Trecho 9 -‐ Artigo de Mateus Henrique de Faria Pereira publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional "A atualidade do tema se impõe, mas há também uma necessidade política. Alguns estudos sugerem que, em comparação com jovens argentinos e uruguaios, os brasileiros são os que menos têm interesse sobre o passado militar e os que têm menores rejeições a “opções militaristas”. Eles também são os mais despolitizados e os que menos defendem valores democráticos." (...) "Em uma ampla análise de quase 80 livros didáticos produzidos entre 1973 e 2000, notase que as abordagens adotadas muitas vezes se concentram nas figuras de Jânio Quadros e João Goulart, individualizando e psicologizando o acontecimento, que é visto como fruto apenas das contingências imediatas. Percebe-se boa dose de determinismo e a predominância do tempo curto sobre todas as outras possibilidades de explicação. O golpe a ser dado era inevitável e seria bem-sucedido. Possibilidades disponíveis, mas perdidas, são ignoradas, como se outras alternativas fossem impossíveis dentro das limitações da conjuntura histórica do pré-golpe." (...) "A presença de civis e o papel desempenhado pelos militares na tomada do poder não costumam ser problematizados." (...) "É importante perceber que os livros didáticos não são uma mera transposição de um saber acadêmico para um saber escolar. Os autores dos livros didáticos desempenham a função de conservação e recriação da memória ao escreverem e reescreverem continuamente a história de acontecimentos como a ditadura militar." Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/ainda-o-silencio