração do
Sergipe, formados de 1995 a 2000, o perfil, papel social e analisou também o mercado de
trabalho no qual atuam.
Acompanhando as tendências das pesquisas nesta área, Queiroz (2001) desenvolveu
seu trabalho preocupada com a adequação dos profissionais formados na área e a atual
situação do mercado e da sociedade, que têm evoluído a passos largos. Essa evolução forçou
também a evolução dos profissionais nas mais diversas áreas. Queiroz (2001) identificou
quanto ao gênero que há um equilíbrio, quanto à faixa etária que os pesquisados são
relativamente jovens, e que 80%, durante o período da pesquisa estavam empregados. 76%
concordaram que o curso contribuiu para melhorar sua situação profissional.
Ao pesquisar os empregadores e sua opinião em relação aos profissionais formados
em Administração eles relataram aspectos positivos e negativos. Dentre os aspectos positivos
55
destacou-se o fato de terem conhecimento especializado, estarem atualizados e terem diploma
de curso superior, dentre os aspectos negativos destacou-se o fato de aprenderem coisas
inúteis. Fez-se ainda referência a ter visão geral da empresa, entretanto a opinião do mercado
se divide, sendo que uma parte considera positivo e outra considera que os profissionais não
tem esta visão da empresa como um todo.
Em sua leitura do mercado, através da resposta dos empregadores, Queiroz (2001)
identificou ainda que ao contratar administradores eles esperam: comprometimento; garra e
que saiba trabalhar com o conceito de planejamento. Os empregadores sugeriram as
instituições uma formação mais prática e atualizada e investir na formação do quadro docente
com vistas a melhorar a qualidade do curso.
Gondim (2002) também desenvolveu uma pesquisa nesta área, entitulada “Perfil
Profissional e mercado de trabalho: relação com a formação acadêmica pela perspectiva de
estudantes universitários”, sua pesquisa objetivou “mapear a percepção” e a avaliação de
estudantes universitários concluintes sobre três aspectos: a) sua formação escolar a partir de
seu ingresso na universidade, b) suas opções de atuação profissional, c) sua prontidão para se
inserir no mercado de trabalho.
A pesquisa qualitativa, viabilizada pela utilização de grupos de foco apresentou
como principais resultados o seguinte:
a) não há uma definição clara do perfil profissional exigido no mercado de trabalho,
o que prejudica a elaboração de planos futuros mais definidos, o despreparo profissional está
relacionado à qualidade dos estágios curriculares avaliados como insuficientes e inadequados;
o que compromete tanto o perfil profissional, quanto a inserção num mercado que coloca em
xeque os limites rígidos entre alguns campos de atuação prática.
56
A pesquisa de Gondim (2002) está fundamentada no papel da organização
universitária, que deixou de ser simplesmente educar, para preparar profissionais adequados a
nova realidade social.
A partir dessa premissa, de uma nova realidade social, e consequentemente
organizacional, Gondim (2002) sugere um “delineamento profissional” mais compatível com
a realidade, o desenvolvimento científico e tecnológico, suporte fundamental da globalização
aumenta a complexidade do mundo e passa a exigir um profissional com competência para
lidar com um número expressivo de fatores. Este perfil profissional desejável está alicerçado
em três grandes grupos de habilidades: a) as cognitivas, comumente obtidas no processo de
educação formal (raciocínio lógico e abstrato, resolução de problemas, criatividade,
capacidade de compreensão, julgamento crítico e conhecimento geral, b) as técnicas
especializadas (informática, língua estrangeira, operação de equipamentos e processos de
trabalho, e c) as comportamentais e atitudinais (cooperação, iniciativa, empreendedorismo –
como traço psicológico a habilidade pessoal de gerar rendas alternativas que não as oferecidas
pelo mercado formal de trabalho, motivação, responsabilidade, participação, disciplina, ética e
a atitude permanente de aprender a aprender. Ainda segundo Gondim (2002) a dificuldade das
empresas encontrarem profissionais aptos a ocuparem as vagas disponíveis, questiona a
“eficiência do processo de formação e qualificação”.
Os grupos de foco foram compostos por formandos nas áreas de humanas, exatas e
saúde. Quanto à identidade profissional, Gondim (2002) concluiu que parte dela é constituída
durante o período de formação e que os estudantes percebem que o mercado não estabelece
com clareza os papéis dos profissionais evidenciando uma fragilização dos limites
profissionais de algumas áreas, como ciências humanas.
Quanto ao perfil profissional Gondim (2002) percebeu que os formandos das três
áreas identificaram em atividades inerentes à profissão as habilidades cognitivas, técnicas e
57
atitudinais, e que novamente a linha que demarca as diferentes atividades profissionais tornase cada vez mais tênue com o elevado grau de exigência de multidisciplinaridade do mercado.
Os estudantes são levados a procurar cursos de pós-graduação, porque, por si só, seus cursos
de graduação não lhes oferecem o mínimo necessário para que se enquadrem ao perfil
profissional requerido pelo mercado. Quanto à preparação para o mercado de trabalho a
autora identificou novamente nos formandos que a formação é insuficiente para atender a
demanda requerida.
Outra pesquisa foi realizada por Araújo e Lacerda (2002), que motivadas por um
novo cenário, de ampliadas exigências com relação às profissões, e de uma necessidade
crescente de interação entre a universidade e as empresas, as autoras buscaram na estrutura
curricular de quatro IES da cidade de Natal, identificar conhecimentos, habilidades, valores e
atitudes presentes na formação dos Administradores.
A pesquisa entitulada “Formação acadêmica do administrador: um estudo nas IES da
cidade de Natal”, foi realizada através da análise da grade curricular, habilidades propostas e
perfil do egresso. Teve duração de 5 meses, tendo sido realizada de novembro de 2000 até
março de 2001. As principais conclusões são que as habilidades trabalhadas são: comunicação
escrita; comunicação verbal; estabelecer métodos próprios; gerenciar o tempo e o espaço de
trabalho; raciocínio lógico, crítico e analítico; inovar; negociação; propor, discutir e lidar com
projetos de reforma e modernização administrativa e modelos de gestão inovadores;
reconhecer, definir e atuar em problemas e soluções; equacionar soluções, ser criativo; tomar
decisões e visão global, sistêmica e estratégica da organização, considerando-a como um todo.
Com relação aos valores e atitudes, as conclusões foram que “as propostas pedagógicas dos
cursos não fazem menção específica a esses elementos da formação”.
Dessa forma as autoras buscaram identificar junto aos professores dos cursos das IES
pesquisadas os valores e atitudes que eles trabalham em classe. Obtiveram-se como principais
58
respostas: planejamento, cooperação, abertura, ética, honestidade e
reflexão como mais
valores trabalhados, e crença nas pessoas, lealdade, cidadania, formalização e sigilo como as
menos trabalhadas. As atitudes são: entusiasmo e otimismo; autoconfiança, rapidez nas ações;
motivar colegas de trabalho; abertura a novas idéias, busca contínua de atualização;
motivação para objetivos e metas.
Ainda em 2002, Lacombe avaliou as percepções de 385 alunos de 8 escolas de
Administração da grande São Paulo sobre a carreira e o mercado de trabalho destes
profissionais. Sua pesquisa – “O aluno de administração de empresas, o trabalho e a
construção da carreira profissional: contribuições de um estudo na grande São Paulo”- obteve
os seguintes resultados:
Lacombe (2002) identificou que os alunos consideram o mercado de trabalho
competitivo e extremamente concorrido. Os alunos reconhecem a importância de se
desenvolver algumas habilidades para a entrada e manutenção no mercado de trabalho, tais
como, o conhecimento específico na área em que se pretende atuar, de línguas e de
informática e a constante atualização desses conhecimentos; habilidades de comunicação, de
se relacionar com os outros, de trabalhar em equipes e a criatividade; atitudes de
empreendedorismo, entusiasmo, pró-atividade, responsabilidade e flexibilidade; indicaram a
necessidade de auto-motivação e a persistência; e por fim os alunos reconhecem a existência
de uma lacuna entre a teoria aprendida e a prática e que precisam buscar um aprendizado
adicional e que, além disso, a velocidade das transformações lhes impõe a atualização
constante dos conhecimentos.
59
3
MÉTODO DE PESQUISA
A apresentação do método permite compreender de que forma e com quais
ferramentas operacionalizou-se a pesquisa. Neste capítulo, com base nas considerações da
fundamentação teórica, apresentam-se os caminhos e os procedimentos empregados pelos
quais se pode chegar aos resultados.
A pesquisa foi realizada junto aos alunos egressos do curso de Administração da
Universidade Regional de Blumenau – FURB, formados nos anos de 2003 e 2004 e buscou
identificar o perfil pessoal e profissional, a formação acadêmica e complementar destes
egressos, a sua opinião quando a adequação do curso de administração a sua realidade
profissional e ainda a sua opinião quanto a contribuição do curso para seu desenvolvimento
pessoal e profissional. Esta pesquisa caracteriza-se por ser quantitativa, descritiva, com
levantamento de dados tipo “survey”.
O método quantitativo, segundo Richardson et al. (1989), caracteriza-se por
empregar quantificação tanto na coleta de informações, quanto no tratamento delas através de
técnicas estatísticas, desde as mais simples, às mais complexas. Chizzotti (1998)
complementa, afirmando que as pesquisas quantitativas, prevêem a mensuração de variáveis
pré-estabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis
mediante a análise da freqüência de incidências e correlações estatísticas.
Nesta pesquisa específicamente, a abordagem é quantitativa, visto que prentende
medir de uma maneira precisa as respostas dos egressos quanto a sua situação/opnião, em
relação as questões da pesquisa.
Descritiva, visto que pretende estudar e descrever características da realidade
pesquisada. Segundo Cervo e Bervian (1996) a pesquisa descritiva trabalha sobre dados ou
60
fatos obtidos da própria realidade. Ainda quanto ao seu caráter descritivo, Diehl e Tatim
(2004, p. 54) afirmam que “tem como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou então, o estabelecimento de relações entre variáveis”.
Afirmam também que vários estudos podem ser classificados como descritivos, nos quais a
utilização de métodos padronizados de coleta de dados, como questionários e observação
sistemática, é uma forte característica. Este estudo específicamente, caracteriza-se como
descritivo, visto que pretende de fato descrever a realidade sobre a atual situação pessoal e
profissional dos egressos bem como sua opinião quanto a adequação e a contribuição do curso
de administração, baseados em sua experiência.
O método “survey” foi identificado como o mais adequado para o desenvolvimento
da pesquisa. A pesquisa survey pode ser descrita como a obtenção de dados ou informações
sobre características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como
representante de uma população alvo, por meio de um instrumento de pesquisa normalmente
um questionário. (PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993)
Segundo Santos (1999), Gil (1989) a pesquisa tipo levantamento ou “survey” é
aquela que busca informações diretamente com um grupo de interesse a respeito dos dados
que se deseja obter. Trata-se de um procedimento útil, especialmente em pesquisas
exploratórias e descritivas. Gil (1989) cita ainda que o levantamento é muito utilizado por
pesquisadores sociais e apresenta vantagens como o conhecimento direto da realidade;
economia, rapidez na organização e tabulação dos dados e ainda a possibilidade de
quantificação e conseqüente análise estatística.
Esta pesquisa caracteriza-se também por ser do tipo levantamento ou “survey” pelo
fato de que a coleta de dados será feita diretamente com a população alvo desta pesquisa, os
egressos, através da aplicação de um questionário. O questionário foi considerado o
61
instrumento mais adequado considerando-se o elevado número de respondentes, e adequação
a este tipo de pesquisa.
3.1
POPULAÇÃO E AMOSTRA
Barbetta (2003) conceitua população como um conjunto de elementos com
determinadas características. Nesta pesquisa a população é formada pelos alunos egressos dos
cursos de Administração da região de Blumenau.
Atualmente, segundo o INEP (2006) cinco instituições de ensino oferecem cursos de
graduação em administração na cidade de Blumenau, sendo uma Universidade, três
faculdades e uma escola superior. Destas cinco instituições, a maior, por número de alunos
formados por ano, é a Universidade. Assim, por formar o maior número de Administradores
da cidade de Blumenau e também por ser pioneira no ensino de Administração no interior do
estado, foi escolhida intencionalmente para compor a amostra. Para escolha do período de
análise, foi feito um corte transversal no tempo, e optou-se por pesquisar os egressos do curso
de Administração da Universidade selecionada formados nos anos de 2003 e 2004.
A tabela 01 apresenta a quantidade de egressos formados nos anos de 2003 e 2004 na
universidade escolhida para a realização desta pesquisa.
Tabela 01 – Quantidade de egressos formados nos anos de 2003 e 2004 na Universidade
Regional de Blumenau
FURB
Quantidade de egressos por ano
Nº. de alunos formados
2003
2004
206
159
Total de egressos
365
Fonte: Dados da pesquisa
A amostra será escolhida aleatoriamente, estratificada e proporcional.
62
A amostra, segundo Barbetta (2003) pode ser definida como o subconjunto do
universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características
desse universo ou população. A amostra aleatória segundo Hair et. al. (2005, p. 241) “é um
método direto de amostragem que atribui a cada elemento da população alvo tem igual
probabilidade de ser selecionado”.
Segundo Barbetta (2003) a técnica da amostragem estratificada consiste em dividir a
população em subgrupos ou estratos. Ainda segundo o autor, esta amostragem pode ser ou
não proporcional. Uma amostragem estratificada proporcional, segundo Barbetta (2003, p. 50)
ocorre quando “ a proporcionalidade do tamanho de cada estrato da população é mantida na
amostra” o autor afirma ainda que a “amostragem estratificada proporcional garante que cada
elemento da população tenha a mesma probabilidade de pertencer a amostra”. Neste estudo a
amostra será estabelecida aleatóriamente em cada estrato da população, os estratos serão
formados pelo total de alunos graduados em cada ano do período de estudo. Esta divisão de
estratos será feita para que no momento da análise, se possa comparar os resultados dos
egressos de cada estrato/ano, do período definido para esta pesquisa.
Para obtenção do tamanho da amostra, serão realizados cálculos baseados na fórmula
de Barbetta (2003, p. 60) “onde um primeiro cálculo do tamanho da amostra pode ser feito
mesmo sem conhecer o tamanho da população através da seguinte expressão”:
no =
1
E02
Em um segundo momento, conhecendo-se o tamanho da população N pode-se
corrigir o cálculo anterior da seguinte forma:
no =
N ∗ n0
N + n0
63
Onde o número de elementos da população é representado por N, o número de
elementos da amostra por n; onde n0 representa uma primeira aproximação para o tamanho da
amostra e finalmente E0 representa o erro amostrável tolerável.
Nesta pesquisa o erro amostral tolerável será de 5%. Assim, E = 0,05.
O total de egressos do curso de Administração, no período de 2003 e 2004 foi de 365
egressos, sendo que os alunos formados no ano de 2003 foram 256 e os alunos formados em
2004 foram 159. Utilizando a fórmula de Barbetta (2003) tem-se a seguinte amostra:
Conhecendo-se o tamanho N da população, pode-se corrigir o erro anterior, por:
no =
1
= 400egressos
0,05 2
Para o ano de 2003 a amostra será de 136 egressos, conforme o cálculo a seguir:
n =
206 * 400
206 + 400
n =
82.400
= 136egressos
606
Para o ano de 2004 a amostra será de 114 egressos, conforme o cálculo a seguir:
n =
159 * 400
159 + 400
n =
63.600
= 114egressos
559
Assim, definiu-se como amostra um total de 250 egressos.
Cabe destacar que apesar de inúmeros contatos na tentativa de obter as respostas
correspondentes ao total da amostra definida inicialmente, obteve-se 60 respostas do ano de
2003, as quais representam 44,12% da amostra e 64 respostas do ano de 2004, os quais
representam 56,14% da amostra.
64
3.2
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
As informações necessárias ao desenvolvimento de uma pesquisa podem ser obtidas
de diferentes formas. Cada procedimento ou instrumento possui vantagens e desvantagens e
se adaptam mais ou menos aos objetivos de cada pesquisa. (DIEHL E TATIM, 2004)
Hair et al. (2005, p. 157) destacam que “os métodos de coleta de dados “survey”
recaem em duas categoriais amplas: administração de questionários para que o próprio
respondente responda e entrevista”. Neste estudo, optou-se por coletar dados de fontes
primárias, utilizando como instrumento um questionário estruturado, divido em blocos, sendo
que o primeiro bloco destina-se a obtenção de dados relacionados as características pessoais
dos pesquisados. O segundo bloco destina-se a identificar as características profissionais e o
terceiro bloco visa, por fim, coletar informações quanto adequação e a influência dos cursos
no desenvolvimento pessoal e profissional dos egressos.
O questionário segundo Diehl e Tatim (2004) e Vergara (2000) é um instrumento de
coleta de dados formado por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por
escrito e sem a presença do entrevistador. Pode ser composto por três tipos de perguntas, que
também segundo Diehl e Tatim (2004) são classificadas em perguntas abertas, fechadas e de
múltipla escolha.
“Os questionários são usados para coletar dados quantitativos de um número maior
de indivíduos de uma maneira relativamente rápida e conveniente”. (HAIR et al., 2005, p.
157) O questionário utilizado neste estudo (Apêndice A) foi elaborado com base nos trabalhos
de Mantovani (1994), Braun (2006) e outras pesquisas citadas na fundamentação teórica.
65
Tabela 02 – Constructo em relação ao instrumento de coleta de dados
Objetivos específicos da
pesquisa
Questões do
instrumento de coleta
de dados
Finalidade
Identificar o perfil pessoal dos
egressos do curso de
Administração da Universidade
Regional de Blumenau –
FURB;
1, 2, 3 e 4
Identificar sexo, idade, estado civil e cidade onde
residem os egressos.
Conhecer a formação
acadêmica e complementar dos
egressos;
5, 6 e 7
Identificar o ano de conclusão do curso superior, a
realização de outros cursos superiores e ainda a
realização de cursos de pós-graduação pelos
egressos.
Verificar quais atividades
profissionais exercem
atualmente estes egressos;
8, 9, 10, 11, 12, 13, 14,
15, 16, 17 e 18
Identificar o desenvolvimento de atividades
relacionadas a formação, o tipo e o porte da
empresa onde trabalham, função que exercem e
área de atuação, renda, participação na sociedade
ou parentesco e forma de ingresso na organização.
Verificar se há, na opinião dos
egressos, adequação entre o que
ensina a Universidade
pesquisada e o que o mercado
requer destes profissionais;
19, 20, 21, 22, 23, 24 e
28
Identificar a importância, adequação e deficiência
percebida pelos egressos com relação as
disciplinas do currículo, a contribuição do curso
para o desenvolvimento de características
relacionadas aos pilares da educação descritos por
Delors (2000) e as dificuldades encontradas do
desempenho profissional.
Identificar os principais fatores
que influenciaram na escolha do
curso de Administração;
26
Identificar os principais fatores dentre influência
de família e amigos, valorização profissional,
vocação, menor concorrência no vestibular ou
outros, que influenciaram na escolha do curso.
Verificar se na opinião dos
egressos, houve contribuição
significativa do curso para o seu
desenvolvimento pessoal e
profissional.
25 e 27
Verificar se na opinião dos egressos, houve
contribuição significativa do curso para o seu
desenvolvimento pessoal e profissional baseandose nos quatro pilares da educação - aprender a
aprender, aprender a fazer, aprender a viver juntos
e aprender a ser - descritos por Delors (2000)
Fonte: dados da pesquisa
3.3
PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Neste estudo o procedimento de coleta de dados teve como ponto inicial o contato
com a divisão de registros da FURB para coletar a listagem de nomes e dados para o contato
com os egressos dos anos de 2003 e 2004. A instituição forneceu a listagem com nomes,
telefones e endereços eletrônicos (e-mail) dos egressos.
66
Por serem mais rápidos o envio e o retorno dos questionários, optou-se por utilizar o
correio eletrônico como forma de envio da pesquisa, entretanto como muitos e-mails
fornecidos na listagem da instituição estavam desatualizados, foram feitos contatos
telefônicos com grande parte dos egressos para obter seus e-mails atualizados para o posterior
envio.
Antes de ser enviado o questionário foi validado por meio do teste Alpha de
Cronbach no software estatístico LHStat versão 1.3.4, com objetivo de verificar a
confiabilidade do instrumento de pesquisa. Para tal realizou-se um pré-teste com alunos do 9º
semestre do curso de administração de empresas da FURB, no mês de junho de 2006.
O teste Alpha de Cronbach segundo Malhotra (2001) consiste em um coeficiente que
avalia a confiabilidade de uma escala, e assume valores entre 0 e 1. Nesta pesquisa utilizou-se
o Alpha de Cronbach para avaliar 3 escalas correspondentes as questões 20, 27 e 28 do
questionário de pesquisa. Obteve-se para cada uma das questões índices de 0,8984, 0,8803 e
0,8528 respectivamente.
Somente após testado e devidamente corrigido o questionário foi enviado aos
egressos. Os questionários foram enviados em arquivos do Word durante a primeira semana
do mês de julho de 2006. As respostas foram recebidas até o dia 31 de julho e na medida que
retornavam, foram sendo impressos para facilitar a posterior tabulação dos dados.
3.4
PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS
“Após a coleta de dados, a fase seguinte da pesquisa é a análise e interpretação. A
análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o
fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação”. (GIL 1989, p. 166)
67
Na pesquisa quantitativa, de acordo com Diehl e Tatim (2004) os dados coletados
são geralmente tratados estatisticamente, com auxílio de computadores.
Após a aplicação do questionário os dados foram digitados para análise no software
estatístico LHStat versão 1.3.4. Para análise das questões relativas ao perfil pessoal, formação
academica e perfil profissional, foi utilizada a técnica estatística de distribuição de
freqüências, onde os resultados foram apresentados em forma de gráficos e tabelas de
freqüência.
Segundo Malhotra (2006) a distribuição de freqüência analisa uma variável de cada
vez, e tem como objetivo demonstrar quantas vezes determinada resposta foi dada a uma
variável e quanto cada grupo de respostas de cada variável representa (percentual) em relação
ao total de respostas.
Da mesma forma as questões que se referem a características que o curso de
administração possibilita desenvolver, as que de fato desenvolveu nos egressos e ainda as
características consideradas mais importantes ao Administrador na opinião dos pesquisados,
também foram analisadas no LHStat 1.3.4, pela técnica estatística de Análise Fatorial,
utilizando nível de significância de 0,05.
As questões relativas as disciplinas consideradas mais importantes no currículo do
curso (questão 19 do questionário) e os fatores que influenciaram os egressos nas escolha do
curso de administração (questão 26 do questionário), foram analisadas por meio de Análise de
Correspondências Múltiplas.
Utilizou-se escala tipo Likert para classificação das respostas. Uma escala Likert é
aquela onde os respondentes não devem apenas concordar ou discordar das afirmações, mas
atribuir a estas afirmações seu grau de concordância ou discordância. (MATTAR, 1996)
68
Nesta pesquisa optou-se por uma escala de 1 a 5, onde 1 representa o menor peso e 5
representa o maior peso para a questão.
3.4.1
Análise Fatorial
Os itens que se referem as questões 20, 27 e 28 do questionário de pesquisa,
apresentados no capítulo 4 deste estudo, foram analisados com auxílio do software estatístico
LHStat 1.3.4, utilizando a técnica de Análise Fatorial.
Segundo Hair (2005) a Análise Fatorial é uma técnica estatística exploratória que
descreve o relacionamento de covariância entre variáveis numéricas, supondo que cada uma
delas possa ser expressa como uma combinação implícita de fatores aleatórios subjacentes e
não-observáveis denominados simplesmente de “fatores”, os quais, em teoria, determinam
estatísticamente os valores das variáveis observáveis.
Em suma, o método de análise fatorial consiste na tentativa de determinar as relações
quantitativas entre as variáveis, de modo que se possa associar, àquelas com padrão
semelhante, o efeito de um fator causal subjacente e específico. (HAIR, 2005)
3.4.2
Análise de Correspondências Múltiplas
Neste estudo, buscou-se através da Análise de Correspondências Múltiplas (ACM)
estabelecer relações entre as respostas dos egressos quanto aos fatores que influenciaram na
escolha do curso de Administração e também quanto ao grau de importância dada a uma série
de disciplinas componentes do atual currículo do curso de administração da universidade
pesquisada, referentes as questões 26 e 19 questionário de pesquisa.
69
A ACM é uma técnica exploratória de dados que fornece uma representação
multivariada de interdependência para variáveis categóricas (também chamadas de
características) sobre um espaço de menor dimensionalidade. (HAIR, 2005)
Ainda segundo o autor, é uma a técnica de representação de objetos (casos e
variáveis categóricas) da tabela de dados projetados em um subespaço de menor
dimensionalidade, para fins de simplificação. Este subespaço é determinado de forma a
manter a máxima variação da variação total dos dados. Os vetores que determinam o
subespaço são os componentes principais ou direções principais. O mapa fatorial representa
um plano determinado por duas componentes principais selecionadas e contém os casos e as
variáveis projetados neste subespaço de dimensão 2.
3.5
LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Todo método tem limitações, segundo Vergara (2000, p. 59) “é saudável antecipar-se
as criticas que o leitor poderá fazer ao trabalho, explicitando quais as limitações que o método
escolhido oferece, mas que ainda assim o justificam como o mais adequado aos propósitos da
investigação”.
Nesta pesquisa específicamente, identificou-se dois fatores como possíveis
limitantes. O primeiro, deve-se ao fato de que serão pesquisados egressos de apenas uma
instituição, e o segundo de que o período de estudo é relativamente curto.
70
4
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Este capítulo tem como objetivo apresentar a análise dos dados coletados na pesquisa
com os egressos do curso de Administração de uma Universidade de Blumenau, formados nos
anos de 2003 e 2004. Serão apresentados o perfil pessoal e profissional dos egressos, alguns
aspectos relacionados a formação, fatores que influenciaram na escolha do curso de
administração, sua opinião quanto a adequação do cursos a realidade encontrada no ambiente
de trabalho e ainda sua opinião quanto a contribuição do curso para o seu crescimento pessoal
e profissional.
Serão apresentadas ainda, as principais características necessárias a um profissional
de administração segundo a opinião dos egressos.
4.1
CARACTERIZAÇÃO DOS EGRESSOS
Identificar o perfil dos alunos egressos de um curso é de grande importância para as
instituições de ensino, visto que os resultados podem servir como um instrumento para a
melhoria e o desenvolvimento do curso. Andrade e Amboni (2006) destacam que é
fundamental que a instituições possam avaliar e adequadar seus currículos à nova realidade.
4.1.1
Sexo e idade
Quanto às características pessoais dos egressos, pode-se observar que 55,7% dos
pesquisados são do sexo masculino e 44,3% do sexo feminino. Este equilíbrio entre o número
de homens e mulheres, havendo uma pequena maioria masculina, mostra-se muito semelhante
71
aos resultados de outras pesquisas como a realizada por Monteiro (1992), Queiroz (2001) e
também a pesquisa nacional sobre o perfil do administrador CFA (2003).
Quanto a idade, pode-se observar, conforme a Tabela 03, que a maior parte dos
pesquisados tem entre 26 e 30 anos (48,4%), seguidos por 18,5% com idade até 25 anos, 12,1
%com idade entre 36 e 40 anos, 11,3% estão entre 31 e 35 anos, 6,5% entre 41 e 45 anos e
3,2% com mais de 46 anos. Quanto a este aspecto observa-se que a maioria é relativamente
jovem, igualmente aos resultados da pesquisa de Queiroz (2001).
Tabela 03 – Idade dos egressos
Modalidade
até 25 anos
de 26 a 30 anos
de 31 a 35 anos
de 36 a 40 anos
de 41 a 45 anos
46 anos ou mais
TOTAL
Freqüência
23
60
14
15
8
4
124
Percentual
18,55%
48,39%
11,29%
12,10%
06,45%
03,23%
100,00%
Fonte: dados da pesquisa
Quanto ao estado civil dos egressos, constatou-se que a grande maioria, 57,3% são
solteiros, 39,5% são casados, 0,8% são divorciados e 2,4% encontram-se em outras situações
não especificadas. Diferentemente aos resultados da pesquisa nacional do CFA (2003) a
maioria dos respondentes desta pesquisa são solteiros. Neste caso podemos inferir que um dos
fatores que contribuem para esta diferença é o fato de que nesta pesquisa os respondentes são
em média 5 anos mais jovens do que os resultados apontados pela pesquisa nacional.
4.1.2
Cidades onde os egressos residem
Quanto a cidade de residência dos egressos identificou-se que 70,2% residem na
cidade de Blumenau (cidade onde se localiza a Universidade pesquisada), 10,5% residem na
72
cidade de Gaspar, 4,0% na cidade de Timbó, 3,2% na cidade de Pomerode e ainda 12,1% em
outras cidades da região.
Tabela 04 – Cidade de residência dos egressos
Modalidade
Blumenau
Idaial
Timbó
Gaspar
Pomerode
Outros
TOTAL
Freqüência
87
0
5
13
4
15
124
Percentual
70,16%
00,00%
04,03%
10,48%
03,23%
12,10%
100,00%
Fonte: dados da pesquisa
Como se pode observar na tabela 04, uma das opções para escolha da cidade de
residência era a cidade de Indaial, e nenhum dos egressos pesquisados é proveniente desta
cidade. Pode-se inferir que a existência uma Universidade na cidade de Indaial seja um dos
motivos pelo qual nenhum respondente seja proveniente de tal cidade. Desta forma, a opção
“outros” que se refere a outras cidades da região não inclui a cidade de Indaial.
Cabe destacar ainda que excluindo-se os 12,1% que residem em outras cidades não
especificadas, 87,9% residem na região de Blumenau.
4.2
FORMAÇÃO ACADÊMICA E COMPLEMENTAR DOS EGRESSOS
Nesta pesquisa buscou-se também identificar aspectos da formação acadêmica e
complementar dos egressos, como ano de conclusão do curso de administração, se estes
cursaram ou estão cursando outro curso superior e ainda se cursaram ou estão cursando algum
curso de pós-graduação.
Quanto a estes aspectos identificou-se que 51,6% se formaram no ano de 2004 e
48,4% no ano de 2003. Observou-se ainda que 92,7% optaram por não ingressar em outro
73
curso superior. Nos demais 7,3% observou-se que a grande maioria que optou por um
segundo curso de graduação optou pelo curso de Direito.
Quanto à realização de uma pós-graduação, 35,5% cursou ou está cursando pósgraduação em nível de especialização, 5,6% em nível de mestrado e os demais 58,9% não
ingressaram em cursos de pós-graduação, conforme apresentado na tabela 05.
Tabela 05 – Pós graduação
Modalidade
Especialização
Mestrado
Doutorado
Não está Cursando
TOTAL
Freqüência
44
7
0
73
124
Percentual
35,48%
05,65%
00,00%
58,87%
100,00%
Fonte: dados da pesquisa
Estes resultados apresentam uma distância maior dos resultados obtidos na pesquisa
nacional do CFA (2003), que apontam que 72% fizeram especialização e 7% mestrado.
Acredita-se que em parte, este diferença pode ser atribuída ao fato de que os egressos desta
pesquisa são mais recentemente formados.
4.3
PERFIL PROFISSIONAL
Quanto ao perfil profissional dos egressos observou-se que 94,3% exercem atividade
profissional relacionada a sua formação.
Identificou-se ainda que 44,35% continuam no cargo/profissão que exerciam antes
de concluir o curso de graduação, 19,35% mudaram de cargo/profissão em virtude da
conclusão do curso; também 19,35% mudaram de cargo/profissão, mas não em virtude da
conclusão do curso; 6,45% abriram negócio próprio após a conclusão do curso; 2,42%
começaram a trabalhar somente após a conclusão do curso e também 2,42% não estão
74
exercendo atividade profissional remunerada atualmente; e ainda, 5,65% encontram-se em
outras situações não especificadas.
Estes resultados mostram-se distantes da realidade percebida por Queiroz (2001), em
sua pesquisa realizada no Estado do Sergipe, onde 20% não estavam exercendo atividade
profissional remunerada no momento da pesquisa. Mais próximos ficaram os resultados da
pesquisa nacional do CFA (2003) onde 5% encontravam-se desempregados no momento da
pesquisa.
Tabela 06 – Situação profissional dos egressos
Modalidade
continuam no cargo/profissão que exerciam antes de concluir
o curso de graduação
não estão exercendo atividade profissional remunerada
atualmente
mudaram de cargo/emprego em virtude da conclusão do curso
mudaram de cargo/emprego não em virtude da conclusão do
curso
a trabalhar somente após a conclusão do curso
abriram negócio próprio após a conclusão do curso
Outros
TOTAL
Freqüência
Percentual
55
44,35%
3
02,42%
24
24
19,35%
19,35%
3
8
7
124
02,42%
06,45%
05,65%
100,00%
Fonte: dados da pesquisa
4.3.1
Área de atuação e forma de ingresso na organização
Quanto à área de atuação profissional dos egressos constatou-se que 23,39%
desempenham suas atividades na área financeira/orçamentos; seguidos por 18,55% na área de
vendas; 9,68% na área de Administração da Produção; 8,87% em Administração de Recursos
Humanos; 7,2% na área de Administração de Materiais/Logística; 2,42% na área de Comércio
Exterior; também 2,42% na área de Administração Mercadológica; 0,81% na área de
organização e métodos e ainda 23,39% em outras áreas.
Em alguns casos, os egressos descreveram no caso de assinalarem “outras”, como
opção de área de atuação, a área que trabalham ao lado da questão, no próprio questionário de
75
pesquisa. As outras áreas citadas nas quais atuam foram, Administração geral, gestão da
qualidade, desenvolvimento de produto, desenvolvimento de projetos e análise de processos.
Gráfico 01 – Área de atuação dos egressos
Fonte: dados da pesquisa
Constatou-se ainda que 20,16% dos egressos trabalham em empresa da família, 58%
têm participação no patrimônio e 15,32% tem algum grau de parentesco com os proprietários.
Na pesquisa realizada por Mantovani (1994) na mesma instituição o percentual de egressos
que trabalhava em empresa da família apresentou-se bastante superior (49%).
Tabela 07 – Forma de ingresso na organização
Modalidade
Recrutamento interno
Recrutamento externo
Indicação
Contatos pessoais com o empregador
Convite da empresa
Parentesco com sócios ou proprietário
Fundador
Outros
TOTAL
Freqüência
3
49
12
5
15
15
11
10
124
Percentual
02,42%
39,52%
09,67%
04,03%
12,10%
12,10%
08,87%
08,06%
100,00%
Fonte: dados da pesquisa
Quanto à forma de ingresso na empresa onde trabalham, 39,52% ingressou através
de recrutamento externo; 12,10% por convite da empresa; 12,10 por terem parentesco com
sócios ou proprietário; 9,67% ingressaram por indicação; 8,87% são fundadores da empresa
76
onde atuam; 4,03% através de contatos pessoais diretos com o empregador; 2,42% passaram
por processo de recrutamento interno e ainda 8,06% declararam outras formas de ingresso não
especificadas.
4.3.2
Natureza da organização e número de colaboradores
Ainda quanto ao perfil profissional dos egressos, buscou-se identificar a natureza da
organização onde atuam e o número de colaboradores destas organizações. Constatou-se,
conforme apresenta-se na Tabela 08 que 25% dos egressos atua no setor industrial; 16,94%
em indústria e comércio; 11,29% no comércio; 8,87% em prestadores de serviço, 7,26% em
instituições de ensino; 7,26% em bancos e instituições financeiras, 4,84% em indústria e
prestação de serviço; 4,84% em comércio e prestação de serviços; 4,03% em indústria
comércio e prestação de serviço; 4,03% em órgãos públicos e ainda 2,42% em outras
organizações não especificadas.
Tabela 08 – Natureza das organizações onde os egressos atuam
Modalidade
Indústria
Comércio
Prest. de Serviço
Ind. e Com.
Ind. e Prest. de Serviço
Com. e Prest. de Serviço
Ind. Com. e Prest. de Serviço
Inst. de Ensino
Órgão Público
Entidade Filantrópica
Bancos
Outros
TOTAL
Freqüência
31
14
11
21
6
6
5
9
5
0
9
3
124
Percentual
25,00%
11,29%
08,87%
16,94%
04,84%
04,84%
04,03%
07,26%
04,03%
00,00%
07,26%
02,42%
100,00%
Fonte: dados da pesquisa
Quanto ao número de colaboradores das organizações onde os egressos atuam
31,45% exercem suas atividades em empresas com mais de 500 colaboradores; 22,58% em
empresas com 101 a 500 colaboradores, 13,7% em empresas com 0 a 10 colaboradores;
77
13,7% em empresas com 11 a 30 colaboradores; 8,06% em empresas com 31 a 50
colaboradores; e ainda 7,26% em empresas com 51 a 100 colaboradores.
Gráfico 02 – Número de colaboradores das empresas
Fonte: dados da pesquisa
Quanto a estes aspectos, os resultados mostram-se mais próximos dos resultados
obtidos por Mantovani (1994) na mesma instituição, onde igualmente aos resultados desta
pesquisa a maior freqüência de casos é de trabalho em indústrias e em empresas com mais de
500 funcionários. Na pesquisa nacional do CFA (2003) a maioria dos respondentes atuava no
momento da pesquisa em empresas do setor de serviços, mas igualmente a maioria trabalhava
em empresas de grande porte.
Cabe destacar ainda que os respondentes apontam como um dos aspectos falhos no
currículo do curso, a pouca ênfase ou vinculação dos conteúdos ao setor de serviços. Se
somados os que atuam em prestadoras de serviço, em instituições de ensino; em bancos e
instituições financeiras, em indústria e prestação de serviço; em comércio e prestação de
serviços; em indústria comércio e prestação de serviço e ainda em órgãos públicos, tem-se
41,13% dos respondentes trabalhando em empresas que tem alguma atividade de prestação de
serviço.
78
4.3.3
Cargo que ocupam e renda mensal dos egressos
Quanto à função/cargo que ocupam atualmente os egressos, observou-se que 31,45%
ocupam cargos de gerência; 19,35% desempenham atividades técnicas ou de acessória;
16,13% são proprietários de empresas; 13,71% ocupam cargos de chefia; 8,87% ocupam
cargos operacionais ou fazem estágio nas empresas onde atuam; 4,03% ocupam cargos de
direção; 0,81% atuam no magistério e ainda 2,42% dos egressos ocupam outros cargos não
especificados por eles.
Neste aspecto também observou-se que há semelhanças nos resultados obtidos por
Mantovani (1994), onde 34% ocupavam cargos de gerência. Na pesquisa nacional do CFA
(2003) 26% ocupavam cargos de gerência.
Gráfico 03 – Cargos dos egressos nas empresas em que atuam
Fonte: dados da pesquisa
Quanto à renda dos egressos, 32,26% tem renda individual mensal entre R$ 1.501,00
e R$ 2.000,00; 19,35% têm renda superior a R$ 3.000,00; 16,94% entre R$ 2.001,00 e R$
2.500,00; 12,90% entre R$ 2.501,00 e R$ 3.000,00; 12,10% entre R$ 1.001,00 e R$ 1.500,00;
e apenas 3,23% têm renda inferior a R$ 1.000,00.
79
Tabela 09 – Renda mensal dos egressos
Modalidade
até R$ 1.000,00
de R$ 1.001,00 a R$ 1.500,00
de R$ 1.501,00 a R$ 2.000,00
de R$ 2.001,00 a R$ 2.500,00
de R$ 2.501,00 a R$ 3.000,00
mais de R$ 3.000
TOTAL
Freqüência
4
15
40
21
16
24
124
Percentual
03,23%
12,10%
32,26%
16,94%
12,90%
19,35%
100,00%
Fonte: dados da pesquisa
Quanto à renda média, observou-se que há uma concentração de 49,2% com renda
entre R$ 1.501,00 e R$ 2.500,00 e 19,35% com renda superior a R$ 3.000,00; o que
considerou-se relativamente alta. Acredita-se que os 16,13% que se declararam proprietários
de empresas tenham contribuído mais para este resultado.
4.4
FATORES QUE INFLUENCIARAM NA ESCOLHA DO CURSO
A escolha do curso de graduação pode ser influenciada por vários fatores. Baseandose nisso, oito alternativas foram dadas aos egressos para que estes pudessem analisar e atribuir
graus de influência para cada uma delas para demonstrar quais fatores mais ou menos os
influenciaram.
As alternativas foram as seguintes: influência de colegas e amigos; influência da
família; aptidão ou vocação; por exercer atividades relacionadas ou semelhantes; por
perceberem maiores oportunidades no mercado de trabalho; por ter uma profissão valorizada
pela sociedade; por ser um curso complementar a outro realizado ou ainda por haver menor
concorrência no vestibular.
Esta questão foi analisada através do método estatístico de Análise de
Correspondências Múltiplas (ACM). Os resultados obtidos podem ser visualisados a seguir
em um mapa fatorial, que consiste em um plano de duas dimensões onde as respostas são
representadas por uma nuvem de pontos. A proximidade entre dois pontos deve ser
80
interpretada como dois pontos de perfis similares, com a distância entre ambos calculada em
função das freqüências das modalidades.
Gráfico 04 – Fatores que influenciaram na escolha do curso
Fonte: dados da pesquisa
No gráfico 04 (variáveis agrupadas dentro das áreas marcadas com os circulos azul e
vermelho no gráfico acima) as projeções demonstram várias correlações entre as variáveis
onde observa-se que as variáveis ‘influência de colegas e amigos’; ‘influência da família’,
81
‘por ter uma profissão valorizada pela sociedade’; ‘por ser um curso complementar a outro
realizado’, ou ainda por ‘haver menor concorrência no vestibular’ relacionam-se indicando
que tiveram pouca influência na escolha do curso.
Relacionam-se positivamente (variáveis agrupadas dentro da área marcada com um
circulo verde no gráfico acima) as variáveis ‘influência da família’ e “aptidão ou vocação’
que demonstraram ter influência nas escolha do curso para parte dos pesquisados. Embora não
tenha se relacionado fortemente com outras variáveis percebe-se influência da variável ‘por
exercerem atividades relacionadas ou semelhantes’.
4.5
ADEQUAÇÃO DO CURRÍCULO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Um dos fatores escolhidos para avaliar a adequação do currículo do curso de
administração na opinião dos egressos foi a importância dada por eles, baseados em sua
experiência profissional e acadêmica, aos conteúdos ministrados durante o curso, conforme
apresentaremos no item a seguir.
4.5.1
Importância dos conteúdos do curso
A adequação do currículo do curso é de grande importância na formação de qualquer
profissional, desta forma, na questão 19 do instrumento de pesquisa, foram elencados 18
conteúdos para que os egressos classificassem-nos com auxílio de uma escala, onde 1
representava ‘sem importância’ e 5 representava ‘muito importante’. Os conteúdos
apresentados aos egressos foram: comércio exterior; contabilidade; finanças / orçamento /
custos; legislação tributária; materiais / logística; planejamento estratégico; processo decisório;
recursos humanos; sociologia / psicologia; comunicações administrativas; economia; legislação
82
trabalhista; matemática / estatística; mercadológica (marketing); processamento de dados;
produção; sistemas e métodos e vendas.
Igualmente ao item 1.4 desta pesquisa, esta questão foi analisada através da análise de
Correspondências Múltiplas. As várias concentrações de pontos no mapa fatorial a baixo as
correlações entre algumas variáveis, neste caso os conteúdos ministrados no curso.
Gráfico 05 – Importância do conhecimento dos conteúdos dos curso
Fonte: dados da pesquisa
83
No gráfico 05 podemos observar há uma grande concentração de pontos próximos ao
eixo, o que indica que de modo geral há uma forte correlação entre as variáveis. Contudo,
apresentaram baixa correlação e pouco ou nenhuma importância na opinião dos egressos as
variáveis correspondentes aos conteúdos: economia; legislação trabalhista; matemática /
estatística; processamento de dados; produção e sistemas e métodos.
Os egressos foram questionados também (questão dissertativa – 22 do instrumento de
pesquisa) sobre qual disciplina ou conteúdo do curso deveria, em sua opinião, ter sido mais
amplamente estudado. Os resultados são congruentes com os dados apresentados na questão
acima na qual grande importância foi atribuída aos conteúdos relativos às disciplinas de custos,
administração financeira e orçamento. Grande parte dos egressos acredita que estas disciplinas
merecem maior destaque no curso, devendo ser estudadas com maior profundidade. Foram
sugeridos ainda maior concentração nos conteúdos relacionados as áreas humanas, de marketing e
vendas.
4.5.2
Grau de Contribuição do Curso de Administração
Ainda quanto à adequação do curso, buscou-se identificar junto aos egressos qual o
grau de contribuição do curso para o desenvolvimento de algumas habilidades e competências
fundamentais ao administrador.
Os resultados apresentados a seguir se referem a análise da questão 20 do
instrumento de pesquisa. As 17 habilidades e competências apresentadas aos egressos foram
definidas com base na fundamentação teórica (ver Quadro Teórico). A forma de resposta dos
egressos foi classificação das questões através de uma escala onde 1 representava “nenhuma
influência no desenvolvimento" e 5 representava “muita influência no desenvolvimento”.
Esta questão foi desenvolvida através de Análise Fatorial, assim para que se pudesse
entender de forma mais clara as 17 habilidades e competências apresentadas inicialmente
84
foram agrupadas em 4 fatores que demonstram a relação entre as variáveis (habilidades e
competências) que desta forma poderão ser mais facilmente analisadas e compreendidas.
Tabela 10 – Contribuição do curso
1
2
3
8
10
11
12
17
7
13
14
15
4
5
6
9
16
Variáveis
Capac. de aprender s/ novos conceitos e tecnologias
Capac. de assumir responsabilidades
Capac. de lidar com mudanças e situações novas
conhecimento técnico em administração
visão estratégica das organizações
Capac. de alocar recursos humanos e finan.
capacidade/habilidade em tomar decisões
idéis e atitudes empreendedoras
habilidade de comunicação
comprometimento com a empresa
atitudes e comportamentos éticos
habilidade p/ gerir conflitos, trab. em amb. de incert...
Capacidade de trabalhar em equipe
habilidade de relacionamento com pessoas
Criatividade
Iniciativa
Liderança
Fator 1
0,854
0,753
0,644
Fator 2
Fator 3
Fator 4
0,413
0,579
0,664
0,548
0,662
0,538
0,604
0,934
0,584
0,593
0,498
0,799
0,577
0,602
Fonte: dados da pesquisa
Como podemos observar na tabela 10, o agrupamento das características formou 4
dimensões. Cada fator representa uma dimensão e cada dimensão será relacionada a um dos
quatro pilares da educação descritos por Delors (2000), sendo:
Dimensão 1 – Aprender a aprender: este pilar se refere ao prazer de compreender, de
conhecer e descobrir.
Dimensão 2 – Aprender a fazer: este pilar está muito mais ligado a questão da
formação profissional, e está fortemente ligado ao 1º Pilar.
Dimensão 3 – Aprender a ser: este pilar se refere a compreensão do mundo onde
vivemos e a maneira como nos comportamos em relação a responsabilidade, ética e justiça.
85
Dimensão 4 – Aprender a viver juntos: muito mais do que dividir o mesmo espaço, ou
conviver na sociedade, este pilar se refere ao “desenvolvimento da compreensão do outro e a
percepção das interdependências”.
O teste de variância não indicou diferença significativa entre os fatores, ou seja, há um
equilíbrio na contribuição do curso para cada fator.
As variáveis com cargas mais elevadas estão mais fortemente relacionadas, ou
descrevem melhor o fator onde estão agrupadas.
Na dimensão 1, que representa a dimensão aprender a aprender, a variável que possui
maior carga (0,854) é aprender sobre novos conceitos e tecnologias; na dimensão 2 – aprender
a fazer, é a variável capacidade de alocar recursos humanos e financeiros (0,664), na
dimensão 3 – aprender a ser, a variável que mais explica este fator é atitudes e
comportamentos éticos (0,934), e na dimensão 4 – aprender a viver juntos a variável com
maior carga (0,799) é a criatividade.
Também com relação à percepção dos egressos quanto à adequação do currículo a sua
realidade profissional pode-se observar que a maioria considera muito boa, entretanto, deve
considerar também o elevado numero de egressos que considera apenas regular a adequação
do currículo.
Gráfico 06 – Adequação do currículo a realidade profissional dos egressos
86
Fonte: dados da pesquisa
Conforme podemos observar no gráfico 06, a maioria, 54,84%, considerou a
adequação do currículo “muito boa”; seguidos por 40,32% que consideraram “regular”,
3,23% consideraram “excelente”, 1,61% consideraram ruim e nenhum dos respondentes
considerou a opção “péssima”.
De maneira mais ampla os egressos foram questionados também se há adequação do
curso ao mercado de trabalho. Os resultados demonstram que na opinião dos egressos, não há
total adequação.
Gráfico 07 – Adequação do curso as exigências do mercado de trabalho
Fonte: dados da pesquisa
No gráfico 07, 84,68% responderam quanto à adequação do curso sim, mas não
totalmente; seguidos por 11,29% que acreditam que há total adequação e 4,03% que
acreditam que não há adequação.
87
4.6
CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE PARA OS EGRESSOS
Andrade e Amboni (2002, p. 22 grifo do autor), afirmam quanto ao perfil do egresso
de Administração, que ele deve “estar no âmbito do perfil brasileiro, refletindo as
características regionais, a potencialidade das IES e suas escolhas estratégicas”. Os autores
completam afirmando que “perfil a ser definido não deverá compreender só o como fazer, mas
o porquê fazer. Nesse casso a autonomia do trabalhador e sua participação no processo são
enfatizados”.
“Assim, para consolidar tal perfil, os cursos de graduação em Administração deverão
desenvolver competências e habilidades” (ANDRADE, AMBONI 2002, p. 25).
Assim, acredita-se que o curso de administração deve possibilitar o desenvolvimento
de habilidades e competências que o permitam ao egresso desempenhar sua profissão de
administradores, na área que escolherem.
O gráfico 08 apresenta os resultados da questão 25 do instrumento de pesquisa, onde,
de forma objetiva, os egressos foram questionados se em sua opinião houve contribuição
significativa do curso para seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Gráfico 08 – Contribuição do curso para o desenvolvimento pessoal e profissional dos
egressos
88
Fonte: dados da pesquisa
Pode-se observar que 76,61% declararam que sim, mas não totalmente; 21,77%
declararam que sim e 1,61% declararam que não houve contribuição significativa do curso.
Nas análises a seguir serão apresentadas as habilidades e competências que de fato o
egresso desenvolveu por conseqüência do curso.
Com estas análises pretende-se verificar a influência do curso para o desenvolvimento
das quatro aprendizagens fundamentais ou pilares da educação segundo Delors (2000).
4.6.1
Habilidades desenvolvidas em razão do curso de Administração
Os resultados apresentados a seguir se referem a análise da questão 27 do
instrumento de pesquisa, onde as mesmas 17 habilidades e competências definidas com base
no Apêndice B (Quadro Teórico) foram apresentadas aos egressos com o intuito de verificar o
grau de desenvolvimento destas habilidades e competências neles próprios em função da
realização da graduação em administração.
As respostas foram dadas através da classificação de cada variável com base em uma
escala onde 1 representa ‘nenhuma influência no desenvolvimento’ e 5 representa ‘muita
influência no desenvolvimento’.
Esta questão foi analisada estatisticamente pelo método de análise fatorial.
Igualmente ao item 4.5.2, onde buscou-se identificar o quanto o curso possibilita desenvolver
cada uma dessas características, e as características agrupadas formaram 4 dimensões. Apesar
de que algumas variáveis mudaram de dimensão, ainda assim as dimensões se relacionam aos
quatro pilares da educação, segundo Delors (2000) já descritos anteriormente.
O teste de variância não indicou diferença significativa entre as médias dos fatores, ou
seja, a contribuição do curso para o desenvolvimento das habilidades e competências teve o
89
mesmo grau de influência nos quatro fatores, não tendo desenvolvido significativamente mais
ou menos as características comportadas por uma determinada dimensão.
As variáveis com cargas mais elevadas estão mais fortemente relacionadas, ou
descrevem melhor o fator onde estão agrupadas.
Tabela 11 – Habilidades e competências desenvolvidas em razão do curso
1
3
8
10
11
7
15
16
17
12
13
14
2
4
5
6
9
Variáveis
Ampliou a capac. de aprender s/ novos conceitos
Ampliou a capac. de lidar com mudanças e sit. novas
Transmitiu conhecimento técnico em administração
Transmitiu conhecimento p/ ter visão estratégica
Ampliou a capac. de alocar recursos humanos e financ.
Ampliou a habilidade de comunicação
Desenvolveu hab. p/ gerir conflitos, trab. amb. incert.
Desenvolveu liderança
Desenvolveu idéis e atitudes empreendedoras
Ampliou a capac./habilidade em tomar decisões
Desenvolveu senso de comprometimento c/ a emp.
Desenvolveu atitudes e comportamentos éticos
Ampliou a capac. de assumir responsabilidades
Ampliou a capac. de trabalhar em equipe
Ampliou a capac. de relacionamento com pessoas
Ampliou a criatividade
Estimulou a tomar mais iniciativa
Fator 1
0,639
0,319
0,502
0,517
0,433
Fator 2
Fator 3
Fator 4
0,394
0,777
0,748
0,659
0,620
0,831
0,855
0,477
0,641
0,701
0,397
0,502
Fonte: dados da pesquisa
Na dimensão 1, que representa a dimensão aprender a aprender, a variável que possui
maior significância (0,639) é aprender sobre novos conceitos e tecnologias; na dimensão 2 –
aprender a fazer, é a variável habilidade para gerir conflitos e trabalhar em ambientes de
incerteza (0,777), na dimensão 3 – aprender a ser, a variável que mais explica este fator é
atitudes e comportamentos éticos (0,855), e na dimensão 4 – aprender a viver juntos a variável
com maior carga (0,701) é a capacidade de se relacionar com as pessoas.
Ainda com relação ao curso, os egressos foram questionados se tivessem que optar
novamente por um curso de graduação, se optariam pelo curso de administração. 81% dos
pesquisados optaria novamente pelo curso.
90
4.7
HABILIDADES E COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS A PROFISSÃO DE
ADMINISTRADOR
A seguir serão apresentados os resultados referentes a análise da questão 28 do
questionário onde os egressos atribuíram grau de importância, com auxílio de uma escala de 1
a 5, variando de ‘sem importância’ a ‘muito importânte’, a 17 características extraídas do
Quadro Teórico (Apêndice B), conforme as questões 20 de 27 já analisadas.
Igualmente a estas questões utilizou-se o método de Análise Fatorial. O objetivo
desta questão foi identificar a opinião dos egressos, baseados em sua experiência, quanto a
importância de 17 características fundamentais ao desempenho da profissão, segundo a
literatura da área. Na Tabela 12 serão apresentadas as 17 habilidades e competências.
Tabela 12 – Habilidades e competências necessárias aos Administradores
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
Variáveis
Capac. de aprender s/ novos conceitos e tecnologias
Capac. de assumir responsabilidades
Capac. de lidar com mudanças e situações novas
Capacidade de trabalhar em equipe
habilidade de relacionamento com pessoas
Criatividade
habilidade de comunicação
conhecimento técnico em administração
Iniciativa
Transmitiu conhecimento p/ bter visão estratégica
Ampliou a capac. de alocar recursos humanos e financ.
capacidade/habilidade em tomar decisões
comprometimento com a empresa
atitudes e comportamentos éticos
habilidade p/ gerir conflitos, trab. em amb. de incert...
Liderança
idéis e atitudes empreendedoras
Fator 1
0,280
0,347
0,326
0,247
0,243
0,363
0,257
0,275
0,311
0,279
0,203
0,405
0,519
0,528
0,296
0,198
0,311
Fonte: dados da pesquisa.
Diferentemente dos itens 4.5.2 e 4.6.1 onde as análises resultaram no agrupamento de
características conforme as tabelas 10 e 11, formando dimensões, os resultados das respostas
dos egressos a esta questão não possibilitou agrupamentos.
91
Este resultado deve-se ao fato de que de modo geral, os egressos atribuíram elevado
grau de importância a todas as características. Neste caso, não havendo variações nas
respostas, não houve a possibilidade de agrupamento.
Esta situação é explicada por Garver (2003) que afirma que no caso de importância
discriminada, os respondentes tendem a atribuir um alto grau de importância a todos os
atributos pesquisados.
92
5
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste quinto e último capítulo apresentam-se as principais conclusões obtidas,
respondendo aos objetivos geral e específicos desta pesquisa, e ainda recomendações para
pesquisas futuras acerca deste tema.
O objetivo desta pesquisa foi conhecer a contribuição do curso de Administração da
FURB para o desenvolvimento pessoal e profissional de seus egressos, formados nos anos de
2003 e 2004. As conclusões são norteadas pelos objetivos os quais esta pesquisa se propôs a
alcançar e fundamentadas nos resultados das análises feitas com base nas respostas dos
egressos.
5.1
CONCLUSÕES
Preocupando-se com a adequação da formação superior em administração as
necessidades da sociedade moderna esta pesquisa teve como seu principal objetivo conhecer a
contribuição do curso de Administração da Universidade Regional de Blumenau – FURB, aos
seus egressos, formados nos anos de 2003 e 2004. Para responder a este objetivo principal,
foram estabelecidos seis objetivos específicos, como segue.
Quanto ao objetivo específico de identificar o perfil pessoal dos egressos do curso de
Administração da Universidade Regional de Blumenau – FURB, concluiu-se que há um
equilíbrio entre o número de homens e mulheres, havendo uma pequena maioria masculina.
Os egressos são relativamente jovens, sendo que a grande maioria tem entre 20 e 30 anos.
Neste aspecto deve-se considerar que o fato de que os egressos são formados recentemente
contribui para este resultado. Quanto ao estado civil são a maioria solteiros, neste caso o fato
93
de serem relativamente jovens também contribui para este resultado. Observou-se ainda
quanto a este objetivo que mais de 70% dos egressos residem na mesma ciadade da instituição
pesquisada, o que indica que há ainda um grande número de jovens clientes potenciais, nas
cidades vizinhas.
Quanto ao objetivo específico de conhecer a formação acadêmica e complementar
dos egressos observou-se que houve um equilíbrio entre o número de respondentes dos anos
de 2003 e 2004, tendo sido 48,39% dos respondentes formados em 2003 e 51,61% formados
em 2004. Pode-se concluir também que apenas 7,26% optaram por ingressar em outro curso
superior e que há uma tendência dos egressos em administração a optarem pelo curso de
Direito como segunda opção de curso. Verificou-se ainda que a maioria (58,87%) não cursou
ou está cursando nenhum curso de pós-graduação, entretanto, este resultado pode também
estar sendo influenciado pelo fato de que os egressos são recentemente formados, no máximo
3 anos.
Referente ao objetivo específico de verificar quais atividades profissionais exercem
atualmente os egressos, conclui-se que a grande maioria dos egressos (94,35%) exerce
atividade profissional relacionada a sua formação, 44,35% continuam no cargo ou profissão
que exerciam antes de ingressar no curso e 23,39% atuam na área administrativa/financeira.
Observou-se ainda que 25% trabalha na indústria, 11,29% no comércio e 16,94 em indústria e
comércio, e ainda que 41,13% dos respondentes trabalham em empresas que tem alguma
atividade de prestação de serviço (e sugeriram ao curso maior ênfase no setor). 31,45%
trabalham em empresas com mais de 500 funcionários, 31,45% ocupam cargo de gerência na
empresa onde atuam, 20,16% trabalham em empresa da família, 22,58% tem participação na
sociedade da empresa e ainda 5,32% tem parentesco com o sócio ou proprietário da empresa.
Quanto a renda mensal individual, constatou-se que há uma concentração de 49,2% dos
egressos com renda entre R$ 1.501,00 e R$ 2.500,00 e 19,35% com renda superior a R$
94
3.000,00; o que considerou-se relativamente alta. Acredita-se que os 16,13% que se
declararam proprietários de empresas tenham contribuído mais para este resultado. Ainda
quanto a este objetivo, identificou-se que a maioria dos egressos ingressou na organização
onde atua por meio de recrutamento externo.
Quanto ao objetivo específico de verificar se há, na opinião dos egressos, adequação
entre o que ensina a Universidade pesquisada e o que o mercado requer destes profissionais,
concluiu-se que:
Quanto à importância dos conteúdos estudados pode se constatar uma forte correlação
entre as variáveis. Contudo, apresentaram baixa correlação e pouco ou nenhuma importância
na opinião dos egressos as variáveis correspondentes aos conteúdos: economia; legislação
trabalhista; matemática/estatística; processamento de dados; produção e sistemas e métodos.
Questionados também sobre qual disciplina ou conteúdo do curso deveria em sua opinião ter sido
mais amplamente estudado, a grande maioria sugere maior destaque aos conteúdos relativos às
disciplinas de custos, administração financeira e orçamento. Foram sugeridos ainda, maior
concentração nos conteúdos relacionados as áreas humanas, de marketing e vendas.
Também quanto a este objetivo, observou-se quanto à adequação do currículo a sua
realidade profissional, que a maioria (54%) considera ‘muito boa’, entretanto, deve-se
considerar também o elevado número de egressos (40%) que considera apenas regular a
adequação do currículo. Os egressos foram questionados também se há adequação do curso ao
mercado de trabalho e os resultados demonstram que sua na opinião, não há total adequação
onde 84,68% responderam ‘sim, mas não totalmente’.
Quanto as dificuldades encontradas no desempenho da profissão vários aspectos
foram relatados. Alguns aspectos relacionados e outros não relacionados a formação, como
dificiculdade de encontrar pessoal qualificado, dificuldades provenientes da situação
econômica do país, falta de oportunidades, etc. Dos aspectos relacionados a formação
95
destacaram-se falta de conhecimentos técnicos nas mais diversas áreas como principal
dificuldade encontrada.
Ainda quanto a este objetivo a questão 20 do instrumento de pesquisa buscou
identificar o grau de contribuição do curso para o desenvolvimento de 17 características
fundamentais ao desempenho da profissão de administrador. Analisada no item 4.5.2 deste
estudo, onde pode-se observar que inicialmente, houve o agrupamento das 17 variáveis em 4
dimensões (fatores) os quais relacionam-se com os quatro pilares da educação apresentados
por Delors (2000), que são aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a viver juntos e
aprender a ser, onde cada uma das dimensões representa um pilar.
Os resultados demonstram que há um equilíbrio com relação a contribuição do curso
para o desenvolvimento de cada fator, não possibilitando o desenvolvimento significativos de
nenhuma das dimensões mais ou menos que outra.
Ainda quanto a este aspecto, observou-se durante a tabulação dos dados, pela simples
freqüência das respostas quanto a variável ‘desenvolveu atitudes e comportamentos éticos’,
que esta teve a maior concentração de respostas como ‘indiferente’ ou ‘pouca influência no
desenvolvimento’, entretanto, como poderemos observar na análise da questão 28, item 4.7
que se refere as características consideradas importantes ao profissional de administração, a
maioria absoluta considera ‘importante’ ou ‘muito importante’ a característica ‘atitudes e
comportamentos éticos’. A mesma situação, observou-se quanto a variável ‘aumentou a
criatividade’, onde os egressos indicaram pouca possibilidade de desenvolvimento em
consequência do curso mas teve grande importância atríbuida no item 4.7.
No item 4.7 deste trabalho analisou-se a questão 28 do questionário. Neste caso,
diferentemente das questões 20 e 27 que quando analisadas resultaram no agrupamento das
características, formando dimensões, as respostas dos egressos a esta questão não
possibilitaram agrupamentos. Os egressos consideraram de grande importância cada uma das
96
características apresentadas, sendo que atribuíram elevado grau de importância a todas elas.
Neste caso, não havendo variações nas respostas, não houve a possibilidade de agrupamento
em fatores distintos.
De fato as 17 características apresentadas aos egressos foram as mais citadas, ou as
consideradas mais importantes pelos autores utilizados na formulação do Quadro Teórico
(Apêndice B), assim, faz bastante sentido que um elevado grau de importância tenha sido
atribuído a elas.
Quanto ao objetivo de identificar os principais fatores que influenciaram na escolha
do curso de Administração, pode se constatar que as variáveis ‘influência de colegas e
amigos’; ‘influência da família’, ‘por ter uma profissão valorizada pela sociedade’; ‘por ser
uma curso complementar a outro realizado’, ou ainda por ‘haver menor concorrência no
vestibular’ relacionam-se negativamente indicando que de modo geral todas tiveram pouca
influência na escolha do curso. Observou-se ainda que ‘aptidão ou vocação’ e ‘por exercerem
atividades relacionadas ou semelhantes’ embora não tenha se relacionado fortemente com
outras variáveis influenciaram fortemente na escolha do curso.
E finalmente, com relação ao objetivo de verificar se na opinião dos egressos, houve
contribuição significativa do curso para o seu desenvolvimento pessoal e profissional,
constatou-se que de modo geral houve contribuição do curso, visto que: 98,39% declararam
que houve algum tipo de contribuição. Cabe destacar que destes 98,39%, 76,61% declararam
‘sim, mas não totalmente’ o que significa que esforços devem ser concentrados na avaliação e
adequeção do curso para que desta forma possam contribuir mais significativamente para o
desenvolvimento de seus alunos.
Ainda quanto a este objetivo a questão 27 do instrumento de pesquisa buscou
identificar o quanto o curso contribuiu para o desenvimento das 17 características elencadas
nos egressos. Analisada no item 4.6.1 deste estudo, observou-se que algumas variáveis
97
mudaram de dimensão, entretanto não houve descaracterização das dimensões, sendo que as
mesmas se relacionam com os quatro pilares: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender
a viver juntos e aprender a ser, respectivamente.
Os resultados se mostram congruentes com os resultados da questão 20, e indicam
um equilíbrio na contribuição do curso para o desenvolvimento das variáveis comportadas nas
quatro dimensões, nos egressos.
Baseando-se nestas conclusões, sugerem-se algumas recomendações, como segue.
5.2
RECOMENDAÇÕES
Qualquer forma de avaliação dos sistemas de educação é fundamental para que se
possa melhorar. Confrontar a realidade com o desejado nos permite identificar de forma
objetiva quais aspectos precisam ser melhorados ou readequados. A velocidade das
transformações no mundo a nossa volta requer que as avaliações sejam cada vez mais
constantes, neste contexto sugere-se:
a)
que pesquisas com objetivo de avaliar a contribuição dos cursos de
administração sejam realizadas em outras instituições e que seus resultados
sirvam como um instrumento para melhoria dos cursos e da profissão de
Administrador;
b)
que a instituição pesquisada possa avaliar os conteúdos ministrados e
considerar a sugestão dos egressos de maior concentração de disciplinas na
área financeira, considerando também o elevado número de egressos que
trabalham na área financeira e declararam falta de conhecimentos técnicos
como dificuldade no desempenho da profissão.
98
c)
que, apesar de que tanto a ética quanto a criatividade não possam ser
ensinadas como uma disciplina de português ou matemática, que a
instituição busque fortemente incentivar o desenvolvimento destas
importantes características durante o curso.
d)
recomenda-se ainda que pesquisas desta natureza sejam realizadas em outros
cursos, contribuindo também para a adequação de outros profissionais a
nova realidade social.
99
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103
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
1ª PARTE - PERFIL PESSOAL E PROFISSIONAL
1. Sexo:
( ) masculino
( ) feminino
2. Idade:
( ) até 25 anos
( ) de 36 a 40 anos
( ) de 26 a 30 anos
( ) de 41 a 45 anos
( ) de 31 a 35 anos
( ) 46 ou mais
3. Estado civil:
(
(
) solteiro
) divorciado
(
(
) casado
) outro __________
4. Cidade onde reside
( ) Blumenau
(
( ) Gaspar
(
) Indaial
) Pomerode
(
(
) Timbó
) Outra __________
(
) viúvo
5. Ano em que concluiu o curso superior
( ) 2003
( ) 2004
6. Cursou ou está cursando outro curso superior?
( ) sim Qual? _____________________ ( ) não
7. Cursou ou está cursando pós-graduação?
( ) Especialização ( ) Mestrado
(
) Doutorado
(
) Não está cursando
8. Você exerce atividade profissional relacionada à sua formação?
( ) Sim
( ) Não
9. Qual sua situação profissional
( ) continua no cargo/profissão que exercia antes de concluir o curso de graduação
( ) não está exercendo nenhuma atividade remunerada.
( ) mudou de emprego / cargo em virtude da conclusão do curso
( ) mudou de emprego / cargo mas não em virtude da conclusão do curso
( ) começou a trabalhar após a conclusão no curso
( ) abriu negócio próprio após a conclusão no curso
( ) outra Qual _____________________________________________________
10. Qual a natureza da organização onde trabalha atualmente?
( ) Indústria
( ) Instituição de ensino
(
( ) Ind. e com.
( ) Ind. e prest. Serviços
(
( ) Comércio
( ) Ind. com. e prest. Serviços
(
( ) Entidade Filantrópica
( ) Bancos ou Instituições Financeira
( ) Outra ________________________________________
) Prestadora de serviços
) Com. e prest. Serviços
) Órgão público
11. Trabalha em empresa da família?
( ) Sim
( ) Não
12. Número aproximado de colaboradores da organização onde trabalha.
( ) 01 a 10
( ) 11 a 30
( ) 31 a 50
( ) 51 a 100
( ) 101 a 500
( ) mais de 500
104
13. Função que exerce
( ) Proprietário/Sócio
( ) Função gerencial
( ) Função técnica ou acessória
( ) magistério
( ) Operacional
(
(
(
(
(
14. Renda mensal individual:
(
) até R$ 1.000,00
(
) entre R$ 1.501,00 e R$ 2.000,00
(
) entre R$ 2.501,00 e R$ 3.000,00
(
(
(
) Função de direção
) Função de chefia
) Função de consultoria (serviços autônomos)
) Estagiário
) outro ____________________________
) entre R$ 1.001,00 e R$ 1.500,00
) entre R$ 2.001,00 e R$ 2.500,00
) R$ 3.001,00 ou mais
15. Você possui participação no patrimônio da empresa onde trabalha?
( ) Sim
( ) Não
16. Possui alguma vinculação de parentesco com os proprietários da empresa?
( ) Sim
( ) Não
17. Qual foi a forma de ingresso nesta organização?
( ) Recrutamento interno
( ) Recrutamento externo
( ) Indicação
( ) Contatos pessoais direto com o empregador
( ) Convite da empresa
( ) Parentesco com sócio ou proprietário
( ) Fundador
( ) Contratação por ter diploma da Universidade X
( ) outra ____________________________________________________________
18. Caso sua atuação principal seja em alguma área técnica de administração, especifique em qual
área: (assinalar apenas uma opção)
( ) Adm. de Recursos Humanos
( ) Adm. Mercadológica (Marketing)
( ) Adm. de Produção
( ) Adm. de Materiais / Logística
( ) Adm. Financeira / Orçamento
( ) Organização e Métodos
( ) Vendas
( ) Outra _______________________________
1ª PARTE – ADEQUAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO DO CURSO
As questões a seguir visam analisar a adequação dos conteúdos ensinados nos cursos de
graduação em Administração as exigências/necessidades do mercado de trabalho, desta forma,
com base na sua experiência acadêmica e profissional responda utilizando:
19. Quanto ao conhecimento dos conteúdos a seguir você considera:
1. Sem importância 2. Pouco importante
3. Indiferente
4. Importante
5. Muito importante
(
(
(
(
(
(
(
(
(
) Comércio exterior
) Contabilidade
) Finanças / Orçamento / Custos
) Legislação tributária
) Materiais / Logística
) Planejamento Estratégico
) Processo decisório
) Recursos Humanos
) Sociologia / Psicologia
(
(
(
(
(
(
(
(
(
) Comunicações Administrativas
) Economia
) Legislação trabalhista
) Matemática / Estatística
) Mercadológica (Marketing)
) Processamento de Dados
) Produção
) Sistemas e Métodos
) Vendas
105
20. Conforme a escala a baixo, classifique o grau de contribuição do curso de Administração que
você cursou para o desenvolvimento das características elencadas a seguir.
1. Não teve influência nenhuma
2. Teve pouca influência
3. Indiferente
4. Teve influência
5. Teve muita influência
( ) capacidade de aprender rapidamente sobre novos conceitos e tecnologias
( ) capacidade de assumir responsabilidades
( ) capacidade de lidar com mudanças e situações novas
( ) capacidade de trabalhar em equipe
( ) habilidade de relacionamento com pessoas
( ) criatividade
( ) habilidade de comunicação
( ) conhecimento técnico em administração
( ) iniciativa
( ) visão estratégica das organizações (visão da empresa como um todo)
( ) capacidade de alocar recursos humanos e financeiros adequadamente
( ) capacidade/habilidade para tomar decisões
( ) comprometimento com a empresa
( ) atitudes e comportamentos éticos
( ) habilidade para gerir conflitos, trabalhar em ambientes de incerteza e situações ambíguas
( ) liderança
( ) idéias e atitudes empreendedoras
( ) outra ________________________________________
21. Quais as principais dificuldades que você encontra no desempenho de sua profissão?
R: _______________________________________________________________________
22. Considerando as necessidades de sua atividade profissional, que conteúdo você acha que
deveria ter sido estudado ou tido maior concentração em seu curso de formação?
R: _______________________________________________________________________
23. De que forma o currículo do curso de Administração foi adequado com a realidade encontrada
por você no mercado de trabalho?
( ) Péssima ( ) Ruim
( ) Regular ( ) Muito boa
( ) Excelente
24. Em sua opinião há adequação entre o que ensina o curso de graduação em Administração e o
que o mercado de trabalho exige destes profissionais?
( ) Sim
( ) Sim, mas não totalmente
( ) Não
25. Em sua opinião, o curso de graduação em Administração contribuiu significativamente para
seu desenvolvimento pessoal e profissional?
( ) Sim
( ) Sim, mas não totalmente
( ) Não
26. Fatores que influenciaram na escolha do curso de Administração.
1. Discordo totalmente
2. Discordo
3. Não concordo nem discordo
4. Concordo
5. Concordo totalmente
(
(
(
(
(
) Influencia de colegas
( ) Ter uma profissão valorizada pela sociedade
) Influencia da família
( ) Curso complementar a outro realizado
) Aptidão ou vocação
( ) Menor concorrência no vestibular
) Por exercer atividades relacionadas ou semelhantes
) Maiores oportunidades no mercado de trabalho
106
27. De que forma o curso de Administração contribuiu para melhoria de sua vida profissional?
1. Não teve influência nenhuma
2. Teve pouca influência
3. Indiferente
4. Teve influência
5. Teve muita influência
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
) ampliou a capacidade de aprender rapidamente sobre novos conceitos e tecnologias
) ampliou a capacidade de assumir responsabilidades
) ampliou a capacidade de lidar com mudanças e situações novas
) ampliou a capacidade de trabalhar em equipe
) ampliou a habilidade de relacionamento com pessoas
) aumentou a criatividade
) ampliou a capacidade de expressar-se e comunicar-se bem
) transmitiu conhecimentos técnicos necessários à atividade profissional
) estimulou a tomar mais iniciativa
) transmitiu conhecimentos necessário para se ter uma visão da empresa como um todo
) ampliou a capacidade de alocar recursos humanos e financeiros adequadamente
) ampliou a capacidade/habilidade para tomar decisões
) desenvolveu o senso de comprometimento com a empresa
) desenvolveu atitudes e comportamentos éticos
) desenvolveu habilidade para gerir conflitos, trabalhar em ambientes incertos
) desenvolveu liderança
) desenvolveu idéias e atitudes empreendedoras
28. Dentre os atributos abaixo, indique o grau de importância que você daria a cada um em
relação ao bom desempenho do profissional de administração nos dias de hoje?
1. Sem importância 2. Pouco importante
3. Indiferente
4. Importante
5. Muito importante
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
) capacidade de aprender rapidamente sobre novos conceitos e tecnologias
) capacidade de assumir responsabilidades
) capacidade de lidar com mudanças e situações novas
) capacidade de trabalhar em equipe
) habilidade de relacionamento com pessoas
) criatividade
) capacidade de expressar-se e comunicar-se bem
) conhecimentos técnicos em administração
) iniciativa
) visão da empresa como um todo
) capacidade de alocar recursos humanos e financeiros
) habilidade para tomar decisões
) comprometimento com a empresa
) atitudes e comportamentos éticos
) habilidade para gerir conflitos, trabalhar em ambientes incertos e situações ambíguas
) liderança
) idéias e atitudes empreendedoras
29. Se você pudesse voltar atrás para escolher um curso superior, escolheria Administração?
( ) Sim
( ) Não
107
APÊNDICE B – QUADRO TEÓRICO
X
X
X
X
X
X
Capacidade de lidar com mudanças e situações novas
Capacidade de tomar decisões
X
X
X
X
Capacidade de transferir conhecimentos
Comprometimento com a empresa
Criatividade
X
Delegar
Equacionar soluções
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Iniciativa
Inovar
X
Liderança
Negociar
Ter determinação
Ter raciocínio lógico, crítico e analítico
X
X
X
Senso crítico
Ser empreendedor
X
X
X
Conviver em sociedade
Criar de manter uma rede de relacionamentos
Reconhecer problemas,
Representar a organização
X
X
X
Capacidade de trabalhar em equipe
Pensar estrategicamente, (empresa como um todo)
X
X
Capacidade de gerar resultados
Capacidade de gerenciamento;
Habilidade técnica
Sant'
anna 2005
X
X
X
Auto-controle emocional
Capacidade de discernimento
Formular prósitos e objetivos:
Gerir conflitos (incertezas, situações ambiguas)
X
X
Atuar preventivamente,
Ética
Expressar-se e comunicar-se bem
Diretrizes 2004
Aprender novos conceito e tecnologias
Assumir responsabilidade
Delors 2000
X
Fleury 2000
CFA 1995
Alocador de recursos
Mintzberg 1986
Katz 1986
Barnard 1979
Habilidades e Competências / Referência
X
X
X
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