GÊNERO: UMA REFLEXÃO SOBRE O LIVRO DIDÁTICO
Viviane Maria Specht(PIBIC Junior)
Orientador: Prof. Dr. Mario de Souza Martins
Palavras-chave: gênero, livro didático, cidadania.
Introdução
A educação é voltada à construção da cidadania e em defesa dos direitos humanos, tem
um papel fundamental e transformador na busca de uma sociedade verdadeiramente
democràtica, justa e igualitària. Assim, percebemos que os livros e materiais didáticos
apresentados aos alunos na escola, são os que abordam e demonstram grandes
preconceitos e estereótipos à figura feminina.
E sobretudo, esses estereótipos "sexistas", conforme afirma APPLE (1995), nada mais
são do que a própria realidade em que vivemos, existe a imposição social de relações de
gênero, onde meninos e meninas obedecem as normas impostas socialmente. Este
sexismo reproduz a imagem tradicional da mulher, e confirma a diferenciação de papéis
sexuais, assumidos tanto no lar quanto na esfera profissional: a mulher costura, cozinha
ou varre, o homem lê o jornal; a mulher é enfermeira ou secretária, o homem, é médico ou
executivo. Não é só na condição de afazeres e condutas que apresentam certas
discriminações contra as mulheres, mas também o número de vezes que ela aparece nos
livros. Além da "invisibilidade" imposta às mulheres, a forma como elas são apresentadas
é estereotipada, comparanda a uma "rainha do lar" sempre ocupando atividades
consideradas socialmente secundárias, e o homem como único provedor da família. O
que considera-se importante salientar, é que a educação tem um papel essencial na
socialização dos indivíduos, podendo interferir em determinados padrões de convivência,
assim todo cuidado é pouco, quando se trata da construção social de gênero. Estes
argumentos são pontos importantes para prover à cidadania, mas existem muitos outros
que necessitam ser analisados e discutidos. Um deles é referir ações para superação das
desigualdades entre homens e mulheres. Esta pesquisa trata-se de um levantamento
bibliográfico sobre a questão de gênero no livro didático, com a finalidade de identificar
como as relações de gênero irão influenciar o comportamento dos alunos na escola, para
complementar aplicamos um questionário em cerca de 25 alunas do curso de Magistério
para verificar a visão que elas possuem sobre as relações de gênero.
Gênero: uma reprodução do social
Na atualidade, nos deparamos com situações constrangedoras, no qual o papel do
homem no mundo se resume em "comandar": seja no trabalho, na família, com os filhos,
na mulher, e assim por diante. Essa é a forma de mostrar o seu poder e domínio, que
exerce na sociedade e é resultado do machismo, que vai abalar a estruturação da família
e especialmente da condição de mulher: estereotipada, inferior, submissa, e além do
mais, continua a expandir e desenvolver-se por toda a sociedade, ignorada socialmente
pelas relações de poder concentradas em mãos masculinas. É desta forma que livros e
materiais didáticos apresentam as figuras masculinas e femininas, e as condutas exigidas
pelo social para cada um dos deles. Existe o confronto entre essas relações de poder, o
homem e a mulher desempenham papéis diferentes, em vista disso desenvolve-se o
Movimento Feminista, a partir da década de 60, que passou a refletir sobre as condições
da mulher na sociedade capitalista. (ALVES; PITANGUY, 1985). O movimento feminista
apresenta-se como um conjunto de idéias e práticas dentro de uma teoria política, que
visa superar essas diferenças: acabar com as situações de opressão e exclusão das
mulheres, lutar para que a mesma tenha liberdade e autonomia, para discutir sobre sua
sexualidade e reprodução, e ter acesso aos meios de produção econômica. Enfim é
necessário construir propostas concretas para melhorar a vida no cotidiano das mulheres,
lutar por um mundo mais justo, para todos os indivíduos, sem perder a capacidade de
responder às questões do feminino. Portanto, nesse processo devemos levar em conta a
discussão de uma perspectiva de gênero e para tal uma destas propostas concretas é a
reformulação dos livros didáticos pelos autores e editores, mantendo a igualdade entre os
sexos. Gênero se estabelece como relações de poder construídas socialmente entre os
sexos, dentro de suas múltiplas diferenças que possuem influência dos instrumentos de
construção social: a sexualidade, áreas da vida profissional, a religião, a mída, a família, a
escola, a etnia, a classe social e o contexto histórico. O conceito de gênero permite
analisar tanto as relações de si próprio, como também a construção da identidade de
gênero em cada indivíduo. Expõe claramente o ser mulher e o ser homem como uma
construção social, a partir do que é estabelecido como feminino e masculino e dos papéis
destinados a cada um desde a infância. Desde criança, os meninos e as meninas são
influenciados socialmente a seguirem um determinado modelo imposto, o qual é
considerado adequado a cada sexo e tem o seu início na própria socialização na família.
Muitos brinquedos e brincadeiras são correlacionados, sendo-lhes negado a condição de
troca. È preocupante perceber que na sociedade, ainda encontram-se situações em que o
menino não pode brincar de boneca, porque é brinquedo de menina, ou até mesmo, ouvir
que menina não brinca com carrinho, pois além de ser "feio", é brinquedo de menino.
Dessa forma é que desde os primeiros anos de vida, na observação de como se dão as
relações de gênero dentro de casa e fora dela, na orientação que recebem quanto a
brinquedos e brincadeiras, roupas e atitudes são cobradas todas aquelas mais adequadas
à cada gênero, que as crianças são "treinadas" a desenvolverem papéis e habilidades
diferenciadas e que irão influenciar na sua escolha na vida social e profissional. Esta
ideologia é transmitida, desde muito cedo a criança pela família, mas não é a única,
existem
outras
como
a
escola,
principalmente
nos
livros
didáticos,
onde
a
"heterossexualidade" é imposta aos alunos e alunas. A sexualidade aparece como parte
da natureza humana, vinculada à reprodução que leva a pensar sobre essa identidade
sexual como forma correta de ser. E já os homossexuais são considerados desvios,
problemas psicológicos e anormais. As crianças são desde pequenas estimuladas a
serem heterossexuais e a escola tem papel fundamental na manutenção desta identidade
sexual, segundo MEYER e SOARES. Na vida não seria diferente a questão das
desigualdades entre homens e mulheres também faz-se presente nos livros didáticos.
Conclusões
Desta forma nos deparamos com as relações de gênero, que são sustentadas e
estruturadas por uma rígida divisão sexual do trabalho. Então, cabe ao ser humano
construir socialmente seu gênero e sua própria condição, além de estar submetido a
certos meios externos da sociedade que possui uma influência sobre o indivíduo, mas
cada um deve decidir aquilo que é o melhor para si. Porém, no tema aqui discutido, vê-se
a necessidade de promover estudos, debates e atividades para que tanto o homem
quanto a mulher alcancem a igualdade plena nas relações socias.
Referências
ALVES, B. M.; PITANGUY, J. O que é feminismo São Paulo:Brasiliense, 1985.
APPLE, M. Trabalho docente e textos. Porto Alegre: Artmed, 1995.
TOSCANO, M. Estereótipos sexuais na educação. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
MEYER, D.; SOARES, R. Corpo, gênero e sexualidade. São Paulo: Mediação, s/d.
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