UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O ESTUDO DE PRÁTICAS PSICOMOTORAS NA APRENDIZAGEM
ESCOLAR
Por: Ana Márcia da Silva Vieira
Orientador
Prof. Maria Esther de Araújo
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O ESTUDO DE PRÁTICAS PSICOMOTORAS NA APRENDIZAGEM
ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em.Psicomotricidade.
Por: Ana Márcia da Silva Vieira
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AGRADECIMENTO
a Deus em primeiro lugar e a minha irmã
Kátia pela força que sempre me deu
obrigada pela ajuda.
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DEDICATÓRIA
dedico as minhas filhas Beatriz e Ludmila e a
meu marido Edson com carinho.
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RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo trazer a tona o quanto as atividades psicomotoras
podem contribuir de forma positiva para a aprendizagem dentro de sala de aula,
desmistificando a ideia de que atividades motoras devem ser realizadas fora de sala de
aula e pelos professores de Educação Física. Tendo como base a teoria de Wallon que a
todo tempo procura olhar a criança de forma integrada. Dentro desta perspectiva
Wallon vai delinear quatro campos funcionais; o movimento, as emoções, a inteligência
e a pessoa. Além de olhar a criança de forma integrada ele procura olhá-la de forma
contextualizada, não olhando a criança apenas como alguém que “virá a ser” (futuro),
mas valorizando o que ela é “hoje”, sem abrir mão do que ela traz consigo. Dentro deste
contexto os educadores não podem ignorar os benefícios da utilização da
psicomotricidade na sala de aula. Muitas vezes por desconhecimento idealizamos como
boa aquela turma que é quieta e silenciosa. O professor precisa ter consciência de que o
movimento (ordenado e organizado) é de fundamental importância no desenvolvimento
físico, intelectual e emocional da criança. É o corpo quem coloca a criança em contato
com o mundo que a cerca, por isso é fundamental que ele não seja ignorado. A base
fundamental para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança está na estrutura
da Educação Psicomotora. Durante o processo de aprendizagem os elementos básicos da
psicomotricidade são utilizados com frequência, tais como o Esquema corporal,
Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação Temporal e Pré-escrita, são
fundamentais na aprendizagem. A Psicomotricidade vê o indivíduo como um todo
procurando auxiliar se o problema está no corpo, na área da inteligência ou na
afetividade. O ideal seria que todos os educadores tivessem como respaldo para as suas
atividades a psicomotricidade, pois fariam com que nossas crianças realizassem
experiências com o corpo, sendo indispensável no desenvolvimento das funções mentais
e sociais. Não podemos esquecer que o grande agente do processo educacional é o
professor. A alma de qualquer instituição de ensino é o professor. Pensando na
importância do papel do professor realizamos uma pesquisa com professores do ensino
fundamental de escolas no Rio de Janeiro para que pudéssemos ter uma visão de como
os professores tem encarado as atividades motoras em suas salas de aula. Quase na sua
totalidade os professores reconhecem que as atividades motoras podem contribuir para a
aprendizagem em sala de aula, mas este reconhecimento não leva os professores utilizar
com frequência este tipo de atividade. Dentro desta perspectiva é preciso que
trabalhemos com o objetivo de que a psicomotricidade mostre o seu valor,
conscientizando responsáveis, pais, coordenadores, mas quem conscientizará os
professores?
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METODOLOGIA
O desenvolvimento deste trabalho será através de um estudo bibliográfico, tendo
como base a teoria de Wallon dentre outros autores.
Neste trabalho também utilizaremos uma pesquisa de campo através de
questionários distribuídos entre professores do primeiro segmento do ensino
fundamental (1º ano ao 5º ano), estes questionários conterão dez questões objetivas que
servirão como base da nossa coleta de dados, haverá também uma questão discursiva
que terá como objetivo nos colocar em contato com experiências vividas pelos
professores em suas salas de aula. Utilizaremos uma média de 52 questionários que
serão entregues aos professores e recolhidos alguns dias depois, num período de dois
meses.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
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CAPÍTULO I - A Teoria de Wallon
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CAPÍTULO II - Os Benefícios de usar a
Psicomotricidade na sala de aula
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CAPÍTULO III – A Psicomotricidade, a
aprendizagem e o professor
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CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA
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ANEXO
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ÍNDICE
32
FOLHA DE AVALIAÇÃO
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INTRODUÇÃO
O Tema de estudo desta pesquisa é o movimento e a aprendizagem. Através do
estudo de Práticas Psicomotoras na Aprendizagem Escolar. A questão central deste
trabalho é: Como os professores encaram as práticas psicomotoras em sala de aula?
O Tema sugerido é de vital relevância, pois é comum pensarmos em uma sala de aula
silenciosa como um lugar onde a aprendizagem ocorre de forma mais fácil é limitar o
potencial que existe dentro daquela sala de aula. Mas até que ponto a movimentação
dentro da sala de aula poderia facilitar a aprendizagem? Estes questionamentos pairam
sobre a cabeça dos educadores atualmente. Isso porque por muitos anos aprendemos que
quanto mais paradas e silenciosas estivessem
nossas turmas
melhor
seria
a
aprendizagem, depois com o contato com novas teorias começamos a encarar que a
movimentação orientada pelo professor também pode servir de forma útil para a
aprendizagem e o educador se vê agora entre estas duas correntes, por este motivo nos
propusemos a estudar como os professores do século XXI tem conseguido lidar com
esta dualidade de pensamentos e a luz dos estudos de Henri Wallon que na tentativa de
olhar a criança de modo integrado vai delinear quatro campos que são chamados campos
funcionais: O Movimento, As Emoções, A Inteligência e a formação do Eu como
Pessoa. Através desta pesquisa procuraremos entender como manter um equilíbrio
diante desta realidade atual.
Os objetivos desta pesquisa são portanto, Identificar qual tem sido a posição dos
professores de ensino fundamental em relação as atividades psicomotoras dentro da sala
de aula, identificar a posição dos professores quanto a utilização de atividades
psicomotoras na sala de aula, analisar as concepções dos educadores sobre a utilização
ou não de atividades psicomotoras na sala de aula, propor um novo olhar sobre a
movimentação na sala de aula De um lado os professores por medo do novo, por medo
de perderem o controle optam por não mudarem de postura, por outro lado diante de
uma geração inquieta onde tudo acontece de forma muito rápida ou acelerada já não
querem mais esta quietude, aí está o conflito criado cuja solução pode estar no
equilíbrio.
No primeiro capítulo deste trabalho será analisado a Teoria de Wallon. O
segundo capítulo tem como tema os benefícios de se utilizar a psicomotricidade dentro
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da sala de aula. Por fim, no terceiro capítulo, será abordada a relação entre
psicomotricidade, aprendizagem e o papel do professor através de uma pesquisa
realizada em escolas Municipais.
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O ESTUDO DE PRÁTICAS PSICOMOTORAS NA APRENDIZAGEM ESCOLAR
CAPÍTULO 1- A TEORIA DE WALLON.
A Teoria de Wallon traz à tona a tentativa de ver a criança de um modo mais
integrado e de fato parece que hoje em dia, a complexidade dos processos educativos e
os vários estudos da criança apontam pra necessidade de não dissociar campos que são
indissociáveis como, por exemplo, afetividade e inteligência. (WALLON, P.9,2007)
O projeto teórico da teoria de Wallon na sua vertente de psicólogo é a psicogênese da
pessoa. Na tentativa de olhar a criança de modo integrado ele vai delinear quatro
campos que são chamados de campos funcionais, sobre os quais a teoria vai fornecer
mais elementos.
O Movimento que é o primeiro sinal de vida psíquica que a criança dá ao nascer é
uma dimensão que vai permear todas as idades e todos os campos, e é interessante
destacar que no estudo do movimento Wallon discrimina duas dimensões do
movimento. Uma que é a dimensão mais expressiva que não significa deslocamento
necessariamente, mas que é a expressão que está na base das emoções, e a outra
dimensão do movimento que ele vai estudar é sim a dimensão instrumental, é o
movimento mais comumente estudado que é a ação direta sobre o meio físico, o meio
concreto. Na dimensão expressiva do movimento nós encontramos elementos
interessantes no sentido de poder se atentar mais como educador para concretude da
criança, isto é, as suas posturas corporais, os seus gestos, sinalizam para um todo,
muitas vezes nós consideramos como algo que atrapalha, algo que é comum em sala de
aula, é achar que para a criança aprender ela tem que estar imóvel, ela tem que estar
paradinha sentada, e se nós formos integrar estas questões mais teóricas acerca do
movimento e mesmo se nós começarmos a afinar o nosso olhar sobre o movimento, nós
vamos ver que é ao contrário, muitas vezes é graças a essa dimensão mais expressiva do
movimento, pequenos gestos ou interações com os colegas, que a criança consegue
aprender, nesse sentido muitas vezes impedir a criança de se movimentar ao invés de
favorecer que ela aprenda pode impedir que ela aprenda, porque o pensamento da
criança no primeiro momento é muito sustentado no movimento, então ela precisa se
mexer, de vários modos para construir um fluxo de pensamento. Wallon vai destrinchar
o complexo processo pelo qual vai se construindo na criança a capacidade de controlar o
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seu próprio movimento vai mostrar como isso é difícil, como isso é custoso, como isso é
gradual, alguns aspectos tem que ficar bem claros.
Segundo WALLON (p.127, 2007), o primeiro aspecto é a dimensão mais expressiva
do movimento como algo a ser olhado pelo educador. O educador não compreende a
criança só por meio da sua produção escrita, compreende a criança também por meio de
sua mobilidade, da sua postura corporal, dos seus gestos, das suas instabilidades ou da
sua apatia. Um outro aspecto fundamental a ser compreendido é a complexidade do
processo pelo qual se constituem capacidades fortemente exigidas pela escola,
basicamente as questões ligadas a contenção motora e a focalização da atenção que são
processos ligados ao que Wallon chama de auto-disciplina mental e que tem uma
construção muito complexa e muito ligada ao processo de aprendizagem, o discurso e as
práticas escolares normalmente tratam estas capacidades como pré-requisitos para a
aprendizagem, só que essa relação está mal compreendida porque elas não são só prérequisitos para a aprendizagem, elas são também resultados da aprendizagem, então é
preciso refinar o olhar para saber quando de fato, o movimento tem que ser coibido,
contido e quando ele tem que ser favorecido, talvez em condições diferentes das que são
oferecidas normalmente na sala de aula por exemplo, mas o primeiro passo é afinar o
olhar acerca dessa dimensão.
Para WALLON (p.121,2007), as emoções são um tipo de manifestação afetiva
estudada mais a fundo por Wallon. Por que estudar as emoções? Justamente por serem
as emoções as primeiras manifestações afetivas, que compõem, que estão presentes e
que constituem a criança, ele vai mostrar como as emoções são um fator fundamental de
interação da criança com o meio na qual ela está inserida. São várias as peculiaridades
das emoções dentre elas se inserem manifestações afetivas que se expressam, isto é, que
são visíveis pelo próprio sujeito e que tem uma variabilidade intensa e que com
frequência vem acompanhada de modificações no próprio funcionamento orgânico do
corpo.
As emoções tem uma característica importante, a sua contagiosidade entre os
indivíduos, esse traço que fica muito claro na situação de dinâmica de grupo por
exemplo, quantas situações em sala de aula não podem ser melhor compreendida se nós
olharmos este fator.
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Algumas situações de turbulência e alvoroço parecem não ter motivo concreto, mas
ligado na organização da atividade e aí nós podemos entendê-la melhor recorrendo a
essa ideia das emoções, isto é, então muitas vezes é a excitação de uma criança ou do
próprio professor que acaba criando algumas situações, as vezes de muito descontrole,
mas esta mesma contagiosidade das emoções também está presente na dinâmica de
grupo de um modo positivo que é por exemplo aquilo que permite que um professor
quando está entusiasmado com sua atividade, entusiasmado com aquele conhecimento
que ele quer compartilhar com as crianças sendo possível que ele consiga por meio do
seu entusiasmo, que vai se refletir no tom da voz, na expressão dos olhos, na postura do
corpo, é possível que consiga contagiar positivamente as crianças que tenderão a ficar
igualmente contagiadas por este conhecimento.
A teoria de WALLON (p. 156, 2007), vai nos fornecer elementos interessantes
também para compreender o desenvolvimento da inteligência que também é um campo
abrangente, ele vai destacar aquilo que chama de inteligência discursiva, a inteligência
que se expressa, que se constitui por meio da linguagem, por meio da fala inclusive.
A Pessoa para WALLON ( p.188, 2007), é um quarto campo, é o campo que ele
nomeia pessoa justamente, que é ao mesmo tempo aquilo que articula todos os demais,
mas também é um campo independente, isto é, ele vai mostrar, portanto que ao longo do
desenvolvimento vai se construindo a noção do eu ou consciência de si, como ele fala.
A relação entre esses quatro campos funcionais nem sempre é de harmonia, isto é,
uma relação que também é marcada pelos conflitos, pelo antagonismo, embora cada um
destes campos sejam inseparáveis uns dos outros. Além de tentar ver a criança de forma
integrada, esse olhar teórico vai buscar enfocá-la de modo contextualizado, isto é, a
pessoa inserida nos seus meios, nos seus contextos de atuação, portanto a atitude teórica
de Wallon vai sempre procurar compreender o sentido de uma função dos contextos nos
quais esta conduta está inserida.
A perspectiva de Wallon vai olhar a infância ao mesmo tempo como um estado
provisório, como um estado de preparação para a vida adulta e como uma fase que tem
um sentido em si próprio. É difícil na verdade articular essas dimensões, o mais comum
é, ou olharmos somente como uma fase de preparação que não tem um valor em si,
quando olho assim a infância tenho muita dificuldade de compreender as capacidades
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das crianças, porque nós vamos sempre ver a criança como um ser inacabado, ou ver a
criança no seu estado atual e que a tendência dela é se tornar um adulto. Nós vamos
perceber que só justificar as práticas e conteúdos pelo futuro não se sustenta, porque nós
temos que olhar a criança também no que ela é hoje, nas suas demandas atuais e
articular em termos de oportunidade essa dupla dimensão. Não podemos apenas olhar
para o futuro dela sem se preocupar com o que ela quer hoje, com o que ela sente hoje,
com o que ela pensa hoje. Esta tarefa não é fácil porque é preciso manter o equilíbrio,
pois não podemos nos esquecer de prepará-las para o amanhã.
É evidente que a escola não pode anular uma terceira dimensão temporal que é a
história da criança, isto é, trabalhar a criança como o que ela é hoje, com perspectivas de
vir a ser, mas ao mesmo tempo sabendo que cada criança tem uma história peculiar e
única, nenhuma criança chega na escola vazia, cada uma chega com uma bagagem, um
repertório que é o ponto de partida, que é algo que a escola tem que buscar se articular,
então é um desafio enorme esse de tentar articular estes três tempos, a história da
criança, suas demandas atuais e as perspectivas.
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CAPÍTULO 2- OS BENEFÍCIOS DE UTILIZAR A PSICOMOTRICIDADE NA
SALA DE AULA.
Muitas vezes nós professores idealizamos como turma “boa” aquela que é parada,
quieta, silenciosa, não levando em consideração que nem sempre o barulho e o
movimento na sala de aula são indícios de indisciplina ou bagunça. É necessário que o
professor saiba identificar e administrar esta movimentação em sala de aula, para isso é
necessário que o professor conheça mais sobre o movimento.
É importante que a criança viva o concreto e o movimento vai permitir que a criança
explore o mundo exterior através de experiências concretas sobre as quais são
construídas as noções básicas para o desenvolvimento intelectual.
O professor precisa ter consciência de que o movimento (ordenado e organizado) é de
fundamental importância no desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança.
Na sala de aula, o aluno busca um espaço para o seu corpo,
vivendo intensamente cada momento. Se inibido de imediato
haverá bloqueio psicomotor, levando ao isolamento, ele passa a se
tornar “observador do mundo ...” (ALVES, p. 16, 2003)
Há vários riscos ao limitar a criatividade corporal da criança dentro da sala de aula,
esta limitação poderá se refletir negativamente em outras áreas da aprendizagem, mas se
for coordenada pelo professor poderá trazer grandes benefícios em várias áreas do
conhecimento.
É muito importante criar um ambiente favorável para que a criança tenha maturação
normal fazendo com que sua inteligência seja desenvolvida, mas mesmo com este
ambiente é preciso respeitar as particularidades de cada aprendiz.
Como afirma ALVES, (p.17, 2003), cada criança é única. O esquema do
desenvolvimento é comum a todas
as crianças, mas as diferenças de caráter, as
possibilidades físicas, o meio e o ambiente familiar explicam que com a mesma idade
crianças perfeitamente ‘normais’ possam comportar-se de maneiras diferentes. A
criança que progrediu inicialmente muito rápido pode reduzir o seu ritmo e ser
alcançada por aquela criança que parecia atrasada alguns meses antes.
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Ao fazer com uma turma de 2º ano a experiência de plantar grãos de feijão na sala de
aula usamos o mesmo tipo de copo para todos, a mesma terra, a mesma quantidade de
água, a mesma quantidade de grãos e todos foram colocados na mesma janela pelo
mesmo período de tempo. Ao fazermos a observação do desenvolvimento dos grãos,
alguns haviam rachado e já saíam raízes, outros pareciam indiferentes. Na observação
seguinte alguns que até então estavam intactos racharam e passaram a frente daqueles
que pareciam mais desenvolvidos outros continuavam sem reação alguma aparente e
assim foi acontecendo durante todo o período de observação. Com esta experiência
podemos perceber que o mesmo acontece com as crianças que estão dentro de nossas
salas de aula que apesar da semelhança exterior cada uma tem seu ritmo próprio de
desenvolvimento, cada uma tem dentro de si peculiaridades que devem ser respeitadas e
nunca descartadas.
Segundo COSTA (p. 29, 2001), fazer um julgamento do desenvolvimento de uma
criança é muito mais complexo do que parece: não é suficiente apreciar, baseado num
manual, é preciso ter em vista o conjunto da criança e de suas condições de vida familiar
e não se preocupar com apenas um déficit.
É o corpo que coloca a criança em contato com o mundo que a cerca, por isso é
fundamental que ele não seja ignorado. É através dele que a criança vai descobrir o
mundo, experimentar
sensações e situações, expressar-se, perceber-se e perceber as
coisas que a cercam. À medida que a criança se desenvolve, quanto mais o meio
permitir, ela vai ampliando suas percepções e controlando seu corpo através da
interiorização das sensações. Com isso ela vai conhecendo seu corpo e ampliando suas
possibilidades de ação. O corpo servirá de base para o desenvolvimento cognitivo, para
a aquisição de conceitos referentes ao espaço e ao tempo, para um maior domínio de
seus gestos e harmonia de movimento.
O desenvolvimento da criança só será progressivo a partir do momento que ela
realizar por si mesma as suas ações, exercitando seus músculos, aperfeiçoando seus
movimentos, tomando decisões, treinando a coordenação e a concentração, exercendo,
assim, todas as atividades psicomotoras que necessitem de repetição e de
conscientização para se aperfeiçoarem.
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O convívio com o outro é de fundamental importância para o desenvolvimento da
criança, é preciso que ela se relacione com o outro. A ação da criança e a ação do outro
são como atitudes que se interpenetram e interjustificam simultaneamente estímulo e
resposta. Na criança, a imagem do corpo depende, compreende e completa-se na
imagem do corpo do outro e dos outros que a rodeiam e a envolvem. O outro é para a
criança o centro de suas atenções e motivações. É para ele que a criança canaliza toda
sua afetividade.
O ser humano é um ser social, ele vive em sociedade, diante disto a escola, precisa
caminhar sem perder o seu foco. É preciso que a escola saiba onde quer chegar, o que
quer atingir, que tipo de aluno quer formar. Alguns questionamentos são necessários.
Como educar sem saber que tipo de aluno se pretende formar? Como educar sem saber
o alcance do vôo que o educando pode dar? O conteúdo vale mais do que o equilíbrio? e
as questões emocionais? E a dimensão social? É preciso preparar o aluno para que ele
tenha capacidade de trabalhar em grupo, como líder ou colaborador, mas em grupo. Só
assim ele saberá atuar na família e na comunidade.
Deve haver uma reflexão inicial dos professores nos dias de planejamento. O que
queremos de nosso aluno e o que ele quer de nós? O que queremos para o presente e
para o futuro deste país com o tipo de educação que estamos dando?
É importante dar uma oportunidade para que as crianças pensem, significa partir de
suas ideias, reconhecer sua lógica, mostrar-lhes suas limitações, trazer-lhes informações
novas que as ajude a pensar mais e melhor.
Aprender é ampliar as fronteiras do pensamento. Ensinar não é apenas transmitir
informações a um ouvinte. É ajudá-lo a transformar suas ideias. Para isso, é preciso
conhecê-lo, escutá-lo atentamente, compreender seu ponto de vista e escolher a ajuda
certa de que necessita para avançar: nem mais, nem menos.
Nós seres humanos, somos diferentes uns dos outros em todos os pontos de vista.
A escola foi criada para homogeneizar, transmitir modelos
sociais definidos, para adaptar as crianças a um modelo social
dominante, para selecionar a população. Não é de se entranhar que
a diversidade seja vivida como um problema, como um obstáculo, e
que se busquem mil e uma fórmulas para segregar e homogeneizar.
Mas hoje se exige da escola que avance para a integração e para
uma cultura da diversidade, que viva as diferenças como riqueza, e
não como um obstáculo. (CURTO, p.73,2000)
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O objetivo não é que todos aprendam igualmente, isso seria impossível. O objetivo
é que todos possam trabalhar reflexivamente e construir o pensamento coletivamente
Que ninguém se chateie, que ninguém se sinta fracassado nem marginalizado.
O primeiro passo certeiro é o de trabalhar a partir do pensamento de cada um,
considerando com clareza o que cada um pode aprender em cada caso.
18
CAPÍTULO 3PROFESSOR.
A
PSICOMOTRICIDADE,
A
APRENDIZAGEM
E
O
Podemos nos perguntar qual a relação que pode haver entre a psicomotricidade e a
aprendizagem na sala de aula, principalmente na alfabetização e nos anos seguintes?
Mas a resposta é clara, a psicomotricidade está diretamente ligada a aprendizagem. A
psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a
motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo.
Para ALVES, p.69, 2003), a estrutura da Educação Psicomotora é a base fundamental
para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui do
geral para o específico; quando uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem, o
fundo do problema, em geral, está no nível das bases de desenvolvimento psicomotor.
Durante o processo de aprendizagem os elementos básicos da Psicomotricidade são
utilizados com frequência. O desenvolvimento do Esquema Corporal, Lateralidade,
Estruturação Espacial, Orientação Temporal e Pré-escrita são fundamentais na
aprendizagem; um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa
aprendizagem.
Como vimos a fase inicial da criança é muito importante e deve ser encarada como tal
e não ser “atropelada” por situações que acontecerão futuramente no seu devido
momento, devido a esta ansiedade muitas vezes nos precipitamos pulando fases que
trarão conseqüências para o futuro.
Nos anos iniciais de escolarização, entre 3 e 8 anos, que é o período de aprendizagem
essenciais e de integração progressiva do plano social. Trata-se do período escolar, onde
a psicomotricidade deve ser desenvolvida em atividades enriquecedoras e onde a criança
de aprendizagem lenta terá que ter, ao seu lado, adultos que interpretem o significado de
seus movimentos e expressões, auxiliando-a na satisfação de suas necessidades.
Em algumas escolas ainda se mantêm o caráter mecanicista instalado na Educação
Infantil, ignorando a psicomotricidade nas séries iniciais do ensino fundamental. Os
professores, preocupados com a leitura e a escrita, muitas vezes não sabem como
resolver as dificuldades apresentadas por alguns alunos, rotulando-os como portadores
de distúrbios de aprendizagem. Na realidade, muitas dessas dificuldades poderiam ser
resolvidas na própria escola.
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Podemos nos questionar sobre como a escola poderia ajudar a solucionar estes
problemas. Para isso é preciso que a escola esteja ciente de que a criança precisa se
sentir segura para que possa ter possibilidade de se arriscar. Isto, certamente, lhe trará
conhecimento acerca de si mesma, dos outros e do meio em que vive. A
psicomotricidade vê o indivíduo como um todo, procurando auxiliar se o problema está
no corpo, na área da inteligência ou na afetividade.
O ideal seria que todos os educadores tivessem como respaldo
para as suas atividades a psicomotricidade, pois fariam com que
nossas crianças realizassem experiências com o corpo, sendo
indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais.
(ALVES, p. 135, 2003)
É interessante levar a criança a expor fatos vivenciados, fazendo ligação entre o
imaginário e o real. Portanto, atividades que muitas vezes julgamos insignificantes são
muito importantes para o desenvolvimento da criança, como uma simples “roda de
conversa”, onde as crianças têm a liberdade para falar e se expressar livremente, relatar
fatos vividos fora do ambiente escolar e ouvir o que foi relatado pelos colegas. É muito
importante que na escola se leve em consideração os aspectos Socioafetivo, Cognitivo e
Psicomotor.
A Educação Psicomotora vem atuando na escola de forma a levar a criança a adquirir
melhores condições de aprendizagem e de autoconhecimento, formando a base para uma
boa aprendizagem da leitura e da escrita.
Vamos falar um pouco sobre os elementos base da psicomotricidade que podem ter
influência direta no processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Comecemos
falando um pouco sobre o Esquema Corporal.
A compreensão do que seja esquema corporal é de fundamental importância para o
trabalho na área de psicomotricidade. Crianças que não apresentam consciência e
conhecimento de seu corpo podem experimentar dificuldades de percepção, controle e
equilíbrio. Pode acontecer também da criança com perturbação do esquema corporal
apresentar dificuldade no aspecto visomotor e ter conseqüências na leitura e na escrita.
Geralmente as crianças com distúrbios de leitura têm um conhecimento deficiente de
seu esquema corporal. Apresentam dificuldade para identificar as partes do corpo e não
revelam boa organização da postura corporal no espaço em que vivem.
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Falemos agora da Lateralidade que está diretamente ligada a Estruturação Espacial.
Para ALVES, (p. 69, 2003), primeiro, a criança percebe a posição de seu próprio corpo
no espaço. Depois a posição dos objetos em relação a si mesma e, por fim, aprende a
notar as relações das posições dos objetos entre si.
Para a criança assimilar os conceitos espaciais, precisa ter uma lateralidade bem
definida. A lateralização é a base da estruturação espacial e é através dela que uma
criança se orienta no mundo que a rodeia.
A lateralidade é definida a partir da preferência neurológica que se tem por um lado
do corpo, no que diz respeito à mão, ao pé, ao olho e ao ouvido. Essa dominância é
importante para desenvolver diferentes habilidades, inclusive as de leitura.
Passemos também para a Orientação Temporal. O desenvolvimento da estruturação
temporal na criança é importante, pois, por intermédio do ritmo é que ela terá uma boa
orientação do domínio do papel, na escolarização, construindo palavras de forma
ordenada e sucessiva na utilização das letras, umas atrás das outras, obedecendo a certo
ritmo e dentro de um determinado tempo. Na comunicação oral, também estruturará os
sons das palavras diferenciando-os, aprendendo a ler com mais facilidade.
Para compreender o tempo, é necessário levar em consideração alguns aspectos
dentre eles o tempo próprio de cada indivíduo e a sua adaptação no tempo externo,
fazendo com que se organize temporalmente a partir do próprio tempo. É ao perceber o
tempo vivido que ela irá adquirir condições de dominar determinados conceitos, como
ontem, hoje, amanhã, dia da semana, meses, anos, horas, estações do ano etc.
É importante frisarmos que na Educação Infantil, todos os aspectos da percepção
devem ser trabalhados: o visual, o auditivo, o tátil, o olfativo e o gustativo. A imagem
corporal, que é a impressão que a criança tem de seu corpo, pode ser medida a partir de
desenhos da figura humana que ela realiza.
Isto nos leva a um ponto anterior quando afirmamos ser de fundamental importância
a base da escolarização da criança. Por este motivo o preparo para iniciar a leitura e a
escrita (alfabetização) depende de uma complexa integração dos processos neurológicos
e de uma harmoniosa evolução de habilidades básicas como percepção, esquema
corporal, lateralidade, orientação espacial e temporal, coordenação visomotora, ritmo,
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análise e síntese visual e auditiva, habilidades visuais e auditivas, memória sinestésica,
linguagem oral.
Precisamos estar cientes da relação existente entre a leitura e a escrita. O processo de
leitura envolve o relacionamento dos símbolos gráficos com os sons que eles
representam, a criança pode diferenciar visualmente cada letra impressa e perceber que
cada símbolo gráfico tem um correspondente sonoro. Existem crianças que são
incapazes de revisualizar e reorganizar auditivamente as letras, ou seja, tem dificuldade
de soletrar. A limitação na escrita será resultado da incapacidade para ler.
O desenvolvimento da escrita não se deve simplesmente a um fazer de exercícios. A
escrita é constituída de uma atividade psicomotora extremamente complexa, na qual
participam aspectos de maturação do sistema nervoso, expressado pelo conjunto de
atividades motoras; pelo desenvolvimento psicomotor geral, especialmente no que se
refere à tonicidade e coordenação dos movimentos e pelo desenvolvimento da
motricidade fina, ao nível dos dedos e da mão.
Do ponto de vista da linguagem, a escrita implica, para a criança, uma reformulação
de sua linguagem falada com o propósito de ser lida. O aprendizado da escrita, como
modalidade da linguagem, pode ver-se afetado de forma específica, conservando
intactas as outras condutas verbais. Uma criança pode ter dificuldade para executar o
traçado de letras, números ou palavras, apesar de ter bom nível de linguagem oral e ser
um bom leitor.
O grande agente do processo educacional é o professor. A alma de qualquer
instituição de ensino é o professor. Por mais que se invista em equipamentos, em
laboratórios, bibliotecas, anfiteatros, quadras esportivas, sem negar a importância de
todo esse instrumental, tudo isso não se configura mais do que aspectos materiais se
comparados ao papel e a importância do professor. Isso não é diferente no trabalho da
psicomotricidade, pois ao invés de ensinar, de transmitir conhecimentos já
estabelecidos, assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de
aprender, dando à criança tempo para suas próprias descobertas, oferecendo situações e
estímulos cada vez mais variados, proporcionando experiências concretas e plenamente
vividos com o corpo inteiro; não deixar que sejam transmitidas apenas verbalmente,
22
para que ela própria possa construir seu desenvolvimento global. Este professor será um
marco na vida de seus alunos.
Para CHALITA, ( p.45, 2004), o professor não deverá esquecer que o material de
seu trabalho é o seu aluno. Portanto, não deverá preocupar-se apenas em preparar o
ambiente escolar com cartazes, painéis, faixas, mas a si mesmo. É necessário que ele
conheça seu aluno.
A psicomotricidade favorece a aprendizagem quando reconhece que diferentes
fatores de ordem física, psíquica e sociocultural atuam em conjunto para que se dê a
aprendizagem. Trabalhando no ser humano, cada uma das etapas, possibilitando-o
alcançar a consciência corporal, a consciência do mundo que o cerca, o relacionamento
deste com seu corpo e com o que está ao seu redor.
Realizamos uma pesquisa com 53 professores das séries iniciais do ensino
fundamental de escolas públicas do Rio de Janeiro, entre fevereiro e abril de 2010, para
que tivéssemos uma visão de como os professores tem encarado as atividades motoras
em suas salas de aula, para tentarmos responder a alguns questionamentos. Qual o seu
conhecimento sobre estas atividades? Como e quando as utilizam? Será que alguns
professores ao utilizar estas atividades tem noção exata dos benefícios que ele poderia
proporcionar a seus alunos através daquela atividade?
Segundo a pesquisa realizada 99% dos professores reconhecem que as atividades
psicomotoras podem contribuir para a aprendizagem na sala de aula. Mas apesar de
reconhecer que estas atividades contribuem para a aprendizagem elas são pouco
utilizadas nas salas de aula. Quando questionados sobre o fato de utilizarem atividades
psicomotoras em suas salas de aula 57% declararam que utilizam esporadicamente. Isto
nos levaria a outro questionamento que seria o fato do professor não se achar capaz de
realizar estas atividades ou achar que a faixa etária de seus alunos não é adequada. Mas
dentro da mesma pesquisa 100% dos professores acreditam que não é só o professor de
Educação Física quem deveria utilizar estas atividades e que os alunos além da
Educação Infantil também podem se beneficiar delas.
Diante deste quadro nos questionamos então. Por que há tanta resistência em utilizar
estas atividades? É possível que a resposta esteja na falta de conhecimento, muitos
professores ignoram os benefícios específicos que estas atividades podem trazer, sabem
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que trazem benefícios, mas não conseguem identificá-los e por este motivo não utilizam
ou utilizam muito pouco.
As atividades motoras mais utilizadas que foram citadas pelos professores na
pesquisa realizada são jogos e músicas.
Com relação aos jogos, se forem utilizados com objetivos definidos bem
estabelecidos podem ser boas ferramentas para o trabalho psicomotor na sala de aula.
Vamos conversar um pouco sobre a importância do jogo. Jogar é uma atividade natural
do ser humano. O jogo faz com que a criança se envolva com o que está fazendo,
colocando seu sentimento e emoção através da ação. O jogo integra os aspectos motores,
cognitivos, afetivos e sociais, seria muito interessante todos os profissionais da área e o
professor criarem oportunidade para que a motivação permita aos alunos participarem
ativamente do processo ensino-aprendizagem.
Outra ferramenta utilizada pelos professores é a música, mas este campo também é
muito extenso e ao serem indagados sobre a utilização da música, 57% dos professores
afirmam que as vezes as utilizam e 43% afirmam que sempre utilizam a música, mas
esta afirmativa não sugere necessariamente que a música aqui neste caso seja usada para
auxiliar atividades motoras, pois 93% dos professores afirmam que utilizam a música
para socialização e para utilizar a letra.
Dentro desta pesquisa vemos contradições acentuadas pelos professores que
demonstram não terem conhecimento dos benefícios que as atividades motoras podem
trazer a sua prática em sala de aula, esta observação é reforçada pelo fato de que 20%
dos professores afirmarem que gostam, mas tem dificuldade em aplicar estas atividades,
demonstrando assim que precisam de ajuda para que possam explorar estas atividades
em suas salas de aula.
Dentro de nossas salas nos deparamos constantemente com as diferenças e muitas
vezes não sabemos como lidar com estas diferenças, pois temos dentro de nossas salas
de aula crianças fáceis e participativas, dóceis e tranqüilas, que aprendem rápido e
interagem com o meio e com os colegas. Mas temos também dentro de nossas salas de
aulas crianças que são o oposto, são agitadas ou hiperativas, apáticas ou que não falam,
desajustadas ou insatisfeitas, as hipotônicas, as desordeiras, as que apresentam
distúrbios ou dificuldades de leitura e escrita e outras que não conseguimos identificar
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qual seja seu comportamento. É interessante ressaltar o quanto a música poderá nos
ajudar no trabalho com estas crianças. A música através do ritmo ajudará no encontro do
equilíbrio interior, rompendo a apatia de algumas, harmonizando os movimentos de
outras, desenvolvendo a motricidade de muitas, despertando a musicalidade e
facilitando a expressão corporal de todos. PEREIRA, (p.14, 2007) afirma que a
atividade com música deveria ser diária nos anos iniciais do ensino fundamental por
pelo menos 15 minutos.
Analisando todos os dados coletados nesta pesquisa fica claro que o que falta ao
professor não é o reconhecimento da importância das atividades motoras, mas a falta de
conhecimento e preparo para realizá-las.
É neste ponto que entra o papel das instituições que não preparam os professores
para trabalharem com atividades motoras uma amostra disto está no fato de que em
várias instituições de ensino ao distribuir as turmas para os professores de Educação
Física são priorizadas as turmas maiores e assim de forma decrescente estas turmas vão
sendo atendidas e geralmente as turmas que ficam com deficiência de atendimento são
turmas de Educação Infantil, por julgarem ser prioritário o atendimento as turmas
maiores, aí está um erro esta distribuição deveria ser iniciada das crianças menores.
É inegável que o exercício físico é muito necessário para o desenvolvimento mental,
corporal e emocional do ser humano e em especial da criança. O exercício físico
estimula a respiração, a circulação, o aparelho excretor, além de fortalecer os ossos,
músculos e aumentar a capacidade física geral, dando ao corpo um pleno
desenvolvimento.
É preciso que trabalhemos com o objetivo de permitir que a psicomotricidade, mostre
o seu valor, conscientizando responsáveis, pais, coordenadores, e o objetivo do trabalho
que nós professores estamos realizando, mas quem conscientizará os professores?
Este deveria ser o trabalho do pedagogo que consciente da importância da
psicomotricidade na escola orienta o professor, mas acima do pedagogo seria necessário
que o sistema em que a escola está inserida tomasse esta consciência.
Dentro da pesquisa realizada foi solicitado aos professores que descrevessem alguma
atividade realizada com seus alunos, envolvendo o movimento em que tivesse obtido
resultado positivo. Apenas 50% dos professores citaram alguma atividade e dentre estes
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relatos apenas 30% realmente descreveram alguma atividade, alguns citaram apenas por
exemplo. “utilizo jogo da memória” ou “Utilizo música coreografada”. Mas dentre os
que relataram atividades selecionei uma pra cada ano de escolaridade, para que
possamos pensar sobre o quanto este tipo de atividade pode ser importante e de alguma
forma refletirmos sobre a nossa postura em sala de aula e de como podemos ajudar o
professor a lançar com segurança desta estratégia de ensino. Os relatos foram
organizados em ordem cronológica:
“Uma atividade que realizo com meus alunos é que desenho as
vogais no chão e dou comandos específicos que as fazem correr em
direção a letra indicada, assim fazem a associação entre grafema e
fonema”.
(Professor de Educação Infantil)
“Tive uma ótima experiência trabalhando com a história ‘O Patinho
Feio’, por ele ser diferente trabalhei as diferenças e assim
trabalhamos muito com o corpo, com autoconhecimento, fizemos
atividades com a bola de pilates, espelho para o corpo todo,
trabalhando o corpo nos ajudou a explorar valores humanos”.
(Professora do 1º ano)
“Para trabalhar a formação do número com os alunos, utilizei
jogos como a trilha humana com um dado gigante e os alunos
sendo os peões da trilha. Todos os alunos avançaram bastante nos
objetivos de apropriação da sequência numérica através deste
jogo”.
(Professora do 2º ano)
“Trabalhei com uma brincadeira chamada ‘Jaca/jacaré’. Quando ao
ler o texto lia a palavra jaca, todos sentariam e quando lia a palavra
jacaré todos se colocavam de pé, depois trabalhamos o texto foi
muito produtivo, porque a atividade estimulou a atenção”.
(Professora do 3º ano)
“Quando utilizo música costumo fazer acompanhamento do passo
(pé) com a batida da palma para desenvolver a atenção e o ritmo,
eles adoram e eu também”.
(Professora do 4º ano)
“Fiz uma brincadeira com os alunos baseada no ‘Show do Milhão’,
intitulada ‘Show do espertão utilizando perguntas de História,
Geografia e Ciências do conteúdo deles, a participação era em
26
grupo, com isso a maioria da turma melhorou muito o desempenho
nestas disciplinas”.
(Professora do 5º ano)
“Através do movimento corporal dos alunos trabalhei os números
decimais. Cada aluno representava um número e a vírgula e de
acordo com a operação teria que ir se movimentando com a
vírgula”.
(Professora do 5º ano)
O que mais chamou a atenção nestes relatos foi o fato de que os professores
perceberam mudanças no rendimento escolar de seus alunos depois destas atividades,
confirmando que a atividade motora está ligada ao concreto e assim, obtemos resultados
mais eficazes. Dentro desta perspectiva o aprendizado torna-se prazeroso e desafiador,
não só para os alunos , mas também para o professor que além de lançar mão da sua
criatividade e ousadia precisa ter o controle da situação para que ela não caminhe para a
indisciplina e bagunça, sendo assim um desafio para o professor, mas como vimos os
resultados são compensadores.
Como relata COSTA, (p. 29, 2003), o corpo não é só motor, sua representação é
da ordem do psiquismo e abrange o conjunto tônus muscular, postura, gestos e emoções,
que em cadeia determinam e qualificam uma ação e uma reação. Dentro desta visão as
atividades realizadas abrangem uma dimensão maior do que só o cognitivo ou só o
motor, passa a trabalhar o emocional, quando um necessita do outro para o cumprimento
da tarefa.
É preciso que nós professores, nos conscientizemos que a educação pelo
movimento é muito importante para a área pedagógica, sendo uma peça mestra, para a
mesma, sendo assim permite que a criança resolva mais facilmente os problemas atuais
de sua escolaridade, preparado-a para sua existência futura de adulto. Se assim for esta
atividade deixará de ser renegada a segundo plano, principalmente para o professor que
constatará que este material educativo não verbal, constituído pelo movimento, é um
meio insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver formas de atenção,
pondo em jogo certos aspectos da inteligência.
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CONCLUSÃO
Podemos concluir através da teoria de Wallon que é de fundamental
importância olhar a criança através dos quatro pilares estabelecidos nesta teoria que
utiliza o movimento, a emoção, a inteligência e a pessoa. Não há como separar campos
que indissociáveis.
Não podemos encarar a criança apenas na perspectiva do que ela virá a ser, mas
é de fundamental importância olhar para a criança como o que ela é hoje , mas não
esquecendo que ela traz consigo uma história de vida que a trouxe até aqui, é preciso
que haja um equilíbrio entre o presente, o passado e o futuro da criança, porque
costumamos esquecer o passado, ignorar o presente e olhar para ela pensando apenas no
futuro, mas Wallon muda este conceito valorizando o agora.
Não há como contestar os benefícios que resultam da realização de atividades
motoras na sala de aula, o que deve ficar claro é que estas atividades precisam ter um
objetivo definido e precisam ser orientadas e organizadas para que tenham resultados
positivos. Ensinar não é apenas transmitir informações a um ouvinte. É ajudá-lo a
transformar suas ideias, para isso, é preciso conhecê-lo, escutá-lo atentamente,
compreender seu ponto de vista e escolher a ajuda certa de que necessita para avançar.
A Educação Psicomotora vem atuando na escola de forma a levar a criança a
adquirir melhores condições de aprendizagem e de autoconhecimento, formando a base
para uma boa aprendizagem da leitura e da escrita.
Tendo como base o professor que é o agente principal do processo educacional,
não podemos ignorar que é necessário que o professor se conscientize de que a educação
pelo movimento é uma peça mestra da área pedagógica, que permite a criança resolver
mais facilmente os problemas atuais de sua escolaridade.
Através da pesquisa realizada com professores das séries iniciais do ensino
fundamental sobre as atividades psicomotoras os professores afirmam reconhecerem a
importância desta atividade, mas não praticam. Fica claro que o que falta ao professor
não é o reconhecimento da importância das atividades motoras, mas a falta de
conhecimento e preparo para realizá-las. É neste momento que entra de forma
indispensável
o
papel
das
instituições
conscientizando
pais,
responsáveis,
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coordenadores, diretores sobre esta questão. Mas quem conscientizará o professor? Este
deveria ser o papel do pedagogo que consciente da importância da psicomotricidade
orienta o professor, mas acima do pedagogo há a necessidade que o sistema em que a
escola está inserida tomasse essa consciência.
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BIBLIOGRAFIA
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção-Rio de Janeiro: WAK,2003.
ANTUNES, Celso. A criatividade na sala de aula. Petrópolis RJ: Vozes, 2003. Fasc. 14.
_______________ Metáforas pra aprender a pensar. Petrópolis RJ:Ed Vozes, 2004.
CELANO, Sandra. Corpo e mente na educação: uma saída de emergência. Petrópolis:
Vozes, 1999.
CHALITA, Gabriel. Educação: A solução está no afeto. São Paulo: Ed. Gente, 2001 1ª
Ed., 2004 edição revista e atualizada.
COSTA, Auredite Cardoso. Psicopedagogia e psicomotricidade: pontos de intersecção
nas dificuldades de aprendizagem. Petrópolis-RJ: Ed. Vozes, 2001.
CHAMAT, Leila Sara José. Relações vinculares e aprendizagem: um enfoque
psicopedagógico. São Paulo: Vetor, 1997.
DEMO, Pedro. Ser professor é cuidar que o aluno aprenda. Porto Alegre:
Mediação,2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil.
Ed Vozes.
MARUNY CURTO, Lluis. Escrever e ler: Como as crianças aprendem e como o
professor pode ensiná-las a escrever e ler. Porto Alegre: Artmed Editora, 2000.
TAILLE, Yves de, OLIVEIRA, Marta Kohl de e DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky e
Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
DVD Coleção Grandes Educadores. Henri Wallon, apresentação Izabel Galvão. ATTA
Mídia e educação.
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ANEXO 1
Modelo do questionário utilizado na pesquisa
TEMA: APSICOMOTRICIDADE E A APRENDIZAGEM
ESCOLA: ( ) Pública
( ) Privada
TURMA:_______________________________
1- Como você encara as atividades psicomotoras na sala de aula?
( ) Agitam demais os alunos
( ) Podem ajudar na aprendizagem
( ) Trazem conflito e desordem
2- Você acredita que as atividades psicomotoras podem ser usadas por todos os
professores?
( ) Não, somente pelos professores de Educação Física
( ) Sim, por todos os professores
( ) Não tenho opinião formada
3- Em sua opinião estas atividades podem ser utilizadas por alunos de qualquer ano?
( ) Não, só os anos iniciais
( ) Sim, por qualquer aluno
( ) Não tenho opinião formada
4- Você utiliza atividades psicomotoras em suas aulas?
( ) Nunca ( ) Às vezes
( ) Sempre ( ) Raramente
5- Que atividades psicomotoras você já utilizou ou utiliza em suas aulas?
( ) jogos ( ) músicas ( ) brincadeiras cantadas ( ) outros__________
6- Qual a sua opinião sobre as atividades psicomotoras?
( ) Sempre gostei, mas tenho dificuldade de aplicá-la
( ) Gosto e utilizo como ferramenta em minha sala de aula
( ) Não acho que seja importante
7- Você já teve outra opinião sobre atividades psicomotoras?
( ) Não sempre mantive a mesma opinião
( ) Sim, com o passar do tempo mudei de opinião
( ) Ainda tenho duvidas sobre este assunto
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8- Você costuma utilizar músicas nas suas aulas?
( ) Nunca ( ) Ás vezes ( ) Sempre
9- Qual seu objetivo ao utilizar a música nas suas aulas?
( ) para socialização ( ) para formar hábitos ( ) para utilizar o ritmo
( ) para utilizar a letra ( ) para passar o tempo ( ) para atividades motoras
( ) para apresentação extraclasse ( ) sem objetivos definidos
10- Que estilo de música você mais utiliza em suas aulas?
( ) infantis
( ) clássicas ( ) folclóricas ( ) populares ( ) todas ( ) nenhuma
Se você tem alguma experiência com atividades motoras que tenha dado resultado
positivo em alguma de suas aulas, relate-a:_________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
32
INDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA
4
RESUMO
5
METODOLOGIA
6
SUMÁRIO
7
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I
A TEORIA DE WALLON
10
CAPÍTULO II
OS BENEFÍCIOS DE USAR A PSICOMOTRICIDADE
NA SALA DE AULA
14
CAPÍTULO III
A PSICOMOTRICIDADE, A APRENDIZAGEM E O
PROFESSOR
18
CONCLUSÃO
27
BIBLIOGRAFIA
29
ANEXO
30
ÍNDICE
32
33
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por:
Conceito:
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Exemplo de Monografia - AVM Faculdade Integrada